ANÁLISE TEÓRICO-EXPERIMENTAL DE MICROTROCADORES DE CALOR PARA CONTROLE TÉRMICO DE PAINÉIS FOTOVOLTAICOS DE ALTA CONCENTRAÇÃO Daduí Cordeiro Guerrieri Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Engenharia Mecânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica. Orientadora: Carolina Palma Naveira Cotta Rio de Janeiro Dezembro de 2013 i ANÁLISE TEÓRICO-EXPERIMENTAL DE MICROTROCADORES DE CALOR PARA CONTROLE TÉRMICO DE PAINÉIS FOTOVOLTAICOS DE ALTA CONCENTRAÇÃO Daduí Cordeiro Guerrieri DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA MECÂNICA Examinada por: ________________________________________________ Profa. Carolina Palma Naveira Cotta, D.Sc. ________________________________________________ Prof. Renato Machado Cotta, Ph.D. ________________________________________________ Profa. Mila Rosendal Avelino, D.Sc ________________________________________________ Prof. Jeziel da Silva Nunes, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL DEZEMBRO DE 2013 ii Guerrieri, Daduí Cordeiro Análise Teórico-Experimental de microtrocadores de calor para controle térmico de painéis fotovoltaicos de alta concentração/ Daduí Cordeiro Guerrieri. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2013. XVI, 89 p.: il.; 29,7 cm. Orientadora: Carolina Palma Naveira Cotta Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de Engenharia Mecânica, 2013. Referencias Bibliográficas: p. 88-89. 1. Microtrocadores de calor. 2. Célula fotovoltaica de alta concentração. 3. HCPV. 4. Análise numérica. I. Cotta, Carolina Palma Naveira. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Mecânica. III. Titulo. iii “A parte que ignoramos é muito maior que tudo quanto sabemos” Platão A minha familia. iv AGRADECIMENTOS A professora Carolina Palma Naveira Cotta, pela orientação, ensino, apoio e incentivo no desenvolvimento deste trabalho. Aos membros da banca Prof. Dr. Renato Machado Cotta, Profa. Dra. Mila Rosendal Avelino e Prof. Dr. Jeziel da Silva Nunes por participarem desse momento e pela contribuição na qualidade deste trabalho. Aos professores, funcionários e colegas do Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Aos amigos do LabMEM’s e do LTTC que fizeram parte no desenvolvimento deste trabalho: Apoena Calil, Gustavo Nobrega, Ivana Fernandes, Ivana Gabriela, José Martim, José Zotin, Jordana Colman, Kelvin Chen, Kleber Lisbôa, Mariana Couto, Pedro Henrique e Vinícius Martins. Um agradecimento especial ao Marco Corrêa que viabilizou a realização do presente trabalho. Aos colegas de trabalho do CEFET-RJ Unidade Itaguaí pelo incentivo. Aos meus pais, Ionir Oliveira Cordeiro e Gilberto Guerrieri, responsáveis pela pessoa que sou. Ao meu irmão, Mardú Cordeiro Guerrieri, meu amigo, parceiro, que sempre esteve do meu lado. A Fernanda Nascimento de Andrade, minha parceira, companheira, amiga, namorada, esposa, noiva, pelo amor e compreensão no desenvolvimento deste trabalho. A todos que de alguma forma fizeram/fazem parte da minha caminhada. v Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.). ANÁLISE TEÓRICO-EXPERIMENTAL DE MICROTROCADORES DE CALOR PARA CONTROLE TÉRMICO DE PAINÉIS FOTOVOLTAICOS DE ALTA CONCENTRAÇÃO Daduí Cordeiro Guerrieri Dezembro/2013 Orientadora: Carolina Palma Naveira Cotta Programa: Engenharia Mecânica As células fotovoltaicas de alta concentração (HCPV) vêm revolucionando a produção de energia fotovoltaica, pois apresentam uma redução significativa no valor do produto final devido ao baixo custo de elementos óticos e a redução da quantidade de células fotovoltaicas de alto custo. Os HCPV’s possibilitam a concentração de x300 a x2000 do sol, o que gera um superaquecimento na célula fotovoltaica fazendo-se necessário a refrigeração. O presente trabalho apresenta uma análise teóricoexperimental de um microtrocador de calor otimizado por um trabalho anterior com objetivo de fazer o controle térmico de um sistema HCPV, para a utilização do calor rejeitado para abastecer um sistema secundário. É apresentado o delineamento do processo de fabricação do microtrocador de calor proposto, que tem como destaque a usinagem do microcanal utilizando uma fresa de 400 μm em uma microfresadora de comando numérico. Após a fabricação é realizada a metrologia dimensional do microtrocador de calor com auxílio de um microscópio digital de alta precisão. O microtrocador de calor fabricado é analisado criticamente em estudo teórico e experimental. É montada uma bancada experimental exclusivamente para a análise do microtrocador de calor, instrumentada com termopares acoplados ao equipamento de aquisição de dados, além de utilizar a técnica de medição não intrusiva com uma câmera termográfica. Para comparação crítica com os resultados experimentais é feito um estudo teórico utilizando o software COMSOL Multiphysics 4.2a para a resolução das equações de balanço de massa, momentum e energia que governam o problema. vi Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.) THEORETICAL AND EXPERIMENTAL ANALYSIS OF MICRO-HEAT EXCHANGERS FOR COOLING OF HIGH CONCENTRATION PHOTOVOLTAIC PANELS. Daduí Cordeiro Guerrieri December/2013 Advisor:Carolina Palma Naveira Cotta. Department: Mechanical Engineering The solar energy market is growing rapidly, in fact, becoming increasingly competitive specially in the world sunnier regions. The high concentrated photovoltaic technology (HCPV) is able to concentrate the sunlight to intensities of 1000 suns or more, onto a small area of solar photovoltaic cell. Since a smaller area of photovoltaic material is required in this HCPV system, there is a significant reduction in the value of the final product compared to a non-concentrated photovoltaic system. HCPV systems operate more efficiently in concentrated light, as long as the solar cell is kept cool by suitable heat sinks. Most of the commercial HCPV system are based on passive air-cooled system, specially due to their simplicity. The main idea of this work is to present an alternative to remove heat more efficiently, changing the passive air-cooled system to an active water-cooled one, and also allowing the re-use of the removed heat in a secondary circuit such as water desalination. In this context, this work will present the manufacturing process, the experimental and the theoretical analysis of an optimized micro heat exchanger for active cooling of a commercial HCPV module that concentrate 1200 suns, using water as working fluid. The optimized micro heat exchanger with 18 micro-channels with 400μm in width and 945μm in depth, each channel, was manufactured in cooper using a CNC micro milling machine and then characterized in a 3D digital microscope. An experimental apparatus was assembled to analyze the fabricated micro-heat exchanger in a controlled and in a more realistic situation. In this sense, four cases will be here presented and critically compared, three of them in a lower power situation and the last one in a higher power situation. In the experimental analysis were used a non-intrusive infrared camera to measure the temperature at the external surface of the micro-heat exchanger and in the theoretical study was used the commercial platform COMSOL Multiphysics 4.2a. vii SUMÁRIO Capítulo 1 ..................................................................................................................... 1 11.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1 MOTIVAÇÃO E OBJETIVOS .......................................................................... 1 Capítulo 2 ..................................................................................................................... 7 2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 7 2.1 PAINEIS HCPV .............................................................................................. 7 2.2 MICROTROCADORES DE CALOR ............................................................. 12 Capítulo 3 ................................................................................................................... 17 3- FABRICAÇÃO DO MICROTROCADOR DE CALOR........................................ 17 Capítulo 4 ................................................................................................................... 29 4- ANÁLISE EXPERIMENTAL.............................................................................. 29 4.1 APARATO EXPERIMENTAL ........................................................................ 29 4.2 CASOS E PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS ........................................ 38 Capítulo 5 ................................................................................................................... 42 55.1 ANÁLISE TEÓRICA ......................................................................................... 42 SIMULAÇÃO NUMÉRICA............................................................................. 42 Capítulo 6 ................................................................................................................... 52 6- RESULTADOS ................................................................................................. 52 6.1 RESULTADOS EXPERIMENTAIS ................................................................ 52 6.2 RESULTADO NUMÉRICO ........................................................................... 71 6.3 COMPARAÇÃO NUMÉRICO X EXPERIMENTAL ........................................ 80 Capítulo 7 ................................................................................................................... 86 viii 7- CONCLUSÃO .................................................................................................. 86 Capítulo 8 ................................................................................................................... 88 8- REFERÊNCIAS ................................................................................................ 88 ix Lista de Figuras Figura 1.1 – Comportamento típico da variação da eficiência de uma célula PV com a temperatura da célula. .................................................................................................. 2 Figura 1.2 – (a) Temperatura da célula e (b) potência elétrica da célula PV por unidade de área, sem nenhum dispositivo de resfriamento, para diferentes concentrações. ...... 3 Figura 1.3 – Temperatura da célula versus concentração para diferentes valores de Rcool (resistência térmica). ............................................................................................. 4 Figura 1.4 – Projeto convênio UFRJ-ETH Zurich. ......................................................... 6 Figura 2.1 - Gráfico de eficiência em relação a concentração para diversas temperaturas. Modificado de MBEWE et al. [5]. ............................................................ 7 Figura 2.2 – Relação de eficiência em relação a concentração do sol nas diversas temperaturas de trabalho. Fonte: ZUBI et al. [6] ........................................................... 9 Figura 2.3 – (1) Seção da lente de Fresnel e (2) Seção de uma lente plano-convexa equivalente. Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Fresnel_lens ...................................... 11 Figura 2.4–Sistema de concentração fotovoltaica usando lente Fresnel e concentrador secundário. Fonte: CHONGet al. [9] ........................................................................... 11 Figura 2.5 – A eficiência dos sistemas fotovoltaicos ao longo dos anos. Fonte: NREL 12 Figura 2.6 – Micro dissipador tipo V. Fonte: CHEIN & CHEN [11] ............................... 14 Figura 2.7 – Representaçãoda seção transversal do micro canal estudado por KOSAR [12]. ............................................................................................................................ 14 Figura 2.8 – Aparato experimental de GOMES [13] .................................................... 15 Figura 3.1 – Microtrocador de calor proposto por Corrêa [15]. .................................... 17 Figura 3.2 – Bancada de micro-fresamento CNC - Minitech Machinery ...................... 19 Figura 3.4 – Desenho técnico da base do microtrocador de calor: vistas, detalhe e isométrica. .................................................................................................................. 20 Figura 3.4 – Processo de usinagem dos canais de 400 μm ........................................ 21 x Figura 3.5 – Desenho técnico da tampa do microtrocador de calor: vistas e isométrica. ................................................................................................................................... 22 Figura 3.6 – Imagem explodida do micro dissipador de calor. ..................................... 23 Figura 3.7 – Medidas externas do microtrocador de calor ........................................... 24 Figura 3.8 – Microscopia do distribuidor esquerdo do microtrocador de calor ............. 25 Figura 3.9 – Microscopia do distribuidor direito do microtrocador de calor .................. 25 Figura 3.10 – Microscopia dos microcanais do microtrocador de calor ....................... 26 Figura 3.11 – Microscopia 3D de um canal do microtrocador de calor ........................ 26 Figura 3.12 – Posição das medidas 3D....................................................................... 27 Figura 3.13 – Gráfico de profundidade da Microscopia 3D de um canal do microtrocador de calor ................................................................................................ 28 Figura 4.1 – Bancada experimental para baixa potência ............................................. 30 Figura 4.2 – Intrumentação do microtrocador de calor para a caracterização ............. 31 Figura 4.3 – resistência elétrica chata do tipo “Skin heater em constantan” ................ 32 Figura 4.4 – Esquema hidrodinâmico para os casos de baixa potência ...................... 32 Figura 4.5 – Resistência cartucho de alta potência (8 mm de diâmetro e 60 mm de comprimento). ............................................................................................................. 33 Figura 4.6 – Peça de cobre confeccionada para direcionar o fluxo de calor para área quadrada de 10 x 10 mm. ........................................................................................... 33 Figura 4.7 – Montagem da peça de cobre com a resistência cartucho. ....................... 34 Figura 4.8 – Bancada experimental para alta potência ............................................... 35 Figura 4.9 – Montagem da resistência que representará o fluxo de calor na célula fotovoltáica. ................................................................................................................ 36 Figura 4.10 – Fixação da resistência com o microtrocador de calor ............................ 36 Figura 4.11 – Esquema hidrodinâmico para o caso de alta potência .......................... 37 Figura 4.12 – Instalação hidrodinâmico para o caso de alta potência ......................... 