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Técnica de Crochetagem: uma revisão da literatura
Maria Dinorah Henrique dos Santos1
[email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em ortopedia e traumatologia com ênfase em terapia manual
Faculdade Cambury - GO
RESUMO
A crochetagem é uma técnica terapêutica relativamente nova no Brasil, cuja eficácia é
reconhecida por todos os fisioterapeutas, no entanto, as publicações escritas sobre seus efeitos,
suas indicações e resultados obtidos nos tratamentos, estão mais comumente, relacionadas aos
estudos acadêmicos, em monografias de conclusão de curso, com poucas publicações em
periódicos especializados. OBJETIVO: Apresentar a origem, evolução, eficácia, campo de
aplicação e as novas abordagens da técnica de Crochetagem. MÉTODO: Trata-se de pesquisa
bibliográfica exploratória baseada em livros, artigos científicos impressos e virtuais e
monografias, com levantamento bibliográfico em bases de dados LILACS, IBECS, MEDLINE,
Biblioteca Cochrane, SciELO, Wiley, Springer, utilizando os descritores: “crochetagem,
diafibrólise percutânea, técnica, reabilitação, ganchos”, bem como, em sites especializados e
de instituições de ensino de nível superior utilizando palavras-chave, de forma isolada e em
associação. CONCLUSÃO: A busca retornou diversos resultados, dos quais selecionamos 30
publicações, com informações relevantes que demonstram que o método possui um campo de
intervenção vasto, sendo extremamente eficiente na reabilitação de paciente com restrições de
mobilidade dos planos de deslizamento tecidual.
Palavras chave: Crochetagem; diafibrólise percutânea; técnica; reabilitação; campo de
aplicação
1. INTRODUÇÃO
A crochetagem é uma técnica terapêutica relativamente nova no Brasil, cuja eficácia é
reconhecida por todos os fisioterapeutas, no entanto, as publicações escritas sobre seus efeitos,
suas indicações e resultados obtidos nos tratamentos, estão mais comumente, relacionadas aos
estudos acadêmicos, em monografias de conclusão de curso, com poucas publicações em
periódicos especializados.
Criada nos anos 70, essa técnica foi proposta por um fisioterapeuta sueco chamado Kurt Ekman,
o qual trabalhou em Londres como colaborador do Dr. Cyriax, o precursor da “massagem
transversa profunda”. Ekman em suas observações, notou dificuldade em aplicar as técnicas
manuais da massagem transversa profunda, criando e aperfeiçoando instrumentos para melhor
eficácia.
No Brasil, a crochetagem passou a ser difundida, a partir do ano 2000, pelo professor Henrique
Baumgarth, presidente da Associação Brasileira de Crochetagem, através de apresentações em
congressos, comprovações publicadas em revistas científicas, orientações monográficas e com
a prática clínica alicerçada na pesquisa científica, baseada em evidências de resultados
1
Pós-graduanda em Ortopedia e Traumatologia com Ênfase em Terapia Manual.
Orientadora, Fisioterapeuta Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Doutora em Bioética e Direito em
Saúde.
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indiscutíveis. Outro nome de referência é do reconhecido osteopata e fisioterapeuta francês
Jean-Yves Vandewalle, desenvolvedor de crochets e de técnicas complementares para
potencializar os efeitos da crochetagem e aumentar seu campo de ação, autor do primeiro livro
sobre esta técnica.
Segundo Baumgarth (2002), a crochetagem é um método de tratamento das algias mecânicas
do aparelho locomotor, pela destruição das aderências e dos corpúsculos irritativos interaponeuróticos ou mio-aponeuróticos através de ganchos colocados e mobilizados sobre a pele.
Crochetagem Mioaponeurótica é uma técnica baseada em instrumento de tratamento (gancho)
usado em pacientes que sofrem de dores de origem inflamatória ou traumática afetando o
sistema locomotor (GUIMBERTEAU, 2005).
Para Vandewalle (2011) a crochetagem é uma técnica que se propõe a liberar as perdas de
mobilidade entre os diferentes planos anatômicos do aparelho locomotor. Ela se apoia,
atualmente, sobre descobertas científicas recentes que permitiram materializar o tecido que
permite estes deslizamentos. Técnicas complementares foram igualmente criadas a fim de
abordar os planos profundos inacessíveis aos ganchos (crochets) e de manter a mobilidade
reencontrada através da liberação dos “colamentos” teciduais.
