INSCRIÇÃO DADOS DA INSTITUIÇÃO Nome: RURALTINS – INTITUTO DE DESENVOLVIMENTO RURAL DO ESTADO DO TOCANTINS Endereço: RUA SETE DE SETEMBRO Nº 285, CENTRO, ARAGUAÍNA – TO, CEP 77.800-000 Executora de Chamada pública de Ater ( x ) Sim ( ) Não DADOS DO AGENTE DE ATER Nome WANDRO CRUZ GOMES DA SILVA Endereço: RUA PRIMAVERA, Nº 523, BAIRRO NOROESTE, ARAGUAÍNA – TO, CEP: 77.800-000 Telefone: (63) 3421-1933 (63) 9283-6148 E-mail: [email protected] DADOS QUE IDENTIFIQUEM A PRÁTICA: Nome do Agricultor: Divino Hipólito Simiema Comunidade: Zona rural de Wanderlândia - TO Telefone:(63) 9206-4795 E-mail: [email protected] Georeferenciamento: Zona 23m, longitude utm: 171859 e latitude utm: 9238936 s CATEGORIA DA BOA PRÁTICA DE ATER - Eixo V. Agricultor Experimentador. INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO RURAL DO ESTADO DO TOCANTINS RURALTINS BOAS PRÁTICAS DE ATER: MELIPONICULTURA E A PRÁTICA DA ENXERTIA COMO UMA PROPOSTA DE SUSTENTABILIDADE E GERAÇÃO DE RENDA – WANDERLÂNDIA - TO Autor: Wandro Cruz Gomes da Silva Colaborador: Augusto Bielert Lopes ARAGUAÍNA 2015 1. Introdução O senhor Divino Hipólito Simiema era um pescador que, em 2010, teve sua área atingida pelo alagamento gerado pela construção da Usina Hidrelétrica do Estreito., na região de Babaçulândia - TO. Foi então realocado na região de Wanderlândia-TO pela usina, porém sua nova área não o permite viver da pesca, por ter pouca disponibilidade de água além de possuir solo com características arenosas e baixa fertilidade. Após algumas visitas do técnico Wandro Cruz Gomes da Silva do Ruraltins notou-se que o produtor tem características preservacionistas e aptidão para trabalhar com princípios agroecológicos, e tinha dificuldades em cultivar as lavouras tradicionais. Foi proposto e aceito o trabalho com extrativismo de frutas do cerrado e criação racional de abelhas sem ferrão. Os trabalhos realizados foram realizados na residência do produtor e também em reuniões e cursos no município de Wanderlândia, e em outras comunidades atendidas pela equipe do Ruraltins de Araguaína no período de janeiro de 2011 até outubro de 2015, onde ocorreram as seguintes atividades: orientações técnicas sobre todos os benefícios e princípios em enxertia em frutas da região, e vários treinamentos práticos sobre as técnicas, onde o produtor teve bom aproveitamento; orientações técnicas em meliponicultura (criação de abelhas sem ferrão), como práticas sobre captura de enxames de abelhas nativas em situação de risco de queimadas, fabricação de caixas racionais, manutenção, fortalecimento e multiplicação de enxames e colheita do mel e outros produtos das abelhas, como própolis e pólen. 2. Objetivo da prática Capacitar o produtor na geração de renda através das atividades produtivas possíveis de serem exercidas em sua propriedade, melhorando a qualidade de vida levando em consideração princípios voltados para a agroecologia de modo a contribuir com a preservação do o meio ambiente e dos recursos naturais. 3. Descrição da experiência Foram realizadas visitas periódicas e cursos com o apoio da Prefeitura de Wanderlândia e do Projeto financiado pelo ISPN/PPSECOS(o que significa essa sigla), onde foram apresentados todos os princípios necessários para a criação racional das abelhas sem ferrão, bem como à sua conciliação a um meio ambiente sustentável, como por exemplo: importância da meliponicultura e seus benefícios ambientais, instalação do meliponário, utilização de materiais recicláveis para fabricação de caixas racionais, fabricação de caixas, transferência dos troncos de origem sem causar danos, multiplicação de enxames, colheita de mel, flora ideal para as abelhas e geração de renda a partir da meliponicultura. 