UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO FERRAMENTA DE GESTÃO Por: Alexandre Medeiros de Brito Orientador Profª. Ms. Ana Cristina Guimarães Rio de Janeiro 2007 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO FERRAMENTA DE GESTÃO Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão Estratégica. Por: Alexandre Medeiros de Brito 3 AGRADECIMENTOS A Deus em primeiro lugar, por ser o Senhor da minha vida e por me fazer ser um milagre. Aos meus pais, Jaime (in memorian) e Aliete, por terem me dado vida e formarem em mim as regras do bem viver. E ainda por terem colaborado de forma inigualável para a realização deste curso. A minha esposa, pelo seu apoio incondicional, por seu auxílio, sua compreensão nos momentos mais difíceis desta jornada e por ser uma ajudadora fiel, companheira presente com seu amor e carinho ao meu lado. A minha sogra Elza, pelo seu carinho e também por sua importantíssima colaboração. Aos meus irmãos e cunhados que me apoiaram. Aos mestres que durante este percurso contribuíram e se preocuparam profundamente para que pudéssemos receber com excelência o conhecimento tão importante nos dias atuais. A todos os amigos de turma, que foram solidários a mim em todo o tempo e que jamais serão esquecidos. Aos funcionários da Instituição que sempre me ajudaram quando precisei. Por fim, a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho. 4 DEDICATÓRIA Dedico esta obra a minha esposa Eliana, que é a minha inspiradora. Dedico-a também, a minha maravilhosa mãe por toda a sua luta e trajetória de vida que é extraordinária e exemplo para mim. 5 Bem-aventurado o homem que suporta a provação; porque, depois de aprovado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam. Tiago 1:12 6 RESUMO A idéia de planejar não é nova nas organizações. A necessidade de organizar atividades, orientar o trabalho de pessoas ou formalizar um orçamento fez com que as organizações incorporassem o conceito de planejamento à sua vida. As maneiras de concretizá-lo é que variam: planos anuais; plurianuais; por setor ou área temática da organização; financeiro e assim por diante. Todas estas formas possuem em comum a preocupação mais geral de fazer com que a organização defina objetivos, cronogramas, organogramas e orçamentos. Em outras palavras, como a organização vai se preparar para cumprir sua missão. Com o propósito de traçar um veio científico que norteie e garanta o êxito das micro e pequenas empresas, este trabalho, a luz do planejamento estratégico, faz menção a assuntos relacionados ao conceito de gestão de planejamento; qualidade do planejamento e as ferramentas do planejamento estratégico. Apresenta-se a situação real das micro e pequenas empresas no Brasil, entre os anos de 1996 e 2002 e os principais motivos pelos quais elas fecham as portas e encerram suas atividades. Expõe-se também, o que estas organizações estão fazendo de errado para acumularem tantos resultados negativos, que é notório no cenário empreendedor nacional. Apresentam-se as soluções para o rompimento dessa trajetória negativa das MPEs, sem a pretensão de se tornarem as únicas verdades, e, que, podem colocar um ponto final nessa situação trágica que passam esses empreendimentos essenciais para o país. Com o passar do tempo, no entanto, ficou claro que os formatos de planejamento adotados pelas organizações, já não se mostravam adequados à realidade. Um ambiente em transformação mais profunda, incertezas cada vez maiores e constantes, demandas inesperadas são condições que têm feito com que as organizações percebam que seu universo de planejamento está limitado. Além de não incorporar satisfatoriamente as mudanças – gerando a sensação de trabalho incompleto e de relevância questionável para os próprios membros –, os antigos formatos de planejamento já não são capazes de garantir à organização sua sobrevivência no futuro. Encontrar o caminho para o sucesso esbarra na necessidade de se desenvolver ferramentas, cada vez mais modernas, que se adeqüem, as organizações, e levem-na a atingir seu objetivo, o lucro. Palavras-chave: Planejamento; Desenvolvimento; Empresas. 7 METODOLOGIA Segundo Larosa e Ayres (2005, p. 35), o tipo de pesquisa adotada neste trabalho quanto aos meios é bibliográfica por sistematizar o estudo com base em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas e outras publicações. Quanto aos fins esta pesquisa é explicativa e aplicada, pois não se contenta apenas em explicar o fenômeno da mortandade das micro e pequenas empresas, mas, alcançar a solução para este problema. O material utilizado para a elaboração deste trabalho foi coletado através dos seguintes meios: • pesquisa bibliográfica em livros de administração, gestão do planejamento estratégico, metodologia de pesquisas. • boletim estatístico das micro e pequenas empresas divulgado pelo SEBRAE. • realização de consultas em bibliotecas e sites da internet. • consultas em artigos de jornais e revistas. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 11 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO X ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 19 CULTURA ORGANIZACIONAL 20 OBJETIVOS DA EMPRESA 22 ANÁLISE DE CENÁRIOS 26 MODELO DE PORTER 28 PROJETOS E PLANOS DE AÇÃO 31 PLANO DE NEGÓCIOS 36 A APRENDIZAGEM 41 CAPÍTULO II AMBIENTALIZAÇÃO DO CASO 46 CAPÍTULO III CONTEXTUALIZAÇÃO DO CASO 50 CAPÍTULO IV CONCLUSÃO 53 ÍNDICE 60 FOLHA DE AVALIAÇÃO 61 9 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objeto de estudo o Planejamento Estratégico como ferramenta de gestão nas micro e pequenas empresas do mercado brasileiro. O foco principal desta pesquisa é apresentar o planejamento estratégico como uma arma poderosa no combate as tantas perdas que o mercado das micro e pequenas empresas vêm sofrendo e, com isso, dirimir a controvérsia de que a gestão de um programa de planejamento estratégico deve ser pensado e trabalhado somente nas empresas de médio e grande porte. No Capítulo I, a luz do planejamento estratégico, faz menção a assuntos relacionados ao conceito de gestão de planejamento; qualidade do planejamento; ferramentas do planejamento estratégico; sua filosofia; partes e vantagens; plano de negócio; cultura organizacional, missão, visão, valores e negócio; análise de cenários e modelo Porter; administração estratégica versus planejamento estratégico; projetos e planos de ação; aprendizado e a necessidade das empresas em aprender. No Capítulo II, apresenta-se a situação real das micro e pequenas empresas no Brasil, entre os anos de 1996 e 2002 e os principais motivos pelos quais elas fecham as portas e encerram suas atividades. Já no Capítulo III, é exposto o que estas organizações estão fazendo de errado para acumularem tantos resultados negativos. No Capítulo IV, apresentam-se as soluções para o rompimento dessa trajetória negativa das MPEs e, que, podem colocar um ponto final nessa situação trágica que passam esses empreendimentos essenciais para o país. O mercado brasileiro de micro e pequenas empresas, as MPEs, tem se desenvolvido rapidamente, e com ele os problemas pertinentes a quem cresce de forma desorientada e desestruturadamente. 10 A abordagem de uma nova visão do planejamento estratégico pode proporcionar ao micro e pequeno empresário uma chance de se manter vivo no mercado e alcançar resultados que pensava-se inatingíveis. Para se chegar a uma inferência sobre o assunto, foram realizadas pesquisas recentes em diversos meios de informação para encontrar uma solução para esta questão tão pertinente e, que é do interesse, não só do empresariado mas, do país que perde com a extinção de empresas tão jovens que, deixam de contribuir com seus impostos aos cofres públicos e trazer crescimento e desenvolvimento em pesquisa e tecnologia. Perdem também os consumidores que deixam de ter expressivas opções de produtos e serviços tendo que pagar mais caro para adquiri-los pela falta da concorrência sadia entre as empresas. A perspectiva de melhora neste quadro não vem com soluções mágicas, nem fórmulas predefinidas, mas é preciso levar o assunto a sério e, desenvolver ações e programas voltados para a divulgação e aprendizagem da gestão estratégica para as MPEs já existentes e para os novos empreendimentos, bem como estimular e auxiliar os micro e pequenos empresários, atuais e futuros, na utilização de ferramentas e estratégias inteligentes para gerenciarem seus negócios e, fomentar a necessidade da formalização das ações da MPE através dos documentos de planos de negócios. Por esse motivo, neste trabalho é proposto um estudo dinâmico mas, consistente sobre o assunto, afim de que se possa alcançar a solução deste grave problema e que tem mobilizado, neste momento, o interesse de uma grande parcela de especialistas e pesquisadores do assunto. Cientificamente, este projeto é embasado em escritos de grandes mestres no assunto do planejamento estratégico, aos quais têm seus nomes citados e registrados para garantir-lhes os méritos de suas idéias, pensamentos e obras. 11 CAPÍTULO I PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 1.1 O Conceito Saber onde se quer chegar é imprescindível para os negócios e, por isso, um conjunto de ações deve ser desenvolvido para se obter o resultado esperado, conforme Oliveira (2002, p.35): “o planejamento pode ser considerado como um processo, (...), desenvolvido para o alcance de uma situação desejada de um modo mais eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços e recursos pela empresa”. Oliveira (2002, p.35) afirma: “(...) o planejamento estratégico corresponde ao estabelecimento de um conjunto de providências a serem tomadas pelo executivo para a situação em que o futuro tende a ser diferente do passado; entretanto, a empresa tem condições e meios de agir sobre as variáveis e fatores de modo que possa exercer alguma influência; o planejamento é ainda um processo contínuo, um exercício mental que é executado pela empresa independentemente de vontade específica de seus executivos.” Percebe-se então, que planejar estrategicamente requer um esforço muito grande por parte da organização, pois, envolve, portanto, um modo de pensar; e um modo de pensar saudável envolve indagações; e indagações envolvem questionamentos sobre o que fazer, como, quando, quanto, para quem, por que, por quem e onde. Fischmann e Almeida (1991, p.25) vêem planejamento estratégico como: “... uma técnica administrativa que, através da análise do ambiente de uma organização, cria a consciência das suas oportunidades e ameaças dos seus pontos fortes e fracos para o cumprimento da sua missão e, através desta consciência, estabelece o propósito de direção que a organização deverá seguir para aproveitar as oportunidades e evitar riscos.” Já para Moura (2003, p.119) planejamento estratégico é: “uma metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela empresa, visando a um maior grau de interação com o ambiente”. 12 Percebe-se, com base nas definições que a empresa precisa ser dinâmica, viva, pois, seu planejamento deve sempre levar em consideração os fatores de influência internos e externos a ela. Chiavenato (1994, p.185) diz que: “Os dirigentes, no nível institucional da empresa, estão totalmente voltados para a tarefa primária da empresa de se defrontar com a incerteza gerada pelos elementos incontroláveis e imprevisíveis do ambiente de tarefa da empresa e do ambiente geral.” Esse nível de planejamento se caracteriza por uma maior abrangência e prazo para estabelecimento dos resultados a serem perseguidos em uma determinada direção que toda a empresa deve seguir. A dimensão temporal assumida pelo planejamento estratégico é de singular importância, uma vez que, as decisões tomadas no presente, certamente impactarão os resultados futuros e, os níveis, do estratégico ao tático, responsabilizar-se-ão pelas ações projetadas no presente. Por isso, o comprometimento com o planejamento, por todos, minimizará os riscos a serem assumidos. A exposição do fator sinérgico é de máxima relevância para o planejamento estratégico de uma empresa uma vez que, o que se espera conseguir com este é um resultado maior que a soma das partes isoladas, gerando uma melhor integração entre empresa e meio em que está inserida. Chiavenato (1994, p.201) corrobora: “A empresa deve responder às ameaças e oportunidades ambientais de maneira solidária e uníssona, com forte apelo sinergístico. A busca e manutenção do consenso entre os níveis e as diferentes áreas da empresa deverá ser constante e intensiva, já que não haverá tolerância ambiental para os desperdícios e perdas inúteis resultante dos conflitos inter ou intra-organizacionais que caracterizam a empresa sem rumo definido.” Oliveira (2002, p.36) afirma que: “o exercício sistemático do planejamento tende a reduzir a incerteza envolvida no processo decisório e, consequentemente, provocar o aumento da probabilidade de alcance dos objetivos, desafios e metas estabelecidos para a empresa”. O planejamento estratégico bem elaborado vislumbra as possibilidades e, aumentam as chances de sucesso da organização. Tem seu enfoque no desenvolvimento das atividades da empresa e no seu crescimento. 