ODEBRECHT
#152 • ano XXXVIII • jan/fev 2011
I N F O R M A
Sustentabilidade
As iniciativas socioambientais que estão
transformando comunidades no Brasil e no mundo
"O desenvolvimento, por definição, tem de ser sustentável,
ou ele não pode ser chamado de desenvolvimento”
teo
- tecnologia empresarial odebrecht
04
Nas obras das hidrelétricas de Santo Antônio e Palomino, dois casos
exemplares de redução de emissão de gases causadores do efeito estufa
08
Sérgio Leão fala sobre a atualização da Política de Sustentabilidade da
Organização Odebrecht
10
O turismo sustentável está transformando a vida de comunidades situadas
ao longo da Rodovia Interoceânica Sul, no Peru
14
Creer Peru: qualificação profissional e inclusão social na construção da
Hidrelétrica de Chaglla, no norte do país
16
A Concessionária Rota das Bandeiras realiza trabalho de compensação
ambiental com a participação de estudantes da rede pública
18
Kulonga pala Kukula: um projeto que contribui para o desenvolvimento
sustentável de 10 comunidades em Angola
21
No bairro do Honga, na região metropolitana de Luanda, o combate à
malária deu origem a um amplo projeto socioambiental
22
GP do Brasil de Reciclagem mostra como preservação ambiental e
geração de trabalho e renda têm vocação para caminhar juntas
24
A Braskem e as ações que fazem parte de seu compromisso de ser a líder
global da química sustentável
26
Caminhada da Braskem rumo à sustentabilidade começou com a criação
da empresa em 2002
28
30
32
Implantação, em Moçambique, do Caia na Rede, marca a estreia do projeto de inclusão digital fora do Brasil
ODEBRECHT
INFORMA
152
Martina Condori
Cruz, artesã da
comunidade de
Tinqui, no Peru.
Foto de Holanda
Cavalcanti.
Escola em Ação: as atividades que estão ajudando a mudar a realidade sociocultural de Macaé (RJ)
Anunciados os projetos vencedores da terceira edição do Prêmio Odebrecht para o Desenvolvimento Sustentável
35
36
Na Venezuela, o reconhecimento a ideias criativas apresentadas por universitários de Maracaibo e Caracas
39
Governo português desenvolve iniciativa voltada para o aumento do nível de educação
de pessoas com mais de 23 anos de idade
40
Programa Energia Social para a Sustentabilidade Local, da ETH, tem como base a gestão
participativa entre a empresa, os órgãos públicos e a comunidade
42
Em Camela, distrito do município do Ipojuca (PE), costureiras e artesãs se preparam
para ver seu sonho realizado com a formação de uma cooperativa
44
Área do entorno do Terminal da Embraport, em Santos (SP), é beneficiária
de 34 iniciativas de preservação ambiental
48
Nas províncias argentinas de Salta e da Patagônia, abastecimento de água e
formação técnica de jovens são incentivos ao desenvolvimento
51
Na Cidade do Panamá, a história da inserção social de um bairro marcado pela precariedade e pela violência
54
Nos Estados Unidos, a Odebrecht conquista uma certificação que comprova
sua determinação de fazer mais e melhor
56
Exposição no Edifício-sede da Organização, em Salvador, conta a história
da criação e do avanço da Tecnologia Empresarial Odebrecht
58
No Baixo Sul da Bahia, um grupo de parceiros institucionais está participando
da construção de uma classe média rural estruturada em unidades-família
60
Felipe Cruz escreve sobre duas questões imperativas para o sucesso dos programas de sustentabilidade
Criado em Portugal, em 2006, o Programa Epis – Empresários pela Inclusão Social,
possibilita que empresários contribuam para a melhoria da educação
02
w w w. o d e b r e c h t o n l i n e . c o m . b r
> edição online
> videorreportagem
> ETH Bioenergia é uma das
empresas que participam do
programa Novos Líderes da
Terra
> Em São Paulo,
22 organizações empresariais,
entre elas a Odebrecht,
realizam seminário sobre
mudanças climáticas
> Odebrecht chega aos quatro
anos sem acidentes no Projeto
Braskem, em Camaçari (BA)
> blog
> Leia no blog de Odebrecht
Informa os posts escritos pelos
repórteres e pelos editores
da revista. Textos de Cláudio
Lovato Filho, Fabiana Cabral,
José Enrique Barreiro, Júlio
César Soares, Karolina Gutiez,
Leonardo Maia, Renata Meyer,
Rodrigo Vilar, Zaccaria Júnior e
colaboradores.
ODEBRECHT
Fundada em 1944, a Odebrecht
é uma organização brasileira
composta de negócios
diversificados, com atuação e
padrão de qualidade globais.
Seus 105 mil integrantes estão
presentes nas três Américas,
na África, na Ásia e na Europa.
> acervos online
> Uma entrevista com
Guilherme Guaragna, Diretor de
Empreendimentos da Braskem
e responsável pelo projeto
da planta de eteno verde
construída em Triunfo (RS)
> Acesse as edições
> Luiz Gustavo Assunção
perdeu a visão, mas persistiu
na busca pela realização no
trabalho
> Publicações especiais
> Trem elétrico: uma obra
decisiva para a solução dos
problemas de trânsito de Lima
anteriores de Odebrecht
Informa desde a nº 1
> Relatórios Anuais da
Odebrecht S.A. desde 2002
(Edição Especial sobre Ações
Sociais, 60 anos da Organização
Odebrecht, 40 anos da
Fundação Odebrecht e
10 anos da Odeprev)
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03
Conceitos indissociáveis
A frase publicada na abertura desta edição de Odebrecht Informa, na página ao lado
do sumário, reflete com exatidão como pensam e agem as equipes da Organização
no Brasil e no mundo. Para elas, desenvolvimento e sustentabilidade são conceitos
indissociáveis, inerentes um ao outro.
Nas páginas seguintes, você encontrará vários exemplos que demonstram de que
maneira os integrantes da Odebrecht colocam em prática essa convicção.
No Peru, ao longo da Rodovia Interoceânica Sul, um conjunto de ações que compõem um programa de turismo sustentável está mudando a vida de famílias e
comunidades e ajudando o país a obter melhores resultados de seu extraordinário
potencial. Em Angola, iniciativas na região metropolitana de Luanda e na Província de
Malanje estão possibilitando o aprimoramento das condições de educação e saúde
de populações historicamente desafiadas pela precariedade. No Panamá, um bairro
marcado pela quase completa inexistência de infraestrutura e pela violência começa
a se integrar à cidade na qual está situado, e muitos de seus moradores passam a
experimentar, pela primeira vez, a condição de cidadãos. No entorno do Terminal da
Embraport, em Santos (SP), 34 projetos são desenvolvidos, para que sejam preservadas as características ambientais de uma área de riquíssima biodiversidade.
Alguns mais abrangentes, outros mais pontuais, esses são exemplos da contribuição das empresas da Odebrecht para a melhoria da vida no planeta, que vive a realidade do aquecimento global. Em relação a isso, a Odebrecht também toma atitudes
firmes: nas obras das usinas hidrelétricas de Palomino, na República Dominicana, e
Santo Antônio, no Brasil, desenvolveu inventários sobre emissão de gases causadores de efeito estufa e, a partir deles, está empreendendo esforços para reduzir suas
emissões. A Concessionária Rota das Bandeiras, em São Paulo, por sua vez, realiza
um amplo projeto de compensação ambiental com a participação de alunos da rede
pública de ensino. E a Braskem prossegue em sua caminhada de consolidação como
líder global da química sustentável.
Há muito mais para ler nesta edição de Odebrecht Informa, como diversos outros
casos de iniciativas alicerçadas no Desenvolvimento Sustentável. Entre elas, são
muitos os pontos em comum. Mas, entre todas, sem exceção, há, com certeza, um
elemento que as permeia e inspira: a Tecnologia Empresarial Odebrecht. É a observância aos princípios e critérios da TEO que faz com que as ações das equipes da
Odebrecht ao redor do mundo tenham coerência, eficácia e um sentido maior: ajudar
as pessoas a desenvolverem sua capacidade de transformar o mundo para melhor a
partir da transformação da vida de cada uma delas.
04
diretrizes de sustentabilidade
Clima de compromisso
Odebrecht cria um programa de mudanças climáticas e desenvolve
ações que contribuem para a diminuição das emissões de gases
causadores de efeito estufa texto Fabiana Cabral
Nos últimos 50 anos, mais
de 60% dos recursos naturais
do mundo foram degradados.
Atualmente, a demanda é 35%
maior que a capacidade do planeta
de renová-los. Permanecendo esse
ritmo de crescimento, em 2030
estaremos consumindo o dobro do
que a Terra é capaz de repor. Este
é o cenário apontado pelo relatório
A economia dos ecossistemas e
da biodiversidade, divulgado pela
Organização das Nações Unidas –
ONU, em junho de 2010.
Meses antes, em agosto de
2009, com o Instituto Ethos e
outras organizações brasileiras, a Odebrecht Engenharia e
Construção participou da elaboração da Carta Aberta ao Brasil sobre
Mudanças Climáticas. O documento
apresenta os compromissos voluntários de 22 corporações para a
minimização dos impactos gerados
pelas mudanças climáticas no
Brasil e no mundo. Publicar relatórios anuais de emissões de gases
de efeito estufa (GEE), influenciar
fornecedores e clientes e promover
debates sobre o tema entre a sociedade civil e instituições públicas e
privadas estão entre as atividades
que compõem o acordo.
Além de incluir um Programa
de Mudanças Climáticas em suas
Diretrizes de Sustentabilidade e
estruturar equipes, a Odebrecht
realiza o inventário das emissões de
odebrecht informa
GEE, identifica oportunidades nos
mercados de carbono e desenvolve
ações para a melhoria da eficiência
no controle das emissõs em seus
projetos e escritórios. “O programa
foi criado para apoiar os empresários, e a metodologia foi elaborada para utilização em diferentes
obras. Pensar em sustentabilidade
é repensar processos, tecnologias
e eficiência”, ressalta Luiz Gabriel
Azevedo, Diretor de Sustentabilidade
da Odebrecht Energia.
Com base na metodologia
GHG Protocol, utilizada mundialmente sob a liderança do World
Resources Institute e do World
Business Council for Sustainable
Development, ao longo de 2010,
a Odebrecht desenvolveu o
Primeiro Inventário Corporativo
de Emissões de GEE, que inclui
11 escritórios de sete estados
brasileiros, 11 no exterior e mais
de 100 projetos dentro e fora do
Brasil. “O inventário nos informará quais são as nossas principais
fontes de emissões. Em 2011, o
foco passará a ser a melhoria da
eficiência nos processos e nos
controles para reduzir as emissões. Começaremos a identificar
alternativas e oportunidades de
avanço em nossas atividades da
Engenharia e Construção”, revela Sérgio Leão, Responsável por
Sustentabilidade das Operações de
Engenharia e Construção.
O Inventário
Corporativo será concluído em fevereiro
de 2011 e deverá ser
divulgado no Relatório
Anual da Odebrecht
S.A. do próximo ano.
“Com os resultados, será possível
estruturar programas
transversais que podem
ser aplicados em obras
de diferentes tipos em
diferentes países”, complementa Alexandre Baltar,
Responsável pelo Programa
de Mudanças Climáticas.
O pioneirismo
de Santo Antônio
Uma das maiores obras em
andamento do mundo, a Usina
Hidrelétrica Santo Antônio, em
Rondônia, foi o primeiro projeto da
Odebrecht e o primeiro de grande porte do Brasil a elaborar um
levantamento de emissões de GEE,
no ano passado. “Não encontramos
nenhuma metodologia pronta para
realizarmos as medições nesse
tipo de obra. Desenvolvemos uma
técnica adaptando a metodologia
do GHG Protocol que nos permitiu
quantificar as emissões e obter os
primeiros números”, explica José
Bonifácio Pinto Júnior, DiretorSuperintendente da Odebrecht
Energia.
de veículos novos e modernos, temos
um sistema de monitoramento via
satélite para controlar a eficiência
dos 800 equipamentos. Também
procuramos influenciar nossos
fornecedores na adoção de
melhores práticas para o
controle das emissões”, diz
Nelson Alves, Responsável
por Meio Ambiente.
José Bonifácio afirma que cada processo
implantado na UHE
Santo Antônio está ligado à sustentabilidade.
“Desde a escolha da
localização dos escritórios no canteiro, instalados em pontos já desmatados, até o tratamento de
água e esgoto em estações
próprias, tudo contribui para
a preservação dos recursos
locais. Com criatividade e vontade, é possível encontrar soluções
sustentáveis.”
O carbono social de Palomino
Segundo os resultados apontados, durante os sete anos de
construção o, volume total de emissões de CO2 equivalente será de
1.478.460 t. As emissões provenientes do transporte de passageiros e
cargas e da produção de cimento
e aço representam 62% do total. O
consumo de combustíveis e lubrificantes responde por 34%.
Esse volume de CO2 equivalente
será totalmente compensado com o
Programa
de
Antecipação de
Energia, que adiantará
em um ano o início da operação
da usina, programada para dezembro de 2011. “A antecipação da
geração de energia vai fazer com
que 1.700.000 t de CO2 equivalente
deixem de ser lançadas na atmosfera, sobretudo por meio da queima
de combustíveis fósseis das termelétricas”, pontua José Bonifácio.
Apesar da previsão otimista, o
Consórcio Santo Antônio Civil desenvolve diversas ações para reduzir as
emissões de GEE. “Além da compra
No sul da República Dominicana,
na província de San Juan, a
Odebrecht constrói a Usina
Hidrelétrica de Palomino para a
EGEHID (Empresa de Generación
Hidroeléctrica Dominicana). Com
previsão de conclusão para junho
de 2012, a usina incrementará em
15% a geração de energia do país.
“Na República Dominicana, 85% da
energia distribuída é proveniente
de termelétricas. Palomino, além
de produzir energia limpa, reduzirá
em 400 mil a quantidade de barris
de óleo importados e deixará de
emitir 120 mil t de CO2 equivalente,
por ano”, explica Pedro Schettino,
Diretor do Contrato.
odebrecht informa
Hidrelétrica
GUILHERME AFONSO
Santo Antônio
Para ampliar de forma sustentável as atividades de proteção
ambiental e de geração de trabalho e renda das comunidades
do entorno da usina, as equipes
da Odebrecht e da EGEHID elaboraram um projeto no âmbito do
Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL), como uma iniciativa
de carbono social, que valoriza
ações voluntárias de responsabilidade social. “Os investimentos
gerados pelos créditos de carbono
social irão contribuir para o desenvolvimento social e econômico da
região e o meio ambiente será preservado”, comenta Victor Ventura,
Presidente da EGEHID.
O Programa Agrícola de
Guayuyal, criado pela Odebrecht
em 2008, com parceria da
Fundação Sur Futuro, será uma
das iniciativas beneficiadas.
Os moradores da região, uma
das mais pobres da República
Dominicana, que antes viviam
odebrecht informa
da agricultura de subsistência,
já produzem mais de 500 kg de
grãos e hortaliças e recebem US$
1.100 mensais com a venda dos
produtos. Francisco Sawaguthi,
Responsável por Saúde, Segurança
do Trabalho e Meio Ambiente de
Palomino, destaca: “Os bons resultados do projeto de MDL irão assegurar a sustentabilidade do programa nas comunidades localizadas na área de influência da usina,
que também poderá se estender a
outras comunidades”.
HIDRELÉTRICA SANTO ANTÔNIO
SUSTENTABILIDADE EM NÚMEROS
> 960 mil m3 de água são tratados por dia em cinco estações de
tratamento (ETAs).
> 100% do esgoto diário são tratados sem a aplicação de produtos
químicos.
> 70% das 10 t de resíduos gerados por dia são destinados à reciclagem ou reutilização. Pneus de veículos, lâmpadas fluorescentes, papeis e plásticos são enviados para a reciclagem.
> 700 kg de restos de alimentos, por dia, se misturam à madeira
triturada para a produção de composto de adubo orgânico.
> 84% dos integrantes são moradores da região.
> 271 km2 é o tamanho do reservatório da usina, sendo 164 km2 da
própria calha natural do Rio Madeira.
> A primeira das 44 turbinas bulbo estará em funcionamento em
dezembro de 2011, um ano antes do previsto no edital.
Instituído pelo Protocolo de Quioto
para auxiliar os processos de redução de emissões de GEE ou de captura de carbono dos países desenvolvidos, o MDL também contribui
para que os países em desenvolvimento atinjam a sustentabilidade. “A
República Dominicana foi um dos 138
países que assinaram o Protocolo de
Quioto, e estamos investindo em fontes de energia renováveis”, diz Omar
Ramírez Tejada, Vice-presidente
Executivo do Conselho Nacional para
Mudanças Climáticas e Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo. “Foi o
primeiro projeto de MDL do país
e com ele poderemos acessar o
mercado internacional de carbono”,
declara Ernesto Reyna Alcántara,
Vice-Ministro de Meio Ambiente e
Recursos Naturais da República
Dominicana. Pelo mercado interna-
cional, estabelecido pelo Protocolo de
Quioto, os países desenvolvidos que
precisam cumprir as metas da ONU,
de redução de emissões, negociam
e adquirem os créditos de carbono
para compensar as emissões de
GGE.
O projeto está em fase de auditoria pelo Bureau Veritas Quality
International. Após a aprovação da
Organização das Nações Unidas
(ONU), os créditos poderão ser
vendidos no mercado internacional
por até 21 anos, no qual poderá ser
arrecadado 1 milhão de euros por
ano. “Os créditos de carbono social
de Palomino poderão ser comercializados no mercado voluntário,
em que grandes empresas públicas
e privadas adquirem certificados
visando a valorização da imagem”,
ressalta Luiz Gabriel Azevedo.
MDL NO PERU
Para apoiar a identificação de
novas oportunidades no mercado de carbono, a Odebrecht
firmou uma parceria com o
Programa Latino-Americano
de Carbono, Energias Limpas e
Alternativas da CAF (Corporação
Andina de Fomento). “Já elaboramos um memorando de
entendimento para a preparação de um projeto de MDL na
Central Hidrelétrica de Chaglla,
no Peru. Assim, Chaglla será
construída dentro do Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo e a
venda de créditos de carbono
agregará maior rentabilidade
ao empreendimento”, explica
Alexandre Baltar.
RICARDO TELES
Hidrelétrica de Palomino
odebrecht informa
08
entrevista
Sérgio Leão:
convergência entre
a sustentabilidade e
a cultura empresarial
da Odebrecht
Um fenômeno
multidimensional
Sustentabilidade abrange diversos aspectos da vida
das comunidades e dos países
texto Zaccaria Junior / foto Edu Simões
odebrecht informa
“A Sustentabilidade é um fenômeno multidimensional e abrange aspectos econômicos,
sociais, ambientais, culturais e políticos. Nesse
sentido, as práticas empresariais sustentáveis
devem visar a constituição de comunidades
e países economicamente prósperos, socialmente justos, ambientalmente equilibrados,
politicamente estáveis e culturalmente diversos (...)”. Assim é o início da nova redação da
Política de Sustentabilidade da Organização
Odebrecht, tendo como base a política vigente
desde 2008, mas, agora, atualizada e ampliada.
Sérgio Leão, Responsável por
Sustentabilidade nas Operações de Engenharia
e Construção da Odebrecht, explica que a
nova política desenvolvida é uma releitura da
temática sustentável que tem a Tecnologia
Empresarial Odebrecht (TEO) como pano de
fundo. “A sustentabilidade está desde o começo
nos conceitos e princípios da TEO, traduzindo
a responsabilidade dos líderes dos negócios com a Sobrevivência, o Crescimento e a
Perpetuidade. Portanto, a sustentabilidade é
um dos elementos que nossa filosofia empresarial considera desde o início, mas que agora
está mais explicitada e traduzida em função
das novas nomenclaturas”, diz Sérgio.
Ele destaca que, assim como a TEO, a política atualizada enfatiza a atenção nas pessoas, pois, apesar de a sustentabilidade estar
fortemente relacionada a ativos ambientais,
à preservação e ao futuro, são as pessoas –
dentro e fora da Organização –, preparadas e
motivadas, que irão assegurar os resultados
de um desenvolvimento sustentável dentro de
sua amplitude: desenvolvimentos econômico e
social, responsabilidade ambiental, diversidade
cultural e participação política.
Sérgio conta que desde o início do processo
de reestruturação da política, um dos focos de
maior atenção foi a necessidade de o documento – para ter sua eficácia garantida – explicitar
o compromisso da Odebrecht em assegurar o
crescimento e a sobrevivência dos negócios,
além de alcançar a perpetuidade deles. Com os
objetivos definidos, decidiu-se que o caminho a
ser percorrido pela Organização na condução de
seus negócios seria balizado por Indicadores de
Sustentabilidade que evidenciassem essa visão
empresarial e que estivessem integrados às
metas de seus líderes.
