Tovadorismo 1 - (PUC-Camp - 2011) A poesia medieval procurou enaltecer os valores e as virtures do cavaleiro. Nessa poesia, o amor cortês, referido no texto, pressupunha uma concepção mítica do amor, que pode ser resumida, entre outras, nas seguintes afirmações: I. Uma moral baseada na meritocracia e nas regras dos combates, orienta as relações amorosas entre homem e mulher e transforma o nobre guerreiro em um cortês cavaleiro. II. Total submissão do enamorado à sua dama que, por uma transposição do amor às relações sociais sob o feudalismo, o enamorado rende vassalagem à sua senhora. III. O estado amoroso, por transposição ao amor dos sentimentos e imaginário religioso, é uma espécie de estado de graça que enobrece a quem o pratica. IV. A mentalidade peculiar do combatente, estima especial pelo vigor físico, gosto pelas proezas desportivas, é transposta para as relações cortês e amorosa da nobreza. É correto o que se afirma SOMENTE em A) I e II. B) I e IV. C) II e III. D) II e IV. E) III e IV. 2 - (UFPA - 2010) Das estrofes abaixo, a que apresenta traços da estética do Trovadorismo é: (A) "Leva na cabeça o pote, O testo nas mãos de prata, Cinta de fina escarlata, Sainha de chamalote; Traz a vasquinha de cote, Mais branca que a neve pura: Vai fermosa, e não segura." (B) "Se sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pôs comigo? Ai, Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do que mi á jurado? Ai, Deus, e u é?" (C) "Competir não pretendo Contigo, ó cristalino Tejo, que mansamente vais correndo Meu ingrato destino Me nega a prateada majestade, Que os muros banha da maior cidade." (D) "A cada canto um grande conselheiro Que nos quer governar cabana e vinha; Não sabem governar sua cozinha, E podem governar o mundo inteiro." (E) "Deus, ó Deus!. .. Quando a morte à luz me roube ganhe um momento o que perderam anos saiba morrer o que viver não soube." 1 testo: tampa do pote chamalote: tecido de lã e seda vasquinha: saia que se vestia por sobre toda a roupa de cote: de uso diário fermosa: formosa do que mi á jurado: sobre o que me jurou 3 - (Unama - 2010) Leia o texto a seguir para responder à questão. Fico Assim Sem Você Avião sem asa, fogueira sem brasa Sou eu assim sem você Futebol sem bola, Piu-Piu sem Frajola Sou eu assim sem você Por que é que tem quer ser assim Se o meu desejo não tem fim Eu te quero a todo instante Nem mil alto-falantes vão poder falar por mim (...) Tô louca pra te ver chegar Tô louca pra te ter nas mãos Deitar no teu abraço Retomar o pedaço Que falta no meu coração Eu não existo longe de você E a solidão é o meu pior castigo Eu conto as horas Pra poder te ver Mas o relógio tá de mal comigo Por que? Por que? (...) CALCANHOTTO, Adriana. (Composição: Abdullah/Cacá Moraes) A lírica trovadoresca medieval, exemplificada nas “cantigas de amor” e “de amigo”, permanece nas diversas formas e estilos da poesia e da música brasileiras. Ao relacionarmos essa afirmativa à música gravada na voz de Adriana Calcanhoto, podemos dizer que nos versos lidos a) há busca de um diálogo em tom coloquial, confessando a saudade e a mágoa da longa espera pelo amado, tema que se repete em muitas das canções de amigo medievais. b) a linguagem é no nível mais elaborado, como nas canções de amor medievais, uma vez que tais se ambientavam no espaço do palácio. c) o que é cantado é a perda, ou o abandono, tema que se repete em muitas das canções de amor do trovadorismo. d) o eu lírico feminino reclama, ou canta o distanciamento social do ser amado, marca da vassalagem amorosa das cantigas de amigo trovadorescas. 4 - (Unama - 2010) 2 Os fragmentos da letra da música contemporânea do grupo Legião Urbana demonstram que a barreira geográfica e temporal não impede que os temas universais presentes nos poemas sejam recorrentes em outros textos e em outros autores em diferentes épocas e lugares. Nesse caso, por exemplo, o grupo Legião Urbana encontra inspiração na: Eu sou apenas alguém Ou até mesmo ninguém Talvez alguém invisível Que a admira a distância Sem a menor esperança (...) Dono de um amor sublime Mas culpado por querê-la Como quem a olha na vitrine Mas jamais poderá tê-la (...) Eu sei de todas as suas tristezas E alegrias Mas você nada sabe (...) Nem sequer que eu existo. (Legião Urbana) a) crença de que a ciência e a metafísica roubam a naturalidade do homem, presente nos poemas modernistas de Alberto Caeiro. b) morbidez latente evidenciada na poesia simbolista de Alphonsus de Guimaraens. c) sátira conservadora e preconceituosa que se manifesta na poesia barroca de Gregório de Matos. d) coita e vassalagem amorosa presentes nas cantigas de amor do trovadorismo português. 