Lubrificação AUTOMOTIVA 2 Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga www.ipiranga.com.br INTRODUÇÃO 3 As Empresas Petróleo Ipiranga têm ocupado desde o início de suas atividade em 1937, no mercado brasileiro, uma posição de destaque no refino, distribuição de combustíveis, produção e pesquisa de lubrificantes automotivos. Os estudos e ensaios, tanto em laboratório com práticos que são constantemente levados a efeito, permitem não somente manter um estreito relacionamento com o desenvolvimento da indústria automobilística, como também seguir as tendências futuras das exigências dos novos projetos de motores, transmissões e outros componentes automotivos e ferroviários, cada vez mais sofisticados e mais difíceis de serem lubrificados em condições extremas de serviços. Os lubrificantes destinados aos equipamentos automotivos representam a maior parcela de utilização entre todos os outros tipos de lubrificantes. Em nenhuma outra aplicação os lubrificantes são usados em condições mais diversas e severas de operação e em modelos tão variados de equipamentos. Consumidores em todo o Brasil confiam a lubrificação de seus veículos nos produtos que levam a marca IPIRANGA. Sabem que a qualidade e performance destes lubrificantes irão atender as especificações requeridas e satisfazer todas as necessidades de lubrificação dos seus veículos. A IPIRANGA emprega os mais modernos processos para fabricação, com um severo controle de qualidade e rigorosos testes de avaliação de desempenho dos produtos produzidos e Certificados pela Norma ISO 9001, garantindo com isso as exigências técnicas e a satisfação de todos os requisitos para uma longa vida dos componentes e partes lubrificadas. Pesquisas constantes são realizadas para o desenvolvimento de lubrificantes cada vez melhores, a fim de atender as crescentes necessidades da indústria automobilística quanto ao desempenho e performance dos lubrificantes. A IPIRANGA não para de evoluir e de investir em novas tecnologias que façam com que o consumidor saiba que ao utilizar um produto que tenha a sua marca, estará utilizando um produto da mais alta qualidade e com um excelente desempenho. O QUE É UM ÓLEO LUBRIFICANTE? 2 Antes de tratar das necessidades de lubrificação de um veículo, é conveniente conhecer alguns termos expressões comumente utilizadas com referência aos óleos lubrificantes, sua escolha e o seu comportamento em serviço. O Petróleo O petróleo é composto por uma mistura complexa dos elementos hidrogênio e carbono, além de pequenas quantidades de vários outros elementos, como o enxofre, oxigênio, sódio, ferro, nitrogênio, entre outros (geralmente considerados como impurezas). O óleo cru tal como é extraído, contêm hidrocarbonetos, sendo que alguns são muito instáveis e se dividem facilmente em novos compostos com o tempo e outros são extremamente estáveis e resistem fortemente a qualquer decomposição causada pelo calor, pressão ou reação química. De acordo com a predominância dos hidrocarbonetos encontrados no óleo cru, o petróleo é classificado em: Parafínicos: Quando existe predominância de hidrocarbonetos parafínicos. Este tipo de petróleo produz derivados com as seguintes propriedades: • Gasolina de baixa octanagem. 3 • Querosene de alta qualidade. • Óleo diesel com boas características de combustão. • Óleos lubrificantes de alto índice de viscosidade, elevada estabilidade química e alto ponto de fluidez. • Resíduos de refinação com elevada percentagem de parafina. Naftênicos: Quando existe predominância de hidrocarbonetos naftênicos. O petróleo do tipo naftênico produz derivados com as seguintes propriedades: • Gasolina de alta octanagem. • Óleos lubrificantes de baixo ponto de fluidez, baixo índice de viscosidade e baixo resíduo de carbono. Mistos: Quando possuem misturas de hidrocarbonetos parafínicos, naftênicos e aromáticos, com propriedades intermediárias, de acordo com maior ou menor percentagem de hidrocarbonetos parafínicos e naftênicos. Aromáticos: 4 Quando existe predominância de hidrocarbonetos aromáticos. Este tipo de petróleo é raro, produzindo solventes de excelente qualidade e gasolina de alta octanagem. Não se utiliza este tipo de petróleo para fabricação de lubrificantes. Após a seleção do tipo desejável de óleo cru, os mesmos são refinados, através de processos que permitem a obtenção de óleos básicos de ata qualidade, livres de impurezas e componentes indesejáveis. O óleo lubrificante A elaboração dos óleos lubrificantes faz-se através da mistura adequada de diferentes óleos básicos acabados obtidos após os processos de refinação. Estas misturas, feitas em proporções exatas para obtenção de viscosidades determinadas, são completadas com outros tratamentos e/ou aditivos, a fim de dotar o produto final com características especiais, que permitirão aos óleos satisfazerem todas as exigências nos casos para que são recomendados. O que é um óleo lubrificante automotivo? Um óleo lubrificante automotivo deve possuir uma série de características especiais para satisfazer as exigências mecânicas e 5 as variações de condições operacionais e ambientais a que estarão continuamente submetidos. O desenvolvimento e a formulação de um óleo lubrificante é um trabalho complexo, em que o técnico deve estudar a compatibilidade entre os diversos tipos de óleos básicos, entre os diversos tipos de aditivos e entre estes óleos e aditivos, de acordo com sua finalidade. CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS ÓLEOS LUBRIFICANTES Para se atingir as características desejadas de um óleo lubrificante, realizam-se análises físico-químicas que permitem fazer uma préavaliação de seu desempenho. Algumas