EVANDRO CUMPRIU, COM SOBRAS, TAREFA
DE DEFENDER ÉTICA
Por Renato de Moraes e Eduardo de Moraes
Quando o velho Evaristo de Moraes se foi, em 1939, Evaristinho contava
apenas seis anos de idade. Evandro Lins e Silva, jovem advogado,
discípulo do velho, veio a ter com nosso pai, logo depois, porque “o
convívio quase diário nos corredores e cartórios do Palácio da Justiça
estreitava essa amizade”[1].
Sem a figura paterna, Evandro tornou-se um guia profissional para o
iniciante, e o guardião das histórias do ausente pai, cuja biografia sempre
esteve a finalizar, mas o seu tempo, também ceifado pela “Indesejada das
gentes”, não permitiu.
Inesquecível a fala de Evandro, na oportunidade de inauguração do busto
de Evaristinho, no Salão dos Passos Perdidos, fala esta depois reduzida a
termo e publicada no livro “Antonio Evaristo de Moraes Filho, por seus
amigos”:
“Registrei que ali estava, por uma eventualidade invencível e insuperável,
invertida a ordem natural das coisas, trocados os sinais dos ponteiros
misteriosos do relógio do Universo. O curial seria o contrário, como
aconteceu em diversas outras ocasiões, o normal seria que Evaristinho
ali estivesse na minha posição e eu na dele, pois tinha idade de ser meu
filho. Na verdade era um filho espiritual, e a afeição recíproca, que nos
ligava, jamais arrefeceu, mesmo em meio às rusgas e emulações em
causas
em
ressentimento
que
fomos
desses
antagonistas.
encontros,
Nunca
desses
restou
embates
mágoa
ou
fortuitos,
em
processos retumbantes. A profissão exige luta, divergência, litígio,
sustentação de posições contrárias, que podem levar a discussões às
vezes apaixonadas e ao emprego de linguagem veemente, áspera, ríspida,
EVARISTO DE MORAES – ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA
|
www.evaristodemoraes.com.br
1
no calor do debate. Passada a refrega, os adversários ocasionais,
civilizadamente, logo se reconciliam. Não é à toa que o legislador
descriminaliza a injúria praticada na discussão forense”[2].
Na condição de “filho espiritual”, Evaristinho discursou, em nome da
classe, num dos eventos em celebração aos 80 anos de Evandro Lins e
Silva, concitando o aniversariante a liderar a cruzada em defesa da ética
na advocacia, reconhecendo que, àquela altura, talvez fosse “pedir
demais a alguém que já nos deu tanto; e que, a mim, particularmente, deu
tudo o que consegui na profissão, ao abrir-me a oportunidade de exercêla”.
O multíplice Evandro, que hoje completaria 100 anos de idade, cumpriu,
com sobras, a tarefa de defender a ética na advocacia, e outras tantas,
sendo pertinente recordar, do discurso de Evaristinho, o epílogo: “Nós –
advogados brasileiros – não podemos apresentar esta escusa, da falta de
um referencial, que nos sinalize a trilha retilínea. Temos em você, mestre
Evandro, o paradigma a quem devemos prezar. Obrigado, por isto, e por
tudo mais”.
[1] “Antonio Evaristo de Moraes Filho, por seus amigos”, “Dora e a Engenharia Genética de
Pigmalião”, p. 5.
[2] Por Antonio Evaristo de Moraes Filho.
Revista Consultor Jurídico, 18 de janeiro de 2012.
http://www.conjur.com.br/2012-jan-18/evandro-lins-silva-cumpriu-tarefa-defender-etica-advocacia
EVARISTO DE MORAES – ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA
|
www.evaristodemoraes.com.br
2
Download

evandro cumpriu, com sobras, tarefa de defender ética