Goiânia, sexta-feira, 10 de abril de 2015 Empreendedorismo em alta O Brasil está em primeiro lugar no ranking 2014 da Global Enterpreneurship Monitor (GEM), que identifica os países com maior número de empreendedores. Em parceria com o Sebrae e com o IBQP, a pesquisa revela que em dez anos o número de empreendedores no País aumentou em 11,5%, chegando a 34,5% no ano passado, 8 pontos a mais que o 2º colocado, a China, que tem 26,7%. Foram entrevistadas 10 mil pessoas entre 18 e 64 anos e a metade abriu seu negócio há menos de três anos e meio. “Quando comparado com os países que compõem o Brics, o Brasil é a nação com a maior taxa de empreendedorismo, ficando quase oito pontos percentuais à frente da China, com uma taxa de 26,7%”, ressalta o presidente do Sebrae, Luiz Barretto. A Índia tem uma taxa de empreendedorismo de 10,2%, a África do Sul de 9,6% e a Rússia de 8,6%. O número de brasileiros que já têm uma empresa, ou que estão envolvidas na criação de uma, é superior, também, a países como Estados Unidos (20%), Reino Unido (17%), Japão (10,5%), Itália (8,6%) e França (8,1%). A pesquisa ainda revela que a cada 100 brasileiros que começam um negócio próprio no Brasil, 71 são motivados por uma oportunidade de negócios e não pela necessidade. O presidente do Sebrae explica que esse índice vem se mantendo estável nos últimos anos, mas que ele implica diretamente na qualidade do empreendedorismo brasileiro. “O empresário atual abre uma empresa porque vê uma oportunidade e investe naquela ideia. Ter uma empresa porque não se tem uma ocupação não é mais o principal fator”. Em Goiânia, temos exemplos de empreendedores de sucesso que aproveitaram as oportunidades e estão prosperando em seus negócios. Há um ano, Leonardo Lívio, ex-atleta e criador da modalidade crossfight, fundou a primeira unidade do Clube Cross-fight e está inaugurando a segunda no bairro Eldorado. O hair stylist Jalles Rocha também vem investindo cada vez mais no salão que comanda, o Company, tendo realizado recentemente uma reforma que transformou o local em um ambiente diferenciado, com referências londrinas, cidade na qual o profissional aprendeu a principal técnica que usa nos cortes, a técnica inglesa desenvolvida por Vidal Sassoon. O Diário da Manhã falou com Leonardo Lívio, ex-atleta e criador do Cross-figth: DM – Como surgiu a ideia do cross-fight? Podemos dizer que foi um tipo de empreendedorismo por vocação ou por necessidade? Leonardo Lívio – O cross-fight surgiu a partir de um insight que eu tive das preparações que eu fazia antes da luta. Eu quis trazer essa modalidade para a realidade das pessoas que treinam só por hobby, porque eu vi que isso seria muito eficiente. Criar o clube foi acontecendo de forma natural, já que eu sempre fui de buscar, de querer mais, de criar e tem dado certo, tudo tem acontecido de maneira rápida e positiva. Com certeza tem um pouco de vocação, talvez eu tenha nascido para fazer isso, mas acho que a necessidade me fez evoluir com mais velocidade. As oportunidades foram surgindo, mas tive que me mover e enfrentar muitas adversidades que todos os empresários passam nos dias de hoje. DM – Você fez alguma pesquisa ou algum tipo de planejamento para a implantação da modalidade? Leonardo Lívio – Não fiz nenhuma pesquisa para criar o cross-fight, mas trabalhando nas academias percebi que as pessoas estavam procurando meios alternativos para se exercitar porque elas não suportavam aquele marasmo de ir pra academia e fazer uma atividade que não gostavam, que até então eram as ginásticas e musculação normais. Então procurei criar uma modalidade em que as pessoas se exercitassem sentindo prazer, se sentindo cada vez mais motivadas a continuar, e observando essa oportunidade comecei a desenvolver a modalidade. Venho aperfeiçoando o crossfight há alguns anos, mas há um ano ele já vem sendo ensinado no clube. DM – O que pode ser dito aos vários empreendedores potenciais do País para que eles sobressaiam no ambiente de negócios brasileiro? Leonardo Lívio – O que eu tenho a dizer aos empreendedores é que um ponto importante a se pensar no negócio é a inovação. Acho que todo mundo que inova, que cria, que dá ênfase aos detalhes, às coisas simples, vai se dar bem. Todos vão passar por dificuldades, nossas metas testam a gente e não podemos desistir nunca. O importante é ter perseverança, dormir querendo e acordar querendo e não deixar ninguém derrubar esse espírito, porque todos vão falar o quanto é difícil, as diversidades vão aparecer, os bancos vão dificultar, o governo vai dificultar, mas acredito que o espírito é esse, de não desistir nunca. Até o momento, não vejo nenhum concorrente que oferece o que eu ofereço, quando começarem a copiar, eu já estarei à frente, criando e oferecendo outras coisas. O DM também entrevistou o o hair stylist Jalles Rocha: DM – Na leitura de seu perfil, observei que você já teve, desde cedo, noções de empreendedorismo. Atualmente, o que deve ser considerado mais importante nas atribuições de um empreendedor de sucesso? Jalles Rocha – O que eu considero mais importante é observar (estar muito atento) às mudanças de mercado. Na década de 80 para 90, surgiram os cabeleireiros de muito sucesso pela habilidade de criar, mesmo tendo salões bem simples, hoje o mercado mudou e os salões se ampliaram. Como no Brasil não temos uma cultura de formação técnica, hoje temos grandes salões com cabeleireiros bem práticos… Os salões cresceram, se informatizaram, o mundo se globalizou, aproximando cabeleireiros, estilistas, moda e referências de diversos países, como a Europa… Observar tudo fez toda diferença. Esses cabeleireiros