destas análises não refletem as condições encontradas na prática, mas são métodos empíricos que fornecem resultados comparativos de grande valia, quando associados aos métodos científicos desenvolvidos em laboratórios. As provas de laboratório são importantes para o controle das operações de fabricação e como índice de uniformidade, porém, a medida final da qualidade e poder de lubrificação são resultados obtidos na prática e nas condições reais de serviço. Na refinação e produção de óleos lubrificantes, devem ser estabelecidos limites de tolerância, cobrindo numerosas propriedades e características, a fim de se obter o grau desejado de normalização dos produtos. Usam-se como limites básicos, várias propriedades físicas e químicas, conhecidas como especificações para óleos lubrificantes. Estas especificações são usualmente determinadas e expressas baseadas em testes padronizados, estabelecidos por órgãos normalizadores como a ASTM (American Society for Testing and Materials), ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo), API (American Petroleum Institute), e outras. Viscosidade 6 A viscosidade é uma das propriedades mais importantes dos lubrificantes. A viscosidade está relacionada com o atrito entre as moléculas do fluido, podendo ser definida como a resistência ao escoamento ou a resistência interna oferecida por um fluido (líquido ou gasoso) ao movimento ou ao escoamento. A viscosidade determina a facilidade com que pode ser dada a partida num motor ou trocadas as marchas em tempo frio. É o fator que determina a capacidade de carga que pode ser suportada num mancal, com uma película de óleo separando as partes móveis. A viscosidade afeta diretamente a potência e o calor gerado nos componentes mecânicos, influindo no efeito de vedação entre as folgas das peças e no próprio consumo do motor. A viscosidade não possui relação alguma com o seu peso ou oleosidade. A oleosidade é a propriedade que o lubrificante possui de aderir às superfícies (adesividade) e permanecer coeso (adesividade). Como exemplo, citaremos a água, que não possui oleosidade e os óleos lubrificantes que possuem adesividade e coesividade. Fluidos com alta oleosidade têm uma alta viscosidade, como o mel, isto é, eles não escorrem facilmente. Fluidos mais “finos”, tais como 7 a água, fluem facilmente, significando que possuem baixa viscosidade. Os óleos lubrificantes são produzidos em várias viscosidades, podendo-se obter outras intermediárias através da mistura entre os óleos básicos. A viscosidade de um óleo lubrificante varia com a temperatura, sendo inversamente proporcional à mesma. Isto significa que a medida que a temperatura do óleo aumenta, ele se torna menos viscoso. Com a diminuição da temperatura, o óleo torna-se mais espesso, ou mais viscoso. A viscosidade de óleos de diferentes origens e processos de refinação varia de forma diferente para as mesmas variações de temperatura. Assim sendo, sempre que se referir a um valor que representa a viscosidade de um óleo, deve-se referir também à temperatura na qual ela foi medida, pois caso contrário o valor não terá nenhum significado. Existem vários aparelhos para se medir a viscosidade de um óleo, os quais são denominados de VISCOSÍMETROS. Os viscosímetros mais utilizados são os seguintes: • CINEMÁTICO (Utiliza o Sistema Métrico Internacional). • SAYBOLT UNIVERSAL. • REDWOOD (Inglês). • ENGLER (Alemão). Os mais utilizados são os Cinemáticos e os Saybolt. O funcionamento de todos eles se baseia no tempo de escoamento em segundos, necessário para que uma determinada quantidade de óleo, mantida a uma temperatura determinada, passe por um orifício de tamanho especificado. A seguir, o viscosímetro automático Cinemático Cannon. 8 Atualmente, o sistema de medição de viscosímetro Cinemático é de uso universal, visto ser enquadrado no Sistema Métrico Decimal Internacional e apresentar uma precisão maior em relação aos outros viscosímetros. No método Cinemático, um tubo capilar é abastecido com óleo através de sucção, até um nível marcado. Parando-se de succionálo, o óleo tende a voltar para a posição inicial, passando por uma segunda marca de referência. Anota-se o tempo, em segundos, que o nível do óleo levou para passar pelos dois traços de referência. Para cada faixa de viscosidade dos óleos, é utilizado um tubo capilar com diâmetro especificado e, para cada tubo, é determinado um fator de correção “C” do tubo, para o cálculo da viscosidade em centistokes (cSt): Viscosidade Cinemática em cSt = C x t 1 Centistokes = 1 mm²/s Onde t é o tempo de escoamento em segundos do óleo no viscosímetro cinemático. 9 A seguir, o viscosímetro Saybolt ainda bastante utilizado em laboratórios. Importância da Viscosidade Como já foi dito anteriormente, a viscosidade é a principal propriedade física dos óleos lubrificantes, sendo um dos fatores mais importantes na seleção adequada dos mesmos. Sua determinação é influenciada por diversas condições sendo as principais as seguintes: 1. Velocidade Quanto maior for a velocidade, menor deve ser a viscosidade e vice-versa. Os óleos de maior viscosidade possuem maiores coeficientes de atrito interno, aumentando a perda de potência, isto é, aumentando a quantidade de força motriz absorvida pelo atrito interno do fluido. 2. Pressão Quanto maior for a carga, maior deverá ser a viscosidade, para poder suportá-la e evitar o rompimento da película lubrificante. 10 3. Temperatura Como a viscosidade diminui em função do aumento da temperatura, para manter uma película lubrificante adequada, quanto maior for a temperatura, maior deverá ser a viscosidade. 4. Folgas Quanto menores as folgas, menor deverá ser a viscosidade, a fim de que o óleo possa penetrar nelas. 