Regina Mara Malpighi Santos Psicologia e Comportamento Organizacional Adaptada/Revisada por Regina M. Malpighi Santos (setembro/2012) APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Psicologia e Comportamento Organizacional, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidisciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suplemento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital SUMÁRIO INTRODUÇÃO..................................................................................................................................................... 5 1 PSICOLOGIA: CONCEITO E HISTÓRIA............................................................................................ 7 1.1 Histórico................................................................................................................................................................................7 1.2 Primeiras Escolas em Psicologia Científica...............................................................................................................9 1.3 Principais Escolas na Psicologia do Século XX..................................................................................................... 10 1.4 Psicologia Científica x Senso Comum..................................................................................................................... 13 1.5 Resumo do Capítulo...................................................................................................................................................... 15 1.6 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 15 2 ATRIBUIÇÕES E ÁREAS DE ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS ...........................................17 2.1 Resumo do Capítulo...................................................................................................................................................... 19 2.2 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 20 3 TEORIAS DA PERSONALIDADE........................................................................................................21 3.1 Teoria Psicanalítica......................................................................................................................................................... 21 3.2 Teoria Analítica................................................................................................................................................................ 23 3.3 Teoria Humanista da Personalidade de Carl Rogers.......................................................................................... 25 3.4 Teoria da Personalidade............................................................................................................................................... 25 3.5 Resumo do Capítulo...................................................................................................................................................... 26 3.6 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 27 4 INTELIGÊNCIA..............................................................................................................................................29 4.1 Resumo do Capítulo...................................................................................................................................................... 31 4.2 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 31 5 LINGUAGEM..................................................................................................................................................33 5.1 Resumo do Capítulo...................................................................................................................................................... 34 5.2 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 34 6 EMOÇÕES........................................................................................................................................................35 6.1 Resumo do Capítulo...................................................................................................................................................... 36 6.2 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 37 7 COMUNICAÇÃO..........................................................................................................................................39 7.1 Comunicação Intercultural......................................................................................................................................... 40 7.2 Comunicação Eficaz....................................................................................................................................................... 41 7.3 Resumo do Capítulo...................................................................................................................................................... 41 7.4 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 42 8 O INDIVÍDUO E A ORGANIZAÇÃO.................................................................................................43 8.1 Fundamentos do Comportamento Individual.................................................................................................... 43 8.2 Atitudes, Valores, Percepção e Aprendizagem.................................................................................................... 44 8.3 Resumo do Capítulo...................................................................................................................................................... 46 8.4 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 46 9 TEORIA DA MOTIVAÇÃO................................................................................................................. 47 9.1 Teoria das Hierarquias das Necessidades de Maslow...................................................................................47 9.2 Teoria dos Dois Fatores (Herzberg).....................................................................................................................48 9.3 Teoria ERG (Clayton Alderfer)................................................................................................................................49 9.4 Teoria da Equidade...................................................................................................................................................49 9.5 Resumo do Capítulo.................................................................................................................................................50 9.6 Atividade Proposta...................................................................................................................................................50 10 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL........................................................................... 53 10.1 Diferenças entre Grupos e Equipes..................................................................................................................53 10.2 O Grupo e sua Estrutura.......................................................................................................................................54 10.3 Resumo do Capítulo..............................................................................................................................................56 10.4 Atividades Propostas.............................................................................................................................................56 11 MUDANÇA ORGANIZACIONAL............................................................................................... 57 11.1 Resumo do Capítulo..............................................................................................................................................58 11.2 Atividades Propostas.............................................................................................................................................59 12 LIDERANÇA............................................................................................................................................ 61 12.1 Características e Estilo do Líder.........................................................................................................................61 12.2 Líderes no Século XX.............................................................................................................................................62 12.3 Confiança...................................................................................................................................................................63 12.4 Resumo do Capítulo..............................................................................................................................................65 12.5 Atividades Propostas.............................................................................................................................................65 13 CULTURA ORGANIZACIONAL................................................................................................... 67 13.1 Resumo do Capítulo..............................................................................................................................................68 13.2 Atividades Propostas.............................................................................................................................................68 14 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................. 69 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS...................................... 71 REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 77 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), O objetivo geral do curso é oferecer subsídios para o aluno(a) desenvolver a interpretação da psicologia nas relações pessoais, ajudando a relacionar a teoria e a prática de conceitos psicológicos aplicados ao trabalho e, assim, capacitar o(a) aluno(a) para o domínio dos processos básicos do comportamento social. Esta apostila e a disciplina, como um todo, busca levar o(a) aluno(a) a refletir sobre habilidades e atitudes para compreender a importância do fator humano nas organizações. Conhecer conceitos, como personalidade, inteligência, linguagem, processos de influências, estados emocionais, diferenças individuais, relacionamentos e comunicação interpessoal. Conhecer as abordagens psicológicas e como essas podem atuar nas organizações. Dentro dessa perspectiva, o conteúdo está organizado a apresentar o histórico da Psicologia, suas principais influências e as escolas que contribuíram para que essa se tornasse uma ciência. Apresentaremos as atribuições e áreas de atuação dos psicólogos. Assim como as teorias da personalidade sobre diferentes visões: a psicanalítica, a analítica e a humanista. Abordaremos, também, conceitos e desenvolvimentos da inteligência, da linguagem e das emoções. Veremos como a comunicação pode ser maximizada tanto na forma intercultural quanto torná-la eficaz, minimizando os conflitos. Analisaremos o indivíduo e a organização através dos fundamentos de comportamento individual, atitudes, valores, percepção e aprendizagem. Veremos as teorias motivacionais de Maslow, Herzberg, Alderfer e da equidade. No comportamento organizacional estudaremos as diferenças entre grupos, equipes e suas estruturas. Apresentaremos, também, como as mudanças organizacionais devem ser planejadas e organizadas, de modo a minimizar os impactos sobre os indivíduos. Por fim, apresentaremos as características e estilos de líder, liderança no século XX, como desenvolver a confiança, uso do poder e quais são os tipos utilizados nas organizações e nas diferentes culturas organizacionais. Assim, procuramos trazer uma melhor compreensão da Psicologia, dos seus conceitos, das teorias e das diferentes visões de como o ser humano pode contribuir na sociedade, no trabalho, quando procura entender a si mesmo e ao outro e tentamos desmistificar conceitos errôneos dessa ciência. Hoje, o ser humano é visto como o grande potencial das organizações, com qualidades intelectuais e como a ferramenta indispensável para o crescimento como um todo, porém isso só poderá ser alcançado quando o próprio indivíduo reconhecer, respeitar e ouvir como um ser que contribui com as suas habilidades, competências de forma a atender às suas necessidades e satisfações quando procura se adequar aos valores pessoais e organizacionais. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 Regina Mara Malpighi Santos Será um prazer estarmos juntos neste módulo, espero contribuir com o desenvolvimento dos seus conhecimentos, colocando-me à sua disposição para eventuais dúvidas. Grande abraço, Profa. Regina 6 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 1 PSICOLOGIA: CONCEITO E HISTÓRIA Várias ciências estudam o homem, como a Antropologia, Economia, Sociologia, dando difeVocê sabe o que é Psicologia? Etimologica- rentes visões. Para Bock (2005), o objeto de estudo mente falando, é formada por duas palavras gre- da Psicologia vai depender da área de cada um, se gas: Psiché, que significa alma, espírito; e Logos, perguntarmos a um psicólogo comportamental que é estudo, discurso. Assim, pode-se dizer que qual o seu objeto de estudo, ele dirá que é o estudo do comportamento. Se perguntarmos a um Psicologia é o “estudo da alma”. psicólogo psicanalista, ele dirá que é o estudo do Atualmente, a Psicologia é conhecida como a inconsciente. ciência que estuda o comportamento e os procesPortanto a diversidade de objetos de estudo sos mentais. Pode-se entender por comportamento tudo aquilo que um organismo faz e que pode é devido ao pouco tempo de existência da Psicoser observado, e processos mentais são as expe- logia como ciência e porque os fenômenos psicoriências, as sensações, percepções, pensamentos, lógicos são diversos acarretando a construção de sentimentos que vivenciamos e expressamos atra- várias teorias para explicá-los. vés do comportamento. Querido(a) aluno(a), 1.1 Histórico Você já deve ter ouvido falar que a história da Psicologia tem por volta de dois milênios e se inicia com os filósofos gregos. Filósofos, como Platão e Aristóteles, começaram a estudar o homem e sua interioridade. A alma ou espírito era concebido como parte imaterial do ser humano e envolvia: pensamento, sentimentos de amor e ódio, irracionalidade, desejo, sensação e percepção. Os filósofos pré-socráticos definiam a relação do homem com o mundo através da percepção. Veja os principais pontos da Filosofia que contribuíram com a Psicologia: Sócrates (469-399 a.C.) preocupava-se com os limites que separam o homem dos animais. A principal característica humana era a razão, que era definida como peculiaridade do homem ou como essência do ser humano. A razão permite ao homem sobrepor-se aos instintos, que são a base da irracionalidade. Platão (427-347 a.C.), discípulo de Sócrates procurou definir um lugar para a razão no corpo. Desde essa época já existia uma oposição en- Definiu esse lugar como sendo a cabeça, onde se tre os idealistas: o mundo existe porque o homem encontrava a alma do homem. A medula seria a o vê. A ideia forma o mundo. Já os materialistas ligação da alma e do corpo. Ele entendia a alma consideram que o homem vê um mundo que já como separada do corpo, com a morte, o corpo – existe. A matéria que forma o mundo depende da a matéria – desaparecia e a alma ficava livre para percepção de cada um. ocupar outro corpo. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 Regina Mara Malpighi Santos Aristóteles (384-322 a.C.), importante pensador da história da filosofia inovou quando postulou que o corpo e a alma não poderiam ser dissociados. A psyché seria o princípio ativo da vida. Tudo que cresce, reproduz e se alimenta possui a sua psyché. Assim como Aristóteles, ele também fez a distinção entre essência e existência. O homem na sua essência busca a perfeição através de sua existência. Só Deus seria capaz de reunir a essência e a existência igualmente. Portanto, a busca da perfeição pelo homem Segundo ele, a divisão dos vegetais, animais seria a busca de Deus e, através de argumentos racionais, procurava justificar os dogmas da igreja, e homens quanto à alma seria: garantindo o monopólio dela no estudo do psi Vegetais: teriam uma alma vegetativa e quismo. Como você deve estar lembrado, foi na época a função de alimentação e reprodução; Animais: possuem uma alma vegetativa do Renascimento que vários eventos importantes e sensitiva e teriam a função de percep- ocorreram, tais como: descoberta de novas terras (América), do caminho para as Índias, rota do Pacíção e movimento; Homem: teria a alma vegetativa, sensi- fico, acúmulo de riqueza de nações em formação tiva e a racional e diferente dos demais, (França, Itália, Espanha, Inglaterra); com isso, começa uma nova organização econômica e social, teria a função pensante. trazendo a valorização do homem. A história nos conta que vários avanços ocorVocê se lembra de que a Idade Média e o Im- rem, fortalecendo a construção de conhecimentos pério Romano foram importantes, pois uma das científicos. O filósofo René Descartes (1596-1659) principais características desse período foi o apa- contribui postulando a separação entre mente recimento e desenvolvimento do cristianismo que e corpo, observando que o homem possui uma possuía uma força religiosa que passava a ser a for- substância material e uma substância pensante. ça política dominante. Gostaria que você pensasse em uma máquiNeste sentido, dois grandes filósofos repre- na, como ela funciona? O corpo sem espírito é másentaram esse período: Santo Agostinho (354-430) quina sem motor, é morto. Esse dualismo permitiu e São Tomás de Aquino (1225-1274). o estudo do homem, possibilitando o avanço da Santo Agostinho, inspirado em Platão, tam- anatomia e da fisiologia, que contribuíram em muibém fazia a separação entre alma e corpo. A alma to com a Psicologia. era a sede da razão e comprovava uma manifestaNo século XIX, o capitalismo trouxe o procesção divina no homem. A alma era imortal porque so de industrialização, no qual a ciência deveria dar ligava o homem a Deus e também era a sede do respostas e soluções práticas. pensamento. São Tomás de Aquino viveu na época em que nascia o protestantismo, transição para o capitalismo, da revolução francesa e revolução industrial na Inglaterra. A crise econômica leva a sociedade ao questionamento dos conhecimentos produzidos pela igreja. 8 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional 1.2 Primeiras Escolas em Psicologia Científica Em meados do século XIX, a ciência passa a ter um papel fundamental, pois leva o homem ver a construção de novos conhecimentos que antes eram regidos por dogmas religiosos. Temas que antes eram estudados pelos filósofos, passam a ser estudados também pela Fisiologia e Neurofisiologia, descobrindo, por exemplo, que a doença mental poderia ter ação de diversos fatores sobre as células cerebrais. Na Neuroanatomia, a atividade motora nem sempre estaria ligada à consciência. Na Psicofísica, o estudo da fisiologia do olho e a percepção das cores acabam contribuindo com a Psicologia Científica. Estruturalismo - Edward Titchner (18671927) preocupou-se em conhecer a consciência nos aspectos estruturais – sistema nervoso central –, para determinar a estrutura da mente, na tentativa de compreender os fenômenos mentais produzidos pelos estímulos ambientais. O conhecimento era desenvolvido em laboratório, ficando conhecido como Pai da Psicologia Experimental. Defendeu como método de estudo a introspecção (“olhar para dentro”), onde sujeitos procuravam descrever as suas sensações através das características dos estímulos a que eram submetidos, sem contar o que já conheciam anteriormente. Vários outros estudiosos e pesquisadores começam a definir o objeto de estudo da Psicologia: comportamento, vida psíquica e consciência, passando a formular métodos de estudos e teorias, estabelecer critérios básicos importantes, como conhecimento científico, dados que possam ser comprovados e servir de experimento para novas pesquisas. A escola tomou como característica os termos que formam a estrutura da consciência ou mente: imagem, pensamento e sentimento, através de uma experimentação ou observação. Você já deve ter ouvido falar que foi na Alemanha, fim do século XIX, início do século XX, que Wundt, Weber e Fechner juntos, na Universidade de Leipzig, ajudaram a Psicologia a ganhar status de ciência e se libertar da Filosofia, surgindo novas abordagens ou influências que vão dar origem a teorias que permanecem até hoje. Segundo Titchner, a mente é a junção de todos os fenômenos mentais, que podem ser divididos em sensação, imagens e sentimentos, podendo ter qualidade, intensidade, duração e vivacidade. Funcionalismo - William James (1842-1910): é considerada a primeira escola a se preocupar com “o que fazem os homens?” e “por que fazem?” (BOCK, 2005). Segundo o autor, a consciência é o centro de suas preocupações e busca a compreensão de seu funcionamento na medida em que a usa para adaptar-se ao meio. James buscou entender os processos mentais como atividades necessárias para os seres vivos, dotados de emoção, ação, conhecimento e razão, procurando explicar que a mente funciona de forma contínua, seletiva, e capacita o homem a fazer escolhas. O objeto de estudo era a experiência em si que acontece antes da reflexão, a experiência imediata, livre de qualquer interpretação que possa incluir as sensações, sentimentos e emoções. Portanto, nomear a sensação, identificar a intensidade com que ela se apresenta e registrar sua duração são trabalhos do sujeito experimental na Psicologia. Associacionismo - Edward L. Thorndike (1874-1949) formulou a primeira teoria da aprendizagem na Psicologia. Para qualquer indivíduo, aprender precisa passar pelo processo de associar as ideias ao conteúdo, isto é, todo comportamento tende a ser repetido se não for castigado, o que denominou Lei do Efeito, que seria o organismo associar situações a outras semelhantes. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 Regina Mara Malpighi Santos 1.3 Principais Escolas na Psicologia do Século XX Behaviorismo - John B. Watson (1913): ‘behavior’, palavra de origem inglesa que, em português, significa ‘comportamento’. Afirma que o objeto de estudo é o comportamento observável, seja nos homens como nos animais, pensamentos ou linguagem, não passam de respostas fisiológicas complexas a estímulos externos. senvolveu uma caixa em formato de cubo, que ficou conhecida como “Caixa de Skinner”. Nesse sentido, procurou determinar as leis que regiam a relação entre a ocorrência de certos eventos ambientais (estímulos) e o comportamento observável (respostas). Com a caixa, Skinner fez experimento com uma ”cobaia” (rato privado de alimento e água por um determinado período; ao pressionar a barra, o mecanismo era acionado, liberando uma gota de água). Todo o comportamento é aprendido, o homem é um produto das experiências. A caixa, geralmente, é construída com dimensões específicas, com fundo removível, porta transparente, jogo de luzes no teto, barra na parede lateral e um aparelho que quantifica a frequência com que à barra é acionada. Pode-se dizer que o pressionar ou não a barra Para Watson, o objeto de estudo da psicolo- foi aleatório, ao acaso, uma exploração do ambiengia era todo tipo de comportamento (o agir, o ser te onde estava. Então, a análise experimental do e suas explicações) e não só como sentimos ou ex- comportamento é a relação de dependência estapressamos os pensamentos, até então os únicos belecida entre a ‘resposta’ do sujeito (pressionar a barra) e a consequência vinda de seu ambiente. objetos da psicologia. Precisava também encontrar um novo objeto de estudo da psicologia que explicassem o comportamento, mas que não fossem conceitos mentais, como sentimento, percepção, cognição. Caro(a) aluno(a), na Rússia, um fisiologista chamado Ivan P. Pavlov realizava experimentos com cães, o que ajudou a descrever o condicionamento. Ele percebeu que o cão salivava na presença de cheiros, visualização da carne. Concluiu que o reflexo da saliva estava ligado a outros estímulos, como o visual, olfativo e auditivo, e que poderiam estar ligados ou não à comida. Chamou de reflexo condicionado ou resposta condicionada – o estímulo apresentado para determinado comportamento (cão salivar). Saiba mais “Reforço, seja qualquer um, pode ser definido como um evento que ocorre após a ‘resposta’ do organismo. Toda conseqüência de uma ação, que aumenta a freqüência de uma resposta (comportamento). A aprendizagem dos comportamentos é a ação do organismo sobre o meio e o efeito resultante é a satisfação de alguSaiba mais ma necessidade.” Fonte: Bock (2005, p. 49). Então, Watson passou a utilizar os conceitos estudados sobre o reflexo, para explicar tudo aquiO processo de aprendizado de um novo lo que ele chamava de comportamento, interescomportamento é feito por reforços diferenciais, sante isso, não? chamado modelagem, onde algumas respostas B. F. Skinner, behaviorista metodológico, con- são reforçadas e outras não, possibilitando que o siderava que a base do comportamento visível tem organismo se aproxime cada vez mais da resposta ligação com o desempenho resultante da ação e, final. para estudar esse processo de aprendizagem, de- 10 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional Gestalt – Ernest Mach (1838-1916), Max WerVeja que as respostas intermediárias não constituem erros e sim variações próprias aos or- theimer (1880-1943) e Kurt Kofka (1886-1941). ganismos vivos e complementares ao processo de A palavra ‘Gestalt’, de origem alemã, não posseleção. sui uma tradução para o português, mas pode sigQuerido(a) aluno(a), os reforços podem ocor- nificar ‘forma’, ‘configuração’, ‘padrão’ ou ‘estrutura’. rer de duas formas: positiva ou negativa. A positiA teoria da Gestalt considera a percepção va é quando todo ou qualquer evento aumenta a como um todo e parte desse todo para explicar as possibilidade de uma resposta, por exemplo, tudo partes; enquanto que os associacionistas partiam aquilo que fortalece um comportamento (elogio, das partes para explicar o todo. dinheiro, reconhecimento); e o negativo, todo o O todo é percebido antes das partes que o evento que aumenta a probabilidade da resposta constituem. A forma corresponde à maneira como que o remove, isto é, quando você coloca o seu as partes estão dispostas no todo. O todo não é a despertador ou celular para tocar pela manhã, ao soma das partes, na realidade, elas organizam-se escutar seu som você o desliga, porque aquele som segundo determinadas leis. representa que você terá que levantar, portanto a Observe que, para a Gestalt, a experiência deação do organismo tem como consequência da repende dos modelos, das estruturas que os estímumoção de algo já presente. los despertam, na organização da experiência. O Para Skinner, existem os reforçadores primá- nosso comportamento – aqui e agora – é considerios, secundários e generalizados. Os primários po- rado como a figura, o foco da alteração e os outros dem ser o alimento e o afeto. Ambos podem ser eventos são o fundo – fome, música, ruídos etc. usados para aumentar a frequência de uma resSegundo a Gestalt, tudo o que vemos ou posta. percebemos está relacionado com a totalidade do Vamos exemplificar através da rotina diária: o campo de observação. A percepção que você tem filho precisa ir para a escola e não terminou a lição, depende da configuração do processo mental de a mãe só deixa o filho almoçar quando ele terminar cada um. o dever de casa. O comportamento de um indivíduo podeJá os demais reforçadores dependem dos pri- ria ser analisado em função do campo psicológico mários para se tornarem efetivos, isto é, eles pre- onde ele está atuando em determinado momento, cisam acompanhar os primários por certo tempo em função das relações com o meio e com outras para que possam agir por si. pessoas. No dia a dia, a atenção que recebemos de O processo de percepção ocorre como uma outra pessoa é um grande exemplo de reforçador ilusão e é o resultado de uma ação e reação. secundário. Esses reforçadores podem ser apresenTodos os fatos mentais, estado emocional, tados de forma contínua ou intermitente. forte desejo ou atitude, pode ser visto como in Extinção – é o conjunto de relação de um fluência em uma resposta perceptiva. indivíduo com o ambiente para eliminar uma resposta e o reforço é interrompido abruptamente. Punição – retirar um estímulo reforçador positivo a uma dada resposta, acarretando a diminuição temporária da frequência dessa mesma resposta. Pode-se exemplificar com o trânsito, todas as multas aplicadas não motivam os motoristas a mudarem o comportamento no trânsito. Estudos realizados sobre a percepção vêm colaborando para entender melhor o comportamento humano e explicar os porquês e como percebemos os eventos, pessoas e objetos no meio ambiente. A Gestalt estava preocupada em compreender quais eram os processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica, quando o estímulo físico é percebido pelo sujeito com uma forma diferente do que ele é na realidade. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 Regina Mara Malpighi Santos O caso clássico é o cinema, como citado por Bock (2005). A fita cinematográfica é composta de fotogramas com imagens estáticas. O movimento que vemos na tela é uma ilusão de ótica causada pelo fenômeno da pós-imagem da retina, porque qualquer imagem que vemos demora um pouco para se ‘apagar’ da nossa retina. As imagens vão se sobrepondo em nossa retina e o que percebemos é um movimento. Mas o que de fato é projetado na tela é uma fotografia estática, tal como uma sequência de slides. de (como veremos nas teorias da personalidade – psicanalítica). Humanista – Maslow e Rogers Os humanistas surgem em meados do século XX com o argumento de que o ser humano implica mais satisfazer ou controlar seus desejos animais do que procurar prazer ou evitar a dor. Começam a trabalhar questões relacionadas a todos os seres humanos, como ajudarem uns aos outros, pertencer a uma família e à sociedade. A Gestalt estuda a organização da nossa perUma das premissas fundamentais da teoria cepção através de um conjunto de leis que foram de Carl Rogers é o pressuposto de que as pessoas denominadas de: usam sua experiência para se definir. Assim, as pessoas plenamente funcionais ou psicologicamente Lei da proximidade – perante elementos saudáveis apresentam as seguintes características: diversos, tendência a agrupar aqueles que se encontram mais próximos; mente aberta para aceitar qualquer tipo Lei da semelhança – perante elementos de experiência e de novidades; diversos, têm tendência a agrupar por se tendência a viver plenamente cada momelhanças; mento; Lei da continuidade – perante algo inaca capacidade para se orientar pelos próbado, têm tendência a acabar; prios instintos e não pelas opiniões ou Lei da forma e fundo – quando observarazões de outras pessoas; mos algo, separamos espontaneamente senso de liberdade de pensamento e a “figura” do “fundo”. ação; Psicanálise – Sigmund Freud (1856-1939) nasceu em Freiberg, Moravia, hoje Eslováquia, filho mais velho de pais judeus. Estudou Medicina em Viena, onde teve maior interesse na neurologia. alto grau de criatividade; a necessidade contínua de maximizar o seu potencial. Rogers passa a ser o único a questionar a vaPacientes com distúrbios nervosos apresentavam ideias que poderiam estar reprimidas e eram lidade do conhecimento objetivo, na tentativa de expressas através dos sintomas como: dificuldades compreender a experiência de outra pessoa. Usa o conhecimento como interpessoal, tornando a esde expressão do pensamento, rigidez muscular. sência da terapia centrada no cliente. É a prática da Freud, através da prática médica, usou a hipcompreensão empática. Penetrar no mundo subjenose para descobrir a origem dos sintomas. Desentivo do outro para ver se a compreensão da opinião volveu um novo método, a associação livre, onde dele é correta ou se concorda com o próprio ponto os pacientes repousavam sobre um divã e eram de vista, no sentido de compreender a experiência encorajados a dizer tudo que lhes vinha à mente, do outro como correta ou não, fazendo um autotodos e quaisquer pensamentos, inclusive os seus questionamento. sonhos. Desenvolveu, em 1900, a primeira concepção sobre a estrutura e funcionamento da personalida- 12 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional 1.4 Psicologia Científica x Senso Comum Quando fazemos ciência, baseamo-nos na O tipo de conhecimento que vamos acumulando no nosso cotidiano é chamado de senso co- realidade cotidiana e pensamos sobre ela. Quando mum. É passado de geração para geração, como bem utilizada, a ciência permite que o saber seja um hábito ou um costume tradicional. Quando a transmitido, verificado, utilizado e desenvolvido. dona de casa usa a garrafa térmica para manter o café quente, sabe por quanto tempo ele permaneSaiba mais cerá razoavelmente quente, sem fazer nenhum cálculo complicado e, muitas vezes, desconhecendo Psicologia é ciência completamente as leis da termodinâmica. O conhecimento do senso comum é intuitivo, espontâneo, de tentativas e erros. É um conhecimento importante, porque sem ele a nossa vida no dia a dia seria muito complicada. O senso comum percorre um caminho que vai do hábito à tradição, que passa de geração para geração. Integra de um modo o conhecimento humano. A utilização de termos como ‘rapaz complexado’, ‘mulher louca’, ‘menino hiperativo’ expressa a comunicação do senso comum acerca do comportamento humano, que muitas vezes não ocorre de maneira científica. Os termos podem até ser da psicologia científica, mas são usados sem a preocupação de definir as palavras. Quando buscamos definir, descrever e prever comportamentos, estamos fazendo ciência. O cientista do comportamento (da psicologia) não fica satisfeito com conceitos generalizados e rotulados (complexado, louco, “nasceu assim”) sem compromisso e apenas baseados em “achismos” e observações superficiais. Ele quer observações sistematizadas, conhecimento metodológico, experimentado, testado, comprovado. Ex.: ‘mulher louca’, o que é loucura? Quais os sintomas? Que tipo de loucura? Dicionário Ciência é um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade obtidos por meio de metodologia científica. 1. Porque tem um objeto específico de estudo: o homem - ser humano em seu sentido amplo. 2. Utiliza uma linguagem precisa e rigorosa: não utiliza termos do senso comum sem preocupação conceitual. 3. Utiliza métodos e técnicas específicas: entrevistas estruturais, testes, técnicas de terapia, entre outras, obtidas de maneiras programadas, sistemáticas e controladas, para maisda vaque se permita aSaiba verificação lidade da ciência, permitindo a reprodução da experiência. Não se pode entender comportamento sem um contexto, sem a descrição de eventos antecedentes e consequentes do evento descrito. Por isso, os conceitos de comportamento e ambiente são interdependentes, um não pode ser definido sem referência ao outro. O agir, o sentir e o pensar estão em função de variáveis ambientais (meio ambiente), que são os eventos antecedentes e consequentes. Note bem que não é o homem e sim o comportamento do homem que está interagindo constantemente com os estímulos que antecedem o seu comportamento, e o seu comportamento está constantemente tendo consequências no ambiente e sendo interagido por elas. Meio ambiente (estímulos): as influências sobre o organismo que determinam o comporta- Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 Regina Mara Malpighi Santos Também, o homem biopsicossocial recebe mento; tudo aquilo que afeta o comportamento. Um estímulo é um ‘pedaço’ do ambiente que pode diferentes influências do meio ao longo de sua vida. Muitas áreas são importantes para a análise ser interno ou externo ao organismo. Os homens agem sobre o mundo, modifi- do comportamento humano, tais como: afetiva, cam-no e, por sua vez, são modificados pelas con- familiar, conjugal, sexual, interpessoal (amizades), sequências de sua ação (SKINNER, 1978). Assim, lazer, social, escolar, religiosa, trabalho, biológica além conhecer o organismo e as suas interações, é (doenças), ambiente, cultural, questões morais, renecessário conhecer os diversos ambientes com os gras sociais, costumes. quais um organismo pode interagir. O ambiente que o indivíduo interage pode ser analisado sob dois prismas: Você deve estar se perguntando: se o homem é o objeto de estudo, por que estudar animais na psicologia? Porque, apesar de existir vários experimentos ambiente externo: o físico e social, que é psicológicos que utilizam animais, o enfoque está alterado pelo comportamento por meio nos processos psicológicos básicos que acontecem das ações mecânicas sobre ele e pelas in- tanto em animais quanto nos humanos (ex.: medo), levando-se em conta que o animal passa a ser mais terações do indivíduo com o social; ambiente interno: o biológico e histórico, fácil de ser manuseado e de se impor limite quanto: formado pelos processos biológicos e as 1° - ética: muitas pesquisas não podem experiências passadas de cada indivíduo, ser realizadas com seres humanos; pois o organismo transporta consigo os resultados de suas interações passadas. O homem moderno deve ser entendido sob umO homem moderno deve ser entendido sob um aspecto biopsicossocial. Toda história de vida deve ser analisada sob influências biológicas, psicológicas e sociais, aspectos esses que são interligados. Ele recebe influências do seu organismo internamente (genética, vírus, bactérias, doenças congênitas, defeitos estruturais), da sua percepção própria, experiências e vivências de mundo (ações, pensamentos e sentimentos) e da sua interação com os diversos grupos (família, amigos), a sociedade e sua cultura. 14 2° - praticidade: os animais são bem cooperativos, por ser mais cômodo e podem ser estudados com facilidade durante longos períodos; 3° - facilidade: em detectar processos básicos comportamentais e mentais em animais e transpor os achados para seres humanos, tais como: movimentos, fome, sono ou sede. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional 1.5 Resumo do Capítulo Querido(a) aluno(a), Neste capítulo, estudamos o nascimento da Psicologia e o quanto a Filosofia contribuiu com os seus pensadores para o desenvolvimento e questionamento do ser humano. Vimos como as evoluções ao longo do tempo e os avanços tecnológicos e científicos ajudaram o homem a refletir e questionar sobre qual papel deve exercer ou influenciar no meio onde está inserido. Observamos os avanços e as influências no desenvolvimento para uma melhor compreensão do ser humano através das diferentes escolas em seu comportamento, notando que o homem precisa manter uma relação com esse meio onde ele é estimulado a dar diferentes respostas, a entender e diferenciar o todo em sua essência. Para isso, a Psicologia foi se fortalecendo como ciência, pois saiu dos questionamentos e passou a ser experimentada em laboratórios, com técnicas e teorias diferenciadas, com uma linguagem rigorosa, comprovada e científica, através de dados recolhidos anteriormente. 1.6 Atividades Propostas Agora que terminamos este capítulo, vamos verificar se você fixou bem o conteúdo. Assim, responda às perguntas abaixo: 1. Qual a importância de conhecer o desenvolvimento histórico da Psicologia? 2. A quais critérios a Psicologia deveria satisfazer para ser considerada uma “ciência”? 3. Quais são as principais teorias em Psicologia no século XX? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 2 ATRIBUIÇÕES E ÁREAS DE ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS Prezado(a) aluno(a), Neste capítulo, veremos que psicólogos e psiquiatras muitas vezes ocupam empregos semelhantes. Ambos os profissionais podem trabalhar em campos ligados à saúde mental, diagnosticando e tratando pessoas com problemas psicológicos leves e graves. A grande diferença entre esses especialistas está na sua formação. Pode-se definir como Psicólogo aquela pessoa que passa cerca de cinco anos na faculdade, aprendendo sobre comportamento normal e anormal, sobre diagnóstico e tratamento para vários comportamentos humanos. Após se formarem devem, por questão ética, se especializar e aprofundar sua formação em uma ou mais áreas. Psiquiatra é aquela pessoa que estuda medicina, se qualifica ou especializa em uma instituição de saúde mental, hospital ou clínica, para tratar de distúrbios emocionais, utilizando da farmacoterapia (remédios), cirurgia e eletroconvulsoterapia, dentre outros processos médicos. Como a formação do psiquiatra é em medicina, seu foco é voltado para a cura de problemas do corpo, isto é, a causa de distúrbios comportamentais está nas alterações bioquímicas e neurológicas. O Psicólogo trabalha em diferentes áreas como profissional, atua no âmbito da educação, saúde, lazer, trabalho, segurança, justiça, comunidades e comunicação com o objetivo de promover, em seu trabalho, o respeito à dignidade e integridade do ser humano. Veja, a seguir, quais são as atribuições profissionais do psicólogo: estuda e analisa os processos intrapessoais e relações interpessoais, possibi- litando a compreensão do comportamento humano individual e de grupo, no âmbito das instituições de várias naturezas, onde quer que se deem estas relações; aplica conhecimento teórico e técnico da psicologia, com o objetivo de identificar e intervir nos fatores determinantes das ações e dos sujeitos, em suas histórias pessoais, familiares e sociais, vinculando-as também a condições políticas, históricas e culturais; analisa a influência de fatores hereditários, ambientais e psicossociais sobre os sujeitos na sua dinâmica intrapsíquica e nas suas relações sociais, para orientar-se no psicodiagnóstico e atendimento psicológico; promove a saúde mental na prevenção e no tratamento dos distúrbios psíquicos, atuando para favorecer um amplo desenvolvimento psicossocial; elabora e aplica técnicas de exame psicológico, utilizando seu conhecimento e práticas metodológicas específicas, para conhecimento das condições do desenvolvimento da personalidade, dos processos intrapsíquicos e das relações interpessoais, efetuando ou encaminhando para atendimento apropriado, conforme a necessidade; formula hipóteses e a sua comprovação experimental, observando a realidade e efetivando experiências de laboratórios e de outra natureza, para obter elementos relevantes ao estudo dos processos de desenvolvimento, inteligência, aprendizagem, personalidade e outros aspectos do comportamento humano e animal. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 Regina Mara Malpighi Santos Observe que cada dia mais a atuação do profissional psicólogo tem se expandido para outras áreas, como organizações, hospitais, escolas, tribunais de justiça, marketing, esportes, aviação, engenharia, entre outros. Devido a essa ampliação e às formas diferentes de atuação exigidas, torna-se necessário cada vez mais uma atenção focalizada para os valores e princípios fundamentais ao exercício ético da profissão. Esse exercício ético tem como base filosófica conduzir o indivíduo ao bem-estar, evitando ao máximo o sofrimento psíquico. Como você vem notando, o psicólogo desempenha suas funções ou tarefas profissionais tanto individualmente quanto em equipes multiprofissionais e, para tanto, pode exercer a atividade como: 1. Psicólogo do Trabalho e/ou Organizacional: em empresas públicas ou privadas fazendo a implantação da política de recursos humanos das organizações, descrição e análises de trabalho, recrutamento e seleção de pessoal, utilizando métodos e técnicas de avaliação, programas de treinamento e formação de mão de obra, avaliação pessoal, capacitação e desenvolvimento de recursos humanos, segurança, organização do trabalho e definição de papéis ocupacionais: produtividade, remuneração, incentivo, rotatividade, absenteísmo e evasão, identificação das necessidades humanas em face da construção de projetos e equipamentos de trabalho (ergonomia), programas educacionais, culturais, recreativos e de higiene mental, com vistas a assegurar a preservação da saúde e da qualidade de vida do trabalhador, processo de desligamento de funcionários, no que se refere à demissão e ao preparo para aposentadoria, visando à elaboração de novos projetos de vida; panhamento psicológico, intervenção psicoterápica individual ou em grupo, por meio de diferentes abordagens teóricas, entrevistas, observação, testes e dinâmica de grupo, com vistas à prevenção e tratamento de problemas psíquicos. 4. Psicólogo Educacional: atua em creches e escolas, desenvolvendo com os pais, alunos, diretores, professores, técnicos e pessoal administrativo diferentes atividades visando a prevenir, identificar e resolver problemas psicossociais que possam bloquear, na escola, o desenvolvimento de potencialidades, a autorrealização e o exercício da cidadania consciente, compreensão e mudança do comportamento de educadores e educandos, no processo de ensino e aprendizagem, intervenção psicopedagógica individual ou em grupo, programas de orientação profissional, programas de orientação profissional, elaboração de planos e políticas referentes ao Sistema Educacional, visando promover a qualidade, a valorização e a democratização do ensino; 5. Psicólogo Jurídico, Forense e Penitenciário: pode atuar em varas da criança e do adolescente, de família, cível, criminal, penitenciárias, nas instituições governamentais e não governamentais, planejando e executando políticas de cidadania, direitos humanos e prevenção da violência, dando orientação de dados psicológicos, repassado não só para os juristas como também aos sujeitos que carecem de tal intervenção, formulação, revisões e interpretação das leis; avaliam as condições intelectuais e emocionais de crianças, adolescentes e adultos em conexão com processos jurídicos, seja por deficiência mental e insanidade, testamentos contestados, aceitação em lares adotivos, posse e guarda de crianças ou determinação da responsabilidade legal por atos criminosos, perito judicial 2. Psicólogo da Saúde e Hospitalar: atua nas varas cíveis, criminais, justiça do trabalho, da em Hospitais, Ambulatórios, Centros e postos de família, da criança e do adolescente, elaborando saúde a fim de identificar e compreender os fatores laudos, pareceres e perícias a serem anexados aos emocionais que intervém na saúde geral do indiví- processos; atendimento e orientação a detentos e seus familiares, programas socioeducativos destiduo; nados à criança de rua, abandonadas ou infratoras, 3. Psicólogo Clínico: trabalha em consultótarefas educativas e profissionais que os internos rios ou clínicas especializadas realizando terapia possam exercer nos estabelecimentos penais; individual, de grupo, casal, familiar, infantil, sexual 6. Psicólogo do Trânsito: atua em clínicas e dependendo da demanda psicológica, faz acomde trânsito realizando exames psicológicos (psico- 18 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional técnicos). Pode elaborar e implantar questões referentes à transmissão, recepção e retenção de informações, campanhas de prevenção de acidentes, educação no trânsito, comportamento individual e coletivo na situação de trânsito, especialmente nos complexos urbanos, implicações psicológicas do alcoolismo e de outros distúrbios nas situações de trânsito; científicos, e estão em oposição aos princípios da Psicologia, que vê o homem não como um ser com destino pronto, mas sim como um ser que constrói seu futuro ao agir sobre o mundo e receber as influências deste mundo. É preciso ponderar que esse campo fronteiriço entre a psicologia científica e a especulação mística deve ser tratado com o devido cuidado. 7. Psicólogo do Esporte: atua em associa- Portanto, não se deve misturar a psicologia com ções esportivas e clubes esportivos realizando exa- práticas adivinhatórias ou místicas que estão bame das características psicológicas dos esportistas, seadas em pressupostos diversos e opostos aos da visando ao diagnóstico individual ou do grupo, Psicologia. realização pessoal, melhoria do desempenho do Por outro lado, é preciso estar aberto para o esportista e do grupo, favorecendo a otimização novo, atento a novos conhecimentos que, tendo das relações entre esportistas, pessoal técnico e di- sido estudados no âmbito da ciência, podem trazer rigentes. Elabora estudos das variáveis psicológicas novos saberes, ou seja, novas respostas para perque interferem no desempenho de suas atividades guntas ainda não respondidas. específicas (treinos, torneios e competições), oportunizando a formação através da prática das ativiSaiba mais dades esportivas e seus aspectos psicológicos. Segundo Bock (2005), alguns dos “desconhecimentos” da Psicologia têm levado os psicólogos a buscarem respostas em outros campos do saber humano. Com isso, algumas práticas não psicológicas têm sido associadas às práticas psicológicas, como por exemplo, o tarô, a astrologia, a quiromancia, a numerologia, entre outras práticas adivinhatórias/místicas. Essas não são práticas psicológicas! São outras formas de saber que não podem ser confundidas com a Psicologia, pois não são construídas no campo da ciência, a partir de métodos e princípios A Psicologia não consegue explicar muitas coisas sobre o homem, pois é uma ciência relativamente nova, com pouco mais de cem anos. Além disso, novas perguntas sempre surgirão, não esgotará o que há para ser conhecido, pois a humanidade está em permanente muSaiba mais dança, quebrando paradigmas, criando novas expectativas, novos alvos e procurando novas motivações. 2.1 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, traçamos os diferentes segmentos da Psicologia e suas atuações como uma ciência multiprofissional, pois, ao estudar o comportamento do ser humano, vemos como este pode moldar e ser moldado no meio onde vive. Por se tratar de uma ciência nova, temos que tomar cuidado com certos segmentos que se dizem da psicologia, mas são tratados com certa obscuridade ou misticismo. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 Regina Mara Malpighi Santos 2.2 Atividades Propostas Para finalizar o capítulo, vamos realizar alguns exercícios para verificar o seu aprendizado. Responda às questões abaixo: 1. Como se distingue o psicólogo do psiquiatra e do psicanalista? 2. O que faz o psicólogo nas organizações? 20 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 3 TEORIAS DA PERSONALIDADE Caro(a) aluno(a), A personalidade pode ser conceituada como um agrupamento de características internas e externas peculiares e permanentes do caráter de uma pessoa que influenciaram o comportamento em situações diferentes. Para Schultz (2002), a avaliação da personalidade pode se dar através de técnicas e testes apropriados. Observe, a seguir, os fatores que influenciam a personalidade: influências hereditárias: na determinação do temperamento, estão as variações individuais do organismo, concretamente a constituição física e o funcionamento dos sistemas nervoso e endócrino, que são, em grande parte, hereditários; meio social: família, grupos e cultura a que se pertence – desempenham um papel determinante na construção da personalidade. A personalidade forma-se num processo interativo com os sistemas de vida que a envolvem: a família, o grupo de pares etc. O tipo de ambiente e de clima vivenciado influencia a personalidade; experiências pessoais: são todas as vivências que ocorrem na nossa vida. A qualidade das relações precoces e o processo de vinculação na relação da díade mãe/ filho parecem ser fundamentais na estruturação e organização da personalidade. A complexidade das relações familiares vai influenciar as capacidades cognitivas, linguísticas e afetivas, processos de autonomia, de socialização, de construção de valores das crianças e jovens. 3.1 Teoria Psicanalítica Freud nasceu em 6 de maio de 1856, na, hoje, República Checa, Pribor. Estudou Medicina e, em 1896, convenceu-se de que os conflitos sexuais eram a causa básica de todas as neuroses. No sistema de Freud, representações mentais de estímulos internos, como fome, levam o indivíduo a tomar determinada atitude. O impulso de assegurar a sobrevivência do indivíduo e da espécie, satisfazendo a necessidade de água, comida e sexo, denominou como sendo o instinto de vida. Para ele, a forma de energia psíquica manifestada pelos instintos de vida que empurram a pessoa para comportamentos e pensamentos prazerosos foi deno- minada libido. O investimento de energia psíquica em um objeto ou pessoa denominou como catexia. Há, ainda, o instinto de morte, que é o impulso inconsciente na direção de degeneração, destruição e agressão. O impulso agressivo é a compulsão de destruir, subjugar e matar. O conceito original de Freud dividia a personalidade em três níveis: consciente, pré-consciente e inconsciente. O consciente seria o significado normal do cotidiano, incluindo as sensações e experiências das quais estamos cientes a todo o momento. O pré-consciente é o depósito de lembranças, percepções e ideias das quais não estamos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 Regina Mara Malpighi Santos cientes, mas que podemos trazer para o consciente. O inconsciente é o depósito de forças que não podemos controlar ou ver, é a morada dos instintos. Mais tarde, revisou esse conceito e introduziu três estruturas básicas da personalidade. Denominou como ID o aspecto da personalidade aliado aos instintos, fonte de energia psíquica, que opera de acordo com o principio do prazer; portanto, o ID opera para evitar a dor e maximizar o prazer. A segunda estrutura básica denominou de EGO, o aspecto racional da personalidade, responsável pela orientação e controle dos instintos de acordo com o princípio da realidade. A terceira estrutura denominou como SUPEREGO, o aspecto da moral da personalidade, a introjeção de valores e padrões dos pais e da sociedade. O Ego fica no meio, pressionado por essas forças e, como resultado, surge a ansiedade: temor do aparente, temor sem razão. A ansiedade é um sinal de que há um perigo, uma ameaça ao EGO que precisa ser neutralizada ou evitada. Freud postulou mecanismos de defesa para ajudar a aliviar a ansiedade, observou que raramente utilizamos um e sim vários deles ao mesmo tempo. Como mecanismos de defesa, temos: Quando há uma fixação, uma permanência em uma das fases psicossexuais do desenvolvimento da criança, isso pode ser devido à frustração ou à satisfação excessiva. Fases de Desenvolvimento A fase oral vai de 0-1 ano de idade e tem como característica a boca como a principal zona erógena, o prazer é obtido pela sucção, morder e engolir. Quando as pessoas ficam fixadas nesta fase, tendem a ser pessimistas, hostis, agressivas e contestadoras. A fase anal vai de 1-3 anos e tem como característica o treinamento dos hábitos de higiene – treino ao toilette. A fixação nessa fase leva a pessoa a ser um indivíduo teimoso, mesquinho, rígido e compulsivamente limpo. A fase fálica vai de 4-5 anos e sua característica é a fantasia incestuosa, desejo inconsciente do menino pela mãe acompanhado do anseio de substituir o pai, o chamado Complexo de Édipo. Complexo de Eletra é o desejo inconsciente da menina pelo pai acompanhado do desejo de substituir a mãe. Fixação nessa fase é a importância da resolução com o sexo oposto na idade adulta. A fase da latência vai dos 5 anos até a puber repressão: negação inconsciente da exis- dade, é o período da sublimação do instinto sexual, tência de algo que causa a ansiedade; que é trocado pelas atividades escolares, hobbies, negação: existência de uma ameaça ex- esportes e no desenvolvimento de amizades com terna a um evento traumático; pessoas do mesmo sexo. projeção: atribuição de um impulso perA fase genital vai da adolescência até a idaturbador a outra pessoa; racionalização: a reinterpretação de um de adulta e sua característica é o desenvolvimento comportamento para torná-lo mais acei- da identidade do papel sexual e de relações sociais adultas. tável e menos ameaçador; deslocamento: deslocamento do impulso do ID de um objeto ameaçador e inSaiba mais disponível para outro disponível; sublimação: deslocamento do impulso Personalidade vem de ‘persona’, que se do ID transformando a energia instintiva refere à máscara, como utilizadas em em comportamento socialmente aceitácarnavais ou por atores de uma peça. Saiba mais Portanto, quando enfrentamos o munvel. do exterior, mostramos a personalidade através das máscaras, aquilo que pode Duane (2002) diz que, para Freud, todas as ser visível aos outros. crianças passam pelos estágios: oral, anal, fálico e genital, nos quais a gratificação dos instintos do ID depende da estimulação das áreas correspondentes ao corpo. 22 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional 3.2 Teoria Analítica Fundada no início do século XX pelo psicólogo e psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), um dos mais proeminentes discípulos de Freud. Exerceu a Psicanálise de 1909 a 1913, ano em que rompeu com Freud e fundou a Psicologia Analítica. O eixo central da Psicologia Analítica é o Processo de Individuação: tendência instintiva e teleológica do ser humano, através de processos de autorregulação, desenvolvimento de suas potencialidades inatas em direção à realização da totalidade psíquica (autodesenvolvimento, autorrealização e autoconhecimento). Para Jung, a libido compreende não só a energia sexual, mas, também, energias associadas ao instinto de sobrevivência, à motivação, às relações afetivas, desejos de autorrealização, autoconhecimento e vivências espirituais. A psique, segundo a teoria analítica, está estruturada em três elementos: consciente, inconsciente pessoal e inconsciente coletivo. Consciente: sistema do aparelho psíquico que mantém contato com o mundo interior (processos psíquicos, internos) e exterior (meio ambiente e social) do sujeito. Na consciência, destacam-se os fenômenos de percepção intrínseca e extrínseca, senso de identidade, atenção, raciocínio e memória, entre outras funções cognitivas e emocionais. As pessoas são conscientes apenas de uma pequena parte de sua vida psíquica. O consciente tem como centro organizador o Eu. combinações de ideias com energia psíquica insuficiente para irromperem na consciência, experiências devida “esquecidas” pela memória consciente, recordações dolorosas de serem relembradas, repressões sexuais, desejos reprimidos, qualidades da personalidade – positivas e negativas – desconhecidas pelo Eu e, principalmente, grupos de representações carregados de forte carga emocional e incompatíveis com a atitude consciente (complexos, cujas bases são os arquétipos – localizados no Inconsciente coletivo). Geralmente esses conteúdos não possuem energia psíquica suficiente para permanecerem no campo da consciência, entretanto, podem adquirir a energia necessária para emergir na consciência na forma de lembranças, sonhos, fantasias, devaneios e comportamentos. Quando irrompem na consciência podem possuir um significativo grau de autonomia, chegando até a tomar sua posse temporária. Inconsciente coletivo: é a camada mais profunda do inconsciente, é a base da psique. É constituído por arquétipos (núcleos instintivos passados de forma psicobiológica de geração a geração, trazendo padrões de comportamento herdados desde o surgimento da humanidade e mesmo antes dela, no período em que o homem ainda era animal – a gênese do Inconsciente coletivo é, portanto, a priori ao nascimento). Inconsciente pessoal: é a camada mais superficial do inconsciente, cuja fronteira com o consciente é bastante imprecisa. Nele, permanecem os conteúdos inconscientes derivados da vida do indivíduo Os arquétipos constituem a base dos com– sua formação é, portanto, a posteriori plexos situados no inconsciente pessoal, são inúao nascimento. Esses conteúdos são for- meros, incontáveis; entretanto, Jung identificou mados por percepções subliminares e alguns que estão em permanente contato com o Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 Regina Mara Malpighi Santos A persona possui dois aspectos: positivo e neEu. São eles: a persona, a sombra, a anima, o animus gativo. O aspecto positivo está associado às virtue o self. O self – também denominado si mesmo – é des que o indivíduo desconhece existir em si meso centro organizador não só do inconsciente (pes- mo. O aspecto negativo está associado aos defeitos soal e coletivo), mas, também, de toda a psique. É de caráter que o indivíduo desconhece existir em si mesmo. do self que surge a consciência e o Eu. O termo ‘persona’ origina-se do teatro grego antigo e significa máscara. Arquétipo associado ao comportamento de contato com o mundo exterior, necessário à adaptação do indivíduo às exigências do meio social onde vive. A persona corresponde a uma significativa parcela do comportamento do sujeito enquanto personagem coletiva. A anima corresponde ao princípio feminino presente na psique do homem. Arquétipo associado à personificação da natureza feminina no inconsciente masculino. Manifesta-se no comportamento masculino através de expressões emocionais. Projeta-se em figuras femininas: mãe, irmã, A alma, em oposição à persona, corresponde namorada, esposa, amante, mulher desejada, muao comportamento do sujeito enquanto persona- lheres admiradas (nos sentidos eróticos, heroicos, gem individual, sua real personalidade. Uma pes- intelectuais e espirituais). A anima condensa todas as experiências que soa pode ter um determinado comportamento em sociedade (persona) e outro, completamente opos- o homem vivenciou no seu encontro com a mulher durante milênios e é a partir desse imenso material to, em casa (alma). Convém esclarecer que nem todo comporta- inconsciente que é modelada a imagem de mulher mento social é manifestação da persona, também que o homem procura. O animus condensa todas as experiências pode ser uma expressão da alma. A persona possui que a mulher vivenciou no seu encontro com o dois aspectos: positivo e negativo. O aspecto positivo está associado à adapta- homem durante milênios e é a partir desse imenso ção do sujeito ao seu meio social. O aspecto nega- material inconsciente que é modelada a imagem tivo surge quando o Eu se identifica com a persona, de homem que a mulher procura. Quando tornado consciente – assimilada fazendo com que a pessoa se distancie e desconheça sua real personalidade, a alma. Muitas vezes é di- pelo Eu –, o animus traz benefícios ao autoconhecifícil para um observador externo identificar numa mento e à melhoria das relações interpessoais. pessoa o que é sua persona e o que é sua alma. Ao se manifestar, geralmente de modo inconsciente – sem que o Eu não tenha consciência de sua existência –, a persona revela seu significativo grau de autonomia na psique. Quando tornada consciente – assimilada pelo Eu –, a persona traz benefícios ao autoconhecimento e à melhoria das relações interpessoais. 