ROMANOS - A GRAÇ A CUMPRE A LEI | O conflito com o pecado ESTUDO 45 Leituras diárias Texto bíblico: Romanos 7 Texto básico: Romanos 7. 4-6, 9-15, 21-25 Texto áureo: II Co 12. 9 Ainda que liberto da condenação do pecado, fica o crente exposto a influências pecaminosas. Tem paz com Deus, mas precisa confirmar essa paz no equilíbrio do viver diário, dentro de um universo que lhe declara guerra sem trégua. E não deseja ser derrubado na batalha. Toda vez que o crente peca, age como servo do pecado, e não da justiça. Consciente de que pertence a Cristo (seu legítimo e mui digno Senhor), esta honra deve motivar uma luta séria contra o senhor a quem não mais pertence. É o conflito com o pecado. Na terminologia em voga hoje, a “batalha espiritual”. UMA ANALOGIA DO CONFLITO - Rm 7. 4-6 Enquanto vive o marido, a mulher permanece ligada a ele pela lei. Morrendo o marido, a viúva fica livre, também pela lei, para novas núpcias. Como poderia a lei ter domínio sobre quem já morreu? Segunda Rm 7.1-4 Terça Rm 7.5,6 Quarta Rm 7.7-11 Quinta Rm 7.12-16 Sexta Rm 7.17-20 Sábado Rm 7.21-25 Domingo 2 Co 12.19-21 Aplique-se a figura. Quem morreu? A lei ou nós? No símbolo do aio (ou pedagogo), a lei é transitória (Gl 3.24). No símbolo de uma cédula rasgada, a lei é destruída na cruz (Cl 2.14). Melhor dizendo: a lei perde sua vigência, seu direito de cobrança, como acontece a uma cédula anulada. A linguagem do nosso texto, no entanto, aponta o crente morrendo para a lei ou “quanto à lei” (v. 4). O resultado é praticamente o mesmo. Se a lei morreu para nós, já não tem domínio sobre nós; se nós morremos para a lei, também não tem. Julgam alguns estudiosos que Paulo evitou falar em morte da lei para não ferir os judeus legalistas (uma amostra da psicologia paulina). Há pregadores que sentem grande prazer em ferir a sensibilidade dos que creem de modo diferente. A verdade merece e precisa ser dita, mas com sabedoria e respeito. Parece claro: a) A morte do crente para a lei foi “mediante o corpo de Cristo”. É ação divina que o identifica com o sacrifício redentor. b) Cessou o domínio da RE F LE XÕE S B ÍB LIC AS | 165 | R O M A N O S - A G ra ç a c u m p r e a L e i lei sobre o crente, pois “Cristo nos resgatou da maldição da lei” (Gl 3.13). c) Agora ele pertence a outro Senhor, “àquele que ressurgiu dentre os mortos a fim de que demos fruto para Deus” (Rm 7.4). d) Sendo assim, espera-se que o crente produza “fruto para Deus”, em lugar de “fruto para a morte” (vv. 4,5). e) Espera-se também que ele sirva ao novo Senhor “em novidade de espírito, e não na velhice da lei” (v.6). Se a união atual é com o Cristo ressuscitado, significa vida triunfante. Aplicação a sua vida. Que tipos de impulsos desordenados são frequentes no meio evangélico? Como você lida com eles? A LEI E O CONFLITO - Rm 7. 9-13 Atentemos para o seguinte raciocínio: 1. O pecado mata, tendo como instrumento a lei, que revela nossa transgressão e culpa (vv. 9,11). Enquanto ignorava a lei, Paulo se achava justo e cheio de vida. Veio a lei e lhe mostrou o contrário: ele não era justo nem estava vivo. Sem a lei, o pecado parecia um cadáver para o apóstolo (v.8). Com a lei, era ele o cadáver. O pecado vive e Paulo morre, visto que a lei dá a conhecer o pecado e sua ação mortífera, criando o conflito fatal. 2. Onde reside o mal? Na lei? (vv. 12,13). Porque o mandamento da lei põe a descoberto o pecado, deixa de ser “santo, justo e bom”? A resposta aparece no v. 13. O conflito humano é com o pecado, não com a lei, que tem objetivos sempre elevados, até mesmo quando expõe as fraquezas humanas. Se a lei, apesar de santa, justa e boa, é incapaz de tornar o homem santo, justo e bom, pelo menos 166 | R EF L EXÕ E S B Í B L I C A S lhe diz o quanto ele é impuro, injusto e mau. 3. Aparentemente, a lei é morte. Na verdade funciona como instrumento de morte, como que nas mãos do pecado. É que a lei mata por meio da transgressão. O trânsito mata? É a lei do trânsito que mata ou a transgressão dessa lei? Estamos todos sujeitos à lei do equilíbrio, mas o que mata mesmo é o desequilíbrio, isto é, a quebra da lei do equilíbrio. A pena de morte é a lei matando. Por que mata? A causa é o desrespeito a certos padrões de comportamento exigidos pela lei (não entramos aqui no mérito desta lei, por muitos considerada uma violação do direito à vida; uma espécie de lei transgressora). Pois bem, a lei disse a Paulo que ele era uma vítima fatal do pecado. Repete-se a experiência. Enquanto o homem não tem diante dos olhos a lei divina, pensa estar vivo. Não percebe o pecado matando. Passando a conhecê-la, descobre que é um defunto. Ignorava seu estado de morte. Aplicada a sua vida. Você já vivenciou algum conflito com o mal? Explique. EXPRESSÃO INTERNA DO CONFLITO Rm 7.14,15,21-25 A lei de Deus, como vimos acima, coloca o homem em conflito com o pecado. Várias leis operando em seu interior, e em conflito. 1. A lei de Deus, que é espiritual. Espiritual se opõe a carnal. Compare os vv. 5 e 18. O v.18 descreve a desilusão de Paulo com seus apetites carnais. Carne em sentido moral. O Paulo carnal se julga vendido como escravo do pecado. Curioso comércio! ROMANOS - A GRAÇ A CUMPRE A LEI | 2. Outra lei (v. 23). Parece referi-se a impulsos desordenados, fora de controle, comprometendo a conduta. Ainda hoje não é assim? 3. A lei do entendimento (v.23). A esta, a “outra lei” declara guerra. A lei do entendimento está em harmonia com a “lei de Deus”, ao passo que a “outra lei” tem afinidade com a “lei do pecado” (v.25), mediante a expressão “nos meus membros” (v.23). Há vitória para o crente nesse conflito? Alguém observou que Paulo emprega 19 vezes eu e mim, do v. 5 ao 19, mas a palavra Cristo nem uma vez. Quando, no versículo 25, ele olha para Cristo, pode dar graças a Deus pela vitória. Aplicada a sua vida. Que exemplos de vitória na adversidade você tem a contar? (no lar, na escola, na profissão, na igreja). PARA SUA REFLEXÃO 1. Você reconhece que nunca existiu crente perfeito, nem no Antigo nem no Novo Testamento, nem em qualquer período da História? Esse reconhecimento torna suas atitudes mais caridosas para com os fracos? 2. Você notou que o pecado mata e a cruz também mata? O pecado tira a vida espiritual; a cruz tira a vida carnal. Pelo pecado morre-se para Deus; pela cruz morre-se para o mundo. Como da cruz jorra o precioso sangue da graça, seu poder é maior do que o do pecado, e Paulo sente grande alegria em registrar esta superioridade: “(...) onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rm 5.20). RE F LE XÕE S B ÍB LIC AS | 167