5. Acabamento Quanto melhor for o grau de acabamento superficial das peças em movimento, menor poderá ser a viscosidade. Verifica-se assim que existem condições inversas, isto é, umas que exigem uma baixa viscosidade e outras, alta viscosidade, que podem ocorrer ao mesmo tempo. Isto torna a determinação da viscosidade um estudo complexo, que deve ser feito por técnicos especializados quando do projeto dos motores, transmissões e outros equipamentos. Índice de Viscosidade O índice de viscosidade é um valor numérico que indica a variação da viscosidade em relação a variação de temperatura. Os óleos lubrificantes sofrem alterações na sua viscosidade quando submetidos a variação de temperatura. Estas variações podem ser muito diferentes, em função do tipo de óleo lubrificante. O índice de viscosidade (I.V.) é a medida padrão estabelecida para medir o grau de variação da viscosidade em função da temperatura. Baseia-se na comparação com as médias comparativas das variações de dois tipos de óleos que foram estabelecidos como padrões, dando-se ao óleo que mostrou a maior viscosidade quando resfriado e a menor 11 viscosidade na presença de calor, a classificação de zero (óleo aromático). Ao óleo que conservou a maior viscosidade quando aquecido e a menor viscosidade quando submetido ao frio, deu-se a classificação de 100 (óleo parafínico). Todos os óleos teriam, pois, a sua classificação entre 0 e 100 e o que mostrasse o maior índice de viscosidade, indicaria uma variação de temperatura relativamente pequena de viscosidade com uma grande variação de temperatura. Atualmente, temos óleos que ultrapassaram os índices de viscosidades iniciais de 0 a 100 e superam o I.V. de 250 e existem métodos de determinação do I.V. para estes valores. Conhecendo-se duas viscosidades do óleo em temperaturas diferentes, o índice de viscosidade pode ser calculado através de fórmulas, tabelas e gráficos, publicados pela ASTM, que permitem determinar o I.V. com precisão. Apesar do índice de viscosidade de um óleo lubrificante ser basicamente proveniente da natureza do petróleo cru e dos processos de refinação utilizados, pode-se aumentá-lo através do uso de aditivos para esta finalidade (Modificadores de Viscosidade). Os óleos lubrificantes automotivos, geralmente possuem um elevado índice de viscosidade (acima de 100), o que permite uma partida rápida no frio, lubrificação imediata nos pontos mais elevados no motor quando da partida, menor consumo de óleo e lubrificação eficiente em altas temperaturas. Índice de Viscosidade: Para uma mesma variação de temperatura, a viscosidade dos óleos para motores SAE 20, 30, 40 e 50 variam muito mais do que a viscosidade do óleo SAE 20W/50. O óleo SAE 20W/50 possui um índice de viscosidade maior que os outros óleos do gráfico. 12 Ponto de Fulgor e Ponto de Combustão Ponto de Fulgor é a temperatura na qual o óleo, quando aquecido em aparelho adequado, desprende os primeiros vapores que se inflamam momentaneamente (lampejo) ao contato de uma chama. Este ensaio fornece a indicação do ponto de evaporação de um óleo à pressão atmosférica. Continuando-se o aquecimento, depois de atingido o Ponto de Fulgor, quando o óleo ao contato da chama inflama-se em toda a superfície por mais de 5 segundos, tem-se a esta temperatura o Ponto de Combustão ou Inflamação. O Ponto de Combustão de um óleo encontra-se aproximadamente de 20°C A 30°C acima do Ponto de Fulgor. Os óleos para motores necessitam ter um Ponto de Fulgor elevado, para se evitar o risco de incêndio nas altas temperaturas em que trabalham. No caso de óleos usados, o aumento do Ponto de Fulgor significa perda das partes leves por evaporação, enquanto que sua redução indica que houve contaminação por combustível ou outro produto de menor Ponto de Fulgor. Ponto de Fluidez Para haver uma circulação imediata do lubrificante do carter, as partes a serem lubrificadas em tempo frio, o óleo deve manter sua fluidez em baixas temperaturas e escorrer facilmente, a fim de prover uma lubrificação adequada. 13 Uma indicação da capacidade de um óleo fluir em baixas temperaturas é dada pelo teste de Ponto de Fluidez, que significa a menor temperatura na qual uma amostra ainda flui, quando resfriada e observada sob condições especificadas. O método para determinação do Ponto de Fluidez, consiste em se resfriar uma amostra num ritmo pré-determinado, observando-se a sua fluidez a cada queda de temperatura de 3°C, até que virtualmente a superfície da amostra permaneça imóvel por 5 segundos, ao se colocar o tubo de ensaio com a amostra, na posição horizontal. O Ponto de Fluidez fornece uma idéia, de até qual temperatura, determinado óleo lubrificante pode ser resfriado sem perigo de deixar de fluir. O óleo lubrificante pode deixar de fluir por duas razões. Primeiro, pode conter uma certa quantidade de parafina, que permanece dissolvida no óleo a temperaturas maiores. Quando este óleo é resfriado, a parafina cristaliza-se, aumentando em número e tamanho, formando uma estrutura de treliça que tende a impedir os movimentos do óleo. Isto pode ser evitado através de diversos métodos para se extrair a parafina quando da refinação do óleo, ou pelo uso de aditivos abaixadores do ponto de fluidez, que retardam o crescimento dos cristais de parafina, A segunda razão, é que todos os óleos aumentam de viscosidade à medida que a temperatura baixa, diminuindo naturalmente a sua fluidez. 