O presente artigo de revisão apresenta a origem, evolução, eficácia, indicação e aplicação da
técnica de Crochetagem, através de uma pesquisa bibliográfica exploratória baseada em livros,
artigos científicos impressos e virtuais e monografias, demonstrando o campo de intervenção
do método, sua eficiência na reabilitação de paciente com restrições de mobilidade dos planos
de deslizamento tecidual.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. A crochetagem
A crochetagem é uma técnica terapêutica relativamente nova no Brasil, cuja eficácia é
reconhecida por todos os fisioterapeutas, no entanto, suas aplicabilidades, bem como, seus
resultados, ainda são pouco conhecidos (AMORIM, 2005).
Segundo Baumgarth (2002), a crochetagem é um método de tratamento das algias mecânicas
do aparelho locomotor, pela destruição das aderências e dos corpúsculos irritativos interaponeuróticos ou mio-aponeuróticos através de ganchos colocados e mobilizados sobre a pele.
Crochetagem Mioaponeurótica é uma técnica baseada em instrumento de tratamento (gancho)
usado em pacientes que sofrem de dores de origem inflamatória ou traumática afetando o
sistema locomotor (GUIMBERTEAU, 2005).
A crochetagem é uma técnica que se propõe a liberar as perdas de mobilidade entre os diferentes
planos anatômicos do aparelho locomotor. As perdas de mobilidade intertecidual são
responsáveis por numerosas patologias (tendinopatias, lesões musculares, artropatias) e
mantêm esquemas lesionais, principalmente, através da disfunção de cadeias musculares. Ela
se apoia, atualmente, sobre descobertas científicas recentes que permitiram materializar o tecido
que permite estes deslizamentos. Técnicas complementares foram igualmente criadas e surgem
como objetivo de otimizar os efeitos da crochetagem e abordar os planos profundos inacessíveis
aos ganchos (crochets), ao mesmo tempo expandir seu campo de atuação (VANDEWALLE,
2011).
Deste modo, a crochetagem se torna cada vez mais importante na fisioterapia, uma vez que
essas descobertas permitem a crochetagem, de forma mais precisa, liberar os planos de
deslizamento intermusculares, ligamentares ou nervosos, inacessíveis à mão devido à espessura
dos dedos (VANDEWALLE, 2011).
Baumgarth (2003) considera três fases sucessivas da Crochetagem: palpação digital, palpação
instrumental e fibrólise. Existe ainda a técnica perióstea e a drenagem.
3
A palpação digital é o pinçamento, realizado com a mão esquerda (mão não
dominante), que permite um delineamento da área a ser tratada. A palpação
instrumental é realizada com o gancho, que melhor se adapte a estrutura a ser tratada;
serve para a localização precisa das fibras conjuntivas aderentes e os corpúsculos
fibrosos. É realizada colocando-se a espátula do gancho junto ao dedo indicador da
mão esquerda. A fibrólise consiste na tração complementar, realizada com a mão que
segura o gancho, ao final da fase de tração instrumental. Temos aqui a fase do tempo
terapêutico. A técnica perióstea é a raspagem superficial da estrutura anatômica
tratada, com uma associação entre a utilização do gancho e uma fricção sobre o tecido
periósteo. A drenagem se caracteriza pelo deslizamento superficial da superfície
convexa do gancho maior sobre as estruturas miofasciais, a fim de promover
descogestionamento venoso e facilitar o aporte de sangue arterial (BAUMGARTH,
2003).
O método repousa sobre diferentes princípios: um exame manual preciso que implica em um
conhecimento perfeito da anatomia palpatória, para detectar as perdas de mobilidade entre os
diferentes planos fasciais; uma abordagem centrípeta em relação à lesão inicial para permitir
localizar e liberar as aderências à distância, responsáveis pela patologia; uma metodologia
simples, mas precisa, do manuseio do gancho (crochet) pela mão instrumental e, da mão
palpatória que cria uma onda tecidual ao longo do tecido de separação (cloison) a tratar
(VANDEWALLE, 2011).
2.2. Origem
Essa técnica foi criada e proposta por um fisioterapeuta sueco chamado Kurt Ekman, ao fim da
década dos anos 40, quando este trabalhou em Londres como colaborador do Dr. Cyriax, o
precursor da massagem transversa profunda - MTP3
Ekman em suas observações, notou dificuldade em aplicar as técnicas manuais da massagem
transversa profunda, criando e aperfeiçoando instrumentos para melhor eficácia.
