Além da vinícola, um hotel sobre os vinhedos: luxo com teto em titânio e jardins bordaleses lugar de ouro vale chileno com esse nome em língua indígena abriga vinícola que aspira a ser uma das melhores do mundo O Mauro Marcelo Alves norueguês Alexander Vik, multiempresário com negócios em vários países e dono de dois hotéis em Punta del Leste, Uruguai, decidiu produzir um vinho com a maior qualidade possível na América do Sul e quase comprou uma vinícola em Mendoza, na Argentina, mas os proprietários desistiram da venda na última hora. Melhor para o Chile. O lindo vale de Millahue, a duas horas ao sul de Santiago, na região central do país, acabou sendo escolhido para receber um dos mais impressionantes projetos vinícolas do mundo, com duas futuristas edificações: a adega de produção e um hotel no alto do morro dominando os 4.300 hectares da propriedade. Ali havia apenas árvores frutíferas aos cuidados de uma família espanhola, que aceitou o acordo proposto: permitir testes geológicos em todo o terreno durante um ano para determinar se eram apropriados às uvas viníferas e, em caso positivo, quais seriam as mais adaptáveis. A conclusão foi feliz para uvas tintas e o plantio foi iniciado em 2006 com Cabernet Sauvignon, Carmenère, Cabernet Franc, Merlot e Syrah, em 400 50 GULA hectares. Além disso, a pesquisa constatou que o clima era um presente dos céus, com dias ensolarados e noites frescas perfeitas para colheita noturna, a ideal. Millahue, na língua indígena mapuche, significa “lugar de ouro”. As uvas plantadas remetem claramente ao estilo bordalês de vinho tinto e o escolhido como enólogochefe foi Patrick Valette, filho de francês e mãe chilena, que trabalhou no Château Pavie, um dos grandes de Saint-Émilion, em Bordeaux, propriedade familiar vendida em 1998. Ele tem a assistência de outros dois enólogos, o francês Gonzague de Lambert e o chileno Cristián Vallejo. O projeto da adega foi encomendado ao arquiteto chileno Smiljan Radic, com um prédio em arco precedido por um espelho d´água pontuado com pedras da região. Abaixo ficam as cubas de fermentação, as adegas de garrafas e os 1.600 barris de carvalho francês novos. De acordo com Patrick Valette, em todo o conjunto vitivinícola se valoriza o conceito holístico, “baseado na sinergia entre a terra, o homem, a experiência, o clima e a alta tecnologia”. Muito do que se vê lá indica a fotos Mauro Marcelo Alves por A bodega, seu arco futurista e o espelho d´água com pedras da região O vinho VIK em estilo chileno/bordalês dorme na adega subterrânea com 1.600 barris novos de carvalho francês o projeto futurista é de um multiempresário, conhecido por seus sonhos ambiciosos. ele já chegou a transformar um pequeno vilarejo no uruguai prática do desenvolvimento sustentável, como o uso de energia solar ou o reaproveitamento de água da chuva, armazenada em um lago repleto de garças, para irrigar os vinhedos. A primeira safra foi a de 2009, mostrando desde já um vinho com as características marcantes do estilo bordalês (e por que não dizer chileno), frutado e denso em função dos 23 meses na barrica e um ano na garrafa. As safras de 2010 e 2011, com o mesmo tempo de madeira e estágio em garrafa, revelam a ascensão natural do vinho – quanto mais antigo o vinhedo melhor a plena maturação e qualidade dos frutos. O VIK 2010 tem aroma expressivo, com amora, cedro e baunilha antecedendo o paladar bastante equilibrado entre taninos, e acidez com leve insinuação balsâmica. Preenche a boca com volume e persistência. O VIK 2011 se mostra ainda mais consistente de aroma e corpo, com frutas negras e uma deliciosa sugestão defumada pela longa permanência em barrica. O fundo vegetal é evidente, pelo predomínio de Cabernet e Carmenère. Sem dúvida a melhor safra até agora do jovem vinho que já nasceu grande e pode ganhar ainda maior expressão com o tempo de guarda. Como parte integrante do projeto em Millahue, o hotel projetado pelo arquiteto uruguaio Marcelo Daglio paira sobre o morro no meio dos vinhedos e do lago como uma nave espacial em titânio bronzeado, feito no Japão. Foi inaugurado há cinco meses e cada um dos 22 apartamentos tem decoração e banheiro diferentes, com 52 GULA inúmeras e importantes obras de arte, paixão do casal Alexander Vik e Carrie, que moram entre Nova York e Monaco. Piscina de borda infinita, spa do vinho com produtos a partir das sementes de uva, fitness center e um restaurante que privilegia os pescados do Pacífico e boas carnes, boa parte delas defumadas lá mesmo, assim como os embutidos e o salmão. Ponto alto: a deliciosa terrine de foie gras. O hotel é perfeito para descansar ou para atividades ao ar livre, com caminhadas pela propriedade, passeios de bicicleta, cavalgadas ou visita aos mercados locais seguida de aula de culinária. Além da degustação na bodega, os hóspedes e visitantes também podem solicitar churrasco (a tradicional parrilla) em meio aos vinhedos. As diárias incluem todas as refeições, acompanhadas pelos tintos VIK. Para quem preferir vinho branco, não produzido lá, o restaurante pode servir, por exemplo, um bom Chardonnay da vinícola Aquitania. Os vinhos VIK são importados no Brasil pela wine.com.br