14 Densidade Os produtos derivados de petróleo expandem-se quando aquecidos, isto é, aumentam de volume sem modificar o seu peso. A densidade é um número que define o peso de um certo volume de uma substância medida a uma determinada temperatura e o peso de igual volume de outra substância padrão (água destilada), medido na mesma temperatura (sistema inglês 60°F/60°F) ou em outra temperatura (sistema métrico 20°C/4°C). Conhecendo-se a densidade relativa de cada produto, é possível diferenciar imediatamente quais os produtos de maior ou menor peso. Pode-se também ter uma idéia se o produto é de origem parafínica ou naftênica. Normalmente, os óleos lubrificantes parafínicos possuem densidades inferiores aos naftênicos, e estes, aos aromáticos. Devido à medição da densidade ser rápida e fácil de ser realizada, é largamente usada como meio de controle na refinação, pois produtos provenientes de um mesmo tipo de petróleo possuem pontos de ebulição e viscosidade bem definidos e também densidades características. Entretanto, é importante frisar que a densidade de óleos lubrificantes novos não tem nenhum significado quanto à sua qualidade sendo importante apenas na conversão de litros em quilos e vice-versa. Cor Os produtos de petróleo apresentam grande variação de coloração, podendo ir do preto até o incolor. A causa disto é a variação da natureza dos crus utilizados, da viscosidade, dos métodos e das formas de tratamento utilizados na refinação. 15 Os testes para determinação da cor de um lubrificante, em geral comparam uma amostra destes produtos com padrões conhecidos, através de um aparelho denominado de Colorímetro. A cor clara de um lubrificante não significa que ele tenha baixa viscosidade. A cor de um lubrificante também não significa qualidade. Para óleos lubrificantes automotivos, a cor não tem significado prático, salvo para os fabricantes controlarem a uniformidade de uma batelada de produtos durante o processo de produção. A cor de um lubrificante pode ser facilmente alterada com a adição de aditivos e de corantes. Resíduo de Carbono Os produtos derivados de petróleo são misturas complexas de hidrocarbonetos que, quando submetidos à evaporação em altas temperaturas, deixam resíduos carbonosos que podem trazer inconvenientes aos motores de combustão interna e a outros equipamentos. A percentagem de resíduo de carbono de um óleo é determinada através de métodos e aparelhos especiais padronizados (Conradson e Ramsbottom). Estes ensaios consistem basicamente em se fazer evaporar uma pequena amostra de óleo, não permitindo que o mesmo tenha contato direto com o oxigênio para evitar sua combustão. 16 Estes ensaios servem para comparar as tendências de formação de resíduos de carbono dos óleos para motores. Os valores obtidos não devem servir de critério para determinar a qualidade ou performance de um óleo lubrificante, quando considerados isoladamente. Isto se deve ao fato de que as condições existentes durante o teste nos aparelhos padronizados, não são repetidas na prática. Alguns fatores como a dosagem de combustível pelo sistema de injeção, condições mecânicas do motor, contaminantes do óleo, entre outros, podem influenciar muito mais na formação de resíduos de carbono do que o valor determinado em teste de laboratório. Os óleos de origem naftênica produzem menor percentagem de resíduos de carbono do que os de origem parafínica. Óleos de maior viscosidade obtidos de um mesmo tipo de petróleo, deixam maior percentagem de resíduos que os de menor viscosidade. Também, óleos refinados pelo processo de refinação por solvente, apresentam resíduos de carbono menores que os apresentados por óleos de mesma origem, refinados através de outros processos menos enérgeticos. Deve-se ressaltar que este teste só se aplica a óleos minerais puros, pois os aditivos, principamente os de base metálica, distorcem os resultados obtidos. ANÁLISES DE ÓLEOS LUBRIFICANTES A troca do óleo lubrificante do motor ou de outras partes de um veículo torna-se necessária devido à deterioração que pode ocorrer durante o serviço, pelos seguintes mecanismos: 17 Contaminações: • Degradação térmica ou por oxidação. • Passagem de gases través dos anéis de segmento (Blowby) • Filtragem inadequada do óleo e do ar. • Desgaste mecânico. • Infiltração externa d’água ou pelo sistema de refrigeração. • Esgotamento químico dos aditivos (depleção). ESGOTAMENTO QUÍMICO DOS ADITIVOS As principais razões para se analisar um óleo lubrificante usado, são que através dos resultados obtidos nas análises pode-se determinar se o óleo está ou não em condições de continuar em uso, se está ocorrendo algum tipo de problema relacionado com as partes que estão sendo lubrificadas ou com a operação do veículo. A interpretação da análise de óleos usados depende do conhecimento do tipo de equipamento, da sua condição, estado operacional e do conhecimento do lubrificante utilizado, variando de acordo com cada fabricante de equipamento e de lubrificante. Abaixo, serão considerados dados gerais de interpretação das principais análises realizadas em óleos lubrificantes usados, que servem apenas para orientação, uma vez que os mesmos nem sempre são conclusivos para condenar ou manter em uso um lubrificante. A interpretação final deve ser feita por técnicos habilitados, que tenham condições de correlacionar os resultados obtidos de cada veículo e sua condição operacional. VISCOSIDADE A análise da viscosidade de um lubrificante permite obter informações importantes a respeito do funcionamento de um motor. A viscosidade pode ser afetada por fatores físicos (contaminantes) e por fatores químicos (oxidação). O aumento da viscosidade de um óleo é causado por oxidação e/ ou contaminação (passagem de gases pelos anéis de segmento, poeira, água entre outros). 