5 - (UFPA - 2009) 3 Sobre essa cantiga de amigo, é correto afirmar: A) Apesar de abandonada, a moça conserva lembranças alegres da época em que seu amor era correspondido. B) A natureza, a quem o poeta dirige seus lamentos, assume, em todas as estrofes, o papel da amiga confidente e solidária. C) O poeta, ao cantar suas desilusões amorosas, descreve com detalhes o tormento causado pela indiferença do objeto do seu amor. D) Sempre triste e distante, o trovador confessa o seu sentimento e revela sua obediência às leis da vassalagem amorosa, próprias à sua época. E) O tema da paixão não correspondida dissolve-se em um clima geral de espiritualidade platônica, pelo fato de ser um relacionamento entre pessoas de níveis sociais diferentes. 6 - (UFPA - 2008) Leia atentamente o texto seguinte: 4 Considerando que o texto acima é uma cantiga de amor, é correto afirmar, sobre esse tipo de produção poética, que A) o trovador, de acordo com as regras do amor cortês, ao cantar a alegria de amar na cantiga de amor, revela em seus poemas o nome da mulher amada. B) o homem, nesse tipo de composição poética, nutre esperanças de, um dia, conquistar a mulher amada, que, mesmo sendo imperfeita, é o objeto do seu desejo. C) a cantiga de amor, na lírica trovadoresca, caracteriza-se por conter a confissão amorosa da mulher, que lamenta a ausência do namorado que viajou e a abandonou. D) o trovador, na cantiga de amor, coloca-se no lugar da mulher que sofre com a partida do amado e confessa seus sentimentos a um confidente (mãe, amiga ou algum elemento da natureza). E) o homem apaixonado, na cantiga de amor, sofre e coloca-se em posição de servo do “senhor” (não existia a palavra “senhora”), divinizando a mulher amada, o que torna quase sempre a sua cantiga um lamento, expressão do sofrimento amoroso. GABARITO 1-C Resolução: O amor cortês, presente nas cantigas de amor trovadorescas e nas novelas de cavalaria, baseia-se num sentimento de submissão à dama, numa transposição de valores sociais (ela é indiretamente comparada ao senhor feudal) e religiosos (ela é vista como uma santa, intocável e perfeita) às relações amorosas. Não se observa, nesse ideal, a presença de valores e regras dos combates ou gosto por proezas desportivas, nem estima especial pelo vigor físico. 2-B Resolução: O trecho citado na alternativa B é de uma cantiga de amigo, típica do Trovadorismo. Nesse tipo de cantiga, o eu lírico é sempre feminino e representa a voz de uma mulher que revela sua saudade pelo amigo (namorado/amante) 5 que se encontra ausente. Além da temática, pode-se perceber na estrutura formal da cantiga a presença de um refrão que se repete (Ai, Deus, e u é?) e também a utilização de estruturas sintáticas paralelas (semelhantes) nos versos, o que é bastante comum no aspecto formal deste tipo de cantiga do período trovadoresco. 3-A Resolução: A canção cantada por Adriana Calcanhoto, transcrita neste exercício, não possui linguagem elaborada, e sim coloquial; trata da ausência da pessoa amada, mas não da perda ou do abandono (pois há uma perspectiva de encontro futuro na frase "Tô louca pra te ver chegar"). Não há marcas de diferenciação social entre o eu lírico e o ser amado. Além disso, nem todas as canções de amor amor medievais se ambientavam no espaço do palácio (as cantigas de amigo se caracterizam pelo ambiente campestre ou vilão). 4-D Resolução: Jusfica-se a alternativa D, já que a letra da música lembra, em termos de conteúdo, uma cantiga de amor trovadoresca no sentido de que o eu lírico da música, assim como o trovador na cantiga de amor, lamenta pelo sofrimento ou impossibilidade de realização amorosa pelo fato de a mulher cortejada pertencer a uma classe social superior à dele. 5-A Resolução: Por se tratar de uma cantiga de amigo, não há vassalagem amorosa, nem o relacionamento se dá entre pessoas de níveis sociais diferentes. O eu lírico não dirige seus lamentos para a natureza, e sim para o amigo; além disso, não há descrição da indiferença do objeto amoroso. O que se pode afirmar é que a moça que canta para o amigo foi abandonada por ele, mas conserva as lembranças do tempo em que era feliz e correspondida. 6-E Resolução: Na cantiga de amor, tanto autoria como eu lírico são sempre masculinos. Não há menção ao nome da mulher amada no poema em questão, e ela é sempre retratada, neste tipo de cantiga, de forma idealizada e superior, conforme sugere o epíteto "senhor". 6