24 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional 3.3 Teoria Humanista da Personalidade de Carl Rogers Na terapia centrada na pessoa, o terapeuCarl Rogers nasceu em 1902, subúrbio de ta oferece consideração incondicional ao cliente, Chicago. Estudou psicologia e lecionou durante alguns anos, especializando-se na terapia centrada que seria a aprovação concedida independente do comportamento da pessoa. As pessoas de pleno cliente na parte clínica. no funcionamento experimentam um senso de Acreditava que as pessoas são motivadas por liberdade e possuem a capacidade de viver rica e uma tendência inata de realizar-se, manter e apricriativamente a todo o momento. O cliente na temorar o self. À medida que os bebês desenvolvem rapia rogeriana é o responsável pela mudança de uma parte de suas experiências tornam-se diferen- sua personalidade. O único modo de avaliar é em ciadas das demais. O eu, mim, me é o self. É a ima- termos das experiências subjetivas, os eventos na gem do que somos, do que deveríamos ser e do vida da pessoa conforme ela os percebe e aceita gostaríamos de ser. como reais. 3.4 Teoria da Personalidade Erik Erikson ampliou e aprimorou a teoria de Freud dando à personalidade uma visão continua, onde o EGO é parte independente da personalidade não sendo dependente nem submissa ao ID. Segundo ele, as forças culturais e históricas têm um impacto muito grande, o desenvolvimento humano regido por sequência de etapas que dependem de fatores genéticos e/ou hereditários. Na sua teoria os estágios psicossexuais do desenvolvimento estão divididos em oito sendo: 1. Confiança x Desconfiança (até um ano de idade): durante o primeiro ano de vida da criança, esta é dependente das pessoas, para cuidar dela quanto à alimentação, higiene, locomoção, aprendizado de palavras e seus significados, bem como dar estímulos para perceber que existe um mundo ao seu redor. Assim o amadurecimento ocorrerá de forma equilibrada transmitindo à criança segurança, afeto, confiança nas pessoas e no mundo que a cerca; 2. Autonomia x Vergonha e Dúvida (segundo e terceiro ano): nesse período, a criança passa a ter controle de suas ne- cessidades fisiológicas, responder por sua higiene pessoal, o que lhe dá autonomia, confiança e liberdade para tentar outras coisas sem medo de errar. Porém, se esta é criticada, ridicularizada pode desenvolver vergonha, dúvida quanto à sua capacidade de ser autônoma; o que pode provocar dependência, que seria voltar ao estágio anterior; 3. Iniciativa x Culpa (quarto e quinto ano): nesse período a criança passa a perceber as diferenças sexuais, os papéis que são desempenhados por mulheres e homens na sua cultura – o que Freud chama de conflito edipiano. Se a sua curiosidade “sexual” e intelectual, natural, for reprimida e castigada poderá desenvolver sentimento de culpa e diminuir sua iniciativa de explorar novas situações ou de buscar novos conhecimentos; 4. Construtividade x Inferioridade (dos 6 aos 11 anos): é o período onde a criança é alfabetizada, aumentando o convívio com outras pessoas, que não são seus Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 Regina Mara Malpighi Santos familiares, possibilitando uma maior sociabilização, trabalho em conjunto, cooperatividade e o desenvolvimento de outras habilidades. Se surgirem dificuldades, o próprio grupo irá criticar, podendo vivenciar a inferioridade em vez da construtividade; 5. Identidade x Confusão de Papéis (dos 12 aos 18 anos): aqui, o indivíduo experimenta diferentes desafios, com suas próprias atitudes, com seus amigos, com pessoas do sexo oposto e, até mesmo, a busca de uma carreira, da profissão. Quando encontra apoio nas pessoas à sua volta, pode desenvolver o sentimento de identidade pessoal, caso contrário, pode se tornar uma pessoa desorganizada, sem respostas para suas questões ou perdendo a referência. 6. Intimidade x Isolamento (jovem adulto): nessa fase, além de profissional, o indivíduo também é algo em torno da construção de relações profundas e duradouras, podendo vivenciar momentos de grande intimidade e entrega afetiva. Quando ocorre uma decepção, a tendência é o isolamento temporário ou duradouro; 7. Produtividade x Estagnação (meia-idade): as pessoas nessa fase podem se dedicar à sociedade e realizar valiosas contribuições, sem grande preocupação com o conforto físico e material; 8. Integridade x Desesperança (velhice): quando o indivíduo aceita o envelhecimento, ocorre um sentimento de produtividade e valorização do que foi vivido, sem arrependimentos e lamentações sobre oportunidades perdidas ou erros cometidos haverá integridade e ganhos para passar por essa fase; mas, se isso não ocorre, pode desenvolver um sentimento de tempo perdido, impossibilidade de começar de novo, trazendo tristeza e desesperança. 3.5 Resumo do Capítulo A personalidade é o atributo de uma pessoa, que engloba qualidades sociais e emocionais, influenciando o comportamento em diferentes situações. Vimos aqui a visão de Freud e seus pressupostos básicos: id, ego, superego; e outro postulado, que fala do consciente, inconsciente e subconsciente. Demonstrou também que a personalidade se desenvolve através de fases do desenvolvimento da criança. Jung, discípulo de Freud, difere em sua teoria no inconsciente coletivo como sendo depósito de experiências passadas – os arquétipos, persona, anima, animus. Os arquétipos representam a unidade, harmonia da personalidade total. Para Erikson, a personalidade é dividida em oito fases e o desenvolvimento é regido por forças genéticas, mas o ambiente ajuda a determinar se serão ou não realizadas. As forças básicas são a esperança, o amor e a vontade. Rogers defende a teoria de que a personalidade depende do ponto de vista do próprio indivíduo e as suas experiências, que promovem a realização, serão buscadas e, as que impedem, evitadas. 26 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional 3.6 Atividades Propostas Agora, vamos recapitular os pontos trabalhados fazendo alguns exercícios: 1. Compare a personalidade na visão de Freud, Jung e Erick Erickson, citando as principais diferenças entre elas. 2. Quais as influências importantes na formação da personalidade? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 4 INTELIGÊNCIA Inteligência é a função psicológica responsável pela capacidade que temos de compreender o significado das coisas, de conceituar. No processo de conhecimento, temos, de um lado, o objeto a ser conhecido, externo à inteligência, e, do outro, a inteligência, o instrumento mental que alcança o conceito desse mesmo objeto. Conceituar a inteligência é fazê-la objeto e instrumento simultaneamente, é ter consciência do instrumento mental que nos permite conhecer o mundo e que está integrado à própria consciência. novos meios para um novo fim. Ela ajuda a adaptar os meios existentes para uma finalidade nova, dando a possibilidade de enfrentar situações novas, inventando outras soluções, outras escolhas com vários meios possíveis. Caro(a) aluno(a), quando você contrai a pupila quando os olhos são expostos à luz e a dilata quando entra na escuridão, ou quando é levado a afastar rapidamente a mão de uma superfície muito quente que possa te queimar, o que é isso? cronológicas. Assim sendo, consideram o QI saudável dentro dos parâmetros 90-120, sendo que variações para baixo ou para cima estariam relacionadas com defasagens/incapacidades e, por outro lado, genialidades/alta capacitação de expansão pessoal. Inteligência seria a habilidade de aprender, a partir de uma experiência, conhecimento para se adaptar a novas situações. Binet e Simon, em 1904, criaram os primeiros testes de inteligência, tendo como objetivo a verificação do progresso de crianças deficientes do A inteligência tem por função o estabeleci- ponto de vista intelectual. Realizaram-se, assim, mento de relações entre meios e fins para a solu- programas especiais para o progresso dessas crianção de um problema ou de uma dificuldade. Essa ças, tornando os testes necessários para a avaliação definição concebe, portanto, a inteligência como quanto à eficiência desses programas, avaliando, uma atividade eminentemente prática e a distin- assim, o progresso obtido. gue de duas outras que também possuem finalidaPesquisaram o quociente de inteligência de adaptativa e relacionam meios e fins: o instinto mediante uma escala que media a capacidade do e o hábito. conhecimento de crianças comparando as idades É o instinto, é inato. Ao contrário do hábito, que é adquirido. Observe quem adquire o hábito Assim, outros psicólogos começaram a dede dirigir um veículo, muda as marchas, pisa na senvolver testes para medir a inteligência dos indiembreagem, no acelerador ou no freio sem preci- víduos, que são chamados de testes de inteligência. sar pensar nessas operações, faz automaticamente, Várias pesquisas têm sido elaboradas na tencriou hábito. tativa de relacionar a inteligência com variáveis Instinto e hábito são formas de comporta- físicas, sexo, cultura e características da personalimento onde a principal característica é ser especia- dade. O que se tem verificado é que, em geral, as lizado ou específico. Tome como exemplo o apren- meninas são superiores nos testes que requerem der a nadar, mas esse hábito não o faz saber andar aptidões linguísticas e memória verbal, isso explica de bicicleta. a razão delas começarem a falar mais cedo em relaA inteligência difere do instinto e do hábito ção aos meninos, sendo esses superiores nos testes por sua flexibilidade, pela capacidade de encontrar que medem aritmética e matemática em geral. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 Regina Mara Malpighi Santos Acredita-se que isso é uma influência cultural, pela estimulação dada aos meninos para lidarem melhor com o dinheiro e medidas em geral. Crianças que veem de lares com estatutos socioeconômicos mais elevados conseguem melhores resultados nos testes de inteligência. explorar aquilo que a cerca, se descobrir que são desmontáveis, o que ela fará? Tentará fazer com os caixotes, uma mesa, uma escada, com os bambus e os arames uma rede. Colocado um chimpanzé numa pequena sala, nas mesmas circunstâncias anteriores, mas oferecendo bambus em vez de caixotes, o chimpanzé termina por encaixar os bambus uns nos outros, formando um instrumento para apanhar a banana. senta seu mundo e atua praticamente sobre ele. Não somos dotados apenas de inteligência prática ou instrumental, mas também de inteligência teórica e abstrata. O que você acha que aconteceu? Depois de comer a banana, o chimpanzé nada faz com os caixotes, os bambus, os arames ou as mesas. Ficam à sua volta como objetos sem sentido. quando estuda a gênese da inteligência nas crianças. Imagine uma criança de quatro anos, ela ainda não é capaz de pensar relações reversíveis ou recíprocas porque não domina a linguagem desse tipo de relações. Observe que essa diferença nos comportamentos do chimpanzé e da criança revela que a Assim, a inteligência é capaz de criar instru- última ultrapassa a situação imediata de fome e mentos, dar função nova, sentido novo a coisas já de uso direto dos objetos, que prevê uma situação existentes, para que sirvam de meios a novos fins. futura para a qual encontra uma solução, transforVárias experiências foram realizadas para es- mando os objetos em instrumentos. A criança antecipa uma situação, transforma tudar a inteligência com alguns animais, especialmente os chimpanzés, demonstrando que esses os dados de uma situação presente, fabricando eram capazes de comportamentos inteligentes. A meios para certos fins que ainda estão ausentes. experiência realizada pelo psicólogo Kölher é con- Pode se lembrar da situação passada, organizar ousiderada clássica, foi colocar um chimpanzé numa tra a partir dos dados lembrados, esperados e perpequena sala, pondo a seu lado certo número de cebidos e com grande habilidade pode imaginar caixotes e prendeu-se uma banana no teto. Após uma situação nova e responde a ela, mesmo que saltos instintivos para agarrar a banana, o chim- ainda esteja ausente. panzé consegue empilhar os caixotes, subir neles e Como você vem notando, a criança se relaagarrar o alimento. ciona com o tempo, transforma seu espaço, repre- O exercício da inteligência como pensamento é inseparável da linguagem, pois a linguagem O fato de que o chimpanzé percebe um cam- nos permite estabelecer relações, concebê-las e po perceptivo, e não objetos isolados, é demons- compreendê-las. trado quando, no lugar dos bambus, são colocados A linguagem articula percepções e memóarames, que o animal enganchará uns nos outros rias, percepções e imaginações, oferecendo ao para colher a fruta; ou quando, no lugar dos caixo- pensamento um fluxo temporal que conserva e intes, são colocadas mesinhas de tamanhos diferen- terliga as ideias. tes, que podem ser empilhadas pelo animal para O psicólogo Piaget mostrou como a aquisição agarrar a banana. da linguagem e do pensamento caminham juntas Pense em uma criança nas mesmas circunstâncias, ao contrário dos chimpanzés depois de conseguir o que deseja, por exemplo, pegar os pirulitos pendurados, examinará os objetos. Deverá 30 Dicionário A inteligência humana pode ser definida como a capacidade para enfrentar ou colocar diante de si problemas práticos e teóricos, para os quais encontra, elabora ou concebe soluções, seja pela criação de instrumentos práticos, seja pela criação de ideias e conceitos. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br O conhecimento inteligente apreende o sentido das palavras, interpreta-o, inventa novos sentidos para palavras antigas, cria novas palavras para novos sentidos. O movimento de Psicologia e Comportamento Organizacional conhecer é, pois, um movimento cujo corpo é a lin- os nossos conhecimentos e recebemos de outros guagem. Graças a ela, compartilhamos com outros os conhecimentos. 4.1 Resumo do Capítulo Neste capítulo, vimos que a inteligência ajuda o indivíduo a alterar o seu comportamento em função das exigências de cada situação, na maneira de conhecer e enfrentar novos desafios. Pode ser a capacidade de aprender coisas novas. Que esta pode ser mensurada através de testes e, quando há estimulação, o indivíduo tende a desenvolver mais a sua inteligência. Observa-se uma relação entre hereditariedade e meio social, e que esses também influenciam na inteligência. Variáveis, como sexo, classe econômica e social, também podem contribuir com o desenvolvimento. 4.2 Atividades Propostas Agora que terminamos este capítulo, vamos verificar se você fixou bem o conteúdo. Responda às perguntas a seguir: 1. O que é inteligência e qual é a sua função? 2. Como podemos avaliar a inteligência? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 5 LINGUAGEM A linguagem é constituída por sons básicos, à fala, construir suas hipóteses sobre a língua em chamados de fonemas, unidades elementares, se- que está imersa. mântica (significado) e sintaxe (regras para ordenar A visão cognitivista construtivista (Piaget) enas palavras), que formam a gramática. tende a aquisição da linguagem como dependenOs primeiros estudos sobre a aquisição da te do desenvolvimento da inteligência da criança. linguagem estavam baseados em uma visão teóri- Sob esse ponto de vista, a linguagem surge quanca behaviorista (Skinner), que assumia que a apren- do a criança desenvolve a função simbólica. É nedizagem de uma língua se dava pela exposição ao cessária a mediação de outro elemento, pessoa, meio e em decorrência da imitação e do reforço. O para que a criança faça a interação com o mundo. ponto de vista teórico behaviorista defendia que o A visão interacionista social (Vygotsky) conser humano aprende por condicionamento, assim sidera os fatores sociais, comunicativos e culturais como qualquer outro animal. para a aquisição da linguagem, estudando as caracA partir do final da década de 1950, os estudos de Noam Chomsky impulsionam os trabalhos em aquisição da linguagem, com base na posição assumida de que a linguagem é inata. terísticas da fala dos adultos. Segundo esse ponto de vista teórico, a interação social e a troca comunicativa são pré-requisitos básicos para a aquisição da linguagem. Nessa perspectiva, a linguagem é a atividade Para o pesquisador Skinner, a linguagem é uma dotação genética do ser humano que se dá constitutiva do conhecimento de mundo e a criança se constrói como sujeito. pelos princípios familiares da imitação e reforço. Atenção Os elementos constitutivos da linguagem são: gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras, usados para representar conceitos, ideias, significados e pensamentos. Embora os animais também se comuniquem, a linguagem verbal pertence apenas ao homem. Há um dispositivo inato de aquisição que permite que a criança, exposta ao meio, construa hipóteses sobre a língua, escolhendo os parâmetros que deverão ser marcados ou fixados, gerando a gramática de sua língua nativa. A criança nasce pré-programada para adquirir a linguagem e é capaz de, a partir da exposição A trajetória do desenvolvimento da linguagem parece ser universal e contínua, passando pelos seguintes estágios: balbucio – produção de sons: vogais (3 4 meses); consoantes e vogais (em torno dos 6 meses); primeiras palavras – entre os 10 e 12 meses; enunciados de uma palavra – em torno dos 12 meses; crescimento vocabular grande – entre os 16 e 20 meses; fase telegráfica – primeiras combinações de palavras, entre os 18 e 20 meses; explosão vocabular – entre os 24 e 30 meses; Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 Regina Mara Malpighi Santos domínio das estruturas sintáticas e mor- pensamento, é mais prudente dizer que a linguafológicas – entre os 3 anos e 3 anos e gem influencia o pensamento e que um depende do outro. meio. As palavras e o modo como são combinadas Embora estudos (hipótese da relatividade servem para facilitar e expressar os pensamentos linguística) sugiram que a linguagem determina o do indivíduo. 5.1 Resumo do Capítulo A linguagem nada mais é do que as palavras escritas, gesticuladas e a maneira como é pensado e comunicado. Essa é vista em duas visões, cognitivista construtivista e a visão interacionista social. A primeira entende a aquisição da linguagem como dependente do desenvolvimento da inteligência da criança e a segunda defende que a interação social e a troca comunicativa são pré-requisitos básicos para a aquisição da linguagem. 5.2 Atividades Propostas Agora, finalizando este capítulo, responda às questões abaixo para verificar o seu aprendizado. 1. Como é formada a linguagem? 2. Fale sobre as diferentes visões sobre a linguagem. 34 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 6 EMOÇÕES Pode ser conceituada como qualquer agitação e transtorno da mente, do sentimento, da paixão. Robbins conceitua emoção como sendo um sentimento intenso direcionado a alguém ou a alguma coisa. É difícil de conceituar emoção, sentimento e humor, pois eles se fundem entre si. Sentimento seria a grande variedade de sensações que as pessoas experimentam; e humor são sentimentos que costumam ser intensos, mas não possuem um estímulo contextual. Atenção Apesar das emoções serem universais, elas dependem da cultura de cada país, assim temos que ficar atentos à cultura local, mesmo dentro do mesmo país. Empresas e organizações multinacionais costumam fazer um período de adaptação antes da transferência de um funcionário, para que não haja choque cultural. Veja só, demonstramos nossas emoções Por exemplo, em algumas culturas, não exisquando estamos felizes com alguma coisa, com raiva de alguma situação ou de alguém, com medo te tradução para saudade, ansiedade, depressão ou culpa. Os taitianos não têm uma palavra para de algo ou de alguém. tristeza e atribuem esse estado a uma doença físiPor vezes, temos de demonstrar emoções as ca. Em outros países, demonstrar simpatia pode ser quais não sentimos, que chamamos esforço emointerpretado como vulgar, sem educação. cional, quando temos que ser corteses, gentis e Caro(a) aluno(a), quantas emoções existem? atenciosos com os clientes, fingindo uma emoção Como são expressas? Isso mesmo, várias são as que não estamos sentindo naquele momento. emoções humanas e mostramos na maneira como Você sabia que as emoções podem ser clasexperimentamos a raiva, o medo e a felicidade. O sificadas? Isso mesmo, pode-se classificar as emomedo é uma emoção adaptativa, mas pode ser ções em genuína e demonstrada, positiva e negatitraumática. Embora pareçamos biologicamente va. As genuínas podem ser definidas como aquelas predispostos a adquirir medos. quando não conseguimos controlar nossos sentimentos, aquilo que mexe com a gente como um Saiba mais todo, algo que brota do nosso interior; como, por exemplo, quando sentimos a dor na perda de um A raiva é despertada com mais frequênente querido, quando sentimos alegria com o nascia por eventos que não apenas são fruscimento de uma criança, como é indescritível ver Saiba mais trantes ou insultuosos, mas interpretados o dom da vida, nos emocionamos. A emoção decomo intencionais, injustificados e evitámonstrada é aquela que não é inata e sim aprendiveis. da, desenvolvida por algum motivo, por exemplo, quando seu time de futebol ganha, quando um amigo é promovido no trabalho, mostramos um sentimento de felicidade, de realização que aprendemos a demonstrar. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35 Regina Mara Malpighi Santos A felicidade melhora a percepção do mundo e das pessoas e sua disposição ajuda a compreender outras pessoas. Algumas pessoas são mais felizes que outras, pela maneira diferenciada de ver o mundo, por serem pessoas otimistas, extrovertidas. pessoa interpreta e vivencia as emoções conforme a sua personalidade. Portanto, existe uma variedade muito grande de emoções (raiva, medo, alegria, tristeza, esperança, amor, ódio etc.), cada pessoa responde diferentemente a estímulos emocionais iguais, isto é, cada Pense como as emoções podem ser expressas no ambiente de trabalho? O quadro a seguir nos dá essa posição. A frequência e a duração das emoções também dependem das interpretações das pessoas, por exemplo, para falar em público, ser gentil Pode-se dizer que as emoções são reveladas têm que ser mais trabalhados, desenvolvidos por pelo corpo, tom de voz, afeições faciais e pelo com- pessoas que são mais introvertidas do que as exportamento, sendo que muitas das emoções são as trovertidas, as mulheres expressam mais as suas interpretações cognitivas de cada indivíduo, con- emoções do que os homens, com sorrisos, gestos, tendo mais facilidade nas aprovações sociais. forme a cultura e sociedade. Quadro 1 – Teoria dos eventos afetivos. Fonte: Robbins (2005). Pode-se verificar que as emoções ajudam a compreender tanto as alegrias quanto os aborrecimentos do dia a dia, como também influenciam na satisfação e nos desempenhos ligados ao trabalho; deve-se dar importância aos indicadores das emoções mesmo que estes pareçam insignificantes. 6.1 Resumo do Capítulo Resumindo este capítulo, podemos dizer que as emoções são sentimentos intensos que expressamos a alguém ou a alguma coisa. As emoções podem ser variadas em intensidade, duração e frequência, podendo ser positivas e negativas, genuínas ou demonstradas. As emoções não podem ser separadas no ambiente de trabalho, porque essas fazem parte das pessoas, é da natureza humana. Elas são expressas de maneiras diferentes no ambiente organizacional, ajudando a melhorar o desempenho das pessoas, isto é, quanto mais a pessoa tem um trabalho complexo, uma tarefa difícil a ser desempenhada, menor será o nível emocional permitido para que não atrapalhe seu desempenho final. 36 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional 6.2 Atividades Propostas Caro(a) aluno(a), agora que finalizamos este capítulo, faça os exercícios propostos a fim de verificar o seu aprendizado. 1. Defina e classifique as emoções. 2. Cite exemplos de situações onde as emoções podem trazer uma melhoria de desempenho no trabalho. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 37 7 COMUNICAÇÃO o feedback é a indicação que a mensagem foi recebida. Querido(a) aluno(a), Neste capítulo, veremos a importância da comunicação e como suas falhas geram conflitos, e Ao contrário do que certas pessoas pensam, como esses podem ser resolvidos ou amenizados. nem todos os problemas nas organizações são Para que o significado seja transferido, é pre- causados por comunicação deficiente; às vezes, as ciso que um emissor transmita uma mensagem e distorções na comunicação são propositadas e até funcionais. um receptor compreenda a mensagem. As comunicações não verbais podem ser mais influentes do que a variedade verbal; homens e mulheres geralmente conversam por razões diferentes e criam dificuldades de comunicação entre os sexos e a comunicação intercultural é um dos Ela pode ser de dois tipos: interpessoal e or- maiores desafios no ambiente atual de globalização. ganizacional. A comunicação não se limita meramente à fala e pode assumir diversas formas, como, por exemplo, memorandos, e-mails, boletins, apresentações visuais ou símbolos e mensagens não verbais. A comunicação interpessoal ocorre entre duas pessoas, seja face a face ou em contextos de grupos nos quais as partes são tratadas como indivíduos e não como objetos. Esse tipo de comunicação é diferente da comunicação organizacional, que abrange a comunicação entre vários indivíduos ou grupos. Veja, a seguir, como acontece o processo de comunicação: a fonte de comunicação é o emissor, quem fala; a codificação é um pensamento ou mensagem em uma forma simbólica; a mensagem é o produto físico concreto da codificação da fonte; o canal é o meio pelo qual a mensagem viaja; a decodificação é a tradução em uma forma que o receptor possa entender; o receptor é a quem a mensagem é dirigida; A comunicação é uma fonte conveniente de culpa em relacionamentos e organizações. Muitas pessoas atribuem tudo o que acontece a um problema de comunicação, porque é muito doloroso enfrentar o problema real – a incompetência. Saiba mais Problemas de comunicação são, na verdade, diferenças de valor. É claro que a má comunicação pode trazer o desastre para os negócios. Mas, o que é atribuído Saiba mais a problemas de comunicação pode, na verdade, ser provocado por alguma outra coisa: as ações do indivíduo. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 39 Regina Mara Malpighi Santos Por vezes, interessa a uma ou a ambas as partes envolvidas em uma comunicação evitar a clareza. Esse procedimento pode ajudar uma pessoa nos seguintes sentidos: minimizar os questionamentos; agilizar a tomada de decisões; reduzir as objeções; negar aquilo que se declarou anteriormente; mudar de opiniões; preservar a “atmosfera”; ocultar inseguranças; soais tenham reduzido a importância da comunicação não verbal, a maioria das comunicações interpessoais nas organizações ainda acontece face a face. As ações falam mais alto do que as palavras. Quando as insinuações não verbais de um gerente são condizentes com a mensagem verbal, elas reforçam a mensagem. Mas, quando são incompatíveis, podem gerar confusão para o receptor. O que você acha, homens e mulheres possuem estilos de conversação diferentes? Essas diferenças podem gerar barreiras de comunicação? Isso vai depender do contexto, da abordagem utilizada. dizer várias coisas ao mesmo tempo; Para alguns homens, as conversas são basicamente um meio para preservar a independência e dizer “não” diplomaticamente; manter status hierárquico. Enquanto, para muitas evitar o confronto e a ansiedade. mulheres, as conversas são negociações de proximidade nas quais tentam obter e dar confirmação Embora o telefone, o voice mail, o e-mail, as e apoio. conferências eletrônicas, fax e comunicadores pes- 7.1 Comunicação Intercultural Quatro fatores interculturais podem bloquear a comunicação: existem barreiras provocadas pela semântica. As palavras significam coisas diferentes para pessoas diferentes, particularmente para pessoas de culturas nacionais diferentes; as conotações das palavras podem gerar barreiras. Simplesmente as palavras insinuam coisas diferentes em línguas diferentes; as barreiras podem ser criadas por diferenças de tom. Em certas culturas, a linguagem é formal; em outras, é informal; 40 as diferenças entre percepções podem erigir barreiras porque as pessoas que falam línguas diferentes veem, de fato, o mundo de maneiras diferentes. Atenção Devemos ter cuidado com a comunicação: Não utilizar letras maiúsculas em toda a mensagem. Podemos expressar nosso estado de espírito através de emotions: :) = sorriso; :-e = desapontado; :’( = choro. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional 7.2 Comunicação Eficaz Desconsiderando as habilidades de audição, muitas pessoas confundem escutar com ouvir. Escutar é apenas captar vibrações sonoras. Ouvir é compreender aquilo que escutamos. A audição ativa exige que se entenda a comunicação a partir do ponto de vista do emissor. fazer acenos afirmativos com a cabeça e expressões faciais apropriadas. Ouvintes eficazes mostram interesse naquilo que está sendo dito; Uma vez que a pessoa comum fala a um ritmo de 125 a 200 palavras por minuto e o ouvinte comum consegue compreender até 400 palavras por minuto, o ouvinte ativo trabalha para preencher esse tempo ocioso das seguintes maneiras: concentrando-se intensamente no que o orador está dizendo, aceitando aquilo que está sendo dito, ouvindo sem julgar o conteúdo e assumindo a responsabilidade pela integridade da informação. fazer perguntas. Isso esclarece a mensagem do orador e mostra que o gerente está interessado; Veja, a seguir, algumas formas de melhorar as habilidades de comunicação: fazer contato visual. Os oradores julgam o interesse do gerente por seus olhos; evitar ações ou gestos distraídos. Essas ações são rudes; paráfrase. Significa reafirmar aquilo que o orador disse; evitar interromper o orador. Significa deixar o orador concluir antes de tentar responder; não falar demais. Gerentes que falam demais não conseguem ouvir efetivamente; fazer transições suaves entre os papéis de orador e de ouvinte. Isso promove a continuidade da conversa. 7.3 Resumo do Capítulo Neste capítulo, vimos que a comunicação faz parte de um processo para que duas pessoas possam se comunicar. Observamos que a comunicação deve ser clara, objetiva e de preferência minimizar ou diminuir as interferências entre o dialogo. Muitas vezes, os conflitos são gerados, pois as pessoas não prestam atenção no que o emissor está falando e responde o que pensa e não o que foi perguntado. Com o avanço da tecnologia, a comunicação sofreu algumas interferências positivas e negativas, onde reuniões podem ser realizadas em partes das organizações sem que as pessoas se desloquem do seu lugar; quando, por exemplo, existem filiais, as pessoas podem fazer contatos por e-mail, redes, videoconferências, ajudando a minimizar os custos e prazos para as empresas. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 41 Regina Mara Malpighi Santos 7.4 Atividades Propostas Agora, vamos realizar alguns exercícios, a fim de fixar o conteúdo. 1. Qual o processo da comunicação? Descreva-o. 2. Como a comunicação pode ser melhorada para se tornar eficaz? 42 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 O INDIVÍDUO E A ORGANIZAÇÃO A subjetividade do indivíduo é construída e Prezado(a) aluno(a), Quando se estuda o desenvolvimento do reconstruída no jogo das relações sociais e, assim, homem como indivíduo isolado, não é possível indivíduo e sociedade constituirão uma mesma despregá-lo da complexa rede de relações que se realidade, da qual o indivíduo é uma expressão mais particular e a sociedaestabelece entre o indivíde é uma expressão mais duo e a sociedade, pois a Dicionário geral de uma mesma reasociedade é a construção lidade. do homem, realizada atraSubjetividade é entendida como o espaço íntiNa sociedade em vés das objetivações humo do indivíduo (mundo interno) com o qual ele se relaciona com o mundo social (mundo que vivemos, somos levamanas, do trabalho sobre externo), resultando tanto em marcas singulados a pensar e agir como se a natureza, no sentido de res na formação do indivíduo quanto na consfôssemos, cada um de nós, transformá-la para suprir trução de crenças e valores compartilhados na pessoas únicas e isoladas, necessidades básicas, madimensão cultural, que vão constituir a experiência histórica e coletiva dos grupos e popuabsolutamente originais, teriais e espirituais. lações. desligadas e separadas do Essa sociedade, por que convencionamos chasua vez, atua sobre o prómar de “social”, uma coisa prio homem, constituindo-o, modificando-o, transformando-o. Assim, o ho- tão abstrata que nem sabemos o que significa. Cada vez mais, somos estimulados pela nemem constrói e é construído, cria e é recriado no curso de relações sociais estabelecidas historica- cessidade de demonstrar uma originalidade, um brilho pessoal, um toque único, um charme espemente. Quando se pensa em um indivíduo, Maria, cial e sem concorrentes. Ao mesmo tempo, somos Joana ou João, não se pode representá-lo como atraídos pelas promessas da felicidade que estaum indivíduo único, isolado, independente de suas riam ocultas nessa possibilidade individual. condições objetivas, materiais, sociais e culturais. 8.1 Fundamentos do Comportamento Individual Como vimos nos capítulos anteriores, o objetivo principal da psicologia é conhecer o ser humano. Essa meta só pode ser alcançada por meio da pesquisa do comportamento, isto é, pesquisar o comportamento humano dentro da empresa ou da organização onde as ações de uma pessoa são janelas, através das quais é possível observar e analisar sua personalidade. mento diferentes maneiras de ser e de agir, embora conserve sua identidade básica por toda a vida. Cada modo de ser e de agir pode se transformar em objeto de pesquisa que poderá servir de estudo. A Psicologia Organizacional caracteriza-se pelo desenvolvimento e a aplicação de princípios científicos no ambiente de trabalho e pode ser diO indivíduo apresenta em seu desenvolvi- vidida em dois campos: Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 43 Regina Mara Malpighi Santos zando critérios definidos pela organização, como: características de personalidade, valores e sentimentos. O objetivo da área de seleção é atender à demanda da organização, admitindo indivíduos que se moldem a ela e que se integrem à sua filosofia sem questionamentos. avaliação de deNosso comportamento geralmente é sempenho; Esse processo de ademotivado pelo desejo de alcançar algum quação exige um trabalho b) Psicologia Orgaobjetivo. Nem sempre as pessoas têm junto aos indivíduos no nínizacional: inteconsciência dos seus objetivos. Os imvel psicológico, que se enressa-se pela conpulsos que determinam nossos padrões Saiba mais comportamentais (“personalidade”) são, tende como uma tentativa duta no trabalho, em grande parte, subconscientes, o que de mudança de valores, de nas relações endificulta sua análise e avaliação. aceitação dos objetivos da tre os grupos, nas organização e da sua filorelações de todos sofia, como sendo parte do com a estrutura e prazer e a própria razão de função geral da organização em que os indivíduos tra- ser do indivíduo. balham. Estuda a inter-relação dos indiEle precisa acreditar que a sua realização pesvíduos na empresa e as diversas variáveis soal está intimamente relacionada com a satisfaque interferem nesse intercâmbio de es- ção das necessidades da organização. É necessário, trutura e comportamento. dentro dessa perspectiva da Psicologia aplicada à a) Psicologia Industrial: desenvolveu-se a partir da perspectiva de gerenciamento da eficiência organizacional. Enfatiza a eficiência no projeto de tarefas, seleção e treinamento Saiba mais de funcionários e Administração, que o indivíduo desloque a satisfaA Psicologia Organizacional usa técnicas e ção dos seus desejos para a realização dos objetiinstrumentos que atuam a partir da seleção, utili- vos da organização. 8.2 Atitudes, Valores, Percepção e Aprendizagem Veremos, agora, alguns conceitos importan- uma imagem favorável da empresa a ser passada tes para a organização, para o indivíduo e para a com novos desafios, valores frente à situação, muisociedade onde o indivíduo está inserido, e como to provavelmente já decretou o fracasso dessa reo comportamento e os valores mudam de geração união. a geração e o que isso significa nas organizações. Tudo depende do enfoque dado, da motivaObserve que nós não tomamos atitudes, ção e da percepção que se passa aos demais, isto é, quanto a comportamentos ou ações, e sim desen- as atitudes ditam o comportamento. Por exemplo, volvemos atitudes quanto você não gosta dos rapazes a crenças, opiniões e valoe moças que conversam ou Dicionário res em relação aos objetos fazem piadinhas durante do meio social. o expediente de trabalho Atitude pode ser conceituada como o modo (atitude negativa), mas como o indivíduo se comporta no meio social e O Senhor X convoca nos outros, como esse organiza as informações, terá que conviver com eles uma reunião importante relacionando-as com afetos, positivos ou negaporque fazem parte do sobre a companhia. Se nestivos, e desenvolvendo suas ações, favoráveis mesmo departamento. sa reunião o líder, o execuou desfavoráveis, em relação aos objetos, coisas ou pessoas (ROBBINS, 2005). tivo não tiver uma atitude, 44 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional Para evitar uma tensão constante, que levaria a um conflito, você terá que descobrir certos aspectos positivos neles: são pessoas que descontraem o ambiente, são populares entre os demais (atitude positiva). Atenção A atitude possui três componentes importantes: Cognitivo: formado pelos pensamentos, crenças a respeito de um objeto ou pessoa. Afetivo: sentimentos de atração ou repulsão. Comportamental: representado pela tendência de reação da pessoa em relação ao objeto da atitude. Você já deve ter reparado que pessoas mudam de atitudes para não contradizer as ações anteriores, isso porque as pessoas buscam consistências em suas próprias atitudes e seus comportamentos. Portanto, toda pessoa se esforça para ter o mesmo comportamento com ela mesma e com o ambiente onde se está inserido, que a rodeia. Quando há discrepância entre a atitude e o comportamento de uma pessoa, pode-se dizer que há uma dissonância cognitiva, isto é, há uma inconsistência no comportamento. Pode ser exemplificado quando sugerimos ou mandamos alguém ter um comportamento e nós mesmos temos outro, pais que mandam os filhos escovarem os dentes após as refeições, mas eles mesmos não o fazem. Sistema de valores é a importância que é atribuída à hierarquia de valores, tais como: liberdade, prazer, autorrespeito, honestidade e justiça. Os valores são importantes para estabelecer a base para a compreensão das atitudes e da motivação, além de facilitar nossa percepção (ROBBINS, 2005). Esse sistema de valores varia de indivíduo para indivíduo, depende do meio social da criação e difere de cultura para cultura. Dicionário Valores: modo específico de conduta ou condição de existência, baseado naquilo que o indivíduo acredita ser correto, bom ou desejável (ROBBINS, 2005). Veja, no quadro a seguir, dois conjuntos de valores e seus exemplos: Quadro 2 – Sistema de valores. VALORES TERMINAIS (desejos) Vida confortável Vida emocionante Harmonia interior Reconhecimento social VALORES INSTRUMENTAIS (meios) Ambição Mente aberta e ativa Ousadia, criatividade Cortesia, boas maneiras Fonte: Adaptado de Robbins (2005, p. 55). Os valores são importantes porque são eles que dão a base para a compreensão das atitudes e das motivações, o que pode ou não ser feito e de que maneira fazer. É lógico que a compreensão dos valores varia conforme o indivíduo, onde esse tem uma cultura, conforme a sua criação. nizam e interpretam suas atitudes conforme suas percepções, podendo ser distorcidas da realidade. O comportamento baseia-se na percepção e não na realidade. Empresas investem em cursos de remodelagem de atitudes, onde o funcionário é levado a fazer uma autoavaliação, autoexame étPercepção: processo pelo qual os indivíduos nico e cultural dos valores, atitudes e percepções organizam e interpretam suas impressões senso- variadas. riais, com a finalidade de dar sentido ao ambiente Todos nós temos uma necessidade de enconem que vivem (ROBBINS, 2007). trar nosso caminho no labirinto da vida e atingir o Muitos funcionários consideram injusto o sa- sucesso nesses tempos de mudança, nossas atitulário baixo, reivindicam condições melhores, orga- des revelam o que somos. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 45 Regina Mara Malpighi Santos Pessoas julgam umas as outras, dentro e fora das organizações. Na maneira de agir, de ser, de trabalhar, de executar ordens. Não conseguimos perceber tudo o que se passa a nossa volta, mas assimilamos aquilo que nos interessa, conforme nossos conhecimentos, experiências e atitudes. mentos favoráveis tendem a ser repetidos, aqueles que recebem recompensa, como um sorriso, dinheiro, elogios e promoções; porém, se você recebe críticas por suas ideias, não voltará a expressá-las. Observe que podemos aprender através de Aprendizagem: qualquer mudança relativa- modelos, da observação de comportamentos de mente permanente no comportamento resultante pessoas que se admira, que se destacam, que são bem-sucedidas e respeitadas por seu comportade uma aprendizagem (BERGAMINI, 2005). Todo comportamento alterado por mudan- mento em organizações, escola, faculdade ou ouças gera responsabilidade e produção. Comporta- tros meios. 8.3 Resumo do Capítulo Neste capítulo, vimos conceitos importantes que ajudam a compreender melhor a sociedade e a construção do homem, onde essa é realizada através das objetivações humanas, do trabalho sobre a natureza, no sentido de transformá-la para suprir necessidades básicas, materiais e espirituais. Juntamente a esse processo, a cultura, a sociedade, a base de sua criação fazem a diferença nas atitudes, percepções, valores e aprendizagem do indivíduo. Observa-se, também, que esse responde ao meio no qual está inserido conforme aquilo que foi interiorizado, conforme a sua personalidade e sua conduta moral. 