18 A diminuição da viscosidade de um óleo indica que houve diluição, causada pela passagem de combustível não queimado para o cárter, ou uma mistura de óleo de menor grau de viscosidade. Em óleos que possuem aditivo modificador de viscosidade, pode ocorrer uma queda inicial da viscosidade em serviço, devido ao cisalhamento mecânico das moléculas dos polímeros utilizados no aditivo. Quando o aumento da viscosidade é devido a oxidação do óleo, normalmente a acidez também sofre um aumento. De maneira geral, se um lubrificante usado tiver sua viscosidade aumentada em relação ao seu valor original quando em 15%, ou diminuir sua viscosidade em 20% ou para um grau de viscosidade SAE imediatamente inferior, deverá ser trocado de imediato. O aumento ou diminuição da viscosidade podem ser prejudicial ao motor ou outras partes, pois interferem diretamente no fluxo e na capacidade de manter a película lubrificante nas parte móveis. PONTO DE FULGOR O teste do Ponto de Fulgor (Flash Point), é um dos métodos utilizados para se verificar a contaminação por combustível diluído no óleo lubrificante do motor. Quando o valor da temperatura encontrada nesta análise diminui, é sinal de que existe presença de combustível ou de outro produto de menor Ponto de Fulgor. Geralmente, está queda é acompanhada por uma diminuição da viscosidade do óleo. Com o uso, poderá ocorrer o aumento do valor do Ponto de Fulgor, pois o calor gerado pela combustão e pelo atrito, tende a evaporar as frações mais leves contidas no óleo lubrificante. 19 Para óleos de motores usados, quando ocorrer uma redução abrupta no Ponto de Fulgor em relação ao valor inicial, deve-se trocá-lo e verificar no motor as causas mecânicas que geraram isto. Normalmente o limite mínimo do Ponto de Fulgor de óleos usados é de 200°C. DILUIÇÃO Quando da partida a frio dos motores e durante seu período de aquecimento, o combustível não queimado pode escorrer através das paredes dos cilindros, indo misturar-se ao óleo do cárter. Problemas de desgaste nos anéis, cilindros e no sistema de alimentação do motor, também ocasionam diluição por combustível do óleo lubrificante, diminuindo a viscosidade e Ponto de Fulgor, podendo causar sérios prejuízos a vida útil dos componentes mecânicos que estão sendo lubrificados. O teste de diluição mede a percentagem de diesel ou gasolina contida no óleo lubrificante do cárter. Para determinação da quantidade de diesel no lubrificante, utiliza-se a análise por espectrofotometria de infravermelho, que fornece resultados precisos. Normalmente, adota-se como limite máximo o valor de 5% de diluição do óleo lubrificante por combustível. Acima deste valor, o óleo deve ser trocado e verificadas as possíveis causas desta contaminação. 20 FULIGEM Este ensaio verifica o teor de resíduos de combustível queimado na câmara de combustão dos motores, os quais espessam o óleo, exaurem os aditivos e podem eventualmente entupir o filtro de óleo. O teor máximo da presença de fuligem em óleos usados é de 5%. Os fatores que podem contribuir para o acúmulo de fuligem são os seguintes: • Elementos do filtro de ar entupidos. • Marcha lenta excessiva. • Baixa compressão do motor. • Desgaste excessivo dos anéis de segmento. • Sopro de vapores no cárter (blow-by). • Acelerações rápidas / excessivas. • Ajustagem incorreta do sistema de injeção. • Desgaste do turbo alimentador 21 ÁGUA POR DESTILAÇÃO A água, quando misturada aos óleos lubrificantes pode provocar a oxidação do óleo, a corrosão das partes lubrificadas, o aumento da viscosidade do óleo, a separação dos aditivos e a formação de espuma. Quando separada, a água provoca um escoamento irregular do óleo e falhas de lubrificação. Para a determinação do teor de água, faz-se uma destilação por arraste com tolueno no óleo usado, de modo que a água e o tolueno evaporem e sejam condensados em um recipiente graduado. Facilmente pode-se comprovar no campo a contaminação de água em óleos lubrificantes com o teste de crepitação por chapa quente. Aquecendo-se uma chapa quente, coloca-se uma pequena quantidade de óleo. Se crepitar (estalar), comprova-se a contaminação por água. A água pode ser proveniente, da má estocagem dos óleos, vazamentos no sistema de arrefecimento do motor, contaminação externa, condensação da umidade do ar nas partes internas do motor e do combustível. Nos óleos de motores, a aditivação detergente-dispersante, a tolerância à água é pequena (máximo 0,3% de água em volume). Quando estes óleos são contaminados com água, ficam leitosos, com uma cor marrom claro, havendo separação parcial dos aditivos. 22 NÚMERO DE NEUTRALIZAÇÃO Os óleos lubrificantes usados ou novos podem apresentar características básicas ou ácidas, dependendo de sua origem, processos de refinação, aditivos empregados, deterioração em serviço e contaminações. As características ácidas podem ser devidas a vários tipos de substâncias contidas no óleo, tais como ácidos orgânicos ou inorgânicos, ésteres, resinas ou sais de metais pesados. As características básicas devem-se a bases orgânicas. O teste de Número de Neutralização determina a quantidade e o caráter ácido ou básico de um óleo lubrificante, podendo ser determinado pelos seguintes métodos: Colorimétrico – ASTM D-974 O método colorimétrico baseia-se na mudança de coloração de um indicador, sendo pouco preciso para análises de óleos escuros, devido à dificuldade de se observar a mudança de cor do indicador. Potenciométrico – ASTM D-664, D-2896 e D-4739 Os métodos potenciométricos, mais precisos que o anterior, baseiam-se na diferença de potencial gerado quando colocam-se dois eletrodos de diferentes materiais na solução que se deseja medir. Esta diferença de potencial pode ser relacionada diretamente