MONITORAMENTO E DIAGNÓSTICO UM GUIA PRÁTICO DE COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO Aprenda a posicionar um candidato no mundo virtual, monitorar as mídias sociais e medir o sucesso de uma campanha on-line. Por Eliseu Barreira Junior e Thiago Costa (organizadores) Uma publicação do COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO Ponto de partida No dia 31 de abril de 2006, o jornal The New York Times publicou uma reportagem que apontava para uma intensa transformação da política norte-americana por causa da internet. Na medida em que se aproximavam as eleições presidenciais para a Casa Branca, o jornal fazia um diagnóstico dizendo que seriam reescritas as regras políticas de propaganda, arrecadação de fundos, mobilização de apoiadores e mesmo da disseminação de informações negativas. “Democratas e republicanos estão ampliando fortemente o uso de e-mail, web sites interativos, blogs de candidatos e partidos e mensagens de texto para arrecadação de dinheiro. A internet, dizem eles, parece ser muito mais eficiente e com menos custo do que as ferramentas tradicionais da política”, escreveu o jornalista Adam Nagourney na época.1 O resultado e os impactos da campanha presidencial norteamericana que aconteceria dali a dois anos, em que o então senador por Illinois, Barak Obama, era considerado um azarão na disputa presidencial, são um case para o marketing político até hoje. O modelo de campanha que levou Obama à presidência dos Estados Unidos foi estudado por especialistas como Umair Haque, do Havard Media Lab. Em artigo publicado pelo site Harvard Business Publishing, ele disse: “A estrutura de campanha de Obama está para as campanhas tradicionais como a empresa Google está para uma empresa convencional”. Aqui no Brasil, nas eleições presidenciais de 2010, um fenômeno 1 Politics Faces Sweeping Change via the Web [http://www.nytimes.com/2006/04/02/washington/02campaign.html?pagewanted=all] www.scup.com.br Compartilhe! 2 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO semelhante aconteceu. Quando as urnas eletrônicas foram abertas no primeiro turno da disputa, muitos analistas políticos tiveram uma surpresa. Contrariando expectativas, a candidata Dilma Rousseff (PT) teria de disputar o segundo turno com José Serra (PSDB). A presidenciável de Lula, favorita para vencer a disputa na primeira rodada, era atropelada por um movimento inédito na história da democracia brasileira: impulsionada pelas mídias sociais, Marina Silva (na época, filiada ao PV) tinha conquistado quase 20 milhões de votos, ajudando a levar a eleição para o segundo turno. Casos como o de Obama e Marina podem se repetir nas próximas eleições brasileiras. O número de pessoas com acesso à internet no Brasil já soma mais de 82,4 milhões. Elas passam, em média, cinco horas por dia no Facebook e fazem um uso cada vez mais diversificado das mídias sociais. Nesse cenário, o monitoramento de mídias sociais ganha destaque por alguns motivos. Primeiro, porque permite o acompanhamento em tempo real do que os eleitores estão falando. Segundo, ajuda a conhecer o desempenho dos candidatos entre determinados grupos focais. Terceiro, pode antecipar crises. Por fim, integra informações que interessam a diferentes atores de um comitê político. www.scup.com.br Compartilhe! 3 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO E eu com isso? Desde o momento em que os primeiros estrategistas de Business Intelligence identificaram o poder das mídias sociais, as empresas passaram a acompanhar de perto todos os passos de seus consumidores. Os comentários deles com seus amigos, suas fotos, comunidades, do que gostam, o que odeiam, a que horas mandam sua primeira mensagem do dia e muitas outras informações foram incorporadas à rotina das equipes de marketing. No universo político, a corrida para estar na web 2.0 já começou. Embora não se saiba exatamente como atuar nas mídias sociais, diversos políticos buscam garantir sua participação no mundo virtual e passaram a integrar as mídias sociais às suas estratégias políticas. Este ebook ajuda você que está à frente ou integra equipes de marketing digital e monitoramento político a criar suas estratégias com os eleitores e conseguir melhores dividendos com as mídias sociais. Nunca é demais lembrar que o uso massivo da internet permite que um grande volume de dados sobre os usuários das mídias sociais esteja disponível gratuitamente para quem quiser ver. Com o vertiginoso crescimento do número de internautas no Brasil, essas informações só tendem a aumentar. Fazer um bom uso delas é um dos principais desafios que este ebook ajudará você a enfrentar. www.scup.com.br Compartilhe! 4 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO Referências Este ebook foi escrito a partir da compilação do conhecimento de várias pessoas. Antes apresentadas em nosso blog e em outros canais da internet, as informações aqui presentes foram reunidas por Thiago Costa e Eliseu Barreira Junior, da área de Comunicação do Scup. Conheça um pouco das mentes que estão por trás do conhecimento compartilhado neste ebook: Sérgio Lüdtke se graduou em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e cursou o Master em Gestão de Empresas de Comunicação (CEU/Universidade de Navarra). Ele já foi editor-executivo de internet e inovação no Grupo RBS e editor de conteúdos digitais e on-line na Editora Globo. Atualmente, Lüdtke é Coordenador do Master em Jornalismo Digital no Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS) e editor do site Interatores. Twitter: @ludtke Tarcízio Silva é graduado em comunicação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde fez mestrado sobre cibercultura, interações sociais e tecnologias digitais. Atualmente, Tarcízio é coordenador de monitoramento e métricas na agência Coworkers. Twitter: @tarushijio Daniel Souza foi Planning Manager na agência Wunderman. Em 2010, Daniel coordenou o trabalho de monitoramento e métricas da campanha presidencial do candidato José Serra. É formado pelo Centro Universitário UNA. Twitter: @danielsouza www.scup.com.br Compartilhe! 5 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO Mariana Oliveira é supervisora de monitoramento de mídias sociais na agência Ogilvy & Mather. Em 2010, ela integrou a equipe de monitoramento de mídias sociais do candidato José Serra. Twitter: @marianarrpp www.scup.com.br Compartilhe! 6 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO Sumário Presença on-line ...................................................................... 8 Perfil da equipe...................................................................... 12 Como os eleitores interagem com a campanha na internet ..... 15 Como monitorar as mídias sociais .......................................... 