8.4 Atividades Propostas Agora, vamos responder a alguns questionamentos para revisão do capítulo: 1. O que é dissonância cognitiva? 2. Conceitue atitudes. 3. Qual a importância dos valores? 46 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 TEORIA DA MOTIVAÇÃO uma meta determinada para a concretização dos seus esforços. Prezado(a) aluno(a), Quando se fala em direção de uma motivaNeste capítulo, veremos um dos assuntos mais pesquisados e estudados no comportamento ção, refere-se à escolha de um comportamento humano, a motivação. como, por exemplo, poderíamos ligar para a empresa e falar que estamos doentes e ficar em casa vendo televisão ou algo do tipo. Dicionário A intensidade (ROBBINS, 2005) se refere a quanto esforço a pessoa despende, por exemplo, em um determinado relatório da empresa, posso me empenhar na realização, fazendo meticulosamente, observando detalhes ou simplesmente exeMuitas empresas procuram pessoas para tra- cutar de qualquer maneira. balhar em conjunto, em equipe para melhorar deA persistência diz respeito ao engajamento sempenhos, mas é o talento humano que dá a vida, em um determinado tipo de comportamento ao ânimo e motivo para melhorar o desempenho or- longo do tempo (SPECTOR, 2005), fazer hora extra ganizacional. para concluir determinada tarefa. Motivação pode ser conceituada como o processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para alcançar determinada meta. O maior dos desafios das organizações é a Existem várias teorias sobre motivação no tramotivação. Como manter uma pessoa confiante, balho: hierarquia das necessidades, Teoria dos dois firme e comprometida no alcance dos objetivos? É fatores, Teoria ERC ou ERG (significa existência, relaisso que este capítulo irá tratar. cionamento e crescimento), ambas as teorias estão Quanto de disposição para fazer alguma coi- preocupadas com como o comportamento está sa o indivíduo tem, se há empenho, necessidade e voltado para a satisfação de suas necessidades. 9.1 Teoria das Hierarquias das Necessidades de Maslow Segundo Robbins (2005), a teoria mais conhecida sobre motivação é a teoria das hierarquias das necessidades de Maslow, que se divide em cinco necessidades: fisiológicas: fome, sede, abrigo, sexo e outras necessidades corporais; sociais: afeição, sensação de pertencer a um grupo, aceitação, amizade; estima: fatores internos, como respeito próprio, autonomia e realização; autorrealização: tudo aquilo que se é capaz de ser, crescimento, conquistas e autodesenvolvimento. segurança: segurança e proteção contra danos físicos e emocionais; Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 47 Regina Mara Malpighi Santos Para Maslow, as necessidades estão em escala de pirâmide, sendo que as primeiras necessidades são de níveis baixos e satisfeitas externamente (fisiológicas) e as do topo da pirâmide são de nível alto e são satisfeitas internamente (autorrealização). Pirâmide de Maslow Uma pessoa faminta, por exemplo, não se preocuparia com o perigo e talvez se arriscasse a roubar comida, mesmo sabendo das consequências, mas precisaria satisfazer a suas necessidades primárias, a fome. http://www.mundoeducacao.com.br/psicologia/maslowas-necessidades-humanas.htm Processo básico da motivação 9.2 Teoria dos Dois Fatores (Herzberg) Robbins (2005) conceitua a teoria dos dois fatores, também chamada higiene e motivação, como a relação de uma pessoa com o trabalho e essa atitude pode determinar o sucesso ou o fracasso, isto é, os fatores que levam à satisfação no trabalho são diferentes e separados daqueles que levam à insatisfação. Os fatores que levam à satisfação no trabalho são distintos e isolados daqueles que geram insatisfação. Herzberg definiu como fatores higiênicos que afetam o trabalho: qualidade de supervisão, 48 remuneração, políticas de organização, condições físicas de trabalho, relacionamento com colegas, segurança no emprego. Fatores motivacionais que afetam a satisfação no trabalho: oportunidade de promoção, oportunidade de crescimento pessoal, reconhecimento, responsabilidade, realização. Assim como a teoria da hierarquia de necessidade, essa também tem quem a conteste sobre o ponto de vista metodológico, sendo questionável quanto à produtividade e à satisfação. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional 9.3 Teoria ERG (Clayton Alderfer) Você já deve ter notado que diferentes pesquisadores trabalharam em cima da teoria das necessidades de Maslow para falar sobre motivação. Alderfer revisou a teoria e a alinhou em três grupos, que chamou: existência, relacionamento e crescimento. Grupo de existência se refere a requisitos materiais básicos, fisiológicos e de segurança. Relacionamento seria o desejo de relações interpessoais; e o de crescimento é o desejo intrínseco de desenvolvimento pessoal. Atenção Assim como na Teoria de Maslow, essa também traz uma dimensão de frustração e regressão, isto é, quando uma necessidade é frustrada, cresce o desejo de atender a outra necessidade de nível mais baixo. As variáveis, como educação, antecedentes familiares e ambiente cultural, são de grande importância para a satisfação das necessidades do ser humano. 9.4 Teoria da Equidade Para Chiavenato (2005), a teoria da motivação está relacionada com o processo motivacional. Desenvolvida por Adams, ela compara as entradas e os resultados de seu trabalho com os de outros funcionários e respondem de maneira que elimine quaisquer injustiças. As pessoas fazem comparações entre o seu trabalho, as entradas, como esforço, experiência, educação, competência, com os resultados obtidos, como a remuneração, reconhecimento, aumento, e com o de outras pessoas. A comparação produz uma percepção de que essas relações são iguais, o que é chamado de equidade. Quando essas comparações são desiguais, segundo a percepção das pessoas, essas experimentam uma tensão negativa que conduz à necessidade de uma ação corretiva. Observe que, assim como você, outras pessoas também já podem ter se comparado a um vizinho, amigo ou mesmo um colega no trabalho, quanto à tarefa executada, a remuneração inferior, o tempo de serviço prestado à empresa. Essas comparações podem ser feitas na própria experiência do indivíduo dentro da organização, fora da organização e com outros indivíduos da mesma organização. Saiba mais A maioria das teorias motivacionais foi desenvolvida nos Estados Unidos. No entanto, devemos observar a diferença Saiba mais e cultural, as características individuais as conquistas materiais como fatores importantes para cada país e sua região. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 49 Regina Mara Malpighi Santos Para finalizar este capítulo, temos que lem- a satisfação dos funcionários. As teorias apresentabrar que diferentes programas têm sido implanta- das aqui servem para compreender ou tentar eludos nas empresas para aumentar a produtividade e cidar a motivação nos comportamentos humanos. 9.5 Resumo do Capítulo Nos dias atuais, tem se observado que um dos grandes desafios é a motivação. O que pode motivar um indivíduo pode não ser o suficiente para motivar outro, pois a motivação depende de variáveis que são inerentes a cada indivíduo, como necessidade, meta, emoção, e, como vimos neste capítulo, tem a ver com a direção, intensidade e a persistência de cada um frente ao que se pretende. Diferentes visões falam da motivação, para Maslow, as necessidades estão em escala de pirâmide, sendo que as primeiras necessidades são de níveis baixos e satisfeitas externamente e as do topo da pirâmide são de nível alto e são satisfeitas internamente. A teoria ERC está voltada para a satisfação de suas necessidades, mas essa pode ser feita em grupos e não uma de cada vez. Herzberg defende como fatores higiênicos que afetam o trabalho e os motivacionais que afetam a satisfação no trabalho. A Teoria da Equidade fala sobre as comparações do indivíduo. 9.6 Atividade Proposta Agora que terminamos este capítulo, realize este exercício: O que as pessoas querem do seu trabalho? Avalie os 12 fatores abaixo de acordo com a importância que cada um tem para você. Coloque a nota de 1 a 5 na linha que vem antes de cada fator conforme o índice: _____ 1. Trabalho interessante. _____ 2. Um bom chefe. _____ 3. Reconhecimento pelo trabalho que faço. _____ 4. Oportunidade de progredir. _____ 5. Uma vida pessoal satisfatória. _____ 6. Um cargo de prestígio. _____ 7. Responsabilidade profissional. _____ 8. Boas condições de trabalho. _____ 9. Regras, regulamentos, procedimentos e políticas organizacionais sensatas. 50 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional _____ 10. Oportunidade de crescer por meio de aprendizado de coisas novas. _____ 11. Um trabalho que possa fazer direito e com o qual possa obter sucesso. _____ 12. Segurança no emprego. Este questionário enfoca as dimensões da teoria dos dois fatores de Herzberg. Para determinar se são os fatores higiênicos ou os motivacionais os mais importantes para você. Coloque a sua pontuação de 1 a 5 diante dos fatores abaixo, de acordo com as respostas dadas. Fatores higiênicos Fatores motivacionais 2. _____ 1. _____ 5. _____ 3. _____ 6. _____ 4. _____ 8. _____ 7. _____ 9. _____ 10._____ 12. _____ Total de pontos _____ 11._____ Total de pontos _____ Some os pontos de cada coluna. Qual tipo de fatores você escolheu como mais importante? Você pode comparar a sua resposta com a de seus colegas e verificar: a) As pontuações são parecidas? b) O que o motiva mais? Por quê? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 51 10 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL dem ser administrados ou autodirigidos, permanentemente ou temporariamente. Um dos fatores Neste capítulo, veremos alguns conceitos chaves para o desenvolvimento é a relação dos fundamentais e sua aplicabilidade no comporta- grupos, onde várias estratégias são usadas para melhorar o desempenho do grupo, estabelecer atimento do indivíduo dentro das organizações. vidades, melhorar e consolidar a equipe e diminuir Os grupos se formam porque seus membros conflitos disfuncionais e culturais. têm necessidades, metas e interesses em comum, assim como proximidades física e cultural. Eles poCaro(a) aluno(a), 10.1 Diferenças entre Grupos e Equipes Equipes dividem-se em: Grupo: indivíduos que interagem basicamente para compartilhar informações e tomar decisões a fim de ajudar no desempenho de responsabilida soluções de problemas: indivíduos que de. se reúnem durante algumas horas Os grupos podem ser classifiDicionário cados em: por semana para discutir formas de Equipe: quando os esforços individuais resultam em um nível de desempenho maior do formal: grupo de trabalho melhorar a qualique a soma das contribuições individuais. definido pela estrutura da dade, a eficiência organização; e o ambiente de informal: grupo que não trabalho; é estruturado formalmente nem deter trabalho autogerenciadas: pessoas que minado pela organização, ele surge em assumem muitas das responsabilidades resposta à necessidade de contato social; de seus antigos chefes.; comando: é composto por um chefe e multifuncionais: funcionários do mesmo seus subordinados imediatos; nível hierárquico, mas de diferentes seto tarefa: é formado por pessoas que se reúres da empresa, que se juntam para cumnem para executar uma determinada taprir uma tarefa; refa; virtuais: usam a tecnologia da informáti interesse: pessoas que se reúnem para ca para reunir seus membros, fisicamenatingir um objetivo comum; te dispersos, permitindo que eles atinjam amizade: pessoas que se reúnem por um objetivo comum. compartilharem características em comum. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 53 Regina Mara Malpighi Santos 10.2 O Grupo e sua Estrutura Você já deve ter percebido que funcionários Os membros do grupo podem ter estruturas que modelam o comportamento e entre as variá- de uma empresa não criticam seus chefes em público ou que quando um time está jogando não veis que interferem no desempenho. Todos nós, assim como em uma peça de tea- se questiona o lance, porque isso ocorre? Por que existem normas! tro, podemos desempenhar diferentes papéis na sociedade em que vivemos. Dicionário Dicionário Normas são padrões aceitáveis de comportamento que são compartilhados por todos os membros do grupo. Papéis são um conjunto de padrões comportamentais esperados, atribuídos a alguém que ocupa uma determinada posição em uma unidade social. Observe, a seguir, as classes comuns de norAssim como você e eu, o elemento X pode desempenhar n papéis como funcionário de uma empresa, como membro de gerência de nível médio sendo engenheiro elétrico. Fora da instituição é marido, pai e músico por hobby. Quando as pessoas trocam de papéis, elas precisam ter identidade do papel, que são determinadas atitudes e comportamentos efetivos consistentes com um papel, isto é, um executivo deve ter atitudes e comportamentos coerentes com o cargo que ocupa para ter credibilidade e confiança de seus funcionários e quando sai da empresa pode, por exemplo, ir jogar futebol com os colegas, pois aí ele troca de identidade e passa a ser colega de futebol e não mais o líder, o executivo da empresa. Portanto temos que atentar para: percepção do papel: visão que temos sobre como devemos agir em uma determinada situação; expectativas do papel: a forma como os outros acreditam que devemos agir em uma determinada situação; conflito de papéis: uma situação em que um indivíduo se confronta com diferentes expectativas associadas aos papéis que desempenha. 54 mas: normas de desempenho: são orientações quanto ao quê realizar e como realizar; normas de aparência: são os aspectos de lealdade ao grupo ou à organização (exemplo: uniforme); normas de organização social: aquilo que é original ao grupo nas interações sociais (exemplo: amizade fora da empresa e profissionalismo na empresa); normas de alocação de recursos: são os aspectos originais ao grupo, como ferramentas necessárias para desempenhar as tarefas, por exemplo, realizei o trabalho proposto, recebo pelo que fiz. Portanto, todas as pessoas desfrutam de um comportamento, mesmo em grupos pequenos, com papéis, direitos e normas para diferenciar dos demais membros. O que as diferencia? O Status que ocupa a posição social definida ou atribuída pelas pessoas a um grupo ou a membros de um grupo é um motivador importante, quanto ao poder que uma pessoa exerce sobre as outras, sobre a capacidade de uma pessoa contribuir para as metas do grupo e as características individuais de um indivíduo. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional é apresentado em uma tela de projeção instalada na sala. Saiba mais O status varia entre culturas. Difere em relação aos critérios que o determinam e, geralmente, é relacionado ao nome Saiba mais de família, posição dentro de uma organização, vinculado também a conquistas pessoais, a títulos e à genealogia. Observe que, nesse momento de transição de valores e permeando essa intensa mudança organizacional, o reconhecimento da educação como base do processo de aprendizagem é muito importante, pois o ser humano aprende com suas interações, suas relações o possibilitam a mudar, alterar e principalmente a transformar situações e melhorar as organizações. As organizações são vistas como um todo Entendemos por coesão o grau em que os em processo de transformação e assimilação. As membros são atraídos entre si e motivados a permanecer como grupo. As medidas para estimular a pessoas criam diferentes vínculos e as mudanças coesão do grupo podem ser: acontecem também nas relações entre o coletivo e o individual. reduzir o tamanho do grupo; Muitas mudanças são decorrentes da alte estimular a concordância sobre os objeti- ração nas estruturas organizacionais, antes muito hierarquizadas (estrutura vertical) e com o uso das vos do grupo; tecnologias da informação e comunicação acon aumentar o tempo que os membros do tece essa ruptura no processo de comunicação e grupo passam juntos; as estruturas passam a ser vistas pela perspectiva aumentar o status do grupo e a dificulda- horizontal. de percebida para a admissão nele; As organizações estão se tornando muito estimular a competição com outros gru- mais pluralistas e abertas. O cliente ganha o papel pos; fundamental e participa contribuindo diretamente dar recompensas ao grupo, em vez de nas políticas internas e externas das organizações. recompensar seus membros individualIsso ocorre, pois existem valores de comum mente; acordo, respeito a todos e, por suas opiniões diferenciadas, liberdade de escolha, expressão e reu isolar fisicamente o grupo. nião, igualdade e justiça. Destacamos a importância do perfil singular de cada pessoa e a pluralidade A forma mais comum das tomadas de decie de preservar a diversidade, seja ela cultural ou são ocorre na interação dos grupos e o modo como educacional. esses membros se interagem pessoalmente, onde esses grupos promovem a autocensura e pressionam membros a dar suas opiniões. Saiba mais O Brainstorming é praticado por um grupo onde se sentam a uma mesa de seis a doze pessoas, Nas organizações do terceiro milênio, o líder expõe o problema de maneira clara, dentro são as pessoas que fazem a diferença. O de um tempo estabelecido, grupo deve gerar o capital intelectual das organizações está maior número de alternativas possíveis. Brainstorcentrado no conhecimento das pessoas. ming é um processo de geração de ideias. Resgata-se a soma das competências e habilidades de cada Saiba um. Omais resultado Hoje, com a tecnologia sofisticada, a tomada dessa soma de todos é maior que a próde decisão é chamada de reunião eletrônica, onde pria organização. cada indivíduo tem a sua ferramenta de trabalho, as questões são expostas e os participantes digitam a resposta em seus terminais, assim como os votos, os comentários são individuais e o resultado Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 55 Regina Mara Malpighi Santos 10.3 Resumo do Capítulo Neste capítulo, vimos as diferenças entre grupo e equipe e sua importância para as organizações. Observamos também que todo ser humano aprende com suas atitudes, que uma pessoa pode ter papéis diferenciados dentro da sociedade onde está inserida. Normas e status se fazem necessários para uma sociedade ou organização, muitas vezes o indivíduo necessita readaptar os seus próprios conceitos para viver em harmonia. Na tomada de decisões, temos que ter uma percepção satisfatória do todo e não somente do papel e do status que se desempenha, pois a satisfação deve ser intuitiva ao grupo que se dirige, dessa forma, a participação do grupo e a habilidade dos membros minimizam os conflitos nas atitudes tomadas. 10.4 Atividades Propostas Caro(a) aluno(a), Para finalizar este capítulo, responda ao solicitado nas questões, para fixar o conteúdo. No final da apostila, você poderá conferir a sua performance. 1. Qual a principal diferença entre grupo e equipe? 2. Identifique três papéis que você desempenha. Quais os comportamentos esperados? Alguns desses papéis são conflitantes entre si? Explique. 