As Estratégias e os
Instrumentos de Mobilização
A nossa história
Alguém tem que contar
A estrada é muito longa,
Não sabemos onde vai dar
São dois caminhos, um
estreito e outro largo,
Já dizia o bom Raul aonde
é que eu me encaixo
* Mobilizar é articular desejos, vontades
para atuarem na conquista de um
objetivo comum, sob um olhar e um
sentido também compartilhados
MOBILIZAÇÃO X PARTICIPAÇÃO
* A mobilização de um grupo, comunidade,
sociedade, passa por um processo de ação decisão na perspectiva de realizar essa
conquista comum.
• Participar de um processo de mobilização é
um ato de escolha.
• Participação é um ato de liberdade. As
pessoas são convidadas, mas a ação
participativa é uma decisão individual que
depende de se perceberem responsáveis e
capazes de provocar e construir mudanças.
Mobilização: ação
permanente
Pensar a mobilização como processo que
envolve paixão, dedicação permanentes,
que se insere no cotidiano, não como algo
pontual, um evento, campanha
Mobilizar é antes de tudo
pensar ações comunicativas
• O processo de mobilização ao
potencializar a interação entre as pessoas,
o compartilhamento de práticas e saberes
se constitui uma ação comunicativa onde
conflitos e desafios podem ser superados
e as pessoas podem se descobrir
sujeitos - construtores de sua história
MOBILIZAÇÃO E EDUCAÇÃO POPULAR
A educação popular oferece um instrumental
teórico fundamental para o desenvolvimento de
novas relações, "através da ênfase ao diálogo,
a valorização do saber popular e a busca de
inserção na dinâmica local" (Vasconcelos),
tendo a identidade cultural como base do
processo educativo, e compreendendo que o
"respeito
ao
saber
popular
implica
necessariamente o respeito ao contexto
cultural" (Freire).
O desafio de pensar um processo de
mobilização como produção social e
coletiva, transformadora das condições
que geram pobreza e opressão e
centrada numa perspectiva de atuação
permanente como experiência de
transformação dos contextos concretos
devolvendo ao sujeito popular o lugar de
partícipe da construção desse processo.
De que lugar falamos.....
Falamos de uma construção recente,
mas que nasce da interação de pessoas
vindas dos movimentos populares, universidades
e serviços de saúde que, acreditando na
possibilidade de, compartilhando saberes, construir
ações de transformação capazes de contemplar uma
nova visão dos atores envolvidos nas práticas de saúde.
É deste lugar que falamos, resguardando a preciosidade
das experiências,sublinhando a perspectiva popular e
suas formas de pensar sua prática social
Atos - Limite
Vou contar, vou contar
Vou contar uma história
Que ora se desenrola
Nas terras do Ceará
Nascendo a menina ANEPS
A farinhada começou
O povo e a universidade
Logo, logo se juntou
Vou contar, vou contar
E logo a estudantada
Começou a conhecer
O que no meio popular
Estava a acontecer
Vou contar, vou contar
Viram a massoterapia
E as plantas medicinais
Também círculos de cultura
Teatro e muito mais
Vou contar, vou contar
O espaço da academia
Fez-se mais interativo
Aprendendo com o povo
A ser bem mais criativo
Vou contar, vou contar
Trabalhando a realidade
Com base na experiência
Juntando vários olhares
Pensando uma nova Ciência
O LUGAR DA ARTE NO TRABALHO EM
SAÙDE: A POÉTICA DO ENCONTRO
Vamos acreditar
num mundo
muito melhor
Nunca pare de
sonhar
Se você não
encontra
mais a solução
Olhe a sua volta
e encontre uma
razão,
Uma razão para viver,
Uma razão para acreditar
Venha se juntar a nós, juntos vamos
transformar
Semearte
Arte humanização e educação popular: o desafio
Nos faz pensar“nos modos de acalentar,sentir a dor, o parto, o gozo, a
traição, o choro, o crescimento dos filhos, a seca, a invernada, a
partida para o longe de outras terras, o acarinhado de quem se aguneia
por um agrado, o modo de despejar na natureza seus sentimentos de
homem ou de mulher, a fome” (Linhares,2003), esse singular que é o
modo próprio de ser do povo.
As linguagens da arte nos permitem tocar dimensões mais totalizadoras
do sujeito e, em geral esquecidas; nos processos de conhecer- como a
do corpo, da estética, da ética, da religiosidade, da afetividade - em um
construto que vincula desejo e cognição, intuição e sensibilidade
Os espaços da arte no cotidiano do trabalho
de saúde
• A arte dos possíveis sabores e cores da culinária
•
•
•
popular, que possam favorecer o prazer de
reconstruir novas formas de se alimentar frente á
descoberta de estar diabético ou hipertenso?