18 Estratégia: o que dá certo e o que dá errado .......................... 33 Como medir o sucesso de uma campanha on-line ................... 36 21 dicas para fazer monitoramento político............................ 40 Próximos passos... ................................................................. 45 www.scup.com.br Compartilhe! 7 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO Capítulo 1 | Presença on-line2 s “A presença do candidato na rede pressupõe abrir canais de conversação e estabelecer diálogos com o público” ..................................................................... A campanha on-line já se tornou uma parte decisiva das estratégias políticas. Para que ela tenha sucesso, é necessário haver um planejamento da presença on-line do candidato. Presença on-line significa ocupar espaços nos meios digitais para dar notoriedade ao nome e às ideias do candidato. Ela pode se estabelecer em canais próprios, como blogs e perfis em mídias sociais, ou até mesmo nos espaços de 2 Os capítulos 1, 2, 3, 4 e 6 deste ebook foram adaptados de Sérgio Lüdtke, “Planeje sua campanha política na internet” http://www.planejesuacampanha.com/.. www.scup.com.br Compartilhe! 8 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO conteúdo e interação em canais de terceiros (blogs, sites e portais). A definição do que fazer para conseguir um poder de interação mais amplo passa pela resposta a algumas perguntas: Há disposição para responder às observações do público? A internet é o primeiro meio que permite a interação com o público pelo próprio meio. Sua presença na rede pressupõe abrir canais de conversação e estabelecer diálogos com o público. Você deve saber que isso requer disposição para o debate. Você está preparado para ser exposto a críticas? A internet é um terreno em que a sua reputação pesa bastante e é determinante para o sucesso da sua atividade na rede. É claro que se você tem boa reputação poderá melhorá-la ainda mais expondo e defendendo com franqueza as suas ideias. Você dispõe de tempo para dar atenção ao que for criar na rede? Embora você possa fazer as coisas a qualquer tempo na internet, deverá avaliar bem se o que terá disponível será suficiente para atualizar um blog ou seus perfis em mídias sociais. www.scup.com.br Compartilhe! 9 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO Direto ao ponto! COMO PLANEJAR SUA PRESENÇA ON-LINE Definição de objetivos > O que você busca com a sua presença on-line? > Conseguir um determinado número de seguidores em sites de mídias sociais que possam se tornar futuros eleitores? > Captar dados de eleitores para ações na campanha? > Engajar pessoas e criar uma rede de voluntários para colaborar na campanha? > Divulgar suas ideias e testar a atratividade dos temas que você está propondo? > Observar tendências e coletar ideias para a campanha? > Interagir com o público e criar espaço para o debate de suas ideias? > Arrecadar recursos para a campanha? Perfil da equipe > Qual é o perfil e quantas pessoas estarão dedicadas a essas tarefas? Dedicação da equipe > Qual é o período de tempo em que elas estarão dedicadas? Monitoramento das metas e objetivos > Definidas as metas que você quer alcançar, quais são os melhores medidores e como fazer o acompanhamento dessas metas? Ferramentas > Que ferramentas (plataformas de monitoramento, sites, blogs, mídias sociais, medição de performance, etc.) vamos usar? www.scup.com.br Compartilhe! 10 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO EM CONTEXTO | Fatos, opiniões e análises para entender a política 2.0 O consultor Gaudêncio Torquato, especialista em marketing político, diz que as mídias sociais podem mudar a cultura de participação dos brasileiros no processo político. “Agora, existe a opinião pública virtual, que é muito influenciada pelo que circula na internet”, explica. "Nunca se viu tanta propagação de mensagens de interesse político na internet: se acontece um escândalo, uma votação polêmica em Brasília, imediatamente as pessoas começam a se manifestar nos blogs e twitters." (Políticos devem se render às redes sociais – Revista Veja)3 3 http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/eleicao-2010-internet-redes-sociais www.scup.com.br Compartilhe! 11 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO Capítulo 2 | Perfil da equipe h “O profissional que coordenará a interação com os eleitores é tão importante quanto o que arrecadará fundos para a campanha” ..................................................................... Q uantas pessoas devem trabalhar numa campanha eleitoral pela internet? Esse número dependerá do tamanho da campanha on-line, mas os perfis das pessoas que serão responsáveis por esta parte importante do trabalho será o mesmo, independentemente da quantidade de profissionais envolvidos. O número de pessoas contratadas pode, sim, depender do volume de recursos disponíveis, mas lembre-se que a internet é uma ótima fonte para formação de capital social, composto por pessoas engajadas, que voluntariamente se tornam multiplicadoras das ideias e das www.scup.com.br Compartilhe! 12 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO propostas da campanha. Uma campanha on-line exige dedicação e um número de pessoas que possam fazer uma cobertura 24 horas, sete dias por semana. Isso fará uma grande diferença já que o período destinado à campanha é curto. Se o comitê não puder contratar profissionais experientes, deve garantir ao menos um para a gestão e recrutar voluntários para fazer o trabalho operacional. O profissional que coordenará a interação com os eleitores é tão importante quanto o que arrecadará fundos para a campanha. Ele deve ser alguém muito próximo das esferas de decisão da campanha. Isso porque o coordenador fará a gestão da equipe de colaboradores e deverá tomar decisões com agilidade. Ele deve também manter a equipe bem alinhada aos princípios e ideais que o candidato defende. Direto ao ponto! QUEM SÃO OS COLABORADORES DE UMA CAMPANHA ON-LINE As tarefas dos colaboradores > Produzir conteúdo on-line (textos, fotos, vídeo e etc.) para publicação no site, blog e mídias sociais em que o candidato tiver uma página ou um perfil; > Divulgar as ações, agenda e opiniões do candidato nos perfis das mídias sociais; > Promover a interatividade com o público na internet; > Monitorar o que está sendo dito sobre a campanha nas mídias sociais, nos espaços de comentários e em outros sites da internet; e > Promover a distribuição de material digital de campanha. Como selecionar os colaboradores > Escolha profissionais criativos e versáteis; > Procure colaboradores com experiência em internet. Você ganhará tempo se não precisar treinar pessoas; www.scup.com.br Compartilhe! 