Ele se deu conta que o tamanho dos seus dedos não permitia atingir de modo preciso
certos elementos anatômicos. Então, teve a ideia de utilizar instrumentos de diversos
materiais (madeira, corno, casco de tartaruga) para mobilizar os mesmos. Sua prática
baseava-se essencialmente sobre uma ação mecânica, guiada pela fisiologia da época:
segundo Kurt Ekman, ocorria a liberação de aderências decorrentes dos corpúsculos
de cálcio e ácido úrico e, provocadas por micro-traumatismos. Pouco a pouco, a fim
de diminuir o fenômeno álgico da crochetagem e melhorar sua eficácia, ele elaborou
ganchos em aço inox, de diferentes curvaturas e terminados em uma espátula, que são
usados ainda hoje. Mesmo que a fisiologia, a abordagem, o campo de aplicação e o
material tenham evoluído consideravelmente, os princípios da técnica permanecem os
mesmos do início (VANDEWALLE, 2011).
A sua reputação se desenvolveu depois do tratamento com sucesso de algias occipitais do nervo
de Arnold, de epicondilites rebeldes e de tendinites de Aquiles rebeldes. Durante os anos 70,
ele ensinou seu método para vários colegas, como P. Duby e J. Burnotte. Estes perpetuaram o
3
Henrique Baumgarth e Isis Maia Baumgarth - Associação Brasileira de Crochetagem (Matéria publicada no
Jornal Bem Forte Ano VII Nº44).
4
ensino de Ekman lhe dando uma abordagem menos sintomática da patologia. De fato, no início
Ekman tinha uma abordagem direta e agressiva, ou seja, dolorosa. Esta abordagem prejudicou
durante muito tempo à técnica. P. Duby e J. Burnotte se inspiraram do conceito de cadeias
musculares e da filosofia da osteopatia para desenvolver uma abordagem da lesão mais suave,
através da diafibrólise percutânea4.
No Brasil, a crochetagem passou a ser difundida, a partir do ano 2000 pelo professor Henrique
Baumgarth, presidente da Associação Brasileira de Crochetagem, através de apresentações em
congressos, comprovações publicadas em revistas científicas, orientações monográficas e com
a prática clínica alicerçada na pesquisa científica, baseada em evidências de resultados
indiscutíveis5.
Destaca-se ainda, os cursos ministrados por Jean-Yves Vandewalle, osteopata e fisioterapeuta,
com 16 anos de experiência na técnica, formador mais reconhecido na França e autor do
primeiro livro sobre esta técnica6, desenvolvedor de crochets com formas e curvaturas mais
confortáveis para os pacientes e adaptadas para todas as zonas anatômicas, além de
desenvolvimento de técnicas complementares para potencializar os efeitos da crochetagem e
aumentar seu campo de ação.
2.3. Novas descobertas
A técnica de crochetagem consiste, inicialmente, em liberar os tecidos de separação
interteciduais. As descobertas recentes sobre as fáscias levam a técnica mais para uma
mobilização dos planos de deslizamento em seu conjunto, do que para uma “defibrose” entre
dois elementos anatômicos. Os novos conhecimentos sobre o tecido entre os planos anatômicos
colocaram em evidência a legitimidade da técnica. Permitiram, igualmente, fazê-la evoluir
associando técnicas complementares que permitem: Liberar os planos de deslizamento
profundos inacessíveis ao gancho; Inibir os espasmos reflexos que perturbam a mobilidade
entre os músculos; Favorecer e manter a mobilidade encontrada através da crochetagem e,
assim, otimizar os efeitos da técnica7.
Guimberteau (2005), cirurgião plástico, efetuou descobertas fundamentais sobre a mobilidade
entre os tecidos. Ele produziu vídeos com registros de dissecação in vivo, com uma câmera de
alta resolução, que permitiram objetivar uma verdadeira continuidade histológica. A estas
estruturas ele nomeou “sistema colagenoso multimicrovacuolar de absorção dinâmica”
(MCDAS, em inglês). Estes novos dados científicos concedem ainda mais legitimidade à
técnica, inicialmente empírica, da crochetagem destes planos de deslizamento.
Compreendemos melhor a necessidade de tratar o MCDAS, nomeado fáscias por muitos
terapeutas.