A arte de reconstituir movimentos de superação dos
limites físicos produzidos pela hanseníase ou pelo
inevitável processo do envelhecer?
De tornar mais belos e acolhedores os espaços das
nossas unidades mesmo quando as verbas são
escassas, a infra-estrutura é precária e temos tão
poucos recursos “didáticos e audiovisuais”?
Da escuta sensível, do toque carinhoso, do olhar que
acolhe, da palavra que apoia, mas que também
explicita e aclara os conflitos?
Atos - Limite : Os movimentos populares e o
inédito viável
• Conjunto Palmeiras: Mulheres em Movimento - das CEBs para
o resgate dos cuidados das medicinas tradicionais com a
fitoterapia às quais incorporam práticas originárias do oriente
como o Shiatsu e o Do-in;
Trabalhamos na saúde em várias dimensões
Com a massoterapia
Auto-estima e orações
Mas também muito importante
É nossa alimentação
Temos a rádio Santo Dias
Com o programa famoso
Com a comunicação
Também curamos o povo
No ar às 14 horas
Saúde ao Alcance de
Todos
Temos a farmácia viva
E a manipulação
Também de alimentação
Falo de multimistura
Preparada em mutirão”
• Movimento de Saúde Mental Comunitária
•
do Bom Jardim: a Escuta Sensível, da
terapia comunitária e a história do grupo
Semearte, eivado do sofrimento de jovens
mulheres e crianças no contexto das
fomes da periferia;
Pirambu (Quatro Varas) onde a terapia
comunitária articula processos vários de
cuidado e expressão artística que vão
fortalecendo os processos de identificação
e de geração de renda dos atores
envolvidos, se constituindo ainda como
espaços terapêuticos.
ANEPS – A CULTURA TECENDO REDES E
COMPARTILHANDO SABERES NO CAMPO DA
SAÚDE
Partindo da busca da
memória das lutas
populares, o percurso
da ANEPS tem nos
parecido uma
possibilidade coletiva de
intervenção e produção
da vida coletiva;
conexão entre cotidiano
e história, vinculando a
experiência local
sentida no singular dos
grupos com a inserção
na história, vivida no
exercício político de
uma rede de articulação
nacional.
• reflexão, partilha e leitura coletiva das possibilidades
sendo feita também mediante o exercício das
linguagens como as dos mestres da arte popular, da
viola e do repente, dos grupos de maneiro-pau, de
coco, teatro de rua, dos cordelistas, radialistas,
palhaços, pajés e xamãs.
• Espaços comunicativos dos movimentos, através dos
quais é possível estimular o protagonismo popular a
partir do reconhecimento da história de vida das
pessoas em seus anseios, necessidades e
potencialidades.
• linguagens que emergem na capilaridade das experiências
locais que, em uma vivência de protagonismo ousada,
tomaram a frente no processo de articulação e imprimiram
sua feição particular, buscando, aos pouco, incluir-se nos
espaços dos serviços de saúde e instituições formadoras e
ensaiar uma ação que interfira nas políticas públicas, mas
que, ao mesmo tempo, possa alimentar-se continuamente de
suas práticas concretas
ARTE : ESPAÇO DE COMUNICAÇÃO E DE
PROBLEMATIZAÇÃO DA REALIDADE
Meus senhores e senhoras
Que compõem essa platéia
Vamos saber da história
Dessa grande epopéia
Que a nossa periferia
Vive no seu dia-a-dia
E o grupo Semearte
Encena com muita arte
O que se passa com esse povo tão
sofrido
Não é história inventada
É realidade encenada
Desse povo excluído
Todos
Ai, ai, ai, tô doente tô quebrado e o
posto não me atende
Ai, ai, ai, o tempo todo esperando
e o posto me enrolando
Aqui no bairro a saúde é uma piada
Tem que sair de madrugada pra poder ser
atendido
Mas depois de ter sofrido noite inteira
numa fila
Tem gente que até cochila e não é
recebido
E enquanto isso,
Por aí se ouve falar
De um tal sistema único
Que está a se organizar
Esse sistema de saúde
Dizem que é universal
Atendendo a todo mundo
Do pequeno ao maioral
Dizem, porém, que ele garante a
eqüidade,
Pois quanto à necessidade,
Nem todo mundo é igual.