13 1.1.1 Filosofias do planejamento Para Oliveira (2002, p.40-42), os três tipos de filosofia de planejamento são: a) Filosofia da satisfação O processo de planejamento começa pela determinação dos objetivos factíveis, resultantes de uma sistemática de conselho político entre os vários centros de poder da empresa. Tais objetivos poderão ser de desempenho (quantitativos ou qualitativos). Mas serão em pequeno número, porque isto geraria inevitável conflito entre os diversos objetivos. Nessas condições, restarão apenas os objetivos aceitáveis, no sentido de serem os que encontrarão a menor resistência à sua implementação; e os objetivos aceitos poderão, inclusive, não ser os mais adequados à empresa. O planejador que segue essa filosofia acaba não se afastando muito das práticas correntes da empresa. As estruturas não são alteradas porque se podem encontrar muitas resistências e, em conseqüência, os planos serão tímidos em termos de recursos. Assim, não serão procuradas alternativas, isto é, muitas oportunidades interessantes deixarão de ser exploradas. (...) A grande vantagem dessa filosofia é que o processo de planejar pode ser realizado em pouco tempo, custa pouco e exige menor quantidade de capacitação técnica. b) Filosofia da otimização Esta filosofia significa que o planejamento não é feito apenas para realizar algo suficientemente bem, mas para fazê-lo tão bem quanto possível. Caracteriza-se pela utilização de técnicas matemáticas e estatísticas e de modelos de simulação. Nesse caso, os objetivos são formulados em termos quantitativos, pois são reduzidos a uma escala comum (monetária) e combinados em uma medida geral e ampla de desempenho. Isto porque o planejador otimizador tende a ignorar os objetivos não quantificáveis, porque eles não poderão ser incorporados em um modelo a ser otimizado. O planejador procura conduzir todo o processo de planejamento através de modelos matemáticos que serão otimizados, isto é, procura-se otimizar o processo decisório. c) Filosofia da adaptação Esta filosofia, que algumas vezes é denominada planejamento inovativo, apresenta as seguintes características: • baseia-se na suposição de que o principal valor do planejamento não está nos planos produzidos, mas no processo de produzi-los; • supõe que a maior parte da necessidade atual do planejamento decorre da falta de eficácia administrativa e de controles, e que o fator humano é o responsável pela maioria das confusões que o planejamento tenta eliminar; e que • o conhecimento do futuro pode ser classificado em três tipos: certeza, incerteza e ignorância, visto que cada uma dessas situações requer tipo diferente de planejamento, comprometimento, contingência ou adaptação. A filosofia de adaptação, também chamada homeostase, procura equilíbrio (interno e externo) da empresa, após ocorrência de uma mudança. O desequilíbrio pode vir a reduzir a eficiência do sistema-empresa de modo efetivo; daí a necessidade de restabelecer o estado de equilíbrio. A organização precisa compreender bem a sua atividade no mercado, a fim de que desenvolva a filosofia de planejamento adequada ao seu tipo de negócio, público interno e externo. A mescla de duas ou três filosofias pode resultar em um ganho real e efetivo à empresa, determinando um ambiente interno mais competitivo e um externo mais promissor. 14 Oliveira (2002, p.43) ainda diz: “É válido que o executivo, quando estiver trabalhando com a função planejamento, estabeleça qual filosofia a ser adotada, tendo em vista a adequação entre a situação real e o processo de planejamento.” Fazendo a leitura de Boucinhas, Oliveira (2002, p.43) estabelece que: “A estratégia de obtenção de resultados satisfatórios parece ser a que melhor descreve a prática de planejamento da empresa, seja porque comporta a existência de objetivos múltiplos, quantificáveis ou não, seja porque não requer a utilização de modelos matemáticos sofisticados, de difícil especificação, no atual estágio de desenvolvimento dos sistemas de informações gerenciais e da própria pesquisa operacional.” 1.1.2 Partes do planejamento Para um melhor desenvolvimento e estruturação, um planejamento deve ser dividido em partes, para que se possa definir com clareza as atividades que correspondem a cada parte da empresa. É importante uma segmentação das atividades, não só para facilitar o entendimento do processo, como também para permitir a realização do plano estratégico dentro de um cronograma. Bethlem (2004, p.30) diz que: “o processo de planejamento inicia-se com a imposição dos desejos e aspirações da estrutura do poder, explicitados ou mantidos implícitos”. Entendese, por isso, que a direção da empresa deve determinar primeiramente. O planejamento começa no nível mais alto da organização mas, isto, não quer dizer que os outros níveis da empresa estejam impedidos de participarem deste processo, diz Chiavenato (1994, p.201): “O processo de elaboração do planejamento estratégico deve começar e se caracterizar pela abertura ampla e contínua dos canais de comunicação com todos os níveis da empresa.” Fazer uma análise interna identificando os pontos fortes e fracos (passíveis de melhoria), em todo o processo produtivo, desde a entrada até a saída, passando por todos os níveis da organização, propiciará uma avaliação do grau de interação do planejamento estratégico da empresa entre os seus diversos segmentos, determinado o quanto cada setor pode e deve se comprometer com o mesmo, visando o desenvolvimento contínuo. 15 O planejamento deve ser um processo ininterrupto que envolva um conjunto complexo de decisões inter-relacionadas que podem ser separadas de formas diferentes, para melhor compreensão e controle do processo e facilitação de suas revisões e alterações. Para Chiavenato (1994, p.187), o planejamento estratégico exige seis etapas: 1. 2. 3. 4. 5. 6. Determinação dos objetivos empresariais. Análise ambiental externa. Análise organizacional interna. Formulação das alternativas estratégicas e escolha da estratégia empresarial. Elaboração do planejamento estratégico. Implementação por meio de planos táticos e planos operacionais. Para Oliveira (2002, p.44), fazendo a adaptação de Ackoff, cinco são as partes básicas do planejamento: • Planejamento dos fins: especificação do estado futuro desejado, ou seja, a missão, os propósitos, os objetivos, os objetivos setoriais, os desafios e as metas. • Planejamento de meios: proposição de caminhos para a empresa chegar ao estado futuro desejado, por exemplo, pela expansão da capacidade produtiva de uma unidade e/ou diversificação de produtos. Aqui tem-se a escolha de macroestratégias, macropolíticas, estratégias, políticas, procedimentos e práticas. • Planejamento organizacional: esquematização dos requisitos organizacionais para poder realizar os meios propostos. Aqui pode-se ter, por exemplo, a estruturação da empresa em unidades estratégias de negócios. • Planejamento de recursos: dimensionamento de recursos humanos e materiais, determinação da origem e aplicação de recursos financeiros. Aqui se tem o estabelecimento de programas, projetos e planos de ação necessários ao alcance do futuro desejado. • Planejamento de implantação e controle: corresponde à atividade de planejar o gerenciamento de implantação do empreendimento. Apesar de haver divergência na apresentação da quantidade de etapas, quase nenhuma diferença é encontrada de um autor para o outro, simplesmente, um estabelece uma etapa específica para a elaboração do planejamento estratégico, e, outra para a implementação do planejamento propriamente dito. É relevante observar que cada etapa, por menor que pareça ser o seu grau de importância, tem o seu papel fundamental dentro de todo o processo do planejamento, não devendo ser descartada ou desenvolvida com competência. Para Fischmann e Almeida (1991, p.34), “as etapas de um plano são flexíveis, de forma que sempre haverá a possibilidade de ser revisto”. 16 1.1.3 Tipos de planejamento Cada tipo de planejamento possui características diferentes de acordo com o nível hierárquico a que corresponde. Saber identificá-los é de total valia no momento de traçar os objetivos e estratégias. Três tipos distintos de planejamento são delineados levando-se em conta os grandes níveis hierárquicos: planejamento estratégico, tático e operacional. Para Chiavenato (1994, p.204): “O planejamento estratégico lida com decisões globais, genéricas e amplas. Para que possa ser executado em todos os níveis da empresa, precisa ser adequadamente detalhado e desdobrado. Assim, no nível intermediário ele será desdobrado em planos táticos para cada departamento da empresa e, no nível operacional, cada plano tático será desdobrado e detalhado em planos operacionais relacionados com as tarefas e operações a serem realizadas.” Com posicionamentos bem definidos, diz Oliveira (2002, p.45): “o planejamento estratégico relaciona-se com objetivos de longo prazo e com estratégias e ações para alcançalos que afetam a empresa como um todo, enquanto o planejamento tático relaciona-se a objetivos de mais curto prazo e com estratégias e ações que, geralmente, afetam somente parte da empresa”. Veja tabela: Tabela I: Tipos e níveis de planejamento nas empresas. Tipo Planejamento estratégico Nível Estratégico Planejamento mercadológico Planejamento Financeiro Planejamento da produção Planejamento de recursos humanos Planejamento organizacional Plano de preços e produtos Plano de despesas Plano da capacidade de produção Plano de recrutamento e seleção Plano diretor de sistemas Plano de promoção Plano de investimento Plano do controle de qualidade Plano de treinamento Plano de estrutura organizacional Plano de vendas Plano de compras Plano de estoques Plano de cargos e salários Plano de rotinas administrativas Plano de distribuição Plano de fluxo de caixa Plano de utilização de mão-de-obra Plano de promoções Plano de informações gerenciais Plano de pesquisas de mercado Plano orçamentário Plano de expedição de produtos Plano de capacitação interna Plano de comunicações Fonte: Oliveira (2002, p.45): Tático Operacional 17 Integralizar os níveis de planejamento traz benefícios e sustentabilidade para a empresa, uma vez que agindo isoladamente, um do outro, perdem sua razão fim. Quanto a isto, expressa Oliveira (2002, p.47): “O planejamento estratégico, de forma isolada, é insuficiente, uma vez que o estabelecimento de objetivos a longo prazo, bem como seu alcance, resulta numa situação nebulosa, pois não existem ações mais imediatas que operacionalizem o planejamento estratégico. A falta desses aspectos é suprida através do desenvolvimento e implantação dos planejamentos táticos e operacionais de forma integrada.” Com a responsabilidade de elaborar os objetivos e os cursos de ação, o planejamento estratégico envolve, habitualmente, a alta gerência levando-se em conta as condições internas e externas à empresa. O planejamento tático descrito por Fischmann e Almeida (1991, p.25), “é um planejamento de curto prazo, predominantemente quantitativo, abrangendo decisões administrativas e operacionais e visando à eficiência da organização”. A cargo dos níveis organizacionais inferiores, o planejamento tático objetiva o uso eficiente dos recursos disponíveis para alcançar os objetivos a que se destina, traçados pelo planejamento estratégico. Já o planejamento operacional “pode ser considerado como a formalização, principalmente através de documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento e implantação estabelecidas. Portanto, nesta situação tem-se, basicamente, os planos de ação ou planos operacionais”, afirma Oliveira (2002, p.49), e, ainda, estabelece que os planejamentos operacionais devem conter com detalhes: • • • • • os recursos necessários para seu desenvolvimento e implantação; os procedimentos básicos a serem adotados; os produtos ou resultados finais esperados; os prazos estabelecidos; e os responsáveis por sua execução e implantação. 18 1.1.4 Benefícios do planejamento A empresa que planeja carrega consigo maior probabilidade de não ser pega de surpresa. O tempo futuro pode reservar situações que gerem dificuldades e mal-estar à organização. Maximiano (1990, p.124) afirma que: “A organização que pratica planejamento, pela própria definição deste processo e de suas finalidades, passa a ter maiores possibilidades de controle sobre seu próprio futuro – o que significa que ela não deixa o futuro ao acaso e procura definir um caminho a ser seguido. Preocupada com os eventos que é capaz de antever em seu futuro, a organização prepara-se para enfrentá-los, e não é apanhada de surpresa.” Moura (2003, p.114) diz que: “(...) os gestores da empresa estão sempre ocupados em controlar as pessoas, apresentando as decisões que estão organizadas em suas cabeças, mas que somente eles conhecem. Não apresentam previamente os objetivos a serem alcançados para que todos possam conhecê-los e atuar nesse sentido. Outro fato comum é que áreas distintas têm objetivos diferentes, os quais não estão orientados pela estratégia de ação da organização. Como conseqüência, ninguém se entende, todos estão “correndo atrás” ou “apagando incêndio”, decisões são tomadas erroneamente e afetam o negócio da empresa, ou então são tomadas sem prazo suficiente para execução das atividades.” No texto citado acima, nota-se uma situação comum do cotidiano das empresas, gerado pela falta de um planejamento voltado para a ação. Então, entende-se que o planejamento estratégico não só reduz as incertezas futuras, como também, estabelece um estado de ações coordenadas que levam a um benefício comum: o bom funcionamento da empresa. Maximiano (1990, p.124, 125) estabelece três benefícios básicos do planejamento: “Permanência das decisões (...) Os planos estabelecidos passam a constituir um caminho a ser seguido pela organização, independentemente de quem dela faça parte e, dessa forma, alguns problemas estão resolvidos antecipadamente, isto é particularmente útil em organizações em que a composição da administração muda periodicamente. Permanência das decisões não significa imobilidade. Assim, o que se procura é balizar o comportamento da organização, de modo a torná-la menos vulnerável às incertezas do futuro, bem como aos interesses pessoais ou de momento, e evitar a necessidade de tomar decisões uma a uma. Equilíbrio A organização que não se prepara para o futuro está constantemente sendo apanhada de surpresa: para exagerar, seu dia-a-dia é feito de emergências e calamidades. A conseqüência de uma administração sem planejamento (por incoerente que isto possa parecer) e da incerteza quanto ao futuro é a falta de 19 rumos. As decisões são tomadas conforme os problemas aparecem, e alguns problemas são criados pelas próprias decisões. Como os recursos estão previstos para ser aplicados em situações de normalidade, a organização fica sempre no limite do risco, na “corda bamba”, e qualquer evento inesperado provoca uma drenagem de esforços que deveriam estar sendo usados em outro lugar.