2.4. Os instrumentos da crochetagem e sua evolução
O ganchos (crochets) são formados por 3 partes distintas: o cabo, que permite a preensão pela
mão instrumental; a curvatura do gancho (crochet), adaptada à zona a ser tratada. Essa deve ser
obrigatoriamente “preenchida” pelo tecido do paciente para repartir a zona de apoio e assim
evitar as sensações álgicas; a espátula, que interpomos sobre a pele entre os planos de
deslizamento a liberar e da qual depende a precisão do gesto terapêutico (Vandewalle, 2011).
4
Histórico da crochetagem. Disponível em: http://www.crochetagem.com/site/historico.php.
Henrique Baumgarth e Isis Maia Baumgarth - Associação Brasileira de Crochetagem (Matéria publicada no
Jornal Bem Forte Ano VII Nº44)
6
Crochetagem e Técnicas Teciduais Associadas. Tradução de Alessandra Rezende.
7
Evolução da técnica de crochetagem e novas técnicas associadas (Texto original em francês e traduzido para o
português por Jean-Yves Vandewalle). Disponível em: http://www.tecnicadecrochetagem.com.br/dcms/uploads
/arquivo_07122011094752.pdf.
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Inicialmente, Kurt Ekman, o fundador da técnica, elaborou diferentes objetos visando melhorar
a mobilidade interestrutural. Suas pesquisas o conduziram a criar ganchos em aço inoxidável
de diferentes curvaturas. Estes terminam-se através de uma espátula permitindo interpor-se
entre os diferentes elementos a serem tratados. A técnica depende muito mais da avaliação e do
gestual do terapeuta que dos ganchos (crochets) utilizados. Aqueles criados por Kurt Ekman
são ainda hoje utilizados, e sempre eficazes. Entretanto, a evolução da técnica e dos materiais
permitiu a elaboração de novas ferramentas (VANDEWALLE, 2011).
A utilização de novos tipos de materiais como a poliamida tende a se generalizar, este material
apresenta a vantagem de ter uma memória de forma que dá informações suplementares sobre a
liberação tecidual por intermédio do dedo indicador do terapeuta, colocado sobre a curvatura
do gancho, e de ser menos agressivo para o paciente. Na realidade, era difícil, até mesmo
impossível com os ganchos existentes, preencher a curvatura do gancho com o tecido do
paciente sobre superfícies planas como os músculos trapézio ou os espinais, o que tornava a
crochetagem ineficaz e dolorosa.
Uma nova configuração do gancho foi desenvolvida na década de 2000 na Associação
Brasileira de Crochetagem, com o objetivo de facilitar a abordagem terapêutica quanto a
ergonomia através de novos ângulos de curvas e novas extremidades espatulares que passaram
a apresentar uma junção das superfícies, uma superfície externa convexa e uma interna plana
com borda ligeiramente "bisotee" desbastada. Este permite reduzir o risco álgico, sem risco
irritativo cutâneo, justificado pelo arrasto subdermal, potencializando a interposição do
instrumento nas estruturas aderidas (BAUMGARTH, 2012).
De acordo com Vandewalle (2011), a última geração de ganchos (crochets) é composta por 5
elementos em poliamida, material este que apresenta várias vantagens:
Possui uma memória de forma, dando informações suplementares à operação sobre a
liberação tecidual, por intermédio do dedo indicador posicionado sobre a curvatura do
gancho (crochet); permite ser mais preciso no nível da liberação; fácil de limpar,
portanto higiênico; não apresenta o aspecto frio do inox; é mais tranquilizador para os
indivíduos que sentem apreensão diante da técnica. Torna a mesma mais agradável
tanto para o paciente quanto para o terapeuta; o respeito ao tecido que constitui os
planos de deslizamento e a busca da ausência de dor têm uma influência
principalmente, sobre a modificação da curvatura dos ganchos (crochets) e da
espátula; a superfície de apoio da curvatura aumentou o que dilui a pressão exercida
sobre a pele durante a tração; o raio da curvatura e o ângulo de ataque entre a espátula
e a pele são mais abertos, o que torna a técnica nitidamente mais confortável para o
paciente; um gancho (crochet) com uma curvatura mais aberta foi criado,
apresentando a vantagem de preencher a curvatura mesmo em superfícies muito
planas (como as costas), que eram difíceis de serem acessadas com os ganchos
(crochets) clássicos. Mais ainda, o ângulo muito aberto da espátula, além de manter
um excelente contato, permite intervir sobre as peles delicadas (como na criança ou
na pessoa idosa) (VANDEWALLE, 2011).
