CRESCIMENTO ECONÔMICO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL NO BRASIL Paulo Ricardo de Avelar1 Esther Grizende Garcia2 Agnaldo Castilho dos Santos3 1. JUSTIFICATIVA O Brasil tem apresentado um significativo crescimento econômico e estabilidade financeira, nos últimos anos, especificamente, no período que se inicia no ano 2000 e termina em 2010, há muito não vistos em nossa economia. Pretendemos com este artigo retratar tal crescimento, verificando se o mesmo está contribuindo com o desenvolvimento, no sentido amplo da palavra, da sociedade brasileira, destacando as condições de saúde de população. Tentaremos verificar como o crescimento econômico está interferindo em nossas vidas, analisar se ele está provocando significativa melhora nas condições humanas. Com a proposta de analisar essas questões, desenvolvemos este estudo sob a ótica da economia da saúde. Tentando traçar um paralelo entre desenvolvimento econômico e melhora das condições de vida da população, com indicadores, dados sociais e econômicos, destacando os fatores que impactam diretamente sobre a saúde, como as condições sanitárias, por exemplo. Este trabalho está centrado em analisar esses impactos, refletidos na população brasileira. 2. METODOLOGIA No processo de investigação, fizemos uso de pesquisas históricas para a obtenção dos dados, econômicos e sociais, como o Produto Interno Bruto do Brasil (PIB), a renda per capita, o Coeficiente de Gini, usado para mensurar o nível de desigualdade, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), o crescimento da população brasileira e como a mesma tem se comportado demograficamente, valores gastos em saúde pública comparados com o PIB, a evolução do número de casos de algumas doenças negligenciadas, que na maioria dos casos, estão diretamente relacionadas com as questões sanitárias, entre outros, suas interpretações e revisão bibliográfica, a fim de traçar um paralelo entre os mesmos e analisar as possíveis correlações. 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Crescimento econômico e desenvolvimento social são buscados por todos os países. Por trás desses dois termos, estão inseridos vários conceitos, como acumulação de capital, acréscimos do produto por trabalhador, aumento nos níveis de poupança e investimentos, melhores condições de vida, baixas taxas de natalidade e mortalidade entre outros respectivamente. O termo “desenvolvimento” foi subentendido por muito tempo apenas como uma economia forte, mas para alcançar um nível satisfatório de desenvolvimento é necessário mais que um PIB (Produto Interno Bruto) robusto, como também um nível de educação elevado da população, uma renda per capita que permita às pessoas poder de compra compatível com uma boa qualidade de vida, taxas mínimas de pobreza, baixa desigualdade social, saneamento básico ao acesso de todos, acesso a uma saúde de qualidade, esses e outros, são fatores que influenciam diretamente na qualidade de vida da 1 Economista formado pelo CESVA, atua como Residente em Gestão Hospitalar no Hospital Universitário da UFJF. Economista formada pela UFJF, atua como Residente em Gestão Hospitalar no Hospital Universitário da UFJF. 3 Administrador formado pela FACSUM, atua como Residente em Gestão Hospitalar no Hospital Universitário da UFJF. 2 1 sociedade. Desenvolvimento é mais que somente crescimento econômico, é um conjunto de fatores que determina o desenvolvimento econômico e o social, que devem caminhar juntos a fim de evitar as desigualdades, que assolam os países em vias de desenvolvimento. Segundo SCATOLIN, 1989, apud OLIVEIRA, 2002, p. 38: O debate acerca do desenvolvimento é bastante rico no meio acadêmico, principalmente quanto a distinção entre desenvolvimento e crescimento econômico, pois muitos autores atribuem apenas os incrementos constantes no nível de renda como condição para se chegar ao desenvolvimento, sem, no entanto, se preocupar como tais incrementos são distribuídos. Deve se acrescentar que “apesar das divergências existentes entre as concepções de