Esse tal SUS envolve o posto e o hospital
Corpo, mente e a cultura das pessoas
Numa ação que é integral
ARTE E PARTICIPAÇÃO POPULAR:
CIRANDAS DA VIDA - O INÉDITO
VIÁVEL
• Espaço de articulação e
participação de diversos atores
(mov sociais, técnicos, gestores,
conselhos, grupos emergentes,
comunidade em geral ), para
definição de situações – limite e
constituição de propostas de
ação coletiva, possibilitando o
compartilhamento de saberes e
incorporando a visão da
integralidade.
• Animação a partir da SMS,
partindo das loco- regiões(SER)
onde a ação acontece propõe-se
a construir uma cultura
permanente de promoção à saúde
mediante a estruturação de
Cirandas Regionais que
funcionem como espaços
dialógicos, capazes de fortalecer
os movimentos e práticas
populares e alimentar as ações
e políticas públicas de saúde.
• Estruturação das Cirandas Regionais
• Sensibilização e mobilização dos diversos atores •
•
•
•
•
essencialmente grupos-sujeito
Realização de encontros nas SER com o objetivo de
pactuar a proposta com o coletivo e agendar o
lançamento da Ciranda
Desencadeamento do processo de planejamento das
Cirandas nas regiões : oficinas para levantar as
situações-limite ( que exigem transformação – trazem
também as potencialidades)
Estruturação das oficinas temáticas e dos escambos
de arte e saúde, a partir das situações-limite
levantadas
Monitoramento e avaliação continuadas
Construção de processo formativo permanente
PROMOÇÃO À VIDA
• Proporcionar que o saber gestado nesses espaços
possam alimentar as práticas em saúde locais, de
modo a incorporar abordagens populares como
farmácias vivas, massoterapia, terapia comunitária,
espaços de brincar, círculos de cultura, grupos de
auto-conhecimento, entre outros, no contexto dos
serviços públicos de saúde;
• Potencializar as práticas culturais da comunidade
como estratégia de promoção e cuidado à saúde;
• Viabilizar um processo formador que possa partir
da leitura coletiva de situações-limite, vistas como
situações que exigem transformação, nas práticas
de saúde locais, formação capaz de articular e
incluir os grupos emergentes nos Núcleos de
Educação Popular na Saúde (cirandas da vida) de
cada regional;
NA EDUCAÇÃO PERMANENTE
NO CAMPO DA PARTICIPAÇÃO POPULAR
Essa Ciranda não é minha só
Ela é de todos nós
A melodia principal quem diz
É a primeira voz
PRIMEIRO MOVIMENTO: A
CIRANDA DA VIDA
NA VILA VELHA
Quem veio para a roda:Cia Vidança;
Secretário Regional, Chefe do Distrito
de Saúde, técnicos do Distrito de
Assistência Social, Educação, Cultura,
Mobilização Social e Meio Ambiente,
Equipe de saúde da área de risco, do
Gabinete de políticas públicas da
Prefeitura,lideranças comunitárias,
professores, músicos, grupo de
percussão, capoeiristas, crianças e
adolescentes das escolas locais e que
não estão na escola, pessoas da igreja
católica
Momento 1 - (Re)conhecimento e socialização da
história da comunidade , a partir do encontro entre
grupos intergeracionais, localizando imagens de
transformação, em suas potencialidades e desafios..
Proporcionar o encontro entre os atores sociais locais, a
partir da reconstrução da história de luta e resistência
da comunidade, mediante a escuta aos grupos que
atuam por ciclos da vida
I. Infância; II. Juventude; III. Adultos.
Lutas comunitárias: entendidas como as respostas aos
desafios mais prementes da realidade, as festas
populares, a arte e a cultura em suas celebrações
TRAÇANDO O CAMINHO
A CIRANDA EM MOVIMENTO
O TRABALHO COM AS CRIANÇAS:
ARTE E BRINCADEIRA
CONSTRUINDO
O RETRATO DA
COMUNIDADE
CORPO, DESENHOS, CIRCO E TEATRO
DE RUA TRAZENDO O RETRATO
DA COMUNIDADE.
Tombei, tombei tombar
Quero um lugarzinho pra gente morar...
Dona Mariquinha se eu pedir você me dá
Um lugarzinho pra gente poder morar
Oh raia o sol suspende a lua,
Hoje à noite ninguém dorme na rua
Pisei na copa do meu chapéu
Olha o vento que vem lá do céu
Pipoca amendoim torrado
A chuva era grossa e derrubou o meu barraco
Pompeu, Pompeu o que aconteceu
Lá vem a polícia quem acode eu?
O Inédito viável é....sabedoria popular,
misturada com conversa de doutor.