37 Figura 5.1 – Geometria construida no SolidWorks 2012 ............................................. 43 xi Figura 5.2 – Imagem típica de uma janela de configuração do problema a ser resolvido no software COMSOL. ................................................................................................ 44 Figura 5.3 – Desenho esquemático da condição de contorno do fluxo de calor imposto. ................................................................................................................................... 45 Figura 5.4 – Desenho esquemático da condição de contorno por convecção natural e radiação. ..................................................................................................................... 45 Figura 5.5 – Desenho esquemático da entrada e saída do fluido. ............................... 45 Figura 5.6 – Desenho esquemático da superficie considerada isolada ....................... 45 Figura 5.7 – Imagem da malha externa do microtrocador de calor.............................. 48 Figura 5.8 – Imagem da malha na interface do fluido com o microtrocador de calor ... 49 Figura 5.9 – Imagem da malha da configuração de alta potência do caso 4 ............... 50 Figura 5.10 – Fluxo prescrito para alta potência ......................................................... 50 Figura 6.1 – Diferença de temperatura, medida via termopares, no fluido entre a saída e a entrada do microtrocador de calor ao longo do tempo para os três casos de baixa potência com três repetições cada caso. .................................................................... 52 Figura 6.2 – Diferença de temperatura, medida via termopares, no fluido entre a saída e a entrada do microtrocador de calor ao longo do tempo para o caso de alta potência com três repetições..................................................................................................... 53 Figura 6.3 – Variação da temperatura ao longo do tempo e suas respectivas incertezas, para os termopares situados entre a resistência e a base do microtrocador para o caso 1. ............................................................................................................. 54 Figura 6.4 – Variação da temperatura ao longo do tempo e suas respectivas incertezas, para os termopares situados entre a resistência e a base do microtrocador para o caso 2. ............................................................................................................. 55 Figura 6.5 – Variação da temperatura ao longo do tempo e suas respectivas incertezas, para os termopares situados entre a resistência e a base do microtrocador para o caso 3. ............................................................................................................. 55 xii Figura 6.6 – Variação da temperatura ao longo do tempo e suas respectivas incertezas, para o termopar situado entre a resistência e a base do microtrocador para o caso 4. ..................................................................................................................... 56 Figura 6.7 – Temperatura média na interface entre a resistência e a base do microtrocador de calor ................................................................................................ 56 Figura 6.8 – Típica imagem da termografia por infravermelho. ................................... 57 Figura 6.9 – Repetitividade da Média da temperatura da superfície da tampa em relação ao tempo para os casos 1, 2 e 3. ................................................................... 57 Figura 6.10 – Repetitividade da Média da temperatura da superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 4. ................................................................................. 58 Figura 6.11 – Média da temperatura, aquisitada via termografia de infravermelho, na superfície da tampa em relação ao tempo para os casos 1, 2 e 3............................... 58 Figura 6.12 – Média da temperatura, aquisitada via termografia de infravermelho, na superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 4. ........................................... 59 Figura 6.13 – Média da temperatura, aquisitada via termografia de infravermelho, na superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 1 e as respectivas imagens termograficas para os tempos 1s, 10s, 30s e 100s ..................................................... 60 Figura 6.14 - Média da temperatura, aquisitada via termografia de infravermelho, na superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 2 e as respectivas imagens termograficas para os tempos 1s, 10s, 30s e 100s ..................................................... 60 Figura 6.15 – Média da temperatura, aquisitada via termografia de infravermelho, na superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 3, e as respectivas imagens termograficas para os tempos 1s, 10s, 30s e 100s ..................................................... 61 Figura 6.16 – Média da temperatura, aquisitada via termografia de infravermelho, na superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 4, e as respectivas imagens termograficas para os tempos 1s, 500s, 1000s e 1500s ............................................. 61 Figura 6.17 – Imagem termográfia da configuração do caso 4. ................................... 62 xiii Figura 6.18 – Medidas de temperaturas aquisitadas pela câmera termográfica na superfície externa do microtrocador na área 10 x 10 mm delimitada sobre os canais . 63 Figura 6.19 – Repetitividade da temperatura na linha de centro longitudinal do microtrocador de calor, caso 4. ................................................................................... 63 Figura 6.20 – Repetitividade da temperatura na linha de centro transversal do microtrocador de calor, caso 4. ................................................................................... 63 Figura 6.21 – Repetitividade da temperatura na linha de centro longitudinal do microtrocador de calor, caso 4. ................................................................................... 64 Figura 6.22 – Repetitividade da temperatura na linha de centro transversal do microtrocador de calor, caso 4. ................................................................................... 64 Figura 6.23 - Diferença de temperatura entre a saída e a entrada do trocador ao longo do tempo para ostrês casos com as diferentes malhas. .............................................. 72 Figura 6.24 - Média da temperatura da superfície da tampa em relação ao tempopara ostrês casos com as diferentes malhas. ..................................................................... 72 Figura 6.25 – Diferença de temperatura entre a saída e a entrada do trocador em relação ao tempo para os casos 1, 2 e 3. ................................................................... 73 Figura 6.26 – Diferença de temperatura entre a saída e a entrada do trocador em relação ao tempo para o caso 4. ................................................................................. 73 Figura 6.27 – Gráfico da média de temperatura da superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 1 ................................................................................................... 74 Figura 6.28 – Gráfico da média de temperatura da superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 2 ................................................................................................... 75 Figura 6.29 – Gráfico da média de temperatura da superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 3 ................................................................................................... 75 Figura 6.30 – Gráfico da média de temperatura da superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 4 ................................................................................................... 76 Figura 6.31 – Imagem da temperatura da superfície da tampa do microtrocador de calor após simulação do caso 4 .................................................................................. 77 xiv Figura 6.32 – Temperatura na superfície 10 x 10 mm sobre os canais microtrocador de calor............................................................................................................................ 77 Figura 6.33 – Temperatura na linha de centro transversal do microtrocador de calor . 78 Figura 6.34 – Temperatura na linha de centro longitudinal do microtrocador de calor. 78 Figura 6.35 – Comparação da diferença de temperatura entre a saída e entrada numérica e experimental para os casos 1, 2 e 3. ........................................................ 81 Figura 6.36 – Comparação da diferença de temperatura entre a saída e entrada numérica e experimental para o caso 4. ..................................................................... 81 Figura 6.37 – Gráfico da média de temperatura da superfície da tampa em relação ao tempo para os casos 1, 2 e 3. ..................................................................................... 82 Figura 6.38 – Gráfico da média de temperatura da superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 4. .................................................................................................. 83 Figura 6.39 – Comparação numérico-experimental da superfície 10 x 10 mm sobre os canais. ........................................................................................................................ 83 Figura 6.40 – Comparação numérico-experimental da linha imaginária longitudinal a superfície 10 x 10 mm sobre os canais ....................................................................... 84 Figura 6.41 – Comparação numérico-experimental da linha imaginária transversal a superfície 10 x 10 mm sobre os canais ....................................................................... 85 xv Lista de Tabelas Tabela 2.1 – Parâmetros geometricos dos micro e mili trocadores de calor de DANG &TENG [14] ................................................................................................................ 16 Tabela 3.1 – Resultados das medições internas ......................................................... 27 Tabela 4.1 – Casos experimentais baixa potência ...................................................... 38 Tabela 4.2 – Casos experimentais .............................................................................. 41 Tabela 5.1 – Dados de entrada da condição inicial e condições de contorno ............. 46 Tabela 5.2 – Dados de entrada da condição inicial e condições de contorno, caso 5. 47 Tabela 5.3 – Malhas utilizadas para convergência ...................................................... 48 Tabela 5.4 – Malha para estimar o fluxo de calor........................................................ 49 Tabela 6.1 – Análise global ......................................................................................... 71 Tabela 6.2 – Comparação Caso 5 x MARCO [17]. ..................................................... 80 Tabela 6.3 – Comparação Numérico x Experimental do balanço térmico ................... 85 xvi CAPÍTULO 1 1 - INTRODUÇÃO 1.1 MOTIVAÇÃO E OBJETIVOS Após mais de cinco décadas de pesquisa e desenvolvimento, a produção de energia fotovoltaica tem crescido rapidamente. A sua principal vantagem é a possibilidade de captar energia solar, que provê oportunidades para o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis de geração de eletricidade. O uso de células fotovoltaicas com concentração reduz a necessidade por células muito caras, diminuindo assim o capital necessário pelo uso de elementos óticos de baixo custo. Sistemas de alta concentração (HCPV) mais recentes tem permitido à energia solar competir com outras tecnologias de geração de energia. Como resultado, células de junção múltipla com alta eficiência de conversão se tornam mais acessíveis. Sistemas de células fotovoltaicas com concentração empregam fatores de concentração maiores do que 300. Sistemas com altos fatores de concentração são chamados de CPV de alta concentração ou sistemas HCPV. Esses sistemas são responsáveis pela redução do custo de investimento de sistemas solares abaixo de 2 $/Wpeak e fazem a energia solar competitiva com outras tecnologias. O resfriamento das células fotovoltáicas nos sistemas com concentração é um dos principais temas de pesquisa tecnológica nessa área, visando o aumento da eficiência e evitando a degradação das células pela temperatura excessiva. Esses aspectos exigem um controle cuidadoso e otimizado no sistema de dissipação térmica para células fotovoltaicas de alta concentração. A variação da eficiência da célula solar com a temperatura é calculada por WILLIAMS [1], 1 ref (1 (T Tref )) 1.1 onde T é a temperatura, β é um parâmetro referencial da célula que varia entre 0.004 e 0.006 1/°C e ηref e Tref são a eficiência e a temperatura de referência, respectivamente. Um gráfico típico da eficiência da célula é mostrado na Figura 1.1. Figura 1.1 – Comportamento típico da variação da eficiência de uma célula PV com a temperatura da célula. A variação da eficiência da célula fotovoltaica com a concentração é fornecida por MARKVART [2], 1(1 kT ln( X )) qVoc1 1.2 onde q é a magnitude da carga do elétron, dada por 1.602×10−19 C, k é a constante de Boltzmann (k = 1.38×10−23J/K), e η e Voc1 são a eficiência e a voltagem do circuito 1 aberto nas células solares sem concentração, respectivamente. Assim, pelas Equações 1.1 e 1.2 a eficiência das células aumenta significativamente com o aumento da concentração ou diminuem com a temperatura. No equilíbrio térmico, o balanço de energia na célula pode ser expresso pela Equação 1.3, I qrad qconv Pel qcool 0 1.3 2 onde I é o fluxo solar concentrado de entrada, qrad é o fluxo de calor por radiação, qconv é o fluxo de calor convectivo da superfície, Pel=.I é a potência elétrica de saída por unidade de área e qcool é o fluxo absorvido pelo fluido refrigerante. Assumindo um nível típico de insolação de 1000 W/m2, e 1000x de concentração em uma célula solar com eficiência de referência de 20% e sem transferência de calor por convecção ou radiação através da parte da frente ou de trás das superfícies, o fluxo de calor máximo que deve ser removido da célula é de aproximadamente 80 W/cm2. Considerando ambas as transferências de calor por convecção e radiação da parte da frente e de trás das superfícies com resistência térmica por convecção de 0.2 K.m2/W e a emissividade da superfície de 0.855, se nenhum dispositivo de resfriamento é empregado, mesmo com uma concentração baixa de apenas 10x, a temperatura da célula pode exceder 600°C, Figura 1.2 (a). Contudo, a saída de potência elétrica diminui mesmo depois da concentração apenas igual a 3 e atinge zero na concentração igual a 5.5, Figura 1.2 (b). (a) (b) Figura 1.2 – (a) Temperatura da célula e (b) potência elétrica da célula PV por unidade de área, sem nenhum dispositivo de resfriamento, para diferentes concentrações. A Figura 1.2 mostra que a eficiência do mecanismo de resfriamento é crucial para na geração de energia por células fotovoltaicas com concentração. Utilizando um 3 dispositivo de resfriamento com resistência térmica Rcool pode-se controlar a temperatura da célula significativamente. Resolvendo a Equação 1.3 para diferentes valores de Rcool e para as transferências de calor por convecção e radiação, resulta o perfil de temperatura na célula como mostradas na Figura 1.3. Pode ser visto que para concentrações de 1000 sois1, para que a temperatura da célula seja mantida abaixo de 80°C, a resistência térmica de cerca de 5×10-5 Km2/W é necessária. Se a temperatura da célula deve ser mantida abaixo de 50°C, a resistência térmica deve ser reduzida para 1x10-5 Km2/W. Figura 1.3 – Temperatura da célula versus concentração para diferentes valores de Rcool (resistência térmica). Todas essas considerações pedem um controle da temperatura das células. Se for empregada uma técnica de resfriamento apropriada, esses paneis solares se tornarão mais eficientes, o que poderia abrir caminho para a transição da atual indústria de geração de energia para as fontes alternativas amigáveis com o meio ambiente, aumentando a exportação de recursos não-renováveis disponíveis e criando também uma base para no futuro exportar essa tecnologia. 