(...) Melhor desempenho Quando se tem um curso de ação definido, as pessoas sabem de antemão quais serão os padrões que servirão para avaliar seu desempenho e quais são os problemas que se espera que elas resolvam. Implícita ou explicitamente, sabem quais serão os benefícios que advirão de atender a esses padrões ou resolver esses problemas. É de se esperar, portanto, que se dediquem a eles com certo grau de empenho. Outro importante benefício que advém do processo de planejar é, portanto, este efeito positivo sobre o comportamento de indivíduos e grupos, que se acentua quando há algum tipo de participação na definição dos objetivos. A possibilidade de seguir um caminho predefinido, para reduzir um problema do presente ou previsto no futuro, especialmente quando se trabalhou para ajudar a estabelecê-lo, constitui um poderoso fator de mobilização de competências.” 1.2 Planejamento Estratégico X Administração Estratégica Comumente confunde-se planejamento estratégico com administração estratégica, mas a diferença entre os dois é notória. Gracioso (1996, p.28) diz que: “Planejamento estratégico define-se normalmente pela alocação de recursos calculados para atingir determinados objetivos, num ambiente competitivo e dinâmico. Gerenciamento estratégico, por sua vez, encara o pensamento estratégico como fator inerente à condução dos negócios, e o planejamento estratégico como o instrumento em torno do qual todos os demais sistemas de controle – orçamentação, informações, estrutura organizacional – podem ser integrados.” Observa-se então que administração estratégica é o processo de tornar a organização capaz de integrar as decisões administrativas e operacionais com as estratégias, procurando dar ao mesmo tempo maior eficiência e eficácia à organização. Ansoff, Declerck e Hayes (1981, p.45) concordam em dizer que administração estratégica é entendida como: “um sistema escolhido da administração, que enfatiza sua própria flexibilidade, isto é, que provoca o aparecimento de programas estratégicos inovadores, que busca a mudança da própria política, que avalia mais o desenvolvimento do potencial para mudanças futuras do que o desempenho a curto prazo, e que entende os fundamentos do poder e das características culturais dentro da organização porque aí estão os principais geradores de sua própria flexibilidade”. 20 Entende-se, então, que administração estratégica é um processo contínuo e interativo que visa manter uma organização como um conjunto apropriadamente integrado a seu ambiente, enquanto planejamento estratégico é o processo gerencial que possibilita ao executivo estabelecer o rumo a ser seguido pela empresa, com vistas a obter um nível de otimização na relação da empresa com o seu ambiente. 1.3 Cultura Organizacional De acordo com Bethlem (2004, p. 74) as organizações têm cultura objetiva e subjetiva: “Subjetiva – padrão comum de crenças, suposições e expectativas dos membros – maneira característica de o grupo perceber o ambiente da organização, suas normas, valores e papéis; inclui: heróis da empresa (modelos para outros corporificarem os valores da cultura), mitos e histórias sobre a organização, tabus, ritos e rituais da organização e percepções de “Meca” A cultura organizacional subjetiva inclui a “cultura managerial” – estilos e orientações da liderança, e cria arcabouços mentais influenciados pelos valores suportados pela organização, que vão repercutir na maneira de se comportar e de resolver problemas. Objetiva – é expressa por layouts, decoração e instalações.” Percebe-se que os valores estão intrinsecamente ligados à cultura organizacional, diz Bethlem (2004, p.74): “A ligação entre cultura organizacional e valores dos membros de uma organização é íntima e completa de forma a tornar difícil uma separação nítida, mas, sem dúvida, o conceito cultura organizacional é mais abrangente e inclui os valores da organização.” Na página da internet www.posunicenp.edu.br, de acordo com o artigo de João Benjamim da Cruz Júnior, pós-doutorado pela Universidade do Minho, em Braga, Portugal e professor da pós-graduação do UnicenP, cultura organizacional pode ser definida como: “um conjunto de valores, crenças ou crendices, hábitos, usos, costumes e tradições. Esse conjunto funciona na prática como se fossem leis não escritas, mas que fazem com que as pessoas se comportem de um jeito ou de outro”. 21 Fleury e Fischer (1990, p. 22) consideram que a cultura é: “... um conjunto de valores e pressupostos básicos expressos em elementos simbólicos, que em sua capacidade de ordenar, atribuir significações, construir a identidade organizacional tanto agem como elemento de comunicação e consenso, como ocultam e instrumentalizam as relações de dominação. Trata-se do substrato de crenças e valores que fundamentam as práticas formais e informais que constituem a dinâmica de cada Organização.” É perceptível que a abstração permeia o conceito de cultura organizacional, e ainda, que cada organização possui a sua própria cultura, pois crenças, valores, hábitos, costumes e tradições são desenvolvidos pela própria entidade no decorrer do tempo, e, esta cultura, marca profundamente a atuação da empresa, tanto no ambiente interno quanto no externo. Muito mais importante do que inovação tecnológica é a mudança cultural. Não adianta informatizar a empresa, robotizá-la, automatizá-la se primeiro não for mudada a sua maneira de pensar e agir estrategicamente. 1.3.1 Valores Bethlem (2004, p. 74) cita Rokeach que define valores como: “ideais abstratos, políticos ou sugestivos não ligados a qualquer objetivo ou situação específica, representando as crenças de uma pessoa sobre modos de conduta e modos terminais ideais”. As empresas estabelecem seus valores de maneiras diferentes. As que cultuam a tradição confiam na doutrinação verbal e no poder da tradição para instigar valores e reforçar a conduta ética. Muitas empresas estabelecem seus valores e código de ética em documentos escritos. Uma vez estabelecidos formalmente os valores e padrões éticos, eles devem ser institucionalizados e arraigados nas políticas, práticas e conduta da empresa. Bethlem (2004, p. 79) faz um alerta em relação ao estabelecimento de valores: “O empresário que tenha valores diferentes dos predominantes em sua sociedade ou cultura ou terá dificuldades constantes de agir de acordo com seus valores pessoais, pelas resistências que vão desenvolver-se contra suas ações, ou terá problemas emocionais constantes (dissonância cognitiva e às vezes anomia) se, 22 para não gerar resistências, esquecer seus valores e passar a agir de acordo com os valores da sociedade ou cultura onde atua.” Os valores da cadeia de comando influenciarão toda a estrutura empresarial, uma vez que o processo estratégico é o seu atributo principal. Há diversidade de sistemas de valores dos integrantes de uma organização, mas estes tornam-se compatíveis ou até iguais por meio de uma concordância geral ou por uma boa administração de conflitos entre eles. Desta forma, percebe-se então, a necessidade de um bom conjunto de valores que realmente estejam alicerçados na boa conduta e, que estejam enraizados em todos os participantes dos diversos níveis da empresa. 1.4 Objetivos da Empresa Nenhuma empresa é estabelecida por acaso. Maximiano (1990, p. 23) diz que: “Uma organização é uma combinação de esforços individuais que tem por finalidade realizar propósitos coletivos.” Chiavenato (1994, p.63), diz que os objetivos naturais de uma empresa são geralmente: 1. Proporcionar satisfação das necessidades de bens e serviços da sociedade. 2. Proporcionar emprego produtivo para todos os fatores de produção. 3. Aumentar o bem-estar da sociedade por meio de uso econômico dos fatores de recursos. 4. Proporcionar um retorno justo aos fatores de entrada. 5. Proporcionar um clima em que as pessoas possam satisfazer uma porção de necessidades humanas normais. Uma empresa não pode ter somente um objetivo pois, uma vez alcançado, perderia sua razão de ser. Chiavenato (1994, p.63) expressa: “A empresa não busca unicamente um só objetivo, pois precisa satisfazer uma enorme quantidade de requisitos e exigências que são impostos a ela não somente pelo ambiente externo, mas também pelos seus participantes. Esses objetivos não são estáticos, mas dinâmicos e em contínua evolução, alterando as relações (externas) da empresa com o seu ambiente e (internas) com os seus participantes e 23 sendo continuamente reavaliados e modificados em função das mudanças do ambiente e da organização interna dos participantes.” Segundo Maximiano (1990, p. 24), as empresas dedicam-se a esses objetivos em troca de alguma espécie de remuneração, que pode ser: • o preço que o consumidor ou usuário paga por seus produtos e serviços; • os impostos e taxas que o contribuinte recolhe aos diferentes níveis de governo para que estes os transformem em serviços destinados a seu próprio benefício; • as contribuições ou taxas que os associados de certas instituições, como clubes e sociedades, pagam para sua manutenção. As empresas podem ser lucrativas ou não lucrativas, variando de acordo com o tipo de relação de troca, de produtos e serviços pela paga de um preço, impostos ou contribuição. O lucro pode ser financeiro ou social, este quando o resultado a ser perseguido não é o dinheiro. 1.4.1 Missão Oliveira (2002, p.76) define missão como “a razão de ser da empresa, bem como seu posicionamento estratégico”. Para Fischmann e Almeida (1991, p.25) missão “é o papel que desempenha a organização (utilidade)”. Já Bethlem (2004, p.40 e 41), formula uma série de questionamentos para definir objetivos específicos e objetivos genéricos, diz: “Podemos então formular as perguntas básicas a que uma organização deve responder, cujas respostas representarão o que se quer de uma organização: São elas: FAZER – o quê? SER – o quê? ESTAR – quando? As respostas a essas perguntas são o conteúdo dos objetivos (ou metas, alvos ou propósitos, como se queira chamar) genéricos de uma organização. De outra forma: definem-se como objetivos genéricos de uma organização: FAZER alguma coisa. SER alguma coisa. ESTAR em algum lugar. em algum momento. A especificação dos “alguns” levará aos objetivos específicos de uma organização. Vamos examinar os: 24 Objetivos genéricos Se se examinarem as perguntas anteriores, que levaram aos objetivos genéricos, pode-se observar o seguinte: FAZER poderia ser seguido por além de alguma coisa (o quê) – também de onde? – quando? como? e quanto? SER poderia ser seguido por além de alguma coisa (o quê?) – também de onde? – quando? – e quanto? ESTAR poderia ser seguido por além de algum lugar (onde?), de em algum momento (quando?) – também de o que? Existem superposições. Eliminando as superposições, vai-se obter: Para SER apenas SER o quê? A resposta a esta pergunta, embora haja exceções, é: uma organização de sucesso. Assim, as respostas a SER o quê? vão configurar os componentes do sucesso de uma empresa. A empresa então deve SER lucrativa – objetivo genérico LUCRO crescente – objetivo genérico CRESCIMENTO sobrevivente – objetivo genérico SOBREVIVÊNCIA e prestigiosa – objetivo genérico PRESTÍGIO uma empresa que cumpra esses objetivos é chamada comumente, na literatura corrente, de empresa bem-sucedida.” Compreende-se, dos textos citados, que a definição da missão foca o presente e, é ponto primordial do negócio, é a razão da existência da organização, representando a forma com que esta perpetuará o seu negócio. Chegar a uma posição de destaque, é certo, depende de diversos fatores, mas uma missão clara, definida e bem difundida nos âmbitos da empresa acrescentará muito no alcance do sucesso. 1.4.2 Visão Para Oliveira (2002, p.88), visão é conceituada como: “... os limites que os proprietários e principais executivos da empresa conseguem enxergar dentro de um período de tempo mais longo e uma abordagem mais ampla. Nesse contexto, a visão proporciona o grande delineamento do planejamento estratégico a ser desenvolvido e implementado pela empresa. A visão representa o que a empresa quer ser.” A declaração de visão é apresentada como o sonho da empresa, ou seja, onde a empresa pretende estar dentro de um período de tempo, a força motriz que faz todos os envolvidos buscarem o sucesso da empresa. Esse processo é uma tarefa que deve ser conduzida de maneira a aflorar pensamentos emotivos entre os envolvidos, pois possibilita a busca comum ao sucesso entre vários interessados. 