56 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 MUDANÇA ORGANIZACIONAL Querido(a) aluno(a), Como você reage a mudanças? Com ressalvas? Dúvidas? Assim como para mim e você, sair da zona de conforto pode trazer sofrimento, dúvidas. Mudança é fazer as coisas de maneira diferente. Mudança planejada é quando as atividades são intencionais e orientadas para resultados. Seu objetivo é melhorar a capacidade da organização de adaptar-se às mudanças em seu ambiente e de mudar o comportamento dos funcionários. as lutas pelo poder dentro da organização determinarão a velocidade e o volume das mudanças. Multimídia O livro Quem mexeu no meu queijo? (Who Moved My Cheese?, original em inglês), do Dr. Spencer Johnson, fala com uma abordagem interessante sobre mudanças de comportamentos. Pessoas que atuam como catalisadores e assumem a responsabilidade pela administração das atividades de mudança são os agentes de mudança. Observe que as percepções, personalidades e necessidades dos indivíduos afetam a disponibiExistem algumas formas de resistência à mu- lidade para a mudança. Os motivos pelos quais os dança. São elas: indivíduos podem resistir à mudança podem ser classificados como: aberta e imediata: através de reclamações, ações de rebeldia no trabalho; Hábito: para lidar com as complexidades implícita e protelada: quando há perda da vida cotidiana, recorremos a hábitos de lealdade, perda de motivação, auou respostas programadas. Quando somento dos erros e defeitos, aumento do mos confrontados pela mudança, essa absenteísmo por questões de saúde. tendência de reagir de acordo com moAlgumas mudanças têm a sua política e devem ser vistas quanto aos seguintes aspectos: o ímpeto para a mudança costuma vir de agentes externos; os agentes internos de mudança sentem-se ameaçados pela possibilidade de perda de status na organização; aqueles que detêm poder a mais tempo tendem a implementar apenas mudanças marginais; dos habituais torna-se fonte de resistência; Segurança: as pessoas com grande necessidade de segurança resistem à mudança porque ela representa uma ameaça ao seu sentimento de segurança; Fatores Econômicos: é o medo de que as mudanças reduzam nossa renda; Medo do Desconhecido: as mudanças substituem o conhecido pela ambiguidade e pela incerteza; Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 57 Regina Mara Malpighi Santos Processamento Seletivo das Informações: os indivíduos moldam o mundo por meio de suas percepções. Uma vez que eles tenham criado esse mundo, ele resiste à mudança. Inércia de Grupo: mesmo quando os indivíduos desejam a mudança, as normas do grupo podem agir como barreiras; Dessa forma, os indivíduos processam seletivamente as informações para manter suas percepções inatas. Ameaça às Relações Estabelecidas de Poder: qualquer redistribuição de autoridade para a tomada de decisões pode ameaçar as relações de poder estabelecidas durante muito tempo na organização; As fontes organizacionais residem na própria estrutura da organização, suas resistências podem estar ligadas a: Inércia Estrutural: o processo de seleção, por exemplo, treinamento, socialização, descrições de cargos, regras e procedimentos. Quando uma organização precisa passar por mudanças, essa inércia estrutural atua como um contrapeso para manter a estabilidade; Ameaça à Especialização: mudanças nos padrões organizacionais podem ameaçar a experiência de grupos especializados; Ameaça às Distribuições Estabelecidas de Recursos: os que se beneficiam com a atual alocação de recursos muitas vezes são os mais ameaçados por mudanças que possam afetar as distribuições futuras. Você deve estar se questionando, como, en Foco Limitado de Mudança: as organiza- tão, se podem diminuir essas resistências? ções são compostas de subsistemas inElaborando estratégias como: realizar uma terdependentes e, por isso, não se pode auditoria antes de empreender qualquer mudança mudar um deles sem afetar os demais. importante, apresentar os aspectos valorizados da Dessa forma, o sistema mais amplo tende identidade organizacional com a mudança, realizar a anular as mudanças limitadas a subsis- em passos que possam ser alcançados, dar à mutemas; dança a cara e o jeito adequado à organização. 11.1 Resumo do Capítulo Hoje, com grandes avanços tecnológicos e com vários empreendimentos em diferentes segmentos, a necessidade de mudança faz-se mais necessária, pois o objetivo das mudanças é melhorar a capacidade da organização de adaptar-se ao ambiente e de mudar o comportamento dos funcionários. Toda mudança requer cuidados, tanto da organização quanto do funcionário, e deve ser realizada da maneira clara e objetiva, procurando minimizar as resistências. 58 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional 11.2 Atividades Propostas Para uma melhor fixação do capítulo, responda às questões abaixo: 1. Comente a frase: “A resistência à mudança não é de todo ruim.” 2. A idade do indivíduo pode afetar a resistência à mudança? Isso é verdade? Explique. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 59 12 LIDERANÇA líderes, a despeito do modo como atuam em seus cargos. Mas o mero fato de alguém ser visto como Muito se tem falado em liderança. Como con- líder formal em uma organização nem sempre quer quistá-la e mantê-la? Para isso precisa-se entender dizer que ele exerça liderança. Pense no fato, também, de que existem lío que é liderar? Quem liderar? Quando liderar? Essas e outras questões podem ser respondidas deres informais, que podem demonstrar liderança quando a liderança é um processo de influência; mesmo sem ocupar cargos formais de líderes. A liderança pode ser compreendida consinesse sentido, os líderes são indivíduos que, por suas ações, encorajam um grupo de pessoas rumo derando suas variáveis fundamentais: eficácia da liderança, características e estilo do líder, caraca uma meta comum ou compartilhada. O líder é o indivíduo; liderança é a função que terísticas do seguidor, comportamento do líder e o indivíduo executa. Os indivíduos de uma organi- contexto da liderança. Caro(a) aluno(a), zação que detêm autoridade são conhecidos como 12.1 Características e Estilo do Líder Quando se escolhe um candidato para repre- eficazes: inteligência, personalidade afável, grande sentar o povo, esse indivíduo tem perfil de líder efi- habilidade verbal, agressividade, compreensão e perseverança. Além disso, o modelo de atribuição caz? Possui características comuns? Os eleitores parecem pensar que sim, procu- da liderança propõe que as pessoas percebem os rando características de liderança em seus repre- líderes eficazes como coerentes e firmes em suas sentantes – tais como honestidade, determinação decisões. Os líderes devem aumentar a participação no e confiabilidade – e valendo-se dos debates na televisão como um indicador importante para saber grupo quando carecem de informações suficientes para resolver os problemas por si mesmos ou se os candidatos possuem esses atributos. Nos últimos anos, o que tem se mostrado é quando o problema não está claro e é necessária que os líderes eficazes compartilham traços co- ajuda para esclarecer a situação. A aceitação da decisão pelos outros é necesmuns, como ambição, energia, desejo de liderar, honestidade, integridade, autoconfiança, inteli- sária para uma implementação bem-sucedida disgência, conhecimento relevante ao cargo e perso- pondo-se de tempo adequado para permitir uma nalidade dotada de automonitoração, entretanto verdadeira participação. nenhum desses traços garante o sucesso do líder. Por outro lado, os líderes devem conceder A teoria da atribuição afirma que as pessoas menos controle e recorrer a comportamentos mais atribuem as características seguintes aos líderes unilaterais quando dispõem pessoalmente do coUnisa | Educação a Distância | www.unisa.br 61 Regina Mara Malpighi Santos nhecimento necessário para resolver o problema; quando têm confiança em si mesmo e são capazes de atuar por conta própria. veis como contratação, demissão, disciplina, promoções e aumentos de salário. É provável que os outros aceitem a decisão Fiedler concluiu que cargos altamente estrupor eles tomada, pois, assim, pouco ou nenhum turados e com forte posição de poder aumentam o tempo disponível sobrará para discussão. controle ou influência do líder. Agora, veremos algumas teorias que falam Outra teoria de liderança é a Teoria da meta sobre a liderança e sua importância nas organiza- e do caminho, desenvolvida por Robert House, ções. que argumenta que é função do líder ajudar os suA Teoria das contingências de Fiedler propõe que o desempenho eficaz do grupo depende do ajuste adequado entre o estilo do líder e o grau em que a situação propicia controle e influência ao líder. Segundo esse modelo, três variáveis controlam a eficácia da liderança. As relações líder-membro são determinadas pelo grau de intimidade, confiança e respeito dos subordinados para com o líder. A estrutura da tarefa reflete o grau em que as tarefas do cargo do subordinado são estruturadas. O poder da posição está baseado na influência exercida pelo líder sobre variá- bordinados no alcance de suas metas, fornecendo orientação e/ou apoio necessário para assegurar que tais metas sejam compatíveis com os objetivos da organização. Esse líder deve ser dissertivo, isto é, fazer com que seus liderados saibam o que esse líder espera deles, deve organizar o trabalho e fornecer instruções sobre a tarefa a ser realizada. Deverá ser apoiador, demonstrando sensibilidade às necessidades de seus funcionários, e participativo, ou seja, aquele que consulta seus liderados e utiliza suas sugestões nas tomadas de decisões, além de ser orientado para conquistas, estabelecendo metas e oferecendo o melhor para o desempenho de seus funcionários. 12.2 Líderes no Século XX Como os líderes podem inspirar seus seguidores? Através de suas palavras, ideias e comportamentos. Apresentaremos, agora, as abordagens sobre os líderes. a considerar velhos problemas a partir de novas perspectivas e os motivam a dedicar esforço extra no alcance das metas do grupo. Líderes carismáticos, aqueles que se utilizam Líderes transacionais, aqueles que orientam de uma visão atraente para os seguidores, estabeseus seguidores em direção a metas estabelecidas, lecem expectativas de desempenho elevado e maesclarecendo requisitos dos papéis e das tarefas. nifestam confiança em que os seguidores possam Por isso, suas ações acompanham de perto o papel alcançá-las, comunicam um novo conjunto de valores, estabelecem um exemplo a ser imitado pelos mais estruturado dos gerentes. Líderes transformacionais são assim deno- seguidores, demonstram coragem e convicção por minados porque inspiram os seus seguidores a meio do autossacrifício. A maioria dos especialistas acredita que os transcenderem seus interesses pessoais em favor da organização e exercem um efeito profundo e indivíduos podem ser treinados para apresentar extraordinário sobre eles. São atentos às preocu- comportamentos carismáticos. Muitas vezes, os lípações de cada um de seus seguidores; ajudam deres carismáticos surgem em tempos de crise ou 62 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional de mudanças generalizadas nos negócios, na política, na religião ou na guerra. Como você vem notando, a liderança precisa ser conquistada e não imposta, precisa delegar autoridade, dar às pessoas o poder de ter ideias, a liberdade e a informação para tomar decisões e participar ativamente da organização – empowerment. A utilização de equipes autodirigidas e a adoção de sistemas orgânicos de administração e culturas participativas, abertas nas organizações, significam que essas estão tentando difundir e compartilhar o poder com todos os seus membros, abrindo mão do controle centralizado, e isso parece ser a solução viável que promove velocidade, flexibilidade e capacidade de decisão da organização. O empowerment está alicerçado em quatro bases principais: poder: dar poder às pessoas, delegando autoridade e responsabilidade em todos os níveis da organização. Isso significa dar importância e confiar nas pessoas, dar-lhes liberdade e autonomia de ação; motivação: proporcionar motivação às pessoas para incentivá-las continuamente. Isso significa reconhecer o bom desempenho, recompensar os resultados, permitir que as pessoas participem dos resultados de seu trabalho e festejar o alcance de metas; desenvolvimento: dar recursos às pessoas em termos de capacitação e desenvolvimento pessoal e profissional. Isso significa treinar continuamente, proporcionar informações e conhecimento, ensinar continuamente novas técnicas, criar e desenvolver talentos na organização; liderança: proporcionar liderança na organização. Isso significa orientar as pessoas, definir objetivos e metas, abrir novos horizontes, avaliar o desempenho e proporcionar retroação. O empowerment não é algo fixo, mas funciona em um continuum que vai desde um baixo até um elevado grau de delegação de poder. Quando esse grau é elevado, estamos diante de equipes de alto desempenho, que chegam lá graças à excelência em sua dinâmica e resultados proporcionados. 12.3 Confiança a lealdade e a disposição de Alguns acontecimenproteger e defender outra Dicionário tos ajudam a fortalecer pessoa em qualquer situaa confiança, não? O que Confiança é uma expectativa positiva de que a ção. você diria de uma pessoa, outra pessoa não irá agir de maneira oportunista. por exemplo, que tem inteAssim, caro(a) aluno(a), A confiança é um processo que depende de uma gridade? É imprescindível, história, de uma familiaridade baseada em algumas pode-se dizer que existem tiexperiências relevantes, mas que podem ter riscos. não? Tudo aquilo que gera pos de confiança: honestidade e confiabilidade aumenta a chance de dar certo, você não acha? confiança baseada no medo de repreComo, também, aquela pessoa que tem comsálias, no caso do não cumprimento das petência, habilidades e conhecimentos técnicos e inobrigações – tipo intimação; terpessoais demonstra ter mais consistência em seus confiança que tem por base a previsibiliatos, mais segurança, age com mais capacidade de dade do comportamento que resulta de julgamento nas diferentes situações, dando abertura um histórico de interações – tipo conhepara outra pessoa ter total confiança, aumentando cimento; Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 63 Regina Mara Malpighi Santos confiança baseada na compreensão das intenções de cada parte e na concordância sobre seus desejos e suas vontades – tipo identificação. Quando algo não ocorre de acordo com o planejado, quando as partes envolvidas têm pontos de vistas distintos, sem acordo, pode-se dizer que há um impasse, um conflito. Dicionário buscar uma solução que seja satisfatória para ambas as partes; criar um clima de franqueza e confiança. Bons negociadores são bons ouvintes, não fazem perguntas, concentram-se diretamente em seus argumentos e evitam palavras que possam irritar o oponente; estar aberto a aceitar ajuda de terceiros, passando informações entre as partes, interpretando mensagens e esclarecendo mal-entendidos, ajudando na comunicação. Conflito é um processo no qual um esforço é realizado propositalmente por um indivíduo para impedir os esforços de outro, por meio de uma obstrução que resultará na frustração do outro na construção de sua meta ou interesse. Os conflitos podem ser classificados em dois tipos: Funcional, quando o conflito apoia os objetivos do grupo e melhora seu desempenho, e Disfuncional, quando o conflito atrapalha o desempeA administração de conflitos requer a conser- nho do grupo. vação de um nível ótimo de conflitos em um gruO conflito pode atuar frente às intenções, enpo. Pouco conflito cria estagnação. Muito conflito tre a percepção e o comportamento das pessoas; cria rupturas. assim podem-se identificar diferentes dimensões O conflito pode ter consequências positivas dos conflitos, quando existe: quando mantém o grupo de trabalho viável, autocrítico e criativo. cooperação: quando uma das partes tenO conflito pode ser gerado por diferentes vata satisfazer os interesses da outra; riáveis, como: diferenças na comunicação, quando afirmação: satisfação de seus próprios inbrotam de dificuldades semânticas, criando malteresses; -entendidos e ruídos nos canais de comunicação competição: desejo da pessoa em satisou quando existem diferenças estruturais e pesfazer seus próprios interesses, indepensoais. dentemente do impacto que isso terá Algumas organizações usam tanto a comunisobre as outras partes em conflito; cação como o conflito quanto como uma forma de colaboração: situação em que as partes negociação de poder. conflitantes desejam satisfazer os inteNegociação é um processo no qual duas ou resses de todos os envolvidos; mais partes trocam bens ou serviços e tentam en evitação: quando a pessoa reconhece contrar um acordo quanto ao denominador coque a tentativa de livrar-se de um conflimum para os mesmos. to ou suprimi-lo pode evitar discordância Algumas habilidades devem ser desenvolvientre as partes. das quando se fala em negociação, pois essas ajudam a: Como consequências funcionais do confli compreender a posição de seus oponen- to, temos a melhora do desempenho do grupo, o tes, observando seus comportamentos, aumento da qualidade das decisões, o estímulo da prevendo suas respostas e moldando so- criatividade e a inovação, o encorajamento do interesse e da curiosidade, oferecimento de um canal luções; para arejar os problemas e liberação das tensões, concentrar-se nas questões em negociaalém de fomentação de um ambiente de autoavação, não nas características pessoais de liação e de mudança. seu oponente; 64 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional Caro(a) aluno(a), embora as pessoas neguem, o que mais desejam é obter ou desejar algo para ser exercido de forma a dar regalias, diferenciar de outros e isso só pode ser através do poder. poder legítimo: é o poder que uma pessoa tem como resultado da posição de hierarquia formal dentro da organização. O PODER é usado como meio de atingir os Portanto, o poder é uma via de mão dupla, para maximizar o poder o outro indivíduo necesobjetivos e pode ser dividido em: sitará minimizar a dependência em relação a você poder formal: aquele que se baseia na e, assim, o resultado será uma batalha de poder. As pessoas precisam aprender a desenvolver o poder posição que o indivíduo ocupa dentro da sem arrogância, sendo éticos em seus comportaorganização; capacidade de coagir ou de mentos, agindo com os padrões da equidade e jusrecompensar, da autoridade formal ou tiça frente aos seus subordinados e funcionários. do controle sobre as informações; Se você tem poder, reconheça que esse pode poder coercitivo: baseado no medo; corromper. Lembre-se de que é mais fácil ser ético poder de recompensa: quando existe do que justificar os erros e a influência do poder. uma submissão, obtida com base na capacidade de distribuição de recompensas vistas como valiosas pelos outros; 12.4 Resumo do Capítulo Como vimos em capítulos anteriores e reforçamos neste, a Psicologia usa de conceitos para explicar ou compreender melhor o comportamento do ser humano em diferentes situações. Aqui, vimos a importância da liderança no grupo e na organização para motivar, aumentar a produtividade e desenvolver novas atitudes do funcionário. Algumas teorias ajudam a explicar a liderança, como as contingências de Fiedler, que defende a importância do grau de intimidade, confiança e respeito dos subordinados para com o líder. De acordo com a teoria da meta e caminho, o líder deve dar orientação e apoio, para que os funcionários alcancem as metas estipuladas pela organização. Com tantos avanços, os líderes também precisam ser flexíveis e adotar normas para minimizar os conflitos, fortalecer a confiança e saber delegar poderes, quando necessário, agindo sempre com equidade, justiça e ética, sem abuso do cargo ou da hierarquia. 12.5 Atividades Propostas Para finalizar o capítulo, realize os exercícios propostos a seguir: 1. Quais traços indicam uma liderança? 2. Como um executivo pode estimular o conflito em um departamento caótico? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 65 13 CULTURA ORGANIZACIONAL automóveis dos executivos, o tamanho dos escritórios, a elegância da mobília, as mordomias dos Como você diferencia uma empresa da ou- executivos, salas de recreação dos funcionários, tra? Como uma empresa conquista a sua confian- refeitórios especiais e áreas de estacionamento reça? Através da cultura organizacional, da direção, servadas. Linguagem é unidades de negócios como compreensão e estabilidade. É um sistema de significados comuns aos membros de uma organiza- meio para identificar os membros de uma cultura ou subcultura. Com o tempo, as organizações criam ção e que a distingue das outras. Uma cultura dominante expressa os valores termos exclusivos para descrever equipamentos, centrais compartilhados pela maioria dos mem- escritórios, pessoal-chave, fornecedores, clientes bros da organização. Desenvolvendo-se, segundo ou produtos ligados às suas atividades. Aprendenlinhas departamentais ou geográficas, para con- do essa linguagem, os membros atestam sua adetemplar problemas e situações comuns ou expe- são à cultura e, com isso, ajudam a preservá-la. Caro(a) aluno(a), riências vividas pelos seus membros, as subculturas incluem valores centrais da cultura dominante, além de outros exclusivos aos membros do departamento. Como trabalhar e concretizar uma história cultural sem pensar em cansaço, estresse, esgotamento? Como você trabalharia esses fatos na sua empresa? Muitas organizações estão repensando sua cultura, readaptando as novidades e as tecnologias às necessidades dos seus funcionários, como, por exemplo, não fumar. Áreas comuns foram modificadas, adaptadas e, muitas vezes, têm até desestimulado o indivíduo a fumar, pois esse terá que A cultura é transmitida por histórias, rituais, pegar um elevador, não poderá mais ficar no cafesímbolos materiais e linguagem. Por exemplo, a zinho, ir para o topo do prédio no sol, na chuva. Muitos dizem que estão estressados, cansaCoca-Cola. É um refrigerante conhecido mundialmente, conquistou espaço, firmou a marca ao lon- dos, esgotados com o trabalho, desmotivados na go dos anos, desenvolveu jingles diferentes e de- carreira, mas isso será do indivíduo ou da organizasenvolveu uma cultura. Essas histórias ancoram o ção? É o que veremos agora. presente no passado e fornecem justificativa, legitimidade para as práticas em curso. Dicionário Sequências repetitivas de atividades são os Estresse é uma condição dinâmica na qual um rituais que expressam e reforçam os valores fundaindivíduo é confrontado com uma oportunidamentais da organização, as metas e pessoas imporde, limitação ou demanda em relação a alguma tantes, e as pessoas estrategicamente dispensáveis. coisa que ele deseja e cujo resultado é perceEm uma cultura forte, os valores centrais da organização são intensamente assumidos e compartilhados. Uma cultura forte terá uma grande influência no comportamento dos funcionários e os dados sugerem que as culturas fortes estão associadas a um desempenho organizacional elevado. Os símbolos materiais são as instalações de uma organização, suas vestimentas, os tipos de bido, simultaneamente, como importante e incerto (ROBBINS, 2005). Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 67 Regina Mara Malpighi Santos Quando há perda de algo desejado, isso contribui como fator para o estresse, podendo ser organizacional ou individual. Podem-se destacar os fatores ambientais, incertezas econômicas e incertezas políticas como variáveis que afetam o estresse. Existem alguns fatores que estressam os indivíduos, tais como: ruídos intensos, iluminação excessiva, ambientes confinados, que são os fatores físicos. A interação com as pessoas, hostilidade, cinismo, arrogância, agressividade são variáveis que têm contribuído com os fatores sociais. O estresse acaba deteriorando as relações interpessoais; um aumento significativo nos gastos com assistência médica, queda na produtividade, aumento do absenteísmo e da rotatividade de empregados têm sido características que as empresas têm repensado. Portanto, você tem notado que alguns fatores se destacam como desencadeantes do estresse; no individual, o relacionamento familiar e pessoal, problemas econômicos, problemas da própria personalidade têm tido grande importância e estudos desenvolvidos sobre como amenizá-los. Como fatores organizacionais, destacam-se as demandas de tarefas, demandas de papéis, demandas interpessoais. A estrutura organizacional, o tipo de liderança organizacional e o tempo da organização como um todo também são fatores que contribuem para o estresse. O estresse pode ser minimizado, segundo estudos, com a administração do tempo de cada indivíduo, com práticas de exercícios físicos, com técnicas de relaxamento e a ampliação de uma rede de apoio. Quanto ao estresse organizacional, ele pode ser minimizado com a melhoria dos processos de seleção e colocação de pessoal, treinamento, fixação de objetivos, replanejamento do trabalho, aumento do envolvimento dos funcionários, melhoria da comunicação organizacional, oferecimento de períodos sabáticos, quando os funcionários saem para uma reciclagem, curso fora da organização, porém têm a garantia do seu emprego ao retornar e com estabelecimento de programas de bem-estar. A Administração do estresse, portanto, pode ocorrer individualmente ou dentro da organização. 13.1 Resumo do Capítulo Neste capítulo, vimos o que é cultura organizacional, que é a marca, o símbolo, a característica que diferencia uma empresa da outra. Os símbolos materiais são as instalações de uma organização, suas vestimentas, tipo de uniforme. Podendo ter até uma linguagem própria. Com grandes alterações no mercado e na sociedade, outros fatores têm ocorrido para que as organizações comecem a mudar ou a repensar atitudes; entre esses, está o estresse, como pode prejudicar o indivíduo na sua produtividade, no físico, social e comportamental. Observamos, também, como as organizações podem replanejar seus trabalhos para minimizar os efeitos e como administrar o estresse. 13.2 Atividades Propostas Para uma melhor fixação do capítulo, responda às questões a seguir: 1. Defina a importância da cultura em uma organização. 2. O que é estresse? Como este pode ser administrado? 68 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 CONSIDERAÇÕES FINAIS Querido(a) aluno(a), Neste material, você leu a respeito da história da Psicologia, conceitos importantes foram apresentados para compreender melhor o ser humano e suas inter-relações com o meio onde está inserido. Apresentamos as teorias sobre motivação, liderança e como essas podem ajudar na compreensão da satisfação e produtividade dos funcionários nas organizações. Desenvolvemos, também, a importância das negociações nas tomadas de decisões, o poder, os conflitos podem colaborar com o desempenho do grupo, sendo benéfico quando bem trabalhados pelos líderes. Durante a exposição do conteúdo, vimos que o que difere uma organização da outra é o registro da sua marca, sua história aos longos dos anos e sua credibilidade. Muitas organizações, para se adaptarem à globalização e aos avanços tecnológicos, tiveram que passar por mudanças, fazendo novas readaptações, minimizando as resistências e se adequando às necessidades do século presente. Finalizando a apostila, vimos o estresse e como cultura das organizações deve trabalhar para evitar ou procurar diminuir o impacto desse no indivíduo e nas organizações. Esperamos, assim, ter colaborado com seu crescimento. Lembramos que mais informações a respeito do assunto, você poderá ter lendo as obras indicadas e as citadas na bibliografia, para aumentar o seu conhecimento sobre o tema. Desejamos muito sucesso em sua carreira profissional e pessoal. Professora Regina Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 69 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS Capítulo 1 1. A importância de conhecer o desenvolvimento histórico da psicologia é de resgatar a história, é dar crédito às pessoas que iniciaram um estudo sobre a importância do conhecimento da humanidade, verificar os estudos e desafios colocados pela realidade social e econômica, toda a evolução e conquista realizada ao longo dos anos e pela necessidade do homem conhecer a si mesmo, sendo valorizado pela sua capacidade mental, social e psicológica de enfrentar a vida. 2. Vimos que ciência é um conjunto de conhecimentos sobre determinado assunto. O status de ciência na Psicologia é obtido quando se liberta da Filosofia, quando define seu objeto de estudo, o comportamento, quando define o campo de estudo, quando formula métodos de estudos e teorias para o conhecimento da área. 3. As principais teorias do século XX são: o Behaviorismo, que nasce com Watson, nos EUA, definindo a noção de comportamento através de estímulos e respostas; a Gestalt, na Europa, querendo compreender o homem em sua totalidade; e a Psicanálise, com Freud, na Áustria, definindo a importância da afetividade e postulando o inconsciente como objeto de estudo. Capítulo 2 1. Psicólogo é aquele indivíduo que cursa Psicologia e pode se especializar em variadas áreas social, escolar, clínica organizacional etc. O psiquiatra é o médico que se especializa em doenças ou distúrbios mentais. Psicanalista é o profissional especializado em usar a psicanálise, método desenvolvido por Freud. 2. O psicólogo pode desempenhar suas tarefas profissionais tanto individualmente quanto em equipes multiprofissionais, pode exercer sua atividade em empresas públicas e privadas, fazendo a implantação da política de recursos humanos das organizações, descrição e análises de trabalho, recrutamentos e seleção de pessoal, utilizando métodos e técnicas de avaliação, programas de treinamento e formação de mão de obra, avaliação pessoal, capacitação e desenvolvimento de recursos humanos, segurança, organização do trabalho e definição de papéis ocupacionais: produtividade, remuneração, incentivo, rotatividade, absenteísmo e evasão, identificação das necessidades humanas em face da construção de projetos e equipamentos de trabalho (ergonomia), programas educacionais, culturais, recreativos e de higiene mental, com vistas a assegurar a preservação da saúde e da qualidade de vida do trabalhador, processo de desligamento de funcionários, no que se refere à demissão e ao preparo para aposentadoria, visando à elaboração de novos projetos de vida. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 71 Regina Mara Malpighi Santos Capítulo 3 1. Para Freud, a forma de energia psíquica é manifestada pelos instintos de vida que empurram a pessoa para comportamentos e pensamentos prazerosos, foi denominada libido. Conceituou a personalidade em três níveis: consciente, pré-consciente e inconsciente. O consciente seria as sensações e experiências das quais estamos cientes em todo o momento. O pré-consciente é o depósito de lembranças, percepções e ideias das quais não estamos cientes, mas que podemos trazer para o consciente. O inconsciente é o deposito de forças que não podemos controlar ou ver, é a morada dos instintos. Revisou suas ideias e introduziu três estruturas básicas na personalidade. ID, o aspecto da personalidade aliado aos instintos, fonte de energia psíquica, que opera de acordo com o principio do prazer. EGO, o aspecto racional da personalidade, responsável pela orientação e controle dos instintos de acordo com o princípio da realidade. A terceira, SUPEREGO, o aspecto da moral da personalidade, a introjeção de valores e padrões dos pais e da sociedade. Fala do desenvolvimento humano em fases: oral, anal, genital, fálica e latência. Jung, discípulo de Freud, fala do consciente como sistema do aparelho psíquico que mantém contato com o mundo interior e exterior (meio ambiente e social) do sujeito; destacando os fenômenos de percepção intrínseca e extrínseca, senso de identidade, atenção, raciocínio e memória, entre outras funções cognitivas e emocionais. Inconsciente pessoal conceituou como a camada onde permanecem os conteúdos inconscientes derivados da vida do indivíduo das experiências “esquecidas” pela memória consciente, recordações dolorosas, repressões sexuais, desejos reprimidos; geralmente, esses conteúdos não possuem energia psíquica suficiente para permanecerem no campo da consciência, entretanto podem adquirir a energia necessária para emergir na consciência na forma de lembranças, sonhos, fantasias, devaneios e comportamentos. O inconsciente coletivo definiu como a camada mais profunda do inconsciente a base da psique. É constituído por arquétipos (núcleos instintivos passados de forma psicobiológica de geração a geração, trazendo padrões de comportamentos herdados). Os arquétipos constituem a base dos complexos situados no inconsciente pessoal, são eles a persona, a anima, o animus e o self. O self é a consciência e o Eu, a persona corresponde ao comportamento com o mundo exterior, o meio social onde o indivíduo vive. A anima corresponde ao princípio feminino presente na psique do homem. Manifesta-se através de expressões emocionais, é o material inconsciente que modela a imagem de mulher que o homem procura. O animus condensa todas as experiências da mulher e modela a imagem de homem que a mulher procura. Erick Erickson define a personalidade como Freud, porém amplia um pouco, onde o EGO independente da personalidade, não depende do ID. Segundo ele, as forças culturais e históricas têm um impacto muito grande no desenvolvimento humano, que é regido por sequência de etapas que dependem de fatores genéticos e/ou hereditários. Define o desenvolvimento em 8 fases até o envelhecimento. 2. As principais influências na formação da personalidade são a hereditariedade, o meio social e as experiências sociais e cada uma tem a sua importância. a) Hereditariedade = através dos genes herdados dos pais o temperamento de cada indivíduo pode ser determinado, respeitando as variações individuais do organismo, a constituição física e o funcionamento dos sistemas nervoso e endócrino. 72 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional b) Meio Social = constituído pela família, pelos grupos e pela cultura a qual se pertence, desempenha um papel determinante na construção da personalidade. Através de um processo interativo com a família, com o grupo onde se está inserido. O tipo de ambiente e de clima vivenciado influencia na formação da personalidade. c) Experiências Pessoais = todas as vivências que ocorrem na vida do indivíduo. A qualidade das relações e o processo do vínculo na relação da mãe/filho parecem ser fundamentais na estruturação e organização da personalidade. A complexidade das relações familiares vai influenciar as capacidades cognitivas, linguísticas e afetivas, processos de autonomia, de socialização, de construção de valores das crianças e jovens. Capítulo 4 1. Inteligência é a parte consciente da qualidade mental e tem como função permitir conhecer o mundo e tudo que está integrado à própria consciência. É tudo aquilo que nos dá capacidade para compreender o significado das coisas, de conceituar. 2. Binet e Simon, em 1904, criaram os primeiros testes de inteligência, com o objetivo de verificar o progresso de crianças deficientes do ponto de vista intelectual. A inteligência pode ser mensurada por testes e esse escore varia de indivíduo para indivíduo. Capítulo 5 1. A linguagem é formada por sons básicos, pelo significado e pela ordenação das palavras que formam a gramática. 2. Na visão behaviorista (Skinner), a aprendizagem de uma língua é feita pela exposição ao meio e em decorrência da imitação e do reforço, isto é, o ser humano aprende por condicionamento. O ser humano vem “equipado” com uma gramática universal, como se existisse um dispositivo inato de aquisição que permite que a criança exposta ao meio construa hipóteses sobre a língua, escolhendo os parâmetros que deverão ser marcados ou fixados, gerando a gramática de sua língua nativa. A criança nasce pré-programada para adquirir a linguagem e é capaz de, a partir da exposição à fala, construir suas hipóteses sobre a língua a que está imersa. Na visão cognitivista construtivista (Piaget), a linguagem surge quando a criança desenvolve a função simbólica. É necessária a mediação de outra pessoa, para que a criança faça a interação com o mundo. Na visão interacionista social (Vygotsky), a linguagem é atividade constituída através do conhecimento do mundo e da criança que se constrói como sujeito, isto é, os fatores sociais, comunicativos e culturais vão estimular a criança a se construir através de como esta vê o mundo e a si mesma. Capítulo 6 1. Emoção pode ser conceituada como um sentimento intenso direcionado a alguém ou a alguma coisa e pode ser classificada em genuína e demonstrada, positiva e negativa. As genuínas podem ser definidas como aquelas que não são controladas pelos sentimentos, aquilo que mexe com a pessoa como um todo, algo que brota do interior. A emoção demonstrada é aquela que não é inata e sim aprendida, desenvolvida por algum motivo. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 73 Regina Mara Malpighi Santos 2. As emoções podem melhorar o desempenho quando alavancam a vontade, agindo como motivadoras para um desempenho melhor, quando o esforço emocional reconhece que os sentimentos são parte do comportamento necessário no trabalho. Capítulo 7 1. O processo da comunicação pode ser descrito como: emissor, quem fala = fonte; um pensamento ou mensagem em uma forma simbólica= codificação; produto físico concreto da codificação da fonte = mensagem; meio pelo qual a mensagem viaja = canal; tradução em uma forma que o receptor possa entender = decodificação; a quem a mensagem é dirigida = receptor; indicação que a mensagem foi recebida = feedback. 2. A comunicação pode ser melhorada quando existe contato visual, quando as pessoas envolvidas fazem acenos afirmativos com a cabeça e expressões faciais apropriadas mostrando interesse naquilo que está sendo dito. Enquanto o outro está falando deve-se evitar ações ou gestos distraídos ou rudes, fazer perguntas antes do outro terminar o pensamento. Dar continuidade à conversa dando réplica, tréplica sobre o que foi exposto, até se esgotarem as ideias sobre o assunto. Capítulo 8 1. Dissonância cognitiva é a discrepância entre a atitude e o comportamento de uma pessoa, uma inconsistência no comportamento. 2. Atitude é o comportamento frente a objetos ou pessoas, aquilo que reflete, como o indivíduo se sente em relação a alguma coisa. A atitude tem componentes afetivos, cognitivos e comportamentais. 3. Os valores são importantes porque dão a base para a compreensão das atitudes, das motivações e influem nas percepções dos indivíduos. Os valores mudam os comportamentos conforme a geração passa, pois o que era importante para um pai, como estabilidade no emprego, para o filho pode ser a realização profissional. Capítulo 9 1. A resposta para essa atividade é pessoal. A pesquisa realizada por Herzberg, que propôs a teoria, perguntou o que as pessoas pensam do seu trabalho. Com a crença de que a relação de uma pessoa com o trabalho é básica e que essa atitude pode determinar o fracasso ou o sucesso. As respostas encontradas foram: fatores que contribuem para a insatisfação no trabalho = higiênicos variam de 69% a 19%; 74 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional fatores que contribuem para a satisfação no trabalho = motivacionais variam 31% a 81%. Onde constatou que, quando as coisas vão bem, as pessoas dão créditos a si mesmas; caso contrário, culpam o ambiente externo pelo fracasso. Capítulo 10 1. Um grupo é quando indivíduos interagem basicamente para compartilhar informações e tomar decisões a fim de ajudar no desempenho de responsabilidade. Equipe pode ser conceituada quando os esforços individuais resultam em um nível de desempenho maior do que a soma das contribuições individuais, isto é, penso no coletivo. Como se fosse uma engrenagem, um depende do outro para chegar à meta determinada, quando há uma falha, a engrenagem fica emperrada, parada. 2. Resposta pessoal. Por exemplo, papel de mãe, professora e profissional. Cada um desses papéis envolve certos comportamentos, como mãe, suprir as necessidades do filho, alimentando, dando carinho, atenção e ensinando limites. Como professora, estar atualizada, preparada para ensinar e tirar dúvidas dos conhecimentos passados. Como profissional, cumprir normas da estrutura a que se pertence, como horário, cronograma a ser cumprido e estar preparado para novas alterações, caso necessário. Em algum momento, pode haver conflito entre o papel de mãe e profissional, ter de deixar o filho pequeno doente em casa e ir trabalhar, reunião importante, prazos a serem cumpridos. Capítulo 11 1. A resistência à mudança altera a estabilidade e previsibilidade no interior das organizações. Se não houvesse resistência, o comportamento organizacional seria caótico, sem estímulos para inovações, alterações comportamentais ou individuais. Toda mudança, quando bem planejada, traz benefícios e minimizam conflitos improdutivos. 2. Pode-se dizer que a resistência à mudança está baseada em fatores como hábito, necessidade de segurança, fatores econômicos, medo do desconhecido e processamento seletivo das informações. Algumas pessoas, tanto jovens quanto velhas, podem ser influenciadas por esses fatores. Embora a idade possa ser importante, o grau em que esses fatores controlam a vida do indivíduo determinará em grande parte sua resistência à mudança. Capítulo 12 1. Os líderes eficazes possuem traços como ambição, energia, desejo de liderar, honestidade, integridade, autoconfiança, inteligência, conhecimento relevante ao cargo e personalidade. 2. Os conflitos podem ser estimulados em um grupo quando este cai numa rotina, sem novidades. Passam as ser construtivos quando aumentam a qualidade das decisões, estimulam a criatividade, encorajando o interesse e a curiosidade entre os membros do grupo. Ele pode, ainda, melhorar as tomadas de decisões, liberar as tensões e promover mudanças. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 75 Regina Mara Malpighi Santos Capítulo 13 1. A cultura organizacional é a direção, a compreensão e a estabilidade em uma empresa. É um sistema de significados comuns aos membros de uma organização e que a distingue das outras. Para que uma cultura seja dominante, essa deve expressar os valores centrais compartilhados pela maioria dos membros da organização. Desenvolvendo os paradigmas segundo as linhas departamentais, para contemplar problemas e situações comuns ou mesmo as experiências vividas pelos seus membros. 2. O estresse é difícil de ser conceituado, pois é uma condição dinâmica que diante de uma situação nova ou mesmo costumeira pode impedir o indivíduo de tomar uma atitude satisfatória para o seu desenvolvimento. O estresse pode ser minimizado com a administração do tempo, com práticas de exercícios físicos, com técnicas de relaxamento e a ampliação de uma rede de apoio, quando se fala em relação ao indivíduo. Nas organizações, ele pode ser administrado com a melhoria dos processos de seleção, treinamento, fixação de objetivos, replanejamento do trabalho, aumento do envolvimento dos funcionários e melhorando a comunicação organizacional. 76 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br REFERÊNCIAS BOCK, A. M. B. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. 12. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 1999. BRAGHRIROLLI, E. M. et al. Psicologia geral. 25. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2005. DUBRIN, A. J. Fundamentos do comportamento organizacional. São Paulo Editora Thompson, 2006. 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