4. Resultados O produtor foi capacitado e acompanhado durante mais de 4 anos tendo desenvolvido técnicas e práticas singulares que o fez produzir mais de 25 caixas racionais de abelhas sem ferrão. As caixas são feitas com sobras de madeira de marcenarias da região. As abelhas sem ferrão são nativas da região, visitam principalmente a flora nativa, ajudando na polinização e equilíbrio do meio ambiente onde estão inseridas. Além dos 25 enxames já instalados nas caixas, o produtor já localizou e resgatou mais de 10 enxames em troncos que estavam em zonas que foram desmatadas ou queimadas, e já está produzindo mais caixas para que seja feito as novas transferências. Juntamente com o desenvolvimento da meliponicultura, o produtor já realizou a enxertia de mais de 40 plantas frutíferas, mudas essas que são visitadas pelas abelhas nativas. 5. Potencialidades e limites A meliponicultura vem crescendo bastante no país, é considerada de grande importância para o meio ambiente, já que as abelhas nativas são responsáveis por grande parte da polinização das plantas nativas, além disso, foi comprovado um aumento de 20 a 30% na produção de solanáceas como tomate, berinjela, pimentão, etc... e também nas palmeiras como açaí, buriti, bacaba, etc... concomitante com a criação das abelhas sem ferrão Giorgio Venturieri (2005). O seu grande potencial também se encontra na produção de mel, chegando a produzir anualmente até 3 litros de mel por enxame, este que por sua vez é considerado medicinal por culturas locais. É produzida também pelos enxames a cera, a própolis e o pólen, todos com suas características peculiares de cada uma das mais de 300 espécies catalogadas. A capacidade de produtividade das abelhas sem ferrão variam de 0,5 litros a 2,00 litros por ano dependendo da espécie e da flora disponível. O mel dessas abelhas tem um alto valor agregado, chegando até R$ 100,00 por litros. O produtor Divino Hipólito hoje conta com 35 caixas. O produtor ao chegar à sua atual propriedade encontrou plantas nativas de espécie Platonia insignis, popularmente conhecida como bacuri/bacurizeiro já em faze de produção. De acordo o produtor o preço de venda da polpa do bacuri é de R$ 10,00/kg e que de apenas de 8 bacurizeiros que estão em produção chegou a uma renda de R$ 4.000,00 por safra. Considerando que o bacurizeiro é nativo da região e que tem um potencial econômico o produtor em diálogo com a equipe técnica do Ruraltins discutiu alternativas de geração de renda, mas que também pudesse aliar ao desenvolvimento sustentável dos recursos naturais. Como o bacurizeiro leva algo em torno de 11 anos para a primeira produção quando a reprodução de sementes. Sobre orientação da equipe técnica foi trabalhado a propagação a partir da enxertia. Quando a planta é propagada por enxertia a primeira produção reduz para 4 anos. Uma característica da espécie e a polinização cruzada o que necessita de diversidade entre planta. Atualmente o produtor vem trabalhando com a enxertia e plantio e replantio a partir de mudas de sementes para garantir o equilíbrio do meio ambiente. 6. Replicabilidade A meliponicultura no Tocantins tem atraído olhares do Brasil todo pelo seu grande potencial, visto que o estado é berço de várias das espécies de abelhas além de ficar próximo às áreas de florestas e grandes rios. Devido ao sucesso na criação das abelhas sem ferrão e dos resultados práticos com enxertias, a propriedade do Sr. Divino foi alvo de reportagens que foram exibidas na TV Anhanguera (filial da Rede Globo) e pelo site G1.com. A propriedade tem sido freqüentemente visitada por técnicos e outros produtores em cursos e visitas técnicas. Fazer um passo a passo sucinto de como foi desenvolvidas a prática com o produtor. Pois caso outros extensionista queiram reproduzir essa experiência possa aplicar e obter resultados semelhantes. O processo de introdução da meliponicultura na comunidade e especificamente no caso desse produtor em questão ocorreu a partir do contrato de ATER entre o Ruraltins e o Consórcio Estreito Energia responsável para construção da UHE Estreito para atendimento das famílias de agricultores familiares atingidos e remanejados a partir da formação do reservatório da UHE. Nas primeiras reuniões foi criado grupos de interesses por produtos. Nesse