25 Em artigo escrito à Tribuna Mato-grossense, Ivaldi Nascimento, professor de Contabilidade do Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Mato Grosso, diz que visão é: “... a imagem que a organização tem a respeito de si mesma e de seu futuro. É o ato de ver a si própria no espaço e no tempo. Toda organização deve ter uma visão adequada de si mesma, dos recursos de que dispõe, do tipo de relacionamento que deseja manter com seus clientes e mercados, do quer fazer para satisfazer continuamente as necessidades e preferências dos clientes, de como irá atingir os seus objetivos organizacionais, das oportunidades e desafios que deve enfrentar, de seus principais agentes, quais as forças que a impelem e em que condições ela opera. Em geral a visão, esta mais voltada para aquilo que a organização pretende ser do que como ela realmente é. Muitas organizações colocam a visão como projeto que elas gostariam de ser dentro de um certo prazo de tempo e qual o caminho futuro que pretendem adotar para chegar até lá. O termo visão é utilizado para descrever um sentido claro do futuro e a compreensão das ações necessárias para torná-la rapidamente um sucesso. A visão representa o destino que a empresa pretende transformar em realidade.” Todas as definições apresentadas acima apontam o futuro como o espaço-tempo da visão ou seja, o olhar que a empresa tem de si mesma a tantos anos a frente de sua existência. Ainda, em acordo com os textos, a visão da empresa cria fundamentos para um estado de segurança e solidez. Gracioso (1996, p.27) adverte: “Mas não basta que apenas um homem tenha essa visão estratégica do futuro. Ela precisa ser partilhada por todos aqueles que o rodeiam no primeiro escalão. Só assim se cria na empresa a “postura” estratégica, essencial ao atendimento da segunda premissa (posterior à preparação do plano) que é a transposição do planejamento estratégico para o gerenciamento estratégico.” 1.4.3 Negócio Bangs Jr. (1999, p.29) diz que: “Todo o negócio estará envolvido em mais de uma atividade: sendo assim, seu julgamento sobre qual é a atividade central (ou quais são as atividades centrais) é crucial. Todo o seu esforço de planejamento estará baseado em sua percepção de qual é o seu negócio. Se cometer um erro crasso nesse momento, suas chances de sucesso se tornarão diminutas.” 26 O negócio define qual a relação que a empresa tem com o ambiente em que está inserida e com os seus clientes, em relação aos produtos e serviços que oferece. Maximiano (1990, p.144) diz que enunciando os atributos do negócio “a organização está definido, em geral, seu escopo futuro desejado, ou seja, sua combinação de produto-serviço e mercadocliente”. Bangs Jr. (1999, p.29) relaciona sete perguntas básicas para se descrever um negócio: 1. Qual é o seu negócio. Seu negócio é basicamente comercialização, manufatura ou prestação de serviços? Onde se localiza a sua indústria no ciclo de vida industrial? 2. Qual é a situação do negócio. Está em fase inicial? É a expansão de uma firma em funcionamento? É direção de um negócio existente? É uma divisão de um empreendimento maior? 3. Qual o perfil da sua empresa: único proprietário, sociedade, corporação? (O parecer de seu advogado é essencial se você estiver iniciando o negócio). (...) 4. Por que seu negócio será lucrativo (ou continuará a crescer)? 5. Quando seu negócio começará (ou começou) a operar? 6. Em que horários e em que dias da semana você estará (está) atendendo? 7. Seu negócio e sazonal? Se é ou se os horários forem ajustados sazonalmente, assegure-se de que a sazonalidade conste de suas respostas aos itens 5 e 6. Se a organização souber realmente qual é o seu negócio, poderá concentrar seus esforços e utilizar seus recursos de forma eficiente. 1.5 Análise de Cenários Os cenários representam critérios e medidas para a preparação do futuro da empresa. É por meio deles que a organização previne-se de situações que podem gerar desconforto. Bethlem (2004, p.183) diz que: “Cenário é um texto escrito em que se apresentam seqüências hipotéticas de situações complexas, construídas com o propósito de concentrar a atenção nos processos causais e pontos de decisão e facilitar a decisão na situação de incerteza e ignorância parcial em que se encontram os decisores.” Os cenários devem ser montados com informações repassadas pelo sistema de informações estratégicas, que é o setor competente a tarefa e, dispõe dos meios adequados. 27 A elaboração de cenários permite aos gestores envolvidos com o planejamento estratégico a minimização de impactos no negócio, que situações indesejáveis causariam num futuro determinado. As variáveis econômicas são as que mais preocupam os tomadores de decisão, quanto a isto, Fischmann e Almeida (1991, p.57) dizem que: “Quanto às variáveis da economia é preciso observar que a previsão de algumas delas é muito difícil de ser feita e principalmente para um prazo mais longo, e depois precisamos sempre ter uma posição crítica quanto à origem dos dados. (...) (...) o que é importante detectarmos é o grau de favorabilidade da economia, em relação à empresa que está sendo estudada (...).” Bethlem (2004, p.182) ainda diz que: “Os cenários alternativos, gerados por um decisor, não são, na realidade, uma previsão do que vai ocorrer, mas um exercício sobre hipóteses geradas pelo decisor, visando prepará-lo melhor para enfrentar desvios do padrão observado até o momento e a alterar suas decisões ou ações. O exercício de cenários diminui o susto com situações alternativas, mas não proporciona bases sólidas para se tomar esta ou aquela decisão, mesmo porque o único princípio verdadeiro de previsão é que o futuro é imprevisível.” A maior dificuldade dos elaboradores de cenários está na combinação de um número muito grande de variáveis e algumas com elevado grau de variação, pois aumentam o risco e podem levar a uma formulação muito distante do cenário que será encontrado adiante. Linneman e Klein, citados por Bethlem (2004, p.185), descrevem um roteiro para a elaboração de cenários: 1. Identifique e explicite a missão, objetivos básicos, políticas de sua companhia. 2. Determine até quando no futuro quer planejar. 3. Desenvolva um bom conhecimento dos pontos de segurança e vulnerabilidade de sua companhia. 4. Determine fatores que você pensa que ocorreram definitivamente dentro do prazo do seu planejamento. 5. Faça uma lista das variáveis-chaves que terão conseqüências críticas para sua companhia. 6. Dê valores razoáveis para cada variável-chave. 7. Construa cenários nos quais sua companhia poderá operar. 8. Desenvolva uma estratégia para cada cenário. 9. Cheque a flexibilidade de cada estratégia em cada cenário, testando suas eficácias em outros cenários. 10. Selecione – ou desenvolva – uma estratégia de “resposta ótima”. 28 1.6 Modelo de Porter Uma das ferramentas mais eficazes para se avaliar um negócio e a competição existente nesse ramo é o modelo desenvolvido pelo professor Michael Porter, de Harvard, que atualmente, é um dos modelos mais bem aceitos e disseminados entre os estudiosos de administração de empresas. Moura (2003, p.127) diz: “Esse modelo, além de ser mais prático e simples, permite que as PMEs atentem para as ameaças ao negócio vindo de cinco forças competitivas que representam a concorrência ampla que são: concorrentes diretos, empresas entrantes, fornecedores, clientes e substituições.” Bethlem (2004, p.227) diz que: “o modelo de Porter pretende é permitir encontrar os fatores que determinam a atratividade de um ramo de negócio ou indústria e o bom posicionamento de uma empresa dentro de um ramo de negócio, e como estes fatores vão influir na escolha da estratégia competitiva de uma empresa em um ramo de negócio”. Avaliar o negócio em relação ao ambiente externo traz competitividade à empresa, não somente pelo que esta pode absorver para a elaboração do seu plano estratégico mas, no modo como a própria empresa pode alterar o meio ambiente em favor de si mesma. 1.6.1 As cinco forças de Porter Bethlem (2004, p.228 e 229) descreve cada força: 1. A ameaça de entrada de novos competidores: determina a probabilidade de novas empresas entrarem em um ramo de indústria e conquistarem mercado, ou passando benefícios para os compradores na forma de preços mais baixos, ou elevando os custos da competição. As barreiras de entrada levantadas diminuem a probabilidade de entrada de novos competidores em determinado ramo, evitando a queda dos preços. 2. O poder de negociação dos compradores: determina quanto vão reter do valor criado para eles pelas empresas do mercado, deixando-as apenas com modestos retornos. 3. A ameaça de substitutos: determina até que ponto algum outro produto pode satisfazer as mesmas necessidades do comprador, colocando, assim, um teto no montante que um comprador está disposto a pagar pelo produto original de um ramo de negócio. 29 4. O poder de negociação dos fornecedores: determina quanto os fornecedores, e não as empresas para as quais fornecem em um ramo de negócios, irão se apropriar do valor criado pelos fornecedores para as empresas compradoras. 5. A intensidade da rivalidade: age de modo semelhante à ameaça de entrada. Ela determina até que ponto as empresas que já atuam em um ramo irão conservar para si mesmas o valor criado por elas próprias para seus compradores e usá-lo ou repassá-lo em parte para os compradores na forma de preços mais baixos para os seus produtos, ou dissipá-lo em custos mais elevados para afastar os competidores existentes, ou levantar barreiras de entrada para os competidores potenciais. Sem dúvida as cinco forças de Porter constituem uma grande ferramenta na gestão estratégica, porém não devem eliminar a criatividade na busca de novas oportunidades. Uma análise detalhada do negócio, a partir do ponto de vista das cinco forças, pode facilitar muito a tomada de decisão na elaboração do planejamento estratégico, uma vez que, de forma concisa, todas as esferas, interna e externa, que envolvem a empresa estão representadas nesta avaliação. 1.6.2 Checklist para verificação da atratividade do negócio Moura (2003, p.127 e 128) apresenta uma maneira prática de verificar se um negócio é atrativo ou não, através de uma lista de perguntas básicas, são elas: • X X X X X X X X • X X X X X • X X X • X X X X Concorrentes diretos Quais são nossos concorrentes diretos? Qual a parcela de mercado que detêm? Em que eles são melhores do que nós? Os seus preços são melhores? Os produtos são melhores? Seus prazos de entrega são menores? O que oferecem a mais aos clientes? Quais estratégias têm adotado os clientes? Novos entrantes Existe alguma empresa nova no mercado? Existe previsão de entrada de novos concorrentes? Há possibilidade de importação a preços mais competitivos? Quais estratégias os novos entrantes poderiam adotar? O que podemos fazer para concorrer com os novos entrantes? Fornecedores Quais são os problemas que temos tido com os fornecedores? Quais políticas temos adotado com os maiores fornecedores? Temos os fornecedores como parceiros? Clientes Quem são os nossos clientes? Os nossos clientes estão satisfeitos com os nossos produtos? Os clientes são fiéis ou têm nos procurado porque não há outra alternativa? Conhecemos as expectativas e desejos dos nossos clientes? 30 X Temos procurado atender da melhor maneira possível em preço, prazo e qualidade? X Temos atendido suas reclamações e sugestões? • Substituições X Existem novos produtos para substituir os nossos? X Como se encontram os nossos produtos em relação ao ciclo de vida? X Qual a perspectiva de tempo de fornecimento dos nossos produtos? X Existe pesquisa em desenvolvimento de produtos substitutos? X Qual estratégia nossos concorrentes usarão como novos produtos? Bethlem (2004, p.230, 231 e 232), também expõe um checklist da atratividade de um ramo de negócio, porém mais detalhado: 1) Determinantes da ameaça da entrada de novos competidores ou das barreiras de entrada 1. Economias de escala 2. Diferenciação de produtos e identidade de marca 3. Custos de mudança 4. Exigências de capital 5. Acesso à distribuição 6. Vantagens de custo absoluto a. tecnologia superior b. acesso a insumos c. localização d. curva de aprendizagem 7. Política governamental 8. Retaliação esperada 9. Preço de entrada 2) Determinantes da ameaça de produtos substitutos 1. Preço relativo dos substitutos 2. Custos de mudança 3. Propensão do comprador a substituir 3) Determinantes do poder de negociação dos fornecedores 1. Concentração de fornecedores 2. Presença de insumos substitutos 3. Importância do volume para o fornecedor 4. Custo relativo às compras totais na indústria 5. Diferenciação de insumos 6. Custos de mudança dos fornecedores e das empresas no ramo de negócio 7. Impacto dos insumos sobre os custos ou a diferenciação 8. Ameaça de integração para frente do fornecedor versus ameaça de integração para trás pelas empresas no ramo 4) Determinantes do poder de negociação dos compradores Sensibilidade ao preço 1. Concentração de compradores versus concentração de empresas no ramo 2. Volume do comprador 3. Custos de mudança do comprador em relação aos custos de mudança da empresa 4. Informação do comprador 5. Possibilidade de integração para trás 6. Produtos substitutos 7. Pull 8. Impacto dos insumos sobre qualidade/desempenho do produto 9. Preço/compras totais 10. Lucros do comprador 11. Diferenças dos produtos 12. Identidade de marca 31 13. Incentivos dos tomadores de decisão 5) Determinantes da rivalidade entre os competidores existentes 1. Crescimento do ramo de negócios 2. Custos fixos (ou de armazenamento)/valor adicionado 3. Número, concentração e equilíbrio das empresas do ramo 4. Diversidade dos competidores 5. Diferença de produtos 6. Custos de mudança 7. Excesso de capacidade crônica 8. Capacidade aumentada só por grandes incrementos 9. Interesses empresariais 10. Barreiras de saída A análise de todas essas forças em conjunto determina a intensidade da concorrência, bem como a rentabilidade da empresa. Diagnosticar as forças que afetam a concorrência e suas causas básicas, permite à empresa a identificação de quais são seus pontos fracos e fortes e, dessa forma, possibilita a escolha de uma estratégia apropriada que a mantenha competitiva e que aumente sua taxa de retorno sobre o capital investido. 