1 1 sol (sun) = 1000 W/m -2 4 O conceito de microtrocadores de calor com refrigerante liquido já demonstrou ser adequado em diferentes aplicações eletrônicas. Desde a sua introdução por TUCKERMAN & PEASE [3], tem sido empregado em inúmeras aplicações em diferentes dispositivos de arrefecimento de células solares, como revisado por ROYNE et al. [4]. Devido à baixa eficiência das células fotovoltaicas HCPV atuais, parte da energia incidente é perdida em forma de calor, que resulta no aumento da temperatura, o que provoca efeitos prejudiciais na eficiência da célula. Como mencionado, uma solução é a utilização de um microtrocador de calor ativo acoplado na célula HCPV. Um benefício é a utilização da energia térmica do líquido refrigerante aquecido para uma aplicação secundária, como por exemplo na dessalinização da água, minimizando a potência de bombeamento através de um projeto otimizado do microtrocador de calor. A presente dissertação de mestrado se insere no contexto da cooperação internacional entre o LabMEMS (Laboratório de Nano e Microfluidica e Microssistemas), o LTTC (Laboratório de Transmissão e Tecnologia de Calor), ambos da COPPE/UFRJ, e o LTNT (Laboratório de Termodinâmica em Tecnologias Emergentes) do ETH Zurich, Suiça, que tem por principal objetivo a utilização de microtrocadores de calor para o arrefecimento de células HCPV e a reutilização deste calor rejeitado na dessalinização de água. A Figura 1.4 apresenta um desenho esquemático que ilustra o acoplamento do circuito térmico para arrefecimento das células HCPV (a esquerda do trocador de calor) e o circuito do dessalinizador de membrana (a direita do trocador de calor). Dessa forma, este trabalho contribui na fabricação, simulação computacional e realização de experimento em laboratório de um microtrocador de calor baseado em microcanais otimizado para o arrefecimento eficiênte de células fotovoltaicas de alta concentração (HCPV). Onde o microtrocador de calor proposto apresenta uma relação área/volume do microcanal de 7,1 m2/m3 e uma relação área/volume do microtrocador de 7,7 m2/m3. 5 Figura 1.4 – Projeto convênio UFRJ-ETH Zurich. 6 CAPÍTULO 2 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 PAINEIS HCPV MBEWE et al. [5] apresentam expressões semi-empíricas da eficiência em função da temperatura e da concentração para células fotovoltaicas de silício. Mostrando por fim que a eficiência aumenta com o aumento da concentração da energia solar e reduz com o aumento da temperatura, como pode ser visto na Figura 2.1. Além, de sugerir o arrefecimento das células fotovoltaicas para reduzir o gradiente Eficiência (%) de temperatura sobre a célula. Concentração Figura 2.1 - Gráfico de eficiência em relação a concentração para diversas temperaturas. Modificado de MBEWE et al. [5]. Para o resfriamento de células fotovoltaicas de alta concentração ROYNE et al. [4] apresentam algumas considerações que devem ser levados em conta no projeto de arrefecimento: 7 Temperatura da célula – A eficiência da célula fotovoltaica diminui com o aumento da temperatura. As células apresentam degradação a longo prazo apartir de uma temperatura limite. O fabricante da célula geralmente especifica os valores mínimos e máximos de funcionamento. Uniformidade das temperaturas das células vizinhas – A eficiência do módulo diminui quando a temperatura das células não estão uniformes. Tal fato se dá porque as células ligadas em série aumentam a tensão de saída reduzindo a corrente em um determinado potêncial, reduzindo assim as perdas óhmicas. No entanto, a célula com a maior temperatura, ou seja, menor eficiência irá limitar a corrente que passa por ela, sendo assim esta célula limitará a eficiência do módulo. Confiabilidade e simplicidade – Para manter os custos baixos de operação deve-se pensar em soluções de manutenção simples. Inclui-se também a redução do uso de materiais tóxicos. A confiabilidade é um outro aspecto importante, pois uma falha do sistema de arrefecimento pode conduzir à destruição das células fotovoltaicas. O sistema de arrefecimento deve ser projetado para lidar com os piores cenários. Utilização da energia térmica – A utilização da energia térmica extraída do arrefecimento da célula para abastecer sistemas secundários. Energia de bombeamento – Sendo o bombeamento necessário para o arrefecimento da célula, deve-se considerar o mínimo de energia, perda. Eficiência do material – Uso de materiais de baixo custo, baixo peso e com boa condutividade térmica. O artigo de ZUBI et al. [6] trata do estado da arte das células fotovoltaicas de alta concentração utilizando as células fotovoltaicas III-V. Comentam que estas células apresentam a maior eficiência entre as demais células e que são produzidas com elementos do 3a e 5a grupo dos representativos da tabela periódica como gálio (Ga), 8 índio (In), fósforo (P) e arsênico (As). O Germânio (Ge), elemento do 4 a grupo, é utilizado como camada ativa nas células de tripla união. Afirmam que no sistema de concentração HCPV a lente Fresnel é a mais utilizada. Eles apresentam ainda as relações de eficiência em relação ao fator de concentração do sol em diferentes temperaturas de operação da célula CDO-100 do fabricante Spectrolab, Figura 2.2. Figura 2.2 – Relação de eficiência em relação a concentração do sol nas diversas temperaturas de trabalho. Fonte: ZUBI et al. [6] Um sistema CPV (Concetrator Photovoltaic), concentradores fotovoltaicos, consiste simplesmente de um componente óptico que concentra a luz solar sobre a pequena célula fotovoltaica. MOKRI et al. [7] fizeram uma crítica revisão sobre os CPV e sobre o mercado. Definindo os paines de acordo com a célula fotovoltaica e a taxa de concentração, usualmente: LCPV (Low-Concentration Photovoltaic) sistemas que concentram até 40 sóis, células de Si (Silício) com refrigeração passiva apenas para manter seu desempenho. MCPV (Mid-Concentration Photovoltaic) sistemas que concentram de 40 até 300 sóis, células multi-junção com refrigeração ativa. 9 HCPV (High-Concentration Photovoltaic) sistemas que concentram de 300 até 2000 sóis, células multi-junção com necessidade de dissipador de calor de alta capacidade. MOKRI et al. [7]mostraram também que o custo da instalação de uma planta de HCPV é de aproximadamente $3,05/W e o gasto para produção de energia é da ordem de $0,14/kWh e para uma planta de LCPV é da ordem de $5,05/W e $0,24/kWh respectivamente, deixando clara a vantagem das plantas de alta concentração. PARIDA et al. [8] fizeram uma revisão sobre a tecnologia fotovoltaica e comentaram sobre os concentradores mostrando as vantagens devido a redução da materia prima dos semicondutores, que é caro, e o aumento da taxa de geração de energia elétrica, possibilitanto um aumento de eficiência da célular em até 62%. Além de apresentarem possiveis aplicações para os sistemas fotovoltaicos, como: Construção de sistemas integrados, Usinas de dessalinização, Utilização no espaço, Bombas de irrigação, Tecnologia de aproveitamento de energia elétrica e térmica, entre outras. Após 30 anos de desenvolvimento de design ópticos para concentradores fotovoltaicos, CHONG et al. [9] fizeram uma revisão, examinando o progresso do dispositivo. Mostram em seu artigo uma série de ideias inovadoras e criativas para o aproveitamento da energia solar. Apresentam entre outras a utilização das lentes de Fresnel, inventada pelo físico e engenheiro francês Augustin-Jean Fresnel (1788– 1827), substituindo assim as lentes plano-convexa devido a redução do espaço físico, Figura 2.3, mantendo a concentração luminosa. A Figura 2.4 apresenta um sistema utilizando a lente fresnel como concentração primaria e um outro sistema de concentração secundária para centralizar os raios solares sobre a célula fotovoltaica. 10 Figura 2.3 – (1) Seção da lente de Fresnel e (2) Seção de uma lente plano-convexa equivalente. Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Fresnel_lens Figura 2.4–Sistema de concentração fotovoltaica usando lente Fresnel e concentrador secundário. Fonte: CHONGet al. [9] O Laboratório Nacional de Energia Renovavel (NREL2) do Departamento de Energia dos EUA apresenta, Figura 2.5, o desenvolvimento dos sistemas fotovoltaicos ao longo dos anos, mostrando a eficiência das células de multiplas uniões com sistema de concentração com eficiência variando de 32,6 à 44,4%, mostrando também seu desenvolvimento apartir de meados de 1999. 2 National Renewable Energy Laboratory – U.S. Department of Energy 11 Figura 2.5 – A eficiência dos sistemas fotovoltaicos ao longo dos anos. Fonte: NREL 2.2 MICROTROCADORES DE CALOR O microtrocador de calor é um equipamento que tem a mesma finalidade dos trocadores de calor convencionais, promover a transferência de energia térmica de forma eficiente de um meio para outro. Um trocador de calor normalmente faz parte de um processo com o objetivo de resfriar ou aquecer um determinado fluido. São geralmente utilizados em usinas de geração de energia, refinarias de petróleo, refrigeração, aquecedores, entre outros. Um dos primeiros a propor os microtrocadores de calor foram TUCKERMAN & PEASE [3] para aplicação em sistemas integrados eletrônicos devido ao elevado aquecimento. Foi proposto após uma otimização um microtrocador de calor de silício com área de 1cm² com canais de 57 x 365 μm e parede entre os canais de 57 μm. QU & MUDAWAR [10] analisaram o problema conjugado de um canal de um microtrocador de calor de silício pelo método numérico elementos finitos. Algumas hipóteses simplificadores foram utilizadas antes de aplicar nas equações de NavierStokes e da Energia, tais como: regime estacionário; fluido incompressivel; fluxo 12 laminar; propriedades de fluido e sólido constantes; transferência de calor por radiação desprezível; e convecção natural externa desprezível. Foi realizado uma validação do código com diversos tamanhos de malha e comparou alguns resultados numéricos com experimento realizado por KAWANO et al. (1998, apud QU & MUDAWAR, 2002). Mostraram que com o aumento do número de Reynolds reduzia o número de Nusselt e consequentemente reduzia o gradiente de temperatura ao longo do canal. Apresentaram ainda que com a mudança do material do microtrocador de calor de silício para cobre o aumento de condutividade é da ordem de 2,7 vezes maior reduzindo a temperatura média da parede do canal. CHEIN & CHEN [11] fizeram o estudo numérico de um micro dissipador de calor de silício com 11 canais retangulares de 400 x 200 μm e comprimento de 10 mm, realizaram a comparação do campo de velocidade do fluido e a distribuição de temperatura no dissipador para 6 diferentes arranjos de entrada e saída de fluido. Para o micro dissipador de calor proposto por CHEIN & CHEN [11] foram consideradas as seguintes hipóteses: regime estacionário; fluido de fase única e escoamento laminar; propriedades do fluido e do dissipador independente da temperatura; todas as superfícies externas do dissipador isoladas exceto a base, onde um fluxo de calor constante simula a geração de calor de um chip eletrônico específico. Por meio do método de volume finito e auxílio do software CFD Fluent, considerando as equações que governam o transporte de energia, concluiram que há diferenças consideráveis no campo velocidade, no gradiente de pressão e no gradiente de temperatura, consequentemente diferença do número de Nusselt e por conseguinte na resistência térmica do dissipador. Por fim, concluiram que o melhor desempenho foi o micro dissipador de calor com entrada/saída do tipo V, Figura 2.6, que apresenta uma melhor uniformidade no campo de velocidade dos canais. O modelo apresenta entrada e saída do fluido na vertical, deslocadas em posições opostas em relação ao centro geométrico da peça. 13 Figura 2.6 – Micro dissipador tipo V. Fonte: CHEIN & CHEN [11] Foi estudado por KOSAR [12] a transferência de calor em micro canais quadrados de 200 μm de lado, com aplicação em micro dissipadores de calor, para os materiais Poliimida, Vidro, Quartzo, Aço, Silício e Cobre e com variação de espessura, t, de parede de 100 até 1000 μm, utilizando a ferramenta computacional COMSOL Multiphysics 3.4. Na Figura 2.1 pode-se observar a direção do fluxo de calor que foi variado de 50 a 250 kW/m² e com valores de Reynolds abaixo de 2000 (escoamento laminar). O números de elementos utilizado foi de 37754 com com malha predominante de tetraedros. Figura 2.7 – Representaçãoda seção transversal do micro canal estudado por KOSAR [12]. 