ao valor do Ph desta solução, podendo variar de 0 a 14, sendo que de 0 a 7 o produto é ácido, de 7 a 14 o produto é básico e o valor 7 indica produto neutro. De acordo com o caráter ácido ou básico, o valor do número de neutralização pode ser indicado pelas seguintes classificações: 23 • TBN (Total Base Number): É a medida da quantidade de ácido, expressa em miligramas de hidróxido de potássio (KOH), equivalentes ao ácido clorídrico, gasta para neutralizar (até pH=4) todos os componentes básicos presentes em 1 grama de amostra. • SBN (Strong Base Number): É a medida da quantidade de ácido, expressa em miligramas de hidróxido de potássio equivalentes ao ácido clorídrico, gasta para neutralizar (até ph=11) as bases fortes presentes em 1 grama de amostra. • TAN (Total Acid Number): É a medida da quantidade de base, expressa em miligramas de hidróxido de potássio, necessa’ria para neutralizar (até pH=11) todos os componentes ácidos presentes em 1 grama de amostra. • SAN (Strong Acid Number): É a medida da quantidade de base, expressa em miligramas de hidróxido de potássio, necessária para neutralizar (até pH=4) todos os ácidos fortes presentes em 1 grama de amostra. A interpretação prática desses valores é a seguinte: Deve-se notar que os resultados obtidos são sempre expressos em mg KOH/g, independente deter sido usado um ácido ou uma base na titulação. Um óleo mineral puro bem refinado deve apresentar somente uma acidez ou alcalinidade orgânica, o que normalmente é inferior a 0,1 mg de KOH/g. Os óleos que contém aditivos, podem apresentar acidez ou alcalinidade total com valores mais elevados, em função da natureza do aditivo utilizado. 24 Com óleos novos, os resultados do teste de neutralização fornecem um valor para controle de qualidade do produto. Com óleos usados, os resultados podem servir como um guia do estado mecânico do motor e troca do óleo nas condições de operação ou deterioração do produto. O aumento do TAN indica uma contaminação do óleo com produtos ácidos provenientes da combustão ou oxidação do mesmo, sendo que neste caso geralmente ocorre uma evidência paralela que é o aumento da viscosidade do óleo. Tem-se verificado que existe uma relação direta entre ácidos orgânicos desta natureza e a ocorrência de corrosão nos mancais de cobre/chumbo dos motores. O TBN mede a capacidade que o óleo possui de neutralizar as substâncias ácidas presentes. O TBN é uma característica importante do óleo, pois representa a reserva alcalina do mesmo, utilizado para neutralizar os ácidos fortes que se formam durante a combustão ou oxidação do óleo, tais com ácidos derivados do enxofre e nitrogênio. Além disso, está comprovado que o valor do TBN pode influir diretamente no comportamento do motor. Altos valores de TBN podem levar a um menor desgaste dos anéis de segmento, camisas de cilindro, além de menores depósitos de verniz nas partes críticas do motor. Não se pode generalizar acerca dos limites para os quais valores de TBN de um óleo em serviço podem atingir, para decidir com segurança se ele deve permanecer em uso. 25 Cada tipo de aditivação, motor e condições de serviço, seguem uma regra própria, que deve ser determinada através de experiências práticas e de laboratório. A título de orientação, pode-se definir que para óleos lubrificantes usados a gasolina e álcool, deve-se considerar um valor mínimo para o TBN de 2,5 mg KOH/g. Para óleos lubrificantes usados em motores diesel, o valor mínimo considerado para o TBN é 4,0 mg KOH/g. Deve-se lembrar ainda que, quando o TBN de um óleo lubrificante aproxima-se de zero, a sua reserva alcalina esgotou-se e que a partir deste momento a sua tendência é tornar-se ácido. ANÁLISE ESPECTROGRÁFICA A análise espectrográfica dos óleos lubrificantes, realizadas nos aparelhos de emissão espectrográfica ou no especfotômetro de absorção atômica, fornece resultados rápidos e precisos dos contaminantes inorgânicos presentes nas amostras testadas. Além dos elementos contidos nos aditivos do óleo, outros metais como o ferro, cromo, cobre, chumbo, alumínio e silício, são de especial interesse para se avaliar, problemas na lubrificação das partes móveis do motor, que ocasionam o desgaste de determinadas peças, ou problemas provenientes do mau funcionamento do sistema de filtragem de ar. Os valores obtidos de cada elemento nos testes permitem corrigir operações inadequadas do equipamento, ou ainda dados significativos para se elaborar um plano de manutenção preditiva. 26 A interpretação dos resultados obtidos deve ser feita por técnicos capacitados, que tenham conhecimento do tipo de óleo analisado e de sua origem, além dos dados de operação do equipamento, para poderem avaliar corretamente o significado relativo de cada elemento contido na amostra analisada. A determinação dos metais e outros elementos produzidos por desgaste e sua concentração, é a consideração principal neste tipo de análise. Destes materiais, o ferro e o silício são os que estão mais associados com o desgaste mecânico. O ferro está relacionado com o desgaste abrasivo e corrosivo sofrido pelas partes constituídas deste material, como camisas de cilindros, árvore de comando de válvulas e sedes de válvulas. O silício provém geralmente da sujeira e do pó abrasivo (poeira) devido a má filtragem ou entrada falsa de ar no sistema de admissão. O cromo indica desgaste dos anéis de segmento. O alumínio indica desgaste nos pistões e o cobre está associado com o desgaste ou corrosão dos casquilhos de mancais (bronzinas). Alguns fabricantes de motores estabelecem limites da presença de partículas de desgaste metálico, baseados nas experiências em serviço obtidas em muitos anos de observação e controles. Mesmo assim, a melhor forma de abordar este problema é através da experiência e análise com cada tipo de veículo, a fim de se determinar os valores críticos para estes metais de desgaste. 