da década de 80 eram muito simples e práticos, por isso não conseguiam se manter no mercado. Poucos salões na década de 80 sobreviveram no mercado atual. O sucesso está no poder de inovação em todas as áreas, e o segredo é estar antenado, saindo da área de conforto. Correr riscos! DM – Quando você começou, em 1992, já havia uma meta traçada para o que e hoje o Company By Jalles ou acontece por acaso? Jalles Rocha – Nada é por acaso. Após vários anos, depois de várias tentativas, algumas com sucessos e outras não. Após contratar alguns consultores financeiros percebi que era impossível desenvolver o Company By Jalles mesmo tendo sido treinado, formado, graduado e pós-graduado sem um gestor econômico, “esta foi uma das primeiras conclusões mais difíceis de aceitar”. Chegando a essa conclusão, eu busquei para dentro da Company um administrador que hoje cuida da parte de gestão de pessoas e processos, enquanto eu fico responsável pelas partes técnica e artística da empresa, pois aprendi que não é possível ser excelente na parte artística e ao mesmo tempo administrar os negócios. “Cada macaco no seu galho”. Construir um negócio, principalmente na área de salões de beleza, só e possível através de pessoas, um trabalho muito árduo, porém gratificante! Hoje não temos mercado para amadores, principalmente dentro de uma economia instável como a nossa. Para inovar, as empresas precisam investir em pesquisa e desenvolvimento. Mas parece que nem todos os empreendedores brasileiros se atentaram para essa importância. O mais recente ranking divulgado, elaborado pela consultoria Strategy&, mostra as 1.000 empresas de capital aberto que mais investem em Pesquisa e Desenvolvimento. E pasmem: menos de 10 empresas brasileiras estão listadas. É pouco para um país empreendedor e com a potencialidade do Brasil. Com isso, o repórter Ely Assis falou com a consultora de empresas e proprietária da M2 Consultoria e Treinamento Ltda, Margareth de Abreu, sobre como está o empreendedorismo em Goiás. DM – A consultoria Strategy divulgou uma pesquisa dizendo que de 1.000 empresas de capital aberto que investem em pesquisa e desenvolvimento, menos de 10 empresas brasileiras estão listadas. De outro lado, estamos no topo do empreendedorismo na pesquisa da Global Enterpreneurship Monitor (GEM), em parceria com o Sebrae, aqui no Brasil. Qual sua análise desses dados? Margareth – As pesquisas se tratam de categorias diferentes de empresas. A Consultoria Strategy revela dados das empresas de capital aberto, ou seja, empresas SA (Sociedade Anônima) no qual investidores podem fazer parte da sociedade através de ações. A pesquisa fala que menos de 10 das 1.000 empresas de capital aberto que investem em pesquisa e desenvolvimento encontra-se no Brasil. De acordo com minha análise, poucas empresas têm conhecimento sobre os incentivos governamentais para pesquisa e desenvolvimento, além de demandar tempo e profissionais que se dediquem a essa ação de desenvolver algo inovador, diferença que agrege valor, e muitos têm medo de assumir principalmente os riscos financeiros com receio de suas consequências serem negativas. Já a pesquisa da GEM nos fala que o Brasil está no topo em relação ao índice de empreendedorismo, porém devemos levar em consideração que esta pesquisa se trata das empresas em geral, não só as de capital aberto. O Brasil tem investido nos últimos anos na abertura das empresas, principalmente em relação à categoria do Micro Empreendedor Individual (MEI ou EI), cujos benefícios são: cobertura previdenciária, isenção de taxas para registro de empresas, desburocratização, acesso a serviços bancários (inclusive créditos), unificação, compras em vendas em conjunto, redução da carga tributária, controles simplificados, emissão de alvará pela internet, facilidade para vender para o governo, serviços gratuitos, apoio técnico do Sebrae na organização do negócio, possibilidade de crescimento como empreendedor, segurança jurídica, e isso tem contribuído para o aumento do empreendedorismo no Brasil. DM – Temos então, de acordo com a pesquisa, muitos empreendedores no Brasil. A maioria deles está em busca de trabalho ou há mudanças nesse perfil? Margareth – A maioria desses empreendedores está em busca de trabalho sim, mas não me refiro a um trabalho de carteira assinada (CLT) como empregado, e sim um trabalho dentro de seu próprio empreendimento, em relação ao desenvolvimento de novos produtos ou serviços, inovação essa que seja de embalagem, diferenciação de atendimento ou venda; produto útil, diferenciado e inovador. O índice de empreendedores como revelado na pesquisa tem aumentado em relação ao cenário. Foi analisado que os mesmos (empreendedores) passaram a aproveitar esse espírito empreendedor através de uma oportunidade, observado pelo próprio mercado, diferente do que se via nos cenários passados que encontrávamos vários empreendedores por necessidade. DM – Qual a dica para quem precisa ou quer empreender? Margareth – A minha dica como consultora terceirizada do Sebrae e consultora da M2 Consultoria e Treinamento Ltda é que empresários que necessitam empreender, tanto para abrir um negócio quanto para inovar produtos e serviços, procurem o Sebrae para uma consultoria específica através de vários profissionais especializados para atendê-los por área. Para quem ainda não tem seu negócio, pode participar de programa específico para potenciais empresários com o intuito de analisar a viabilidade de seu futuro negócio, através de um plano de negócio, já para quem quer inovar seu produto, serviço, ou até melhorar a área de tecnologia e marketing, pode contar com o Sebraetec.