Cada gancho (crochet) apresenta uma forma particular, a fim de se adaptar às particularidades
da zona anatômica a ser tratada:
Gancho n° 1: destinado à crochetagem dos ligamentos e dos elementos superficiais
(retináculo, nervo de Arnold, etc.); gancho n° 2: elaborado para os músculos que têm
um pequeno volume (extensores do punho, abóbada plantar, coluna cervical, perna,
etc.); gancho n° 3: gancho intermediário que pode servir para os membros superiores
6
ou inferiores, em função das dimensões do paciente; gancho n° 4: para os músculos
volumosos da coxa e do ombro; gancho n° 5: adaptado à superfícies planas como os
músculos espinais, às massas musculares importantes em certos esportistas. Ele é
muito polivalente e permite também “crochetar” as pessoas que têm uma pele frágil
ou uma hiperestesia (VANDEWALLE, 2011).
2.5. Técnicas associadas
A crochetagem e suas técnicas associadas formam um método visando restaurar a mobilidade
intertecidual. Esta não pretende substituir as técnicas utilizadas pelo fisioterapeuta. Ao
contrário, ela propõe completar seu arsenal terapêutico através de uma abordagem da patologia
que é, ao mesmo tempo, racional, original, e baseada sobre o diagnóstico palpatório
(VANDEWALLE, 2011).
Vandewalle (2011) descreve duas técnicas associadas a crochetagem. Essas, comportam
numerosas interações nas dores em região escapular, nas artroses de ombro, nas dorsalgias, nas
hipercifoses, etc. Sobretudo, é muito confortável para o paciente e libera o trofismo no músculo
perturbado pelo espasmo reflexo.
A Liberação Intertecidual Passiva que consiste em efetuar um ponto fixo manual sobre
o músculo em encurtamento, depois colocar o mesmo passivamente em alongamento.
Isto leva a um deslizamento entre o músculo implicado e os músculos adjacentes, mas
também, com os elementos teciduais do plano subjacente. A mesma deve ser realizada
após a crochetagem. [...] A Técnica de Inibição Fusal é uma técnica funcional que
permite liberar o arco reflexo automantido, por um desregramento do fuso
neuromuscular, que mantém o músculo em tensão. Se aplica aos músculos que não
são acessíveis tecnicamente à crochetagem visto sua situação anatômica (poplíteo,
pectíneo, subescapular). Do mesmo modo, ela beneficia os elementos musculares
apresentando tensões reflexas que perturbam o deslizamento entre os planos teciduais.
A técnica de inibição fusal se utiliza antes de praticar a crochetagem
(VANDEWALLE, 2011).
Assim como a evolução do material, permitem completar e melhorar os efeitos da
crochetagem, as técnicas associadas propõem uma verdadeira terapia dos planos de
deslizamento e vão agir em sinergia com o conjunto de técnicas do fisioterapeuta, para otimizar
seus resultados terapêuticos.
2.6. Campo de aplicação, indicações e contraindicações da crochetagem
A técnica de crochetagem comporta múltiplas indicações terapêuticas. Ela propõe uma ação
eficaz: sobre o plano mecânico, para liberar as fibroses que limitam a mobilidade dos
deslizamentos interteciduais; sobre o plano reflexo, para a liberação das tensões musculares
automantidas por um desregramento da atividade reflexa intrínseca; ela favorece a
propriocepção, a expressão ótima das qualidades musculares e a prevenção das lesões; sobre o
plano neurovegetativo, ao reequilibrar a hiperatividade simpática local; ela participa em um
melhor trofismo e influencia a cicatrização e os processos anti-inflamatórios nos diferentes
tecidos em lesão (VANDEWALLE, 2008).
A técnica de crochetagem é indicada para aderências consecutivas a um trauma levando a um
derrame tecidual, nas aderências consecutivas a uma fibrose cicatricial, nas algias inflamatórias
ou não inflamatórias do aparelho locomotor (miosite, epicondilites, tendinites, periartrites,
pubalgia, lombalgias tissulares, torcicolo), nas nevralgias consecutivas a uma irritação
7
mecânica dos nervos periféricos, outras síndromes da traumato-ortopedia e ajustes ortodônticos
(BURNOTTE & DUBY, 1988).
Para Baumgarth (2002), a Crochetagem atua nas cicatrizes e hematomas que desenvolvem
aderências, nos corpúsculos fibrosos (depósito úrico e de cálcio) localizados próximos às
articulações e nas aderências fibrosas que dificultam o movimento de deslizamento e ainda
estimula a circulação sanguínea venosa e linfática.