27 Os valores limites estabelecidos por um fabricante ou pelos usuários, não valem para outros fabricantes ou usuários com outras condições de serviço. O óleo lubrificante usado sempre apresenta metais de desgaste das partes internas, sendo preocupante somente quando excede os limites normais do equipamento em cada situação. GUIA DE ORIENTAÇÃO PRÁTICO 28 Guia para interpretação de análise de óleo usado em função dos equipamentos: A) MUDANÇA DA VISCOSIDADE MOTOR Uso de produto com viscosidade diferente da indicada. • Contaminação: Fuligem, má combustão, relação ar-combustível rica; ineficiência dos filtros de óleo, baixa compressão, restrição na entrada de ar; soprador ou turbo-alimentador defeituoso; má regulagem da injeção; agulhas dos injetores ou válvulas das bombas dos injetores descalibradas ou com vazamentos; excessiva passagem direta dos gases causada por anéis ou camisas gastas; anéis presos; vazamentos vindo de compartimentos adjacentes. • Degradação do óleo: Operação a temperaturas mais altas do indicado; intervalo excessivo de troca de óleo; camisas gastas; refrigeração inadequada; operação com mistura pobre. • Diluição pelo combustível: Motores Diesel - Mistura rica por gotejamento dos bicos injetores; ajustes incorretos do sistema de alimentação, ventilação do cárter obstruída, temperatura de operação mais baixa do indicado; defeituosa configuração da pulverização do combustível injetado; vazamentos na linha do combustível; excessiva marcha lenta. Motores a Gasolina - Excessiva marcha lenta; temperatura de operação mais baixa do indicado; ventilação do cárter obstruída; filtro de ar entupido, defeito nos componentes do sistema de alimentação. TRANSMISSÕES, DIFERENCIAIS, COMANDOS FINAIS E SISTEMAS HIDRÁULICOS. Uso de produto com viscosidade diferente da indicada. • Contaminação: 29 Vazamento vindo do compartimento adjacente; contaminação do equipamento para adicionar óleo. • Degradação de óleo Operação a temperaturas mais altas das indicadas; intervalo excessivo dos períodos de troca. B) CONTAMINAÇÃO POR ÁGUA TODOS OS TIPOS DE EQUIPAMENTOS Vazamento do sistema de refrigeração – Vide item C • Condensação Temperatura de operação mais alta da indicada; ventilação inadequada; serviço intermitente por curtos períodos. • Estocagem imprópria do óleo Tambores estocados de pé ao relento; contaminação do equipamento para adicionar o óleo. • Fonte externa Equipamento exposto ao tempo; lavagem do compartimento. C) CONTAMINAÇÃO COM ADITIVO DE ARREFECIMENTO OU ANTICONGELANTE MOTOR • Vazamento do Refrigerante Torque inadequado no cabeçote; juntas e gaxetas defeituosas ou rompidas; vedadores das camisas dos cilindros, bloco, cabeçote ou camisa rachada. OUTROS MECANISMOS • Vazamento do Refrigerante 30 • Vazamento do radiador de óleo D) CONTAMINAÇÃO POR COMBUSTÍVEL MOTOR • Diluição - Vide item A E) CONTAMINAÇÃO POR SUJIDADE MOTOR Poeira (Ambiente de trabalho) - Manutenção inadequada do filtro de ar; entradas falsas no sistema de admissão; manutenção inadequada da ventilação do cárter; contaminação durante a manutenção; sujeira no equipamento para adicionar óleo; má amostragem. OUTROS MECANISMOS Manutenção inadequada do respiro de ar; vedadores inadequados ou desgastados; sujeira no equipamento para adicionar óleo; má amostragem. F) CONTAMINAÇÃO POR DESGASTE METÁLICO A importância dos valores de metais de desgaste varia de acordo com o fabricante do modelo do equipamento e com o tipo de serviço; também devem ser consideradas as condições ambientais, períodos de troca, intervalos de troca de filtros e etc. Os valores não devem ser julgados unicamente por seu níveis absolutos e sim por mudanças abruptas ou rápidas desses níveis, os quais podem indicar uma modificação nas condições mecânicas ou operacionais do equipamento. Estudo da correlação entre metais oriundos de desgaste, tais como: cobre/chumbo, cromo/ferro, estanho/chumbo muitas vezes oferecem indícios que poderão precisar exatamente quais os componentes sofrendo desgaste anormal e a causa deste. 1. FERRO Motor Ferrugem; anéis, camisas, munhões do virabrequim, ou bomba de óleo desgastadas; peças frouxas ou quebradas no trem de engrenagens de distribuição, turbo-alimentador com problema. Outros Mecanismos 31 Ferrugem; engrenamento impróprio de marchas; incorreto ajuste dos mancais; partes frouxas ou desgastadas; engrenagens; eixos; estrias; desgaste do tambor do freio. 2. CHUMBO Motor Desgaste dos mancais ou buchas desgastadas ou “babbit” (metal patente). Outros Mecanismos Desgaste dos mancais cobre-chumbo ou “babbit” (metal patente). 3. COBRE Motor Casquilhos (bronzinas), mancais de buchas desgastadas; buchas de balancim ou pino do pistão; arruela de encosto de engrenagem de distribuição; vazamento d’água para o radiador de óleo e suas tubulações; vazamento de óleo da transmissão para o compartimento do motor; tubulações de cobre do esfriador de óleo e outros. Outros Mecanismos Desgaste de buchas; transmissão patinando; tubulações de cobre do resfriador de óleo e outros. 4. CROMO Motor Anéis de segmento ou cilindros cromados desgastados; virabrequim cromado; vazamento do refrigerante. Vide Item C e comentários para o Boro. Outros Mecanismos Êmbolo (pistão) torto ou escariado de cilindro hidráulico cromado; desgaste de engrenagem ou mancal. 5. NÍQUEL Motor Válvulas de admissão e escape. 32 Outros Mecanismos Mancais. 