“Revimos a política em si e os indicadores
seriam sua consequência. A temática sustentável esteve na agenda dos negócios no decorrer
de 2010, esteve presente em 2009 como uma
das questões centrais da Visão 2020, constou no Relatório publicado neste ano, relativo
a 2009, e está em destaque na fala de todos
os líderes empresariais, de nosso DiretorPresidente, do Conselho de Administração,
ou seja, é um assunto que permeou nossas
discussões no âmbito dos negócios, sobretudo
na área de Engenharia e Construção”, detalha
Sérgio. Ele acrescenta que esse compromisso
parte da decisão tomada em 2009, quando foi
assinada a Carta Aberta ao Brasil, às vésperas da COP 15, nas quais as empresas de
Engenharia e Construção da Odebrecht assumiram o compromisso de iniciar inventários
de emissão de carbono, além de incluir dentro
do tema sustentabilidade a integração de suas
cinco vertentes das diretrizes na Engenharia:
Saúde e Segurança no Trabalho, Meio
Ambiente, Mudanças Climáticas e Programas
Sociais.
“Trabalhamos a revisão e a criação dessas
diretrizes para estabelecer isso no âmbito da
Engenharia como o modelo de orientação dos
negócios, e 2010 foi o ano de criar essa institucionalização do tema”, observa Sérgio Leão.
Segundo ele, o trabalho buscou retratar como a
sustentabilidade ocorre na prática dos negócios,
tendo como base a cultura Odebrecht.
“Era fundamental que a nova política estivesse alinhada ao nosso pensamento, ao
nosso modo de fazer e de agir. A Política de
Sustentabilidade retrata a forma de como a
TEO permeia o desenvolvimento sustentável e
de como a sustentabilidade está dentro da TEO,
da nossa tarefa como empresários, dos nossos
vários negócios e dos compromissos assumidos
pelas pessoas. É a prova da convergência que
existe entre a sustentabilidade e a nossa cultura empresarial”.
odebrecht informa
10
peru
Caminho sustentável
Projetos de turismo sustentável contribuem para a conservação ambiental e
geração de trabalho e renda em comunidades situadas ao longo da
Rodovia Interoceânica Sul, no Peru
texto Cláudio Lovato Filho
fotos Holanda Cavalcanti
Cirilo com a esposa,
Ena, e a filha Edith:
família empreendedora
odebrecht informa
Cirilo Méndez caminha pela trilha
no bosque. É uma área de 80 hectares
às margens da Rodovia Interoceânica
Sul. Estamos na comunidade de San
Juan, distrito de Inambari, a 45 minutos de Puerto Maldonado, capital do
Estado de Madre de Dios, no sul do
Peru. Cirilo avança pelo caminho e vai
mostrando, orgulhoso, o que cultiva
ali: castanhas, cacau, café, cupuaçu,
abacaxi. Ele pratica o agroflorestamento, técnica ancestral que permite
a autorregeneração do
bosque. Ali, Cirilo recebe
turistas, estudantes e
pesquisadores. Há muito o
que ver, conhecer e admirar. Depois de
uma caminhada de 20 minutos (uma
versão compacta do passeio, que, em
sua forma completa, pode chegar a
uma hora), regressamos ao Parador
Turístico Familia Méndez, ponto de
partida de nossa incursão na selva. Ali,
no parador, funciona um restaurante
bem-decorado, aconchegante e de
cardápio variado. Ena, esposa de Cirilo,
e Edith, filha deles, nos aguardam.
É uma família que gosta de receber
visitantes, esforça-se para agradá-los
e quer vê-los voltar. Estão felizes com
a nossa presença. Sempre ficam. Daí
a pouco, estarão envolvidos na preparação do almoço, hora em que o parador lota. Os Méndez são uma família
empreendedora.
Nem sempre, porém, as coisas
foram tão tranquilas. Antes de inaugurarem o parador, em maio de 2010,
eles vendiam os produtos naturais
orgânicos cultivados na propriedade
aos viajantes. Um dos cinco filhos de
Cirilo e Ena subia nos ônibus carregando frutas, sucos e lanches, vendiaos aos passageiros, com o ônibus em
movimento, e era recolhido na estrada,
dois ou três quilômetros adiante, por
sua irmã Edith, que ia atrás dele, de
BRASIL
Iñapari
BOLÍVIA
PERU
MADRE DE DIOS
Puerto
Maldonado
Reserva
Comunal
Amarakaeri
Santa Rosa
Reserva Nacional
Tambopata
Camanti
CUSCO
(Quincemil)
Ccatcca
Urcos
Ocongate
Marcapata
PUNO
Parque Nacional
Bahuaja Sonene
moto, e o levava de volta para a frente
da casa da família, onde esperavam
pelo próximo ônibus. Hoje com um
restaurante e uma vasta área para
ecoturismo, os Méndez são empresários bem-sucedidos e comprometidos
com a sustentabilidade. “Conseguimos
isso com o apoio da iSur e somos gratos”, diz Cirilo.
A iSur (Iniciativa Interoceânica Sul)
foi concebida pela Odebrecht Perú e
fundada em 2007 pela Conirsa, consórcio formado pela Odebrecht (líder)
e outras três construtoras peruanas:
Graña y Montero, JJC e ICCGSA.
Também participaram da aliança
estratégica para a criação da iSur as
organizações não governamentais
ambientais Conservación Internacional
e Fundación Pro Naturaleza. A Conirsa
é responsável pela construção, operação e manutenção, por 25 anos,
de 710 km da Rodovia Interoceânica
Sul, nos departamentos de Cusco, na
região andina, e Madre de Dios, na
selva amazônica (veja mapa). O objetivo
é apoiar ações locais para geração
de trabalho e renda e a promoção
da conservação ambiental através
do desenvolvimento sustentável. Faz
parte da iSur o Programa de Turismo
Sustentável, voltado para a criação, ao
longo da rodovia, de serviços de qualidade e o fortalecimento da capacitação
das comunidades locais de modo que
possam ser empreendedoras desses
serviços. A família Méndez, cujo parador teve sua construção executada
pela Conirsa e financiada com o apoio
de seis de seus subcontratistas, é um
dos maiores símbolos do potencial
transformador desse programa, em
particular, e dos projetos da iSur, em
geral. Maria Teresa Canseco, arquiteta
natural de Lima e há três anos integrante da equipe da iSur, coordenou
as ações de apoio à família Méndez.
odebrecht informa
Turismo vivencial
em Cuyuni e, na foto
menor, Magali Salinas
com Pepe: valorização
da cultura e proteção
de espécies ameaçadas
“É como se fosse a minha família”, diz
Maria Teresa. “Estou orgulhosa. É uma
experiência maravilhosa ver as pessoas se desenvolverem.”
Há muitos outros exemplos ao longo
do caminho. Magali Salinas coordena
o trabalho do Amazon Shelter, em
Puerto Maldonado, capital de Madre
de Dios. Ela e outras seis pessoas,
entre as quais uma veterinária e uma
bióloga, recebem no local animais silvestres e domésticos vítimas de maustratos. O abrigo tem hoje 15 animais
silvestres (incluindo cinco macacos) e
cinco domésticos. Pepe, um macaco
uivador vermelho de 12 anos, foi resgatado de um restaurante de beira de
estrada, onde ficava acorrentado para
entretenimento dos frequentadores.
“Eu queria fazer alguma coisa contra
o tráfico de animais”, diz Magali, uma
ex-comissária de bordo formada em
Administração de Empresas nascida
em Lima que, desde 2007, mora em
Madre de Dios. “Estou realizando um
sonho”, ela diz. O Amazon Shelter tem
uma pousada e recebe hóspedes interessados em conviver com a natureza
e conhecer o trabalho realizado no
abrigo. A iSur apoia o Amazon Shelter
odebrecht informa
com divulgação, ações de marketing e
envio de visitantes e hóspedes.
Perto do Amazon Shelter fica El
Paraíso, uma propriedade de 16 hectares pertencente a Percy Wilfredo
Balarezo Yabar. Ali, numa área de selva
nativa à beira do Rio Tambopata, os
visitantes encontram hospedagem,
espaço para camping e caminhada,
comida e uma paz inacreditável para
quem mora nas grandes cidades.
“Comecei abrindo trilhas na mata com
um machadinho”, relembra Percy, que
vive no local com sua mãe, Beatriz.
“Hoje recebemos turistas da Europa
e dos Estados Unidos. Com a ajuda
da iSur, que contratou técnicos, catalogamos as espécies da propriedade
e fizemos um diagnóstico ambiental
completo. Madre de Dios é a capital
da biodiversidade no Peru, e isto o que
realizamos aqui me deixa muito orgulhoso e emocionado.”
Da selva amazônica à Cordilheira
dos Andes, a Interoceância Sul proporciona ao viajante uma deslumbrante
sequência de vistas e sensações.
Conforme mudam o visual, a altitude
e, sobretudo, a realidade socioeconômica e cultural, muda o perfil das
ações apoiadas pela iSur. No Distrito
de Marcapata, mais de 2.800 metros
acima do nível do mar, uma igreja
construída no século 18 pelos espanhóis será restaurada. A alguns quilômetros dali, na comunidade de Tinqui,
no Distrito de Ocongate, o monte
Ausangate, na Cordilheira Vilcanota, a
mais de 6.300 metros do nível do mar,
surge imponente com seu pico nevado. Martina Condori Cruz, uma integrante da etnia quéchua de 38 anos e
mãe de três filhos, fala da associação
de artesãs da qual faz parte ao lado
de outras 10 pessoas. Martina foi presidente da associação. Com o apoio
da iSur, as artesãs aprimoraram a
qualidade de seu trabalho – mantos,
saias, chapéus e adereços feitos de lã
de alpaca e ovelha e tingidos naturalmente, com tinta extraída de plantas
da região – e aprenderam a colocar
preços corretos em seus produtos.
“Com a ajuda que recebemos da iSur,
conseguimos nos capacitar e nos fortalecer”, diz Martina.
Na descida para Cusco, encontramos o Mirador de Cuyuni, situado
3.800 m acima do nível do mar, na
comunidade de mesmo nome, Distrito
de Ccatcca. O mirante, construído
pela Conirsa, tem uma loja onde são
vendidas peças de artesanato local e
um restaurante com um cardápio que
vai dos lanches rápidos aos pratos
mais elaborados da culinária típica da
região, preparados pela chef Carmen
Rosa Rodríguez Vargas, de 27 anos,
nascida em Cuyuni. Depois de temporadas em Lima e Cusco, ela voltou à
sua comunidade de origem. “Estou na
minha terra natal porque me capacitei
e quero dar minha contribuição aqui”,
ela diz.
O mirante é administrado por um
órgão formado por seis membros da
comunidade, todos eleitos. Esse órgão
escolhe o gerente do mirante. São
acionistas do negócio as 62 famílias da
comunidade. É no mirante o ponto de
partida para uma experiência memorável: o turismo vivencial. Numa caminhada, o visitante tem contato com
as atividades agrícolas e cerimônias
religiosas realizadas desde tempos
ancestrais pelos moradores. A rota
de turismo vivencial proporciona uma
forma de penetrar na cultura local e
Percy Belarezo e
(na foto abaixo)
Martina Condori Cruz:
apoio para a realização
de sonhos
compreender pelo menos um pouco o
modo de viver das comunidades originais da região. Marita Medina, economista nascida em Arequipa e Jovem
Parceira da Odebrecht Perú, atua na
iSur desde agosto de 2009. Ela coordenou o apoio da Iniciativa às famílias.
“Nosso foco hoje é a parte comercial.
Estamos trabalhando para estreitar
relacionamento com os agentes de
turismo e trazer visitantes. O dinheiro
que eles deixam aqui reverte para a
comunidade.”
A comunidade reconhece o apoio da
iSur, é grata e aproveita as oportunidades que lhe são oferecidas. Gabriela
Rocha morou dois anos em Tinqui,
coordenando os trabalhos da iSur. Hoje
vive em Lima. Ao acompanhar a equipe
de Odebrecht Informa nas visitas aos
projetos apoiados nos departamentos
de Madre de Dios e Cusco, reencontrou pessoas que não via desde o
começo de 2010. Quando encontrou
Martina Condori Cruz, foi abraçada
e saudada como “companheira”,
numa mistura carinhosa e efusiva
de castelhano e quéchua. “Martina
enfrentou muitos desafios pessoais
para levar adiante sua atuação na
associação de artesãs”, diz Gabriela.
“Ela é um exemplo, uma lutadora.”
Gabriela é integrante da equipe de
Delcy Machado, Diretor da iSur e de
Responsabilidade Socioempresarial
da Odebrecht no Peru. Com o apoio
de Cláudia Yep, Responsável pelos
Programas de Turismo Sustentável da
iSur, eles se preparam para o início de
uma nova fase da história da Iniciativa
Interoceânica Sul.
Em 2007, a partir de um “Plan
Maestro” (plano mestre), a iSur passou a desenvolver o seu Programa de
Turismo Sustentável, hoje composto
de oito projetos. Além desse programa,
existem o de Econegócios, Governança
e Conservação Ambiental. Atuando
no âmbito de uma obra – a própria
rodovia – e recebendo o apoio de
instituições como a CAF (Corporação
Andina de Fomento) e do BID (Banco
Interamericano de Desenvolvimento),
a iSur teve como inspiração o trabalho
realizado pela Fundação Odebrecht no
Baixo Sul da Bahia, com base nos quatro capitais (humano, social, ambiental
e produtivo). O ano de 2011 será o da
consolidação dos projetos da iSur e
do estabelecimento definitivo de sua
marca. Em relação ao Programa de
Turismo Sustentável, Delcy Machado
afirma: “Queremos transformar a
Rodovia Interoceânica Sul num dos
principais destinos do Peru.”
Destino que deverá atrair brasileiros, que chegarão ao país pelo Acre.
Concluída a construção da rodovia, e
com sua entrada na fase de concessão, um sistema de governança irá
assegurar a continuidade e a eficácia
da contribuição da iSur. “Queremos
criar uma estrutura e entregá-la ao
país, e com isso ajudá-lo a obter mais
benefícios de seu imenso potencial
turístico”, diz Delcy.
odebrecht informa
peru
ACERVO ODEBRECHT
14
Nós acreditamos
Creer Perú, adaptação do Programa Acreditar às características da vida na
região andina, já contabiliza mais de 4 mil inscritos texto Luiz Carlos Ramos
O Programa de Qualificação
Profissional Continuada – Acreditar
garantiu quase 90% da atual força de
trabalho que ergue a Usina Hidrelétrica
Santo Antônio, em Rondônia. Já foi
implantado com sucesso em outras
obras da Odebrecht no Brasil, chegou
a Angola e, agora, é aplicado no Peru,
onde surge como exemplo para novos
desafios na América Latina. A tradução
de “Acreditar” levou ao nome espanhol
“Creer Perú”. As mudanças vão além
do idioma, pois foi necessário adaptar
o programa às características dos
moradores da região andina, onde a
paisagem e as condições de vida são
peculiares. Assim como em Porto
Velho, a obra pioneira do Creer Perú
é uma barragem. Trata-se da futura
Usina Hidrelétrica de Chaglla, a ser
construída no rio Huallaga, a partir
odebrecht informa
do início de 2011, entre os distritos de
Chaglla e Pillao, na região de Huánuco,
no norte do país, entre a Cordilheira
dos Andes e a Amazônia. A população
local, em que 44% são analfabetos, é
pobre, tradicionalmente desconfiada
em relação a empresas e acostumada
somente a plantar e colher batatas. Sua
produção de batatas abastece grande
parte das residências e restaurantes de
Lima. Como convencer pessoas de que
uma obra de engenharia pode trazer
uma possibildade de carreira?
Foi difícil. Mas os primeiros resultados são alentadores. Jorge Barata,
Diretor-Superintendente da Odebrecht
Perú, mostrou-se favorável à introdução
do sistema Acreditar quando a empresa
conquistou, em maio de 2010, o contrato para construir uma usina com
capacidade de gerar 400 MW (mega-
watts) de energia a partir de 2016. Nos
escritórios da sede da empresa, em
Lima, a decisão de adaptar o programa
brasileiro às condições das montanhas
do Peru ficou por conta da equipe
de Edson Lemos, Responsável por
Pessoas e Organização, e do Diretor de
Contrato Erlon Arfelli. Eles coordenaram um grupo de trabalho para estudar
as características da obra e da região. O
passo seguinte foi investigar diretamente o próprio local e sua gente, tarefa
entregue ao peruano Alfredo Alfaro
Esparza e sua equipe.
Para se compreender a região de
Huánuco, local da obra de Chaglla,
é preciso conhecer a complexidade
do território e da população de todo
o Peru. Em sua maioria, os moradores do Altiplano e dos vales entre a
Cordilheira dos Andes são de baixa
renda e de reduzida escolaridade.
Assim, o grande desafio da Odebrecht
Perú ao buscar uma adaptação do
Programa Acreditar ao contexto rural
é transmitir conhecimentos básicos
sobre o trabalho em construção civil.
Apesar de suas montanhas e belas
paisagens, Chaglla não explora com
muita força o turismo, ao contrário de
Cusco, Puno e Arequipa, mesmo porque suas estradas são precárias. Mas
Huánuco, a maior cidade da região,
fundada pelos espanhóis em 1539,
hoje com 75 mil habitantes, é uma
atração, com templos incas e igrejas
coloniais. Seu time de futebol, o León
de Huánuco, surpresa no Campeonato
Peruano, deixou para trás os tradicionais Alianza Lima, Universitario e
Sporting Cristal. A personalidade mais
famosa da região foi Daniel Alomía
Robles, que compôs, em 1913, El
Condor Pasa, música-símbolo do Peru,
conhecida pelas versões dos instrumentos quena e zampoña do folclore
e pelas gravações do tenor espanhol
Placido Domingo, do maestro francês
Paul Mauriat e da dupla americana
Simon & Garfunkel.
A partir de constantes visitas à região
e da interação da equipe formada por
Ana Cecília Bardales, Gonzalo Bussaleu
e Alfredo Alfaro, além de um estudo do
perfil socioeconômico das duas pequenas cidades, foi definida a estratégia de
implantação do programa peruano, destacando a importância de uma campanha de sensibilização, dirigida à comunidade em geral, por meio de folhetos e
programas de rádio, divulgando os benefícios do programa; sensibilização das
crianças, levando às escolas um grupo
de teatro, além de um caderno ilustrado
que os estudantes entregariam aos pais,
destinado a incentivá-los a trabalhar na
obra; e sensibilização direta dos adultos,
por meio de sessões de representação
teatral em dois colégios, simulando as
inscrições e criando um sistema de perguntas e respostas para tirar as dúvidas
de possíveis candidatos aos empregos
na barragem.
Até o fim de novembro de 2010, 4.143
pessoas já haviam sido inscritas no
Creer Perú. Dessas, foram avaliadas
3.183, das quais 1.189 foram consideradas aptas para a capacitação. Numa
primeira etapa, foram aprovados 480
participantes no Módulo Básico do programa, para trabalharem na obra ou
continuarem sua formação no Módulo
Técnico, iniciado no fim de novembro.
Os instrutores ficaram animados com
os resultados. Os candidatos aos postos
de trabalho, por sua vez, mostraram alto
índice de satisfação com o programa.
O desenvolvimento do Programa
Creer Perú despertou e motivou um
maior interesse das pessoas em relação a Saúde, Segurança e Qualidade
no Trabalho, ao Meio Ambiente e à
Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO),
o que facilitará a adaptação dos novos
integrantes. Todos os textos originais do
Programa Acreditar foram adaptados à
realidade local.
Dentro de seis anos, a barragem de
199 metros de altura será uma realidade
e o Peru terá mais energia, necessária
para seu crescimento econômico e
social.
EM RONDÔNIA, ACREDITAR JÚNIOR FORMA SUA SEGUNDA TURMA
O Programa Acreditar
Júnior, criado pela
Odebrecht em agosto de
2009 nas obras da Usina
Hidrelétrica Santo Antônio,
em Rondônia, formará sua
segunda turma em janeiro.
Esse grupo é constituído de
188 aprendizes: 95 meninos
e 93 meninas. A primeira
turma, formada em 7 de
agosto, teve 164. A terceira,
iniciada em agosto, com
encerramento previsto para
julho de 2011, tem 368.
Esse crescimento revela
uma razão de ser: o alto
grau de adesão da comu-
nidade de Porto Velho
ao Programa Acreditar
e à ideia de que Santo
Antônio transforma, de
modo positivo, a vida
de Rondônia. Antônio
Cardilli, Responsável por
Administração e Finanças
em Santo Antônio e idealizador do Acreditar e do
Acreditar Júnior, vibra. “O
Acreditar, para mim, é um
filho que cresceu, colocou
uma mochila nas costas
e está ganhando o mundo
para ajudar as pessoas.”