Técnica de crochetagem promove o deslizamento entre as diferentes estruturas anatômicas
através do seu efeito de fibrólise. Ele permite que, além de alcançar áreas inacessível para os
dedos do praticante, entrar nas estruturas patológicas com grande economia de energia. Esta
técnica é indicada em muitas condições de etiologia mecânica (incluindo nevralgia periférica)
e vascular. Os efeitos da técnica de produzem alterações nos níveis mecânico, circulatório,
reflexo e metabólico (AIGUADÉ, CAMPS & CARNACEA, 2008).
A Crochetagem Mioaponeurótica é um método de tratamento instrumental (gancho), não
invasivo, usada em pacientes que sofrem de dores de origem inflamatória ou traumática que
afetam o sistema locomotor (LÉVÉNEZA, TIMMERMANSB & DUCHATEAUC, 2009).
A técnica de crochetagem comporta múltiplas indicações terapêuticas. Ela propõe uma ação
eficaz: sobre o plano mecânico, para liberar as fibroses que limitam a mobilidade dos
deslizamentos interteciduais; sobre o plano reflexo, para a liberação das tensões musculares
automantidas por um desregramento da atividade reflexa intrínseca; ela favorece a
propriocepção, a expressão ótima das qualidades musculares e a prevenção das lesões; sobre o
plano neurovegetativo, ao reequilibrar a hiperatividade simpática local; ela participa em um
melhor trofismo e influencia a cicatrização e os processos anti-inflamatórios nos diferentes
tecidos em lesão (VANDEWALLE, 2008).
A crochetagem será indicada cada vez que encontramos restrições de mobilidade dos planos de
deslizamento tecidual (restrições estas podendo ser provocadas por microtraumatismos
repetidos, um desequilíbrio postural, uma contusão, etc.) o que induz a um campo de
intervenção muito vasto, tendo como objetivo propor uma ferramenta suplementar ao
fisioterapeuta e não substituir as outras, permitindo potencializar o efeito de técnicas propostas:
na massagem, onde o terapeuta vai utilizar os ganchos (crochets) pontualmente para liberar um
músculo difícil de acessar com os dedos; na harmonização das cadeias musculares, onde o
terapeuta vai liberar o ponto de fixação criado pelo “colamento” tecidual, antes de colocar o
paciente em postura; em terapia manual, onde a crochetagem vai reequilibrar o entorno fascial
da articulação (VANDEWALLE, 2011).
Para esse mesmo autor, as contraindicações da técnica são poucas e similares às da massagem,
de forma que se deve evitar “crochetar”: nas patologias reumatológicas em fase inflamatória;
sobre o envoltório do tendão em caso de tenossinovites; em caso de problemas cutâneos,
queimaduras, etc.; sobre uma lesão tecidual traumática recente (distensão, contusão, entorse).
As contraindicações incluem as relacionadas a agressividade do terapeuta, por não estar
acostumado com o método; os maus estados cutâneos, pele hipotrófica, pele com úlceras, as
dermatoses (eczema, psoríase); os maus estados circulatórios, fragilidade capilar sanguínea,
reações hiperhistamínicas, varizes venosas, adenomas; pacientes que estão fazendo uso de
anticoagulantes; abordagens demasiadamente diretas em processos inflamatórios (e.g.
tendosinovite); psicológicas (estresse, emoções) idade (crianças ou idosos) ou solicitação do
paciente (BAUMGARTH, 2003).
A técnica não deve ser empregada em casos de pele com cortes, feridas, psoríase, eczema,
capilares frágeis, flebite, se o paciente faz uso de anticoagulante, ou no caso de gravidez, ou
ainda, se houver lesões ósseas ou tecidos moles (NATALI, 2014).
2.7. Efeitos da crochetagem
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A técnica de crochetagem vai permitir tratar, ao mesmo tempo, as tensões musculares e o tecido
global e ininterrupto materializado. Sua ação será evidentemente mecânica, ao restituir a
mobilidade e a qualidade dos planos de deslizamento, principalmente, intermusculares,
liberando as aderências e os “colamentos” encontrados na maior parte das patologias em
traumatologia e reumatologia. Participa, igualmente, na liberação do sistema vasculonervoso
contido no MCDAS e assim, favorecer as trocas teciduais, levando a uma melhora no nível do
edema, da inflamação e da cicatrização teciduais. Visa também, liberar as tensões musculares
constantes sobre os tecidos, que levam a um aumento da atividade simpática local, prejudicando
à recuperação. A liberação destas tensões pela crochetagem vai permitir equilibrar o sistema
simpático local e, consequentemente, melhorar a homeostasia da zona implicada na lesão
(GUIMBERTEAU, 2005).