1.7 Projetos e Planos de Ação Os projetos e os planos de ação cumprem um papel essencial no planejamento estratégico. É através deles que as intenções desenvolvidas pelos pensadores estratégicos serão implementadas. Oliveira (2002, p.248) define projeto como: “um trabalho com datas de início e término previamente estabelecidas, coordenador responsável, resultado final predeterminado e no qual são alocados os recursos necessários a seu desenvolvimento”. Já Maximiano (1990, p.372) diz que: “projetos são atividades ou empreendimentos que têm começo e fim programados, que devem resultar num produto final singular, o qual procura resolver um problema específico”. Nas duas definições, os autores deixam claro que um projeto deve ter início e fim, logo, conclui-se que, estas são características fundamentais de um projeto. Se não houver um 32 cronograma bem definido que estabeleça os prazos e aponte aos líderes e desenvolvedores do projeto o seu término, e este não ocorra no prazo esperado pelo cliente, fica inviável a manutenção do mesmo. O estouro no orçamento e a insatisfação dos stakeholders são dados como certos. A situação agrava-se mais ainda quanto o cliente externo conta com o resultado do projeto e este não se concretiza. Para a organização que o desenvolve, os prejuízos são incalculáveis, uma vez que, até a perda de um cliente muito importante para a empresa pode ser contabilizada. Administrar projetos não é uma situação tão simples, ainda mais quando referente ao fator tempo. Barros (2005, p.67) explica: “Busca-se, em qualquer projeto, reduzir o tempo empregado, queimando etapas sempre que possível. Quanto mais tempo, mais risco; quanto mais risco, maior a taxa cobrada pelo aluguel do dinheiro.” Oliveira (2002, p.249) enuncia plano de ação sendo: “o conjunto das partes comuns dos diversos projetos, quanto ao assunto que está sendo tratado (recursos humanos, tecnologia etc.)”. Os planos de ação são documentos expedidos pelos gestores de projetos que especificam o que vai ser feito, quem vai fazer, quando deve estar pronto, como vai fazer e quais recursos humanos, materiais ou financeiros são necessários para realizá-los. São os documentos que detalham o passo-a-passo das atividades pertinentes a cada etapa de um projeto. Costa (2002, p.206) diz ainda que: “Um verdadeiro plano estratégico não estará completo se não estiverem prontos os planos de ação, pelo menos para aquelas estratégias competitivas e corporativas vitais.” 33 Um bom plano de ação estratégico estruturado como projeto deve responder as seguintes perguntas: Tabela II Perguntas O quê? Depende de quê? Quem? Por quê? Como? Até quando? Quanto custa? Recursos necessários? Comentários O que deve ser feito, quais são os passos ou etapas necessários, quais dependem de quais, e quais podem ser realizados simultaneamente? Um diagrama PERT ou um simples gráfico de Gantt podem ajudar muito para representar visualmente o inter-relacionamento e a interdependência das tarefas. Esta atividade depende de qual? Qual ou quais etapas devem estar completadas para que esta possa se iniciar? Quem deve executar cada atividade e quem deve supervisionar a sua execução e responder por prazos, qualidade e orçamento de cada etapa? Justificativa: Por que a etapa específica é considerada necessária? Uma simples justificativa ajuda muito no entendimento do projeto. A impossibilidade ou a dificuldade em obter uma justificativa razoável é uma boa indicação para um questionamento mais profundo, se aquela etapa deve mesmo, ser incluída no projeto. Como a etapa deverá ser executada? É a maneira como será feita cada etapa. Até quando aquela atividade deve estar completada? Quanto vai custar a etapa, quanto será gasto para realizá-la? Que outros recursos são necessários, em cada etapa, como recursos humanos, informações, relatórios, licenças, patentes, equipamentos, espaço físico, máquinas e tecnologias? Fonte: COSTA, Eliezer Arantes da. 2002 Oliveira (2002, p.255) faz a relação entre os projetos com os planos de ação da seguinte maneira: “Os projetos preocupam-se com a estruturação e alocação de recursos (delineados pelas estratégias) direcionados para a obtenção de resultados específicos (estabelecidos pelos objetivos, desafios e metas), enquanto os planos de ação preocupam-se com a concentração das especialidades (recursos humanos, tecnologia, marketing, informática, logística etc.) identificadas por meio das atividades de cada projeto. Esse processo de concentração de especialidades facilita a interação dos planos de ação com as diversas unidades da estrutura organizacional da empresa e, consequentemente, facilita a operacionalização das atividades e projetos correlacionados, bem como das estratégias que deram origem aos projetos.” Pode-se entender então que, projeto é toda a estrutura de um empreendimento, desde sua idealização até a sua pronta realização e, plano de ação é uma parte do projeto que especifica e detalha as etapas de execução das tarefas. 34 1.7.1 Fases de um projeto Como foi visto, um projeto tem início, meio e fim. Não é difícil perceber então que estes períodos determinados constituem as fases de um projeto. Oliveira (2002, p.249) define que: Um projeto qualquer pode ter duas grandes fases: FASE 1: Caracterização FASE 2: Execução Na fase de caracterização, os aspectos básicos a serem analisados são: • identificação do problema-alvo; • análise do ambiente do projeto; • definição dos objetivos, desafios e metas a serem alcançados; • definição dos critérios e parâmetros de avaliação do projeto; • elaboração dos estudos de viabilidade necessários; • negociação e definição dos recursos necessários; • identificação da equipe de trabalho; • programação e alocação dos recursos; e • elaboração do manual do projeto. Ao final dessa fase tem-se a proposta com o plano de execução do projeto. Quanto à fase de execução, os aspectos básicos a serem considerados são: • utilização dos recursos disponíveis de acordo com o programado; • supervisão da equipe de trabalho; • acompanhamento e controle das atividades; e • avaliação final dos trabalhos executados. Durante essa fase, existem os relatórios informativos sobre os trabalhos executados; no final deve-se ter um atestado de avaliação geral. Maximiano (1990, p.378,379,380,381) aponta quatro fases de um projeto que são: Concepção A fase da concepção de um projeto começa com a identificação de um problema ou oportunidade e termina com a elaboração da proposta de realização de realização do projeto, passando pela especificação de resultado final a ser alcançado. Predominam aqui as técnicas de análise de problemas, porque o principal é entender o ponto de partida e determinar qual o objetivo a atingir.(...) Estruturação Uma vez que a idéia seja aprovada e se saiba qual o resultado final que se deseja alcançar, começa o processo de planejar e organizar o projeto. Nesta fase, elaborase o cronograma e o orçamento do projeto, define-se a equipe e se faz a previsão dos demais recursos a serem empregados na realização do projeto. Algumas das tarefas desta fase de estruturação começaram na fase anterior, como é o caso da designação de um potencial gerente de projeto e dos integrantes de uma equipe preliminar.(...) Execução e controle Prontos os planos operacionais – cronogramas, organogramas e orçamentos – o projeto pode ser iniciado. Isto significa que o trabalho físico e intelectual de desenvolver o resultado final esperado pode começar. Se se tratar do desenvolvimento de um novo produto, os desenhos começarão a ser elaborados e os materiais básicos de trabalho serão comprados. No entanto, projetos muito complexos, que envolvem grandes volumes de recursos, poderão ser submetidos a um outro processo de decisão, com base na análise das necessidades e disponibilidades de recursos. Se for este o caso, uma vez que se dê esta aprovação, o projeto tem o “sinal verde” para ser realizado. 35 Na fase de execução, os recursos humanos são mobilizados e os recursos materiais vão sendo consumidos, de acordo com os planos operacionais. Predominam nesta fase as funções de supervisão de mão-de-obra, de acompanhamento e controle de qualidade dos fornecimentos, de realização de reuniões de avaliação e coordenação do trabalho em cursos e de controle orçamentário.(...) Esta é a fase do “fazejamento”, onde o que importa é fazer as coisas acontecerem. Encerramento A fase final depende da natureza do empreendimento. O encerramento ocorre quando cessa a responsabilidade do gerente do projeto e de sua equipe, quando ele “muda de mãos” e a responsabilidade passa a ser do operador. No entanto, muitas vezes o encerramento nestes termos não significa que tenha terminado o trabalho do gerente do projeto e sua equipe.(...) Tabela III Quantidade de homens/hora EXECUÇÃO E CONTROLE CONCEPÇÃO ESTRUTURAÇÃO ENCERRAMENTO Tempo DEFINIÇÃO DO PROBLEMA IDENTIFICAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS NECESSÁRIOS PARA A EXECUÇÃO DO PROJETO EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES TRANSFERÊNCIA DOS RESULTADOS ALCANÇADOS DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS E METAS A SEREM ATINGIDOS DELINEAMENTO DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS PROGRAMADOS ELABORAÇÃO DOS RELATÓRIOS FINAIS ANÁLISE DO AMBIENTE DO PROJETO PROGRAMAÇÃO DOS RESULTADOS A SEREM ALCANÇADOS ELABORAÇÃO DOS RELATÓRIOS PARCIAIS E REVISÃO DOS PROGRAMAS QUANDO NECESSÁRIO AVALIAÇÃO FINAL DOS RESULTADOS REALOCAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS ESTIMATIVA NEGOCIAÇÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS NECESSÁRIOS PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA AVALIAÇÃO DO PROGRESSO DO PROJETO ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO DE INTRODUÇÃO DE INOVAÇÕES RESULTANTES DO PROJETO FECHAMENTO DE CONTAS Adaptado de MARCOVITCH, Jaques. Op. cit. As fases de um projeto constituem um ponto de extremada relevância, pois identificam, com eficiência e precisão, o detalhamento do projeto e, devem ser seguidas para o êxito do empreendimento. Queimar etapas ou fases em um projeto pode ser fatal, pondo a baixo todas expectativas de sucesso que mesmo poderia alcançar. 36 1.7.2 Características do sucesso de um projeto O sucesso de um projeto é o resultado esperado por qualquer planejador que esteja interessado e empenhado em um negócio. Mas, para que este alcance o resultado acima do esperado alguns aspectos devem ser considerados. Oliveira (2002, p.252) cita alguns itens que podem ser considerados: • • • • • • • • • cumprimento dos prazos previstos; enquadramento aos custos preestabelecidos; cumprimento da qualidade técnica esperada; cumprimento das exigências de viabilidade; cumprimento de equilíbrio financeiro durante e/ou após a conclusão; manutenção de equilíbrio operacional nas atividades da empresa; manutenção de equilíbrio financeiro nas atividades da empresa; aumento ou, pelo menos, manutenção da rentabilidade normal da empresa; e aumento ou, pelo menos, manutenção da captação de oportunidades de negócios. Diz Maximiano (1990, p.382): “O sucesso está associado à capacidade de o projeto resolver o problema para o qual foi concebido.” O fato de um projeto não apresentar resultados práticos imediatos não quer dizer que não seja bem-sucedido, dependerá da ótica em que for avaliado, e ainda, além de solucionar problemas, as dimensões administrativas como o cumprimento de prazos e orçamentos previstos também são fatores de sucesso de um projeto. 1.8 Plano de Negócios Tem-se falado muito sobre plano de negócios mas, poucos empreendedores têm a exata definição do que realmente seja um. Conforme o manual do SEBRAE – PLANO DE NEGÓCIOS – Faça você mesmo, plano de negócios é: “... um instrumento que visa estruturar as principais concepções e alternativas para uma análise correta de viabilidade do negócio pretendido, proporcionando uma avaliação antes de colocar em prática a nova idéia, reduzindo assim, as possibilidades de se desperdiçarem recursos e esforços em um negócio inviável. 37 Também é utilizado para a solicitação de empréstimos e financiamento junto a instituições financeiras, bem como, para expansão de sua empresa.” De acordo com o site empreenderparatodos.com.br, plano de negócios é definido como: “a estruturação de idéias, lacunas, fatos, hipóteses, cenários e quantificações que possibilita e permite um adequado alinhamento de visão de um novo negócio ou mesmo de um já existente”. O plano de negócios não é a simples formalização das partes de um empreendimento, não é apenas escriturar um documento para que se tenha guardado dentro de uma gaveta ou arquivo, vai além disso, Diz José Carlos de Assis Dornelas, professor da Escola de Engenharia da USP, em seu projeto intitulado ‘Plano de Negócios: O segredo do sucesso do empreendedor. Mito ou Realidade?’ “... o futuro empreendedor deve compreender as regras do jogo antes de jogar e se convencer, a partir de dados concretos, que há uma possibilidade de sucesso no futuro empreendimento. O problema é que as ferramentas disponíveis a esses empreendedores, destinadas a fornecer-lhes suporte nesta tarefa, são mal compreendidas e precariamente utilizadas. O plano de negócios é um exemplo claro de ferramenta de gestão comprovadamente eficiente em muitos casos, mas que, em outros, pelo fato de não ser adequadamente compreendida acaba não agregando valor à ação empreendedora e cai no descrédito.” Conclui-se, dos textos acima, que o plano de negócios é um documento que agrega as informações de fatores principais do negócio como as características, condições e necessidades do futuro negócio, buscando avaliar suas potencialidades e viabilidades, tornando mais fácil sua implementação, caracterizando-se assim, como uma potente ferramenta do planejamento estratégico. 1.8.1 Sua importância Bangs Jr. (1999, p.19) descreve três razões pelas quais deve-se elaborar um plano de negócios antes de começar um empreendimento: 1. O processo de organizar um plano de negócios, incluindo as reflexões que você faz antes de começar a registrá-lo por escrito, obriga-o a assumir um 38 posicionamento não emocional, crítico e objetivo em relação ao seu projeto como um todo. 2. O produto acabado – o seu plano de negócios – é um instrumento operacional que, se usado de forma apropriada, irá auxiliá-lo a gerenciar o seu negócio e a trabalhar efetivamente para seu sucesso. 3. O plano de negócios concluído transmite suas idéias para outros e fornece a base para sua proposta de financiamento. Deve-se ter em mente que esta ferramenta propõe-se a ser o cartão de visitas do empreendedor, mas também pode ser o cartão de desqualificação desse mesmo empreendedor em busca de oportunidades. As oportunidades geralmente são únicas e não podem ser desperdiçadas. Bangs Jr. (1999, p.19) ainda diz que: “Ao considerar objetivamente o seu negócio, você poderá identificar áreas de fraqueza e força, localizar necessidades que de outra forma passam despercebidas, reconhecer oportunidades precocemente e começar a planejar como melhor atingir suas metas comerciais. O seu plano de negócios ajuda-o, também, a detectar os problemas antes que eles aumentem, auxiliando-o a identificar sua origem – sugerindo desta forma modos de resolvê-los. O seu plano de negócios ajudará até mesmo a evitar totalmente muitos dos problemas.” Como está no site empreenderparatodos.com.br, três sãos as necessidades sensíveis para se elaborar um plano de negócios: a) Examina a viabilidade do empreendimento nos aspectos mercadológico, financeiro e operacional. O PN permite desenvolver idéias a respeito de como o negócio deve ser conduzido. É uma oportunidade para refinar estratégias e cometer erros no papel em lugar da vida real, examinando a viabilidade da empresa sob todos os pontos de vista, tais como o mercadológico, o financeiro e o operacional. b) Integra o Planejamento Estratégico O PN é uma ferramenta pela qual o empresário pode avaliar o desempenho atual da empresa ao longo do tempo. Por exemplo: a parte financeira de um plano de negócios pode ser usada como base para um orçamento operacional e ser cuidadosamente monitorada, para se verificar o quanto a empresa está se mantendo dentro do orçamento. A esse respeito, o Plano pode e deve ser usado como base para um planejamento estratégico. Depois de decorrido algum tempo e, a partir de então, periodicamente, o PN deve ser examinado, para se ver onde a empresa se desviou do rumo e se esse desvio foi benéfico ou danoso e como ela deverá operar no futuro. c) É ferramenta de negociação e ajuda a levantar recursos A maior parte dos financiadores ou investidores não colocará dinheiro em uma empresa sem antes ver o seu plano de negócio. O empreendedor poderá não ser levado a sério, nem mesmo convidado a voltar. O plano pode ser usado como uma ferramenta de negociação e contribui para aprovação de empréstimos nos bancos e acesso a linhas de financiamento. Um velho axioma ensina que se deve “ser claro a respeito do que se deseja do investidor, mas vago a respeito naquilo que está disposto a ceder”. 39 Extrai-se dos textos mencionados que o plano de negócios é o raio x da idéia para que se possa imaginar um negócio em pleno funcionamento, ele traça o perfil e todas as condições para a criação e desenvolvimento de uma empresa, desde seu nascimento até a fase madura onde irá gerar lucros para obtenção de um posicionamento específico no mercado, daí sua extremada importância. 1.8.2 Modelos de planos de negócios Bangs Jr. (1999, p.20 e 21), apresenta um esboço de um plano de negócios: • • • • Capa: nome do empreendimento, nomes dos dirigentes, endereço e telefone. Definição do propósito ou Sumário executivo. Índice. Parte 1 – O negócio A. Descrição do negócio B. Produto/Serviço C. Mercado D. Localização do negócio E. Concorrência F. Gerenciamento G. Pessoal H. Aplicação e resultados esperados do empréstimo (Se necessário) I. Síntese • Parte 2 – Dados financeiros A. Fontes e aplicações de capital B. Lista dos Bens de Capital C. Balanço D. Análise do ponto de equilíbrio E. Projeções de Receitas (Demonstrativos de Lucros e Perdas) 1. Resumo trianual 2. Detalhamento mensal para o primeiro ano 3. Detalhamento trimestral para o segundo e terceiro anos 4. Observações explicativas F. Projeção de fluxo de caixa 1. Detalhamento mensal para o primeiro ano 2. Detalhamento trimestral para o segundo e terceiro anos 3. Observações explicativas G. Análise dos desvios H. Relatórios financeiros históricos para negócios em funcionamento 1. Balanços dos três últimos anos 2. Demonstrativos de Receitas dos últimos três anos 3. Devolução de impostos • Parte 3 – Documentação de apoio Currículos pessoais, balanços pessoais, orçamento de custo de vida, relatórios de crédito, cartas de referência, descrições de cargo, cartas de intenção, cópias dos arrendamentos, contratos, documentação legal e demais documentos relevantes para o plano. 40 O site empreenderparatodos.com.br, apresenta e descreve, uma a uma, oito seções para compor um plano de negócios: Sumário Executivo É a primeira parte que será lida por um eventual investidor. Deve conter os pontos principais e mais interessantes do Plano. Não costuma ter mais de uma página. Descrição da Empresa Contém um sumário da empresa, seu modelo de negócio, a natureza, sua história, estrutura legal, localização, objetivos, estratégias e missão. De uma a duas páginas. Produtos e Serviços Descrição dos produtos e serviços da empresa, suas características, forma de uso, especificações, estágio de evolução. Máximo de duas páginas. Estrutura Organizacional Como a empresa está organizada internamente, número de funcionários, principais posições, perfil do profissional. Máximo de duas páginas. Plano de Marketing Aqui será descrito o setor, o mercado, as tendências, a forma de comercialização, distribuição e divulgação dos produtos, preços, concorrentes e vantagens competitivas. De cinco a seis páginas. Plano Operacional Descrição do fluxo operacional, cadeia de suprimentos, controle de qualidade, serviços associados, capacidade produtiva, logística e sistemas de gestão. De três a quatro páginas. Estrutura de Capitalização Como a empresa está capitalizada. Quem faz parte da sociedade, necessidades de capital de terceiro, forma de remuneração e estratégias de saída. De duas a três páginas. Plano Financeiro Como a empresa se comportará ao longo do tempo do ponto de vista financeiro, descrições e cenários, pressupostos críticos, situação histórica, fluxo de caixa, análise do investimento, demonstrativo de resultados, projeções de balanços e outros indicadores. De cinco a seis páginas. No mesmo site, diz que existem dois tipos de planos de negócios: “Plano de Negócios Completo: é utilizado quando se pleiteia uma grande quantidade de dinheiro, ou se necessita apresentar uma visão completa do seu negócio. Pode variar de 15 a 40 páginas mais material anexo. Plano de Negócios Resumido: é utilizado quando se necessita apresentar algumas informações resumidas a um investidor por exemplo, com o objetivo de chamar sua atenção para que ele lhe requisite um Plano de Negócios Completo. Deve mostrar os objetivos macros do negócio, investimentos, mercado e retorno sobre o investimento, e deverá focar as informações específicas requisitadas. Geralmente varia de 10 a 15 páginas.” É certo que, outras literaturas apresentam, umas mais, outras menos detalhamento das etapas de um plano de negócios que os esboços apresentados anteriormente porém, é importante ressaltar que o tipo de negócio a ser implementado vai exigir do empreendedor/planejador a habilidade e o conhecimento necessários para a elaboração de um plano de negócios eficiente para tornar o projeto bastante atrativo para o investidor. 41 1.9 A Aprendizagem De acordo com o dicionário Aurélio (2a. ed. revista e ampliada) a palavra aprender tem os seguintes significados: 1. Tomar conhecimento de (...) 2. Reter na memória, mediante o estudo, a observação ou a experiência (...) 3. Tornar-se apto ou capaz de alguma coisa, em conseqüência de estudo, observação, experiência, advertência, etc. (...) Todo ser humano sadio é capaz de aprender, e esse processo de aprendizagem começa muito cedo. Smith e Strick (2001, p.24) dizem que: “Durante a primeira e a segunda infâncias, as regiões do cérebro tornam-se cada vez mais especializadas. Novas conexões entre partes do cérebro também são formadas, de modo que essas áreas especializadas podem ‘cooperar’ durante níveis superiores de pensamento. O processo contínuo de amadurecimento cerebral explica porque as crianças tornam-se gradualmente capazes de fazer coisas que não podiam fazer antes.” A gama de informações que o indivíduo recebe desde a sua infância possibilita a realização de atividades em conjunto ou individualmente. Bethlem (2004, p.19) diz que: “Não há atividade humana coletiva ou individual que não se utilize para sua consecução do sistema nervoso de cada indivíduo. Exceto alguns reflexos e funções vegetativas inatas, o sistema nervoso de cada indivíduo é condicionado pela aprendizagem.(...) O que se executa, voluntariamente, é antes aprendido e cooptado. Para executar algo, o ser humano precisa ter conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias e suficientes. No linguajar de hoje, significa aprender, ou seja, internalizar e saber utilizar conceitos, constructos, processos etc., pertinentes à ação que se vai realizar.” O processo de aprendizagem é comum a todos, como diz o dito popular: ninguém nasce sabendo, não se pode temer o aprender. Smith e Strick (2001, p.36) afirmam que: “Todos temos pontos fortes e fracos na aprendizagem. Como adultos, a maioria de nós confessa suas fraquezas sem relutância: somos idiotas em matemática, por exemplo, ou um vexame em línguas estrangeiras. Não podíamos desenhar uma linha reta em história da arte. Tínhamos problemas para lembrar datas em história, jamais entendemos bem como deveríamos fazer uma resenha literária, ou tínhamos um ‘ouvido ruim’ para música ou tropeçávamos em nossos próprios pés, nas aulas de ginástica. Podemos permitir-nos ter bom-humor sobre nossas deficiências, porque conseguimos ter sucesso apesar delas. Nossas fraquezas eram nas áreas que não interferiam seriamente em nosso progresso na escola, ou não eram suficientemente graves para evitar que atingíssemos nossos objetivos mais importantes.” 42 Todo indivíduo tem umas habilidades mais aguçadas que outras e, nos últimos anos, o conceito de inteligências múltiplas, proposto pelo psicólogo de Harvard Howard Gardener, tem sido aceito por muitos especialistas. Smith e Strick (2001, p.21), propõem um resumo dos sete tipos de inteligência de Gardner: Inteligência lingüística: As crianças com fortes capacidades nessa área têm um amplo vocabulário, expressam-se bem e consideram gratificante o uso da linguagem. (...) Inteligência lógico-matemática: Mesmo antes de ingressarem na escola, essas crianças assumem uma abordagem organizada e sistemática em suas vidas. (...) À medida que crescem, tornam-se fascinadas por conceitos abstratos e indagam questões ‘profundas’, como ‘O tempo é real?’. Elas parecem criar um vínculo instantâneo com os computadores. Inteligência espacial: As crianças com um alto nível de inteligência espacial sabem exatamente se você mudou algo em um cômodo da casa; (...) Elas parecem pensar em imagens visuais e, freqüentemente, são excelentes em atividades artísticas e construtivas. Algumas são fascinadas por máquinas; podem desenhar inventos em suas mentes ou construir coisas a partir daquilo que têm em mãos.(...) Inteligência musical: (...) As crianças com talentos nessa área são sensíveis aos sons em seus ambientes e recordam facilmente ritmos e melodias. Algumas delas são fortemente motivadas para tocar instrumentos musicais, mas outra parecem contentar-se em tornar a música parte de suas vidas, acumulando grandes coleções de fitas cassete e CDs. Elas podem afirmar que não conseguem concentrar-se, a menos que estejam ouvindo música (...). Inteligência corporal-cinestésica: Pessoas jovens que se salientam nessa área têm uma capacidade incomum para controlar o corpo e expressar-se por meio do movimento. Podem ser atletas, atores ou dançarinos de talento. (...) Inteligência interpessoal: As crianças com fortes habilidades interpessoais relacionam-se excepcionalmente bem com outras pessoas. Elas podem fazer amigos com facilidade e prosperam nos contatos sociais. como possuem uma consciência aguçadíssima dos pensamentos e dos sentimentos dos outros, geralmente são escolhidas para liderar grupos ou mediar conflitos. (...) Inteligência intrapessoal: (...) Elas têm um forte senso de quem são e não estão particularmente preocupadas sobre o que os outros pensam a seu respeito. Suas vidas são guiadas por sentimentos e idéias internas; valorizam a privacidade e, normalmente preferem empreendimentos solitários a atividades em grupo. (...) Os diversos tipos de inteligência reforçam a idéia de que as pessoas estão aptas a aprender porque já são predispostas a isso. É preciso uma análise das aptidões pessoais antes de se lançar em um empreendimento, para que o fracasso e a frustração não sejam dados como certos. Para isso, reportar-se há alguns anos atrás pode ajudar. 