A mochila é uma das
imagens emblemáticas do
Acreditar Júnior, destinado
a filhos de integrantes do
Consórcio Santo Antônio
Civil (CSAC) com idade
entre 14 e 17 anos e que
estejam cursando, pelo
menos, o sexto ano do
ensino fundamental. Os
adolescentes recebem
mochilas, uniformes, bonés
e apostilas, para participar
de aulas que abrem seus
horizontes.
O módulo teórico dura
um mês, no campus da
Universidade de Rondônia;
o prático, em dois semestres, oferece aulas de
informática, mecânica e
outras especialidades, na
sede do Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial
(Senai). Cada aluno recebe
meio salário mínimo e tem
direito também a valetransporte e seguro de vida.
“Ao fim do curso, eles estão
qualificados para o mercado de trabalho”, diz a psicóloga Fabiane Costenaro,
da equipe de Cardilli. Em
Porto Velho, a notícia corre.
E aumenta o número de
interessados em participar da quarta turma do
Acreditar Júnior.
odebrecht informa
16
rota das bandeiras
Mudas plantadas
na área do Corredor
Dom Pedro I:
compensação
ambiental e
conscientização
Uma semente
plantada no coração
Programa de plantio de mudas mobiliza estudantes e comunidade
da região do Corredor D. Pedro I, em São Paulo
texto Júlio César Soares / fotos Dario de Freitas
Professora do ensino fundamental na Escola Municipal Therezinha
do Menino Jesus Silveira Campos
Sirera, em Atibaia (SP), Marlene
Martiniano Bernardes tem 30 alunos,
todos do quarto ano. Eles formam
uma das turmas que participaram
do programa de plantio de mudas
realizado pela concessionária Rota
das Bandeiras e pela Odebrecht
Infraestrutura. A escola está loca-
odebrecht informa
lizada no Jardim Cerejeiras, bairro
carente de Atibaia e, para Marlene,
esse tipo de ação ultrapassa os portões da escola e a questão ambiental. “É uma semente plantada nas
crianças, que levam as ações de preservação do meio ambiente para o
dia a dia, envolvendo seus familiares,
conscientizando sobre a importância
do meio ambiente. Eles aprendem o
que é qualidade de vida”, diz.
A Rota das Bandeiras é responsável pela concessão do Corredor Dom
Pedro I, que liga Campinas a Jacareí,
no interior de São Paulo. A Odebrecht
Infraestrutura executa, entre outras,
as obras de duplicação da Rodovia
SP-360 (que liga Itatiba a Jundiaí) e
do trevo da Dom Pedro I (SP-065), em
Campinas.
A ideia de plantar sementes nas
pessoas é compartilhada por Nicolas
Tanwing, Diretor de Contrato da
Odebrecht nas obras do Corredor
Dom Pedro I. “O trabalho é focado
na conscientização das pessoas.
Estamos plantando sementes na
comunidade, para que as ações
de meio ambiente não parem nas
obras”, explica.
Luiz Cesar Costa, DiretorPresidente da Rota das Bandeiras,
destaca a contribuição para o desenvolvimento sustentável e o respeito
às gerações futuras. “Respeitar o
meio ambiente é um dos compromissos da Rota das Bandeiras. Nosso
compromisso é seguir rigorosamente
as normas e exigências dos órgãos
ambientais para que possamos ajudar a garantir um futuro melhor para
as gerações que virão.”
A ação de plantio é uma contrapartida às obras realizadas nas estradas
que formam o Corredor. Para cada
árvore nativa que é removida, 25
novas árvores da mesma espécie são
plantadas. A construção da sede da
Rota das Bandeiras, no km 110 da
Rodovia SP-065, demandou o plantio
de 700 mudas.
Até agora, mais de 20 mil mudas
foram plantadas ao longo do trecho
em concessão, em áreas próximas
a escolas ou concedidas pelas prefeituras de cidades no entorno do
Corredor Dom
Pedro I. “Nossa
expectativa é plantar 300 mil mudas
para compensar as
intervenções realizadas nas rodovias.
A recepção tanto
do poder público
quanto da sociedade é favorável”,
conta Nicolas.
Há também doação de mudas para
escolas, para prefeituras (como as de
Atibaia e Itatiba), para o Batalhão do
Exército e o Instituto Agronômico de
Campinas.
O plantio é feito pelas equipes
de meio ambiente da Rota das
Bandeiras e da Odebrecht, que têm
como parceira a empresa Tecplant.
“As prefeituras ou os órgãos ambientais nos indicam um local e em
seguida avaliamos o terreno, fazemos a verificação de solo, cercamos
e iniciamos o plantio”, explica Sandra
Camargo, Responsável pelo Sistema
de Gestão Ambiental da Rota das
Bandeiras.
Sandra relata que a tendência
é que os locais de plantio sejam
próximos a Áreas de Proteção
Permanente (APPs), localizadas em
rios, nascentes ou encostas de morros. “Após o início do plantio, há o
monitoramento trimestral da flora,
exceto em períodos chuvosos, quan-
do a manutenção é mensal. Esse
monitoramento dura cerca de três
anos”, explica.
Além do plantio de mudas, a
equipe de Meio Ambiente da Rota
das Bandeiras realiza vistorias para
detectar a presença de animais nos
locais onde serão executadas obras.
Quando localizados, esses animais
são levados para uma área distante
e reintegrados à natureza. “Aqueles
que não podem voltar à natureza
por qualquer tipo de dificuldade
são examinados pelo veterinário
que faz parte da equipe da Rota
das Bandeiras e, em alguns casos,
encaminhados ao Parque do Tietê,
em São Paulo, com o qual temos
parceria”, diz Sandra.
Além disso, a Rota das
Bandeiras realiza um
estudo que indica os
principais trechos de
passagem de animais
na rodovia. “Ao descobrirmos esses trechos,
executamos passagens
de fauna, para evitar
atropelamento na
pista”, explica Sandra.
Luiz Cesar Costa
destaca que, para 2011, o foco
das ações será nas escolas.
“Desenvolveremos mais ações e projetos de conscientização, formação
e educação nas comunidades, em
especial nas escolas das cidades que
estão no entorno da obra.” Em relação aos integrantes da concessionária, ele salienta: “Continuaremos
a trabalhar em campanhas internas
para orientar sobre as práticas de
preservação e proteção à natureza,
como o uso racional de água e energia, uso de papel reciclado e coleta
seletiva de lixo”.
odebrecht informa
18
angola
Fonte de esperança
Programa Kulonga pala
Kukula, educação
para o desenvolvimento,
em idioma Kimbundu,
está transformando
a realidade de dez
comunidades angolanas
texto Renata Meyer
fotos Almir Bindilatti
Olhares atentos e cheios de
expectativa cercavam o trabalho
da equipe escalada para implantar
poços semiartesianos nas comunidades carentes da região do Pungo
Andongo, na Província de Malanje,
em Angola, onde a Odebrecht realiza o programa social Kulonga
pala Kukula. Enquanto a perfuratriz
entrava em ação, crianças e adultos
comemoravam a conquista. Antes,
o acesso à água era limitado pela
inexistência de sistemas de abastecimento. Atividades básicas como
banho, lavagem de roupas e mesmo
o consumo eram feitas em córregos
de águas barrentas ou através de
buracos improvisados na terra para
captação de água das chuvas.
A implantação de poços semiartesianos é uma das ações de melhoria
da qualidade de vida e saúde que
integram o Kulonga pala Kukula, que
visa contribuir para o desenvolvimento sustentável das 10 comunidades
residentes próximo à Hidrelétrica
odebrecht informa
Moradores de Malanje
e a água: início de
uma nova fase na vida
das comunidades
O poço semiartesiano sendo construído, a horta cultivada e a preparação do funge: segurança alimentar
de Capanda, onde hoje a Odebrecht
Angola realiza a construção das
rodovias Capanda-Cacuso e DondoCapanda. O programa foi elaborado
com base em um levantamento
socioeconômico realizado em parceria com a Gesterra – Gestão de Terras
Aráveis, empresa pública angolana
responsável pela implantação e gestão da Fazenda Pungo Andongo, nos
meses de abril e maio de 2009, que
buscou identificar o perfil familiar,
as condições de vida e as principais
potencialidades da população local.
Beneficiando um universo total
de 369 famílias - 1.148 pessoas -,
o programa, em cuja execução a
Odebrecht investiu US$ 892 mil em
2010, reúne um conjunto de ações
sistêmicas e integradas que pretendem reduzir o grau de vulnerabilidade
da população, ampliar as oportunidades de educação e de geração de
renda, fortalecer a história e a cultura locais e melhorar a relação da
comunidade com o meio ambiente.
Até 2012, a previsão é que o total de
investimentos da empresa chegue a
US$ 2,8 milhões.
“O grande diferencial deste trabalho é o fato de as ações serem pensadas de maneira sinérgica, de modo
que os resultados alcançados em
cada uma contribuam para os resul-
tados das demais”, afirma a gerente
do projeto, Ilana Cunha. “Outra premissa é o foco na autossustentabilidade das ações, a fim de assegurar
que seus benefícios se estendam
para além da atuação No primeiro semestre de 2010, o programa
Kulonga pala Kukula teve início com
as ações de ampliação das oportunidades geradoras de renda. Com baixo
custo, alto valor agregado e ciclo de
curta duração, a cadeia produtiva de
hortícolas foi introduzida na localidade, contribuindo para diversificar a
produção e para a segurança alimentar da população. Com os recursos
destinados ao projeto, foi criado um
banco de insumos, composto de
16 culturas diferentes, fornecidas aos
produtores com preços de custo e
carência para pagamento vinculada
ao ciclo produtivo de cada cultura.
Os camponeses envolvidos recebem orientações sobre técnicas de
cultivo em encontros semanais com
os extensionistas agrícolas do projeto,
que realizam o acompanhamento de
todas as etapas da cadeia produtiva,
desde o plantio até a comercialização
e distribuição. A produção é vendida
para clientes locais, incluindo os próprios contratos da Odebrecht e a Rede
de Supermercados Nosso Super.
Tradicionalmente difundida na
região, a cadeia produtiva da mandioca também ganhou impulso com as
ações do Kulonga pala Kukula, que
hoje é responsável pela organização
e gestão da moagem da fuba de
bombó, farinha de mandioca muito
fina utilizada para fazer o funge, a
principal iguaria da culinária angolana. O programa tem ajudado a criar
canais locais de comercialização,
contribuindo para o incremento de
75% na renda mensal das famílias
camponesas. No caso das famílias
envolvidas na cadeia produtiva de
hortícolas, esse incremento chega a
85%. “O Kulonga pala Kukula veio nos
mostrar que, com trabalho e dedicação, podemos ir muito mais longe”,
afirma o produtor Domingos Avelino
Francisco, ao se referir à casa que
conseguiu comprar com os recursos
obtidos a partir do cultivo.
odebrecht informa
Parteiras tradicionais: redução
dos índices de mortalidade
infantil e materna. Abaixo,
participantes do programa
Kulonga pala Kukula
Kulonga pala Kukula significa “Educar para Desenvolver”
em quimbundu, língua disseminada em 11 províncias de Angola,
entre elas Malanje, onde o programa é executado.
Ambas as cadeias produtivas
contam com o apoio logístico da
Gesterra, parceira do Programa, que
disponibiliza caminhões e motoristas
para o recolhimento dos produtos
nas comunidades e a distribuição aos
clientes.
A alta vulnerabilidade da população, resultado das precárias condições de moradia, da falta de abastecimento de água e da inexistência
de rede de saneamento e limpeza
urbana, verificados no levantamento
preliminar, demandou, por parte
do projeto, um arranjo de ações
com impactos diretos na saúde e
na melhoria da qualidade de vida. O
primeiro passo foi identificar alternativas viáveis para o abastecimento
de água das comunidades, com foco
na melhoria dos padrões de higiene
da população. Através do programa,
foram investidos cerca de US$ 300
mil na implantação de cinco poços
semiartesianos e 21 cisternas para
captação e aproveitamento das águas
das chuvas, estas últimas ainda
em fase de construção em mutirão
odebrecht informa
com a participação das comunidades. ”Percebemos que a questão do
acesso à água era um fator limitador
para qualquer ação que viéssemos a
realizar naquelas comunidades”, afirma Ilana Cunha, que salienta que a
implantação dos poços e cisternas na
região é uma ação estruturante.
Além de facilitar o acesso à água
para as comunidades da região,
o Kulonga pala Kukula promove
regularmente programas de formação de agentes de prevenção e
combate à Aids e à malária, ajudando a melhorar os indicadores de
saúde. Também executa o Programa
de Fortalecimento das Parteiras
Tradicionais, que visa contribuir para
a redução dos índices de mortalidade
infantil e materna, e da transmissão
vertical da Aids. São promovidos
cursos que orientam sobre higiene e
segurança na realização de partos e
sobre a importância do planejamento
familiar.
A baixa oferta de ensino formal é
um fator crítico no desenvolvimento
da região do Pungo Andongo, explicando os baixos índices de escolaridade da população e a forte migração
de jovens para os centros urbanos.
Com o intuito de ampliar a formação
dos jovens através de um processo de
educação contextualizada, pelo trabalho e para a vida, o programa deverá
possibilitar a implantação, a partir de
2011, da Casa Familiar Rural, baseando-se na experiência da Fundação
Odebrecht na região do Baixo Sul da
Bahia. O objetivo principal é formar
uma geração de líderes capazes de
contribuir para o desenvolvimento
das suas comunidades. Também está
prevista a realização de um programa
de alfabetização para adultos, que irá
conferir mais autonomia aos produtores, permitindo o fortalecimento
de organizações associativas de
produção.
Para a administradora adjunta da
comuna do Pungo Andongo, Maria
Teresa Oleque, o conjunto de ações
do programa Kulonga pala Kukula
está mudando a vida das populações
locais. “Este projeto ajuda a criar
novas perspectivas para o nosso
povo, com frutos que começam a ser
observados em diversas áreas”.
angola
Novos dias no Honga
Com soluções criativas, projeto melhora qualidade de vida
em bairro de Luanda texto Renata Meyer / foto Almir Bindilatti
Em 2009, um dado preocupante chamou a atenção das equipes
da Odebrecht que trabalhavam no projeto Condomínio Monte
Belo, em Luanda. Durante o período de chuvas, entre março
e julho, foi observado um aumento considerável dos casos de
malária entre os integrantes. Após a avaliação de médicos e
pesquisadores, verificou-se que a origem do problema estava nas
precárias condições sanitárias em que viviam os moradores do
bairro Honga, situado no entorno da obra.
Esse foi o ponto de partida de um projeto que está ajudando a
transformar a realidade de muitas das 15 mil famílias que vivem
na região. Desde julho de 2009, a Odebrecht e a Sakus, parceira
nos empreendimentos imobiliários da Organização em Luanda,
atuam na comunidade através do Projeto Honga, identificando os
problemas do bairro e buscando, com ações criativas, melhorar a
qualidade de vida de seus moradores.
A mobilização dos líderes comunitários em torno desse objetivo
e o engajamento de parceiros das iniciativas pública e privada,
além de voluntários como o grupo formado pelas esposas de
integrantes da Odebrecht, Kambas do Bem, foram fundamentais
para a implantação e consolidação do programa, que também visa
promover o resgate da cidadania e a inclusão social. O projeto, que
surgiu a partir de uma preocupação com a saúde, ganhou corpo
e hoje abrange uma série de ações em áreas tão diversas quanto
educação, cultura, cidadania, esporte e lazer.
No âmbito da saúde, foram realizadas ações corretivas e preventivas em parceria com a Repartição Municipal de Saúde da
Samba (localizada na região metropolitana de Luanda e onde está
situado o Honga), incluindo cursos de formação de agentes comunitários, distribuição de mosquiteiros, realização de campanhas
21
Crianças do
Honga jogam
capoeira: lazer,
integração e
inclusão
de vacinação e instalação de postos de saúde móveis para tratamento da população. Um dos desafios nesta área, dada a carência
de dados estatísticos populacionais – boa parte dos moradores do
Honga nem sequer possui registro –, é o levantamento de informações sobre as condições de saúde da população, as principais
enfermidades e a sua incidência. Esse trabalho está sendo realizado através de um convênio com a Universidade Jean Piaget, que
também inclui o atendimento à comunidade por estudantes em
estágios supervisionados. O atendimento será feito no centro de
saúde provisório em implantação na comunidade.
O Projeto Honga, hoje apoiado pelo contrato Luanda Sul
devido ao término das obras do Projeto Monte Belo, também
proporciona aulas de capoeira a 130 crianças, estimulando a prática esportiva e o resgate cultural através de uma
arte genuinamente africana. Com materiais de construção
remanescentes das obras da Odebrecht, o projeto ajudou a
reconstruir a igreja do bairro e a levantar o posto de saúde
provisório para atendimento à população, além da casa onde
hoje reside um grupo de irmãs de caridade que se mudaram
do Brasil para Angola com o objetivo de trabalhar em prol da
comunidade. Na capacitação de pessoas, formou 20 mulheres
na profissão de pedreiro, as quais já fazem parte do quadro da
Odebrecht. O objetivo é promover outros cursos de capacitação, em um centro de formação a ser implantado, em parceria
com as Kambas do Bem e a comunidade.
“O Projeto Honga veio despertar a nossa comunidade para
o que hoje é a evolução da sociedade. Graças a ele, podemos
vislumbrar novos horizontes adiante”, afirma o líder comunitário Abraão João Cawendi.
odebrecht informa
22
coleta seletiva
ACERVO ODEBRECHT
Participantes da campanha
de reciclagem realizada
durante o GP Brasil de
Fórmula 1 (nesta e na outra
página): preservação
ambiental e geração de
trabalho e renda
Reciclagem no pódio
Campanha de reciclagem realizada durante o GP Brasil de Fórmula 1
mostrou como criar produtos e oportunidades de trabalho texto Eliana Simonetti
Em parceria com a Prefeitura de
São Paulo, a Plastivida e a Plásticos
Suzuki, a Braskem promoveu uma
campanha de reciclagem de plásticos peculiar entre os dias 4 e 28
de novembro. A largada foi dada no
GP Brasil de Fórmula 1, realizado
em Interlagos, e contou com pontos de coleta em cinco parques de
diferentes regiões da capital paulista. A campanha não se limitou à
coleta de material reciclável, mas
mostrou como criar novos produtos
e gerar empregos nessa cadeia.
Produziu 400 lixeiras e 100 floreiras
de madeira plástica, a serem doadas
odebrecht informa
a São Paulo na comemoração do
aniversário de sua fundação, em 25
de janeiro.
“Esta foi uma iniciativa de primeira linha. A campanha como um
todo, e a madeira plástica em particular, receberam muitos elogios”,
afirma Geraldo Pires, consultor
que coordena os projetos socioambientais da Plastivida (Instituto
Socioambiental dos Plásticos). Pires
estava em Interlagos antes do dia 4
de novembro. Participou da organização dos coletores da Cooperativa
Coopercaps, e da montagem de uma
fábrica piloto da Plásticos Suzuki no
autódromo. E ajudou a recepcionar
os visitantes. “É interessante observar como as pessoas enxergam concretamente o conceito de sustentabilidade da Braskem”, acrescenta.
A campanha coletou todos os
resíduos descartados no autódromo. Além disso, 12 postos de coleta
de plásticos foram instalados nos
parques do Ibirapuera, da Luz, do
Carmo, do Trote e Alfredo Volpi. Na
comparação com o material coletado no GP 2009, considerando-se
apenas o autódromo, registrou-se
aumento de 22% nos recicláveis e
de 21% nos plásticos coletados.
RESULTADOS DO GP
BRASKEM DE RECICLAGEM
Coleta Seletiva em Interlagos
nos dias 5, 6 e 7 de novembro
PLÁSTICOS 12.055 kg (33,4%)
PAPÉIS 11.200 kg (31%)
> METAIS 8.700 kg (24,1%)
> VIDRO
4.140 kg (11,5%)
TOTAL
36.095 kg
>
>
Coleta de plásticos em cinco
parques paulistanos entre os
dias 4 e 28 de novembro
VOLPI
LUZ
> TROTE
> CARMO
> IBIRAPUERA
TOTAL
>
>
65 kg
384 kg
228 kg
373 kg
500 kg
1.550 kg
de plásticos. O plástico-madeira é
produzido a partir de fórmulas que
possibilitam o aproveitamento de
todo tipo de plástico descartado.
A seleção dos diferentes plásticos
ocorre para produzir uma madeira
mais resistente, ou mais flexível, por
exemplo. Mas tudo é aproveitado e o
resultado final é plasticamente bonito – o que não é um jogo de palavras, mas pura verdade. Foi o que
as 155.213 pessoas que visitaram a
minifábrica montada no autódromo
puderam ver.