A crochetagem contribui para liberar certas neuropatias de compressão periférica como na
síndrome do desfiladeiro torácico, túnel do carpo, ciatalgias, cruralgias, nervo radial, axilar, etc.
Ao liberar as tensões sobre os músculos que têm uma ação proprioceptiva (fibulares, sartório)
vamos também reforçar a proteção das articulações quando ocorrer traumatismos articulares,
aumentando a vigilância muscular (VANDEWALLE, 2011).
Baumgarth (2012) descreve três efeitos da crochetagem, em diferentes estruturas:
1) Efeito mecânico: nas aderências fibrosas que limitam o movimento entre os planos
de deslizamento tissulares; nos corpúsculos fibrosos (depósito úricos ou cálcios)
localizados geralmente nos lugares de estases circulatório e próximo ás
articulações; nas cicatrizes e hematomas, que geram progressivamente aderências
entre os planos de deslizamento; nas proeminências ou descolamentos periósteos.
2) Efeito circulatório: a observação clínica dos efeitos da diafibrólise percutânea
parece demonstrar um aumento da circulação sanguínea e provavelmente da
circulação linfática. Ainda, o rubor cutâneo que segue uma sessão de crochetagem
parece sugerir uma reação histámica. 3) Efeito reflexo: a rapidez dos efeitos da
Crochetagem, principalmente durante a aplicação ao nível dos trigger points
(gatilho, de inibição, do tipo Knapp, Jones, Travell) sugerem a presença de um
efeito reflexo (BAUMGARTH, 2012).
3. METODOLOGIA
Trata-se de pesquisa bibliográfica exploratória baseada em livros, artigos científicos impressos
e virtuais e monografias, através de uma revisão da literatura, sendo realizado um levantamento
bibliográfico em bases de dados LILACS, IBECS, MEDLINE, Biblioteca Cochrane, SciELO,
Wiley, Springer, utilizando os descritores: “crochetagem, diafibrólise percutânea, técnica,
reabilitação, ganchos” (GISMONDI, 2005; BIREME, 2009). Outras buscas foram realizadas
em sites especializados e de instituições de ensino de nível superior utilizando palavras-chave,
de forma isolada e em associação (GISMONDI, 2003).
Foram selecionados artigos, livros, revistas, sites, e outras fontes que continham informações
sobre a temática, no período de 2000 à 2014.
Feito o levantamento bibliográfico, realizou-se a seleção dos resultados de acordo com os
critérios estabelecidos, em seguida uma leitura exploratória do material, extraindo os textos
mais relevantes e conceituais da temática, onde determinou-se o material bibliográfico
realmente de interesse para esta pesquisa.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
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A busca bibliográfica realizada nas bases de dados LILACS, IBECS, MEDLINE, Biblioteca
Cochrane, SciELO, Wiley, Springer, retornaram poucos resultados, o que revela a baixa
submissão dos trabalhos desenvolvidos com a técnica de crochetagem, aos periódicos
especializados, ou falta de indexadores que pudessem facilitar a busca. Foram localizados nesta
fase da pesquisa, 04 artigos em 4 periódicos distintos (Tabela 1).
Por outro lado, as buscas feitas em sites especializados e de instituições de ensino de nível
superior, retornaram diversos resultados, notadamente de trabalhos acadêmicos, monografias,
teses e dissertações, bem como artigos diversos, publicados em revistas não indexadas nas bases
de dados das bibliotecas virtuais. Sendo localizados, apenas 01 livro; 09 artigos em sites
especializados; 03 artigos em revistas especializadas não indexadas em base de dados; 11
monografias, teses e dissertações; e, 02 outras publicações (Tabela 1).
Tabela1 – Resultados obtidos no levantamento bibliográfico.
Bases de
Sites
Revistas não
Dados
Especializados
indexadas
Livros
1
Artigos
4
9
3
Teses e dissertações
11
Total
4
21
3
Fonte: Dados da pesquisa.