desenvolvimento, elas não são excludentes. Na verdade, em alguns pontos, elas se completam”. Assim, pode-se visualizar que o desenvolvimento foi, ou ainda é, entendido em sua maior parte, apenas como crescimento da economia, na maioria das discussões econômicas, livros entre outros, a preocupação com os fatores que tem como resultado o aumento do capital, dos fatores exclusivamente econômicos. ...a planificação do desenvolvimento não pode ser exclusivamente social ou econômica, embora na prática ocorra quase sempre o predomínio do planejamento econômico (...) para ele, somente os objetivos sociais, que implicam melhoria dos níveis de vida e de bem estar podem ser considerados como fins do desenvolvimento, enquanto que os objetivos econômicos (...) são apenas fins intermediários, cujo único valor é contribuir para os objetivos finais já aludidos. (DREWNOSKI, 1966, apud ARAUJO, 1975, p. 518). Kofi Annan, ex-presidente da ONU – Organização das Nações Unidas – em seu discurso de abertura da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento), realizada no ano 2000 em Cingapura, afirmou que um país desenvolvido é aquele que permite a todos os seus cidadãos, desfrutar de uma vida livre e saudável...4 e, de acordo com Bresser Pereira (1997. p, 25): O subdesenvolvimento é sempre acompanhado por pobreza, senão miséria, fome, subnutrição, más condições de saúde, por analfabetismo e baixa qualificação técnica dos trabalhadores. Essas características são ao mesmo tempo consequência e causa do subdesenvolvimento. Não querendo adentrar a discussão de qual é o sentido correto da palavra “desenvolvimento”, limitamos a utilizar o IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, calculado pela ONU, quem um resultado mais próximo de um (1), mais desenvolvido é o país, não levando em consideração apenas as questões econômicas, mas também as sociais, como o índice de educação, índice de esperança de vida e índice de rendimentos, que é um dos indicadores bases desse estudo, com os dados obtidos pelo Brasil no período em estudo, uma vez que nesse curto período de tempo, a economia brasileira apresentou um crescimento satisfatório, longe do ideal é verdade, porém que já demonstrou mudanças na sociedade brasileira, sobretudo nos indicadores sociais.do.país. Pode-se identificar na Tabela 1, uma melhora considerável no nível de renda da população, porém com uma pequena queda do Coeficiente de Gini, que mede o grau de disparidade econômica 4 Disponível em: http://www.unescap.org/unis/press/G_05_00.htm 2 das famílias, que historicamente sempre foi elevado no Brasil. Um aumento do saneamento básico (Gráfico 2), cuja falta deste está diretamente relacionada com a incidência de doenças negligenciadas, infecto parasitárias e/ou contagiosas, mais presentes em países pouco desenvolvidos, elevação da expectativa de vida da população brasileira. Em outros termos, a sociedade brasileira tem sido beneficiada com o crescimento da economia e consequentemente, com a melhora dos índices sociais. 4. RESULTADOS Nesta seção são encontrados os dados econômicos e sociais do Brasil, com enfoque nos últimos. 4.1. DADOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DO BRASIL Podem-se identificar na Tabela 1, que retrata a evolução do PIB brasileiro com alguns indicadores sociais, que todos demonstraram resultados positivos na maioria dos anos. O produto da economia cresceu consideravelmente, saltando de pouco mais de 640 bilhões para mais de dois (2) trilhões de dólares em 2010, valor este que fez do Brasil naquele ano, a 10ª economia, a frente de países desenvolvidos como Itália e Canadá, porém o país continua com um longo percurso para melhor as condições de vida da população. Tabela 1 PIB e Indicadores Sociais Brasileiros do ano 2000 a 2010 Ano PIB (US$ corrente) Variação (%) 2000 644.701.831.101,39 4,31 2001 553.582.178.386,19 1,31 2002 504.221.228.974,04 2,66 2003 552.469.288.267,79 1,15 2004 663.760.000.000,00 5,71 2005 882.185.291.700,90 3,16 2006 1.088.917.279.411,76 3,96 2007 1.365.982.651.542,37 6,09 2008 