“É preciso pensar em um destino
correto e rentável para o plástico”,
afirma Gustavo Bazzano, Diretor
Comercial da Acinplas. “Com características físicas muito parecidas com
as da madeira tradicional, e a resistência e a durabilidade do plástico,
a madeira plástica feita de material
reciclado é ideal para locais expostos
ao tempo”, completa.
ACERVO ODEBRECHT
Essa é a primeira vez que a campanha promovida pela Braskem no
GP Brasil se estende a outras áreas
de São Paulo. Foi em Interlagos que
o prêmio, desenhado pelo arquiteto
Oscar Niemeyer e produzido com
plástico verde, foi apresentado ao
público em 2008. Em 2009, foi montada uma fábrica dentro do autódromo, para que as pessoas pudessem
ver a produção dos troféus, que
daquela vez foram feitos a partir da
reciclagem de tampinhas de garrafas de água mineral. Em 2010, mais
um passo foi dado – para mostrar
que a reciclagem dos plásticos
descartados é viável de forma mais
abrangente.
O Grupo Acinplas, controlador da
Plásticos Suzuki, é líder nacional
na transformação de embalagens
plásticas para frutas e verduras.
Acumula mais de 10 anos de experiência em trabalhos com coletores
odebrecht informa
24
química
Visão ampla
Unidade de eteno verde da Braskem em Triunfo: a primeira fábrica
do mundo a usar, em escala industrial, matéria-prima renovável
texto Luciana Moglia / foto Mathias Cramer
A Braskem lançou-se em setembro de 2010 a um
novo desafio: ser líder mundial da química sustentável,
com o objetivo de inovar para melhor servir às pessoas.
Este caminho está sendo percorrido desde a fundação
da empresa, mas assume um status diferente quando
passa a ser a sua Visão.
No mesmo mês, a Braskem inaugurou no Polo
Petroquímico de Triunfo (RS) a unidade de eteno produzido com etanol da cana-de-açúcar, a maior fábrica do
mundo a usar matéria-prima renovável. Sua capacidade
de produção é de 200 mil t/ano. O plástico verde
apresenta um balanço ambiental muito favorável, ao
retirar até 2,5 t de carbono da atmosfera para cada
tonelada produzida de polietileno desde a plantação
da cana-de-açúcar.
A expressão “química sustentável” traduz o
caminho que a Braskem traçou para percorrer até
2020. Para a Braskem, o desenvolvimento sustentável é definido como “forma de condução e desenvolvimento dos negócios considerando o atendimento
das necessidades de todas as partes interessadas
hoje e no futuro”. Na prática, significa ofertar produtos e serviços através de processos que aliem a viabilidade econômico-financeira com responsabilidade
e compromissos em relação ao seu impacto social e
ambiental.
A química é mais ampla do que a petroquímica e abre
caminho para a empresa trabalhar com outras fontes
de matéria-prima além dos derivados de petróleo e
ampliar seu portfólio de produtos. O Brasil
é candidato a ser o maior abastecedor
odebrecht informa
mundial de matéria-prima de origem renovável por ter
uma boa área agricultável, disponibilidade de água e
alto nível de insolação, características que favorecem a
Braskem na perspectiva de utilizar fontes renováveis de
matéria-prima.
“Teremos de pesquisar novos processos de produção
de matéria-prima, como fizemos com eteno a partir do
etanol, que tenham condições econômicas e comprovada sustentabilidade. Será praticamente necessário
recriar a química”, afirma Roberto Ramos, então VicePresidente de Negócios Internacionais da Braskem.
O uso de matérias-primas renováveis como a canade-açúcar e a procura por outras rotas tecnológicas
constituem um importante pilar dessa nova Visão da
Braskem. Mas a química sustentável é parte de um
conceito bem maior. “Sustentável não é só renovável.
Temos de atingir melhor desempenho nos processos
industriais e nos índices de ecoeficiência, como a busca
da redução de emissões de CO2”, afirma Rui Chammas,
Vice-Presidente de Polímeros da Braskem.
Jorge Soto, Responsável por Desenvolvimento
Sustentável na Braskem, explica que a empresa já contabiliza bons resultados dos investimentos em melhoria
de índices de ecoeficiência. O resultado foi uma queda na intensidade de
emissões de carbono, de 13%, de 2008
para 2009. “Cuidar do meio ambiente
é uma forma adequada de atender às
pessoas e obter resultado. Essas são
as premissas de uma empresa sustentável”, afirma.
A busca pelo equilíbrio social também é um
importante pilar da Visão 2020. A Braskem elegeu
ações de reciclagem como prioritárias para os próximos anos, de maneira a contribuir para a inclusão
social de catadores de lixo. Entre outras ações, a
empresa ingressou em 2009 no projeto integrado da Rede Parceria Social de Inserção Produtiva
de Catadores e Fortalecimento de Unidades de
Reciclagem, realizado no Rio Grande do Sul, a partir
do apoio tecnológico aos centros de reciclagem.
Unidade de eteno
verde da Braskem
em Triunfo: a maior
fábrica do mundo a
usar matéria-prima
renovável
odebrecht informa
26
química
Em busca de melhorias
revolucionárias
Objetivo de chegar à liderança global da química sustentável
foi definido quando a empresa nasceu, em 2002
texto Luciana Moglia / fotos Mathias Cramer
O desafio lançado pela Braskem,
de ser Líder Mundial na Química
Sustentável para Melhor Servir às
Pessoas, teve início com a fundação
da empresa, em 2002. Consta de seu
Compromisso Público atuar de acordo
com os princípios do desenvolvimento
sustentável. Mesmo antes da criação
da Braskem, as
empresas que
viriam a formála já vinham
buscando a
melhoria de seu
A nova planta de eteno verde da
Braskem, em Triunfo (RS), e, na foto
menor, a matéria-prima ali produzida:
referência no mercado global
odebrecht informa
desempenho em Saúde, Segurança e
Meio Ambiente, através da participação
no Programa Atuação Responsável,
liderado pela Abiquim (Associação
Brasileira de Indústrias Químicas).
De 2002 a 2009, o nível de investimento nessa área subiu, com a melhoria das instalações e das práticas do
dia a dia. O resultado se traduz em
números. A média de investimentos
entre 2003 e 2004 foi de cerca de
R$ 40 milhões. Entre 2005 e 2008, a
média passou a aproximadamente
R$ 140 milhões. E em 2009 foi de R$
283 milhões (incluindo
o investimento na nova
planta de eteno verde).
Por causa disso, de 2002 a 2009 todos
os indicadores de ecoeficiência (por
unidade de produção) melhoraram.
O consumo de água caiu 19% e o de
energia, 12%. A geração de efluentes
foi reduzida em 40%.
O reconhecimento vem com distinções como a permanência da
Braskem no Índice de Sustentabilidade
Empresarial (ISE) da BM&Bovespa
pelo sexto ano consecutivo e a presen-
ça, pelo segundo ano, no Guia Exame
de Sustentabilidade. ”As pessoas
olham para a Braskem e já enxergam
nossas boas práticas e nossa contribuição para o desenvolvimento sustentável”, afirma Jorge Soto, Responsável
por Desenvolvimento Sustentável na
Braskem.
Para assumir a liderança global da
química sustentável até 2020, a inovação será essencial. “Será ela que nos
permitirá identificar melhorias revolucionárias capazes de trazer para a
sociedade um nível de resposta que os
problemas ambientais e sociais estão
exigindo, como as mudanças climáticas e o estresse hídrico em alguns
locais”, observa Soto.
A empresa traçou sete
macro-objetivos que
orientam em direção
à Visão 2020: redução da emissão
de gases de efeito estufa, busca de
matérias-primas renováveis, eficiência hídrica, eficiência energética,
pós-consumo, segurança química e
desenvolvimento das pessoas.
Para esses objetivos serem atingidos, a empresa conta sobretudo com
tecnologia e pessoas. “Nossa equipe
está comprometida com essa visão,
levando em consideração em suas
ações os princípios da sustentabilidade
e a busca por inovação, a fim de que
estejamos sempre na vanguarda”, afirma Manoel Carnauba, Vice-Presidente
de Petroquímicos Básicos.
Um dos mais importantes desafios
será a consolidação da liderança mundial na produção de resinas com matérias-primas renováveis. A Braskem
tem pela frente o desafio de identificar as melhores vias tecnológicas e
escolher as mais viáveis. Em alguns
casos, essas viabilidades não estarão
tão claras de início. Será preciso fazer
apostas. Existem boas possibilidades,
por exemplo, de se replicar o uso de
matérias-primas renováveis no México
e no Peru.
O conhecimento e a dedicação das
pessoas na busca pela inovação serão
peças-chave de todo o processo. “A
Braskem vai demandar grande esforço
no desenvolvimento de pessoas e na
construção de alianças estratégicas
com universidades e centros de
tecnologia mundiais. Vamos ter de
atrair pesquisadores de nível global”,
afirma Roberto Bischoff, líder da joint
venture da Braskem com a Idesa no
México, que desenvolve um projeto
petroquímico no estado de Veracruz e
que tem previsão de início de operação
para 2015.
odebrecht informa
28
moçambique
Caindo no mundo
Programa que já beneficiou 20
mil pessoas no Brasil, entre trabalhadores da Odebrecht e moradores das comunidades no entorno
das obras, o Caia na Rede fez sua
estréia internacional em novembro. Sob liderança da Odebrecht
e da Fundação Vale, em parceria
com a Microsoft Brasil, a HewlettPackard (HP) e a Transportes
Aéreos Portugueses (TAP), o
Caia na Rede foi implantado em
Moçambique, na área de influência do Projeto Carvão Moatize, da
mineradora Vale.
Três postos com computadores
ligados à internet e impressoras
devem beneficiar ao menos 1.500
pessoas até o fim de 2011. Um dos
postos fica no canteiro do Projeto
Moatize, à disposição dos integrantes da obra; o outro na escola
Dom Bosco, servindo aos jovens
das cidades de Moatize e Tete; e o
terceiro em Cateme, onde estão as
900 famílias que moravam na área
de concessão mineira e que foram
reassentadas. “A receptividade tem
sido fantástica. Os participantes
querem continuar frequentando as
salas após a finalização das aulas
e utilizam a internet nas horas
vagas”, destaca Marcos Vinícius
Couto, Responsável pelo Caia na
Rede em Moçambique.
odebrecht informa
Emílio Munaro, Diretor de
Educação da Microsoft Brasil,
com participantes do Caia na
Rede em Moçambique: três
postos com computadores
ligados à internet deverão
beneficiar 1.500 pessoas
até o fim de 2011
ACERVO ODEBRECHT
Programa Caia na Rede, de inclusão digital, faz, em Moçambique,
sua estreia internacional texto Leonardo Maia
FOTOS: ACERVO ODEBRECHT
Com carga horária de 32 horas
e duração de dois meses, o curso
tem dois módulos: o básico, voltado para a alfabetização digital,
e o técnico, focado na utilização
de serviços online e programas
do sistema Office. As aulas são
ministradas no sistema de e-learning, desenvolvido pela Microsoft,
com a ajuda de monitores voluntários.
Ocupando a posição de
número 172 entre os 182 países no ranking do Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH),
Moçambique tem apenas 1,56%
de sua população com acesso à
internet, o que atesta a importância de um programa ligado à
inclusão digital no país. Com poucos meses de vida, o Caia na Rede
já tem continuidade garantida. “A
Vale é nosso parceiro executivo no
programa e tem presença assegurada em Moçambique por 35 anos.
Esse trabalho continuará com o
apoio deles”, afirma
Marcos Vinícius.
odebrecht informa
30
escola em ação
Lições transformadoras
Programa desenvolvido em Macaé (RJ) promove a inserção social
por meio de atividades culturais e comunitárias
texto Rubeny Goulart
Desenvolvido desde 2007, em Macaé
(RJ), com o objetivo de promover a
inserção social em áreas carentes
através de atividades culturais e
comunitárias, o programa Escola em
Ação é fruto de uma parceria entre
a Odebrecht Óleo e Gás (OOG), a
Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco) e a Secretaria de Educação
do Município de Macaé. Já beneficiou
diretamente mais de 1.500 pessoas,
entre alunos das escolas envolvidas e
pessoas das próprias comunidades do
entorno, e hoje atende semanalmente
mais de 400 participantes, distribuídos
em sete escolas (que serão acrescidas
de mais quatro em 2011). O Escola
em Ação é uma iniciativa social que
está transformando vidas, ao oferecer
perspectivas de crescimento para
muitos jamais experimentadas.
Participam do Escola em Ação
19 voluntários das próprias comunidades de Macaé, que atuam nos
três projetos que compõem o programa: o Abrindo Espaços, voltado
para atividades esportivas, culturais
e recreativas; o Caia na Rede, de
inclusão digital; e o de Qualificação
Profissional, que prepara membros
da comunidade para habilitações
específicas do mercado de trabalho.
O programa é administrado por um
Comitê Gestor, que reúne representantes das empresas apoiadoras, da
Secretaria de Educação do Município
e da Organização Não Governamental
(ONG) Instituto Crescer, o braço executor dos projetos.
O Escola em Ação nasceu sob
inspiração do Programa Abrindo
Espaços: Educação e Cultura para
a Paz, da Unesco, que privilegia o
funcionamento das escolas públicas,
localizadas em comunidades carentes, nos fins de semana, para atividades culturais, esportivas e de lazer.
Em Macaé, o objetivo do programa,
implantado em articulação com a
Secretaria Municipal de Educação, é
ROBERTO ROSA
Jovens que integram o Escola em Ação: novas perspectivas
odebrecht informa
MARCELO PIZZATO
reduzir a convivência dos jovens com
a violência do seu entorno social,
incentivar o interesse pelo estudo e,
ao mesmo tempo, integrar comunidade e escola. Hoje, o Abrindo Espaços
funciona em quatro estabelecimentos
de ensino da região.
O Colégio Municipal Botafogo,
localizado numa das áreas mais
carentes e violentas do município,
foi dos primeiros a aderir ao Abrindo
Espaços. Hoje, pelo menos metade
dos seus 758 alunos frequenta, no
contraturno das aulas e aos fins de
semana, os cursos de balé, jazz,
judô, capoeira e tricô ministrados na
escola. O Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (Ideb), que
mede a qualidade do ensino,
aumentou 40% e o colégio, que
sofria com depredações contínuas,
está mais preservado. “Há mais respeito e os alunos passam a maior
parte do tempo na escola em atividades culturais”, diz a diretora da
escola, Luziana Almeida, que atua
na comunidade há mais de 22 anos.
No rastro do Abrindo Espaços, o
Escola em Ação lançou, em outubro
de 2010, o Caia na Rede, executado,
até agora, em três escolas municipais
macaenses. O projeto, que se espelha nos cursos de capacitação digital
ministrados nos canteiros de obras da
Odebrecht, foi aplicado pela primeira
vez em São Roque do Paraguaçu (BA),
pelo Consórcio PRA-1, e em menos
de um ano habilitou mais de mil pessoas, entre trabalhadores, professores
e alunos das escolas municipais da
região.
Adaptado ao Escola em Ação, o
Caia na Rede, realizado nas bibliotecas das escolas, com o apoio da
Secretaria de Ciência e Tecnologia
de Macaé, está aberto a alunos, pro-
Caia na Rede:
instrumento para
a atuação dos
jovens em suas
comunidades
fessores e membros da comunidade.
Através de uma parceria nascida em
2009, o programa acabou sendo reforçado com as parcerias da Microsoft,
fornecedora dos softwares e do treinamento dos professores, da Dell e
da IBM, que cedem os computadores, além do Sesi (Serviço Social da
Indústria), responsável pelo módulo
básico de introdução à informática.
“A expectativa é de que, dominando
o meio digital, alguns jovens atuem
dentro dos seus bairros produzindo e
veiculando informações de interesse
comunitário”, explica Emile Machado,
Coordenadora de Responsabilidade
Social da OOG e representante da
empresa no Comitê Gestor.
Na Escola Oscar Cordeiro, o Caia
na Rede já tem nove alunos matriculados. A diretora da escola, Adelma
José dos Santos Menezes, considera
a inclusão digital um portal de oportunidades. “O domínio da linguagem e
dos meios digitais levanta a autoestima dos alunos”, diz ela. “O Escola em
Ação permite uma grande interação,
inclusive com membros da comunidade que não frequentavam a escola”.
Os cursos de Qualificação
Profissional, que completam o tripé
de projetos do Escola em Ação, surgiram através de demanda das próprias
comunidades de Macaé. Os primeiros
cursos foram nas áreas de construção civil, caldeiraria, pintura elétrica e
industrial. Até agora foram formados
453 jovens, todos da comunidade, e
pelo menos 60% deles estão inseridos
no mercado de trabalho.
Além de participarem dos cursos
e atividades do Escola em Ação, os
membros da comunidade interagem
através do trabalho voluntário. A estudante Greicy Kelly, de 15 anos, professora voluntária na Escola Engenho
da Praia no curso de biscuit, uma
técnica de adorno aplicado em louças,
garrafas, potes e outras peças, é uma
“multiplicadora”, pela capacidade de
formar outros voluntários. Um deles é
o amigo José Tayan, de 15 anos, que é
seu aluno e também ensina a técnica
de biscuit na mesma escola. “Estou
feliz em poder somar, ajudar as pessoas”, ele afirma. Mais do que somar,
para o Escola em Ação o trabalho de
voluntariado multiplica.
odebrecht informa
32
prêmio
A engenharia
da preservação
Terceira edição do Prêmio Odebrecht para o Desenvolvimento Sustentável
tem como vencedores universitários de cinco estados brasileiros
texto Leonardo Mourão
Os cinco trabalhos campeões
da terceira edição do Prêmio
Odebrecht para o Desenvolvimento
Sustentável, realizados por jovens
universitários de universidades
de todas as regiões do Brasil,
mostram que do norte ao sul do
país há um franco crescimento
de talentos atentos à produção
de soluções de engenharia que
considerem os principais pilares
da sustentabilidade: viabilidade econômica, responsabilidade
ambiental e inclusão social. São
futuros profissionais que se propõem, desde já, a contribuir para a
sustentabilidade socioambiental do
Brasil e do mundo.
Entulho reaproveitado
Tome-se como exemplo o projeto “Proposta para viabilização de
construções com geração de entulho zero”, elaborado por Beatriz
Rossignol Vieira Cardoso, 23 anos,
e Neide Braga dos Santos, 29, alunas do último ano de Engenharia
Civil da Universidade São Judas
Tadeu, em São Paulo. Orientadas
pelo professor Flávio Leal
Maranhão, Beatriz e Neide fizeram
odebrecht informa
o seu Trabalho de Conclusão de
Curso levando em conta que os
resíduos produzidos em uma obra
de construção civil são gerados em
etapas distintas do andamento dos
serviços e podem ser aproveitados
como matéria-prima das fases
seguintes.
“Um canteiro de obras é um
local perfeito para reciclagem e
reaproveitamento de materiais
e já há conhecimento técnico
para fazer isso”, explica Neide.
“Queremos eliminar as caçambas
de entulho e todo o gasto de energia necessário para levá-las até
os locais de despejo que, aliás, já
estão esgotados nas cidades de
grande porte.”
Em seu trabalho, a dupla cita
estatística mostrando que a média
de entulho produzido por metro
quadrado em obras novas é de 150
kg, o que faz com que uma obra de
10 mil m² produza cerca de 1.500
t de resíduos. No ano de 2000, é
dito, foram descartadas na cidade
de São Paulo 17.240 t de entulho por dia. “É um número muito
alto”, afirma Beatriz. “E a grande
questão é que os engenheiros que
hoje têm 30, 40 anos de idade não
foram treinados e muitas vezes
não estão atentos à necessidade
de dar um destino correto a esses
resíduos.”
A proposta das futuras engenheiras, na metodologia que
criaram, também faz sugestões
de como as várias instâncias
envolvidas nessa questão – Estado,
construtoras e clientes – podem
ser incentivadas a diminuir esse
impacto ambiental. As construtoras, por exemplo, que se engajassem na prática de reciclar integralmente os resíduos nas obras,
teriam direito a benefícios fiscais
na compra de produtos ou contratação de serviços; quem comprasse unidades nessas edificações
teriam uma redução de IPTU
devido e os órgãos públicos economizariam recursos com a diminuição do trânsito de caminhões de
entulhos nas vias das cidades e na
manutenção das áreas de despejo.
“É uma proposta inédita para o
tratamento de resíduos”, afirma
Flávio Leal Maranhão, professor de Materiais de Construção
e Construção de Edifícios. “Nos
ACERVO ODEBRECHT
A partir da esquerda, atrás, o apresentador Ricardo Voltolini, Rovy Ferreira, Enedir Ghisi, Nadja Dutra, Henrique Valladares
(Líder Empresarial da Odebrecht Energia), Angelo Zanini, Francisco Cavalcante, Guilherme Soares, Lucianna Szeliga,
Michélle Casagrande, Pedro Henrique Lopes, Neide dos Santos e Flávio Maranhão; à frente, Gustavo Fontes, Suelly Barroso,
Synardo Pereira, Isadora da Silva, Hersília Santos e Beatriz Cardoso: sintonia entre o meio empresarial e o acadêmico
Estados Unidos e Europa, há programas similares que incentivam
a economia de energia com uma
adesão de 50% dos construtores.
Aqui no Brasil sem dúvida teríamos um percentual parecido, com
um grande impacto sobre o meio
ambiente.”
Brita substituída
O momento da construção civil
vem colocando como uma necessidade urgente a busca de alternativas para os resíduos produzidos
nas cidades, também fora delas o
grande fluxo de construções está
exigindo novas abordagens na
construção civil. A quantidade de
estradas que começam a ser pavimentadas é um exemplo disso. Os
recursos naturais, principalmente
a pedra britada, são limitados e
a sua extração é hoje fortemente regulamentada pelos órgãos
ambientais.
Uma solução para essa questão é proposta pelos alunos
Synardo Leonardo de Oliveira
Pereira e Francisco das Chagas
Isael Teixeira Cavalcante, da
Universidade Federal do Ceará.
Orientados pela professora Suelly
Helena de Araújo Barroso, que
teve os trabalhos que orienta escolhidos pelo Prêmio Odebrecht em
todas as suas três edições, os universitários propõem que se utilize
resíduos provenientes da indústria
siderúrgica como agregado em
revestimento do tipo Tratamento
Superficial Duplo (TSD). O desempenho desse subproduto foi com-
odebrecht informa
parado com as placas de TSD
convencionais em um procedimento de laboratório que simula
a resposta dos dois produtos,
comprovando-se a eficiência dos
resíduos cirúrgicos em rodovias de
baixo volume de tráfego.
Cinza na estrada
Um segundo trabalho que também sugere o reaproveitamento de
materiais que costumam ser descartados, na melhor das hipóteses
em áreas de despejo controladas,
para a utilização na construção
de rodovias foi elaborado na PUC
do Rio de Janeiro, pelos alunos
Gino Omar Calderón Vizcarra e
Lucianna Szeliga, sob a orientação da professora Michéle Dal
Toé Casagrande. Nessa proposta,
avaliou-se a possibilidade de utilizar cinzas volantes (assim chamadas por serem resíduos leves
resultantes da queima de produtos
orgânicos) em uma mistura com
solo argiloso para compor a base
de rodovias.
Foram examinadas as cinzas produzidas na Usina Verde,
localizada na Ilha do Fundão, no
Rio de Janeiro, que tiveram sua
composição química estudada e
sua resistência mecânica testada. A conclusão é que as cinzas
são capazes de estabilizar a
base dos pavimentos, diminuindo
sua movimentação de expansão
e contração, sendo adequadas
para rodovias que recebem uma
carga moderada de veículos. E,
o melhor, esse processo poderia
evitar que essas cinzas fossem
lançadas na atmosfera, como
acontece em muitos incineradores
de lixo urbano.
odebrecht informa
Escada de peixes
Em um país como o Brasil, em
que a abundância de rios faz com
que seja altamente profícua a
construção de hidrelétricas para
a produção de energia elétrica, a
preocupação com o impacto dos
grandes lagos artificiais sobre a
ictiofauna está sempre presente. A interrupção de um curso
d’água por uma grande barragem
costuma impedir, sobretudo, o
fluxo migratório dos peixes para a
cabeceira dos rios no período de
reprodução.
Para minimizar esse grave risco,
são construídas “escadas” ao lado
das barragens que permitem aos
peixes escalá-las, como fariam
em uma corredeira natural. No
entanto, conforme constataram
três alunos do Centro Federal de
Educação Tecnológica de Minas
Gerais (Cefet/MG), na maioria das
vezes essas “escadas” são feitas
de concreto liso o que dificulta
ou mesmo impede que os peixes
vençam esses degraus até a montante dos rios.
Para solucionar esse desafio, Isadora Carvalho da Silva,
Guilherme Gonçalves Soares e
Pedro Henrique Viana de Araújo
Lopes propuseram que fossem
agregados a esses anteparos seixos
e argilas que tornariam a superfície desses dispositivos rugosos o
suficiente para servirem de apoio
aos peixes. No trabalho, que teve
como orientadora a professora
Hersília de Andrade e Santos, os
alunos propuseram um tipo de
mecanismo de transposição que,
além de agregar seixos e perfis de
argila para facilitar a propulsão dos
peixes, é capaz de tornar o fluxo de
água compatível com o movimento
ascendente dos animais. Foram
produzidas peças de concreto experimentais para esse mecanismo de
transposição e medidos o fluxo e o
turbilhonamento da água que passava por eles.
Escola para todos os climas
Da Universidade Federal de
Santa Catarina surgiu a proposta
de desenvolver uma escola modular sustentável e capaz de proporcionar conforto a seus ocupantes
em qualquer dos diferentes climas
existentes no país. De autoria dos
alunos Gustavo Prado Fontes e
Rovy Pinheiro Pessoa Ferreira, o
trabalho orientado pelo professor
Enedir Ghisi propõe o uso de técnicas construtivas tanto modernas
quanto tradicionais e com tecnologias inovadoras que tenham por
objetivo gerar e preservar recursos com eficiência energética,
proporcionando conforto térmico e
luminoso.
O projeto prevê o uso de aquecimento solar da água, aproveitamento de água de chuva,
reutilização de águas usadas e
ventilação e iluminação naturais. Como um dos objetivos era
tornar os módulos adequados a
diferentes tipos de clima, foram
escolhidas três cidades – Curitiba,
Ituaçu e Belém, respectivamente
no Paraná, Bahia e Pará – nas
quais as condições climáticas
são bem diversas. As análises,
simuladas em computador, mostraram a necessidade de adaptar o
módulo para os extremos climáticos de cada uma das regiões (em
Curitiba, o frio; em Belém, o forte
calor), o que foi feito.
35
venezuela
Novas ideias, novas soluções
ACERVO ODEBRECHT
Em sua primeira edição, Prêmio Odebrecht Venezuela de Desenvolvimento
Sustentável mobiliza universidades de todo o país texto Cláudio Lovato Filho
A partir da esquerda, Jorge Yánez, Fruto Vivas (conferencista), Guillermo Bonilla, Joaquin Clausnitzer Paez, Aillen Ferreira
Camacaro, Euzenando Azevedo, Maria Boscan Granadillo, Alvaro Waracao Navaez, José Cláudio Daltro (Responsável por
Administração e Finanças na Odebrecht Venezuela), Marcos Catillo Rondon, Manuel Briceño, Agustín Marulanda e Emily
Marín: alunos, professores e representantes de universidades recebem reconhecimento da empresa
Jovens universitários construindo seu próprio futuro
e pensando o amanhã de seu país. O grupo de Caracas
apresentou uma solução para a redução do impacto
ambiental que pode ser causado pela instalação de uma
fábrica de concreto maldimensionada. A estudante de
Maracaibo fez uma sugestão para o desenvolvimento elétrico, hídrico e gasífero de um complexo turístico-hoteleiro
na Ilha de Coche. Venceram a primeira edição do Prêmio
Odebrecht Venezuela de Desenvolvimento Sustentável, dirigido a estudantes de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
de universidades de todo o país.
Na cerimônia de premiação, realizada em Caracas,
no dia 16 de novembro, a alegria e a vibração típicas do
ambiente universitário deram o tom da festa. O salão do
Hotel Marriott no qual ocorreu a solenidade mais parecia
o prédio de um campus. Estavam reunidas 190 pessoas,
entre estudantes, professores, diretores de departamento, reitores, representantes de entidades de classe, de
associações e de meios de comunicação, além de clientes da Odebrecht.
Joaquin Bertholdo Clausnitzer Paez, Aileen Gabriela
Ferreira Camacaro e Marcos Alfredo Castillo Rondon estudam Engenharia Civil na Universidade José Maria Vargas,
de Caracas. Foram orientados, na elaboração de seu projeto, pelo Professor Alvaro Jose Waracao Narvaez. Maria
Daniela Boscan Granadillo, aluna de Engenharia Elétrica
da Universidade de Zulia, em Maracaibo, foi orientada em
seu projeto pelo Professor Cesar Francisco Alvarez Arocha.
Dividiram o primeiro lugar em um prêmio novo mas muito
disputado, cuja segunda edição já começou a ser preparada. Receberam troféus, certificados e BsF (bolívares fortes)
90 mil, total distribuído entre os estudantes, os orientadores e as universidades.
“Queremos motivar os jovens estudantes a conceberem e executarem projetos com base no Desenvolvimento
Sustentável, gerando conhecimento e difundindo novas
ideias”, disse Euzenando Azevedo, Líder Empresarial da
Odebrecht Venezuela, na abertura da solenidade. Ele ressaltou a tradição existente na Odebrecht da busca de um
relacionamento o mais estreito possível com o meio acadêmico, em todos os países onde as equipes da empresa
estejam presentes.
odebrecht informa
36
portugal
Isabel e Tatiana:
rejeição à escola
tratada com diálogo
Uma nova relação
Programa com a participação de empresários ajuda a mudar
a maneira como os jovens veem a escola
texto José Enrique Barreiro / fotos Marcella Haddad
Um ano atrás, sem interesse pelos
estudos, a adolescente portuguesa
Soraia Caetano, aluna do 9º ano da
Escola EB 2/3 Cardoso Lopes, no
bairro da Amadora, em Lisboa, estava
prestes a tomar uma decisão radical
em sua vida. “Eu queria abandonar a
escola.” Ela dedicava seu tempo apenas a jogar futebol e a navegar pela
internet. Em relação à escola, desmotivação, mau comportamento e notas
baixas. O abandono era iminente.
Foi quando apareceu em sua vida
a professora Isabel Duarte, que
atua como mediadora do Programa
Epis – Empresários pela Inclusão
Social. Criado em Portugal, em
odebrecht informa
2006, a partir de uma convocação
feita pelo Presidente da República
Aníbal Cavaco Silva aos empresários do país para que ajudassem na
melhoria da educação, o Epis está
voltado para o combate ao insucesso e ao abandono escolar e para o
desenvolvimento de boas práticas
de gestão educacional. Mais de 80
empresas, entre elas a Odebrecht
Bento Pedroso Construções (BPC),
apoiam o programa.
“Nós fazemos o acompanhamento
individual do aluno em dificuldade”,
relata Isabel Duarte, que conseguiu
reverter a situação escolar de Soraia
Caetano, que não pensa mais em
abandonar os estudos. Pelo contrário:
passou a gostar de estudar, obtém
boas notas e ainda encontra tempo
para treinar e jogar como guardaredes (goleira) do time jovem de futebol feminino do Benfica.
Outra adolescente que teve sua
relação com a escola transformada pelo relacionamento com Isabel
Duarte foi Tatiana Mendes, também
do 9º ano da EB 2/3 Cardoso Lopes,
cuja vida, um ano atrás, segundo
a estudante, “era só vadiar”. Hoje,
Tatiana, que quer ser estilista, tira as
melhores notas em Educação Visual
de sua turma. Sobre o trabalho da
mediadora, Tatiana reconhece: “O
mais importante foi ela conversar
comigo”.
Soluções simples
“Fazemos um trabalho complementar ao da escola. Por meio de um
acompanhamento individual extraclasse, ajudamos os alunos a adotar
rotinas simples, mas que podem ser
decisivas para seu desenvolvimento”, esclarece Diogo Simões Pereira,
Diretor do Epis. Uma dessas rotinas
é aprender a estudar organizando
melhor o tempo diário e definindo
prioridades e concentrações. “Não
ensinamos matérias, isso cabe aos
professores das classes. Nem queremos mudar a vida dos alunos.
Queremos apoiá-los para que tirem
melhores notas, transformem sua
relação com os estudos e percebam
que a única perspectiva de futuro é
através da escola, pois é ela que oferece a certificação necessária para a
inclusão social”, afirma Diogo.
Para dar conta de seus desafios,
o Epis desenvolveu uma tecnologia
centrada na mediação. Os mediadores
Diogo Pereira: trabalho complementar
não são professores das escolas em
que atuam. São personagens externos
a elas. Dedicam-se a compreender as
questões vividas pelo aluno em dificuldade escolar, em quatro âmbitos:
consigo mesmo, com sua família, com
seu território (comunidade) e com
sua escola. Através do diálogo e do
estímulo, buscam as soluções melho-
res e mais simples para superação
das dificuldades. “Os professores da
sala de aula, por mais que queiram,
não têm tempo nem condições de
fazer esse trabalho. Por isso estamos
aqui”, diz Isabel Duarte, uma das 73
mediadoras do Epis que, em 2009 e
2010, acompanharam 5.812 alunos de
94 escolas do país.
Escolas do Futuro
Soraia: "Eu queria
abandonar a escola"
A outra frente de trabalho do Epis
tem como foco a gestão educacional.
Denominado Escolas do Futuro, o
projeto busca disseminar as melhores
práticas das escolas portuguesas
que apresentam bons resultados. Já
foram identificadas 130 boas práticas.
Reunidas em um livro dirigido a diretores, professores e pais, constituem
referência para a melhoria da gestão
educacional em Portugal, país que
apresenta uma das maiores taxas
de insucesso e abandono escolar
da Europa. “Estamos atrasados, no
campo da educação, em relação aos
países da Europa do Norte e Central”,
odebrecht informa
posiciona Diogo Simões Pereira. Ele
explica: “Contribuiu para isso o fato de
o ensino português, que há 20 anos
era elitista, ter se universalizado, o
que levou muitos jovens a serem os
primeiros de suas famílias a ingressar
na escola. Com isso, o desempenho
médio baixou”. O movimento, porém,
segundo ele, é temporário. Mais
adiante, a qualidade geral do ensino
voltará a crescer.
Solicitado por Odebrecht Informa
a eleger duas das 130 práticas que
implementaria de imediato, caso
fosse designado diretor de uma
escola portuguesa, ele apontou as
seguintes:
- Conhecer muito bem o aluno e
seu meio socioeconômico. Identificar
aqueles que merecem tratamento
especial (“em geral, 20% do total de
cada turma, os demais têm condições
de seguir sozinhos”) e focar neles.
- Apostar na proximidade dos pais à
escola. Quando os pais acompanham
a educação dos filhos, os resultados
são melhores. Quando percebem que
os pais não acompanham, os jovens
passam a correr risco escolar.
APRENDER A EMPREENDER
Além do Epis, outras instituições
não governamentais têm apoiado
a melhoria da educação portuguesa. Entre elas está a Junior
Achievement, fundada em 1919
nos Estados Unidos e que desde
2005 atua em Portugal, onde
desenvolve o programa Aprender
a Empreender, dirigido a todos os
âmbitos escolares.
O objetivo do programa, segundo Erica Nascimento, Diretora
Regional Sul Lisboa da instituição,
é aproximar os alunos do mundo
profissional através de atividades
extraclasse. Nas escolas do Ensino
Básico, são apresentados o papel
da família e o da comunidade e
transmitidas informações práticas
sobre finanças pessoais. No Ensino
Secundário, os jovens ficam sabendo sobre empresas, bancos e relacionamentos profissionais e têm o
desafio de criar uma ideia empresarial. No Ensino Universitário, eles
organizam e operam uma empresa
fictícia.
“Nosso foco é a educação para
Erica Nascimento:
oferecimento de
ferramentas
odebrecht informa
o empreendedorismo”, diz Erica.
“Os jovens portugueses, como
mostra nossa história, têm espírito
empreendedor, mas precisam de
ferramentas para que possam realizar negócios sustentáveis. É o que
procuramos oferecer-lhes.”
O programa tem o apoio
da Odebrecht Bento Pedroso
Construções e de outras empresas
portuguesas. Além de oferecer contribuição financeira, as empresas
incentivam seus integrantes a irem
às escolas, como voluntários, levar
suas experiências de trabalho para
os alunos.
Anabela Nunes, da equipe de
Comunicação da Odebrecht Bento
Pedroso Construções, é um desses voluntários. Nos períodos
2007/2008 e 2008/2009, atuou na
Escola de São Marcos, de Ensino
Básico, em Porto Salvo, onde procurou mostrar às crianças, através de jogos, o papel do dinheiro,
como fazer compras, porque pagar
impostos e como montar uma loja.
“Eu procurava fazer com que eles
distinguissem o desejo da necessidade, o essencial do supérfluo, pois
acredito que isso é muito importante na vida”, explica Anabela.
Erica diz que há um número cada
vez maior de voluntários das empresas no programa. “Eles são fundamentais, pois trazem o conteúdo da
realidade do trabalho que se reúne
ao conteúdo das escolas.”
Desde que o Aprender a
Empreender foi criado em Portugal,
em 2005, cerca de 1.300 voluntários
atuaram em 1.280 turmas de 390
escolas do país, levando sua experiência a 28 mil alunos.
portugal
39
Vitória da determinação
Trabalhadores portugueses aproveitam oportunidade para aumentar seu
nível de escolaridade texto José Enrique Barreiro / foto Marcella Haddad
O dia 25 de novembro foi uma data importante na vida do português Francisco Rodrigues, 57 anos, o Chico Bragança, como é
conhecido, Encarregado de Obras na Barragem do Baixo Sabor, no
distrito de Bragança, norte de Portugal. Nesse dia, ele, que só havia
estudado até o 4º ano, recebeu o diploma do 9º ano escolar (equivalente no Brasil à conclusão do Ensino Fundamental). Na cerimônia de entrega dos diplomas, realizada em uma sala no canteiro
de obras da barragem, Fernando Calado, Diretor da Unidade de
Bragança do Instituto de Emprego e Formação Profissional, entidade que coordena o programa, explicitou o que Chico Bragança e os
outros 17 trabalhadores que concluíam o 9º ano sabiam por experiência própria: “Não é nada fácil trabalhar durante o dia e ainda
estudar à noite, quando o corpo e a mente pedem descanso. Quem
já viveu isso sabe quanta determinação é necessária”.
A oportunidade de Chico e seus colegas concluírem o 9º ano
só foi possível porque eles se inscreveram no programa Novas
Oportunidades, do Governo português, voltado para o aumento
do nível de educação de pessoas com mais de 23 anos de idade.
Através do processo RVCC (Reconhecer, Validar e Certificar
Conhecimentos), a experiência de vida das pessoas é reconhecida
como conhecimento. Conteúdos de escolaridade são acrescidos,
permitindo que adultos obtenham melhores certificações educacionais. O mais interessante, porém, é que isso não é feito em escolas,
mas nos locais de trabalho, como ocorreu com Chico e seus colegas nas obras de construção da Barragem do Baixo Sabor.
Livro da Vida
Localizada no distrito de Bragança, a Barragem do Baixo Sabor
terá dois grandes reservatórios de água, captada do rio Sabor,
afluente do Douro. Um reservatório a montante, com altura máxima de 123 m, e outro a jusante, com altura máxima de 45 m.
Ambos começarão a ser enchidos em janeiro de 2013. Realizada
para a EDP – Gestão da Produção de Energia S.A., a construção
dessa que é uma das mais importantes obras em andamento no
país está a cargo da empresa Baixo Sabor ACE, constituída pela
Odebrecht Bento Pedroso Construções e pela Lena Construções,
com liderança da primeira. Há cerca de 800 trabalhadores no canteiro e previsão de 1.600 no pico das obras. É nesse ambiente que o
programa Novas Oportunidades se desenvolve.
“A ideia do programa não é estudar para concluir; é reconhecer
a capacitação que as pessoas possuem”, explica António Monteiro,
Chico Bragança recebe seu diploma: capacitação reconhecida
da Odebrecht, Gerente Administrativo-Financeiro da Baixo Sabor
ACE, que ao lado de Clarisse Monteiro e Filipe Amaral forma a
equipe que levou o programa Novas Oportunidades para a obra e
coordena sua realização. António dá um exemplo concreto do que
significa reconhecer capacitação: “Alguns dos trabalhadores que
se formaram tinham vasta experiência no uso de explosivos para
desmonte de rocha, mas não podiam trabalhar nisso, pois não
possuíam o 9º ano escolar, o que os impedia de possuir a `carta
de fogo´, que é o certificado para trabalhar com explosivos. Agora
poderão fazê-lo.”
O reconhecimento da capacitação dos trabalhadores é feito por
educadores que, uma vez por semana (na primeira fase) e quatro
vezes por semana (na segunda fase), vão à obra para trabalhos de
classe de Português, Matemática, Informática e outras matérias. O
trabalho final do curso é a elaboração, pelos alunos, do seu “Livro
da Vida”, no qual retratam a experiência que tiveram até ali.