Outros
2
2
Total
1
18
11
30
Com relação a sites especializados, foram encontrados 5 sítios com informações relevantes, que
corroboraram com a revisão da literatura. Entre estes, destacamos, em língua portuguesa: O site
http://www.crochetagem.com/site/home_intro.php, da Associação Brasileira de Crochetagem,
um ambiente científico desenvolvido a partir da iniciativa e do esforço do Prof. Dr. Henrique
Baumgarth, Fisioterapeuta brasileiro, especialista em Osteopatia, em Psicomotricidade e
Mestre em Educação, sediado na cidade do Rio de Janeiro; Técnica de Crochetagem,
http://www.tecnicadecrochetagem.com.br/artigos, mantido pelo osteopata e fisioterapeuta
Jean-Yves Vandewalle e pela fisioterapeuta Alessandra Rezende, onde disponibiliza acesso a
informação acerca da técnica, artigos científicos e curso de curta duração em crochetagem; O
Fisioweb, http://www.fisioweb.com.br/portal/home.html, que disponibilizar vários artigos,
dissertações e atualização em fisioterapia, em formato digital. Os internacionais, em francês,
http://www.ekman-therapie.fr/, http://www.crochetage-therapie.com/, com informações
relevantes e atualizações da temática.
Os resultados obtidos apontam uma ampla gama de indicação da técnica de crochetagem, o que
revela um vasto campo de sua aplicação. As patologias associadas e tratamentos que relatam a
utilização da crochetagem em seus tratamentos, nos artigos pesquisados, incluem: Algias
muscolo-esqueléticas, incluindo o tríceps sural; Algias do músculo gastrocnêmio e tecido
cicatricial em um paciente com histórico de fratura intra-articular do osso calcâneo; nas lesões
do manguito rotador; das aderências cicatriciais; na liberação aponeurótica em região da massa
comum em paciente com lombalgia; na Liberação Mioaponeurótica da Fáscia Toracolombar;
os efeitos do alongamento estático na flexibilidade dos músculos isquiotibiais; nos músculos
isquiotibiais e tríceps surais na diplegia espástica; na amplitude do movimento de flexão
lombar; na amplitude de movimento no tratamento de aderências e cicatrizes após fratura de
fêmur com fixação de haste intramedular; ação no Tríceps Sural no Ganho de Arco de
Movimento para Dorsiflexão; em algias generalizadas e limitações da amplitude de movimento;
na avaliação de ganho de força e performance de atleta.
As principais contribuições dos artigos selecionados referem-se a melhora altamente
significativa da flexibilidade, ganho de ADM, mudança positiva e gradativa da potência
muscular dos indivíduos avaliados nos estudos.
5. CONCLUSÃO
10
A revisão integrativa da literatura disponível, revela que a técnica de crochetagem é uma
ferramenta importante que vem sendo aceita entre os fisioterapeutas por ser de baixo custo,
fácil aplicação, sendo não invasiva e sem grandes riscos à população, sendo útil no tratamento
das algias mecânicas do aparelho locomotor e limitações de movimentos, com resultados
consideráveis e imediatos.
Quanto a pesquisa em si, esta revelou alguns resultados que vão de encontro ao que é
dissimulado e propagado, como técnica de eficácia comprovada. No entanto, os resultados
obtidos revelam poucas publicações em periódicos renomados e livros. Em primeiro lugar
destaca-se a baixíssima ocorrência de trabalhos latino-americanos e brasileiros indexados nas
bases bibliográficas consultadas acerca da temática estudada, apesar de existirem diversos
trabalhos realizados, seja com observações clínicas, seja como monografias, dissertações e teses
acadêmicas. Segundo a quase inexistência de literatura especializada sobre a técnica de
crochetagem, aqui referindo-se a livros nacionais ou traduzidos, sendo verificado apenas um,
porém sua disponibilidade é limitada a poucos profissionais, com acesso ao autor.
De um modo geral, as fontes de informações disponíveis oferecem ampla gama de informações
para que se afirme a aplicabilidade da técnica de crochetagem, carecendo de mais
comprovações científicas, através de estudos futuros, de casos com acompanhamento mais
prolongado e com mais indivíduos.
Por fim, considera-se que as pesquisas empreendidas até o momento salientam a importância e
eficácia da técnica, sendo reconhecida por todos os fisioterapeutas, no entanto, as publicações
escritas sobre seus efeitos, suas indicações e resultados obtidos nos tratamentos, estão mais
comumente, relacionadas aos estudos acadêmicos, em monografias de conclusão de curso, com
poucas publicações em periódicos especializados, bem como, há somente um livro publicado.
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Técnica de Crochetagem: uma revisão da literatura