43 1.9.1 Aprender gera competência A valorização do capital humano tem sido tema de livros e palestras já a algum tempo. Mas, não é dificultoso entender que as pessoas mais qualificadas são escolhidas para assumirem posicionamentos mais elevados nas estruturas das organizações, sendo assim, dedicar-se ao conhecimento é primordial. Ruzzarin (2002, p.16 e 17) diz que: “Da mesma forma que acontece com outros tipos de capital, o Capital Humano pode ter seu valor aumentado ou depreciado. Seu valor é aumentado, por exemplo, quando as pessoas aprendem ou desenvolvem novas habilidades e competências, aumentando sua capacidade para contribuir para os processos do negócio, ou quando criamos as condições necessárias para que elas coloquem sua criatividade e energia na melhoria de processos e/ou produtos e serviços da empresa. Por outro lado, o Capital Humano é depreciado quando as pessoas são induzidas a um estado de obsolescência de suas competências ou quando o processo de trabalho requer que elas coloquem apenas uma parcela mínima de seu talento e potencial na execução das atividades, ou ainda quando o ambiente conduz à uma desmotivação generalizada das equipes de trabalho.” O processo de aprendizagem torna o indivíduo mais confiante e, por conseguinte, mais habilitado para gerar resultados. Smith e Strick (2001, p.36) dizem que: “Ao longo do caminho, desenvolvemos alguns talentos sobre os quais nos sentimos bem e usamos esses pontos fortes para uma definição de nós mesmos.” A aprendizagem e a qualificação de profissionais e equipes de trabalho é uma situação tão séria e, que deve ser cuidadosamente observada dentro das organizações, que uma pessoa desqualificada em uma posição estratégica pode levar todo um projeto a falência. Barros (2005, p.58 e 59) diz: “Seja qual for o formato do Organograma, a qualidade das pessoas e seu senso ético devem corresponder ao grau de poder exercido na Organização. Isso significa que as pessoas mais inteligentes e honestas devem estar no topo de qualquer departamento, apenas isso, nada mais do que isso. Se isso não ocorrer, a credibilidade de qualquer processo de gestão estará comprometida, não importa o que estiver formalizado ou anunciado. (...) o alinhamento entre a capacidade coletiva de uma equipe e seu papel na cadeia de valor da empresa precisa ser revisto e confirmado. Muitas vezes uma pessoa medíocre e defensiva em posição de chefia pode destruir a cadeia de valor. Caso se verifique que as pessoas de um departamento, agindo de boa fé, não consegue dar conta de uma determinada responsabilidade estratégica, faz-se necessária uma intervenção não traumática. Uma força-tarefa deve ser constituída e um projeto de análise de processos e adequação de talentos ser iniciado. “ 44 A qualificação profissional sempre é recompensada e, sem sombra de dúvidas, traz grandes benefícios para a organização. 1.9.2 Empresas que aprendem O sucesso de uma organização depende de diversos fatores, sendo um dos primordiais o arrojo com que seus principais representantes adquirem de conhecimento acerca de seu negócio e implementam em sua empresa. Bethlem (2004, p.21) diz: “Não se manda naquilo que não se sabe e não se executa o que não se sabe. A aprendizagem está presente em toda ação inteligente.” Barros (2005, p.61) diz que: “Ao estimular a inteligência analítica de todos os colaboradores, a empresa estará gerando conhecimento e isso vai fortalecer ainda mais sua posição competitiva.” Acerca da evolução da inteligência organizacional Ansoff (1990, p.63) diz: “Sob a pressão de experiência adversa, as firmas aprenderam, progressivamente, a adaptar seus mecanismos de resposta ao aumento da turbulência do ambiente. Porém, nem todas as firmas são iguais. Algumas foram as pioneiras das novas técnicas; enquanto outras resistiram à aprendizagem até que esta se tornou necessária para a sobrevivência. Destarte, podemos dizer que, em dada indústria, em dado tempo, é de se esperar que encontremos diferenças substanciais na inteligência das firmas.” Perder espaço de mercado é uma condição que nenhum empreendedor deseja. A falta de uma gestão estratégica de capacitação pode ser determinante para que tal fato ocorra. Em respeito à urgência de mudanças, Costa (2002, p.71) diz: “Seja como for, essas mudanças são fundamentais para a sobrevivência e para o crescimento da organização no cumprimento de sua missão e, em última análise, para a realização da sua visão. Mas o ambiente externo, os clientes, os concorrentes, os fornecedores ou o público em geral podem não estar dispostos a esperar por nossas mudanças, demoradas ou complicadas. (...) Para os aspectos de transformação estratégica, a situação das organizações é como se existissem dois ‘despertadores’, um interno e outro externo: embora as empresas e entidades tenham seu próprio timing para realizar as mudanças necessárias (despertador interno), o ambiente externo também possui seus momentos próprios, independentemente das conveniências internas (despertador externo). E, se o despertador externo disparar antes que a nossa organização tenha feito as mudanças necessárias, possivelmente ela terá chegado tarde demais. 45 Provavelmente, outros, mais ágeis, já podem ter ocupado o espaço disponível, e ela ficará para trás.” Essa discussão do processo de aprendizagem das empresas não é recente porém, só agora as organizações estão despertando para a real necessidade de uma transformação estratégica nessa área. Bethlem (2004, p.27) fala acerca das learning organizations ou organizaçõesaprendizes: “Além de serem organizações-aprendizes, e portanto capazes de mudanças constantes e rápidas para se adaptarem a condições mutantes do ambiente e de si mesmas, as organizações de sucesso precisam ser inovadoras, isto significa ser capazes também de criar maneiras, formas ou processos de mudar as características dos mercados em que atuam, dos processos que se utilizam dos produtos que produzem e do comportamento de seus stakeholders internos e externos, e com as inovações ou modificações gerar vantagens sobre seus competidores, ou seja, precisam ter visão estratégica criativa.” 46 CAPÍTULO II AMBIENTALIZAÇÃO DO CASO Este trabalho considera micro e pequena empresa de acordo com as normas vigentes no país até outubro de 2006, que para ser considerada microempresa, a mesma deve ter receita bruta de até R$ 120 mil no ano-calendário anterior. No caso da empresa de pequeno porte, a receita bruta anual deve ficar entre R$ 120 mil a R$ 1,2 milhão. Pelo número de empregados na microempresa industrial, até 19 empregados, no comércio e serviços até 9 e, na pequena empresa, na indústria, de 20 a 99 empregados, no comércio e serviços, de 10 a 49. O número de microempresas no Brasil, entre 1996 e 2002, evoluiu de 2.956.749 para 4.605.607, com crescimento acumulado de 55,8%, passando a participação percentual no total de empresas de 93,2%, em 1996, para 93,6%, em 2002. O número total de pessoas ocupadas nas microempresas passou de 6.878.964 para 9.967.201, com crescimento de 44,9% entre os dois anos, elevando a participação percentual no total de ocupações nas empresas de 31,8% para 36,2%. Quanto à participação na massa total de salários, passou de 7,3%, em 1996, para 10,3%, em 2002. Os resultados da evolução real dos rendimentos médios no período, segundo os portes de empresas, indicam que ocorreu acréscimo real somente no segmento de microempresas (nos setores da indústria e no comércio), caindo o rendimento médio percebido nos demais portes. O número de pequenas empresas em atividade entre os dois anos elevou-se de 181.115 para 274.009, com crescimento de 51,3%. O total de pessoas passou de 4.054.635 para 5.789.875, com crescimento de 42,8%, evoluindo a participação percentual no total de empregos de 18,8% para 21,0%. As pequenas empresas aumentaram sua participação na massa de salários e rendimentos de 12,8%, em 1996, para 15,7% em 2002. Em conjunto, as micro e pequenas empresas responderam, em 2002, por 99,2% do número total de empresas formais, por 57,2% dos empregos totais e por 26,0% da massa 47 salarial. Em função do aumento expressivo do número de empregos gerados entre os dois anos nos dois segmentos, a massa salarial apresentou incremento real de 57,3% nas microempresas e 37,9% nas pequenas. O número de microempresas industriais exportadoras foi de 2.627 em 2003, com valor exportado de US$ 132,4 milhões, e participação de 0,2% nas exportações totais das empresas industriais. O valor médio exportado pelas firmas desse porte alcançou US$ 50,4 mil. Os principais setores de atividade das microempresas na exportação são: fabricação de máquinas e equipamentos, produtos de madeira, mobiliário, couros e calçados e vestuário. Quanto à freqüência exportadora ocorreu expressiva ampliação, entre 1998 e 2003, do número de microempresas que apareceram nos registros em todos os anos desde que se iniciaram na atividade: o número de empresas com exportação continuada aumentou de 381, em 1998, para 1.303, em 2003, revelando um nítido aprofundamento da cultura exportadora. Quanto ao destino das vendas verifica-se que 36,8% foram embarcadas para países da América Latina, porém uma proporção maior (42,6%) foi destinada aos mercados mais desenvolvidos dos Estados Unidos, Canadá e União Européia. O número de pequenas empresas industriais exportadoras foi de 4.375 em 2003, alcançando valor exportado de US$ 1.382,8 milhões, representando participação de 2,2% nas exportações totais das empresas industriais. O valor médio exportado alcançou US$ 316,1 mil. Os principais setores de atividade na exportação são: fabricação de produtos de madeira, máquinas e equipamentos, mobiliário, produtos químicos e couros e calçados. Quanto à freqüência exportadora também ocorreu forte ampliação do número de empresas que apareceram nos registros estatísticos em todos os anos desde que se iniciaram na atividade, aumentando de 1.410, em 1998, para 2.899, em 2003, revelando maior persistência exportadora. Com relação ao destino das vendas, 27,0% foram exportados para países da 48 América Latina, sendo que praticamente o dobro (53,3%) foi destinado aos mercados dos Estados Unidos, Canadá e União Européia. Apesar dos números expressivos, a quantidade de MPEs que encerram suas atividades antes mesmo de dar lucro é impressionante. Em pesquisa realizada no primeiro trimestre de 2004, o Sebrae levantou as taxas de mortalidade de empresas no Brasil, a partir de dados de amostras de empresas constituídas e registradas nas Juntas Comerciais Estaduais nos anos de 2000, 2001 e 2002. O levantamento das taxas de mortalidade revelou que: • 49,9% das empresas encerraram as atividades com até 2 anos de existência; • 56,4% com até 3 anos; • 59,9% com até 4 anos. A região do Brasil onde mais fecham MPEs é a região sul com 52,9% em 2002, seguida das regiões Norte e Centro-Oeste com 49,4%, no mesmo ano. Nesse mesmo ano de 2002, quase a metade das micro e pequenas empresas morreram. De um total de 445.151 empresas que foram abertas, 219.905 fecharam por diversos fatores, tais como: • Falta de capital de giro • Impostos altos/tributos • Falta de clientes • Concorrência • Baixo lucro • Dificuldade financeira • Desinteresse na continuação do negócio • Maus pagadores/inadimplência • Problemas familiares 49 • Má localização da empresa Das MPEs que fecharam, a maior parte atuava no comércio e na prestação de serviços. 50 CAPÍTULO III CONTEXTUALIZAÇÃO DO CASO As MPEs movimentam uma boa parte da economia do país, e parece que, só agora despertou-se para a necessidade de se fazer alguma coisa para se combater a morte súbita destas empresas. Percebe-se nas pesquisas desenvolvidas pelos grupos de apoio às micro e pequenas empresas como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), por exemplo, que a falta de gestão eficiente é a principal causadora do estrago nesse mercado. Os empreendimentos são abertos sem nenhuma, ou quase nenhuma, idéia do que se pode encontrar adiante. Os responsáveis pelo negócio não têm o conhecimento necessário para agir em determinadas circunstâncias, e que são cruciais para a sobrevivência da empresa. Muitas empresas são abertas pela coragem e vontade de seus idealizadores. Muitos começam dentro de casa e pelo entusiasmo de um aparente crescimento aventuram-se em expandir os negócios e, então, o fazem sem nenhuma orientação e preparo para tal. A custa de muito esforço e investimentos desorientados alcançam uma sobrevida que, em determinadas ocasiões só prolongam o sofrimento de um empreendimento que, infelizmente já nasceu fadado a sucumbir. No Brasil, o peso dos pequenos negócios é cada vez maior. Dos cinco milhões de empresas formais, 99% são micro e pequenas empresas que empregam 26 milhões de trabalhadores e, constatou-se que, das 470 mil micro e pequenas empresas que abrem as portas a cada ano, 49,4% quebram antes de completar dois anos pela falta de capital de giro, endividamento, despreparo na gestão de negócios e desconhecimento do mercado. 