A prosa vai ser misturada
O linguajar meio louco
Vai ter papo de caboco
Conversa de doutorada
Riso, canto e balada
Repente feito de rima
Receitas de medicina
E remédio popular
História de arrepiar
Eita mistura arretada
O Escambo: Jovens adultos
crianças e as situações -limite
SITUAÇÕES-LIMITE:
• Violência
• moradia no
mangue
• falta de
oportunidade para
os jovens.
• Drogas.
Potencialidades:
-DANÇA(VIDANÇA)
- CAPOEIRA
- HIP HOP
- GRUPOS DE AXÉ
- QUADRILHAS
- GRUPOS DE
JOVENS
AS CRIANÇAS DA GRANJA PORTUGAL
CONSTRUINDO SONHOS E APONTANDO
DESAFIOS
NOSSOS SONHOS
Meu bairro não tem Paz
Mas se todos colaborarem teremos Paz.
Quero meu bairro limpo
Um verdadeiro paraíso
Quero árvores grandes
E flores para perfumar a escola
Um canal sem poluição
Uma ponte cheia de atração
Quero a felicidade para todos
Quero mudar de vida
Ver a minha família feliz
Quero acabar com a violência
Não quero mais assalto
Não quero ver mais morte
Quero me sentir seguro
Não quero ter medo de brincar.
OS IDOSOS NA SERRINHA A
RECONSTRUÇÃO POÉTICA DA
HISTÓRIA DA COMUNIDADE
Serrinha do meu coração: te conheci ainda sem
progresso, sem ônibus,
sem aeroporto e sem avião;
te conheci no tempo da lamparina no tempo do lampião
a gás, de fogo, de carvão.
Tuas ruas eram verdadeira escuridão.
Serrinha, tu que passastes muitas dificuldades, mas
hoje tu és um grande bairro desta cidade.
Juntos estamos aqui com a Ciranda Da Vida, buscando
resgatar tua história e tua vida.
História de luta, de amor e de alegria.
Hoje, somos a Serrinha dos Movimentos, temos M.T.R.
que nos proporciona trabalho, renda, lazer e prazer.
Temos também o M.C.P. – Movimento dos Conselhos
Populares,movimento este que nos ajuda a nossos
problemas resolver.
Mas para isso acontecer, é necessário você,
comunidade, se envolver.
Movimentos como este devem sempre acontecer. A
Ciranda Da Vida conta com você.
Para juntos virmos debater assuntos sobre Segurança,
Educação, Emprego, Saúde e Lazer.(Lucieldo)
AS CRIANÇAS DA SERRINHA: A ARTE
DE DESENHAR A REALIDADE
COMO PENSAR A FORTALEZA BELA A
PARTIR:
Da Rua
Da Família
Do Bairro
Da Escola
Dos espaços da
religiosidade popular:
Do Parque
Da Praça
Da cidade - território vivo: semente nascida da
resistência dos povos nativos. Cidade, que precisa ser
cuidada resgatando toda a força do seu povo e, ao
mesmo tempo, a delicadeza perdida; o compromisso
da luta de todos na busca de soluções para os
problemas que afligem as pessoas; onde a riqueza, o
saber e o poder precisam ser distribuídos, onde a
liberdade é escola boa, moradia adequada e saúde
digna; onde se caminha no sentido de reduzir a
desigualdade e a injustiça social; onde se busca a
participação do povo nas decisões do poder, a
possibilidade do cidadão e da cidadã definirem o quê e
como querem viver, revitalizando e se re- apropriando
de seus espaços.
Galope à Beira Mar
Pensar estratégias também ferramentas
Que bem nos ajudam a mobilizar
Também nos remete a reflexões
Do que para nós é participar
Participação vista como conquista
Nos move e anima a poder caminhar
E assim vigilantes da nossa saúde
Seguimos em galope na beira do mar
Música, teatro, coco, cantoria
Também brincadeiras ajudam a
pensar
A reza, os grupos, radios
comunitárias
São alguns dos espaços que
podemos contar
Os jovens nos grupos e sua ousadia
Criança desenhando também vai
falar
Idoso trazendo sua experiência
Todos galopando na beira do mar
O mais importante é que
estejamos juntos
E o saber do outro poder
respeitar
Juntando governo e comunidade
E os trabalhadores prá mobilizar
Assim caminhamos prá
cidadania
Todos no galope a beira do mar
E como fazer prá que a saúde
direito de todos possamos
conquistar
Não temos receitas vamos
construir juntos
Cantando um galope na beira
do mar
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A mobilização de