13 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO > Opte por pessoas que tenham bom texto. Elas vão falar em nome de sua campanha e nem sempre você poderá revisar o conteúdo antes da publicação; > Selecione um time capaz de resolver problemas com agilidade. A instantaneidade das interações requer discernimento; > Escolha profissionais que possam se dedicar ao trabalho também à noite e aos finais de semana. A campanha não tem hora, e a internet está ativa 24 horas por dia, sete dias por semana; > Coloque na equipe pessoas de sua confiança, que possam representá-lo e falar em nome de sua campanha; e > Contrate ao menos um profissional que conheça a produção de conteúdo para as diversas plataformas on-line: site, vídeo, mídias sociais, e-mails e etc. Deixe sempre claro para os eleitores quando é o candidato ou sua equipe quem está postando. Não esqueça também de divulgar o nome dos colaboradores envolvidos na equipe de mídias sociais. www.scup.com.br Compartilhe! 14 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO Capítulo 3 | Como os eleitores interagem com a campanha na internet “Os usuários tendem a aderir e acessar conteúdos e informações de candidatos ou campanhas com as quais estão ideologicamente alinhados” ..................................................................... S egundo o IBOPE Nielsen, o número total de pessoas com acesso à internet em qualquer ambiente (domicílios, trabalho, escolas, lan houses ou outros locais) atingiu 82,4 milhões no primeiro trimestre de 2012, o que corresponde a 43% da população brasileira. Esse dado, por si só, já é um sinal da importância que a internet deve ter nas próximas eleições. www.scup.com.br Compartilhe! 15 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO EM CONTEXTO | Fatos, opiniões e análises para entender a política 2.0 Uma pesquisa da Pew Internet & American Life Project mostrou que, em 2010, mais da metade dos adultos norte-americanos obteve na internet informações sobre as eleições no país. Esse índice, de 54% dos adultos, equivale a cerca de 127 milhões de pessoas e representa 73% dos adultos usuários de internet nos EUA. A pesquisa revelou que 32% dos usuários de internet adultos tiveram nela seu principal meio de informação ou de envolvimento com a campanha eleitoral. E 22% usaram Facebook, Twitter ou outra mídia social para fins políticos em 2010. Outros dados importantes: 54% dos adultos conectados disseram que a internet torna mais fácil a conexão com outras pessoas que têm pontos de vista semelhantes; 55% dos usuários de internet creem que ela potencializa a influência de pessoas com visões políticas mais extremadas, enquanto 30% acreditam que essa influência é reduzida porque na web os cidadãos comuns têm a chance de serem ouvidos; 61% dos usuários de internet concordam com a afirmação de que ela, comparada às mídias tradicionais, é mais democrática ao expor as pessoas a uma gama mais ampla de opiniões; 56% dos usuários de internet admitem ser mais difícil para eles confiar na informação política que acessam nos meios on-line; 22% disseram que foram incentivados a votar depois de acessar material de campanha na internet (nos EUA, o voto não é obrigatório); 42% definiram seus votos depois de acessar informações sobre os candidatos na web; 31% dos usuários de internet adultos assistiram a vídeos on-line com conteúdo político antes das eleições. Depois das eleições, o número caiu para 19%. O acesso a conteúdos de vídeo foi o que mais cresceu na comparação com a eleição de 2006; www.scup.com.br Compartilhe! 16 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO 16% dos usuários de internet adultos enviaram e-mails sobre a campanha ou sobre as eleições para amigos e familiares; 12% abriram seu voto na internet. Eleitores com idade entre 18 e 29 anos foram os que mais revelaram seus votos; 8% inscreveram-se para receber informações e atualizações sobre candidatos e a campanha eleitoral; 7% usaram a internet para organizar ou obter informações sobre reuniões para discussão de questões políticas; 6% participaram de fóruns e grupos de discussão on-line sobre as eleições; 5% usaram a internet para participar voluntariamente de atividades relacionadas à campanha; e 4% usaram a internet para contribuir financeiramente com um candidato ou campanha. A pesquisa mostra ainda que os usuários tendem a aderir e acessar conteúdos e informações de candidatos ou campanhas com as quais estão ideologicamente alinhados. www.scup.com.br Compartilhe! 17 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO Capítulo 4 | Como monitorar as mídias sociais4 “As pesquisas nas mídias sociais são mais baratas e rápidas que as pesquisas eleitorais tradicionais” ..................................................................... A s mídias sociais se tornaram um elemento vital na conquista do eleitorado, fazendo com que o marketing digital tenha cada vez mais destaque nas campanhas políticas. O monitoramento de mídias sociais é um termômetro 4 Os capítulos 4 e 5 deste ebook foram feitos a partir de entrevistas e estudos de Daniel Souza e Mariana Oliveira para o Scup: http://blog.scup.com.br/ainda-da-tempo-sete-passos-para-usar-o-monitoramentode-midias-sociais-nas-eleicoes-2012 e http://blog.scup.com.br/como-usar-o-monitoramento-de-midiassociais-numa-campanha-politica-3. O Ebook de Tarcízio Silva também foi usado como referência http://www.slideshare.net/tarushijio/ebook-midias-sociais-e-eleicoes-2010 www.scup.com.br Compartilhe! 18 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO do que as pessoas estão falando sobre determinado candidato ou assunto e traz informações de um jeito muito mais rápido que as pesquisas eleitorais tradicionais. Isso porque as opiniões expressas no ambiente on-line são mais espontâneas do que as opiniões ofertadas a um pesquisador de prancheta. Na hora de argumentar sobre a importância do monitoramento, é importante destacar o fato de que todo o trabalho é feito a partir de dados que estão disponíveis na internet, ou seja, de manifestações que as pessoas produzem independentemente de estímulo ou direcionamento. Além disso, as pesquisas nas mídias sociais são mais baratas e mais rápidas que as pesquisas eleitorais tradicionais. 1. Defina os objetivos do monitoramento Você pode usar as informações produzidas pelo monitoramento de duas maneiras: subestimando-as ou aplicando-as de uma maneira que ajude na tomada de decisão. Segundo Mariana Oliveira, “no caso de campanhas políticas, que geralmente duram curtos períodos de tempo e em que os dados de institutos de pesquisas são escassos, o monitoramento de mídias sociais pode surgir como um apoio na busca por informações estratégicas. Tais informações podem ajudar desde a criação do conteúdo da campanha de TV até o mapeamento efetivo de uma crise, antes mesmo de ela atingir seu ápice”. www.scup.com.br Compartilhe! 