51 Comprovada a importância das micro e pequenas empresas na economia brasileira, traça-se um perfil dessas firmas em termos bastante genéricos. Pode-se segmentá-las em três amplas categorias: - um variado universo de microempresas familiares, na sua maioria administradas dentro de casa, utilizando tecnologias tradicionais, intensivas em trabalho não qualificado e inseridas nos setores de vestuário/confecções, calçados e artigos de couro, móveis, confeitaria e produtos de ferro, etc.; - um subconjunto de menor dimensão de micro e pequenas empresas presentes na maioria das atividades no setor terciário da economia, administradas por proprietários com algum grau de competência e conhecimento de mercado, em geral instaladas em local próprio e com algum tipo de apoio institucional; - um subconjunto provavelmente ainda menor de pequenas empresas integradas a grandes empresas em clusters industriais, em geral como fornecedoras de matérias primas, e aquelas localizadas em nichos de alta tecnologia. Com as taxas de juros elevadas e uma política econômica ainda instável, fazer negócio no país requer muita dedicação e preparo para tratar com as incertezas do mercado. Muitos micro e pequenos empresários encontram na exportação de seus produtos uma saída para vencer a crise. Com a moeda estrangeira valorizada exportar é um bom negócio uma vez que se tem a possibilidade de uma margem de lucro razoável. Apesar de crescente, ainda é pouco o número de empresas que trilham esse caminho, pelas dificuldades burocráticas impostas pela exportação. 52 Os governos, sejam nos âmbitos federal ou estadual, tentam fazer a “lição de casa” incentivando a abertura de novos negócios criando linhas de crédito especiais, reduzindo taxas de exportação, desenvolvendo medidas que tentam facilitar a vida e a sobrevivência das empresas mas, o que falta ainda, além de reduzir as taxas de juros e os impostos, que são os mais caros do mundo e ampliar o crédito que atualmente, constitui verdadeiro entrave, com aproximadamente 13 milhões de brasileiros sem acesso a financiamentos, pessoas produtivas que empreendem mais de 9,5 milhões de pequenos negócios, é investir em programas de ensino voltados para negócios que, possibilitem aos empreendedores, atuais e futuros, utilizarem as ferramentas adequadas de gestão para cada tipo de negócio a ser aberto. Entre os fatores que levam as empresas a fecharem as portas dois chamam a atenção: 32% das pessoas jurídicas extintas não buscaram qualquer tipo de assessoria e apenas 3% recorreram ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) antes de encerrarem as suas atividades. Percebe-se em todas essas informações que a falta de um preparo estratégico por parte das micro e pequenas empresas é uma realidade. Há uma grande escassez de pensamento estratégico circulando nesse mercado. Com esse volume de negócios e pessoas despreparadas para gerenciá-los é de se esperar que muitos fechem as portas. 53 CAPÍTULO IV CONCLUSÃO Há um imenso desafio a ser vencido por este projeto que é acabar com a mortandade de micro e pequenas empresas no Brasil. Embora se saiba que diversos fatores contribuem para que esses negócios morram antes de darem o esperado lucro, a arma escolhida para vencer essa crise é o planejamento estratégico. Os micro e pequenos investidores têm sua parcela de culpa no falecimento de seus empreendimentos, e diga-se de passagem, a maior parte da culpa cai sobre o empreendedor que não planeja a abertura de seu negócio, ou ainda, daquele que não está habilitado à gerenciá-lo. O planejamento estratégico pode ser muito útil, quando descoberto pelos corajosos empresários, para estruturarem suas empresas antes mesmo de começarem a funcionar ou, para as que já funcionam, entenderem os mecanismos de uma gestão eficiente, utilizando-se de ferramentas adequadas para tal. O tratamento especial dispensado ao negócio por parte do gestor tem que passar pela capacitação e aperfeiçoamento. Muitas MPEs são abertas sem que seus proprietários tenham a mínima preocupação em se prepararem para estar a frente dos negócios. E, enquanto isto acontecer, a falta de sucesso nesse ramo de atuação será grande. A micro ou pequena empresa precisa ter sua missão definida, seu tipo de negócio, onde pretende chegar no futuro. São fatores primordiais para a inicialização de um negócio. Um levantamento prévio desses fatores e a sua efetiva conscientização e consolidação norteiam as ações do empreendedor, bem como, forma a identidade da empresa, possibilitando um foco na atuação de suas atividades, permitindo um maior direcionamento dos esforços para o êxito dos negócios. É importante lembrar que esses conceitos servem 54 tanto para uma empresa que pretende abrir suas portas como para uma que já esteja operando no mercado. A idéia de se preparar um plano estratégico para uma micro ou pequena empresa, a primeira vista, pode parecer meio exagerado ou fora de propósito, talvez pela falta desta atividade entre os empreendedores brasileiros e porque ainda não se tem uma cultura como esta que vigore com força no país. Por isso, as ações desenvolvidas por estas instituições, na maioria das vezes, são realizadas intuitivamente, ampliando ainda mais os riscos de fracasso. Os diversos fatores que influenciam nos trabalhos da empresa, tanto internos a ela quanto externos, podem ser observados e estudados exaustivamente através de técnicas do planejamento estratégico, que permitem a elaboração de possíveis cenários onde as micro e pequenas empresas têm a oportunidade de se preparar para eventuais anormalidades. A definição do ambiente interno e externo possibilita ao empreendedor uma visão de como atacar os problemas e encontrar soluções eficazes para as questões de pessoal, produção, marketing, venda, logística, expansão dos negócios, financiamentos, exportação, etc.. Modelos utilizados e já consagrados nos meios das altas gerências administrativas como o Modelo de Porter, por exemplo, tornam possível a avaliação do negócio em seus principais aspectos como: clientes, fornecedores, novas empresas do mesmo segmento no mercado, novos produtos que possam substituir o já existente e o nível de rivalidade entre as empresas do setor. Essas informações constituem o grau de sucesso que vai ter uma empresa, seja ela de micro, pequeno, médio ou de grande porte. A avaliação da atratividade do negócio é fundamental para quem quer um retorno dos investimentos mobilizados afinal, uma empresa é constituída para dar lucro seja financeiro ou social. Então, fazer uso desses modelos pode ser uma alternativa inteligente para manter-se vivo nesse mercado tão atraente e ao mesmo tempo tão instável. 55 Desenvolver produtos ou serviços que sejam interessantes para um mercado que é rápido e criativo não é uma tarefa muito fácil. Evidente que, uma boa idéia já é um grande passo para pensar em ganhar mercado mas, só isso não basta, é preciso executá-la, por em prática. O mundo dos negócios é feito de projetos que saem do plano teórico, por isso, um bom projeto, com suas etapas bem definidas, proporciona um diferencial para o micro e pequeno empresário. Por atuar em um ambiente interno menor, suas chances de desenvolver uma política de projetos que possua menos entraves que as empresas de médio e grande porte são maiores, reduzidas as burocracias e as demoras decorrentes de uma cadeia de decisões mais extensa. Atualmente, muito se fala em plano de negócios mas, pouco ainda se sabe sobre ele. A maior parte dos micro e pequenos empresários brasileiros nunca viram ou fizeram um. Outros o fazem só para conseguirem vantagens em empréstimos e financiamentos depois, os esquecem em uma gaveta de arquivo. O plano de negócios é um valioso instrumento quando bem estruturado e utilizado. Poder-se-ia enumerar diversos outros processos que garantem o sucesso de um negócio ou que minimizam os seus riscos, eliminando o falecimento precoce do mesmo mas, sem dúvida nenhum outro seria tão importante quanto o processo da aprendizagem. Empreendedores que aprendem têm muito mais possibilidades que aqueles que não dão um passo em direção a captação de recursos de informação. O aprender para gerenciar faz a diferença da empresa. No mundo é grande o número de organizações que estão investindo pesado no aprender, são as chamadas learning organizations. Não se pode fazer aquilo que não se sabe. Muitos empreendedores estão se enveredando em negócios nos quais não possuem a mínima vocação ou que não sabem nada sobre eles. O resultado é o que se tem detectado nas pesquisas. 56 Falta às micro e pequenas empresas despertarem para a necessidade de se organizarem como se fosse gente grande, saber que podem fazer uso de ferramentas como o planejamento estratégico para obterem o sucesso nos seus intentos e com isso acabar com este quadro triste que tem sido pintado por estas tão importantes instituições, que provam o seu valor para o país e para a sociedade brasileira. Se faz necessário o desenvolvimento de programas de governo voltados exclusivamente para a gestão dos micro e pequenos negócios. Instituições governamentais que se destinem ao trabalho de ensinar e capacitar os micro e pequenos empreendedores na arte de planejar estrategicamente. Cabe, também, às entidades de ensino, sejam públicas ou privadas, estimularem seus docentes e discentes a elaborar ações e projetos voltados para este setor e, que estejam diretamente ligados ao desenvolvimento de ferramentas específicas para a gestão destas empresas. As associações comerciais têm um papel importante neste processo. Como organizadoras deste mercado, podem tornar obrigatório, aos novos micro e pequenos empresários, o desenvolvimento de habilidades específicas para o negócio que vão gerenciar e, promover entre as empresas que já atuam capacitação e atualização para seus gestores. O desenvolvimento de parcerias entre as associações comerciais e as instituições de ensino constitui um meio interessante de encontrar novos caminhos de sucesso. A escola possui o conhecimento e as associações comerciais o contato com as empresas. O micro e pequeno empreendedor precisa entender que começar um negócio requer esforço e dedicação, não só braçal e financeiro mas, antes de tudo, um grande esforço mental para que o negócio funcione a contento. É o maior interessado que o empreendimento dê certo pelo capital e trabalho investidos. 57 É de extremada precisão que ações como estas sejam implementadas rapidamente para que se alcance a consolidação destas empresas que são tão importantes para a sociedade e que hoje, têm sido o sustentáculo do mercado de empregos do país. 58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANSOFF, H. Igor. Administração Estratégica. Tradução: Mário Ribeiro da Cruz – S. Paulo: Atlas, 1983. ANSOFF, H. Igor; DECLERCK, Roger P.; HAYES, Robert L. Do Planejamento Estratégico à Administração Estratégica. Tradução: Carlos Roberto Vieira de Araújo – S. Paulo: Atlas, 1981. BANGS JR., David H. Plano de Negócios – Guia Prático: criando um plano para o negócio ser bem sucedido. Tradução: Rosa Krauz – S. Paulo: Nobel, 1999. BARROS, Ageu. Gestão Estratégica: nas pequenas e médias empresas. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna, 2005. BETHLEM, Agrícola de Souza. 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Qualidade Simplesmente Total: Uma abordagem simples e prática da gestão da qualidade – Rio de Janeiro: Qualitymark Ed, 2003. OBSERVATÓRIO SEBRAE. Boletim Estatístico de Micro e Pequenas Empresas. 1o. Semestre de 2005. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento Estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 17a. ed. S. Paulo: Atlas, 2002. RUZZARIN, Ricardo; AMARAL, Augusto; SIMIONOVSCHI, Marcelo. Gestão por Competência: indo além da teoria – Porto Alegre: SEBRAE/RS, 2002. SMITH, Corine; STRICK, Lisa. Dificuldades de Aprendizagem de A a Z. Tradução: Dayse Batista – Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. 60 ÍNDICE INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I 11 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 1.1 O Conceito 1.1.1 Filosofias do planejamento 1.1.2 Partes do planejamento 1.1.3 Tipos de planejamento 1.1.4 Benefícios do Planejamento 1.2 Planejamento Estratégico X Administração Estratégica 1.3 Cultura Organizacional 1.3.1 Valores 1.4 Objetivos da Empresa 1.4.1 Missão 1.4.2 Visão 1.4.3 Negócio 1.5 Análise de Cenários 1.6 Modelo de Porter 1.6.1 As cinco forças de Porter 1.6.2 Checklist para verificação da atratividade do negócio 1.7 Projetos e Planos de Ação 1.7.1 Fases de um projeto 1.7.2 Características do sucesso de um projeto 1.8 Plano de Negócios 1.8.1 Sua importância 1.8.2 Modelos de plano de negócios 1.9 A Aprendizagem 1.9.1 Aprender gera competência 1.9.2 Empresas que aprendem 11 11 13 14 16 18 19 20 21 22 23 24 25 26 28 28 29 31 34 36 36 37 39 41 43 44 CAPÍTULO II 46 AMBIENTALIZAÇÃO DO CASO 46 CAPÍTULO III 50 CONTEXTUALIZAÇÃO DO CASO 50 CAPÍTULO IV 53 CONCLUSÃO 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 58 ÍNDICE 60 FOLHA DE AVALIAÇÃO 61 61 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes Título da Monografia: O Planejamento Estratégico como Ferramenta de Gestão Autor: Alexandre Medeiros de Brito Data da entrega: 18 de agosto de 2007. Avaliado por: Profª. Ms. Ana Cristina Guimarães Conceito: