HISTÓRIA DO BRASIL Prof. José Renato AULA 1 Expansão Marítima e Comercial / Período Pré-Colonial 1. ―O conceito de Grandes Navegações está relacionado à expansão marítima dos portugueses ao longo do século XV, incluindo dimensões históricas muito variadas: políticas, tecnológicas, geográficas e comerciais‖. VAINFAS, Ronaldo et al. História. São Paulo: Saraiva, 2010. Com base no texto, explique o conceito de Grandes Navegações acima definido, identificando as dimensões históricas enunciadas. Resolução: Ao conquistar autonomia política e alcançar a centralização do poder antes dos outros reinos europeus, Portugal pôde, com o apoio da burguesia comercial que se unira à dinastia de Avis, empenhar-se na expansão ultramarina. Para tanto, foi de extrema importância o projeto do infante D. Henrique, que se dedicava a pesquisas cartográficas e náuticas. Ele reuniu comerciantes da península Itálica e cartógrafos experimentados na área náutica, que contribuíram para a expansão marítima. Além das técnicas de navegação e construção naval (como as caravelas) desenvolvidas pelos portugueses, foram assimilados por eles o conhecimento náutico dos chineses e muçulmanos (como a bússola), adotados e ampliados pelos genoveses e venezianos. A localização geográfica de Portugal facilitava a exploração ultramarina, por isso Gênova e Veneza investiram nos empreendimentos do reino a fim de conquistar novas rotas de comércio em direção à Índia. Por fim, ressalte-se que Portugal precisava buscar terras cultiváveis em outras regiões. 2. As Grandes Navegações dos séculos XV e XVI possibilitaram a exploração do Oceano Atlântico, conhecido, à época, como Mar Tenebroso. Como resultado, um novo movimento penetrava nesse mundo de universos separados, dando início a um processo que foi considerado por alguns historiadores uma primeira globalização e no qual coube aos portugueses e espanhóis um papel de vanguarda. a) Apresente o motivo que levou historiadores a considerarem as grandes navegações uma primeira globalização. Resolução: O estabelecimento de intercâmbios – econômicos e culturais – da Europa com povos isolados da África, da Ásia e da América. b) Aponte dois fatores que contribuíram para o pioneirismo de Portugal e Espanha nas grandes navegações. Resolução: Dois dentre os fatores: - guerras de reconquista - vocação marítima da Península Ibérica - posição geográfica da Península Ibérica - vanguardismo ibérico no campo náutico - afluxo de capitais para a Península Ibérica - proximidade em relação à Península Itálica - processo de centralização da coroa portuguesa e espanhola 3. Em 1493 o papa deu seu parecer sobre a disputa estabelecida entre Portugal e Espanha por meio da Bula Intercoetera. Porém, só no ano seguinte, os países ibéricos, sem a intermediação da Igreja, chegaram a um acordo, com a celebração do Tratado de Tordesilhas. Sobre a frase acima responda: a) Sobre que disputa, a ser solucionada, referiam-se a Bula Intercoetera e o Tratado de Tordesilhas? b) O que propunha cada um para solucionar o problema? 1 4. ―Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles não têm nem entendem nenhuma crença, segundo parece. E, portanto, se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido, segundo a santa intenção de Vossa Alteza, fazerem-se cristãos e crerem na nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque, certo, esta gente é boa e de boa simplicidade e imprimir-se-á [facilmente] neles qualquer cunho que lhes quiserem dar‖. Pero Vaz de Caminha. Carta a el-rei dom Manuel sobre o achamento do Brasil, 1º de maio de 1500. O texto apresentado expressa valores próprios da sociedade em que foi produzido: a ibérica do século XV. Além do objetivo expresso pela Carta de Caminha, a colonização portuguesa do Brasil teve uma clara finalidade econômica. Qual finalidade era essa? 5. (UERJ 2012) ―Uma questão acadêmica, mas interessante, acerca da ‗descoberta‘ do Brasil é a seguinte: ela resultou de um acidente, de um acaso da sorte? Não, ao que tudo indica. Os defensores da casualidade são hoje uma corrente minoritária. A célebre carta de Caminha não refere a ocorrência de calmarias. Além disso, é difícil aceitar que uma frota com 13 caravelas, bússola e marinheiros experimentados se perdesse em pleno oceano Atlântico e viesse bater nas costas da Bahia por acidente‖. Rejeitado o acaso como fonte de explicação no que tange aos objetivos da ‗descoberta', fica de pé a seguinte pergunta: qual foi, portanto, a finalidade, a intenção da expedição de Cabral?‖. Adaptado de LOPEZ, Luiz Roberto. História do Brasil colonial. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983. Os descobrimentos marítimos dos séculos XV e XVI foram processos importantes para a construção do mundo moderno. A chegada dos portugueses ao Brasil decorre dos projetos que levaram diferentes nações europeias às grandes navegações. a) Formule uma resposta à pergunta do autor, ao final do texto: qual foi a finalidade da expedição de Cabral? Resolução: Garantir a posse de terras a oeste do Atlântico que pertenceriam a Portugal, segundo o Tratado de Tordesilhas, como estratégia para controle da rota atlântica que levava às Índias. b) Cite dois motivos que justificam as grandes navegações marítimas nos séculos XV e XVI. Resolução: Dois dos motivos: - busca de especiarias - propagação da fé católica - busca de metais preciosos - busca de terras pela nobreza decadente - busca de matérias-primas rentáveis para o comércio europeu - afirmação do poder territorial por parte dos Estados modernos recém implantados AULA 2 Povos Africanos e Indígenas 6. (UFC 2010) A conquista do território brasileiro pelos portugueses foi efetuada mediante o confronto com as populações indígenas que habitavam o Brasil naquele momento. Com base nisso, responda o que se pede a seguir a) Apresente três características gerais das sociedades aqui encontradas pelos colonizadores portugueses. b) A partir dos contatos estabelecidos com os nativos, os colonizadores entenderam que deveriam promover a salvação de suas almas. Cite a grande estratégia utilizada para esse fim pelos portugueses. c) Vários elementos da cultura indígena foram desvalorizados pelos portugueses no afã de legitimar seu projeto colonizador. Desse modo, indique duas práticas culturais nativas desprezadas pelos colonizadores. d) Qual o legado cultural indígena à sociedade brasileira? Enumere três exemplos. Resolução: A conquista do território brasileiro pelos portugueses foi efetuada mediante o confronto com as populações indígenas que povoavam o território brasileiro naquele momento. As sociedades aqui encontradas pelos colonizadores foram caracterizadas como nômades ou seminômades e viviam um modelo de comunidade primitiva, caracterizada pela inexistência da propriedade privada, organizada sob a forma do trabalho coletivo, com partilha comunitária da alimentação obtida através da coleta, da caça e da pesca, e a partir da 2 divisão sexual do trabalho. Era uma sociedade que respeitava os idosos e as crianças e que tinha uma relação de respeito com a natureza (os animais, a fauna e a flora). Por não compreenderem nem respeitarem a cultura nativa e a partir dos primeiros contatos estabelecidos com os nativos, os colonizadores entenderam que deveriam promover a salvação das almas daqueles. A conversão indígena através da catequese foi a estratégia encontrada para incutir-lhes a fé católica e tentar fazer com que abandonassem suas crenças. Nesse processo, vários elementos constitutivos da cultura indígena foram desvalorizados pelos portugueses no afã de legitimar seu projeto colonizador. Tradições seculares que envolviam as relações familiares como os casamentos e suas regras, seus modos de vestir, de se alimentar, de lutar e de ter fé foram duramente criticados e modificados à medida que o processo de colonização se consolidava. Apesar de todas as restrições impostas pelos colonizadores, o legado cultural indígena à sociedade brasileira está vivo nos nossos hábitos mais cotidianos, como o hábito de dormir em redes, na nossa dieta alimentar baseada em frutas, peixes, batatas e milho, bem como nas numerosas palavras indígenas agregadas ao nosso vocabulário, entre outras inúmeras contribuições. 7.(UFES 2009)―Como resposta ao movimento protestante, e também em atendimento à necessidade de adaptação aos novos tempos e de correção de algumas condutas, a Reforma Católica (Contrarreforma) constituiu um movimento de reformulação doutrinal e administrativa no interior da Igreja. Essa nova orientação foi estabelecida pelo Concílio de Trento, assembleia de religiosos que se reuniu de 1545 a 1563. Instrumentos eficazes da Contrarreforma foram o Tribunal do Santo Ofício (a Inquisição) e a Companhia de Jesus‖. CAMPOS, F.; MIRANDA, R. A escrita da História. São Paulo: Escala Educacional, 2005, p. 168. Texto Adaptado. Em face dos novos rumos fixados pelo Concílio de Trento para a Igreja, elabore um pequeno texto, explicando os objetivos a) do Tribunal do Santo Ofício; Resolução: O Concílio de Trento, na sua cruzada contra a expansão do protestantismo e das heresias, restabeleceu o Tribunal do Santo Ofício ou Inquisição, órgão responsável identificar e julgar atos contrários à fé católica. O Tribunal elaborou o Index LibrorumProibitorum, conhecido apenas como Index, uma lista de livros considerados perigosos pela Igreja e que por isso foram retirados de circulação e queimados, sendo muitas vezes os autores encaminhados para julgamento. Agindo em conjunto com a Inquisição, os Estados monárquicos europeus promoviam a punição dos condenados, aplicando-se prisões, degredos e execuções. O Tribunal representou um braço importante da Igreja no sentido de detectar os possíveis focos de heresia e de judaização, reprimindo-os com rigor. b) da Companhia de Jesus. Resolução: A Companhia de Jesus, por sua vez, foi fundada em 1534 pelo espanhol Inácio de Loyola. Os membros da ordem, conhecidos com jesuítas, seguiam uma rígida disciplina que lembrava a das corporações militares, razão pela qual foram conhecidos como “soldados de Cristo”. A atuação da ordem se deu basicamente na América, África e Ásia e envolveu um intenso trabalho missionário por intermédio da fundação de colégios. O objetivo primordial da Companhia era promover a expansão da fé católica mediante a intervenção no sistema pedagógico das regiões em que atuavam, desempenhando um importante papel na catequese dos índios brasileiros e na formação educacional dos colonos leigos. 8. (FUVEST 2009) ―E [os índios] são tão cruéis e bestiais que assim matam aos que nunca lhes fizeram mal, clérigos, frades, mulheres... Esses gentios a nenhuma coisa adoram, nem conhecem a Deus‖. Padre Manuel da Nóbrega, em carta de 1556. ―(...) Não vejo nada de bárbaro ou selvagem no que dizem daqueles povos; e na verdade, cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra. (...) Esses povos não me parecem, pois, merecer o qualitativo de selvagens somente por não terem sido se não muito pouco modificados pela ingerência do espírito humano e não haverem quase nada perdido de sua simplicidade‖. Michel de Montaigne. Ensaios, 1588. a) Compare as concepções dos dois autores sobre as populações nativas do Brasil. Resolução: As duas concepções expressam visões antagônicas em relação às populações nativas do Brasil, ambas referem-se aos índios como diferentes em relação aos europeus, porém o Padre Manoel da Nóbrega refere3 se a eles como inferiores por julgar que lhes falta o conhecimento e o respeito aos princípios da civilização cristã e por ignorarem da existência de Deus. (obviamente trata-se do Deus cristão). Para Montaigne, o fato dos indígenas não possuírem elementos da cultura europeia não os torna inferiores ou selvagens, reconhecendo a diversidade como algo inerente às civilizações humanas. b) Indique a concepção que prevaleceu e quais as consequências para a população indígena. Resolução: A concepção que prevaleceu foi a de Padre Manoel da Nóbrega. Ela refletia a visão dos jesuítas, pois a ideia de inferioridade dos indígenas e de viverem em estado de selvageria serviu como base para justificar os ataques a esses povos e ao processo de catequese com a imposição dos valores cristãos, tendo como consequência a dizimação e a aculturação das populações nativas do Brasil. 