19 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO Direto ao ponto! PARA QUE SERVE O MONITORAMENTO NUMA ELEIÇÃO, segundo Mariana Oliveira > Identificar influenciadores (ativadores, detratores, veículos); > Identificar públicos; > Gerenciar crises; > Ter insights para a criação de conteúdo; > Interação com fãs e seguidores; > Esclarecimento de dúvidas; > Conversações com os candidatos; > Reduzir incertezas na tomada de decisão; > Buscar informações estratégicas; > Fazer relacionamento e > Gerar mobilização e ativação de perfis 2. Monte a equipe responsável pelo monitoramento De acordo com Mariana Oliveira, “o analista de mídia social focado em monitoramento deve ter algumas características básicas, como curiosidade acima da média, alta capacidade de contextualizar os fatos (Exemplo: pegar uma menção e conseguir fazer cruzamentos), senso crítico e habilidade de explicar o que mostram os gráficos de seus relatórios de maneira interessante e útil. Mas a principal característica é que o analista tenha o papel de um “funil”, ou seja, que possa ler centenas de menções e consiga compilar essas informações de um jeito relevante para o cliente. Numa campanha política, características como agilidade, dinamismo e noções sobre o cenário político brasileiro (quem é quem, partidos, leis e etc.) são diferenciais”. Daniel Souza conduziu o monitoramento do candidato José Serra www.scup.com.br Compartilhe! 20 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO (PSDB) nas eleições presidenciais de 2010 e dá algumas dicas sobre como selecionar os membros da sua equipe. “Escolha pessoas que gostem de política, que saibam interpretar bem um texto e que são realmente apaixonadas pelo assunto. É importante entender que, apesar de as ferramentas facilitarem bastante, o resultado dos projetos de monitoramento é proporcional ao investimento em tempo e inteligência na classificação de menções e na produção de relatórios direcionados a áreas específicas”5, diz ele. Direto ao ponto! O QUE ESPERAR DO PROFISSIONAL DO MONITORAMENTO, segundo Mariana Oliveira > Habilidade de explicar o que mostram os gráficos de seus relatórios; > Papel de um “funil”, ou seja, alguém capaz de ler centenas de menções; > Capacidade de compilar os dados das mídias sociais de um jeito relevante para o cliente; e > Habilidade de análise de sentimento. 3. Criação do monitoramento As equipes de monitoramento político têm à disposição uma quantidade de informação jamais vista sobre os possíveis eleitores de cada candidato e podem ter acesso a cada uma delas para saber opiniões, atitudes, expectativas e muito mais. O desafio é encontrar um modelo para usar da melhor forma essa quantidade de informação disponível. A primeira parte desse 5 “Como usar o monitoramento de mídias sociais numa campanha política” http://blog.scup.com.br/como-usar-o-monitoramento-de-midias-sociais-numa-campanha-politica-3 www.scup.com.br Compartilhe! 21 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO desafio envolve a escolha de uma plataforma que seja capaz de capturar e fornecer os dados das mídias sociais. Além de classificar as menções, os analistas de mídias sociais fazem a análise de sentimento delas. Como o volume de itens coletados costuma ser grande, é preciso estar preparado para trabalhar por amostragem. Direto ao ponto! PRIMEIROS PASSOS DO MONITORAMENTO, segundo Mariana Oliveira O que a plataforma de monitoramento deve entregar > Realizar buscas a partir de critérios claros; > Armazenar de maneira ordenada e acessível os itens coletados; > Classificar automaticamente itens a partir de regras estabelecidas previamente; > Permitir a categorização dos itens de acordo com os objetivos do monitoramento; e > Oferecer gráficos que possam ajudar nos relatórios que serão produzidos. O que considerar na criação e administração dos termos monitorados, segundo Mariana Oliveira > Os principais perfis dos candidatos nas mídias sociais; > As variações dos nomes dos candidatos, bem como erros de grafia e diminutivos; > Possíveis variações pejorativas associadas aos nomes dos candidatos; e > Associações dos nomes dos candidatos com informações que se deseja monitorar. EM CONTEXTO | Fatos, opiniões e análises para entender a política 2.0 Mariana Oliveira, analista de mídias sociais na agência Ogilvy e um dos membros da equipe de mídias sociais do candidato José Serra na campanha presidencial de 2010, conta que a equipe de monitoramento www.scup.com.br Compartilhe! 22 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO tinha um problema: “Serra é uma palavra genérica, ou seja, coletávamos muitos itens relacionados à Serra do Mar, ao forró pé-de-serra, entre outros. Por isso, estudávamos a todo o momento combinações de termos que minimizassem a entrada de itens indesejáveis no monitoramento. Em uma campanha, as buscas devem ser atualizadas diariamente. Toda vez que acontece um novo evento ou algum tema passa a dominar as conversas nas mídias sociais, é preciso cadastrar uma busca. Não dá para economizar durante esse processo porque qualquer menção perdida pode trazer danos sérios para a campanha. Vale destacar que muitas buscas são datadas: há aquelas que se referem a eventos específicos, como um debate, ou a uma polêmica, que dura algumas horas e logo perde importância. Nesses casos, as buscas não devem rodar durante todo o processo eleitoral. É preciso pausá-las. Para fazer o gerenciamento das buscas, vale criar uma planilha que mostra quando a busca foi criada, por quem ela foi criada e até quando ela deve durar.”6 4. Estruturando fluxos Chegou uma informação importante. Para quem ela vai? Segundo Daniel Souza, em uma campanha política, cada uma das áreas envolvidas possui interesses próprios e necessita de informações distintas. Um monitoramento com fins eleitorais deve, portanto, contemplar todos esses públicos. Isso deve ser levado em conta não só no momento do cadastramento das buscas, por meio da escolha de palavras-chave relacionadas a cada tipo de informação, como também no momento da definição do plano de classificação dos dados. Isso porque é preciso gerar relatórios específicos para cada área. 6 “Ainda dá tempo! Sete passos para usar o monitoramento de mídias sociais nas eleições 2012” http://blog.scup.com.br/ainda-da-tempo-sete-passos-para-usar-o-monitoramento-de-midias-sociaisnas-eleicoes-2012 www.scup.com.br Compartilhe! 23 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO De acordo com Daniel Souza, na campanha presidencial de José Serra, “os analistas pegavam a informação no Scup e enviavam para um sistema de comunicação interno a que todos tinham acesso. Caso uma pessoa influente emitisse uma opinião ou publicasse algo que pedisse uma resposta rápida, um alerta era dado e o assessor de imprensa poderia agir.” Ele destaca ainda que os analistas não apenas mandavam os alertas, como também davam recomendações sobre como as respostas poderiam ser. Em geral, as coisas mais importantes de uma campanha eleitoral acontecem na parte da manhã, quando as novas edições dos jornais são publicadas, ou na parte da noite, durante o horário eleitoral. Por isso, Daniel Souza comenta que o ideal é dividir os analistas em duas equipes: um grupo que trabalha das 8h às 15h e outro que trabalha das 15h às 21h, por exemplo. Na campanha de Serra, cada equipe era responsável pela produção de um relatório. O primeiro era apresentado ao meio-dia; o segundo era emitido antes da propaganda eleitoral noturna. Direto ao ponto! O DIA A DIA DO MONITORAMENTO NUMA CAMPANHA Como criar um sistema de comunicação interna > Ter um ambiente em que as principais informações são acumuladas; > Estruturar alertas que podem ser dados a cada uma das áreas responsáveis pela campanha; e > Desenvolver um guia com recomendações sobre como as respostas aos usuários e a classificação de sentimento podem ser feitas. Quais informações são relevantes para cada setor da campanha > O assessor de imprensa deseja saber o que os veículos tradicionais www.scup.com.br Compartilhe! 24 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO de comunicação estão publicando ou exibindo sobre o candidato; > A agência responsável pela produção dos programas de televisão quer saber como as pessoas estão recebendo aquela comunicação; > A agência responsável pelo marketing digital deseja conhecer o sentimento dos eleitores às ações nas mídias sociais; > Os líderes do partido se preocupam mais com a opinião da militância sobre os rumos da campanha; e > O coordenador da campanha olha para o todo e busca informações amplas. A produção de relatórios, segundo Mariana Oliveira > Os relatórios precisam ser direcionados a áreas específicas da campanha; > Faça relatórios objetivos; > Antes das reuniões de estratégia, é importante sintetizar as descobertas e opiniões dos eleitores em uma apresentação curta; > Estabeleça horários para entregar os relatórios; e > Em situações atípicas, como entrevistas e debates televisivos, o ideal é trabalhar com um relatório pós-evento. 5. Analisando o material coletado Qual é o sentimento dos usuários com relação ao candidato? Quem são as pessoas mais influentes entre os seus ativadores? Quais são as principais dúvidas dos eleitores? Responder a essas perguntas é extremamente importante na hora de planejar o monitoramento. De acordo com Mariana Oliveira, “toda operação de mídias sociais deve contar com um Plano de Monitoramento, elaborado pelo responsável da área. O briefing deve conter: os critérios de análise de sentimento (positivo, neutro, negativo e misto), critérios de tagueamento e possíveis dúvidas dos analistas. A análise do www.scup.com.br Compartilhe! 25 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO teor de algumas menções é subjetiva, o que certamente gerará dúvidas e discussões entre os analistas. Posteriormente, essas discussões devem ser incorporadas ao Plano de Monitoramento, para que ele fique mais rico e completo”. Direto ao ponto! COMO ANALISAR AS MENÇÕES COLETADAS, segundo Mariana Oliveira Planejando a análise do monitoramento > Determine o que é importante identificar nos emissores; > Identifique as reações, sentimentos e desejos relativos a entidades, pessoas e campanhas; > Adicione e cruze informações; > Trace um perfil minucioso dos públicos pertinentes; e > Defina a partir de que critérios serão feitas comparações com materiais coletados em outros momentos da campanha ou com campanhas anteriores. EM CONTEXTO | Fatos, opiniões e análises para entender a política 2.0 No monitoramento político feito por Mariana Oliveira para o Scup em abril de 2012 sobre as eleições municipais na capital paulista, foi elaborado um plano específico para classificação das menções coletadas nas mídias sociais.7 Vale lembrar que este é um modelo que foi criado especialmente para o estudo. 1. Critérios de sentimento: 1.1. Positivo - menções que revelem sentimentos positivos em relação ao candidato, mensagens de apoio e estímulo, divulgação de notícias positivas para o candidato. 1.2. Negativo - menções que revelem sentimentos negativos em relação ao candidato, xingamentos, piadas com cunho negativo. 7 “O monitoramento de mídias sociais nas eleições 2012” http://blog.scup.com.br/principais-momentosdo-workshop-sobre-monitoramento-politico www.scup.com.br Compartilhe! 26 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO 1.3. Neutro - piadas em geral (sem conotação política negativa), menções com divulgação de notícias de grandes portais (ausência de comentários antes/depois da notícia), menções citando o candidato sem emissão de juízo de valor. 2. Grupo de tags para classificar origem 2.1. Mídia - reprodução de notícias de mídia, conteúdo gerado por jornais e grandes portais, conversações pautadas pela “grande mídia”. 2.2. Blogs - menções contendo notícias e comentários vindos da própria militância dos candidatos, com conteúdo independente dos portais. 2.3. Conversação - qualquer post no Twitter/Facebook que não tenha link externo para blogs e sites de notícia; pessoas fazendo perguntas, conversando com o candidato ou xingando. 3. Critérios de classificação para relacionamento: 3.1. Ativadores - perfis que defendem o candidato, faça chuva ou faça sol. 3.2. Simpatizantes - pessoas que desenham uma tendência de votar em um candidato, mas ainda se mostram receosas em apoiá-lo 100% ou perfis em dúvida (fazendo perguntas), o que já demonstra um interesse/simpatia com o candidato em questão. 3.3. Detratores - perfis que criticam o candidato, trolls, xingamentos. 3.4. Neutros - perfis de notícias, perfis de pessoas que raramente emitem comentários nas menções, portais e etc. 4. Tags extras 4.1. Atenção - a tag “ATENÇÃO” poderá ser adicionada a todo o momento, quando o analista perceber uma oportunidade/insight sobre o monitoramento. Exemplo: um assunto mais delicado, algum tema que não tenha sido falado ainda e possa ser explorado e, principalmente, menções que denotem MOTIVOS claros pelas quais essas pessoas não votariam no candidato. A tag “atenção” será usada para construir o relatório final, com a percepção negativa para candidato. www.scup.com.br Compartilhe! 27 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO 4.2. Dúvida - em caso de dúvida sobre qualquer uma dos tagueamentos acima citados, é necessário criar uma nova tag e incluir estas menções em uma tag DÚVIDA, que será revisada ao final do processo e os itens serão direcionados para a tag correta. 6. Trabalhando a partir de um monitoramento O monitoramento político nas mídias sociais não deve ser usado apenas para coletar menções ligadas ao nome dos candidatos, partidos e concorrentes. Ao coletar menções a assuntos que estão positiva ou negativamente associados aos políticos e com potencial de disseminação na internet, as equipes de assessoria em mídias sociais podem identificar os melhores modos de se abordar certos assuntos e mesmo perceber se eles devem ser abordados. Uma vez que os candidatos e partidos políticos se propõem a ouvir o que se fala nas mídias sociais, eles precisam considerar de fato a opinião que vem de todas as partes. Uma campanha bem feita não é aquela que apenas coleciona a opinião dos eleitores, mas aquela que se preocupa e interage com eles da forma mais adequada. De acordo com Daniel Souza, “os candidatos têm de fazer com que os diferentes atores de um comitê político entendam a importância do trabalho de monitoramento para a campanha e usem as informações na tomada de decisão”. Para ele, a integração entre todas as áreas envolvidas em uma candidatura, desde o início da campanha, é decisiva. www.scup.com.br Compartilhe! 28 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO Direto ao ponto! ATIVIDADES COMPLEMENTARES AO MONITORAMENTO > Defina como serão respondidas as menções coletadas; e > Estabeleça quais serão os padrões de trabalho (prioridades, forma de comunicação com os usuários das mídias sociais, linguagem usada e etc.) 7. Acompanhando o dia a dia das mídias sociais Segundo Tarcízio Silva, uma das principais vantagens do monitoramento de mídias sociais é o fator imediato do monitoramento em si. “Menções a candidatos, quer citando as URLs e @’s dos perfis ou não, são coletadas em tempo real. Uma equipe rápida de comunicação, que esteja preparada o suficiente, pode responder a críticas, esclarecer mal-entendidos, desmentir boatos e agradecer o apoio de cidadãos assim que esses expressam suas opiniões”8, explica. A grande mudança proposta pelas mídias sociais na rotina da política envolve o relacionamento. Lá, não se pode só falar como num tradicional comício. É preciso antes de falar, escutar, compartilhar, trocar experiências, dividir e discutir pontos de vista. É preciso interagir. E esse é um dos maiores desafios dos políticos. 8 “Monitoramento de Conversações sobre Políticos: prática, limites e possibilidades” http://tarciziosilva.com.br/blog/monitoramento-de-conversacoes-sobre-politicos-pratica-limites-epossibilidades/ www.scup.com.br Compartilhe! 29 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO Direto ao ponto! O RELACIONAMENTO COM O ELEITOR > Insights para a criação de conteúdo; > A partir do momento em que você sabe quem são os ativistas da campanha, pode ficar focado no que escrevem, produzindo conteúdos específicos para eles; > Propor conversações com os candidatos; > Marketing direto e mensagens focadas; > Produzir conteúdo e contar histórias para nichos, dialogando com grupos específicos; > Resposta a propagandas negativas, fatos, opiniões, propagandas e debates; > Gerenciamento de crises; > Interação com fãs e seguidores; e > Esclarecimento de dúvidas. 7. Como a justar o trabalho nas mídias sociais com as atividades políticas Durante uma campanha, os programas na televisão exigem uma atenção especial. Mariana Oliveira conta que é preciso monitorar o que está sendo falado em tempo real. Ao final de cada programa, é importante elaborar um boletim com o volume de conversações geradas nas mídias sociais, a análise de sentimento para aquele período e os itens mais representativos, diz ela. Os analistas transmitem para os assessores do candidato o que está acontecendo, indicando quais falas tinham sido bem recebidas ou não. De certa forma, as informações trazidas pelo monitoramento são um termômetro muito melhor que os grupos focais, selecionados pela consultoria de marketing para saber qual candidato tem um desempenho www.scup.com.br Compartilhe! 30 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO melhor no debate. Uma plataforma de monitoramento é uma tecnologia de pesquisa acessível, que permite conhecer a opinião, espontânea e em tempo real, de milhares de pessoas, sobre qualquer assunto. Antes de o candidato ir a um determinado local, é importante escutar o que as pessoas falam sobre ele na internet, para entender como elas recebem a sua candidatura. Como lembra Daniel Souza, em muitas situações, isso pode evitar crises. O monitoramento prévio pode ser usado também para identificar quem são os influenciadores de uma comunidade e as necessidades daquelas pessoas. Hoje, as lideranças comunitárias também estão na internet. Visitar um lugar sabendo o que pensam os moradores e os problemas que enfrentam faz toda a diferença. Essa é uma vantagem competitiva que o monitoramento dá ao candidato. Em política é fundamental monitorar também a repercussão dos adversários nas mídias sociais. Nem sempre é necessário fazer uma análise profunda das informações referentes aos adversários, mas a escolha de alguns dados estratégicos é decisiva. Também é possível realizar alguns trabalhos pontuais, como mapear os ativistas mais influentes nas mídias sociais da campanha adversária, ou seja, pessoas cujas mensagens e ideias são mais replicadas. Segundo Daniel Souza, “identificar essas pessoas não é um trabalho simples. Você vai descobrindo quem elas são aos poucos, ao longo da campanha. É uma tarefa que exige uma análise específica das informações do monitoramento”. www.scup.com.br Compartilhe! 31 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO Direto ao ponto! AS MÍDIAS SOCIAIS NA ROTINA DA CAMPANHA POLÍTICA > Monitoramento dos adversários; > Inclusão do monitoramento no planejamento das viagens do candidato; > Acompanhamento de jornalistas, políticos e lideranças de cidades e locais que o candidato visitará; > Combate à propaganda negativa; e > Mensuração da satisfação dos militantes. www.scup.com.br Compartilhe! 32 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO Capítulo 5 | Estratégia: o que dá certo e o que dá errado a “A falta de habilidade dos políticos para interagir com os internautas leva a falhas que prejudicam a campanha” ..................................................................... C omo serão as campanhas políticas de sucesso nas mídias sociais? Estar presente nas mídias sociais não é o suficiente para colher sucesso nas urnas. Fernando Barros, presidente da agência de publicidade e marketing político Propeg explica que “é preciso também montar estratégias criativas, inéditas e que trabalhem a customização das mensagens para públicos específicos, deixando de lado os boletins generalistas”. www.scup.com.br Compartilhe! 33 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO Algumas práticas já comuns no marketing digital, principalmente nas empresas, não são bem vistas na esfera política. A maioria dos eleitores rejeita pop-ups, e-mails marketing e newsletters de campanhas políticas. O pagamento a pessoas influentes da internet (normalmente, blogueiros e personalidades) para apoiarem uma campanha política e gerar buzz nem sempre é visto de maneira positiva pelos eleitores. Usar estratégias para aumentar rapidamente o número de seguidores de um perfil no Twitter ou de fãs no Facebook pode também frustrar os eleitores e os objetivos de campanha. A falta de habilidade por parte dos políticos para interagir com os internautas leva a falhas no uso das mídias sociais que prejudicam o objetivo final da campanha. As mais comuns são: excesso de autopropaganda, falta de interatividade, desatualização dos dados, foco em apenas um tema, ignorar críticas e não responder a dúvidas. Direto ao ponto! ESTRATÉGIAS PARA SER INFLUENTE NAS MÍDIAS SOCIAIS > Não realize somente ações reativas, mas também proativas para alcançar os objetivos da campanha; > Busque sempre informações que podem ser relevantes para outras áreas da campanha; > Antecipe reações e eventos; > Estruture os dados não somente de maneira quantitativa, mas também qualitativa; > Identifique influenciadores (ativadores, detratores, veículos) e trabalhe especificamente com eles; e > Identifique os públicos-chave envolvidos na campanha. www.scup.com.br Compartilhe! 34 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO EM CONTEXTO | Fatos, opiniões e análises para entender a política 2.0 Veja uma lista com os 10 maiores erros dos políticos nas mídias sociais:9 1. Usá-las apenas para pedir votos sem apresentar propostas; 2. Criar espaços e propor interação, mas não interagir; 3. Mudança de nome do perfil para aproveitar followers; 4. Ter um perfil alimentado por assessores e não admitir; 5. Brigar com seguidores; 6. Promover apenas as mensagens elogiosas; 7. Fazer campanha por DM; 8. Forçar intimidade com os usuários da rede; 9. Associar o nome do candidato a conteúdos sem relação com política; e 10. Querer agradar a todos sem questionar. 9 Qual o maior erro dos políticos em redes sociais? [http://listas.terra.com.br/terraeleicoes/3205-qual-omaior-erro-dos-polticos-em-redes-sociais] www.scup.com.br Compartilhe! 35 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO Capítulo 6 | Como medir o sucesso de uma campanha on-line “Toda a ação que nos propusermos a fazer na internet, seja em um site ou em mídias sociais, pode e deve ser medida” ..................................................................... Q ualquer planejamento deve sempre ser acompanhado de uma meta de resultado. Isso é importante porque permite correções de rumo durante a execução de um determinado plano. Para uma campanha política, o tempo é mais curto e as correções exigem agilidade. Estabeleça, portanto, metas www.scup.com.br Compartilhe! 36 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO semanais, cujos resultados possam ser analisados a cada sete dias. E decomponha as metas para que as ações de correção possam ser feitas pontualmente. Seja criterioso e selecione as metas mais relevantes para acompanhar. Para saber quais são essas metas, o funil pode ajudar. Ele simplifica as ações on-line em três estágios diferentes: Visibilidade: relação passiva com o eleitor. Interação: relação interativa com o eleitor. Conversão: eleitor integrado à campanha. É importante saber que quem passa pelo último estágio do funil pode, a qualquer momento, voltar ao primeiro e assim sucessivamente. Este é um funil dinâmico. A seguir, apresentamos quais metas podem ser associadas a cada um desses estágios. 1. Visibilidade O que é: nível em que o eleitor toma conhecimento de algum conteúdo, tem contato com alguma publicação, mas não se manifesta. Esse eleitor faz um papel de audiência passiva, como nos meios não digitais. O nível de visibilidade é fácil de medir em um site ou blog, nas páginas (não nos perfis) do Facebook e no www.scup.com.br Compartilhe! 37 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO YouTube, mas ainda impossível de medir no Twitter. O que se mede: os sites usam normalmente o Google Analytics como ferramenta de medição de audiência. Publicadores de blogs, como Blogger e WordPress, possuem suas próprias estatísticas. Nesse nível, em blogs e sites, podemos medir número de visitantes, visitas e número de páginas visitadas por cada visitante, identificar de onde veio essa audiência e por quais palavras ou expressões o eleitor que fez uma busca na internet se conectou ao site. Podemos identificar também, mas somente com o Google Analytics, as pessoas que acessaram a publicação em tablets e celulares. Na seção de estatísticas do Facebook, a coluna de Alcance mostra o número de vezes que a publicação apareceu na timeline de alguém. No novo YouTube Analytics, os dados também estão disponíveis. 2. Interação O que é: nível em que o eleitor toma conhecimento de algum conteúdo ou perfil e estabelece uma interação com essa publicação. O que se mede: nesse nível, se mede toda a interação ou reação do eleitor a uma publicação da campanha. Ou seja, ele já manifesta um interesse maior pelo que você publica e interfere, dá sua opinião, contrária ou favorável, àquilo que sua campanha compartilhou na rede. Cabem aqui o click em um link postado pela sua campanha, as respostas (@reply) e RTs no Twitter, os "Curtir", "Compartilhar" e comentários no mural do Facebook e também os comentários em sites, blogs e vídeos publicados no YouTube. Para quem quer uma análise mais detalhada da performance em mídias sociais, plataformas de monitoramento podem ser de muita ajuda. O click em algum link pode ser www.scup.com.br Compartilhe! 38 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO medido de várias formas, mas, se você usar um encurtador de URLs gratuito como o bit.ly, terá acesso a uma série de informações úteis, uma radiografia da performance desse link. 3. Conversão O que é: nível mais aprofundado de interação com o eleitor. Quem passa por ele, quer seguir suas ideias, acompanhar sua campanha e, possivelmente, se engajar nela e dar sua contribuição. O que se mede: no nível de conversão, estão desde os atos mais simples como seguir o perfil de sua campanha no Twitter, se tornar fã da sua página no Facebook ou no YouTube, assinar sua newsletter, fazer download de seu material de divulgação e até a contribuição financeira com a campanha. É o nível que merece maior atenção porque nele está o fechamento de acordos com o eleitor, é onde ele assina que está engajado. A medição de fãs e seguidores é pública, fornecida pelas próprias mídias sociais, a subscrição de newsletters é feita pela própria ferramenta que você escolherá para enviar as publicações, o mesmo vale para downloads, e a medição da contribuição financeira com a campanha será realizada pelo relatório do cartão de crédito. www.scup.com.br Compartilhe! 39 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO 21 dicas para fazer monitoramento político 1. Os usuários das mídias sociais não podem ser encarados como um público passivo e pronto para assimilar qualquer mensagem. Parece simples, mas na prática muitos políticos e empresas ignoram essa regra. Uma mensagem lançada na internet não é imediatamente aceita e espalhada pelos usuários. 2. Para não falar sozinho, é preciso seguir um preceito básico nas mídias sociais: a interatividade com os usuários. 3. Defenda a importância do monitoramento de mídias sociais constantemente. 4. Dimensione o tamanho da equipe, a localização dos membros da equipe e o perfil profissional dos envolvidos. Em caso de campanhas nacionais ou estaduais, as opiniões podem ser melhor captadas por analistas que estejam presencialmente nos principais centros de opinião pública. 5. Na hora de montar a equipe de trabalho, os profissionais envolvidos devem estar fortemente ligados a um perfil de entrega de informação. 6. Deixe estruturado desde o início do monitoramento quais atividades podem ser terceirizadas. 7. Discuta os critérios de amostragem que serão usados durante o monitoramento. 8. O monitoramento deve estar atento não apenas a eventos on- www.scup.com.br Compartilhe! 40 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO line, como publicações e conteúdos da internet, mas também a eventos off-line, como declarações na televisão, debates, coberturas jornalísticas e comícios. 9. Além desses dois relatórios diários, a equipe de assessoria em mídias sociais precisa possuir um sistema de alertas. Independentemente do horário, se acontece algo que merece a atenção de um dos membros do comitê da campanha, um alerta precisa ser gerado para as partes afetadas por essa informação. 10. Não produza relatórios para guardar na gaveta. O monitoramento deve responder a uma necessidade do cliente. O principal objetivo de um coordenador de campanha nas mídias sociais é transformar o montante de dados que está disponível em um conhecimento útil, relevante e que traga possibilidade de ação para os estrategistas. 11. Busque sempre criar espaço nos encontros entre as diversas equipes para apresentação das informações do monitoramento. 12. Classificar os itens qualifica as informações obtidas. Busque sempre identificar quem são os ativistas, simpatizantes e detratores do candidato ou campanha monitorada. 13. Os critérios mais usados para análise de sentimento são: positivo, neutro, negativo e misto. Dependendo das necessidades da campanha podem ser criadas outras classificações de sentimento. 14. Identifique os perfis monitorados levando em conta sexo, região da cidade ou do país e preferências. www.scup.com.br Compartilhe! 41 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO 15. Mapeie os ativistas mais influentes nas mídias sociais da campanha adversária, ou seja, pessoas cujas mensagens e ideias são mais replicadas na campanha do opositor. 16. Os usuários de internet e, principalmente, os produtores de conteúdo on-line, representam apenas uma parcela pequena da população nacional. Não pressuponha a representatividade dos dados coletados on-line em relação à população total de eleitores do país ou de uma região. 17. Trabalhe sempre para a aproximação das equipes de monitoramento, relacionamento, mobilização e pesquisa. Quanto maior a integração entre os diferentes atores de um comitê político, melhores são os resultados que se pode alcançar com o monitoramento. 18. Quando um político comenta em uma mídia social a música que está ouvindo, ele humaniza sua figura e se aproxima do eleitor. 19. É preciso definir linhas de ação e respostas integradas. Algumas plataformas de monitoramento possuem recursos de CRM e a tendência é que todas as grandes campanhas políticas incorporem também esses recursos. 20. Elaborar um plano de relacionamento específico para os usuários indecisos e indiferentes traz resultados importantes para o monitoramento político. 21. Em dias de debate, como o volume de conversas numa situação dessas é bem maior, é interessante que quase toda a equipe trabalhe no acompanhamento do monitoramento. O www.scup.com.br Compartilhe! 42 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO trabalho de classificação dos dados pode ocorrer posteriormente. 22. Evite trabalhar como se o grande momento da articulação política on-line acontecesse apenas nos primeiros meses de campanha, antes da estreia da propaganda eleitoral gratuita na televisão. Em vez disso, o monitoramento das mídias sociais só aumenta em importância depois que os candidatos garantem sua presença diária na televisão e no rádio. 23. Evite estratégias invasivas no relacionamento com os eleitores. EM CONTEXTO | Fatos, opiniões e análises para entender a política 2.0 Ronaldo Lemos é diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, e diretor do Creative Commons Brasil. É professor visitante na Universidade de Princeton (nos EUA). Fundador do Overmundo, pelo qual recebeu o Golden Nica do Prix Ars Electronica na categoria Comunidades Digitais. Foi presidente do iCommons de 2006 a 2008, organização voltada ao compartilhamento de conteúdo on-line. Na entrevista a seguir, concedida à IHU On-Line por e-mail, Lemos enfatiza que a participação de estratos sociais das classes C, D e E nas mídias sociais “terá um impacto cada vez maior na política”. Isso porque, hoje, as 109 mil lan houses existentes no país contrastam com “2,5 mil salas de cinema, 5 mil bibliotecas públicas ou 2,6 mil livrarias”. IHU On-Line – Então, as manifestações iniciadas nas redes sociais e que ganham as praças da Europa, por exemplo, podem transformar o conceito de democracia que conhecemos hoje? Ronaldo Lemos – A democracia, como tudo mais, já está sendo profundamente transformada pelo turbilhão de novas mídias que se disseminam. Cada vez que uma mídia nova surge, emergem novos hábitos www.scup.com.br Compartilhe! 43 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO e práticas, alguns incontroláveis e outros imprevisíveis. Foi assim com a imprensa, o rádio e a TV, que mudaram profundamente a forma de fazer política. O mesmo acontece agora. Só que, nos últimos quinze anos, as mudanças nessa mídia, que começa a ganhar terreno cada vez maior socialmente, foram muito profundas. Não dá para achar que a democracia vai escapar das transformações provocadas por ela. www.scup.com.br Compartilhe! 44 COMO PLANEJAR UMA CAMPANHA ELEITORAL 2.0 E FAZER MONITORAMENTO POLÍTICO Próximos passos... Precisa de uma plataforma de monitoramento de mídias sociais para usar nas eleições 2012? Que tal testar o Scup por 7 dias para descobrir como podemos ajudá-lo? http://bit.ly/Os7t7D www.scup.com.br Compartilhe! 45