14 KOSAR [12] concluiu que as análises numéricas realizadas tiveram uma boa concordância com a teoria, com o aumento da condutividade térmica do substrato (troca de material) há um aumento no número de Nusselt. Nusselt para as diferentes espessuras se diferem com o aumento de Reynolds, apesar de não haver uma diferença substâncial para as espessuras analisadas. GOMES [13] experimentou um microtrocador de calor de micro-canais comercial com resfriamento à líquido, Thermaltake PW850i, utilizado para substituir os dissipadores de calor aletados com ventilaçãoforçada de ar para resfriamento de micro processadores. A Figura 2.8 apresenta um desenho ilustrativo do aparato experimental montado por GOMES (2010) composto por uma bomba, um microtrocador de calor, um radiador e um reservatório. Para instrumentação utilizou-se três termopares, uma resistência térmica e um medidor de vazão. Dessa forma foi caracterizado o microtrocador de calor comercial. Figura 2.8 – Aparato experimental de GOMES [13] 15 DANG & TENG [14] simularam numericamente com o software COMSOL Multiphisics, versão 3.5, 1 micro e 2 mili trocadores de calor com a mesma área transversal de escoamento.NaTabela 2.1 pode-se verificar os parâmetros geométricos simulados, onde apresenta o número de canais, a largura do canal (Wc) e a profundidade do canal (Dc). Tabela 2.1 – Parâmetros geometricos dos micro e mili trocadores de calor de DANG &TENG [14] Dimensão dos canais em (μm) Canal Tipo a N de canais Wc Dc T1 Microcanal 10 500 200 T2 Milicanal 4 1000 250 T3 Milicanal 2 2000 250 Foi observado por DANG & TENG [14] que o microtrocador de calor (T1) teve melhor eficiência de troca térmica e o mili trocador de calor (T3) teve a pior, porém, o microtrocador de calor (T1) teve a maior perda de carga e o mili trocador de calor (T3) a menor. Concluindo que quanto menor a dimensão dos canais maior a eficiência de troca térmica, porém, maior perda de carga. CORRÊA et al. [15] realizou uma otimização de um microtrocador de calor para uma célula fotovoltaica de alta concentração com a plataforma computacional CFX da ANSYS. Onde os parâmetros otimizados foram vazão em cada canal, largura e altura do canal, objetivando a minimização da temperatura da célula, a minimização do desvio padrão da temperatura na célula e maximização da temperatura de saída do fluido de trabalho, com a restrição de não mudança de fase no interior do microtrocador, ou seja,temperatura máxima de fluido fixada em 368,15 K (95,15 °C). Chegando por fim em um microtrocador de calor de 18 canais com dimensão de 381 x 945 μm e comprimento de 10 mm. 16 CAPÍTULO 3 3 - FABRICAÇÃO DO MICROTROCADOR DE CALOR Como parte do dimensionamento do microtrocador de calor foi realizado um estudo de simulação e otimização por CORRÊA [16] com a ferramenta computacional CFX/ANSYS. Neste trabalho, CORRÊA [16], considerou-se a célula fotovoltaica comercial para altas concentrações CCA 100 C3MJ 1A da Spectrolab, subsidiária da Boeing levando-se em consideração a média diária de energia solar normal direta de 600 kW/m² para a região do Rio de Janeiro. O microtrocador de calor otimizado e proposto por CORRÊA [16] é ilustrado na Figura 3.1 e possui 18 canais iguais, com dimensões de 381 x 945 μm de seção transversal e 10 mm de comprimento, em cobre e com escoamento de correntes paralelas. A forma geométrica do poço de distribuição não foi otimizada no estudo de CORRÊA [16], sendo apenas proposta como uma possibilidade para a entrada e saída do fluido refrigerante. Canais Poço de distribuição Rebaixo para colocação de o’ring Figura 3.1 – Microtrocador de calor proposto por Corrêa [15]. 17 O micro trocador de calor fabricado exclusivamente para este estudo, e que usou como base a sugestão porposta por CORRÊA [16], sofreu pequenas modificações de ordem operacional, para viabilizar a fabricação do referido microtrocador de calor. Retirou-se o rebaixo para colocação do o’ring, como pode ser visto na Figura 3.1, pois utilizou-se uma vedação por pressão em superfícies de baixa rugosidade. A retirada do rebaixo para o o’ring permitiu aumentar o comprimento do canal de 10 para 12 mm, aumentando a área de troca de calor. A largura do canal teve que ser alterada de 381 para 400 μm, pois não havia uma microfresa de diâmetro de 381 μm disponível, e a mais próxima era de 400 μm. A fabricação foi realizada com auxílio de uma microfresadora com controle numérico computadorizado (CNC) da empresa “Minitech Machinery” disponivel no LabMEMs, que trabalha com 3 eixos motorizados x, y e z além de possuir uma castanha acoplada a um motor de passo. Na sujeição da peça a ser usinada, é possível a utilização de uma morsa convencional ou de uma morsa à vácuo, que permite a fixação e usinagem de substratos de pequenas espessuras. As ferramentas, microfresas de topo, utilizadas são de carboneto de tungstênio da empresa PMT (Performance Micro Tool), que apresenta uma gama de dimensões de fresas chegando a 25 μm de diâmetro. O código numérico utilizado pela micro-fresadora é gerado com o auxílio do software “MecSoft VisualCad 2012”. A bancada de microfresamento utilizada no presente estudo pode ser vista na foto da Figura 3.2. 18 Ar comprimido Pinças Morsa à vácuo Castanha Morsa convencional Figura 3.2 – Bancada de micro-fresamento CNC - Minitech Machinery A fabricação do microtrocador de calor foi dividida em duas etapas, a fabricação da base e a fabricação da tampa. Fabricação da Base A base do microtrocador de calor é onde de fato encontram se os microcanais e o poço de distribuição por onde o fluido de trabalho deve circular nos microcanais. Os 18 canais foram fabricados com seção transversal de 400 x 945 μm e 12 mm de comprimento, de modo que cada canal tenha um diâmetro hidráulico de 562 μm. A Figura 3.3 apresenta as vistas técnicas com detalhe da seção transversal dos canais, além de apresentar uma vista isométrica. 19 Figura 3.3 – Desenho técnico da base do microtrocador de calor: vistas, detalhe e isométrica. O procedimento de fabricação da base foi iniciado partindo-se de uma barra chata de cobre eletrolítico de seção transversal 38,1 X 3,175mm (1½” X 1/8”), e utilizando-se um arco de serra comum foi retirada manualmente uma pastilha com dimensões: 23 x 27mm, para então ser iniciada a fabricação da base propriamente dita. Na sequência, fixou-se a pastilha na morsa convencional com auxílio de uma fresa de topo de diâmetro 2,032 mm (0,08”), a pastilha foi faceada, usinando as laterais e as duas faces, de modo que as superficies ficassem perpendiculares entre si e com dimensões finais de 3 x 21 x 25,5mm. Sem retirar a pastilha da posição foram usinados os dois distribuidores usando uma fresa de 1,016 mm (0,04”). Por último foram usinados os 18 canais com auxílio da fresa de 0,4 mm, como pode ser visto na Figura 3.4. Vale ressaltar que para todos os passos de usinagem foi utilizado óleo 20 refrigerante e lubrificante para melhor usinabilidade e que os parâmetros de corte foram criticamente definidos. Figura 3.4 – Processo de usinagem dos canais de 400 μm Fabricada a base, foram feitos quatro furos passantes com uma broca de 1,6mm com o auxílio de uma furadeira de bancada, e em seguida foram abertas roscas métrica de 2 mm com a ferramenta Macho específica nas quatro furações de 1,6 mm. Por fim, lixou-se toda a superfície do micro-trocador com uma lixa d’água de número 1500 para reduzir a rugosidade e facilitar a vedação com a tampa. Fabricação da Tampa A tampa do microtrocador de calor contém a comunicação de entrada e de saída do fluido de trabalho. A Figura 3.5 apresenta as dimensões da tampa do microtrocador, porém, para obter estas dimensões, as etapas de fabricação serão apresentadas na próxima seção. 21 Figura 3.5 – Desenho técnico da tampa do microtrocador de calor: vistas e isométrica. O procedimento de fabricação da tampa teve início apartir de uma barra chata de cobre eletrolítico de seção transversal 101,6 x 6,35 mm (4” x 1/4”). Com o auxílio de um arco de serra comum foi retirado manualmente uma pastilha com dimensões: 23 x 27 mm. As laterais da pastilha foram faceadas com uma fresa de topo de diâmetro 2,032 mm (0,08”) de modo que ficassem perpendiculares entre si e com dimensões finais de 21 x 25,5 mm. Em seguida com a mesma ferramenta de corte, foi faceada uma das superfícies (superfície que ficará em contato com os microcanais), após virou-se a pastilha e a superfície foi desbastada até a dimensão final da espessura de 2 mm, deixando apenas o pino de entrada e saída do fluido proeminentes, conforme representado na Figura 3.5. Ao termino, com auxílio de uma furadeira de bancada realizou-se os seis furos passantes, referente as duas entradas e as quatro furações de fixação, com uma broca de 2 mm. Por fim lixou-se a superfície com uma lixa d’água de número 1500 para reduzir a rugosidade e facilitar a vedação com a base. Na fixação das partes (base e tampa), Figura 3.6, optou-se por por uma fixação mecânica posicionando nas extremidades do microtrocador de calor quatro parafusos. Para evitar vazamento as superfícies da base e da tampa que estão em contato, foram 22 fabricadas com rugosidade reduzida de modo a facilitar a fixação mecânica e consequente vedação apenas pela pressão dos parafusos, dispensando assim o uso de anel de vedação (o`ring). Tampa Base Figura 3.6 – Imagem explodida do micro dissipador de calor. Após o processo de fabricação foram realizadas algumas medidas das dimensões internas e externas fabricadas. As medidas externas podem ser vistas na Figura 3.7, onde é apresentado a base do microtrocador de calor ao lado de uma régua milimétrica para dar a noção do tamanho do microtrocador de calor, Figura 3.7(a), e as medidas de comprimento, largura e espessura realizadas pelo paquímetro, apresentado respectivamente pelas Figura 3.7 (c), (d) e (b), medidas realizadas com o microtrocador de calor montado. 23 (a) (b) (d) (c) Figura 3.7 – Medidas externas do microtrocador de calor Para as medidas internas foi utilizado o microcopio digital Hirox Digital Microscope modelo KH-8700. Nas Figura 3.8 e Figura 3.9 pode-se ver a imagem da microscopia realizada no poço de distribuição esquerdo e direito, respectivamente, do microtrocador de calor. Foram realizadas 5 medidas de largura ao longo de cada distribuidor apresentando a dimensão de 2473,6 μm com desvio padrão de 5,6 μm para o distribuidor esquerdo e 2471,8 μm com desvio padrão de 8,2 μm para o distribuidor direito. A Figura 3.10 apresenta a microscopia de alguns dos canais do microtrocador de calor. Foram realizadas 30 medidas de largura dos canais de forma aleatória nos diversos pontos dos microcanais que compoem o microtrocador de calor, 24 apresentando uma dimensão média de 401,0 μm com desvio padrão de 3,6 μm, lembrando que a ferramenta utilizada na fabricação dos microcanais foi de 400 μm. Figura 3.8 – Microscopia do distribuidor esquerdo do microtrocador de calor Figura 3.9 – Microscopia do distribuidor direito do microtrocador de calor 25 Figura 3.10 – Microscopia dos microcanais do microtrocador de calor Para medição da profundidade e da rugosidade dos canais foi necessário gerar uma imagem em 3D no software do Hirox Digital Microscope dos canais do microtrocador de calor. A Figura 3.11 apresenta uma típica imagem 3D gerada pelo software, o plano em amarelo representado no canal é utilizado para gerar o gráfico de medida de profundidade conforme apresentado abaixo na própria Figura 3.11. Figura 3.11 – Microscopia 3D de um canal do microtrocador de calor 26 Utilizando esta função foram realizadas 9 medidas em diferentes pontos do microtrocador de calor, conforme apresentado na Figura 3.12 e os resultados obtidos podem ser vistos na Tabela 3.1. C F I B E H A D G Figura 3.12 – Posição das medidas 3D Na Tabela 3.1 temos nas colunas profundidade (H), Rugosidade média (Ra), Rugosidade altura máxima (Rz) e Rugosidade da média das alturas máximas de dez pontos (Rzis) do canal. A B C D E F G H I Tabela 3.1 – Resultados das medições internas H Ra Rz 943.6 0.122 0.583 933.6 0.142 0.810 939.9 0.100 0.547 938.8 0.171 1.275 940.0 0.136 0.465 936.8 0.098 0.316 938.1 0.251 1.028 937.3 0.385 1.582 940.1 0.404 1.339 Rzis 0.389 0.564 0.492 0.785 0.365 0.294 0.924 1.362 1.028 Com os resultados encontrou-se uma média da profundidade do canal do microtrocador de calor de 938,7 μm com desvio padrão de 2,6 μm. Que apresenta uma diferença de apenas 6,3 μm para a profundidade previamente otimizada de 945 μm, essa diferença é justificada pela dificuldade de encontrar o zero da ferramenta, ou 27 seja, de posicionar a fresa de pequena dimensão, 400 μm, sobre a superfície faceada do cobre. A rugosidade média (Ra) apresentada pelos canais do microtrocador de calor se enquadra de acordo com a norma NBR 8404/1984 de indicação do estado de superfícies em desenho técnico entre as classes de rugosidade N3 e N5, que apresentam rugosidades de 0,1 e 0,4 μm, respectivamente. Tais valores de rugosidade estão relacionados com processos de fabricação de acabamento, tais como Retifica e Polimento. A rugosidade da altura máxima (Rz) é a distância do maior pico e do maior vale da superfície analisada, já a rugosidade da média das alturas máximas de dez pontos (Rzis) é a média entre as maiores distâncias entre os picos e vales em 10 diferentes partes da superfície analisada. A Figura 3.13 apresenta uma imagem gerada apartir dos dados coletados com a função 3D do software do Hirox Digital Microscope de um dos canais, como representação é colocado as medidas médias da largura e do comprimento. z m 1000 938,7 μm 800 600 401 μm 400 200 0 0 100 200 300 400 500 600 Figura 3.13 – Gráfico de profundidade da Microscopia 3D de um canal do microtrocador de calor 28 y m CAPÍTULO 4 4 - ANÁLISE EXPERIMENTAL 4.1 APARATO EXPERIMENTAL Dentro do presente estudo foi montado uma bancada experimental para análise de eficiência do microtrocador de calor fabricado em condições controladas de laboratório antes da instrumentação dos painéis HCPV. A análise experimental pode ser divida em duas fases, baixas potências e alta potência a serem dissipadas pelo microtrocador. A etapa de análise de baixas potências serviu para caracterizar o microtrocador em condições controladas sob o regime transiente para diferentes fluxos de calor. A etapa de análise de alta potência teve como objetivo estudar o comportamento e a eficiência do microtrocador de calor em uma situação experimental mais próxima das condições a que ele estará submetido quando instalado no painel HCPV. Neste sentido foi montado, no contexto do presente trabalho, uma bancada experimental com configurações diferentes para cada uma das fases. A Figura 4.1 apresenta a configuração da fase de baixas potências, que conta com os seguintes equipamentos: 1 câmera de termografia por infravermelho, FLIR SC645, que realiza medidas não intrusivas de temperatura, de uma superfície conhecendo a emissividade da superfície, a distância entre lente-objeto e a temperatura e umidade do ar; 1 sistema de aquisição de dados, Agilent 34970-A, para leitura e dos dados fornecidos pelos termopares; 5 termopares, sendo dois para medidas de temperatura media no fluido, na entrada e saída do microtrocador e os outros três posicionados entre a resistência e a base do microtrocador; 1 computador, utilizado para aquisição e tratamento de dados; 29 1 bomba de seringa, New Era NE-1000, para o bombeamento do fluido de trabalho com vazão controlada; 1 balança de precisão, Marte AS5500C, para verificação da vazão total na saída do microtrocador de calor; Fonte de Corrente contínua com tensão controlada, variando assim a potência aplicada na resistência; 1 resistência elétrica do tipo “Skin heater em constantan” de corrente contínua, responsável pelo fluxo de calor no microtrocador de calor; 1 microtrocador de calor fabricado exclusivamente para este estudo. Câmera termográfica Fonte corrente CC Bomba de seringa Micro trocador AGILENT Balança Figura 4.1 – Bancada experimental para baixa potência A Figura 4.2 mostra, em detalhe, a montagem experimental e a instrumentação do microtrocador de calor para os casos experimentais envolvendo baixas potências. Pode-se observar que o microtrocador de calor está pintado com uma