O programa Novas Oportunidades permite também a conclusão
do 12º ano escolar, para aqueles que já possuam o certificado do
9º ano. Foi o caso de Ricardo Santos Cardoso, 40 anos, que atua na
área comercial da Baixo Sabor ACE. Ele, que já se movimentava para
prosseguir nos estudos, ficou feliz quando soube que poderia fazer
isso na própria obra, sem precisar se deslocar a Bragança ou a outro
local. Além do diploma (que recebeu em 13 de dezembro), Ricardo
revela que foi importante também o convívio em classe e a troca de
informações com companheiros de outras áreas da obra.
odebrecht informa
40
energia social
Movimento coletivo
Conheça um caso emblemático de transformação social resultante
da parceira entre empresa, poder público e comunidade
texto Fabrício Correa
qual todos compartilham as prioridades e as responsabilidades dos
projetos a serem implantados, auxiliando na identificação de parcerias
que potencializem seus resultados.
“Promovemos encontros mensais,
e todos os participantes realizam
atividades de educação para a sustentabilidade. No início da implantação
do programa, para muitos deles, esse
era um conceito desconhecido e distante”, aponta Carla, Responsável por
Sustentabilidade na ETH Bioenergia.
No primeiro trimestre de 2010
foram realizadas, nos cinco municípios, 22 reuniões, com 173 pessoas.
Após seis meses, entre julho e setembro, foram contabilizados 89 eventos –
entre encontros, seminários, reuniões
e capacitações –, envolvendo 1.868
pessoas. “O Energia Social traz possibilidades para inserir o cidadão como
agente das mudanças sociais. Esse é
o sucesso do programa. Todos enxergam a possibilidade de transformar
sua cidade em um município melhor
para os seus filhos e contribuir para
as próximas gerações”, salienta Carla,
que indica a gestão participativa junto
com a comunidade como o principal
elemento para transformar uma ideia
em realidade.
Segundo Carla, estimular o envolvimento tem como premissa o exercício
de a população encontrar meios de
resolver seus próprios problemas.
"O que temos de fazer é identificar junto com as comunidades, as
necessidades locais, definir juntos as
prioridades, fazer as escolhas e juntos
concretizar projetos que se sustentam
no tempo", afirma.
Ao completar um ano, o programa
comemora também a consolidação
ACERVO ODEBRECHT
Se alguém perguntar aos moradores das cidades de Caçu e Cachoeira
Alta (GO), Nova Alvorada do Sul (MS),
Mirante do Paranapanema e Teodoro
Sampaio (SP) se eles sabem ou se
ouviram falar do termo “sustentabilidade”, muitos mostrarão na prática
exatamente o que é isso, por conta
do Programa Energia Social para
a Sustentabilidade Local, lançado
em dezembro de 2009 pela ETH
Bioenergia com a proposta de promover transformações sociais, ambientais e econômicas nesses municípios,
através da gestão participativa entre
a empresa, os órgãos públicos e a
comunidade. O programa assume o
compromisso com o desenvolvimento
sustentável e a qualidade de vida na
região.
A configuração de cada ação surge
a partir de um diálogo aberto, no
A partir da esquerda, Adelmo Barbosa de Freitas, do Sindicato dos Produtores Rurais de Caçu; José Carlos Girot,
representante da comunidade; Antonio Carlos Gomes de Carvalho, Gerente Administrativo de Pessoas da ETH - Polo GO;
André Luiz Guimarães, Prefeito de Caçu; Carla Pires, Responsável por Sustentabilidade na ETH; e Eline Petroni Fleury,
Prefeita de Cachoeira Alta (ao microfone): identificação de projetos que se sustentem no tempo.
odebrecht informa
ACERVO ODEBRECHT
Integrantes do Conselho Comunitário de Nova Alvorada do Sul (MS) e a Flor da Sustentabilidade Local: indicação dos
campos cruciais a serem trabalhados para a construção de uma cultura ecológica na escola
dos primeiros projetos. Entre os
temas prioritários, estão definidos a
qualificação profissional para aumentar as condições de aproveitamento
das oportunidades de trabalho, a
construção de hortas e viveiros comunitários, a implantação de pontos de
cultura da sustentabilidade e a execução dos projetos de gerenciamento de
resíduos dos municípios, entre outros.
Cada município é constituído de
um Conselho Comunitário (CC) e
quatro Comissões Temáticas (CT),
que se reúnem mensalmente e têm
as tarefas de mapear e eleger as
prioridades e conceber projetos.
Os conselhos e as comissões são
formadas por integrantes da ETH,
do governo local e lideranças da
sociedade civil. Um resultado inovador está no diálogo aberto entre
a comunidade. Em uma reunião é
possível encontrar diversos agentes
da sociedade: prefeito, secretário
municipal, padre, liderança da ETH,
professor, agentes da saúde e o
cidadão.
O sucesso do programa está na
base de sua concepção. São documentos, princípios e instrumentos
de referência externa e interna para
a construção de sociedades sustentáveis: Carta da Terra; Oito Objetivos
do Milênio; Agenda 21; Política de
Sustentabilidade da Organização
Odebrecht e Código de Ética da ETH,
entre outros.
Para subsidiar o trabalho do
Programa Energia Social, antes do
início das atividades foram realizados
levantamentos sobre o contexto social
em cada região de atuação. Os relatórios foram construídos com base
em entrevistas com lideranças locais
– uma média de 40 pessoas foram
entrevistadas em cada localidade –,
além da análise de indicadores demográficos como renda familiar, Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH) e
de escolaridade. Esse amplo estudo
subsidiou a constituição dos conselhos, aproximando as discussões da
realidade local.
O programa conta com o apoio
da ONG 5 Elementos – Instituto de
Educação Ambiental. Para cada município há um facilitador contratado pela
ETH – a pessoa que será responsável
por organizar as reuniões, executar
ações para estimular a participação
de moradores e lideranças e envolver
os governos locais.
Os próximos passos incluem
implantação do Energia Social em
mais quatro cidades – Mineiros e
Perolândia (GO), Alto Taquari (MT) e
Costa Rica (MS) –, acompanhando o
crescimento da empresa. Está em
desenvolvimento um conjunto de
indicadores de avaliação do programa e dos projetos, e o lançamento
do site, para potencializar a troca de
experiências entre os municípios, a
comunicação e a transparência do
programa.
odebrecht informa
42
na emenda
Parte do grupo de costureiras e artesãs e, na outra página, Dona Risolene: vitória depois de 11 anos de luta
A costura de um sonho
No Ipojuca (PE),
costureiras e artesãs
conseguem realizar
um antigo objetivo:
formar uma
cooperativa
texto Sheyla Lima
fotos Élvio Luiz
odebrecht informa
Há 11 anos, um grupo de costureiras e artesãs do distrito de
Camela, no município do Ipojuca,
na região metropolitana do Recife,
luta pela formação da Cooperativa
Na Emenda. O nome vem do trabalho que elas desenvolvem: artigos
de cama, mesa, banho e vestuário
a partir de retalhos de tecidos. No
início de 2008, teve início a mobilização para o contrato do projeto
Implantação PTA POY PET, da
Odebrecht Engenharia Industrial,
que visa a construção de três plantas industriais para a Petroquisa,
braço petroquímico da Petrobras.
A obra fica localizada no Complexo
Industrial e Portuário de Suape,
também no Ipojuca. É aí que as
duas histórias se cruzam e começa
a nascer o futuro do Na Emenda.
“Nosso primeiro contato com
o grupo foi no início de 2009.
Ficamos sabendo da existência
dele por meio da secretária municipal de Desenvolvimento daquela
época, Simone Osias, em uma de
nossas reuniões com a Prefeitura”,
conta a coordenadora de
Comunicação Social do contrato,
Ana Carolina Sousa. “Conhecemos
a fundadora do grupo, dona
Risolene, e o artesanato desenvolvido pelas mulheres e vimos
que o Na Emenda tinha potencial.
Então, oferecemos dois cursos
didáticos de empreendedorismo,
em parceria com o Sebrae (Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas)”, completa.
Apesar de bem-aceitas, as
aulas teóricas não eram o foco
das costureiras e elas ansiavam partir para a prática. “Nos
reunimos com o nosso cliente,
a PetroquímicaSuape, o Serviço
Nacional de Aprendizagem
Industrial (Senai) e a Prefeitura
para montar um plano de ação”,
relata Ana Carolina.
A Odebrecht e o Senai entraram com a parte educacional
e, juntos, custeiam o curso de
costura industrial para 40 mulheres. A carga horária é de 340
horas. O curso conta com disciplinas como Desenho de Moda,
Desenvolvimento de Coleção e
Regulamentação para Etiquetagem
de Produtos Têxtil e do Vestuário.
“O objetivo é que elas se profissionalizem para atender à demanda
de confecção de fardamento das
empresas do Polo de Suape e das
equipes da rede hoteleira de Porto
de Galinhas e da Prefeitura”, detalha a coordenadora.
As aulas – que tiveram início
em novembro e vão até fevereiro – estão sendo realizadas no
distrito de Camela, de segunda
a sexta-feira, em dois turnos. O
prédio utilizado foi cedido pela
Prefeitura por dois anos, tempo
necessário para que fique pronto o
local definitivo da cooperativa, cujo
terreno será doado também pela
Prefeitura do Ipojuca.
Todo o maquinário necessário
para a cooperativa será de responsabilidade da PetroquímicaSuape.
Segundo o Gerente de
Comunicação e Relações Externas
da empresa, Cláudio Paula, um
dos motivos que o fez apostar no
Na Emenda foi o perfil empreendedor do grupo. “Além disso, o
projeto se enquadra em dois dos
três eixos necessários para os
nossos programas sociais, que são
a geração de renda e a educação
profissional”, destaca.
O curso de costura industrial
significa a realização de um sonho
para as mulheres do grupo. “Eu
passei 11 anos lutando por uma
oportunidade. Não só para mim,
mas para as outras mulheres de
Camela”, afirma a fundadora do
Na Emenda, Risolene Gonçalves,
a dona Risolene, como é mais
conhecida. “Quando a Odebrecht
me apresentou a proposta, comecei a pensar que finalmente nós
iríamos ter mais chances. Que
muitas mulheres que hoje não
têm nenhuma renda vão poder
ganhar o dinheiro delas. Se nós
conseguirmos colocar 40 mulheres
para produzir fardamentos, são 40
famílias que mudam de vida”, diz,
emocionada.
Para a coordenadora de
Comunicação Social do contrato Implantação PTA POY PET, a
mudança na realidade das costureiras e artesãs de Camela é
gratificante. “A sementinha que
a Odebrecht plantou vai durar
bastante e render muitos frutos ainda”, acredita Ana Carolina
Sousa.
odebrecht informa
44
embraport
Programas de vida
Iniciativas socioambientais da
Embraport, em
Santos (SP), são
referência no país
texto Miucha Andrade
fotos Guilherme Afonso
Ednaldo: transmissão
de conhecimento
para os filhos
odebrecht informa
O pernambucano Ednaldo Monteiro
de Almeida começou a pescar
lagosta aos 16 anos, em Olinda. Seis
anos depois, instalou-se na Baixada
Santista, em São Paulo, envolveu-se
com pesca profissional oceânica e
conheceu Uruguai, África do Sul e
Ilha da Trindade, entre outros lugares. Passou a ficar períodos de três
meses longe de casa e, quando a
saudade da esposa e dos três filhos
apertou, mudou o rumo da sua vida e
foi trabalhar como auxiliar de campo
na Embraport – Empresa Brasileira
de Terminais Portuários, projeto da
Odebrecht TransPort em parceria
com a DP World, localizado à margem esquerda do Porto de Santos.
Desde novembro de 2006, Naldo,
como é conhecido, faz parte da equipe de Meio Ambiente da empresa e
apoia biólogos na realização de programas ambientais que se tornaram
referência.
A Embraport foi um dos primeiros empreendimentos da região a
receber Licença Ambiental após um
longo período sem que ocorresse a
emissão dessas autorizações. “Por
isso, os estudos elaborados para o
terminal foram realizados com pro-
Regina: contribuição
para o meio científico
fundidade, abrangência e qualidade,
servindo de modelo aos projetos
seguintes”, explica a engenheira
Regina Tonelli, Responsável por
Qualidade, Saúde, Segurança e Meio
Ambiente na Embraport. Desde 2006,
a empresa já investiu R$ 8 milhões
em 34 programas relacionados a
flora, fauna, engenharia, arqueologia
e a ações socioambientais, condicionantes para a instalação do projeto.
Naldo começou no apoio ao salvamento de 34 mil plantas como orquídeas, bromélias, cactos, samambaias
e antúrios, entre outras espécies.
Essas plantas foram doadas para
instituições diversas, a fim de serem
utilizadas em projetos de recuperação e enriquecimento de áreas
degradadas na região do entorno,
além de contribuir para as coleções
dos parques municipais, como o
Orquidário e o Jardim Botânico Chico
Mendes, em Santos.
Os trabalhos na flora permitiram
à Embraport ser pioneira na elaboração de um modelo matemático
para determinação da biomassa dos
ecossistemas de manguezal, restinga
e campos úmidos. ”Foi uma grande
contribuição para o meio científico,
pois os resultados alcançados neste
programa permitem a viabilização de
projetos relacionados ao mercado de
crédito de carbono para ecossistemas similares”, conta Regina Tonelli.
Treinamentos
Após um ano de trabalho com a
flora, Naldo recebeu treinamentos
especializados e começou a trabalhar com a fauna. Uma das atividades realizadas por ele é a pesca
para o Programa de Monitoramento
de Fauna Aquática. A cada dois
meses, Naldo lança a rede no
estuário do entorno da Embraport
e pesca bagre, carapeba, parati e
siri-azul, entre outras espécies. As
amostras são encaminhadas para o
Instituto de Pesca, em Santos, onde
especialistas analisam em laboratório aspectos que podem estar relacionados aos impactos do projeto no
meio aquático.
Um dos destaques dos programas
de fauna é o de monitoramento do
gavião asa-de-telha, pioneiro no uso
da radiotelemetria no Brasil. Esse
gavião é uma espécie ameaçada
de extinção no estado de São Paulo
e, por isso, mereceu um programa
específico. Naldo participa dessa
atividade e faz armadilhas para atrair
os gaviões. “Faço iscas com frango,
codorna ou porquinho-da-índia”,
explica. Após a captura, o animal
recebe um radiotransmissor, possibilitando seu monitoramento e contribuindo com propostas de conservação
e preservação dessa ave de rapina no
litoral paulista. “Minha função é ficar
com o GPS e passar a posição para o
biólogo responsável”, orgulha-se.
Mas não é só o gavião que encanta
Naldo. Ele prefere trabalhar na identificação de aves da região do empreendimento. “Armamos uma rede
para capturá-los, os identificamos
com uma anilha e depois soltamos
os bichos”, conta. Ele gosta tanto do
assunto que já comprou quatro livros
sobre aves. “Aprendo muito aqui e
transmito o conhecimento para os
meus filhos”, diz, satisfeito. “Quando
saio para campo com os consultores,
não tenho vergonha de perguntar.”
odebrecht informa
Após quatro anos de trabalho na
Embraport e muitas capacitações,
Naldo recebeu recentemente um
bem-vindo reconhecimento. “Meu
salário praticamente dobrou e
agora posso investir na minha casa
própria.” Frequentador da Praia do
Guaiuba, no Guarujá, ele não dispensa o futebol do fim de semana e
pretende comprar um carro em 2011.
Hoje, aos 35 anos, ele percebe que
trocar de profissão representou uma
mudança significativa em sua vida.
Apoio às comunidades
pesqueiras
Além da flora e fauna, a Embraport
realiza programas com as comunidades pesqueiras da região. O Apoio
à Pesca Artesanal visa capacitar
os pescadores por meio de cursos
profissionalizantes, de maneira a
aprimorarem suas atividades. O
programa possibilita, ainda, o apoio
à manutenção das tradições e festividades das comunidades caiçaras
odebrecht informa
e promove ações voltadas para a
geração de renda. Desde 2006, a
Embraport capacitou 400 pescadores
e promoveu 37 cursos, como os de
construção e reparo de embarcações e de manutenção de motores
marítimos. E há o estímulo para
os pescadores regularizarem sua
documentação, como a Carteira de
Identificação e Registro (CIR), por
meio de cursos desenvolvidos pela
Marinha do Brasil.
“Graças às capacitações que a
Embraport proporcionou, muitos
pescadores estão aptos para
atuar em outras funções”, afirma Edson dos Santos Cláudio,
Presidente da Colônia de Pescadores
de Vicente de Carvalho. “Eles não
perdem sua identidade, estão sempre com um pé na água e pescam
durante as suas folgas”, salienta.
“Meu maior orgulho é saber que
alguns estão trabalhando no novo
terminal.” Foi por intermédio de
Edson que Naldo começou a trabalhar na Embraport.
Aos 75 anos, seu Edson, como é
chamado por todos, já foi mecânico, vereador, assessor de prefeito
e funcionário público. “Sempre fui
ligado ao mar”, conta. Aposentado há
24 anos, nunca parou de trabalhar.
Assumiu a Colônia dos Pescadores,
filiada à Federação Estadual dos
Pescadores, e apoia os associados
e suas famílias com documentação
básica para garantir o pagamento
de benefícios sociais como INSS,
auxílio-natalidade, seguro do defeso
e aposentadoria. Seu objetivo é elevar o nível de vida dos pescadores
para que possam sustentar sua família com dignidade. “Nesse sentido, o
terminal traz benefícios e um futuro
melhor para todos nós”, afirma.
A brinquedoteca da Ilha
Diana: espaço para o
lazer e o aprendizado
das crianças
ILHA DIANA: RESGATE
HISTÓRICO E CULTURAL
A tranquila Ilha Diana está localizada a 20 minutos de barco do Porto de
Santos, na foz do rio Diana, próximo
do futuro Terminal Embraport. O
acesso é feito somente por pequenas
embarcações, com capacidade para
45 pessoas, em horários fixos de
saída determinados pela Companhia
de Engenharia de Tráfego (CET). Com
29.463 m2, a ilha abriga 50 famílias
e cerca de 200 pessoas. “Aqui somos
todos parentes”, explica Elisa Maria
da Silva Alves, moradora da ilha. São
primos próximos que se ajudam para
realizar compras de mercado, entre
outras necessidades.
Elisa tem 32 anos, dois filhos e
trabalha na brinquedoteca da comunidade. Lá, ela cuida de crianças a
partir de um ano de idade, das 8h30
às 11h30. As crianças brincam soltas
de esconde-esconde, de pular corda
e jogam futebol no campo ao lado. A
brinquedoteca era uma antiga casa
que foi restaurada pela Embraport,
de acordo com a arquitetura local.
“Melhorou 100%. Nada melhor do que
um espaço próprio para as crianças”,
diz Elisa.
A restauração está inserida no
Programa de Pesquisa e Resgate do
Patrimônio Arqueológico, Histórico e
Cultural da Ilha Diana e da área do
Terminal Embraport. Durante a realização dos trabalhos, especialistas
identificaram alguns sítios arqueológicos tipo sambaqui na ilha e na
Embraport. Sambaqui é o nome dado
aos depósitos de conchas feitos por
Em 2011, por iniciativa da
Embraport, a Ilha Diana receberá uma
nova linha de transmissão de energia
elétrica. Atualmente, a comunidade
recebe energia por meio de um cabo
antigo, que provoca oscilações frequentes e a queima de eletrodomésticos. A empresa está instalando a
linha de transmissão com seus postes
e cabos que chegarão até um poste
com transformador na ilha, e, a partir
daí, a Prefeitura, em parceria com a
CPFL Energia, será responsável pela
distribuição interna e pela iluminação
pública.
O traçado da linha buscou minimizar os impactos ambientais. Os cabos
de transmissão terão altura máxima
de 11 m, superior à da atual vegetação, evitando o corte de árvores. A
chegada da nova linha de energia à
ilha trará para a população um salto
expressivo na qualidade de vida, evitando desperdício, perda de alimentos
e de eletrodomésticos.
LIA LUBAMBO
homens indígenas que habitaram
regiões do litoral brasileiro entre
4,5 mil e mil anos atrás. Atualmente,
a empresa conserva um dos sítios e
monitora outros sete.
Como parte desse programa, a
Embraport realizou a Semana de
Arqueologia, uma ação de educação
patrimonial, com capacitação de professores, envolvimento de 1.300 alunos de escolas de ensino fundamental
da região e distribuição de 1.400
exemplares de cartilhas didáticas
sobre o tema.
Por ser a comunidade mais próxima, as primeiras oportunidades de
trabalho da Embraport foram destinados a moradores da Ilha Diana.
Desde a chegada da empresa, houve
muitos benefícios em parceria com a
Prefeitura de Santos, como a construção de muro de arrimo, reforma do
píer de atracação de barcos, desenvolvimento de projeto paisagístico
e doação do viveiro de mudas com
plantas nativas, com a utilização de
exemplares resgatados da área do
terminal.