9. O TRABALHO NA COLÔNIA 1) 1500-1532: período chamado pré-colonial, caracterizado por uma economia extrativa baseada no escambo com os índios; 2) 1532-1600: época de predomínio da escravidão indígena; 3) 1600-1700: fase de instalação do escravismo colonial de plantation em sua forma ―clássica‖; 4) 1700-1822: anos de diversificação das atividades em função da mineração, do surgimento de uma rede urbana, mais tarde de uma importância maior da manufatura – embora sempre sob o signo da escravidão predominante. CARDOSO, Ciro FlamarionIn: LINHARES, Maria Yedda (org.). História geral do Brasil. 9ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. A partir das informações do texto, verificam-se alterações ocorridas no sistema colonial em relação à mão de obra. Apresente duas justificativas para o incentivo do Estado português à importação de mão de obra escrava para sua colônia na América. Resolução: Duas das justificativas: - oposição da Igreja Católica à utilização do indígena como escravo - dificuldade de apresamento dos indígenas, em função de sua migração / fuga para o interior - lucratividade do tráfico internacional de escravos, semelhante à de uma grande empresa, favorecendo traficantes e a Coroa Portuguesa - ―falta de braços‖ para a lavoura dos principais produtos coloniais, devido a um ciclo de doenças ocorridas na segunda metade do século XVI, responsável pela morte de milhares de indígenas - caráter fortemente hierárquico da sociedade portuguesa desse momento, marcada pelo uso legitimado da escravidão 10. (Fonte: NOGUEIRA & CAPELLARI / pág. 200) O relato a seguir é do viajante Alvise de Cadamosto foi um navegador veneziano que, no século XV, realizou algumas viagens ao serviço do Infante D. Henrique. Leia-o com atenção. ―Em Tegaza, que significa na nossa língua carregamento de ouro, o sal é extraído em grandes quantidades e os árabes e os morenos transportam-no em grandes caravanas para Tobut (Tombuctu) e desse lugar para Mali, império dos Negros, onde é vendido em menos de oito dias ao preço de 200 a 300 miticais a carga, valendo o mitical um ducado aproximadamente; depois regressam ao seu país com o ouro. Tendo perguntado em que é que os mercadores do Mali utilizam esse sal, responderam-me que o empregam em grandes quantidades, pois, devido à proximidade do equinócio (onde a noite é sempre igual ao dia), há grandes calores numa certa época do ano, o que faz com que o sangue se corrompa e apodreça de tal forma que morreriam se não fosse o sal. COQUERY-VIDROVITCH, Catherine (Org.). A descoberta de África. 2. ed. Lisboa: Edições 70, 2004. p. 55. a) Identifique de que tema trata o relato de A. Cadamosto. Resolução: O trecho trata do comércio do sal entre os grupos do norte, morenos e árabes, em troca do ouro do império do Mali. 4 b) Qual a relação existente entre os "calores" e a utilização do sal? Resolução: O texto se refere à saúde dos malineses, mas possivelmente se tratava de uma forma eficaz de conservar alimentos durante os períodos de calor. c) Relacione esse trecho ao tema da formação dos Estados africanos no Sudão Ocidental. Resolução: O comércio de ouro e sal incentivava os povos que habitavam o então Sudão Ocidental a se organizarem para estabilizar a produção, garantir a justeza nas trocas e a segurança dos comerciantes. Essa organização tende a se transformar em uma estrutura estatal. AULA 3 Sistemas administrativos / Pacto Colonial 11. (UFC 2008) Em 1532, o rei português D. João III, disposto a ocupar e explorar o Brasil, implantou na colônia d‘além-mar o sistema de capitanias hereditárias. Sobre o tema, responda as duas questões que seguem: a) Cite duas razões fundamentais que levaram Portugal a colonizar, efetivamente, o Brasil. b) Distinga o sistema de capitanias hereditárias do sistema de feitorias. Resolução: Temendo perder a colônia para outras potências estrangeiras, cujos navegantes constantemente assediavam seu litoral, especialmente os franceses; tendo o seu comércio com o Oriente entrado em decadência, sofrendo, em decorrência, grave crise econômica; Portugal resolveu colonizar efetivamente o Brasil, substituindo o sistema de feitorias pelo de capitanias hereditárias. O primeiro era baseado na ereção de entrepostos comerciais ao longo do litoral, voltados à exploração do pau-brasil e ao reabastecimento e reparo dos navios com outros destinos. O segundo, de outro lado, correspondia à divisão da colônia em 15 unidades administrativas, concedidas a capitães-donatários, a quem cabia ocupá-las, colonizá-las e proteger seu litoral. Esses deveres, bem como os direitos dos donatários, constavam de dois documentos, a ―carta de doação‖ e o ―foral‖. Já testado com sucesso nas ilhas atlânticas, esse sistema possibilitava à Coroa delegar os custos da colonização a particulares sem perder a posse das terras. 12. (FGV RJ 2009) Ao mesmo tempo em que se instituía o Governo-geral (1549) ocorria a passagem de uma economia de coleta para uma economia de produção na América portuguesa. A esse respeito: a) Do ponto de vista político-administrativo, a introdução do Governo-geral possibilitou uma centralização efetiva do poder e o controle metropolitano sobre a colônia? Justifique. Resolução: Não. A introdução do Governo-geral não foi eficaz para controlar e proteger o vasto território colonial, resolver as tensões entre colonos e povos indígenas, garantir a segurança dos colonos, controlar a arrecadação de tributos, impedir a presença estrangeira e combater o contrabando. Do ponto de vista jurídico, até mesmo a aplicação da justiça esbarrava na força e resistência exercidas pelos poderes locais representados pelos homens bons que dominavam as câmaras municipais. b) Em que medida o desenvolvimento da economia escravista contribuiu para a defesa e a ocupação do território americano por parte dos portugueses? Resolução: O desenvolvimento de atividades econômicas lucrativas como a plantation açucareira foi capaz de atrair colonos portugueses para a América e gerar riquezas, permitindo um primeiro avanço de ocupação do litoral do território colonial. Tal ocupação foi possível através da relação grande propriedade/escravismo e permitiu vincular o Brasil aos circuitos do comércio mundial em expansão. Além disso, o tráfico negreiro representou um importante ingrediente no arsenal político metropolitano, auxiliando a submeter os povoadores às engrenagens do sistema colonial. Por isso, o tráfico foi definido como o instrumento político-econômico que permitiu à Coroa exercer não apenas o seu domínio mas também o seu imperium. 13. ―(...) ponderando-se o acharem-se hoje as Vilas dessa Capitania tão numerosas como se acham, e que sendo uma grande parte das famílias dos seus moradores de limpo nascimento, era justo que somente as pessoas que tiverem essa qualidade andassem na governança delas (...)‖. Ordem Régia (Para Câmara de Vila Rica - MG), 27 de janeiro de 1726. 5 ―A Câmara e a Misericórdia podem ser descritas, apenas com um ligeiro exagero, como os pilares gêmeos da sociedade colonial desde Maranhão até Macau‖. BOXER, C. R. O império marítimo português. Lisboa: Edições 70, 1969, p. 267. O mais significativo órgão político-administrativo implantado por Portugal nas vilas coloniais da América Portuguesa era a Câmara Municipal. Baseando-se nas citações acima, responda com suas próprias palavras: a) Qual era a origem social daqueles que ocupavam os cargos nas Câmaras Municipais? b) Cite três funções das Câmaras Municipais nas principais vilas coloniais. 14. Leia o trecho da carta promulgada por dom Sebastião, rei de Portugal, em 1570, acerca da escravização do indígena. Em seguida, responda às questões. ―(...) defendo e mando que daqui em diante se não use nas ditas partes do Brasil dos modos que se tem em fazer cativos os ditos gentios nem se possam cativar por modo nem maneira alguma salvo aqueles que forem tomados em guerra justa que os portugueses fizerem aos ditos gentios com autoridade e licença minha ou do meu governador das ditas partes ou aqueles que costumam saltear os portugueses ou a outros gentios para os comerem assim como são os que chamam aymures (aimorés) e outros semelhantes (...)‖. PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla B. História da cidadania. São Paulo: Contexto, 2006. p. 426. a) Qual a posição da Coroa lusitana acerca da escravização do indígena? Resolução: O texto de dom Sebastião é ambíguo, pois ao mesmo tempo em que proíbe a escravização do indígena, abre exceções por meio das chamadas guerras justas. b) Qual a relevância do conceito de guerra justa para o documento? Resolução: A guerra justa reduz o indígena à condição de selvagem e inimigo, que por isso pode ser aprisionado e escravizado. c) De acordo com esse documento, quais eram os critérios que definiam uma guerra justa? Resolução: As guerras justas poderiam ser feitas, com autorização da Coroa, contra os indígenas que costumavam enfrentar os portugueses, guerrear com outros indígenas e que praticavam a antropofagia. d) Infira sobre os efeitos que um documento como o acima promulgado poderia provocar na América portuguesa. Resolução: Ao limitar as possibilidades de escravização, a Coroa descontentava os colonos, que desejavam usar a mão de obra que os indígenas proporcionavam. Ao manter exceções, que podiam ser burladas pelos colonos, as normas criavam atritos entre a Igreja, principalmente os jesuítas, e os colonos. 15. Leia o trecho do documento feito pelo Santo Ofício em sua primeira visitação ao Brasil, no final do século XVI, e responda às questões a seguir. ―Gonçalo Fernandes, cristão-velho, mestiço, disse em confissão que há cerca de seis anos no interior desta Capitania, para o lado de Jaguaripe, apareceu uma seita herética e idólatra feita de índios pagãos e cristãos, livres e escravos, que os escravos fugiam aos seus senhores para se juntarem a essa idolatria, que aí imitavam as cerimônias da Igreja, que fingiam usar rosário e rezar, que falavam uma linguagem inventada por eles, que praticavam a defumação com uma erva a que chamavam a Erva Santa, que engoliam esse fumo até caírem ébrios, dizendo que com esse fumo era o espírito de santidade que neles entrava (...) e faziam nesta idolatria muitos outros disparates‖. Primeira Visitação do Santo Ofício às Partes do Brasil - Denunciações da Bahia, 1591-1593. In ROMANO, Ruggíero. Os conquistadores da América. Lisboa: Dom Quixote, 1972. p. 82-83. a) Descreva o assunto abordado no documento acima. Resolução: O documento relata o surgimento de manifestações religiosas por parte de negros, colonos e indígenas consideradas heréticas pela Igreja. b) Analise a concepção que o documento apresenta sobre o movimento descrito. Resolução: Para o Santo Ofício, trata-se de um movimento idólatra. As pessoas fingem que rezam, inventam idiomas, se embriagam com uma erva. 6 c) De acordo com o relato feito pelo documento, poderíamos descrever esse fenômeno como um sincretismo religioso? Por quê? Resolução: Sim, pois pela descrição feita é possível perceber elementos católicos presentes nos ritos, como as rezas, o rosário, e também elementos dos rituais religiosos indígenas, como a defumação de ervas, a ingestão do tabaco, a adoção de uma linguagem específica, etc. d) É possível considerar a santidade um fenômeno de resistência indígena à catequização? Justifique sua resposta. Resolução: Sim, pois na "santidade" estão presentes traços importantes da cultura indígena, de suas tradições e costumes que não sucumbiram ao processo catequético, mas que foram redimensionados, ganhando outro significado. Além disso, esse sincretismo foi condenado como uma heresia, isto é, foi considerado em desacordo com a fé católica imposta aos nativos. AULA 4 Invasões Francesas / Produção do Açúcar / Pecuária 16.