tinta de grafite que permite a uniformização da emissividade da superficie e um valor conhecido de 0.97 informado pelo fabricante da tinta (Graphit 33, Kontact Chemie). Este controle e 30 conhecimento da emissividade é uma etapa importante na utilização da termografia por infravermelho como medida quantitativa de temperatura, uma vez que as câmeras termograficas utilizam este valor para fazer a conversão de fluxo de calor por radiação que chega ao detector da câmera em temperatura, graus Celsius. Nesta caracterização do microtrocador de calor a baixas potencias foi utilizada uma resistência elétrica chata do tipo “Skin heater em constantan” de corrente contínua e 15,6 Ohms, capaz de dissipar potências na faixa de 2-20W, como apresentada na Figura 4.3. Tal resistência apresenta uma limitação na temperatura maxima de operação, que é de 150°C. Assim, para a caracterização inicial do aparato experimental e do microtrocador foi utilizada uma potência máxima de 12,6 W, possibilitanto o estudo transiente do microtrocador de calor. Saída do fluido Micro trocador Entrada do fluido Termopares Resistência Resistência Lã de rocha Acrílico Lã de rocha Figura 4.2 – Intrumentação do microtrocador de calor para a caracterização 31 Figura 4.3 – resistência elétrica chata do tipo “Skin heater em constantan” A Figura 4.4 ilustra o esquema hidrodinâmico do experimento para os casos experimentais de baixa potência. A bomba de seriga, que controla a vazão do fluido, transmite a energia necessária para transportar o fluido pelo microtrocador de calor e em seguida o fluido é armazenado em um recipiente sobre uma balança para confirmar a vazão volumétrica. Bomba de seringa Recipiente Microtrocador Balança Figura 4.4 – Esquema hidrodinâmico para os casos de baixa potência Em uma segunda etapa, com o objetivo de representar condições mais próximas as condições de operação quando o microtrocador de calor for instalado junto a célula HCPV, analisou-se o microtrocador de calor, fabricado no contexto do presente trabalho, quando submetido a altas potências. Considerando o pico de irradiação na Ilha do Fundão, Rio de Janeiro – Brasil, no mês de janeiro de 600 W/m² 32 segundo CORRÊA [17] e considerando uma célula fotovoltaica com concentração de 1200 vezes, temos um fluxo de calor de 7,2x105 W/m², sobre esta célula de 0,3 cm² o que gera um fluxo de calor de 21,6 W a ser dissipado. Para conseguir uma potência similar a esta em laboratório foi necessário utilizar uma resistência cartucho de 259,2 Ohms e 46,6 W de tensão alternada de 110 V, mostrada na Figura 4.5, posicionada dentro de uma peça de cobre confeccionada especialmente para direcionar o fluxo de calor para uma área de 10 x 10 mm. A descrição está ilustrada no desenhor técnico apresentado na Figura 4.6. A Figura 4.7 apresenta a fotografia da montagem da resistência cartucho dentro da peça de cobre, que será denominado de resistênciacartucho. Figura 4.5 – Resistência cartucho de alta potência (8 mm de diâmetro e 60 mm de comprimento). Figura 4.6 – Peça de cobre confeccionada para direcionar o fluxo de calor para área quadrada de 10 x 10 mm. 33 Região quadrada 10x10 mm Resistência Cartucho Figura 4.7 – Montagem da peça de cobre com a resistência cartucho. A montagem experimental para os estudos a alta potência, nova fase, teve que ser ligeiramente modificada de modo a atender as novas necessidades de fluxo de calor e vazão volumétrica. A Figura 4.8 apresenta a configuração da fase de alta potência, que conta com os seguintes equipamentos: 1 câmera de termografia por infravermelho, FLIR SC645, que realiza medidas não intrusivas de temperatura, de uma superfície conhecendo a emissividade da superfície, a distância entre lente-objeto e a temperatura e umidade do ar; 1 sistema de aquisição de dados, Agilent 34970-A, para leitura e dos dados fornecidos pelos termopares; 3 termopares, sendo dois para medidas de temperatura média no fluido, na entrada e saída do microtrocador e outro posicionado entre a superfície 10 x 10 mm da resistência e a base do microtrocador; 1 computador, utilizado para aquisição e tratamento de dados; 1 bomba centrífuga, Rs-360sh para sistemas eletrônicos de corrente contínua de 3-9 V, para o bombeamento do fluido de trabalho; 1 conexão tipo T, para realizar um bypass; 1 válvula, para controlar a vazão do fluido que entra no microtrocador de calor; 34 1 balança de precisão, Marte AS5500C, para verificação da vazão na saída do microtrocador de calor; Fonte de Corrente contínua com tensão controlada, para controlar a vazão da bomba centrífuga; 1 resistência elétrica do tipo cartucho de corrente alternada, 110v, responsável pelo fluxo de calor no microtrocador de calor; 1 microtrocador de calor fabricado exclusivamente para este estudo. Reservatório Câmera termográfica Bomba de seringa Microtrocador AGILENT Balança Fonte corrente CC Figura 4.8 – Bancada experimental para alta potência A Figura 4.9 ilustra a resistência-cartucho posicionada na vertical com a superfície 10 x 10 mm na parte superior onde será posicionado o microtrocador de calor, no entorno da resistência foi preenchido por uma manta isolante de fibra de vidro, TERMOVID 901, e colocado uma pasta térmica para reduzir a resistência de contato entre a resistência e o microtrocador de calor. A Figura 4.10 apresenta a fotografia da estrutura montada, e indica uma placa de acrílico posicionada sobre o microtrocador de calor fixada por quatro parafusos estrategicamente posicionados 35 para produzir uma pressão na superfície de contato entre a resistência-cartucho e o microtrocador de calor, para garantir o contato. Superfície 10x10 mm Figura 4.9 – Montagem da resistência que representará o fluxo de calor na célula fotovoltáica. Microtrocador Resitência-cartucho Manta de fiibra de vidro Figura 4.10 – Fixação da resistência com o microtrocador de calor 36 A Figura 4.11 ilustra o esquema hidrodinâmico do experimento para o caso experimental de alta. A bomba centrífuga impulsiona o fluido que é retirado do reservatório, uma parte do fluido retorna para o reservatório e a outra parte passa pela válvula de agulha, pelo microtrocador de calor e é despejado sobre um recipiente que está sobre uma balança. A válvula de agulha é quem controla a vazão que passa pelo microtrocador de calor, que por sua vez é definido apartir do controle feito juntamente com a balança. A Figura 4.12 apresenta a fotografia de parte da instalação hidrodinâmica do caso de alta potência. Válvula de agulha Reservatório Conexão tipo “T” Recipiente Microtrocador Balança Bomba centrífuga Figura 4.11 – Esquema hidrodinâmico para o caso de alta potência Conexão tipo “T’ Reservatório Válvula de agulha Bomba centrífuga Figura 4.12 – Instalação hidrodinâmico para o caso de alta potência 37 4.2 CASOS E PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS A análise experimental foi iniciada pelo estudo do microtrocador de calor para a dissipação de baixas potencias. Nesta primeira fase foi utilizado a resistência elétrica (de 15,6 Ohms) capaz de dissipar potências na faixa de 2-20W, para o aquecimento controlado do microtrocador de calor, de modo a validar o procedimento experimental proposto. Desta forma, foram realizados experimentos com três potências diferentes, conforme casos apresentados na Tabela 4.1. O fluido de trabalho utilizado foi a água com vazão fixada em 10 mL/min. Cada caso experimenal foi realizado 3 vezes, para fins de análise de repetitividade experimental e estimativa das incertezas experimentais envolvidas. Para determinar a potência de cada caso foi utilizado a formulação 4.1. Pot R.I 2 4.1 onde, R é a resistência de 15,6 Ohms e I é a corrente. Caso Tabela 4.1 – Casos experimentais baixa potência Repetitividade Vazão (mL/min) Corrente (A) Potência (W) 1 3x 10 0,65 6,6 2 3x 10 0,78 9,5 3 3x 10 0,90 12,6 Após a montagem do experimento e instalação de toda intrumentação, conforme apresentado na Figura 4.1, o procedimento experimental teve início preparando os equipamento conforme apresentado a seguir: Configura-se a bomba de seringa para a vazão volumétrica desejada, nos casos analisados de 10 mL/min; Configura-se a câmera termográfica com os parâmetros: distância do objeto, emissividade da superfície, umidade relativa do ar, temperatura ambiente e frequencia de aquisição dos dados desejada; 38 Define-se a frequência de aquisição desejada para os dados dos termopares, atraves do equipamento da AGILENT; Define-se a tensão na fonte que será aplicada na resistência elétrica; Após a preparação dos equipamentos, o experimento é realizado iniciando a aquisição dos dados, da câmera termográfica e dos termopares, dando partida na bomba de seringa e após certificado que há escoamento do fluido de trabalho pelo microtrocador, liga-se então a fonte elétrica conectada na resistência. Os resultados coletados podem ser vistos na tela do computador conforme o decorrer do experimento com a ajuda dos softwares da câmera termografica (ThermaCam 2.10) e do software de aquisição de dados (AGILENT). Após verificado que as temperaturas medidas pelos termopares atigiram um regime permanente, a duração dos casos analisados da Tabela 4.1 se deu em aproximadamente 150 segundos (2’ 40”), o experimento é finalizado seguindo os seguintes passos: primeiro desligando a aquisição de dados, em seguida a resistência e por último a bomba de seringa. Depois de exportados e salvos os dados experimentais, a perfusão do fluido de trabalho é novamente ligada juntamente com o sistema de aquisição de dados de modo que as temperaturas no microtrocador são acompanhadas até re-atingirem a temperatura ambiente. Depois de restaurado o equilibrio térmico com o ambiente a sequência de realização de experimentos é retomada de acordo com os casos experimentais apresentados na Tabela 4.1. Em uma segunda etapa da análise experimental, como já mencionado anteriormente, com o intuito de avaliar o microtrocador de calor em uma situação próxima da condição real de funcionamento, foi experimentado um caso 4 de alta potência. Apartir da resistência de 259,2 Ohms de tensão alternada 110V, gerando uma potência de 46,6. O fluido utilizado nesta etapa também foi a água, porém, com uma vazão média necessária de 20mL/min. Foram aquisitados dados de 3 rodadas de experimento, propiciando assim uma análise de repetitividade e estimativa das incertezas experimentais envolvidas . 39 O procedimento para experimentação deste caso de alta potência segue os seguintes passos: Ligar a bomba centrífuga na fonte de corrente contínua na tensão de 1,8 v; Posicionar a válvula de agulha de forma a fornecer um vazão média de fluido de 20 mL/min, controlando a abertura e o fechamento da válvula de acordo com os valores medidos com a balança eletrônica de precisão; Configuração da câmera termográfica com os parâmetros: distância do objeto, emissividade da superfície, umidade relativa do ar, temperatura ambiente e frequência de aquisição dos dados desejada; Definição da frequência de aquisição desejada para os dados dos termopares, através do equipamento da AGILENT; Após a preparação dos equipamentos, liga-se a bomba centrífuga e faz-se uma conferência da vazão mássica que passa pelo microtrocador de calor com a balança eletrônica. Em seguida inicia-se a aquisição de dados e então conecta-se a resistência na tomada de 110v. Os resultados coletados podem ser vistos na tela do computador conforme o decorrer do experimento com a ajuda dos softwares da câmera termografica (ThermaCam 2.10) e do software de aquisição de dados (AGILENT). Após verificado que as temperaturas medidas pelos termopares atigiram um regime permanente, a duração do caso 4 analisado se dá em aproximadamente 28 minutos. O experimento é finalizado desligando a aquisição de dados e a resistência, a bomba deve continuar circulando o microtrocador de calor até atingir a temperatura ambiente novamente. Simultaneamente os dados experimentais são exportados e salvos. Depois de restaurado o equilibrio térmico com o ambiente a sequência de realização de experimentos é retomada de forma a realizar o estudo de repetitividade. Desta maneria todos os quatro casos analisados durante o presente estudo podem ser sumarizados na Tabela 4.2, de modo que os três primeiros casos 40 correspondem ao estudo de baixa potência e o último e quarto caso corresponde ao estudo de alta potência. Tabela 4.2 – Casos experimentais Vazão (mL/min) Baixa Potência Alta Potência Potência Caso 1 10 6,6 Caso 2 10 9,5 Caso 3 10 12,6 Caso 4 19,5 46,6 41 CAPÍTULO 5 5 - ANÁLISE TEÓRICA 5.1 SIMULAÇÃO NUMÉRICA Na análise numérica do microtrocador foi considerado a configuração tridimensional de escoamento e de transferência de calor conjugado conduçãoconvecção forçada interna, convecção natural e radiação externa. Na solução numérica da referida geometria foi implementada com auxílio da ferramenta computacional COMSOL Multiphysics 4.2a. Essa ferramenta baseia-se no método de elementos finitos. O procedimento de simulação numérica realizada com o software COMSOL, teve inicialmente a modelagem da geometria realizada com o software SolidWorks 2012, apresentado na Figura 5.1 Esta geometria foi importada para o software COMSOL Multiphysics 4.2a. Depois de importada a geometria para o software COMSOL, foram definidos os materiais da geometria a ser simulada. Neste caso o microtrocador de calor do presente trabalho foi divido em 3 volumes, sendo eles: tampa, base e fluido, de modo que o material selecionado para a tampa e a base foi o cobre e para o fluido a água. Em seguida foi feita a descrição do problema físico-matemático, no presente estudo foi utilizado o pacote do software da COMSOL de problema conjugado, que usa como base as equações 5.1, 5.2 e 5.3, que considerando o problema tridimensional transiente de escoamento interno e transferência de calor sob as hipóteses de fluido incompressível, escoamento laminar, não-deslizamento de velocidade na parede, condições de continuidade de fluxo de calor e de temperatura nas interfaces sólido-fluido e propriedades termofísicas variáveis com a temperatura. 42 Figura 5.1 – Geometria construida no SolidWorks 2012 As equações matemáticas que descreve o problema é representado pelas Equações 5.1, 5.2 e 5.3, equação da continuidade, equação da quantidade de movimento e equação da energia, respectivamente. ( ⃗) ⃗ 5.1 (⃗ )⃗ ⃗ ( ⃗ [ ( ( ⃗) ) ( ⃗)] ) 5.2 5.3 onde ρ é a massa específica, t é o tempo, u é o campo de velocidade 3D, T é o campo de temperatura 3D, p é a pressão, μ é a viscosidade dinâmica e I é a matriz identidade. 43 A Figura 5.2 apresenta uma tipica janela de entrada de dados do programa COMSOL, onde são definidas as condições de contorno. No caso do presente estudo as condições de contorno para o problema foram: Fluxo de calor imposto e conhecido na área dos microcanais (10 x 10mm no centro da superfície externa da base), identificada em detalhe na Figura 5.3; Convecção natural e radiação na superfície externas da tampa e na lateral do microtrocador, identificadas na Figura 5.4; Vazão volumétrica de entrada de acordo com os casos de baixa e alta potência como apresentados no capítulo 4, Figura 5.5; Isolada termicamente a superfície inferior da Base, diferente da região 10x10mm, identificada na Figura 5.6. Figura 5.2 – Imagem típica de uma janela de configuração do problema a ser resolvido no software COMSOL. 44 Figura 5.3 – Desenho esquemático da condição de contorno do fluxo de calor imposto. Figura 5.4 – Desenho esquemático da condição de contorno por convecção natural e radiação. Saída Entrada Figura 5.5 – Desenho esquemático da entrada e saída do fluido. Figura 5.6 – Desenho esquemático da superficie considerada isolada Os dados numéricos de entradas no software COMSOL, da comparação teóricoexperimental, podem ser vistos na Tabela 5.1, que apresentam o valor da temperatura na condição inicial e as condições de contorno, como o fluxo prescrito, câmada de resistência térmica, a temperatura prescrita e convecção/radiação prescrita. Como 45 condição inicial para os 4 casos foram considerados a condição ambiente no momento da realização de cada experimento, que ocasionalmente foi diferente de um dia para o outro. Como condição de temperatura de entrada no fluido de trabalho, foram utilizados as temperaturas experimentais medidas no fluido de entrada do microtrocador com o termopar para cada um dos casos experimentais. Para os valores de condição de contorno por convecção natural é necessario informar para o software o comprimento característico de cada uma das superfícies envolvidas, neste caso, para a convecão natural na superfície da tampa é apresentado pela Equação 5.4. Lcaracteristico Área Perímetro 5.4 No caso de convecção natural nas superfícies laterais (verticais) o comprimento característico é a própria altura da parede lateral do micro trocador de calor. As partes do microtrocador de calor que apresentam radiação foram pintadas com uma tinta grafite que o valor da emissividade é 0.97, valor apresentado pelo fabricante da tinta. Para a câmada de resistência térmica entre o fluxo de calor e a área 10x10 mm, utilizou-se uma resistência térmica, representando a pasta térmica de condutividade de 0,4 W/m°C. Tabela 5.1 – Dados de entrada da condição inicial e condições de contorno Dados de entrada no COMSOL Condição Inicial Condição de contorno Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Temperatura Ambiente (°C) 26,7 26,9 26,4 26,2 Temperatura inicial (°C) 26,7 26,9 26,4 26,2 Vazão de entrada do fluido (mL/min) 10 10 10 20 Fluxo de calor (W) 6,6 9,5 12,6 46,6 Câmada de resistência térmica (mm) – (W/m°C) 0,12-0,4 0,12-0,4 0,12-0,4 0,08-0,4 Temperatura de entrada do fluido (°C) 27,4 26,4 25,6 27,1 Comprimento caracteristico (m) 0,06 0,06 0,06 0,06 Comprimento caracteristico (m) 0,005 0,005 0,005 0,005 Emissividade (W/m²°C) 0,970 0,970 0,970 0,970 Convecção natural na tampa Convecção natural na lateral Radiação 46 Com objetivo de comparar os resultados simulados no projeto de otimização de CORRÊA [17], realizou-se uma simulação com as caracteristicas definidas na otimização em conjunto com as caracteristicas do presente trabalho, apresentado na Tabela 5.2. O novo caso 5, representa a um caso simulado de uma sitaação próxima das condições reais para um dia típico de Janeiro, na Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, Brasil. Tabela 5.2 – Dados de entrada da condição inicial e condições de contorno, caso 5. Dados de entrada no COMSOL Temperatura Ambiente (°C) 26,7 Temperatura inicial (°C) 60 Vazão de entrada do fluido (mL/min) 29 Fluxo de calor (W) 60 Câmada de resistência térmica (mm) – (W/m°C) 0,12-0,4 Temperatura de entrada do fluido (°C) 60 Condição Inicial Condição de contorno Caso 5 Convecção natural na tampa Comprimento caracteristico (m) 0,06 Convecção natural na lateral Comprimento caracteristico (m) 0,005 Radiação Emissividade (W/m²°C) 0,970 Depois de definido o problema fisico-matemático a ser resolvido foi feito um estudo com três malhas distintas, variando o tipo e o número de elementos empregados, afim de se obter uma análise da convergência dos resultados numéricos. Para definir o grau de refinamento da malha o software conta com uma ferramenta automática chamada “Phisics-controlled mesh”, onde é preciso definir apenas o grau de refinamento desejado, no presente estudo foram analisados os dois tipos de malha mais refinado, “Extra Fine” e “Exremely Fine” que são respectivamente as Malhas 1 e 2. Para a Malha 3, optou-se pela ferramenta semi-automática “User-cotrolled mesh”, onde foi possível refinar a malha, dando prioridade ao refinamento do fluido dentro dos microcanais. Após selecionada a malha, o software gera automaticamente os elementos, como apresentado na Tabela 5.3 a seguir: 47 Tabela 5.3 – Malhas utilizadas para convergência N° de elementos Malha 1 Malha 2 Malha 3 Tetragonais 1.346.047 1.593.871 1.811.362 Pirâmidais 924 925 927 Prismáticos 159.204 159.677 241.314 Hexaédricos 636 637 1.278 Total 1.506.811 1.755.110 2.054.881 Como ilustração apresenta-se nas Figura 5.7 e Figura 5.8 a imagem da Malha 1, a região externa do microtrocador de calor e a interface do microtrocador com o fluido (região interna), respectivamente. Pode-se observar que o grau de refinamento do fluido é maior que do sólido devido a complexibilidade da física envonlvida, além do maior grau de refinamento a região interna do fluido recebe camadas que o software denomina de “Boundary Layers” para refinar ainda mais a camada limite, este refinamento é realizado em todo o volume de controle do fluido, inclusive nos canais, como pode ser visto em detalhe na Figura 5.8. Figura 5.7 – Imagem da malha externa do microtrocador de calor 48 “Boundary Layers” Figura 5.8 – Imagem da malha na interface do fluido com o microtrocador de calor Depois de definidos todos os parâmetros de entrada foram rodadas as simulação numérica para a análise de convergência da malha apenas para os casos de baixa potência, casos 1, 2 e 3, de acordo com os casos previstos pela Tabela 4.1 e usando as malhas definidas na Tabela 5.3. Para o caso 4, referente ao caso de alta potência, foi considerado na simulação computacional alguns itens presentes na bancada experimental, como apresentado na Figura 4.10, que são eles: resistencia elétrica, peça de cobre e isolante térmico de manta de fibra de vidro (com propriedades de condutividade térmica de 0,045 W/m°C, massa específica de 20 Kg/m³ e capacidade térmica de 700 KJ/Kg°C). A quantidade e o tipo de elementos gerados, para este caso, podem ser visto na Tabela 5.4 e uma ilustração da malha é apresentada na Figura 5.9. Tabela 5.4 – Malha para estimar o fluxo de calor N° de elementos Malha Tetragonais 830.520 Pirâmidais 813 Prismáticos 77.913 Hexaédricos 525 Total 909.771 49 Figura 5.9 – Imagem da malha da configuração de alta potência do caso 4 Na simulação deste caso 4 foi considerado um fluxo prescrito nas faces internas da peça de cobre com valor de 46,6 W, conforme apresentado pela coloração roxa na Figura 5.10. Foi considerada também uma fina câmada de pasta térmica de 0,08 mm na interface da peça de cobre com o microtrocador de calor, com condutividade térmica de 0,4 W/m°C. As demais superfícies expostas para o ambiente foram consideradas as transferências de calor por convecção natural e radiação, além das condições já determinadas anteriormente para o microtrocador de calor e ilustradas pelas Figuras 5.3, 5.4, 5.5 e 5.6. Figura 5.10 – Fluxo prescrito para alta potência 50 Para a simulação do caso 5, foi utilizada a Malha 1 da Tabela 5.3 com os dados de entrada apresentados na Tabela 5.2. Todos os 5 casos foram processados em um computador de mesa tipo servidor, com dois processadores Intel E5-2620 2.0 GHz com 6 núcleos físicos cada, além de 32 GB de memória RAM. 51 CAPÍTULO 6 6 - RESULTADOS 6.1 RESULTADOS EXPERIMENTAIS Os resultados experimentais foram aquisitados pela câmera termográfica e pelos termopares, seguindo o procedimento experimental como detalhado no capitulo 4. A Figura 6.1 apresenta os resultados obtidos com termopar, da variação da diferença de temperatura média no fluido entre a saída e a entrada do microtrocador de calor ao longo do tempo, para os três casos de baixa potência apresentados na Tabela 4.1. Para cada caso experimental foram realizados três experimentos de modo que, o conjuto de curvas superior é para o caso 3, o conjunto de curvas ao meio é para o caso 2, e o conjuto de curvas inferior é para o caso 1. Tem-se por esta análise a indicação de uma boa repetitividade experimental para os três casos analisados, uma vez que o desvio padrão para os três casos foram, respectivamente 0.057°C, 0.064°C e 0.057°C. T ºC Caso 3 12 Caso 2 10 Repetição 1 Repetição 2 8 Caso 1 Repetição 3 6 4 2 20 40 60 80 100 120 140 ts Figura 6.1 – Diferença de temperatura, medida via termopares, no fluido entre a saída e a entrada do microtrocador de calor ao longo do tempo para os três casos de baixa potência com três repetições cada caso. 52 Já a Figura 6.2 apresenta os resultados obtidos com termopar, da variação da diferença de temperatura média no fluido entre a saída e a entrada do microtrocador de calor ao longo do tempo, para o caso de alta potência, caso 4. As três curvas apresentam uma repetitividade experimental com desvio padrão médio de 1.33°C. A diferença observada principalmente na região de regime permanente é devido à variação da vazão de fluido no microtrocador de calor. Durante o experimento a massa do fluido sobre a balança foi anotada a cada 1 min. O experimento da Repetição 1 apresentou vazão média de 18,24 mL/min e desvio padrão de 1,61 mL/min, a Repetição 2 apresentou vazão média de 20,76 mL/min com desvio padrão de 0,86 mL/min e a Repetição 3 apresentou vazão média de 18,99 mL/min com desvio padrão de 0,98 mL/min. Gerando uma média da vazão geral de 19,47 mL/min com um desvio padrão de 2,08 mL/min. T ºC 25 20 Repetição 1 Repetição 2 15 Repetição 3 10 5 500 1000 1500 ts Figura 6.2 – Diferença de temperatura, medida via termopares, no fluido entre a saída e a entrada do microtrocador de calor ao longo do tempo para o caso de alta potência com três repetições. 53 Nas Figuras 6.3, 6.4 e 6.5 são apresentadas as temperaturas medidas e suas respectivas incertezas experimentais pelos três temopares posicionados entre a resistência e a base do microtrocador de calor para cada caso, ao longo do tempo. Os termopares foram posicionados próximo a entrada, no meio e no fim dos canais, respectivamente "T_in", "T_meio" e "T_out". Pode-se observar, para os três casos, que as curvas dos termopares situadas mais próximas ao início e ao meio do canal são parecidas e as temperaturas próximas ao fim do canal tem temperaturas mais elevadas, a diferença entre as temperatura mais próxima ao fim e mais próxima a entrada ("T_out - T_in") é de aproximadamente 1,50 , 2,23 e 3,47 °C para os casos 1, 2 e 3, respectivamente. Esse aumento da diferença de temperatura entre os três termopares, para os três casos, era esperado uma vez que tem-se um aumento da potência dissipada pela resistência para uma mesma vazão, levando assim a maiores gradientes de temperatura na base do microtrocador, entre o início e o fim dos canais, para os casos 2 e 3, respectivamente. Figura 6.3 – Variação da temperatura ao longo do tempo e suas respectivas incertezas, para os termopares situados entre a resistência e a base do microtrocador para o caso 1. 54 Figura 6.4 – Variação da temperatura ao longo do tempo e suas respectivas incertezas, para os termopares situados entre a resistência e a base do microtrocador para o caso 2. Figura 6.5 – Variação da temperatura ao longo do tempo e suas respectivas incertezas, para os termopares situados entre a resistência e a base do microtrocador para o caso 3. Para o caso 4, alta potência, foi posicionado apenas um termopar no chamado “T_meio”, ou seja, na parte central da superfície 10x10mm. A Figura 6.6 apresenta a evolução da temperatura medida e sua respectiva incerteza experimental ao longo do tempo. 55 Figura 6.6 – Variação da temperatura ao longo do tempo e suas respectivas incertezas, para o termopar situado entre a resistência e a base do microtrocador para o caso 4. A Figura 6.7 apresenta o gráfico da temperatura média na interface entre a resistência e a base do microtrocador de calor após atingir o regime permanente para todos os casos. Para o caso 1 a temperatura média é de 39,44°C e desvio padrão 0,67°C, para o caso 2 a temperatura média é de 45,01°C e desvio padrão de 0,98°C, para o caso 3 a temperatura média é de 51,36°C e desvio padrão de 1,52°C e para o caso 4 a temperatura média é de 115,13°C e desvio padrão de 2,68°C. 120 Temperatura °C 100 80 60 40 Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Figura 6.7 – Temperatura média na interface entre a resistência e a base do microtrocador de calor 56 A Figura 6.8 mostra uma típica imagem infravermelha aquisitada pela câmera termográfica. Para os resultados da aquisição da câmera termográfica foi necessário um tratamento de dados para utilizar apenas as temperaturas localizadas na área 10x10 mm sobre a tampa do microtrocador de calor, região delimitada pelas linhas tracejatas. Figura 6.8 – Típica imagem da termografia por infravermelho. Apartir dos dados tratados foi calculado a média das temperaturas nesta região para cada caso com suas curvas de repetitividade. Que são apresentados pelas Figuras 6.9 e 6.10, casos de baixa potência e caso de alta potência respectivamente. T ºC 40 Caso 3 38 Caso 2 36 Caso 1 34 32 30 28 0 20 40 60 80 100 120 140 ts Figura 6.9 – Repetitividade da Média da temperatura da superfície da tampa em relação ao tempo para os casos 1, 2 e 3. 57 T ºC 60 55 50 45 40 35 30 0 500 1000 ts 1500 Figura 6.10 – Repetitividade da Média da temperatura da superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 4. Em seguida foi feita uma média da repetitividade pixel à pixel da aquisição dos dados da câmera termográfica e considerado também incerteza de medição, como apresentado nas Figuras 6.11 e 6.12, casos de baixa potência, casos 1, 2 e 3, e caso de alta potência, caso 4. Apresenta-se para os casos 1, 2, 3 e 4 a incerteza padrão combinada máxima de 0,62 , 1,00 , 1,47 e 6,10, respectivamente. T ºC 40 Caso 3 38 Caso 2 36 Caso 1 34 32 30 28 0 20 40 60 80 100 120 140 ts Figura 6.11 – Média da temperatura, aquisitada via termografia de infravermelho, na superfície da tampa em relação ao tempo para os casos 1, 2 e 3. 58 T ºC 60 55 50 45 40 35 30 0 500 1000 1500 ts Figura 6.12 – Média da temperatura, aquisitada via termografia de infravermelho, na superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 4. As Figuras 6.13, 6.14, 6.15 e 6.16 apresentam as curvas apresentadas nas Figuras 6.11 e 6.12, porém em gráficos separadas acrescidos das imagens termográficas para alguns tempos distintos, respectivamente 1s, 10s, 30s e 100s para os casos 1, 2 e 3 e respectivamente 1s, 500s, 1000s e 1500s, objetivando uma análise qualitativa da evolução no tempo das temperaturas na superfície externa do microtrocador de calor. A escala de cor foi fixada nos valores entre 22 e 45°C para os casos de baixa potência e entre 26 e 70°C para o caso de alta potência, onde as temperaturas mais baixas tem cores mais azuladas e temperaturas mais altas são representadas por cores mais fortes e amareladas. Pela comparação das imagens termográficas no regime permanente, no tempo de 100s (Figura 6.13, Figura 6.14 e Figura 6.15), para os casos de baixa potência que possuem a mesma escala de cores, nota-se cores mais fortes para o caso 3, como era esperado, confirmando as maiores temperaturas na superficie externa do microtrocador para este caso que envolve maior potência dissipada. 59 30s T ºC 34 Temperatura (°C) 33 32 31 100s 10s 30 29 1s 28 0 20 40 60 80 100 120 140 ts Figura 6.13 – Média da temperatura, aquisitada via termografia de infravermelho, na superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 1 e as respectivas imagens termograficas para os tempos 1s, 10s, 30s e 100s T ºC 30s 36 Temperatura 34 10s 32 100s 30 28 1s 0 20 40 60 80 100 120 140 ts Figura 6.14 - Média da temperatura, aquisitada via termografia de infravermelho, na superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 2 e as respectivas imagens termograficas para os tempos 1s, 10s, 30s e 100s 60 30s T ºC 40 38 36 Temperatura 10s 34 100s 32 1s 30 28 0 20 40 60 80 100 120 140 ts Figura 6.15 – Média da temperatura, aquisitada via termografia de infravermelho, na superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 3, e as respectivas imagens termograficas para os tempos 1s, 10s, 30s e 100s T ºC 60 1000s 55 Temperatura 50 45 40 500s 35 1500s 30 1s 0 500 1000 1500 ts Figura 6.16 – Média da temperatura, aquisitada via termografia de infravermelho, na superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 4, e as respectivas imagens termograficas para os tempos 1s, 500s, 1000s e 1500s 61 Na Figura 6.17 temos uma imagem típica da câmera termográfica que mostra a temperatura na superfície superior do microtrocador de calor para o caso de alta potência, caso 4, no tempo de 1500 s, após atingir o regime permanente. A temperatura média da área 10x10mm delimitada pelas linhas tracejadas na tampa, situada sobre os canais, é de 53,57 °C com um desvio padrão de 1,76 °C. Para esta região 10 x 10 mm sobre os microcanais do microtrocador de calor, delimitada na Figura 6.17, traçou-se o gráfico tridimensional medida via termografia, na Figura 6.18. Foram traçadas as curvas das três repetições do experimento para o tempo de 1500 s, pode-se ver as repetições de forma transparente apenas com o contorno em cor preta e a média pixel à pixel das repetições em coloração azul Para facilitar a visualização da variação de temperatura foram traçadas duas linhas sobre a superfície, como também representadas na Figura 6.17 pela coloração verde e vermelha, respectivamente linha longitudinal e linha transversal, onde as temperaturas ao longo destas linhas podem ser vistas nas nas Figuras 6.19 e 6.20, Temperatura (°C) respectivamente, apresentando também a repetitividade do experimento. Figura 6.17 – Imagem termográfia da configuração do caso 4. 62 Figura 6.18 – Medidas de temperaturas aquisitadas pela câmera termográfica na superfície externa do microtrocador na área 10 x 10 mm delimitada sobre os canais T °C 80 70 60 50 40 0 2 4 6 8 10 x mm Figura 6.19 – Repetitividade da temperatura na linha de centro longitudinal do microtrocador de calor, caso 4. T °C 80 70 60 50 40 0 2 4 6 8 10 y mm Figura 6.20 – Repetitividade da temperatura na linha de centro transversal do microtrocador de calor, caso 4. 63 Nas Figuras 6.21 e 6.22, pode-se ver a média e o desvio padrão decorrente da análise de repetitividade apresentada nas Figuras 6.19 e 6.20, tendo o valor máximo de desvio padrão de 2,79 e 2,84 °C, respectivamente. T ºC 80 70 60 50 40 0 2 4 6 8 10 x mm Figura 6.21 – Repetitividade da temperatura na linha de centro longitudinal do microtrocador de calor, caso 4. T ºC 80 70 60 50 40 0 2 4 6 8 10 y mm Figura 6.22 – Repetitividade da temperatura na linha de centro transversal do microtrocador de calor, caso 4. Apartir dos dados experimentais aquisitados com a câmera termográfica e os termopares foi possivel estimar alguns parâmetros hidráulicos e térmicos importantes 64 na caracterização e análise globa do presente microtrocador de calor, como pode ser visto de forma sumarizada na Tabela 6.1. Os valores encontrados na Tabela 6.1 foram encontrados apartir de correlações da bibliografia conforme será mostrado a seguir. A razão das forças inerciais com as forças viscosas, tem-se o número de Reynolds (Re), que é dada por VDh Re 6.1 onde, V é a velocidade média do fluido, Dh diâmetro hidráulico, μ viscosidade dinâmica do fluido e ρ massa específica do fluido. Segundo FOX et al. [18] pode-se determinar a perda de carga (ΔP) ao longo do canal apartir da correlação P 64 L V 2 Re Dh 2 6.2 onde, L é o comprimento do canal, V é a velocidade média do fluido, Dh diâmetro hidráulico e Re é o número de Reynolds. Já para a determinação do comprimento de desenvolvimento hidrodinâmico (Lh) ao longo do canal temos de FOX et al. [18] Lh 0,06Dh Re 6.3 onde, Dh diâmetro hidráulico e Re é o número de Reynolds. INCROPERA et al. [19] apresenta a correlação para a determinação do comprimento de desenvolvimento térmico (Lth) ao longo do canal da seguinte forma Lth Lh Pr 6.4 onde, Lh é o comprimento de desenvolvimento hidrodinâmico e Pr é o número de Prandtl. O número de Prandtl (Pr) é a relação entre a taxa de difusão viscosa e a taxa de difusão térmica e é dada por Pr Cp 6.5 k onde, Cp é o calor específico, μ viscosidade dinâmica e k é a condutividade térmica. 65 Já a temperatura média ( T ) é dada pela equação T Tout Tin 2 6.6 onde, Tout é a temperatura de saída do fluido e Tin é a temperatura de entrada do fluido, ambas as medidas realizadas por termopar. Para calcular a carga térmica ( Q ) recebida pelo fluido, utilizou-se da formula Q mC p T 6.7 onde, m é a vazão massica do fluido de trabalho , Cp é o calor específico e ΔT é a variação de temperatura no fluido entre a a saída (Tout) e a entrada (Tin) , ambas medidas pelos termopares. Para a determinação da potência elétrica ( Qele ) dissipada pela resistência eletrica foi utilizada a relação entre R , a resistência elétrica e I , a corrente elétrica: Qele RI 2 6.8 Para estimar as perdas por convecção foi necessário a utilização de correlações empíricas sugeridas por INCROPERA et al. [19]. Para isso foi necessário encontrar o número de Grashof (Gr) que é a razão entre a força de empuxo e as forças viscosas e é dada da seguinte forma Gr g (Ts T ) Lv 3 6.9 3 onde, g é a aceleração da gravidade, é a viscosidade cinemática, Ts é a temperatura da superfície, T é a temperatura do meio ambiente, Lv é o comprimento caracteristico e β é o coeficiente de expansão volumétrica térmica que considerando o ar um gás perfeito, podemos considerar então 1 Tabs 6.10 onde, Tabs é a temperatura absoluta de película, que é a média entre a temperatura da superfície e a temperatura ambiente. 66 Também foi necessário encontrar o número de Rayleigh (Ra) que é o produto do número de Grashof (Gr) pelo número de Prandtl (Pr), ou seja, Ra Gr Pr 6.11 este número nos possibilita definir as possibilidades de utilização das correlações empíricas para estimar as perdas de calor por convecção. Sendo assim, para determinar o número de Nusselt na parede vertical externa (Nuv) do microtrocador de calor utilizou-se a correlação 0, 670 Ra1 4 Nuv 0, 68 [1 (0, 492 Pr)9 16 ]4 9 6.12 que é valida para Ra 109 . Já para determinar o número de Nusselt na parede horizontal superior externa (Nuh) do microtrocador de calor utilizou-se a correlação Nuh 0,54Ra1 4 6.13 que é valida para 104 Ra 107 . Sabendo que o número de Nusselt externo é dado pela razão de transferência de calor por convecção e a transferência de calor por condução do fluido temos Nu hL kf 6.14 onde, h é o coeficiênte de transferência de calor por convecção externa, Lv é o comprimento caracteristico e kf é a condutividade térmica do fluido, que neste caso externo é o ar. Dessa forma pode-se estimar o coeficiênte de transferência de calor por convecção tanto na parede vertical do microtrocador de calor como na parede horizontal superior. E por fim através da equação Q hAT 6.15 onde, A é a área superficial da parede que está trocando calor por convecção, h é o coeficiênte de transferência de calor por convecção e ΔT é a variação de temperatura entre a temperatura da superfície (Ts) e a temperatura ambiente (T). Podendo assim estimar a perda de calor por convecção na superfície horizontal ( Qh ) e na superfície 67 vertical ( Qv ) e assim, estimar a perda por convecção natural total ( Qair ) da seguinte forma Qair Qv Qh 6.16 Para estimar as perdas de calor por radiação ( Qrad ) utilizou-se a lei de StefanBoltzmann dada por Qrad A Tsabs 4 6.17 onde, ε é a emissividade da superfície, A é a área de troca térmica por radiação, σ é a constante de Stefan-Boltzmann que é 5,67.10-8 W/m²K4 e Tsabs é a temperatura da superfície absoluta. Para a tampa que foi pintada de grafite para a leitura da câmera termográfica a emissividade é de 0,970 e na lateral considerando cobre com oxidação estável é de 0,500. Dessa forma temos que a perda por radiação é dada por Qrad Qradh Qradv 6.18 Para determinar o desvio percentual do balanço térmico global ( Perc ) utilizouse a formulação Q Qair Q Perc 1 rad 100 Q ele 6.19 Na caracterização do microtrocador de calor se fez necessário determinar a resistência térmica unidimensional do microtrocador de calor considerando a temperatura de superfície inferior e a temperatura de superfície superior. Conhecendo o fluxo de calor, as medidas de temperatura aquisitadas pelos termopares e com a aquisição da temperatura com a câmera termográfica foi possível a determinação experimental da resistência térmica do microtrocador de calor (Rth) utilizando a seguinte formulação Rth Ts ,1 Ts ,2 6.20 Qele 68 onde, Qele é o fluxo de calor que incide na superfície inferior do microtrocador de calor,Ts,1 é a média temperatura aquisitada pelos termopares na superfície inferior do microtrocador de calor e Ts,2 é a média da temperatura aquisitada na área 10 x 10 mm pela câmera termográfica na superfície superior do microtrocador de calor. Apartir do resultado da resistência térmica, foi possível também determinar o coeficiênte global de transferência de calor (U) apartir de U 1 Rth A 6.21 onde, Rth é a resistência térmica do microtrocador de calor e A é a área, 1 cm². Por fim, foi determinado o número de Nusselt experimental interno (Nu) apartir dos dados de temperatura aquisitados pelos termopares. Desta forma se dá necessário o cálculo da temperatura média logarítmica (ΔTml) que é dada por Tml Tout Tin T log( out ) Tin 6.22 onde, Tout Ts ,1 Tout 6.23 e Tout Ts ,1 Tin 6.24 onde, Ts,1 é a média temperatura aquisitada pelos termopares na superfície inferior do microtrocador de calor, Tout é a temperatura de saída do fluido e Tin é a temperatura de entrada do fluido. Determina-se assim o coeficiênte de transferência de calor por convecção no interior do microtrocador de calor (hint) apartir do equacionamento hint Q nATml 6.25 onde, Q é a carga térmica no fluido, n é o número de canais no caso 18, A é a área da superfície de cada canal e ΔTmlé a temperatura média logarítmica. E por fim para encontrar o número de Nusselt experimental interno, tem-se: 69 Nu hint Dh k 6.26 onde, hint é o coeficiênte de transferência de calor por convecção interna, Dh é o diâmetro hidráulico de cada cnal e k é a condutividade térmica do fluido. O resultado de todas as correlações são apresentados na Tabela 6.1. Onde podemos fazer algumas considerações: 1) A diferença entre o número de Reynolds, a queda de pressão, o comprimento de desenvolvimento hidrodinâmico e o desenvolvimento térmico apresentam uma pequena diferença entre os casos 1, 2 e 3 principalmente pela variação das propriedades do fluido em relação a temperatura. Já no caso 4 além desses fatores, leva-se em consideração que a vazão do fluido dobrou. 2) Pode-se observar uma perda de calor no balanço térmico de 15, 17, 17 e 19% para o caso 1, 2, 3 e 4 respectivamente. Para o caso 1, 2 e 3 podemos atribuir essas perdas para o isolamento, lã de rocha, como pode ser visto no desenho esquemático na Figura 4.2. No caso 4, apresenta um percentual mais elevado, podemos atribuir de forma mais efetiva as perdas para a estrutura do conjunto, como pode ser visto na Figura 4.10. 3) Pode-se observar que a resistência térmica do microtrocador de calor apresenta valores muito próximos, o que torna os resultados válidos para os diversos casos analisados. Consequentemente apresenta valores muito próximos para o coeficiênte global de transferência de calor, o que já era esperado. 4) Para os valores de Nusselt temos resultados próximos. O caso que temos é um canal de seção retangular com fluxo de calor constante em uma única face, na teoria encontramos o caso mais aproximado de uma seção retangular com fluxo de calor constante por todas as faces com valor entre 4,12 a 4,79, INCROPERA et al. [19]. 70 Tabela 6.1 – Análise global Simbolo Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Número de Reynolds no canal Re 17.43+0.004 17.84+0.006 18.14+0.006 41.30+0.20 Queda de pressão no canal ΔP (Pa) 23.47+0.005 19.10+0.007 18.78+0.007 39.50+0.19 Lh (mm) 0.587+0.0001 0.601+0.0002 0.611+0.0002 1.39+0.006 Lth (mm) 3.151+0.0001 3.141+0.0001 3.134+0.0001 6.15+0.004 T (°C) 30.26+0.01 31.37+0.02 32.20+0.02 39.22+0.28 Carga térmica no fluido Q (W) 4.70+0.01 6.80+0.02 9.18+0.02 31.40+0.79 Potência da resistência elétrica Qele(W) 6.6 9.5 12.6 46,6 Perda de calor por convecção natural Qair(W) 0.48+0.03 0.65+0.04 0.90+0.08 2.92+0.04 Perda de calor por radiação Qrad (W) 0.39+0.05 0.40+0.06 0.41+0.13 0.55+0.05 Desvio Percentual do balanço térmico Perc (%) 15 17 17 25 Rth (°C/W) 0.897+0.05 0.958+0.05 0.981+0.07 1.140+0.008 U(W/°C.m²) 11145+618 10441+492 10193+756 8770+68.6 Nu 5.64+0.01 5.48+0.01 5.25+0.005 4.32+0.02 Comprimeto de desenvolvimento hidrodinâmico no canal Comprimento de desenvolvimento térmico no canal Média da temperatura de mistura entre a entrada e saída Resistência térmica do microtrocador de calor Coeficiente global de transferência de calor Número de Nusselt infinito no canal 6.2 RESULTADO NUMÉRICO Temos a verificação dos resultados simulados através da análise de convergência da malha quanto ao tipo e números de elementos empregados nas simulações conforme apresentado na Tabela 5.3. Pode-se observar nas Figuras 6.23 e 6.24 uma boa convergência dos resultados, mostrando que com a Malha 1 tem-se um número de elementos necessário para a simulação, considerando ainda que apresenta um tempo de processamento menor do que as Malha 2 e Malha 3. 71 T ºC Caso 3 12 10 Caso 2 8 M alha 1 Caso 1 M alha 2 6 M alha 3 4 2 20 40 60 80 100 120 140 ts Figura 6.23 - Diferença de temperatura entre a saída e a entrada do trocador ao longo do tempo para ostrês casos com as diferentes malhas. T ºC Caso 3 36 Caso 2 M alha 1 34 Caso 1 M alha 2 32 M alha 3 30 28 20 40 60 80 100 120 140 ts Figura 6.24 - Média da temperatura da superfície da tampa em relação ao tempopara ostrês casos com as diferentes malhas. As Figuras 6.25 e 6.26 apresentam a variação da diferença de temperatura simulada entre a saída e a entrada do fluido no microtrocador de calor ao longo do tempo, para os quatro casos apresentados na Tabela 4.2. Foi considerado nestas simulações numéricas a temperatura de entrada no fluido de trabalho proveniente de cada caso experimental que foi de 26,79 , 26,72 , 26,01 e 27,10°C, bem como as respectivas temperaturas ambientais 24,93 , 24,91 , 24,73 e 26,20°C. A temperatura 72 de saída do fluido por sua vez é um dado de resposta da simulação, dessa forma foi calculada a média da temperatura de saída por cada nó da malha e encontrado como maior valor de desvio padrão 0,028 , 0,040 , 0,051 e 0,46°C, respectivamente para os casos 1, 2, 3 e 4. T ºC Caso 3 12 10 Caso 2 8 Caso 1 6 4 2 20 40 60 80 100 120 ts 140 Figura 6.25 – Diferença de temperatura entre a saída e a entrada do trocador em relação ao tempo para os casos 1, 2 e 3. T ºC 25 20 15 10 5 0 50 100 150 200 250 300 ts Figura 6.26 – Diferença de temperatura entre a saída e a entrada do trocador em relação ao tempo para o caso 4. As Figuras 6.27, 6.28, 6.29 e 6.30 apresentam respectivamente, a variação da temperatura média simulada, e seus respectivos desvios padrão, para a superfície 73 externa ao microtrocador de calor para os três casos 1, 2, 3 e 4, acrescidas de imagens térmicas produzidas pelo software COMSOL, para alguns tempos distintos, respectivamente 1s, 10s, 30s e 100s para os casos de baixa potências e 1s, 500s, 1000s e 1500s para o caso de alta potências, objetivando uma análise qualitativa da evolução no tempo destas temperaturas. A escala de cor foi fixada entre 25ºC-33ºC para os casos 1, 2 e 3 e 26ºC-55ºC para o caso 4, onde as temperaturas mais baixas tem cores mais azuladas e temperaturas mais altas são representadas por cores mais fortes e avermelhadas. Tem-se que o desvio padrão máximo da média de temperatura em cada nó sobre a superfície de 0,25 , 0,36 , 0,49°C e 1,39°C, respectivamente para os casos 1, 2, 3 e 4. T ºC 32 Temperatura (°C) 30s 30 10s 28 100s 26 1s 20 40 60 80 100 120 140 ts Figura 6.27 – Gráfico da média de temperatura da superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 1 74 T ºC 34 Temperatura (°C) 30s 32 30 10s 100s 28 1s 26 20 40 60 80 100 120 ts 140 Figura 6.28 – Gráfico da média de temperatura da superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 2 T ºC 38 36 Temperatura (°C) 30s 34 32 30 10s 100s 28 26 1s 20 40 60 80 100 120 140 ts Figura 6.29 – Gráfico da média de temperatura da superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 3 75 T ºC 45 1000s 40 1500s Temperatura (°C) 50 35 500s 30 1s 500 1000 1500 2000 2500 3000 ts Figura 6.30 – Gráfico da média de temperatura da superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 4 Para o caso 4 foi analisado o gradiente de temperatura da superfície da tampa do microtrocador de calor, Figura 6.31. Na Figura 6.32, podemos observa a temperatura sobre a superfície 10 x 10 mm, representada pela linha tracejada na Figura 6.31, sobre os canais do microtrocador de calor, a temperatura média nesta região de interesse é de 51.75°C com um desvio padrão de 1.39°C. Similar a análise experimental que foi apresentada anteriormente, para facilitar a visualização da variação de temperatura na área de 10x10mm de interesse sobre a superficie externa, foram traçadas duas linhas, uma transversal e outra longitudinal, que estão representadas na Figura 6.31 pelas cores verde e azul respectivamente, passando pelo centro da área 10 x 10 mm. As temperaturas ao longo destas linhas são apresentadas nas Figuras 6.33 e 6.34, respectivamente. 76 Figura 6.31 – Imagem da temperatura da superfície da tampa do microtrocador de calor após simulação do caso 4 Figura 6.32 – Temperatura na superfície 10 x 10 mm sobre os canais microtrocador de calor 77 T °C 80 70 60 50 40 0 2 4 6 8 10 y mm Figura 6.33 – Temperatura na linha de centro transversal do microtrocador de calor T °C 80 70 60 50 40 0 2 4 6 8 10 x mm Figura 6.34 – Temperatura na linha de centro longitudinal do microtrocador de calor 78 A Tabela 6.2 apresenta a comparação do o caso 5 com o caso numérico otimizado por MARCO [17]. A otimização de MARCO [17] levou em consideração o estudo de numérico de um único canal, com isso, algumas considerações importântes não foram consideradas, tais como: poço de entrada e de saída do fluido, a pasta térmica entre a o microtrocador de calor e o substrato e as perdas de calor por convecção natural e radiação. Dessa forma, observa-se uma grande diferença nos resultados apresentados na Tabela 6.2. A temperatura no substrato considerado por MARCO [17] na otimização não deveria ultrapassar 180°C para preservar a célula fotovoltaica de acordo com o fabricante. De acordo com o caso 5, observa-se uma temperatura média de 180,55°C e máxima de 181,86°C acima da temperatura máxima definida pelo fabricante. Outro fator que devemos considerar é o desvio padrão da temperatura na substrato, que representa o desvio padrão da temperatura sobre a célula fotovoltaica. É sabido que quanto menor o desvio padrão melhor é a eficiência da célula fotovoltaica, mostrando assim que o caso 5 apresenta um desvio padrão de temperatura inferior do apresentado por MARCO [17]. Com relação a temperatura média de saída do fluido, podemos observar uma média maior para o caso 5 do que para o otimizado, é facilmente compreendido pois no apresentado por MARCO [17] não foi considerado a transferência de calor nos poços de entrada e saída, aumentando assim a temperatura média e reduzindo a temperatura máxima devido a mistura no distribuidor. Nas características hidrodinâmicas, podemos observar uma diferença de pressão mais reduzida no Caso 5 em relação ao otimizado para o estudo do canal, porém uma diferença de pressão mais elevada para o estudo do microtrocador de calor como um todo. E por fim, uma potência de bombeamento requerida maior do que apresentado por MARCO [17], que é justificavel pela consideração dos distribuidores. 79 Características hidrodinâmicas do microtrocador Características hidrodinâmicas de um canal Características Térmicas Tabela 6.2 – Comparação Caso 5 x MARCO [17]. MARCO [17] CASO 5 Temperatura mínima no substrato [°C] 78,65 177,05 Temperatura média no substrato [°C] 87,40 180,55 Temperatura máxima no substrato [°C] 93,30 181,86 Desvio padrão da temperatura do substrato [°C] 4,57 1,05 Temperatura máxima do fluido [°C] 93,25 88,45 Temperatura média do fluido na saída [°C] 79,86 87,52 Número de Reynolds 45,4 45,4 Vazão [mm³/s] 26,9 26,9 Queda de pressão [Pa] 81 45 Potência requerida [W] 2,16x10-6 1,21x10-6 Número de Reynolds 45,4 45,4 Vazão [mm³/s] 484,2 484,2 Queda de pressão [Pa] 81 94 Potência requerida [W] 3,89x10-5 4,55x10-5 6.3 COMPARAÇÃO NUMÉRICO X EXPERIMENTAL Nessa seção apresenta-se a comparação dos resultados numéricos com os resultados experimentais. Nas Figuras 6.35 e 6.36 pode-se verificar a diferença de temperatura entre a saída e a entrada para os casos de baixa potência e para o caso de alta potência, respectivamente, onde as curvas em azul representam os dados experimentais e a curvas em vermelho representam os dados simulados numericamente. A diferença média entre o experimental e o numérico no regime permanente é de 0,18 , 0,36 e 0,72°C respectivamente para os casos 1, 2 e 3 e de 80 2,07 °C para o caso 4, mostrando uma boa e consistente validação dos resultados numéricos e experimentais. T ºC 14 Caso 3 12 Caso 2 10 8 Caso 1 6 4 2 0 0 20 40 60 80 100 ts Figura 6.35 – Comparação da diferença de temperatura entre a saída e entrada numérica e experimental para os casos 1, 2 e 3. T ºC 25 20 15 10 5 0 500 1000 1500 ts Figura 6.36 – Comparação da diferença de temperatura entre a saída e entrada numérica e experimental para o caso 4. 81 Já nas Figuras 6.37 e 6.38 pode-se comparar a média da temperatura na superfície na área 10 x 10 mm sobre os canais em relação ao tempo. As curvas em azul representam os dados aquisitados experimentalmente com a câmera de infravermelho e as curvas em vermelho os resultados da simulação numérica. A diferença média entre o experimental e o numérico é de 0,39 , 0,60 e 0,10°C respectivamente para os casos 1, 2 e 3, e de 0,78°C para o caso 4. Pode-se também observar nestas análises uma boa e consistente validação dos dados simulados e experimentados. T ºC 40 Caso 3 38 Caso 2 36 Caso 1 34 32 30 28 0 20 40 60 80 100 120 140 ts Figura 6.37 – Gráfico da média de temperatura da superfície da tampa em relação ao tempo para os casos 1, 2 e 3. 82 T ºC 60 55 50 45 40 35 30 0 500 1000 1500 ts Figura 6.38 – Gráfico da média de temperatura da superfície da tampa em relação ao tempo para o caso 4. Um gráfico tridimensional para comparar o perfil do caso 4 da temperatura sobre a superfície 10 x 10 mm apartir da aquisição da câmera fotovoltaica e apartir da análise numérica com o COMSOL, pode ser visto na Figura 6.39. Figura 6.39 – Comparação numérico-experimental da superfície 10 x 10 mm sobre os canais. 83 As próximas 2 figuras, Figura 6.40 e Figura 6.41, apresentam os resultados de duas linhas centrais sobre a superfície 10x10 mm, uma transversal e outra longitudinal, como já apresentado nas Figuras 6.30 e 6.31. A Figura 6.40 apresenta uma diferença média entre o simulado e o experimental de 1,55°C e na Figura 6.41 apresenta uma diferença média de temperatura de 1,71°C. T °C 80 70 60 50 40 0 2 4 6 8 10 y mm Figura 6.40 – Comparação numérico-experimental da linha imaginária longitudinal a superfície 10 x 10 mm sobre os canais 84 T °C 80 70 60 50 40 0 2 4 6 8 10 x mm Figura 6.41 – Comparação numérico-experimental da linha imaginária transversal a superfície 10 x 10 mm sobre os canais A Tabela 6.3 apresenta uma comparação do balanço térmico entre a simulação numérica e a análise experimental. Há uma similaridade nos resultados apresentados, com uma pequena diferença no desvio percentual do balanço térmico do caso 4, pois não foi considerado as perdas do conjunto da resistência no experimental, apresentando assim um maior desvio percentual. Tabela 6.3 – Comparação Numérico x Experimental do balanço térmico Caso 1 Descrição Caso 2 Caso 3 Caso 4 Simbolo Exp Num Exp Num Exp Num Exp Num T (°C) 30,26 30,19 31,37 31,12 32,20 33,16 39,22 39,72 Carga térmica no fluido Q (W) 4,70 4,57 6,80 6,55 9,18 8,69 31,40 34,32 Potência da resistência elétrica Qele(W) 6,6 6,6 9,5 9,5 12,6 12,6 46,6 46,6 Qair(W) 0.48 Média da temperatura de mistura entre a entrada e saída Perda de calor por convecção natural Perda de calor por radiação Desvio Percentual do balanço 0.65 1,049 Qrad (W) 0,39 Perc (%) 15 0,40 15 térmico 85 0.90 1,54 17 2.92 2,05 0,41 15 17 4,86 0,55 15 25 16 CAPÍTULO 7 7 - CONCLUSÃO No contexto do presente trabalho foi fabricado, experimentado e simulado um microtrocadores de calor para refrigeração de células fotovoltaicas de alta concentração (HCPV’s) e a utilização do mesmo para abastecer um sistema secundário de dessalinização da água, aproveitando ao máximo a energia térmica dissipada do painel fotovoltaico. Na fabricação do microtrocador de calor foi utilizado uma microfresadora CNC que se apresentou com uma boa solução no processo de fabricação de protótipos de microtrocadores de calor. Apresentou uma baixa rugosidade, comparável com resultados obtidos com processos de fabricação de acabamento, tais como Retifica e Polimento. Apresentou também uma precisão satisfatória, com uma diferença de altura do solicitado pelo realizado de 6,3 μm. Também no contexto do presente estudo foi montada uma bancada experimental para caracterização do microtrocador de calor fabricado, utilizando resistência e termopares estrategicamente posicionados, sistema de aquisição de dados AGILENT, câmera termográfica de infravermelho, para medidas não intrusivas de temperatura, bomba de seringa com vazão controlada, fonte de corrente contínua controlável e um computador para gerenciamento e tratamento de todos os dados. Os experimentos foram realizados de forma criteriosa para duas diferentes vazões e quatro diferentes fluxo de calor. A análise numérica foi realizada com a plataforma computacional COMSOL Multiphysics 4.2a, onde fez-se necessário a definição da geometria, a construção da malha, a definição do problema físico e matemático, assim como definir as condições de contorno e inicial. Para a verificação dos resultados numéricos foi realizado uma 86 convergência de malha, sendo contruidas três malhas com diferentes números de elementos, apresentando resultados, possibilitando a utilização malha 1, menos refinada, como referência. Em sequência, foi feita uma comparação teórica-experimental do microtrocador de calor considerando as principais propriedades e características de um trocador de calor. Sendo considerada a diferença de temperatura entre as temperaturas de saida e de entrada, temperatura superficial, perdas de calor por radiação e convecção natural, entre outras. Além disso, o microtrocador de calor proposto apresenta uma relação área/volume do microcanal de 7,1 m-1, uma relação área/volume do microtrocador de 7,7 m-1 e uma eficiência estimada de 71%. Os resultados experimentais e numéricos obtidos mostraram-se satisfatórios na caracterização do microtrocador de calor, além de apresentar um bom comportamento quando submetido a uma situação próxima da real. A pequena diferença entre os resultados experimentais e numéricos podem ser melhor estudados fazendo a estimativa de alguns parâmetros através de uma análise de problemas inversos. Com relação a fabricação, faz-se necessário o estudo de um novo delineamento de fabricação para uma produção em larga escala, uma vez que a usinagem de um numero muito grande de microtrocadores de calor com a micro fresa CNC tornar-se-ia impeditiva. Outro ponto que necessita de atenção para uma produção em larga escala é o estudo de novo material para substituir o cobre, que apesar de ser um bom condutor de calor apresenta uma baixa usinabilidade e um custo elevado, quando comparado ao latão, por exemplo. A sequência natural do presente estudo seria a instalação do microtrocador de calor fabricado e analisado no presente estudo em uma das células fotovoltaicas painel de alta concentração para estudo in loco do presente dispositivo. 87 CAPÍTULO 8 8 - REFERÊNCIAS [1] A. F. Williams, The handbook of photovoltaic applications, United States: The Fairmont Press Inc, 1986. [2] T. Markvart, Solar Electricity, 2nd Edition, New York: Wiley, 2000. [3] D. B. TUCKERMAN e . R. F. W. PEASE, “High-Performance Heat Sinking for VLSI,” 1981. [4] A. Royne, C. J. Dey e D. R. Mills, “Cooling of photovoltaic cells under concentrated illumination: a critical review,” 2006. [5] D. J. Mbewe, H. C. Card e D. C. 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