No viveiro trabalha Silvia Helena de
Souza, de 42 anos, que antes vendia
mariscos e caranguejos. “Vivia com
um negócio incerto, não ganhava
quase nada”, conta. “Agora, o dinheiro
é garantido”, alegra-se. Silvia é contratada da Prefeitura de Santos e recebe
um salário mínimo para cuidar das
plantas no período das 7 às 13 horas.
Adora esse trabalho e se sente realizada por poder executá-lo a poucos
passos de sua casa. Junto com outras
38 pessoas, Silvia recebeu treinamento
de 46 horas sobre fundamentos básicos de jardinagem, paisagismo, cultivo
e reprodução de Orquídeas. “Quando a
gente faz o que gosta, as plantas nos
agradecem com as flores.”
Silvia: fazendo
o que gosta
odebrecht informa
48
argentina
Alunos da Escola Assembleia
de Deus e, na página ao lado, a
professora Maria Cristina Ferrari
(à esquerda) com sua colega
Fannyn Yanacon: antes, Maria
Cristina chegava à escola
equilibrando baldes na moto
Quando o resultado
vem na forma de FUTURO
Diálogo com populações da área de abrangência das obras busca
proporcionar um legado capaz de aprimorar a qualidade de vida
texto Sérgio Bourroul / fotos Guilherme Afonso
odebrecht informa
“Precisamos retribuir e deixar algo para as comunidades
com as quais convivemos aqui
na Argentina”, diz Flávio Faria,
Diretor-Superintendente da
Odebrecht Engenharia Industrial.
“Empreendemos nosso negócio de
forma sustentável a longo prazo,
satisfazendo as expectativas das
comunidades e compartilhando a
riqueza e o conhecimento gerado
por nossa atividade”, ele complementa. Marina Gonzalez Ugarte,
coordenadora de Responsabilidade
Social Empresarial, afirma:
“Não queremos impor soluções.
Procuramos estabelecer o diálogo
com as populações que convivem
com as nossas obras para, em conjunto, desenvolvermos alternativas
para a melhoria da qualidade de
vida dos que ali permanecerão após
a conclusão do nosso trabalho”.
Marina passa a maior parte de seu
tempo na estrada, entre canteiros
e povoados, articulando-se com
representantes de comunidades
nativas, autoridades, ONGs, diretores de contratos e integrantes das
obras. Ou seja, criando as condições
para que o legado ao qual se refere
Flávio Faria aconteça e frutifique.
Tartagal
A maior obra da Odebrecht na
Argentina atualmente é a expansão
do Gasoduto 2007-2010, que corta
15 províncias do norte ao sul do país
e obriga a empresa a conviver com
diferentes realidades geográficas e
sociais. No extremo norte, a 1,7 mil
km de Buenos Aires e apenas 40 km
da fronteira com a Bolívia, no município de Tartagal, província de Salta,
chove apenas quatro meses por
ano. Durante um semestre, os rios
ficam secos, mas as tempestades
de verão provocam inundações com
frequência, causando graves danos
às cidades e áreas rurais. Habitada
por imigrantes, trabalhadores da
indústria petrolífera e índios de
várias etnias, é uma região isolada e
carente de quase tudo, inclusive de
água potável.
Ali, o novo gasoduto cruzará o rio
Tartagal a 15 m de profundidade em
uma extensão de 700 m de tubulações de 30 polegadas. É uma obra
rápida, realizada com um equipamento tuneleiro que consome cerca
de 400 m3 de água por dia. A única
possibilidade seria obter a água de
um poço, que poderia ter sido escavado ao lado do canteiro onde foi
instalado o equipamento, dentro de
uma grande fazenda de soja. Mas a
opção foi outra, mais complexa por
um lado, porém mais sustentável
por outro. A escavação ocorreu a 2
km dali, dentro do terreno de uma
escola da comunidade “Kilómetro
6”, frequentada por descendentes
das etnias wichi, chorote e toba.
De maneira a deixar para a
comunidade o poço com 182 m
de profundidade e capacidade de
37 mil l/h, caminhões-pipa fazem
várias viagens por dia levando água
até a frente de trabalho. “Nossa
obra durou menos de um mês,
mas a comunidade se beneficiará
desta água para sempre”, comemora Marina Gonzalez. Para tomar
essa decisão, foram necessárias
discussões com a liderança da
comunidade indígena, a direção das
escolas e a Secretaria de Educação
da Província de Salta, responsável
pelas unidades e, a partir de agora,
também pela manutenção do poço
e seu sistema de distribuição de
água.
Além da Escola Primaria
Assembleia de Deus, que tem 500
alunos, onde estão instalados o
poço e dois tanques de 2,75 mil l de
capacidade, a água é levada também
a 1,2 km dali, para um jardim de
infância frequentado por outras 120
crianças de até 5 anos de idade. Até
alguns meses atrás, a professora
Maria Cristina Ferrari trazia água de
sua residência, equilibrando baldes
na motocicleta. Já Susana Cortes,
diretora da Escola Primária, lembra
que não havia água encanada no
prédio: “Hoje temos água farta e
quente, o que nos permite oferecer
refeições de qualidade e introduzir
na educação dos alunos noções de
higiene pessoal”. Além do poço e
dos reservatórios, foram instalados
aquecedores, novos encanamentos
e torneiras nas cozinhas e banheiros
das duas unidades.
odebrecht informa
Trabalhador no programa de
formação técnica, em Dolavon:
prova da força do voluntariado
Dolavon
No outro extremo do país,
na localidade de Dolavon, na
Patagônia, onde a Odebrecht está
concluindo a ampliação da Planta
Compressora de Gás de Dolavon, a
prioridade foi dada para a formação
técnica dos jovens da região, após
levantamento feito pela empresa em parceria com autoridades
locais. Em seu terceiro mandato, o
Prefeito Martín Bortagaray diz que,
dos cerca de 3,6 mil habitantes de
Dolavon, 30% têm até 18 anos, e
o índice de desemprego é de 18%.
“Temos pouca oferta de trabalho.
odebrecht informa
Nossos jovens estão nos deixando e partindo para regiões mais
desenvolvidas”, lamenta o prefeito.
“Precisamos capacitá-los para o
trabalho e retê-los por aqui.”
A parceria tem funcionado. O
Centro de Formação Profissional
nº 657 ocupava uma sala de
uma casa de família de Dolavon.
O espaço ficou pequeno e a
Prefeitura cedeu um galpão do
antigo cinema da cidade para a
instalação da nova escola e iniciou
sua reforma. A Odebrecht cedeu
material de construção, equipamentos, ferramentas e incentivou
seus integrantes a participarem
desta ação. Em setembro, no início
das obras, 14 integrantes da obra
da planta compressora dedicaram
seu tempo e conhecimento ao trabalho voluntário.
“Engenheiros e técnicos passaram uma tarde lixando e pintando
as paredes do nosso galpão juntamente com os alunos. Foi emocionante”, lembra a diretora do
Centro, Maria Albertella. A empresa
também abriu seu canteiro de
obras para uma visita dos jovens
aprendizes e escalou alguns de
seus engenheiros para revisarem
as apostilas adotadas pelo curso
de Metalomecânica, apoiado pela
Odebrecht.
Os 120 alunos, a maioria de 17
anos, passam a tarde no Centro
(que oferece também cursos de
Contabilidade e Informática) e frequentam a escola regular durante
a noite. O curso de auxiliar metalomecânico tem carga horária de 250
horas anuais, entre aulas teóricas
e práticas, e nele são produzidas
peças de serralheria como bancos,
porta-lixo, mesas e estruturas
metálicas domésticas, que são
comercializadas, gerando recursos
reinvestidos na própria escola. Ao
fim, os aprovados recebem diploma
e um novo impulso para suas vidas.
O futuro parece promissor. A
Prefeitura tem planos para adquirir peças da escola, como bancos
e playgrounds, para suas praças.
A Odebrecht quer atrair parceiros
e fornecedores para o projeto. E
o estudante Ivan Obarrio sonha:
“Quero montar uma serralheria
aqui na minha cidade e criar meus
filhos com uma qualidade de vida
melhor que a minha”.
ACERVO ODEBRECHT
panamá
51
O Curundu, na
Cidade do Panamá
(nesta página e na
seguinte): fim de
um longo período de
isolamento
Agora ele faz parte da cidade
Projeto do Curundu permite a inserção social do bairro que apresenta as
condições de vida mais precárias da Cidade do Panamá texto Lorena Gómez
Mais de 50 anos se passaram
desde que os primeiros moradores
começaram a chegar e levantar suas
humildes moradias nos terrenos que
todo ano inunda o rio Curundu. O
bairro que tem o mesmo nome do rio
é hoje o mais precário da Cidade de
Panamá. Um assentamento de casas
na forma de palafitas, construídas
com madeira, papelão e lâminas de
zinco.
As carências enfrentadas pelos
moradores do Curundu vão desde a
dificuldade de arrumar um emprego
formal, pela falta de preparação técnica ou profissional, até a ausência
de serviços básicos, infraestrutura
viária, sistema de drenagem e sanitário.
Por isso, entre os programas
sociais do Governo panamenho, a
renovação do Curundu é um projeto
prioritário, cujo impacto mudará
expressivamente as condições urbanas e sociais de uma importante
área localizada no centro da cidade. Especificamente, o objetivo é a
inserção social do bairro no desenvolvimento da cidade, melhorando
as condições de segurança pública e
fortalecendo a capacidade produtiva
dos curundenhos através do treinamento profissionalizante e empresarial.
A Odebrecht venceu a licitação
pública para executar esse projeto
alicerçado em um Plano Mestre que
define a infraestrutura como base
de um Plano de Ação Integral Social
(Pais).
O Projeto do Curundu, mais do
que uma obra de construção, é uma
intervenção pública que procura
integrar essa área à cidade, social,
ambiental e urbanisticamente, potencializando sua localização central e
valorizando o talento e a capacidade
empreendedora dos curundenhos.
As novas infraestruturas unirão o
bairro às áreas vizinhas, permitindo
sua interação com as demais regiões
da cidade. O Curundu será o primeiro
bairro do Panamá com desenhos
e espaços públicos pensados para
torná-los uma área de ligação entre
locais próximos, tanto nos aspectos
estruturais, quanto nos sociais.
odebrecht informa
ACERVO ODEBRECHT
O novo Curundu vai ter mais quadras esportivas e parques infantis do
que qualquer outra área da cidade,
contará com um centro de orientação
infantil e um centro de capacitação
para adultos, terá espaços culturais
(incluindo um anfiteatro) e áreas verdes recreativas; e, adicionalmente,
proverá 2 mil m2 de espaços comerciais destinados a abrigar as micro e
pequenas empresas do Curundu. O
bairro se tornará, dessa forma, um
novo polo social e comercial na capital
panamenha.
Tudo isso faz com que o impacto
social do projeto supere os 12 hectares
que abrange a construção, e que os
seus beneficiários sejam muito mais
do que os quase 5 mil moradores que
vivem nesses terrenos. Calcula-se que
seus efeitos positivos chegarão a mais
de 20 mil pessoas – população estimada dos locais vizinhos ao Curundu.
Para executar o projeto, foi necessário deslocar as famílias beneficiárias
de suas antigas casas enquanto são
construídos seus novos apartamentos. Há duas opções: escolher um
subsídio denominado Aluguel Social,
com o qual as pessoas podem pagar
aluguel num local escolhido por elas,
ou decidir por moradias temporárias
construídas pela Odebrecht na mesma
área do projeto. Já nessa etapa, as
famílias beneficiárias experimentam
uma melhoria na sua qualidade de
vida, pois as moradias temporárias
construídas pela empresa têm todos
os serviços básicos necessários e
estão livres do risco das inundações.
Os que escolhem o Aluguel Social, por
sua vez, podem se mudar para uma
casa com melhores condições das que
tinha a sua antiga casa.
Capacitação para
um futuro melhor
O Pais, desenhado pela Odebrecht e
aprovado e implantado pelo Ministério
da Vivenda e Ordenamento Territorial
(Miviot), promotor do projeto, tem
como objetivo principal a inclusão
social dos curundenhos. Ele contém
um amplo programa de capacitação
que dá condições aos residentes
do Curundu para desenvolverem ao
máximo sua capacidade de trabalho e
empreendedorismo.
Os espaços comerciais em construção serão utilizados pelos próprios
curundenhos, já que sua capacidade
produtiva será potencializada atra-
EM HARMONIA COM O AMBIENTE
Os curundenhos
estão acostumados a
viver perto do rio, mas
essa situação, longe
de representar um privilégio, tem sido uma
fonte de problemas e de
riscos, desde as inundações produzidas na
temporada de chuvas,
odebrecht informa
até o cheiro ruim gerado
pelas águas paradas
sob as suas casas.
O Projeto do Curundu
inclui a construção de
um aterro que elevará
o nível dos terrenos.
O leito do rio que dá
nome ao bairro está
passando por uma ade-
quação e estão sendo
construídas redes de
coleta de águas servidas que se conectarão
com um outro megaprojeto panamenho: o
Saneamento da Cidade
e da Baía do Panamá,
no qual participa a
Odebrecht.
O projeto de
Saneamento coletará as águas residuais
domésticas e industriais
que historicamente são
despejadas nos rios e
na baía, de forma que
possam ser recuperadas
como áreas de lazer
para a população.
ACERVO ODEBRECHT
Imagem mostra como será o bairro depois de concluído o projeto: introdução
de infraestrutura e melhores condições para a conquista da cidadania
vés de cursos coordenados com
a Autoridade da Micro, Pequena e
Média Empresa, entidade governamental que também está contribuindo
para o planejamento dos negócios
que são desenvolvidos na área,
segundo as necessidades identificadas na comunidade.
Além disso, está em curso o desenvolvimento dos planos de capacitação
oferecidos aos curundenhos para que
possam aproveitar as oportunidades
de trabalho existentes nos polos de
atividade próximos da sua comunidade. Hospitais, portos, hotéis, projetos
de construção e até faculdades são
alguns locais que precisam de pessoal
com diferentes perfis ocupacionais
num raio de 10 km.
A possibilidade de ter acesso a essas
opções de trabalho, de desenvolver
suas próprias empresas, de viver num
ambiente completamente renovado,
assim como uma série de campanhas
alavancadas pelo Estado e apoiadas
pela empresa para a promoção de
uma cultura de paz, um bom convívio
e solidariedade, são peças-chave que
transformarão o Curundu num exemplo de renovação urbana e desenvolvimento sustentável.
De pasiero a parceiro
A pobreza e a marginalização que
reinavam no Curundu tornaram o
bairro um local perigoso, em que a
violência e a criminalidade faziam
parte do dia a dia. Tudo isso criou
para o resto da população panamenha uma imagem ruim, que todos
os curundenhos carregaram durante
anos. O estereótipo do curundenho
era tão negativo que muitos deles
afirmam que não podiam conseguir
trabalho pelo simples fato de viver no
Curundu. Alguns até disseram que,
para conseguir trabalho, tinham de
dar outro endereço ou mentir sobre o
local onde viviam.
Para mudar essa situação, na concepção do projeto foi contemplada a
participação e integração dos curundenhos, fazendo deles protagonistas e
parte do processo. Sua atuação como
cidadãos produtivos e dignos é a fase
de preparação para sua reinserção na
sociedade panamenha.
Além das atividades previstas no
Pais, o projeto promove a inserção
no mercado de trabalho através de
ofertas dentro da obra. Alguns dos
que hoje assumem responsabilidades
na construção, antes ficavam presos
num ambiente de gangues, onde cada
um tinha sua turma, seus pasieros, e
também seus inimigos. Os pasieros,
que no Panamá é sinônimo de amigos, eram os colegas das más companhias, e os inimigos, aqueles com
quem era preciso tomar cuidado.
Muitos moradores do Curundu já
estiveram na prisão e, quando saem
de lá, após cumprirem a sua condenação, não conseguem trabalho por
causa de seus antecedentes. Para
muitas dessas pessoas, essa será a
primeira oportunidade de trabalho.
Ronny Murillo, encarregado de
obra, explica que agora ele tem um
cartão de banco e uma licença de
motorista. Agora, vai até um caixa do
banco e sabe que as pessoas o veem
como “mais um cliente”. “Aqueles
que antes me olhavam como um risco
para eles, como um perigo, hoje me
cumprimentam, me dizem ‘bom dia,
como vai?’, e eu sinto orgulho disso,
porque eles viram que sou uma outra
pessoa.”
Muitos curundenhos estão descobrindo como, através da construção
do projeto, sua qualidade de vida vai
melhorando, ao mesmo tempo em
que muda a imagem da população
sobre deles, pois agora são vistos
como o que realmente são: integrantes de uma comunidade desejosa de
trabalhar e de se integrar ao desenvolvimento econômico e social da
cidade.
odebrecht informa
54
estados unidos
Prova de superação
Certificação LEED, em processo de obtenção pela Odebrecht
nos Estados Unidos, representa um passo adicional em relação
às práticas sustentáveis texto Renata Pinheiro
As atividades humanas estão
mudando a composição da atmosfera
terrestre. Os gases que causam o efeito estufa permanecem na atmosfera
por períodos que variam de décadas a
séculos. Medir o nosso impacto sobre
a mudança climática é o primeiro
passo essencial para o avanço rumo
a uma sociedade mais sustentável. O
rastreamento da nossa “pegada (do
inglês, footprint) de carbono” é um
passo simples, que pode ser adaptado
odebrecht informa
à forma como atuamos, melhorando
nossa interação com o meio ambiente.
“Pegada de carbono” é o conjunto
total de gases de efeito estufa (GEE)
gerado por uma organização, evento
ou produto. Para simplificar, muitas
vezes é representado em termos da
quantidade de CO2 ou seu equivalente
em outros GEEs emitidos. Um exemplo
da contribuição dada pela Odebrecht
nesse sentido ocorre através da parceria com o Condado de Miami-Dade
para a construção do MIA Mover. Esse
projeto proporcionará uma alternativa
de transporte público eficaz e ambientalmente correta, que elimina cerca
de 100 ônibus em operação e reduz
emissões de CO2. A equipe da obra
está buscando a Certificação LEED
Ouro para a Estação MIA Mover. LEED
é a sigla para Liderança em Energia
e Design Ambiental. A certificação
é reconhecida internacionalmente
como o sistema de certificação de
Água, energia elétrica e
reciclagem
estratégias que visam melhorar sua
execução em pontos como economia de
energia, rendimento de água e redução
das emissões de CO2, para aprimorar a
qualidade ambiental interna e preservar
os recursos do planeta.
Créditos de Energia Renovável estão
sendo utilizados e compensarão 70%
do consumo de energia da estação
durante dois anos, subsidiando o
desenvolvimento de opções de energia
renovável como a eólica, a solar e a
geotérmica. Com cerca de 780 megawatts-hora (MWh) sendo negociados,
estima-se que o MIA Mover prevenirá a
emissão de aproximadamente 468 t de
CO2 à atmosfera.
A equipe do projeto também
desenvolveu uma campanha educacional com foco em construções
verdes, práticas sustentáveis e soluções ecológicas. A campanha inclui
um programa concentrado em um
estilo de vida sustentável, utilizando
o MIA Mover como um exemplo,
e é direcionado aos estudantes do
Sistema Público de Educação do
Condado de Miami-Dade.
FOTOS: ACERVO ODEBRECHT
edificações que minimizam impactos
ambientais, tanto na fase de construção quanto na de uso.
O sistema MIA Mover Automated
People Mover será o primeiro projeto
do Condado de Miami-Dade a conquistar a Certificação LEED Ouro. O projeto
inclui um sistema automatizado de
transporte, com 2 km de extensão, que
conectará o Aeroporto Internacional
de Miami ao Centro Intermodal. A
Estação Central de Miami, no Centro
Intermodal, liga os sistemas de metrô,
trem, ônibus e táxi ao aeroporto, oferecendo uma alternativa de transporte
a moradores e visitantes. A Odebrecht
também está construindo a extensão
do metrô (AirportLink) que ligará o
sistema de metrô da cidade ao Centro
Intermodal.
Ao buscar a certificação LEED, a
Odebrecht dá um passo adicional em
direção às práticas sustentáveis. Um
conjunto de diretrizes foi selecionado
para quantificar o design e a construção
do projeto em termos de sustentabilidade. A Estação MIA Mover foi projetada
e está sendo construída utilizando
Na outra página, alunos do Sistema Público de Educação do Condado de MiamiDade durante atividade da campanha desenvolvida pela equipe da Odebrecht:
informação sobre soluções ecológicas. Na foto acima, a obra do MIA Mover
A conservação da água é crucial
em um projeto LEED. A equipe adotou uma abordagem proativa para
reduzir o consumo de água durante
a vida da estação. Instalações de
baixo consumo e sem a utilização de
água foram incorporadas ao projeto
com o objetivo de reduzir o consumo
de água em pelo menos 30%. Além
disso, o projeto também elimina a
necessidade de irrigação para o paisagismo, por causa da escolha de
vegetação nativa.