1.652.817.559.096,61 5,17 2009 1.621.661.507.655,08 -0,33 2010 2.143.035.333.258,24 7,53 Elaboração dos autores Dados do Banco Mundial, Ipea e PNUD5 * Dados não disponibilizados. PIB Per Capita Coeficiente de Gini IDH 7.010,45 * 0,596 0,589 0,583 0,572 0,569 0,562 0,556 0,547 0,542 * 0,665 * * * * 0,692 0,695 0,700 0,705 0,708 0,715 7.162,66 7.371,99 7.519,12 8.074,36 8.509,43 9.037,93 9.774,80 10.407,79 10.344,22 11.127,06 Observa-se igualmente um aumento significativo do PIB per capta, agregando mais de quatro (4) mil dólares no período, passando de pouco mais de US$ 7.000 no início da série para US$ 11.127,06 no ano fim. Aqui, o PIB per capita, foi medido em PPC, ou Paridade de Poder de 5 PNUD é o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. 3 Compra6, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Há de se notar também que em 2009, quando a economia apresentou uma pequena retração de 0,33%, o PIB per capita sofreu uma diminuição de R$ 63,57 recuperando o valor perdido em 2011, com um acréscimo de R$ 782,84 quando a economia cresceu mais de 7% sobre o ano da retração. O Coeficiente de Gini brasileiro sempre foi elevado, demonstrando a alta desigualdade de renda no país. Como já explicitado anteriormente, quanto mais próximo um (1), maior é o nível de desigualdade. Tal resultado brasileiro pode ser explicado pelos modelos de crescimento adotados pelo país no século passado, e também pela grande disparidade regional que o país apresenta, com regiões bem industrializadas, como o Sul e o Sudeste, e outras com baixos níveis de emprego além de condições climáticas pouco favoráveis como a que se vê no Nordeste por exemplo. Há de se destacar que a desigualdade apenas diminui quando a renda da parcela mais pobre da população cresce mais rapidamente que a dos mais ricos, o que de certo modo poderia ser garantido com o crescimento econômico, porém, se a renda dos mais ricos crescer mais rapidamente que a renda dos mais pobres, a desigualdade aumentará, o que sempre foi um dos males da economia brasileira. O Índice de Desenvolvimento Humano, que apresentou o menor crescimento do período dentre os mostrados na tabela acima, posicionou o Brasil, em 2010, na 73ª posição, atrás de países como o Peru, por exemplo, sendo o primeiro colocado, a Noruega, com um IDH de 0,938. Segundo a classificação da Nações Unidas, o Brasil se encontra no grupo de países com elevado desenvolvimento humano 7. O IDH é utilizado pela ONU para medir o grau de desenvolvimento humano dos países membros, e é formado por três índices: índice de expectativa de vida, de escolaridade e o índice de rendimentos da população, traçando uma síntese do país. Em tese, podese afirmar que o nível da qualidade de vida da população brasileira está muito a quem dos níveis dos países desenvolvidos. Gráfico 1 – Percentual da População Brasileira em Pobreza Extrema (2000 – 2010) 15,28 15,2 13,2 13,99 11,49 9,44 8,65 7,57 7,28 Fonte: Elaboração dos autores. Dados do Ipea. 6 O PIB no conceito PPC é o produto interno bruto convertido para dólares internacionais usando as taxas de paridade de poder de compra. Um dólar internacional tem o mesmo poder de compra que o dólar americano nos EUA em cada ano. Dados em dólares internacionais correntes de cada ano. 7 Disponível em: http://hdr.undp.org/en/media/HDR_2010_PT_Complete_reprint.pdf 4 Assim como os outros indicadores sociais, o percentual da população vivendo em extrema pobreza8 no Brasil também apresentou um resultado positivo no período, com uma pequena alta em 2003, a mesma caiu de 15,28% em 2001 para 7,28% em 2009, como aponta o Gráfico 1. No período em análise houve, além do crescimento econômico, uma intensificação dos programas sociais de transferência de renda, o que impactou positivamente esse nicho da população. 