Professor: Edi Franco LITERATURA: 1º ANO TROVADORISMO Email: [email protected] TROVADORISMO (IDADE MÉDIA) Chamamos de Trovadorismo o primeiro período da literatura portuguesa. Mesmo nos remetendo de forma direta à poesia lírica – isto é, às cantigas dos trovadores, como se chamavam os poetas da época, essa palavra denomina, na história da literatura, todo o conjunto das manifestações literárias galegoportuguesas, em versos e em prosa. De forma didática, os historiadores delimitam o Trovadorismo entre o período de 1189 – 1385. A primeira data corresponde à fase mais antiga da composição lírica galegoportuguesa que conhecemos como – “Canção ou Cantiga da Ribeirinha” de autoria de Paio Soares de Taveirós. A segunda data corresponde ao final da dinastia reinante em Portugal – a dinastia de Borgonha. TROVADORISMO SÉC. XII - XIV copiadas e colecionadas em manuscritos chamados cancioneiros, que em número de três contém aproximadamente 1680 cantigas, sendo os mais conhecidos. OBS 3: A palavra TROVADOR deriva do verbo trovar ou seja “inventar”. Sendo o trovador aquele que encontrava a palavra certa (sempre era um homem e nobre, pois a mulher nessa época não tinha direito a ser alfabetizada). JOGRAL deriva do Latim e significa “divertimento”. Esses não eram nobres e somente cantavam canções, podendo ser ou não suas em troca de dinheiro. O MENESTREL vem do Latim e significa “responsável pelo serviço” era superior ao Jogral por ter mais instrução e inferior ao Trovador. O Cancioneiro da Ajuda (conservado na Biblioteca da Ajuda); O Cancioneiro do Vaticano (da Biblioteca do Vaticano); O Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa. GÊNEROS QUE CLASSIFICAM AS CANTIGAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Três camadas rigidamente distintas marcam a hierarquia da sociedade feudal: - Nobreza: detinha o poder sobre as terras e as pessoas que nela trabalhavam (vassalagem); - Clero: extremamente rico, graças à posse de grandes extensões territoriais; - Povo: classe numericamente maior, porém politicamente a menos importante. OBS 1: o feudalismo (organização social baseada na propriedade da terra e no poder econômico e político dos senhores sobre os servos, em detrimento do poder central do rei) já estava em declínio, mas teve profundos reflexos na literatura. As cortes dos reis e dos grandes senhores feudais eram o centro de produção cultural e literária dessa época. Os senhores feudais (nobres) eram proprietários dos feudos, aldeias circundadas por terras cultiváveis; nessas terras o povo trabalhava. A terra era o índice da fortuna de um homem e era disputada constantemente através de guerras. Cantiga de amigo e Cantiga de amor - SATÍRICO Cantiga de escárnio e Cantiga de maldizer CANTIGA DE AMIGO: nasce no território português e constituem um vivo retrato da vida no campo e das aldeias medievais. Composta por homens, expressar o sentimento feminino, através de algumas situações da vida amorosa das donzelas, na maioria das cantigas de amigo, as situações que são tratadas nos textos são: a saudade do namorado (amigo) que foi combater contra os mouros, a vigilância materna, confissões com suas amigas, diálogos com a natureza. OBS 2: A possibilidade de passagem de uma classe para outra (pirâmide social) era praticamente impossível, pois qualquer tentativa nesse sentido equivalia a contrariar a vontade de Deus. Fale com o Coordenador de Português: [email protected] - LÍRICO CANTIGA DE AMOR: surge na França, região da Provença. Expressa sentimento amoroso do trovador que se colocava a serviço da mulher amada – o Amor é o tema central da obra, porém, é um Amor não concretizado, não correspondido, sempre em um plano de idealização, devido a mulher amada se encontrar socialmente afastada do poeta (sendo esta a esposa do senhor feudal). São cantigas que vivenciam a vida na corte, com linguagem refinada. São cantigas que