(FUVEST 2008) O estabelecimento dos franceses na Baía de Guanabara, em 1555, é um entre outros episódios que ilustram as relações entre a França e as terras americanas pertencentes à Coroa lusitana, durante os três primeiros séculos da colonização. a) Explique o que levou os franceses a se estabelecerem pela primeira vez nessas terras. Resolução: A criação pelos franceses de uma colônia na Baía da Guanabara, com o nome de ―França Antártica‖, baseou-se em quatro fatores: não reconhecimento do Tratado de Tordesilhas, assinado entre Portugal e Espanha; desguarnecimento do litoral brasileiro por parte dos portugueses; interesse francês em estabelecer na América um empreendimento colonial mercantilista; e instalação, na França Antártica, de um refúgio para os huguenotes (calvinistas franceses). OU Os franceses nunca aceitaram o Tratado de Tordesilhas e, portanto, não reconheciam o direito atribuído à Portugal e Espanha em 1494. No momento em que os franceses invadiram a Baía da Guanabara vivenciavam um processo de centralização política, marcado pelas disputas religiosas entre católicos e huguenotes, sendo que muitos desses eram burgueses e estavam interessados na expansão comercial, com a conquista de novas terras e mercados, além de um local que servisse de refúgio. b) Cite e caracterize outra tentativa francesa de ocupação na América Portuguesa. Resolução: Criação da ―França Equinocial‖ no Maranhão. Essa tentativa francesa de fixação na América se insere no contexto da rivalidade franco-espanhola durante a União Ibérica, tinha uma relação estratégica com a eventual ocupação da foz do Amazonas e se caracterizou pela efemeridade, pois durou apenas três anos (1612-15). OU A outra tentativa importante foi realizada entre 1612 e 1615 no litoral do atual Maranhão, onde os franceses católicos fundaram o Forte de São Luís, no contexto da União Ibérica, momento em que os franceses pretendiam ampliar suas possessões na América e se conflitavam com a Espanha, potência da época. Durante esse período governo do Cardeal Richelieu, de tendência absolutista, garantia apoio do Estado àqueles que tivessem vínculos políticos e religiosos com o mesmo. 7 17. Observe esta reprodução de uma imagem do pintor holandês Frans Post (1612-1680) e responda às questões. a) Descreva sucintamente a cena retratada na imagem. Resolução: A cena representa um engenho colonial brasileiro do século XVII. b) Indique quais elementos básicos do engenho estão retratados. Resolução: Estão representadas a casa de engenho e a capela ao fundo; algumas pessoas, supostamente escravas, foram representadas perto da casa de engenho. c) Podemos considerar que a imagem ajuda na compreensão do conhecimento histórico? Justifique sua resposta. Resolução: Professor, oriente os alunos a perceber que a representação iconográfica costuma oferecer informações importantes para o conhecimento histórico. Contudo, não se trata da "reprodução fiel da imagem do passado". As imagens são determinadas pela ótica do autor, seus valores, conceitos e preconceitos. A análise de uma obra iconográfica deve sempre levar esses fatores em conta. No caso de Frans Post tratase de um pintor do norte frio e escuro da Europa, a serviço do projeto colonizador holandês nos trópicos. Ao mesmo tempo em que se encanta com a luminosidade, o calor e a exuberância da natureza tropical, Post também pretende acentuar o exotismo da colônia, a fim de chamar a atenção do público europeu e lucrar com isso. d) Demonstre qual é a importância atribuída à natureza na tela de Frans Post. Resolução: Frans Post dá grande importância à natureza, marca que distingue a América de sua Europa natal. A vastidão natural que se perde no horizonte dá a sensação de que o mundo colonial era vasto, inexplorado, dominado por uma exuberante paisagem natural, pronto para receber mais colonos. 18. Leia atentamente o trecho abaixo e, com base nele e em seus conhecimentos, responda ao que se pede. ―Se pensarmos na história do Brasil (...) veremos que nenhum produto, ou atividade desaparece. Às vezes nem mesmo decai, (...). Na verdade, o que aconteceu [no caso do açúcar] deve ser explicado por fatores que dizem respeito às condições do mercado consumidor mundial, ao nível técnico da produção, à competitividade do produto (...)‖. LINHARES, M. Y. L. História da agricultura brasileira. Cite e analise dois fatores que levaram à chamada ―crise do açúcar‖, em meados do século XVII. 19. Em meados do século XVI, mais da metade das receitas ultramarinas da monarquia portuguesa vinham do Estado da Índia. Cem anos depois, esse cenário mudava por completo. Em 1656, numa consulta ao Conselho da Fazenda da Coroa, lia-se a seguinte passagem: ―A Índia estava reduzida a seis praças sem proveito religioso ou econômico. (...) O Brasil era a principal substância da coroa e Angola, os nervos das fábricas brasileiras‖. Adaptado de HESPANHA, Antônio M. História de Portugal – O Antigo Regime.Lisboa: Editora Estampa, s/d. Identifique duas mudanças nas bases econômicas do império luso ocorridas após as transformações assinaladas no documento. 8 20. ―De couro era a porta das cabanas, o rude leito aplicado no chão duro, e mais tarde a cama para os partos; de couro todas as cordas, a borracha para carregar água, o mocó ou alforje para levar comida, a maca para guardar roupa, a mochila para milhar cavalo, a peia para prendê-lo em viagem, as bainhas de faca, as broacas e surrões, a roupa de entrar no mato, os banguês para curtume ou para apurar sal; para os açudes, o material de aterro era levado em couros puxados por juntas de bois que calcavam a terra com seu peso; em couro pisava-se tabaco para o nariz‖. ABREU, Capistrano de. Capítulos de história colonial. Com base no texto acima, que se refere a uma importante atividade econômica do período colonial, e também em seus conhecimentos, responda: a) Qual é essa atividade? b) Em que região da colônia ela se tornou mais expressiva? c) Qual a relação de trabalho predominante nessa atividade? AULA 5 União Ibérica / Invasões Holandesas 21. (UFBA 2007) Com referência à instalação e à manutenção da União Ibérica no mundo luso-espanhol, entre 1580 e 1640, identifique dois fatores responsáveis por esse fato e dois efeitos a ele relacionados. Resolução: Fatores motivantes: 1. Questão dinástica. 2. Expansão do monopólio comercial. 3. Busca da hegemonia política na Europa. 4. Proteção às áreas de mineração da prata no Peru. Efeitos: 1. Expansão dos limites das terras do Brasil de domínio português para além da linha de Tordesilhas em direção às terras de domínio espanhol. 2. Mudanças administrativas no Brasil (criação do Estado do Brasil). 3. Invasões estrangeiras principalmente de franceses e de holandeses. 4. Domínio espanhol no Brasil. 22. (UFBA 2009) Com base nos conhecimentos sobre o Período Colonial, indique, para cada situação em destaque, um fator que comprove a importância da economia colonial brasileira para as relações econômicas entre Portugal/Holanda e Portugal/Inglaterra entre os séculos XVII e XVIII. Resolução: Portugal/Holanda - Parceria na produção e no mercado do açúcar colonial até 1580. - Disputa pelas áreas produtoras de açúcar no nordeste da Colônia. - Ocupação holandesa no Brasil em 1624/1625 e de 1630 a 1654. Portugal/Inglaterra - Dependência comercial de Portugal frente à Inglaterra desde o século XVII. - Descoberta do ouro no Brasil aprofundando sua dependência, pois Portugal comprava mercadorias da Inglaterra pagando com o ouro do Brasil. - Assinatura, em 1703, do tratado de Methuen — vinhos e azeites x tecidos e manufaturados. - Publicação do Alvará de 1795 em Portugal proibindo indústrias no Brasil. 23. (FUVEST 2008) O estabelecimento dos franceses na Baía de Guanabara, em 1555, é um entre outros episódios que ilustram as relações entre a França e as terras americanas pertencentes à Coroa lusitana, durante os três primeiros séculos da colonização. a) Explique o que levou os franceses a se estabelecerem pela primeira vez nessas terras. Resolução: A criação pelos franceses de uma colônia na Baía da Guanabara, com o nome de ―França Antártica‖, baseou-se em quatro fatores: não-reconhecimento do Tratado de Tordesilhas, assinado entre Portugal e Espanha; desguarnecimento do litoral brasileiro por parte dos portugueses; interesse francês em estabelecer na América um empreendimento colonial mercantilista; e instalação, na França Antártica, de um refúgio para os huguenotes (calvinistas franceses). OU 9 Os franceses nunca aceitaram o Tratado de Tordesilhas e, portanto, não reconheciam o direito atribuído à Portugal e Espanha em 1494. No momento em que os franceses invadiram a Baía da Guanabara vivenciavam um processo de centralização política, marcado pelas disputas religiosas entre católicos e huguenotes, sendo que muitos desses eram burgueses e estavam interessados na expansão comercial, com a conquista de novas terras e mercados, além de um local que servisse de refúgio. b) Cite e caracterize outra tentativa francesa de ocupação na América Portuguesa. Resolução: Criação da ―França Equinocial‖ no Maranhão. Essa tentativa francesa de fixação na América se insere no contexto da rivalidade franco-espanhola durante a União Ibérica, tinha uma relação estratégica com a eventual ocupação da foz do Amazonas e se caracterizou pela efemeridade, pois durou apenas três anos (1612-15). OU A outra tentativa importante foi realizada entre 1612 e 1615 no litoral do atual Maranhão, onde os franceses católicos fundaram o Forte de São Luís, no contexto da União Ibérica, momento em que os franceses pretendiam ampliar suas possessões na América e se conflitavam com a Espanha, potência da época. Durante esse período governo do Cardeal Richelieu, de tendência absolutista, garantia apoio do Estado àqueles que tivesses vínculos político e religiosos com o mesmo. 24. (ESPM 2007 1) ―Quem foi Calabar? Para uns, um patriota; para outros, um desertor; para muitos, traidor. Dele, com certeza, só se pode dizer: covarde não era. Era um bravo, um forte, um hábil guerrilheiro, um mulato de talento‖. Celso Cunha Jr. In Francisco de Assis Silva e Pedro Ivo de Assis Bastos. História do Brasil. Comente a passagem da História do Brasil à qual figura de Domingos Fernandes Calabar deve ser relacionada. 25. ―Em 1645, os insurretos controlavam o interior do nordeste, enquanto os batavos permaneciam em Recife, Itamaracá, Paraíba, Natal e Fernando de Noronha. A estratégia lusa era impedir o abastecimento do inimigo, fazendo-o depender dos recursos enviados desde a Europa. As derrotas dos invasores, sobretudo nas duas batalhas de Guararapes desembocaram na capitulação da Campina da Taborda‖. Ronaldo Vainfas. Dicionário do Brasil Colonial. Relacione a insurreição, à qual o texto acima se refere, à saída de Maurício de Nassau do Brasil holandês. AULA 6 Expansão Territorial / Tratados de Limites / Mineração 26. (FUVEST 2007) As interpretações históricas sobre o papel dos Bandeirantes nos séculos XVII e XVIII apresentam, de um lado, a visão desses paulistas como heróis e, de outro, como vilões. A partir dessa afirmação, discorra sobre: a) os bandeirantes como heróis, ligando-os à questão das fronteiras. Resolução: Na historiografia brasileira temos vários temas controversos, sendo que o bandeirismo é um deles. Existem trabalhos que colocam os bandeirantes como grandes heróis, desbravadores do sertão, homens que permitiram ao Brasil ter o grande território que tem hoje. De fato a ação dos bandeirantes, percorrendo as terras americanas para muito além do Tratado de Tordesilhas redefiniu o traçado territorial colonial e foi decisivo para a configuração estabelecida pelo Tratado de Madrid de 1750. b) os bandeirantes como vilões, ligando-os à questão dos índios. Resolução: Em contrapartida, existem trabalhos que apresentam os bandeirantes como mercenários, homens cruéis e violentos, que teriam sido os grandes responsáveis pela dizimação de milhares de índios. Existe ainda, uma terceira corrente que, contrapondo a documentação e verificando os relatos de época, afirma que os bandeirantes não são o que podemos chamar de orgulho da nação, pois sua prática foi violenta, no entanto não podemos deixar de considerar o contexto no qual viviam. Era uma época de extrema pobreza, onde a sobrevivência era difícil. Nem bandidos nem heróis, os bandeirantes eram homens rudes, em sua grande maioria pobres, que já não falavam o português, misturavam-no com dialetos indígenas e que incentivados pela coroa portuguesa abasteceram as regiões com mão-de-obra e descobriram novas riquezas num momento de crise. 10 27. (UERJ 2010) As expedições destinadas ao apresamento de indígenas constituíram, como se pode observar no mapa abaixo, a principal atividade realizada pelos bandeirantes paulistas entre os séculos XVI e XVIII. JOHN MANUEL MONTEIRO Adaptado de Negros da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo: Cia das Letras, 1994. Estabeleça a relação existente entre as expedições de apresamento e as atividades econômicas desenvolvidas pelos habitantes da Capitania de São Vicente. Em seguida, identifique um efeito dessas expedições para a colônia portuguesa na América. Resolução: A ocupação das terras do planalto pelos paulistas ocasionou conflitos com as populações nativas locais, que foram em grande parte aprisionadas e então utilizadas como mão de obra escrava na lavoura de gêneros alimentícios. Por sua vez, o desenvolvimento dessa lavoura, destinada ao comércio intracolonial, estimulou a organização de novas expedições destinadas ao apresamento de indígenas. Um dos efeitos: - desbravamento e conhecimento dos sertões - descoberta de ouro na região das Minas Gerais - extermínio e escravização de populações ameríndias - criação de caminhos e estradas entre as regiões desbravadas - ampliação da oferta de mão de obra escrava indígena para outras regiões da América portuguesa - legitimação das pretensões territoriais portuguesas na negociação do tratado de Madri 28. ―Certifico que depois do sítio em pus os Negros dos Palmar (...) se urgiu a sua total destruição, em a qual o Capitão-mor (...) lançou a primeira tropa em que mandou toda a sua gente que achou capaz de seguirem o alcance de alguns negros que pudessem ter escapado por entre os matos e andarem dois dias correndo (...) por muitas brenhas e serras, e degolaram aos que puderam(...) e trouxeram duas Negras prisioneiras, que por mulher lhes perdoaram a vida(...)‖. Em fevereiro de 1694 - O Domingos Jorge Velho. In: RIBEIRO, Darcy. A fundação do Brasil: testemunhos, 1500-1700. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992. p. 339. Com base no texto acima e em seus conhecimentos, responda ao que se pede: a) Descreva as formas de resistência dos escravos no Brasil. b) Como essas formas de resistência contribuíram para alterar o cotidiano dos escravos? 29. A descoberta do ouro na América portuguesa provocou verdadeira febre em busca de riquezas, causando conflitos e algumas mudanças na vida da Colônia. Entretanto, a maior parte do ouro extraído pelos portugueses foi parar na Inglaterra. A partir dessas afirmações e dos conhecimentos sobre o período de mineração, faça o que se pede: a) Cite duas mudanças ocorridas na Colônia com a descoberta dos metais preciosos. b) Cite dois conflitos ocorridos na região mineradora relacionados com a exploração do ouro. c) Explique a seguinte afirmativa: o ouro deixou buracos no Brasil, igrejas em Portugal e fábricas na Inglaterra. 11 30. (UFGO 2005) ―(...) pois que sendo menor o número das fábricas de mineirar que ficam ao sul de São Felix, elas renderam ao quinto na Casa Real de Fundição, em 1777, 216 marcos de ouro, e as do norte, 38 marcos. Isso demonstra que, apesar da maior extensão do terreno e o maior número de escravos ocupado no exercício de mineirar, há muito extravio do ouro e a necessidade de empregar a maior vigilância para evitar esse roubo no norte‖. Relatório do governador José de Vasconcelos. In: PALACÍN, Luís et al. Historia de Goiás em documentos. Goiânia: Ed. da UFG, 2001. p. 97-98. [Adaptado]. O documento acima ressalta as dificuldades da coleta do tributo régio do quinto. No que se refere à mineração na capitania de Goiás colonial e ao controle da extração aurífera, a) explique a razão da diferença de arrecadação do quinto entre as regiões mineradoras do norte e do sul; Resolução: A diferença está no fato de o contrabando do ouro ser maior no norte devido às dificuldades de controle para impedir esse extravio. O ouro bruto era mais facilmente contrabandeado. b) analise a função desempenhada pelas duas Casas Reais de Fundição (Vila Boa e São Felix). Resolução: A função era fundir o ouro extraído na capitania, retirar a quinta parte para o tributo régio da Metrópole, transformá-lo em barras com o selo da Coroa portuguesa, ampliar o controle da produção e a arrecadação do quinto. AULA 7 Movimentos Nativistas e Emancipacionistas 31. (FGV RJ 2010) ―Outra preocupação da Coroa foi a de estabelecer limites à entrada na região das minas. Nos primeiros tempos da atividade mineradora, a Câmara de São Paulo reivindicou, junto ao rei de Portugal, que somente aos moradores da Vila de São Paulo, a quem se devia a descoberta do ouro, fossem dadas concessões de exploração do metal. Os fatos se encarregaram de demonstrar a inviabilidade do pretendido, diante do grande número, não só de portugueses, mas também de baianos, que chegava à região das minas‖. FAUSTO, Bóris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2004, p. 100. O texto acima refere-se aos precedentes de um conflito ocorrido entre 1708 e 1709. a) A qual conflito se refere o autor? Quais foram as motivações desse conflito? b) A economia colonial era caracterizada pela produção de gêneros voltados ao mercado externo. No entanto, o exemplo da economia mineradora pode ser lembrado para evidenciar a existência de um mercado interno na colônia portuguesa? Justifique sua resposta. 32.―O senso comum anunciou, durante décadas, a índole pacífica do povo brasileiro, alegando que teríamos sofrido poucos momentos de revolta. No entanto, somente durante o período colonial foram registrados mais de sessenta motins, insurreições, revoltas e rebeliões na América Portuguesa. Um desses movimentos reivindicatórios foi liderado por Manuel Beckman‖. RAMOS, Fábio Pestana; MORAIS, Marcus Vinícius de. Eles formaram o Brasil. Sobre a chamada Revolta de Beckman, explique: a) suas causas b) seu desfecho 33.(FUVEST 2007) (...) E ninguém percebe como é necessário que terra tão fértil, tão bela e tão rica 12 por si se governe! (...) A terra tão rica e ó almas inertes! o povo tão pobre... Ninguém que proteste! Esses versos de Cecília Meirelles, em Romanceiro da Inconfidência, evocam, de forma poética, os acontecimentos de 1789 em Minas Gerais. A partir deles, responda: a) Que razões motivaram os Inconfidentes, tendo em vista as condições das Minas Gerais? Resolução: Podemos considerar duas grandes motivações, uma objetiva, devido a grande exploração portuguesa sobre a região, a partir de carga tributária e política fiscal, materializada na "Derrama", numa época de esgotamento de diversas jazidas na região; a outra subjetiva, marcada pela forte influência das idéias iluministas sobre setores elitizados e intelectualizados da sociedade das Minas Gerais. b) Que mudanças eles propuseram? Resolução: Os inconfidentes defendiam a emancipação do Brasil frente a metrópole portuguesa, com a organização de uma República, apoiada nos ideais de liberdade e igualdade defendidos pelo iluminismo. Propunham incrementar a natalidade, a criação de uma universidade e a elevação de Vila Rica a condição de capital do Brasil. 34. (PUC RJ 2009 1) A Conjuração Baiana foi um dos movimentos político-sociais ocorridos na América portuguesa que assinalam o contexto de crise do sistema colonial. Leia a seguir um trecho de um dos panfletos sediciosos afixados em locais importantes da cidade de Salvador no ano de 1798. “Aviso ao Povo Bahiense Ó vós Homens Cidadãos; ó vós Povos curvados, e abandonados pelo Rei, pelos seus despotismos, pelos seus Ministros. Ó vós Povos que nascestes para serdes livres [...], ó vós Povos que viveis flagelados com o pleno poder do indigno coroado, [...]. Homens, o tempo é chegado para vossa ressurreição, sim para ressuscitardes do abismo da escravidão, para levantardes a sagrada bandeira da Liberdade.” Retirado e adaptado de DEL PRIORE, Mary et al. Documentos de História do Brasil: de Cabral aos anos 90. São Paulo, Scipione, 1997. p.38. a) ESCOLHA e TRANSCREVA uma passagem do documento que evidencie a insatisfação dos conjurados baianos com a situação política da época. JUSTIFIQUE sua escolha. Resolução: O candidato deverá transcrever uma das seguintes passagens: “Ó vós Povos curvados, e abandonados pelo Rei, pelos seus despotismos, pelos seus Ministros”; “[...] ó vós Povos que viveis flagelados com o pleno poder do indigno coroado [...]”. Ambas as passagens evidenciam a insatisfação dos conjurados baianos com a situação colonial e com o governo monárquico absolutista. Os conjurados baianos denunciavam a situação de “abandono” e “flagelo” na qual se encontravam devido aos “despotismos” do Rei e de seus ministros. O uso das expressões “seus despotismos” e “pleno poder do indigno coroado” revela a crítica dos conjurados ao poder absoluto do monarca português. O Rei e os seus representantes naquela região da colônia governavam oprimindo os colonos cada vez mais com altas cargas tributárias. A cobrança de impostos, por parte da Coroa portuguesa, aliada à crise da economia açucareira corroboravam para o crescimento da insatisfação entre os colonos baianos com o governo da Metrópole. 35. Dentre as revoltas ocorridas antes da nossa Independência, a Conjuração Baiana de 1798 (Revolta dos Alfaiates), recebe menor destaque da Historiografia Oficial em relação à Conjuração Mineira. Em quais aspectos os planos dos revoltosos da Bahia diferiam dos ideais da Conjuração Mineira? 