caso a meliponicultura o Ruraltins ministrou curso básico incluindo: importância das abelhas sem ferrão para o meio ambiente, importância econômica; diferenciação entre espécies e especialmente entre as das espécies apismelíferas, capturas, instalação de meliponários, divisão de enxames, coleta do mel, cuidados com vasilhame o armazenamento, mercado e comercialização. Os referidos cursos foram acompanhados de práticas e acompanhamento mensal das atividades com a família de acordo com a época e estágio da produção/criação. A técnica da enxertia do bacurizeiro foi introduzida a partir de conhecer o potencial da espécie na produção de polpa e da demora da primeira produção quando a planta e desenvolvida a partir de sementes, e tendo em vista que é uma espécie com resultados comprovados com enxertia, e que essa técnica primeira produção reduz de 11 para 4 anos. O primeiro passo foi fazer o plantio de sementes para produção de mudas para servirem de “cavalo”, ou seja, porta enxerto; selecionar as plantas matrizes. A prática da enxertia foi realizada através de cursos e aulas praticas, para a família do agricultor objeto dessa prática, mas para todos os integrantes do grupo de interesse. 7. Depoimentos: O grupo de interesse de miliponicultura era de 25 agricultores do município de Wanderlânia, especialmente da Associação Barra do Corda, esses agricultores, ou melhor, meliponicultores se encontram em diferentes estágio e nível tecnológico de produção, com destaque para o Senhor Divino, de acordo com seu depoimento a seguir: Estou satisfeito com os resultados, mas que ainda há muito a ser feito, relatou também que tem aprendido com seus erros e agradeceu o acompanhamento do técnico Wandro Cruz (Técnico do Ruraltins), que vem acompanhado a propriedade regularmente nos últimos 4 anos. Segundo o produtor, o acompanhamento técnico é importante para diminuir o os erros, pois, “o erro também é um professor só que em muitas vezes cobra muito caro”. A meliponicultura nessas últimas décadas passou a ser uma atividade produtiva que o Ruraltins começou a difundir nas comunidades atendidas pelo serviço de ATER do Órgão, dentre os vários técnicos o Extensionista Rural Wandro Cruz é um grande defensor e propagador da atividade, de acordo com o depoimento seguinte: É uma atividade que pode gerar renda, trabalha com varias espécies que estão sofrendo muito com a ação humana no avanço sobre a natureza, tem um valor histórico nos hábitos alimentares e medicinal, fomenta a geração de renda. É uma atividade primordial para a pesquisa agropecuária. Muitas das espécies nativas da flora brasileira só são polinizadas por essas espécies. E para ser tornar um meliponicultor não necessita de ser proprietário de terra. Ainda faz parte da nossa história, pois muitos rios, fazendas, cidades, ruas, bairros tem nomes dessas espécies. Exemplificando como em Araguaína tem o setor Tiúba e Rua Jataí. Com referência ao meliponicultor o Extensionista Rural Wandro Cruz por sua vez diz: “É necessário ter uma propriedade e produtor como modelo para que possamos comprovar o trabalho realizado e para mostrar para outras pessoas. É gratificante para o técnico ver o sucesso do seu trabalho, mas que não seria o mesmo sem a dedicação do Sr. Divino, que se empenha em seguir todas as recomendações”. 8. Autores e Colaboradores Wandro Cruz Gomes da Silva – Ruraltins (Autor) Augusto Bielert Lopes – Ruraltins (Colaborador) 9. Fotos - Visita técnica à propriedade com demonstrações práticas sobre enxertia de plantas nativas e meliponicultura, em 11 de abril de 2014 - Visita técnica à propriedade com demonstrações práticas sobre Meliponicultura, em 2 de outubro de 2015 Visita técnica à propriedade com demonstrações práticas sobre Meliponicultura, em 10 de outubro de 2015 Bibliografia Manejo racional de abelhas indígenas sem ferrão entre agricultores familiares do nordeste do Estado do Pará, disponível: http://mel.cpatu.embrapa.br/pesquisa/projetos, em 23 de outubro de 2015, as 11h11min.