A estação foi projetada para aumentar a eficiência energética e diminuir a
quantidade de eletricidade necessária
para sua operação. O resultado deverá
ser uma economia de mais de 15% em
custos energéticos.
O Mia Mover já reciclou mais de
80% de todos os escombros de sua
construção. Além disso, 20% de todo
o material instalado no local da obra
foi extraído, transformado ou fabricado no máximo a 800 km do projeto.
Essa iniciativa não só reduz o impacto
associado ao transporte, mas também é positiva para a economia local.
“A identificação e implementação
de práticas verdes, que reduzem
a emissão de carbono, podem ser
facilmente aplicadas aos projetos,
independentemente da busca pela
certificação LEED”, diz Gilberto
Neves, Diretor-Superintendente
da Odebrecht nos Estados Unidos.
“A fim de combater o aquecimento
global, devemos começar a investir
em idéias que possam transformar
a maneira como fazemos negócios,
gerando oportunidades de lucro que
nos ajudarão a preservar o planeta
para as gerações futuras”, ele
enfatiza.
odebrecht informa
56
teo
A prática da confiança
Exposição em Salvador conta o processo de concepção e avanço da
Tecnologia Empresarial Odebrecht
texto Rodrigo Vilar / foto Almir Bindilatti
Nos dicionários de língua portuguesa, o significado da palavra “tecnologia” é o de um conjunto de conhecimentos ou princípios científicos que
se aplicam a uma finalidade prática.
Nesse sentido, a base conceitual e
filosófica da Organização Odebrecht
- batizada de Tecnologia Empresarial
Odebrecht - vai muito além. É uma
filosofia de vida desenvolvida pela prática e aplicada na prática.
A exposição Disciplina, Respeito
e Confiança – A Construção da
Tecnologia Empresarial Odebrecht
- TEO, instalada no Edifício-sede da
Organização, em Salvador, apresenta o
processo de elaboração dessa cultura
empresarial, concebida pelo fundador
Norberto Odebrecht a partir de suas
crenças, seus valores e sua vivência
profissional.
A TEO tem por base a confiança
nas pessoas e na capacidade ilimitada de se desenvolverem. É também
uma referência ética que norteia a
prática de todos os integrantes da
Organização, onde quer que estejam.
Para compreender de forma precisa
esse conjunto de valores é necessário
conhecer a história de vida de seu
criador.
Nascido em 1920, em Recife,
Norberto Odebrecht recebeu, desde
cedo, uma sólida educação dos pais
Herta e Emílio Odebrecht, alicerçada
no espírito de servir, na humildade
e na disciplina. Em 1925, a família
Odebrecht se mudou para Salvador,
local identificado pelo engenheiro e
empresário Emílio como promissor
para o mercado de construção civil.
No ano seguinte, Norberto passou
a ter o Pastor luterano Otto Arnold
como preceptor e, nessa condição,
responsável pelo complemento de
sua educação. Com o tutor, além da
alfabetização em alemão e ensino religioso, aprendeu a enxergar o mundo
com um olhar crítico, interpretando-o
e agindo sobre ele. Em seus passeios
semanais, verdadeiras aulas práticas,
o Pastor e Norberto observavam a
natureza e visitavam bairros ricos
e pobres de Salvador. Por meio do
diálogo, o Pastor Otto fortalecia ensinamentos para toda a vida, sendo um
dos mais importantes o valor de servir
e não o de ser servido.
Aos 14 anos, nas oficinas da Emílio
Odebrecht & Cia., empresa de engenharia do pai, o adolescente Norberto,
por iniciativa própria, aprendeu os ofí-
'
odebrecht informa
“A TEO favorece e cria um
ambiente para que cada
integrante da Organização possa
se desenvolver nas dimensões
intelectual, profissional,
financeira, familiar e pessoal.”
Renato Baiardi, membro do Conselho
de Administração da Odebrecht S.A
cios de pedreiro, serralheiro e armador. Foi chefe de almoxarifado e responsável por transporte. “Não pense
que as tarefas às quais me refiro
consistiam em brincadeiras do filho do
patrão. A mesada que recebia de meu
pai era calculada com base nas horas
efetivas de trabalho, marcadas pelo
mestre de obras ao qual estava subordinado”, relata Norberto Odebrecht.
Ali, nas oficinas e nos canteiros, teve
a oportunidade de conviver e aprender
com os mestres e os operários da
empresa, homens de caráter nobre e
consciência profissional. Mais tarde,
complementou sua formação no curso
de Engenharia, iniciado aos 18 anos na
Escola Politécnica de Salvador. “Tive
uma infância e uma juventude realmente privilegiadas, pois, sem traumas ou sobressaltos, fui aos poucos
absorvendo Concepções Filosóficas e
adquirindo hábitos muito importantes
para quem pretende ser empresário e
vencer na vida”, afirma.
Na universidade, estudou os princípios da Administração Científica do
Trabalho, de Frederick Taylor e Henri
Fayol, baseados na divisão hierarquizada do trabalho e no controle. O
jovem empresário não aceitava esses
princípios. Sua educação familiar e
sua experiência no trabalho recomendavam que seguisse outra direção: a
da Descentralização, da Delegação
Planejada e da Parceria, que implica
a partilha dos resultados alcançados.
Mostra no Edifício-sede:
TEO é a marca e o
diferencial da Organização
'
“A valorização do ser humano,
a delegação, a base do
relacionamento na confiança,
esses são temas universais.”
Luiz Rocha, Líder Empresarial da
Odebrecht International
Identificados os pilares, começava a
tomar forma a Tecnologia Empresarial
Odebrecht.
“A intuição e os condicionamentos governaram minhas decisões e
ações durante muito tempo. Somente
aos 48 anos tomei consciência de
que, em minhas crenças e em meus
valores, havia uma coerência interna
e de que o intuitivo e o racional estavam igualmente presentes.” Assim, o
engenheiro pragmático e disciplinado
começava o exercício de conceituação
daquilo que aprendera na prática.
De suas primeiras reflexões surgiu o
livro De que Necessitamos?, de 1968,
no qual buscava o fortalecimento da
unidade de pensamento e de propósito da organização. No pequeno
livro, Norberto reitera as qualidades
do modelo de empresariamento
descentralizado e da delegação,
citando o jornalista e político francês
Jean-Jacques Servan-Schreiber: “A
descentralização coloca o poder de
tomar decisões o mais perto possível
do teatro das ações. Ela exige a compreensão de que o conjunto de várias
decisões individualmente boas vale
mais para uma empresa do que as
decisões tomadas e controladas por
um organismo central”.
A partir do amadurecimento dos
conceitos e princípios apresentados
no primeiro trabalho, o lançamento do
segundo livro, Pontos de Referência,
em 1970, serviu de guia para os integrantes da Odebrecht, sobretudo os
jovens, que buscavam a construção da
grande empresa nacional, numa década marcada pela chegada da construtora às regiões Sudeste e Sul do
Brasil. Onze anos depois, toma forma
Sobreviver, Crescer e Perpetuar, terceiro livro, publicado em 1981. Nele,
Norberto sistematiza pela primeira vez
os princípios, conceitos e critérios que
constituem os fundamentos da cultura
da Organização, que então passava
a se chamar Tecnologia Empresarial
Odebrecht. Por fim, já em 1991, em
pleno desafio da internacionalização,
lança o quarto livro, Educação pelo
Trabalho, que fornece as bases para
que se intensifique e melhore o ciclo
permanente de formação das novas
gerações e disseminação da cultura.
Durante a elaboração de todos os
quatro livros, Norberto Odebrecht
sempre provocou a participação e teve
o apoio de companheiros de trabalho
que contribuíram com ideias e novos
aprendizados. Ainda hoje, aos 90
anos e em pleno ritmo de trabalho na
Presidência do Conselho da Fundação
Odebrecht, reitera que a TEO é uma
filosofia em construção. “A TEO é a
nossa marca. É o nosso diferencial.
É uma cultura viva que precisa ser
internalizada, praticada e atualizada
no tempo, visando manter a base que
nunca muda.”
'
“A sustentabilidade está na
gênese da TEO, cuja prática
visa manter a Organização
no rumo da Sobrevivência,
do Crescimento e da
Perpetuidade.”
Emílio Odebrecht, Presidente do
Conselho de Administração da
Odebrecht S.A.
odebrecht informa
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baixo sul da bahia
Todos juntos!
Uma parceria que ajuda
a fortalecer a família rural
texto Gabriela Vasconcellos
Como músicos em uma orquestra, eles compartilham
o mesmo palco, unindo suas habilidades e competências de maneira harmônica, para tornar próspera
e dinâmica uma área rural com grande patrimônio
ambiental, contribuindo para a fixação dos jovens
no campo. Os diversos parceiros institucionais do
Programa de Desenvolvimento Integrado e Sustentável
do Mosaico de Áreas de Proteção Ambiental do Baixo
Sul da Bahia (PDIS) estão ajudando a construir uma
classe média rural estruturada em unidades-família,
protagonista do próprio desenvolvimento sustentável.
Este é o objetivo comum, superior e nobre que os move.
Instituído pela Fundação Odebrecht, o PDIS apresenta
em sua nova marca o conceito de um mosaico: a união
de elementos que forma um todo, maior e único. Com
foco na crença de que não faltam talentos às pessoas,
mas oportunidades para que se realizem, a sociedade
civil organizada, os governos Federal, Estadual e municipais e a iniciativa privada trabalham juntos trilhando o
caminho para a sustentabilidade. Dessa forma, buscase alcançar, no Baixo Sul da Bahia, os Oito Objetivos
de Desenvolvimento do Milênio – propugnados pela
Organização das Nações Unidas (ONU) e subscritos
por 192 países, inclusive o Brasil.
Por meio da Governança Participativa – pela qual
o primeiro, o segundo e o terceiro setores atuam
de forma integrada e sinérgica –, o PDIS promove a
geração de trabalho e a justa distribuição de renda,
a educação do campo de qualidade e a conservação
ambiental. Segundo Mauricio Medeiros, Presidente
Executivo da Fundação Odebrecht, esse é o diferencial
do Programa. “O sistema inovador de governança
cria um espaço colaborativo para a construção de
iniciativas sociais e traz benefícios a todas as partes
envolvidas”, assegura.
odebrecht informa
“Já podemos colher os frutos da parceria
entre o MDS e a Fundação Odebrecht.
O PDIS tem sido fundamental para a
qualificação profissional e para a formação das
famílias visando a inclusão social produtiva. A
atuação da Fundação Odebrecht nessa área
pode servir de modelo para que outras
empresas sejam parceiras e cumpram sua
função social.”
Márcia Lopes, Ministra do
Desenvolvimento Social e
Combate à Fome
“O Programa de Desenvolvimento
Integrado e Sustentável do Mosaico de
APAs do Baixo Sul da Bahia é o modelo
concreto de como atingir um projeto
regional de todos, instrumento fundamental
da sustentabilidade, garantida pelos Oito
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.”
André Lisboa Filho,
Prefeito de Ituberá (BA)
e Presidente do Ciapra
“O BNDES tem buscado trabalhar
em conjunto com instituições que
demonstrem grande capacidade
executiva e de investimento, forte
conhecimento da região e profunda
identidade com um modelo de crescimento
e desenvolvimento que contemple as
dimensões da coletividade e dos indivíduos,
econômica e social, e que possa ser
reproduzido por gerações. A Fundação
Odebrecht é nossa parceira desde
a primeira hora."
Elvio Gaspar, Diretor
da Área de Crédito e
Inclusão Social
“Os governos Estadual, Federal e
municipais, de mãos dadas com a
iniciativa privada, precisam estimular
iniciativas voltadas para o desenvolvimento de
tecnologia e geração de renda, com valorização
do meio ambiente, para que os jovens possam
viver no campo com dignidade.”
Jaques Wagner,
Governador
da Bahia
“O trabalho no Baixo Sul da Bahia
propõe a construção de um novo modelo
de desenvolvimento sustentável. Os
produtores não tinham condições de
sobreviver e hoje saíram de uma situação de
exclusão social. Os filhos e netos de muitos
deles, que migraram em busca de
oportunidades, estão retornando à região e
vivendo dignamente.”
Alessandro Teixeira,
Presidente da
Apex-Brasil
"O Banco do Brasil soma esforços ao PDIS,
por acreditar e valorizar parcerias que
buscam o desenvolvimento sustentável
para o território do Baixo Sul da Bahia.
Apoiamos atividades produtivas que visem
geração de trabalho e renda, melhoria da
qualidade de vida, conservação ambiental e
fixação do homem no campo."
Edson Pascoal,
Superintendente do
Banco do Brasil na Bahia
“Buscamos sempre gerar, para nossos
beneficiários, impacto mensurável e
acreditamos que a única maneira de
ampliar nossa atuação é por meio de projetos,
como o implantado pela Fundação
Odebrecht. O PDIS tem contribuído para a
melhoria da qualidade de vida de muitas
pessoas. O desafio agora é mobilizar novos
parceiros para que este modelo possa ser
replicado em outras comunidades no Brasil e
na América Latina e Caribe.”
Luciana Botafogo, Especialista
Setorial do Fundo Multilateral
de Investimentos
“O PDIS está completamente alinhado
com o Exército Brasileiro, pois tem a
finalidade social de formar o cidadão e
transmitir valores e virtudes. Estamos
contribuindo para o crescimento cultural e
pessoal de jovens, que vislumbram um
futuro próspero em sua comunidade e são
pautados por princípios importantes nos
dias de hoje: a conservação do meio
ambiente e a visão de sustentabilidade.”
João Francisco Ferreira,
General de Divisão e
Comandante da 6ª Região Militar
odebrecht informa
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argumento por FELIPE CRUZ
o
Líderes globalmente responsáveis
O tema socioambiental é objeto de atenção na Odebrecht desde
suas origens. Nos últimos anos, entrou definitivamente na agenda negocial, pela adoção de novas tecnologias nos produtos e
processos das empresas, na consolidação da Foz do Brasil e da
ETH Bioenergia, e na qualidade e quantidade dos trabalhos com
o entorno de nossas operações. A Braskem realiza seu inventário
de emissões de gases de efeito estufa desde 2006 e as outras
empresas estão se preparando para fazê-lo. No conjunto das
empresas temos mais de 500 pessoas trabalhando apenas em
ações socioambientais.
Temos ainda muito mais a contribuir!
Duas questões imperativas para o sucesso de programas de sustentabilidade são a capacidade de empresariamento e a articulação
entre os atores de determinada região ou contexto.
De nosso lado, essas são competências essenciais que desenvolvemos através dos tempos pela própria demanda da natureza de
nossos negócios. Sem exceção, qualquer de nossos empreendimentos se inicia com um grande diálogo em torno de sua viabilização,
com clientes, governos, entidades financeiras, empresas privadas e
outros atores sociais na busca de uma articulação positiva para sua
concretização.
A solução para relevantes questões humanas da atualidade fome, miséria, meio ambiente - exige o desenvolvimento de infraestrutura como instrumento de acessibilidade e criação de novos
negócios sustentáveis para a geração de maiores oportunidades
de trabalho e renda. Elevada capacidade de empresariamento e de
comunicação de líderes - nos negócios, nos governos e na sociedade
em geral - em todos os níveis, são os fatores fundamentais para a
desejada construção do bem comum.
A opção deliberada pelo rumo do Sobreviver, Crescer e Perpetuar
da Organização, uma política clara quanto a reinvestimento e uma
crença sólida na continuada identificação, formação e integração de
odebrecht informa
novos empresários pressupõem um mundo em desenvolvimento,
mas não a qualquer custo.
É verdade que não devemos e nem podemos assumir papéis em
substituição ao Estado, mas tampouco podemos apenas nos restringir a responder “demandas de compensação”, reagindo a exigências
legais, requisitos de entidades de financiamento, organismos de
licenciamento e grupos de interesse da sociedade em geral. Estamos
juntos em uma agenda de convergência de interesses e, portanto,
nossos empreendimentos são oportunidades.
O significado de Sustentabilidade na Odebrecht é exatamente utilizar proativamente a nossa energia empresarial a serviço de potencializar os efeitos dos empreendimentos que estamos e estaremos
criando, para que sejam verdadeiros indutores do Desenvolvimento
Sustentável das regiões em que se encontram.
É importante ressaltar que essa não é uma ação de benemerência; o Desenvolvimento Sustentável pressupõe resultados nos campos econômico, sociocultural e ambiental. Essa postura é coerente
com nossos valores e nos coloca ainda mais a serviço da sociedade
e, desta maneira, à frente na criação de novas, mais abrangentes e
continuadas oportunidades.
Com nossos valorosos mestres, aprendemos a construir obras de
infraestrutura com qualidade, preço adequado e prazo ajustado às
necessidades dos clientes. A “obra atual” exige que nos tornemos
líderes globalmente responsáveis, para adiante dos muros da empresa, e que desempenhemos com competência esta tarefa empresarial
que se alarga, em benefício de uma sociedade mais justa, promovendo a utilização mais equilibrada dos recursos naturais e contribuindo
para a ativação de um movimento pelo Desenvolvimento Sustentável
– no nosso entorno, nos países em que atuamos e no planeta.
Felipe Cruz é Responsável por Programas Sociais na Área de Sustentabilidade
da Odebrecht Engenharia e Construção
O TREM PEDE PASSAGEM
Pelos trilhos da Transnordestina,
Passará o progresso do Sertão.
Uma obra por nós tão desejada,
Como o prato que o faminto deseja,
Mudará a geografia sertaneja
E a economia também será mudada.
Quando a “serpente de ferro”, embalada
Roncar nos trilhos e estremecer o chão,
Nossa terra terá uma impulsão
Que mudará para sempre nossa sina;
Pelos trilhos da Transnordestina,
Passará o progresso do sertão.
O Brasil que construiu Tucuruí,
Itaipu, Paulo Afonso e outras mais
Certamente também será capaz
De fazer este Trem passar aqui.
E o Nordeste eu sei vai aplaudir
Depois de pronta esta grande construção.
Onde se vê o estrago da supressão,
Terá a ponte que a beleza nos fascina;
Pelos trilhos da Transnordestina,
Passará o progresso do sertão.
De Elizeu Martins no Piauí,
De Pecém na bela Fortaleza,
Neste Trem viajará toda a riqueza
Do Nordeste, doce terra cariri.
O entroncamento será mesmo bem aqui!
Neste Salgueiro, que eu amo de paixão,
Passando ao lado do berço de Lampião,
Para Suape irá o Trem na estrada fina;
Pelos trilhos da Transnordestina,
Passará o progresso do sertão.
Engenharia aqui temos sobrando!
Sem descuidar do lado social,
Gente boa olhando a parte ambiental,
Isso agora e quando o Trem tiver passando.
Os transtornos que a obra está causando,
Como o barulho de alguma detonação,
A poeira de trator e caminhão,
O resultado final tudo elimina;
Porque nos trilhos da Transnordestina,
Passará o progresso do sertão.
É por isso que “O Trem Pede Passagem”
Para esta obra importante e tão bonita,
Que fortalece o Nordeste e o habilita
Como centro de produção e escoagem.
Para o mundo teremos outra imagem,
Sem ser aquela de seca e desolação;
Deus proteja do engenheiro ao peão
Que constroem essa dádiva divina;
Porque nos trilhos da Transnordestina,
Passará o progresso do sertão.
Dedicado a todos aqueles que, de forma
direta
ou indireta, estão dando o melhor de si para
a
realização desta obra tão importante para o
desenvolvimento do Nordeste.
Diógenes Vieira – Técnico Social
do Projeto O Trem Pede Passagem
Salgueiro (PE), julho de 2010.
Com a finalidade de assegurar as melhores soluções para o bom andamento
das obras nos 1.121 km do traçado da Ferrovia Transnordestina nos estados de
Piauí e Pernambuco, foi criado pela Odebrecht e pelo cliente (Transnordestina
Logística S.A. – TLSA), com apoio dos governos estaduais, o Projeto O Trem Pede
Passagem. A obra, realizada em contrato de aliança entre a Odebrecht e a TLSA,
envolve desapropriações, o que requer acompanhamento direto das famílias afetadas. Com a realização de visitas, as equipes do projeto O Trem Pede Passagem,
do qual Diógenes Vieira, autor deste poema de cordel, é integrante, tentam assegurar a eficácia da comunicação entre o expropriante e os expropriados, e a consequente harmonia nessa relação.
FOTO: GUILHERME AFONSO
Jovem na brinquedoteca da Ilha Diana, em Santos (SP).
O imóvel foi restaurado pela Embraport.
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