13 AULA 8 Vinda da Corte / Processo de Emancipação 36. Imprensa, universidades, fábricas – nada disso nos convinha, na opinião do colonizador. Temiam os portugueses deixar entrar aqui essas novidades e verem, por influência delas, escapar-lhes das mãos a galinha dos ovos de ouro que era para eles o Brasil. LUSTOSA, Isabel. O nascimento da imprensa brasileira. Com base nas análises da autora, responda. a) Que fato alterou a política metropolitana em relação à colônia brasileira na primeira década do século XIX? b) Por que a imprensa, as universidades e as fábricas eram tidas pelos colonizadores como uma ameaça? 37. Já a mais de dois séculos que, sob a proteção da marinha britânica, a Família Real portuguesa e sua Corte embarcaram, em Lisboa, em novembro de 1807, com destino ao Rio de Janeiro. Descreva o contexto político europeu relacionado ao fato e justifique a decisão do governo português, em favor da transmigração. 38. ―O enriquecimento da vida cultural do Rio de Janeiro, e até mesmo do país, após 1808, decorreu, sobretudo, das necessidades da elite dominante. No ambiente acanhado da sociedade americana, a novidade dos procedimentos característicos do círculo real exerceram extraordinário fascínio, produzindo um poderoso efeito ‗civilizador‘ em relação à cidade. Em contrapartida, a Coroa não deixou de adotar também medidas de controle mais eficientes. Após a tormenta da Revolução Francesa e ainda vivendo o turbilhão do período napoleônico, era o medo dos princípios difundidos pelo século das Luzes, especialmente as ‗perniciosas‘ ideias francesas, que ditava essas cautelas‖. LÚCIA M. P. DAS NEVES E HUMBERTO F. MACHADO. Adaptado de O império do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. O texto aborda um duplo movimento provocado pela presença da Corte portuguesa no Brasil: o estímulo às atividades culturais na colônia e, ao mesmo tempo, o controle conservador sobre essas atividades. Indique duas ações da Coroa que enriqueceram a vida cultural da cidade do Rio de Janeiro. Explique, ainda, como o Estado português exercia controle sobre as atividades culturais. 39. No início do século XIX, como desdobramento de grandes acontecimentos e transformações ocorridas no final do século anterior, ocorreram as independências do Brasil e dos países americanos de colonização espanhola. Sobre esses processos de emancipação destaque: a) objetivos políticos. b) objetivos econômicos. 40. ―A independência do Brasil, enquanto processo histórico, desenhou-se muito tempo antes do príncipe regente, Dom Pedro, proclamar o fim dos nossos laços coloniais às margens do rio Ipiranga. De fato, para entendermos como o Brasil se tornou uma nação independente, devemos perceber como as transformações políticas, econômicas e sociais inauguradas com a chegada da família da Corte Lusitana ao país abriram espaço para a possibilidade da independência‖. SOUSA, Rainer. http://www.brasilescola.com/historiab/independencia-brasil.htm Aponte dois fatores que expliquem por que, em nossa independência, diferentemente da maioria dos nossos vizinhos hispano-americanos, ocorreu a opção pela monarquia. 14 AULA 9 Primeiro Reinado 41. ―Havendo esta Assembleia perjurado ao tão solene juramento, que prestou à Nação, de defender a integridade do Império, sua independência e a minha dinastia: hei por bem, como imperador e defensor perpétuo do Brasil, dissolver a mesma Assembleia e convocar uma outra [...] a qual deverá trabalhar o projeto de Constituição que eu hei de em breve apresentar‖. (Decreto de D. Pedro I, de 12 de novembro de 1823). ―O poder Moderador [...] é a chave mestra da opressão da nação brasileira e o garrote liberdade dos povos. Por ele o imperador pode dissolver a Câmara dos deputados, que é a do povo, ficando sempre no gozo dos seus direitos o Senado, que é o representante dos Imperador. Esta monstruosa desigualdade [...] dá ao imperador o poder de mudar a seu deputados que ele entender que se opõem a seus interesses pessoais‖. (Manifesto de Frei Caneca contra a Constituição de 1824). mais forte da representante protegidos do bel prazer os Na história do Brasil, como na de tantos países, vários golpes de força ocorreram em determinados momentos da vida política. Nesta questão vamos tratar de um desses momentos. Leia os textos e responda as questões. a) Explique as principais razões dos conflitos entre a Assembleia constituinte e D. Pedro I. Resolução: Logo depois da independência reuniu-se na capital do Império a primeira Assembleia Nacional Constituinte do Brasil. Esta Assembleia, dominada pelos representantes da elite latifundiária das várias províncias, entrou em choque com D. Pedro I que desejava fortalecer o poder do Imperador em detrimento do poder das províncias e da Câmara de Deputados. A partir daí os choques foram frequentes entre a Constituinte e o Imperador, até o momento em que D. Pedro, utilizando força militar, encerrou os trabalhos da assembleia e impôs ao país uma Constituição moldada pelas suas ideias. b) Quais os principais objetivos do movimento relacionado ao Manifesto de Frei Caneca. Resolução: O manifesto de Frei Caneca fez parte de um movimento revolucionário liberal, a chamada Confederação do Equador, que eclodiu em Pernambuco no ano de 1824, reunindo elementos do povo liderados pela elite local. Os revolucionários eram contrários a Constituição outorgada por D. Pedro I. Criticavam o autoritarismo e a centralização de poderes nas mãos do imperador, em detrimento do poder da Câmara dos deputados e dos governos provinciais. A Confederação terminou violentamente reprimida pelas forças imperiais. c) Na Constituição, que passou a vigorar a partir de 1824, explique como foram tratados os seguintes temas: direito de voto e organização do trabalho. Resolução: Pela Constituição de 1824, outorgada por D. Pedro I, passaram a existir no Brasil quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador. Este último poder era também exercido pelo Imperador que nomeava os senadores vitalícios, ministros, presidentes de províncias, além de poder dissolver a Câmara dos Deputados. O direito de voto era reservado apenas aos homens livres, maiores de 21 anos, que elegiam principalmente a Câmara de deputados, numa eleição indireta. O número desses homens livres eleitores continuou extremamente reduzido na medida em que a escravidão foi mantida no texto constitucional. 42. Observe o esquema abaixo, no qual 15 Nesse esquema são representados os poderes do Estado brasileiro, instituídos pela Constituição de 1824. Comente a principal diferença dessa estrutura, adotada no Brasil após nossa independência, para a proposta pela Teoria dos Três Poderes, idealizada por Montesquieu. 43. (UFC 2009) Examine a figura e leia o texto a seguir. ―A imagem de D. Pedro I desembainhando a espada no alto do Ipiranga é uma das representações mais populares da história do Brasil. [...] Diante dela temos a impressão de sermos testemunhas do evento histórico, aceito naturalmente como ‗marco zero‘ da fundação da nação. No entanto, essa imagem é fruto da imaginação de um artista que nem mesmo tinha nascido no momento em que o episódio ocorreu‖. MATTOS, Cláudia Valladão. A invenção do grito. In: História Viva, ano V, n. 59, p. 67, 2008. A citação faz referência a uma famosa obra, criada entre 1885 e 1888, pelo pintor paraibano Pedro Américo de Figueiredo e Melo. Responda o que se pede a seguir. a) Que ‗marco zero‘ da história do Brasil a obra busca legitimar? b) Qual a representação simbólica que o pintor faz desse evento histórico? Resolução: O quadro Independência ou Morte, do pintor paraibano Pedro Américo de Figueiredo e Melo (1843-1905), retrata o Grito do Ipiranga. Este episódio, inventado, posteriormente, como ―marco zero‖ da Independência do Brasil, é datado de 7 de setembro de 1822. O pintor representou a independência do Brasil como resultado do voluntarismo e heroísmo do futuro imperador, expressos no seu grito de ―Independência ou Morte‖, aclamado por civis e militares que o acompanhavam. No momento da produção da obra, o Segundo Reinado estava nos seus últimos anos, imerso numa crise política que desencadeou a proclamação da República, em novembro de 1889. Setores políticos e sociais que apoiavam o regime rompiam com o Imperador Dom Pedro II. Dentre esses, podemos citar as elites contrárias à abolição (questão abolicionista), setores da Igreja (questão religiosa) e, principalmente, os militares (questão militar), estes simpatizantes das ideias positivistas e desejosos de maior reconhecimento pela monarquia. As campanhas em favor da República espalhavam-se por todo o Brasil, conquistando a adesão de intelectuais, industriais, cafeicultores e membros das camadas médias. Ao valorizar a imagem do pai de Dom Pedro II como líder e herói nacional, o quadro ecoava as tentativas de estabilizar um império em crise. O esplendor e força do jovem Dom Pedro I, diante de militares e civis, na pintura, destoava do que vivia então Dom Pedro II, já idoso e politicamente fraco. Em suma, a obra foi produzida num contexto de construção de uma memória positiva sobre o Império e a nação. O Monumento do Ipiranga, hoje Museu Paulista, onde se encontra o quadro (criado para ornamentá-lo), teve sua construção iniciada em 1885, em meio ao franco declínio do regime. 44.―A Guerra da Cisplatina ocorreu de 1825 a 1828, entre Brasil e Argentina, pela posse da Província de Cisplatina, atual Uruguai. Localizada numa área estratégica, a região sempre foi disputada pela Coroa Portuguesa e Espanhola. Na época em que a coroa Portuguesa se transferiu para o Brasil, Dom João VI incorporou a região. Em 1816, por razões políticas e econômicas, ele enviou tropas a Montevidéu, ocupando o território e nomeando-o como Província da Cisplatina. 16 (...) No Reinado de Dom Pedro I, em 1825, surgiu um movimento de libertação da província. Os habitantes da Cisplatina não aceitavam pertencer ao Brasil, pois tinham idiomas e costumes diferentes. Liderados por João AntonioLavalleja, eles se organizaram para declarar a independência da região. A Argentina apoiou o movimento, oferecendo força política e suprimentos (alimentos, armas, etc). Porém, na realidade, os argentinos pretendiam anexar a Cisplatina, logo que esta se libertasse do Brasil‖. DUARTE, Lidiane. http://www.infoescola.com/historia/guerra-da-cisplatina. Sobre o conflito comentado no texto, responda: a) Como terminou. b) Qual seu efeito sobre a popularidade de D. Pedro I. 45.―A Noite das Garrafadas foi como ficou conhecido um episódio da história do Brasil Império, que envolvia portugueses que apoiavam D. Pedro I e brasileiros que faziam oposição ao imperador. No dia 20 de novembro de 1830, o jornalista Líbero Badaró, que denunciava o autoritarismo do imperador D. Pedro I, foi assassinado, supôs-se que foi a mando do próprio governante. Em fevereiro de 1831, D. Pedro I viajou para Minas Gerais, tentando recuperar, mesmo em parte, seu prestígio, sendo, entretanto, hostilizado pelo povo mineiro. No dia 11 de março ele retornou ao Rio de Janeiro, onde voltou a encontrar oposição aberta nas ruas da cidade. O conflito culminou na noite do dia 13, quando os portugueses organizavam uma grande festa para recepcionar o governante, mas os brasileiros revoltosos atacaram com pedras e garrafas. Foi, na verdade, uma disputa entre os aliados do partido português - favoráveis ao imperador - e os liberais do partido brasileiro - opositores ao mesmo‖. http://pt.wikipedia.org/wiki/Noite_das_Garrafadas Descreva as repercussões deflagradas por esse episódio, tanto de curto como de médio prazo. AULA 10 Período Regencial 46. (UFC 2007) Leia o texto a seguir. “Frequentemente, os liberais reformistas propunham as reformas e os conservadores as implementavam”. CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial. 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, p. 224. Os conservadores e os liberais, acima citados, foram protagonistas de um sistema político engenhoso, que funcionava ao modo de uma monarquia parlamentar, de um lado garantindo a estabilidade política do País, a partir da defesa da ―ordem‖ e da ―civilização‖, de outro retardando reformas necessárias, como a abolição. A partir dessas informações e dos seus conhecimentos, responda às questões propostas. a) Cite dois grupos sociais que compuseram cada um desses dois partidos. b) Apresente uma razão pela qual padres e soldados tiveram sua ação política limitada durante a Regência e o Segundo Reinado. Resolução: Os burocratas eram, em grande parte, magistrados, de importância fundante na consolidação do Estado brasileiro, devido a sua ação em prol da centralização administrativa, nas fileiras do Partido Conservador, principalmente. Os proprietários de terra ligados ao setor exportador, cujas áreas de produção agrícola eram de colonização mais antiga (RJ, PE, BA), tendiam a atuar nas hostes do Partido Conservador, enquanto aqueles ligados ao mercado interno e às áreas recentes de colonização (MG, SP, RS) compunham, prioritariamente, o Partido Liberal. Já os profissionais liberais, na sua maioria advogados, professores, jornalistas, médicos e engenheiros, tendiam a se enfileirar com os liberais. Não obstante o fato de a Constituição de 1824 unir a Igreja ao Estado, conferindo ao último o poder de nomear os bispos e a responsabilidade de pagar os salários dos padres, estes se envolveram na maioria das rebeliões no País, ocorridas entre o final do século XVIII e a primeira metade do XIX, defendendo, em regra, o liberalismo político, de matriz francesa e norte-americana. Em 1855, sob a alegação da deterioração do ensino religioso e do clero, o governo proibiu a admissão de noviços até que os conventos fossem reformados. A situação financeira dos seminários maiores impôs também aos religiosos a subvenção oficial, em troca da aprovação, pelo governo, dos lentes e compêndios. A partir de 1872, com a chamada questão religiosa, a Igreja tentou redefinir sua relação com o Estado. Os soldados, aceitos na véspera e após a independência, pela oposição aos oficiais e comerciantes portugueses, foram descartados na Regência, com a criação da Guarda Nacional, por Feijó. O histórico de participação desses militares em movimentos de cunho popular atemorizava as elites. Com o fim da Guerra do Paraguai, em 1870, reativaram a ação política. 17 47.Preparado por uma comissão especial liderada por Bernardo Pereira de Vasconcelos, após longos debates na Assembleia Geral, foi promulgado, em 18/08/1834, o Ato Adicional à Constituição do Império, que promovia várias mudanças políticas. CITE e EXPLIQUE pelo menos duas dessas mudanças. 48. (UFC 2009) Leia o texto a seguir. ―Não há sombra de dúvidas sobre o papel central desempenhado pelos muçulmanos na rebelião de 1835. Os rebeldes – ou uma boa parte deles – foram para as ruas com roupas usadas na Bahia pelos adeptos do islamismo. No corpo de muitos dos que morreram a polícia encontrou amuletos muçulmanos e papéis com rezas e passagens do Qur’ãn (Alcorão) usados para proteção‖. REIS, João José. Rebelião escrava no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 158. Considerando os fatos descritos no episódio acima e o tema do islamismo, responda o que se pede a seguir. a) Por qual nome ficou conhecida a rebelião de que trata o texto? b) A imigração forçada de africanos ao Brasil trouxe para trabalhar como escrava uma população de diversas etnias, que pode ser englobada genericamente em dois grupos bastante distintos, com claras diferenciações culturais e linguísticas. b.1. De qual desses dois grupos se originou a maior parte dos africanos islamizados? b.2. De qual área geográfica da África esse grupo procede? c) Como ocorreu a propagação da religião islâmica entre as populações da região africana citada acima? Resolução: O episódio descrito no texto ficou conhecido como a Revolta dos Malês, que teve a participação de uma maioria de negros muçulmanos. Os africanos trazidos ao Brasil entre os séculos XVI e XIX procederam de duas grandes regiões distintas. Os povos sudaneses, que desembarcaram em maior quantidade na Bahia, eram provenientes da África Ocidental, da grande região do Golfo da Guiné ou Costa da Mina ou, ainda, Costa do Ouro, onde atualmente se localizam Gana, o Benin, a Nigéria e a Guiné, entre outros países. Na Bahia, a maioria dos negros sudaneses islamizados pertencia às populações haussás, e também àquela dos nagôs ou iorubá. Já os povos bantos eram provenientes das atuais regiões do Congo e de Angola. A islamização de populações habitantes da África negra norte-ocidental foi feita a partir do século XI pelo contato delas com os mercadores árabes e berberes, viajantes através do deserto do Saara, principalmente pela rota de Tombuctou. Essas incursões islâmicas provocaram a desagregação do antigo Império de Ghana. No século XVI, início do tráfico de escravos para o Brasil, era o Reino Songai, o atual estado do Mali (daí uma das possibilidades para a origem do termo ―malê‖), que dominava todo o vale do rio Níger, região original das populações islâmicas (principalmente haussás e nagôs) que chegaram ao Brasil. 48. (PUC RJ 2005) ―Rebeldes verdadeiros ou supostos, eram procurados por toda parte e perseguidos como animais ferozes! Metidos em troncos e amarrados, sofriam suplícios bárbaros que muitas vezes lhes ocasionavam a morte. Houve até quem considerasse como padrão de glória trazer rosários de orelhas secas de cabanos‖. (Relato de Domingos Raiol acerca da repressão à Cabanagem) ―Reverendo! Precedeu a este triunfo derramamento de sangue brasileiro. Não conto como troféu desgraças de concidadãos meus, guerreiros dissidentes, mas sinto as suas desditas e choro pelas vítimas como um pai pelos seus filhos. Vá Reverendo, vá! Em lugar de Te Deum, celebre uma missa de defuntos, que eu, com meu Estado Maior e a tropa que na sua Igreja couber, irei amanhã ouvi-la, por alma dos nossos irmãos iludidos que pereceram no combate‖. (Pronunciamento do Barão de Caxias acerca da comemoração da vitória sobre os farroupilhas) Os textos apresentam testemunhos sobre a repressão empreendida pelos dirigentes do governo a duas revoltas ocorridas no Império do Brasil: a Cabanagem (Grão-Pará , 1835-1840) e a Farroupilha (Rio Grande do Sul, 1835-1845). A partir da análise desses testemunhos: a) IDENTIFIQUE os segmentos sociais predominantes na Cabanagem e na Farroupilha. Resolução: O candidato deverá identificar como segmentos predominantes: - na Cabanagem, a população pobre, composta majoritariamente por mestiços de índios, que vivia em cabanas às margem dos rios da região; - na Farroupilha, a elite proprietária, formada por estancieiros e charqueadores, e os segmentos dela dependentes. 18 b) EXPLIQUE por que os dirigentes do Estado Imperial trataram de forma diferenciada os rebeldes envolvidos na Cabanagem e na Farroupilha. Resolução: Para os governantes imperiais, a revolta dos cabanos – vistos como bárbaros que impediam a propagação da ordem e da civilização – ameaçava a integridade territorial do Império. Os farroupilhas protagonizaram a mais longa revolta do Império. O governo imperial temia uma possível aliança entre a região do Prata e os estancieiros e charqueadores proprietários de escravos e de terras da região meridional do Império, já que estes mantinham com aqueles intensas relações. Assim sendo, a forma pela qual se procedeu à pacificação do Rio Grande do Sul visava à cooptação da elite proprietária local, cujo apoio seria de fundamental importância à consecução de uma política mais agressiva por parte do estado Imperial em relação aos países platinos, que veio a se consubstanciar a partir da década de 1850. 50. (FUVEST 2004) Canção 1 Suba ao trono o jovem Pedro Exulte toda a Nação; Os heróis, os pais da Pátria Aprovaram com união. Canção 2 Por subir Pedrinho ao trono, Não fique o povo contente; Não pode ser coisa boa Servindo com a mesma gente. Quadrinhas populares cantadas nas ruas do Rio de Janeiro em 1840. Compare as quadrinhas populares e responda: a) Por que D. Pedro II tornou-se imperador, antes dos dezoito anos, como previa a Constituição? Resolução: A maioridade de D. Pedro II foi antecipada por uma manobra dos liberais (―Golpe da Maioridade‖). Com ela, pretendiam afastar o regente conservador Araújo Lima e assumir o governo, com o apoio do imperador. O pretexto utilizado foi a preservação da unidade do Brasil, ameaçada por movimentos revolucionários e separatistas. b) Quais as diferentes posições políticas expressas nas duas canções populares? Resolução: A primeira quadrinha (e não ―canção‖) expressa a opinião da classe política (os ―pais da Pátria‖) e, por extensão, da classe dominante, porquanto liberais e conservadores acabaram por se unir em torno da maioridade antecipada de D. Pedro II. Já a segunda quadrinha, de origem realmente popular, explicita o ceticismo das camadas subalternas quanto a eventuais benefícios que o evento poderia lhes trazer. AULA 11 Segundo Reinado (1ª parte) 51. ―A Monarquia transformava-se em uma ‗ponte de ouro‘, como ficou conhecido o discurso que unia os grupos dirigentes centrais aos grupos dominantes locais, em nome da ordem e do progresso‖. NEVES, Lúcia & HUMBERTO. O Império do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p. 288. O texto acima reflete a concepção política dos Conservadores no processo de consolidação do Império a) Aponte uma diferença entre o projeto político dos liberais e dos conservadores. b) Caracterize uma ação dos ministérios conservadores, a partir de 1848, que demonstre o fortalecimento da monarquia. 52. A extinção do tráfico de escravos africanos no Brasil ocorreu em 1850. Com relação a esse marco histórico, a) explique o papel da Inglaterra nessa decisão. b) relacione-o com a chegada de imigrantes. 19 53. O Império Brasileiro, desde a independência até 1889, foi marcado pelo "poder pessoal" do imperador. Explique a existência e o funcionamento do elemento institucional que possibilitava o grande poder do Imperador. 54.