4.2. DADOS POPULACIONAIS E EXPECTATIVA DE VIDA A população brasileira de 2000 a 2010 teve um acréscimo de aproximadamente 21 milhões de habitantes, atingindo mais de 190 milhões de pessoas, onde mais de 84%, ou mais de 20 milhões de pessoas, vive em cidades, como mostra a terceira coluna da Tabela 2. Com o passar dos anos, a população brasileira foi se tornando cada vez mais urbana, ou seja, os aglomerados urbanos estão se tornando maiores, o que com a falta de um planejamento adequado e saneamento, pode causar problemas a saúde dessas populações. Houve uma migração do campo para cidade anteriormente no Brasil, o que explica esse percentual alto de população urbana, já que as maiorias dos empregos se encontram nas cidades, apesar da agricultura, tradicionalmente, ser um forte setor da.economia.da.nacional. Ao mesmo tempo em que população vem envelhecendo, em 2000 a população idosa respondia por 8,56% do total, passando para 10,79% em 2010, a expectativa de vida também cresceu, de 70,14 anos para 73,10 anos respectivamente. Esses são dados convergentes, quanto maior a expectativa de vida, maior a concentração de pessoas com mais de 70 anos, que é faixaetária que mais demanda serviços de saúde. Tabela 2 Aspectos Demográficos do Brasil de 2000 a 2010 População Percentual de Expectativa de Ano População Urbana % População idosa Vida 2000 169.799.170 81,25 8,56 70,14 2001 172.460.470 81,82 * 70,44 2002 174.736.628 82,30 * 70,72 2003 176.731.844 82,71 * 71,00 2004 178.550.319 83,06 71,26 * 2005 180.296.251 83,35 71,53 * 2006 182.073.842 83,61 71,81 * 2007 183.987.291 83,82 72,11 * 2008 186.110.095 84,02 * 72,43 2009 188.392.937 84,20 * 72,76 2010 190.755.799 84,36 10,79 73,10 Fonte: Elaboração dos autores. Dados do Ipea e IBGE. * Dados não disponibilizados. 8 Segundo a metodologia do Ipea, esses dados referem-se as pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza (ou indigência ou miséria. A linha de extrema pobreza considera aqui é uma estimativa do valor de uma cesta de alimentos com o mínimo de calorias necessárias para nutrir uma pessoa. 5 4.3. DOENÇAS NEGLIGENCIADAS E SANEAMENTO Doenças negligenciadas são aquelas cujas causas estão, na maioria das vezes, relacionadas com as questões sanitárias e/ou ambientais. Estão concentradas nos países em vias de desenvolvimento e fazem parte do cotidiano da vida de muitas pessoas, em grandes centros, que explodiram populacionalmente e sem planejamento ou em cidades menores do interior. Segundo a FIOCRUZ, “são doenças que não só prevalecem em condições de pobreza, mas também contribuem para a manutenção do quadro de desigualdade (...)”. Tabela 3 Evolução dos Casos das Doenças Negligenciadas no Brasil de 2000 a 2010 Ano Casos Novos de Tuberculose Casos Confirmados de Malária 2000 81.181 613.241 2001 73.797 388.303 2002 77.496 348.259 2003 78.606 408.886 2004 77.694 465.004 2005 76.468 606.067 2006 72.213 549.469 2007 71.825 458.652 2008 73.536 315.746 2009 70.854 309.316 2010 69.429 334.618 Fonte: Elaboração dos autores. Dados da OMS e do Ministério da Saúde. Casos Confirmados de Esquistossomose Casos Novos de Hanseníase 80.903 153.325 218.980 212.939 183.144 198.925 212.598 241.959 155.103 93.022 92.795 43.196 45.874 49.438 51.900 50.565 49.448 43.642 40.126 39.047 37.610 34.894 No geral, o quantitativo de casos dessas doenças, relatados na Tabela 3, tem diminuído, com exceção dos casos confirmados de esquistossomose, em 2000 foram registrados no Ministério da Saúde, aproximadamente 81 mil casos, atingindo um pico de quase 243 mil casos em 2007, decrescendo a mais de 92 mil em 2010, porém ainda acima da quantidade observada no início do período analisado. Há também um alto número de casos confirmados de malária ano a ano, mas que desde 2006 vem decaindo, em 2000 foram confirmados mais de 610 mil casos, atingindo o menor nível em 2009, com pouco mais de 309 mil e apresentando uma pequena alta em 2010. A malária está fortemente relacionada às regiões com baixo desenvolvimento sendo muito encontrada na região amazônica, já a esquistossomose está diretamente ligada à falta de saneamento. Os casos novos registrados de tuberculose e hanseníase também vêm apresentando resultados positivos, ou seja, uma queda no número de casos novos registrados. Quanto ao saneamento básico, observa-se no Gráfico 2, que as condições de saneamento no Brasil são consideradas satisfatórias quanto à distribuição de água, mas deixa a desejar em relação à coleta de esgoto. Onde 99,41% da população possui acesso à rede de água, por outro lado, apenas 55, 16% possui acesso a rede de esgoto. 