não necessitam de refrão (de maestria). Para se defender os nobres contratavam guerreiros, Formando espécie de exercito, que eram pagos em terra. Dessa troca, surge à figura do vassalo (homem que, ao receber o feudo, jurava fidelidade e serviço ao seu senhor e essa relação denomina-se vassalagem). A figura de Deus domina toda a cultura da época, gerando uma visão de mundo baseada no teocentrismo, ou seja, Deus como o centro do Universo. A Igreja medieval exprimia o modo de pensar da classe dominante e se baseava na ideia de que a natureza humana é apenas uma expressão da vontade divina. O homem nesse período é colocado num plano subalterno, sendo a salvação da alma sua principal preocupação. .O poeta dessa época era chamado trovador, como exemplo D. Afonso X, D. Dinis, dentre outros, e suas cantigas eram interpretadas pelo jogral, segrel e menestrel e, as poesias eram feitas para serem cantadas, por isso chamadas cantigas. Somente no século XIII, essas cantigas foram Aula 01 OBS 4: nas CANTIGAS DE AMIGO, a linguagem diferente das de Amor são simples (não refinada), prezando pelo uso do refrão que facilitando na transmissão da oralidade. Isso pode ser visto nos versos encadeados e repetidos (paralelismo). RESUMO DAS CONCEPÇÕES DA ESTRUTURA FEUDAL: ESTRUTURA FEUDAL – Classes sociais distintas: senhores e vassalos; IGREJA: A instituição mais forte (teocentrismo medieval); CASAMENTOS “ARRANJADOS” – Mulher socialmente inferior; ARTE ITINERANTE (trovadores e atores andarilhos); PALÁCIOS GRANDIOSOS (teatro, festas, danças, etc.). 1 LITERATURA: 1º ANO TROVADORISMO Professor: Edi Franco Email: [email protected] Aula 01 TROVADORISMO SÉC. XII - XIV PARA MEMORIZAR!!! que ela vale mais que todas no mundo. Pois Deus quis fazer minha senhora de tal modo, CANTIGA DE AMOR CANTIGA DE AMIGO ORIGEM PROVENÇAL (FRANÇA) GALEGO - PORTUGUESA AUTORIA MASCULINA MASCULINO SENTIMENT O MASCULINO FEMININO TEMÁTICA COITA AMOROSA / VASSALAGEM AMOROSA DO HOMEM AMIGO AUSENTE/ SOLIDÃO IMPOSSÍVEL DE SER CONCRETIZADO CONCRETIZADO (CARNAL) MULHER SUPERIOR / IDEALIZADA REAL / CARNAL AMBIENTE NOBRE (PALACIANO) POPULAR (CAMPESTRE) AMOR quando a fez, que a fez conhecedora de todo bem e de muito grande valor, e além de tudo isto é muito sociável quando deve; também deu-lhe bom-senso, e desde então não lhe fez pouco bem impedindo que nenhuma outra fosse igual a ela. ________________________________________________ EXEMPLO DE CANTIGA DE AMOR EXEMPLO DE CANTIGA DE AMIGO Onda do mar de Vigo, Se vistes meu amigo? E ai Deus, se verra cedo! Ondas do mar levado, Se vistes meu amado? E ai Deus, se verra cedo! Quer’ eu em maneira de provençal fazer agora um cantar d’amor, Se vistes meu amigo, O por que eu sospiro? E ai Deus, se verra cedo! e querrei muit’i loar mia senhor a que prez nem fremosura nom fal, nem bondade; e mais vos direi ém: Se vistes meu amado, por que ei gram coitado? E ai Deus, se verra cedo! tanto a fez Deus comprida de bem que mais que todas las do mundo val. Martim Codax Ca mia senhor quizo Deus fazer tal, TRADUÇÃO LITERAL quando a fez, que a fez sabedor de todo bem e de mui gram valor, Ondas do mar de Vigo, acaso viste meu amigo? Queira Deus que ele venha cedo! e com tod’est(o) é mui comunal ali u deve; er deu-lhi bom sém, Ondas do mar agitado, acaso viste meu amado? Queira Deus que ele venha cedo! e desi nom lhi fez pouco de bem quando nom quis que lh’ outra foss’igual. D. Dinis TRADUÇÃO LITERAL Quero à moda provençal Acaso viste meu amigo, aquele por quem suspiro? Queira Deus que ele venha cedo! Acaso viste meu amado, por quem tenho grande cuidado (preocupação)? Queira Deus que ele venha cedo! fazer agora um cantar de amor, e quererei muito aí louvar minha senhora a quem honra nem formosura não faltam, nem bondade; e mais vos direi sobre ela; Deus a fez tão cheia de qualidades Fale com o Coordenador de Português: [email protected] BOM ESTUDO! 2