―A pazcom López, a paz, Imperial Majestade, é o únicomeiosalvadorquenosresta. López é invencível, López pode tudo; e sem a paz, Majestade, tudo esta perdido e, antes de presenciar o cataclismofunesto, estando eu à frente dos exércitos imperiais, impetro a V. Majestade a especialíssima graça de outorgar-me minha demissão do honroso postoque V. Majestademe tem confiado [...] Beijo a Imperial Mão de V. Majestade. O Marquês de Caxias‖. DEL PRIORE, Mary et al.Documentos de História do Brasil: de Cabral aos anos 90. São Paulo: Scipione, 1997. Redija umpequenotexto, identificando o episódio de nossahistória a que se refere o textoacima, os países nele envolvidos e explicitando o objetivo da política econômica de Solano López, no contexto da América Latina. Resolução: O enunciado da questão refere-se à Guerra do Paraguai. Nesse sangrentoconflito, ocorrido entre 1864 e 1870, enfrentaram-se de um lado o Paraguai e de outro a TrípliceAliança, compostapor Brasil, Argentina e Uruguai. Embora o conflito esteja também ligado a divergênciassobre a livre navegação nos rios da bacia do Prata, destaca-se, comoelemento desencadeador do conflito, a política expansionista do presidente paraguaio Solano López. Essepresidente, dando prosseguimento à ação de seusantecessores, incentivou uma política de progressoeconômicolocal, visando a diminuir a dependência de artigos importados, buscando a autossuficiência do paísemgênerosalimentícios e manufaturados. Talpolítica deixava o Paraguai numa situaçãoímpar no contextolatino-americano, pois, porter conseguido certoprogressoeconômicoautônomo, destoou dos demaispaíses marcados peladependênciaeconômica e políticaemrelação às potênciascapitalistas, e, principalmente, ao capitalinglês. Buscando uma saídapara o mar, o que permitiria ummelhoracesso ao comércio internacional, o Paraguai adotou uma políticaexpansionista, preparando-se, inclusive, para a guerra, que, ao eclodir, destruiu os projetos de López e os progressos conquistados pelopovo paraguaio. 55. (FUVEST 2011 2) Observe os dois quadros a seguir. Victor Meirelles de Lima. Combate naval de Riachuelo. 1882/1883. Juan Manoel Blanes. Destruição causada pela guerra. 1880. 20 Essas duas pinturas se referem à chamada Guerra da Tríplice Aliança (ou Guerra do Paraguai), ocorrida na América do Sul entre 1864 e 1870. a) Esses quadros foram pintados cerca de dez anos depois de terminada a Guerra do Paraguai, o da esquerda, por um brasileiro, o da direita, por um uruguaio. Analise como cada um desses quadros procura construir uma determinada visão do conflito. b) A Guerra do Paraguai foi antecedida por vários conflitos na região do Rio da Prata, que coincidiram e se relacionaram com o processo de construção dos Estados nacionais na região. Indique um desses conflitos, relacionando-o com tal processo. AULA 12 Segundo Reinado (2ª parte) 56. (FUVEST 2009) Imagem de Ângelo Agostini sobre o impacto da Guerra do Paraguai na sociedade brasileira. Observando a ilustração, explique a) o impacto social a que ela se refere; Resolução: A imagem faz clara referência à contradição social que se expressou ao final da Guerra do Paraguai, ao expor um homem negro escravo sendo chicoteado, a vista de um soldado negro. Isso se deu basicamente porque boa parte dos soldados que compunham a tropa brasileira era formada por escravos, que não eram considerados cidadãos brasileiros, mas a despeito disso lutaram em defesa dos interesses do país. Assim, após a Guerra a posição dos militares em relação à escravidão modificou-se e grande parte deles passou a defender o fim do trabalho escravo no país. b) os desdobramentos políticos dessa guerra. Resolução: O exército brasileiro, que havia sido relegado a um papel secundário na política nacional, desde o Período Regencial, saiu fortalecido e prestigiado da Guerra da Paraguai, na qual boa parte de oficiais e soldados tomou contato com os ideais republicanos e fortaleceu o sentimento abolicionista, características reforçadas pelas idéias positivistas que se difundiram através da Escola Militar. Dessa forma os militares assumiram uma posição de que deveriam comandar a nação brasileira, engrossaram as fileiras republicanas e lideraram a ―quartelada‖ que destituiu o Imperador e implantou a República no Brasil em 15 de novembro de 1889 sob o comando do exercito, aliado aos partidos republicanos. 57. (FUVEST 2010 2) Ontem plena liberdade, A vontade por poder... Hoje.. cum’lo de maldade, Nem são livres p’ra morrer... 21 Prende-os a mesma corrente ─ Férrea, lúgubre serpente ─ Nas roscas da escravidão. E assim zombando da morte, Dança a lúgubre coorte Ao som do açoite... Irrisão!... Castro Alves, O Navio Negreiro, 1868. O poema, a que pertencem esses versos, a) representou uma crítica a aspectos sociais do Brasil no período imperial. Explique. b) causou forte impacto na opinião pública, contribuindo, assim, junto com outros fatores, para as mudanças políticas que ocorreram no final do Império. Explique tais mudanças. Resolução: 58. (PUC RJ 2007 1) A desagregação da ordem escravista ocorreu de modo diverso no Império do Brasil e nos Estados Unidos da América, no decorrer da segunda metade do século XIX. a) Tendo como referência os seus conhecimentos e a charge reproduzida abaixo, caracterize uma diferença entre escravistas, emancipacionistas e abolicionistas no Império do Brasil, nas duas últimas décadas da escravidão. Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro. ―Enquanto no Parlamento só se discursa e nada se resolve, os pretinhos raspam-se com toda ligeireza. Os lavradores não podem segurá-los‖. (Angelo Agostini, Revista Ilustrada, 1887) Resolução: Emancipacionistas e abolicionistas diferenciaram-se dos escravistas por terem promovido a defesa do fim da escravidão. Tal debate ocorreu, entre outros espaços sociais, na Câmara dos Deputados, em função da elaboração das leis editadas a partir de 1871, e, de forma expressiva, na imprensa, como é exemplificado pela charge da Revista Ilustrada, de 1887. A mesma permite identificar algumas diferenças entre emancipacionistas e abolicionistas. Os primeiros defenderam o fim da escravidão pela via jurídicoparlamentar nos limites da ordem política então vigente, sem maiores preocupações com a posterior integração do ex-escravo na nova condição de trabalhador livre. Alguns emancipacionistas defenderam a imigração européia subvencionada pelo Estado para a resolução da questão da mão de obra. Já os abolicionistas entenderam o fim da escravidão como uma mudança cujas implicações afetariam o próprio exercício da cidadania, o que os levou a desenvolver reflexões no sentido de adequar o ex-escravo às novas condições de vida. Houve, inclusive, abolicionistas que estimularam as fugas coletivas de escravos, com o objetivo de apressar o que parecia se arrastar no âmbito da decisão parlamentar. b) No caso dos EUA, a extinção da escravidão ocorreu em condições históricas marcadamente diferentes daquelas verificadas na sociedade imperial brasileira. Descreva essas condições. Resolução: No caso dos Estados Unidos, o fim da escravidão esteve associado à Guerra de Secessão (1861-65) e às divergências, por vezes irreconciliáveis, no âmbito do debate político-parlamentar, entre escravistas e abolicionistas. A eleição de Abraham Lincoln e a vitória dos Estados do norte, no confronto militar então instaurado, selaram a extinção do escravismo nos quadros de uma sangrenta guerra civil. 22 59. (PUC RJ 2008 1) A capa da Revista Ilustrada, do ano de 1880, apresenta a ilustração de Ângelo Agostini intitulada ―Emancipação, uma nuvem que não para de crescer‖. a) Explique por que a ―nuvem da emancipação‖ não parava de crescer naquela conjuntura. Resolução: A ―nuvem da emancipação‖ não parava de crescer naquela conjuntura porque foi a partir da década de 1880 que o movimento abolicionista ganhou força com o surgimento de associações, jornais e o avanço da propaganda construindo uma opinião pública favorável à abolição da escravidão no Brasil. Por outro lado, nesse mesmo momento, intensificaram-se as fugas coletivas e revoltas escravas. Em 1886 atuaram em São Paulo os chamados caifazes libertando os escravos das fazendas. Todos esses fatores contribuíam para o crescimento da ―nuvem da emancipação‖. No contexto internacional o Brasil figurava como a única nação escravista. b) Com base na ilustração e nos seus conhecimentos, identifique dois argumentos utilizados por uma parcela dos proprietários de escravos para se oporem ao crescimento da ―nuvem da emancipação‖. Resolução: Ao longo da década de 1880 apegavam-se à escravidão os proprietários de terras das zonas cafeeiras do Vale do Paraíba. Diante do crescimento do movimento abolicionista os defensores dos interesses escravocratas colocavam-se contra o crescimento da ―nuvem da emancipação‖ argumentando que a abolição feria seu direito de propriedade e que, portanto, deveria ser realizada com indenização. Afirmavam, ainda, que a imediata libertação dos escravos provocaria a perturbação da tranquilidade e segurança pública. 60. (UFF 2011) ―A extorsão de riqueza sob o regime escravista não precisava de outro fundamento que não fosse a vontade e o látego do senhor de escravos. No regime capitalista de produção, essa extorsão se apoia na aparência de que o salário, cobrindo os meios de vida necessários à reprodução do trabalhador e sua família, cobre de fato o valor de sua força de trabalho. Nenhum dos dois mecanismos operava no regime do colonato (...). O colono ficou no meio caminho entre a transparência da exploração, já que o trabalho excedente se materializava em objetos distintos do trabalho necessário e a ilusão de que o que recebia correspondia ao valor de seu trabalho‖. MARTINS, José de Souza. O Cativeiro da Terra. São Paulo: Ciências Humanas, 1979, p.92. O texto acima trata do regime do colonato predominante nas fazendas de café do Oeste paulista. a) Explique a diferença entre a exploração do trabalho vigente sob o escravismo e aquela vigente sob o capitalismo. Resolução: O candidato poderá falar que, sob o escravismo, o fundamento da exploração do trabalho residia na violência física, na coerção extraeconômica explícita, sendo ele mesmo um bem de propriedade do senhor, uma mercadoria como outra qualquer, numa relação totalmente desigual, assegurada pela propriedade de sua pessoa por parte do senhor. Já no capitalismo, o candidato deve mencionar, dentre outros fatores, que a exploração baseava-se numa coerção puramente econômica, que o compelia a vender o único bem que possuía: sua força de trabalho. Além disso, pode mencionar que tanto trabalhadores como patrões eram juridicamente livres e iguais, e que no ato do assalariamento, um vendia e outro comprava, uma mesma mercadoria: a força de trabalho do assalariado. Ademais, o pagamento de salários dava ao trabalhador a sensação de que estava sendo, de fato, justamente remunerado pelo trabalho realizado, julgando que esses salários cobriam as necessidades de reprodução de suas condições de vida e de sua força de trabalho. 23 b) Analise por que o colono tinha a ilusão de que o que recebia pelo café por ele entregue ao fazendeiro correspondia ao valor de seu trabalho. Resolução: O candidato poderá mencionar, dentre outros aspectos, que o colono tinha a ilusão de que aquilo que recebia ao entregar ao fazendeiro as sacas de café colhido correspondia, de fato, ao valor de seu trabalho, porque lhe era permitido plantar suas roças de subsistência, fosse no intervalo entre os cafeeiros, fosse em alguma área da fazenda. Com isso, supunha que o trabalho com o cafezal – desde o trato até a colheita do produto – era a pré-condição para ter suas roças. Essas sim, correspondentes ao trabalho necessário à reprodução de sua força de trabalho. Assim, o café entregue ao fazendeiro, era puro trabalho excedente, embora o colono, em sua ilusão, não percebesse tal dinâmica de exploração. O candidato também poderá mencionar que o colono ficou ―no meio do caminho‖, porque ele nem era coagido pela violência física a trabalhar no cafezal – já que era um homem livre – nem sofria uma coerção puramente econômica para vender sua força de trabalho, já que ele podia reproduzi-la através do cultivo de suas roças de produtos de subsistência. Em suma: o colono nem era escravo, nem tampouco um assalariado capitalista típico. AULA 13 Crise da Monarquia / República da Espada 61. (UFC 2007) Leia o texto a seguir. ―Não nos basta acabar com a escravidão; é preciso acabar com a obra da escravidão‖. Joaquim Nabuco, citado em NOGUEIRA, Marco Aurélio. Joaquim Nabuco: o abolicionismo. In: MOTA, Lourenço Dantas (Org.). Introdução ao Brasil. Um banquete no trópico 2. 