6 Gráfico 2 – Retrato Sanitário dos Municípios Brasileiros (2000 – 2010) 99,41 97,89 Distribuição de água 55,16 52,24 2000 Coleta de esgoto 2008 Fonte: Elaboração dos autores. Dados do IBGE. 4.4. GASTO PÚBLICO EM SAÚDE O dispêndio com saúde no Brasil cresceram no período em questão, juntamente com o crescimento da economia, principalmente as despesas com saúde pública em percentual do total das despesas governamentais, saindo de 7,16% para 9% em 2010, de modo geral, pode-se afirmar que essas despesas vêm acompanhando os demais indicadores analisados ao longo deste estudo, seguindo o crescimento da economia, como pode ser visualizado no Gráfico 3. Percebe-se uma queda nos três tipos de dispêndio em 2003 de até meio ponto percentual na despesa com saúde pública como percentual das despesas governamentais, e um forte crescimento em 2004, ultrapassando o p percentual de 2002, e novamente uma forte alta em 2010 sobre 2009, quando o montante chegou a pouco mais de 7% das despesas governamentais. Gráfico 3 – Evolução das Despesas com Saúde no Brasil de 2000 a 2010 8,16 7,16 7,26 7,19 4,74 2,88 3,07 5,14 4,41 3,21 8,47 8,28 8,75 3,11 3,35 9,00 7,07 7,02 7,13 5,00 4,08 8,48 4,70 3,27 5,14 5,41 3,53 3,50 5,72 3,71 5,86 4,13 Despesa com saúde pública ( % despesas governamentais) Despesa com saúde pública (% PIB) Despesa total em saúde (% PIB) 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fonte: Elaboração dos autores. Dados do Banco Mundial. 7 5. CONCLUSÕES É irrefutável a relação existente entre crescimento econômico e desenvolvimento social, principalmente quando se observa os dados brasileiros de PIB, Coeficiente de Gini, IDH, expectativa de vida e pobreza. Esses indicadores alcançaram significativa melhora no período de 2000 a 2010, quando o crescimento do PIB se mostrou marcante: de 644 bilhões para dois (2) trilhões de dólares, aproximadamente. O crescimento econômico foi acompanhado de uma significativa elevação do PIB per capita, que indica uma melhora no poder aquisitivo da população brasileira. Outro indicador social relevante, que obteve bons resultados, foi o IDH, que passou de 0,665 para 0,715 em igual período; evidenciando a melhoria das condições de vida em termos de rendimentos, expectativa de vida e educação. Houve também um comportamento de melhora no Coeficiente de Gini, que passou de 0,596 em 2001 para 0,542 em 2009. Esse resultado esboça uma diminuição, ainda incipiente, da desigualdade social no país. É imprescindível ressaltar a queda da população que vive em extrema pobreza: uma diminuição equivalente a 8 pontos percentuais. Este resultado sugere um aumento da mobilidade social no país, que se deve, em parte, aos programas sociais realizados no período. Embora exista um longo caminho a percorrer para se chegar a um patamar de desenvolvimento social e econômico satisfatório, os dados comprovam que o Brasil possui um grande potencial para alcançar um nível de qualidade de vida semelhante ao observado em países desenvolvidos em algumas décadas. Para tanto, não basta que o governo realize investimentos na economia, já que o crescimento econômico não determina necessariamente o desenvolvimento social. Pode-se afirmar apenas que o aumento do PIB influencia o avanço dos índices sociais, mas não se pode afirmar que existe uma relação causal entre essas variáveis. Dessa maneira, deve-se voltar a atenção para fatores que promovam equidade social, aumento da oferta de emprego, qualificação profissional e a melhora dos níveis de saúde da população. Apenas através da mudança estrutural e continuada desses fatores, o país alcançará um desenvolvimento social permanente e adequado. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, M. V. 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