2. ed. São Paulo: SENAC, 2002, p. 184. Abolicionistas como Joaquim Nabuco e André Rebouças acreditavam que a escravidão instituíra deformidades estruturais, irremovíveis caso a questão fosse enfrentada somente em seus caracteres políticos e jurídicos. A partir disso, responda às questões abaixo. a) Cite as duas mais importantes reformas sociais propugnadas pelos propagandistas da abolição e diga se elas se converteram em ação imediata por parte do poder público. b) A Constituição republicana de 1891 assegurou a todo brasileiro o direito ao voto? Justifique. Resolução: Alguns abolicionistas propunham reformas sociais que sucedessem à abolição da escravidão. As mais importantes, dentre as solicitadas, eram a reforma agrária e a reforma do ensino. Elas não foram implementadas. A Constituição brasileira de 1891, ao exigir do eleitor que fosse maior de 21 anos, de sexo masculino e alfabetizado, e que não mendigasse, fosse soldado ou religioso (sob a autoridade eclesiástica), excluiu da vida eleitoral a maior parte da população. 62.(UFF 2010) ―A centralização, tal qual existe, representa o despotismo, dá força ao poder pessoal que avassala, estraga e corrompe os caracteres, perverte e anarquiza os espíritos, comprime a liberdade, constrange o cidadão, subordina o direito de todos ao arbítrio de um só poder, nulifica de fato a soberania nacional, mata o estímulo do progresso local, suga a riqueza peculiar das províncias, constituindo-as satélites obrigados do grande atraso da Corte – centro absorvente e compressor que tudo corrompe e tudo concentra em si – na ordem moral e política, como na ordem econômica e administrativa‖. (Manifesto Republicano. A República. Rio de Janeiro, 3-12-1870). Com base no trecho extraído do Manifesto Republicano, analise a correlação de forças políticas que deu origem ao Partido Republicano no Brasil em 1870. Resolução: O candidato deverá remeter à tensão existente entre o projeto da centralização Imperial, subordinado aos interesses do grupo Saquarema – respaldado, sobretudo, pelos barões do café da província fluminense e os interesses dos cafeicultores paulistas do novo Oeste, cuja riqueza e crescimento econômico viam-se ameaçados pela centralização exercida pela Corte, sobretudo a centralização na arrecadação tributaria pelo Rio de Janeiro. A expansão cafeeira, além disso, dera origem ao crescimento das cidades e da indústria, gerando novos grupos sociais com interesses diversos dos tradicionais, dentre eles o empresariado industrial, setores médios urbanos mais dinâmicos. Os republicanos criticavam, ainda, o sistema eleitoral imperial, por sua excludência, posto que pautado pelo critério censitário. Responsabilizavam, ainda, a Coroa e o regime monárquico – sobretudo em função da existência do Poder Moderador do imperador – pelas vicissitudes e vícios do regime imperial, considerado pelos republicanos como uma ―anomalia‖ na América 24 onde somente existiam republicas e criticavam o desequilíbrio existente entre o poder político e o poder econômico que se observava nos fins do Império. Isto porque a prosperidade do Vale do Paraíba na primeira metade do século XIX dera origem à aristocracia do café que, juntamente com os senhores de engenho representavam a parcela dominante da sociedade, controlando a vida econômica, social e política da Nação, controle este que, com o passar do tempo e a expansão cafeeira nas terras novas de São Paulo, tornou-se decadente e politicamente insustentável, uma vez que a representação política das províncias economicamente menos dinâmicas ainda fosse maior. Vale ainda apontar que o cerne da plataforma do Partido Republicano era a descentralização política, a defesa do regime federativo, com maior autonomia às províncias, inclusive na gestão de seus próprios recursos tributários, proporcionalmente ao desempenho da agro-exportação de cada região. 63. (FUVEST 2008) A vitória do regime republicano no Brasil (1889) e a consequente derrubada da monarquia podem ser explicadas, levando-se em conta diversos fatores. Entre eles, explique a) a importância do Partido Republicano. Resolução: O Partido Republicano, com suas ramificações nas diversas províncias, foi importante para coordenar e disseminar a propaganda republicana, rotulando a monarquia como retrógrada e anacrônica, e para aglutinar os variados tipos de descontentes com o regime imperial. OU O Partido Republicano desempenhou um importante papel no contexto de crise do regime monárquico no Brasil, ao final do século XIX. Apesar de não ser um tipo de proposta política nova, o republicanismo representou a partir da década de 70 do século XIX, um importante ponto de oposição ao governo Pedro II, principalmente por trazer em suas fileiras a elite cafeeira do Oeste Paulista. A partir de uma proposta moderada (patrocinada por Quintino Bocaiúva) com base na organização da Convenção de Itu, o republicanismo ganha legitimidade em todo território nacional. Com apoio de outros setores sociais e com notada participação da imprensa, o republicanismo supera por um golpe militar o regime monárquico. b) o papel dos militares apoiados nas ideias positivistas. Resolução: Os militares positivistas, cujo líder mais expressivo era Benjamin Constant, constituíam o núcleo do golpe comandado pelo Marechal Deodoro – aliás, de tendência monarquista. Ademais o republicanismo inerente a doutrina positivista fez, dos oficiais do Exército a ela ligados, guardiães e mantenedores do regime recéminstaurado. OU O Positivismo, trazido para a academia por Benjamin Constant, foi um importante ponto de apoio ideológico e filosófico para os militares brasileiros. O Exército ganhou importância depois da Guerra do Paraguai e seus principais líderes, com base no pensamento racional positivista, passam a tecer críticas ácidas ao combalido regime imperial. Matérias como o pagamento de pensões ás viúvas de militares mortos na guerra, a abolição da escravidão e até a suposta venalidade da administração imperial eram tratadas pela imprensa, fazendo com que o governo imperial tomasse medidas repressivas contra as principais lideranças militares. Esse clima de instabilidade foi importante para a eclosão do golpe que poria fim ao governo monárquico. 64. A figura abaixo foi publicada na Revista Ilustrada, do Rio de Janeiro. Na bandeira empunhada lê-se: ―Abaixo a Monarquia Abolicionista – Viva a República com Indenização‖. (TÁVORA, Araken. Pedro II através da caricatura. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1975. p. 142.) 25 Com base na análise da figura acima e nos conhecimentos sobre a conjuntura política do final do século XIX no Brasil, RESPONDA: a) A mulher representada na figura é um emblema recorrente na iconografia do Ocidente, desde a Revolução Francesa. O que ela representa no imaginário ocidental? b) O que o caricaturista insinua ao inscrever o lema indicado acima na bandeira empunhada pelos manifestantes? c) Que relação pode ser estabelecida entre a abolição da escravatura e a proclamação da República? 65. A respeito da passagem da Monarquia para a República no Brasil, a historiadora Emília Viotti da Costa afirmou: Duas linhas de interpretação surgiram já nos primeiros anos: a dos vencedores e a dos vencidos, a dos republicanos e a dos monarquistas, aos quais vieram juntar-se com o tempo alguns republicanos que, desiludidos com a experiência, aumentaram o rol dos descontentes… a) Como os monarquistas entenderam a deposição de Pedro II e a instalação da República no Brasil? b) Indique um motivo que explique a desilusão de alguns republicanos com o regime instituído. AULA 14 República Velha 66. “Com as grandes invenções: Nem o tal mata mosquitos, Nem também as desinfecções. Nem a compra dos tais ratos Não passa de vexatória. Agora querem impingir A vacina obrigatória.” O texto acima é um trecho de uma modinha composta por Rios Silva, chamada ―Peste Bubon‖, que se refere ao episódio que ficou conhecido como Revolta da Vacina, ocorrido no Rio de Janeiro, em 1904. Com base no texto e em seus conhecimentos, responda ao que se pede: a) Aponte duas razões que levaram à eclosão da Revolta da Vacina. b) Como este episódio está associado à reforma urbana implantada no Rio de Janeiro no período? 67. Observe, atentamente, o gráfico abaixo. Com base nele e em seus conhecimentos, responda ao que se pede. Baseado em dados de Anuário Estatístico do Brasil, ano V (1930/40). Rio de Janeiro: IBGE, 1941 e de SIMONSEN, Roberto. Evolução industrial do Brasil, 1939. a) Qual a principal informação apresentada pelo gráfico? b) Identifique o episódio que marcou a história internacional no período retratado no gráfico e analise seu impacto sobre a economia brasileira. 26 68. Em 1897, o Exército contratou o fotógrafo Flávio de Barros para documentar aquela que viria a ser a última expedição militar contra os seguidores de Antônio Conselheiro. Em meio à luta, o Brigadeiro Marcos Evangelista Villela Júnior, que combateu os rebelados de Canudos nesse ano, disse que a população de Belo Monte era composta por ―vinte e cinco mil bandidos em armas‖, o que, na sua opinião, impunha a necessidade de se exterminar o movimento liderado por Conselheiro. Observe esta fotografia, produzida, nesse mesmo ano, logo após a vitória das tropas republicanas sobre os rebelados de Canudos: a) Com base na composição e nas informações dessa fotografia, ESTABELEÇA uma relação entre o que se vê nela e a afirmativa do Brigadeiro Marcos Evangelista Villela Júnior a respeito do movimento de Canudos. b) CITE e ANALISE dois argumentos que levaram muitos contemporâneos do movimento de Canudos a classificá-lo como um obstáculo à consolidação da República. 69. A citação, a seguir, é uma crítica à atitude dos cafeicultores e das elites políticas brasileiras durante a República Oligárquica. ―É isto... Queres sempre ser a abelha mestra... Já viram os grandes fazerem esses sacrifícios?... Vê lá se fazem! Histórias... Metem-se no café que tem todas as proteções.‖ BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. O quadro, a seguir, apresenta a pauta de exportações do Brasil entre 1889 e 1913. Fonte: VILELA A.; SUZIGAN, W. Política do governo e crescimento da economia brasileira. Com base nesses dados e em seus conhecimentos, responda às questões abaixo a respeito do Convênio de Taubaté (1906) e seus efeitos. a) Qual foi a principal política adotada sob impacto do Convênio de Taubaté? b) É correto afirmar que essa política contribuiu para que não se verificasse uma elevação significativa da participação de outros produtos (além do café) na pauta exportadora do Brasil no período? Justifique sua resposta. 70. Leia este texto de 1901, em defesa dos direitos operários: ―A organização operária, que vai se fazendo nesta cidade, trouxe, como principal consequência, a multiplicação das greves. (...) Verdade é que tivemos de assistir, nos últimos anos, ao irrompimento de umas cinco ou seis greves, quase todas bem sucedidas‖. MORAES, Evaristo de Moraes. Apontamentos de direito operário. Caracterize a situação dos direitos dos trabalhadores urbanos e rurais no Brasil nas três primeiras décadas do século XX e cite as principais conquistas grevistas do período. 27