6. ALUMÍNIO Motor Desgaste ou escariação de pistões de alumínio; desgaste casquilhos de biela; buchas de bomba de óleo engrenagem de distribuição; sujidade, poeira; compostos brunimento. Outros Mecanismos Raspagem do estator do conversor de torque; desgaste corpo de bombas (sede). de ou de no 7. SILÍCIO Motor Sujidade, poeira - manutenção inadequada do filtro de ar; entradas falsas de ar no sistema de admissão; manutenção inadequada da ventilação do cárter; vazamento do refrigerante; contaminação durante a manutenção; equipamentos sujos para adicionar óleo. Outros Mecanismos Essencialmente os mesmos indicados para o motor; lonas de freio. 8. BORO Motor Vazamento d’água refrigerante contendo anticongelante ou inibidor. Motores trabalhando normalmente evaporam qualquer água pura presente no óleo, mas se inibida, ficará no óleo, cromo, boro ou outro inibidor. 9. ESTANHO Motor Casquilhos das bielas; pinos de pistão e buchas do eixo comando de válvulas; pistões, se estanhados. Outros Mecanismos Casquilhos, mancais e buchas. 10. MOLIBDÊNIO 33 Motor Anéis de pistão recobertos com camada de molibdênio. ADITIVOS E SUAS FUNÇÕES Os aditivos para óleos lubrificantes podem ser definidos como tipos especiais de produtos químicos, de composição exata e conhecida, solúveis ou dispersos no óleo, usados em concentrações adequadas, com a finalidade de reforçar algumas das qualidades dos lubrificantes, lhes ceder novas ou eliminar propriedades indesejáveis. Em geral, os aditivos são usados para dar aos lubrificantes, em usos específicos, propriedades especiais que podem ser obtidas por meio unicamente dos métodos de refinação. Os aditivos são usados em grande escala para aprimorar óleos de qualidade, altamente refinados, não representando um meio para se conseguir produtos de qualidade inferior. Não devem, assim, ser considerados como meio ardiloso para encobrir deficiências ou propriedades inadequadas de um óleo lubrificante mineral. A incompreensão inicial deste fato criou certa desconfiança contra o uso de aditivos durante muitos anos. Entretanto, constitui fato reconhecido atualmente, representarem os aditivos real progresso tecnológico, baseados em sólidos conhecimentos das exigências confiadas aos lubrificantes nos mais severos tipos de trabalho. Somente através da pesquisa e utilização de aditivos cada vez mais eficientes, foram possíveis os enormes avanços no campo da lubrificação automotiva. A escolha dos aditivos adequados aos óleos básicos é geralmente um processo demorado e custoso, exigindo pesquisas complexas para se estabelecer as proporções corretas e os compostos mais adequados a cada tipo de óleo básico, pois não existem aditivos universalmente eficientes com todos os tipos de óleos. Mais difícil ainda, é avaliar completamente o rendimento das misturas resultantes em testes de laboratório e em provas práticas. Como cada fabricante utiliza aditivos de composição e quantidade diferentes, não é aconselhável misturar-se óleos de marcas ou tipos 34 diferentes, principalmente quando se tratar de óleos para engrenagens. Também não se recomenda a adição por parte do consumidor, de outros aditivos a um óleo já aditivado, devido a uma possível incompatibilidade química que pode ocorrer. Os aditivos em lubrificantes podem ser classificados da seguinte forma: a) b) Aditivos que modificam determinadas características físicas dos óleos, tais como índice de viscosidade, ponto de fluidez e espuma. Aditivos cujo efeito final é de natureza química, como por exemplo: inibidores de oxidação, agentes antidesgaste e dispersantes. TIPOS DE APLICAÇÕES Os principais aditivos utilizados nos óleos lubrificantes para motor e transmissão são: • Antioxidante • Detergente Inibidor • Dispersante • Inibidor de Ferrugem • Antidesgaste / Extrema Pressão (EP) • Antiespumante • Abaixador do Ponto de Fluidez • Modificador de Viscosidade • Inibidor de Corrosão • Desativador de Metais Antioxidante Composição Típica: Fenóis, aminas aromáticas, compostos orgânicos de zinco. 35 Função: Em operações onde existem temperaturas elevadas, mesmo o melhor óleo mineral tende a se oxidar, devido a presença de oxigênio, formando borras, vernizes e compostos ácidos que atacam os mancais e outras partes metálicas do motor. Estes aditivos operam basicamente reduzindo a formação de substâncias ácidas, diminuindo a quantidade de oxigênio absorvida pelo óleo. As reações de oxidação são evitadas, pela formação de compostos solúveis inativos ou absorvendo o oxigênio, ou seja, o aditivo é oxidado preferencialmente ao óleo. As superfícies das partículas metálicas de desgaste são cobertas pelo aditivo antioxidante, evitando a ação das mesmas na oxidação do lubrificante. É evidente que após um certo período de trabalho do óleo lubrificante, o aditivo antioxidante é consumido (depleção) e, a partir deste ponto, o óleo lubrificante se oxidará rapidamente, devendo ser trocado. Detergente Inibidor Composição Típica: Compostos organometálicos, tipo metálicos alquilados, entre outros. sulfonatos, fenatos 36 Função: Estes aditivos são na realidade sabões de elevado peso molecular contendo bário, cálcio, magnésio e outros compostos, cujas principais finalidades são de neutralizar os gases ácidos do cárter (conhecidos como Blowby), provenientes da câmara de combustão através dos anéis. Devem também reduzir a formação de verniz e depósitos de carbono nos pistões e na zona dos anéis evitando o agarramento dos mesmos que pode ocorrer em condições de operação em elevadas temperaturas, além de manter as superfícies metálicas limpas. Quando depósitos de carbono, borra e verniz se formam internamente no motor, raramente eles são removidos, exceto com o uso de solventes ou com uma remoção mecânica. A função do aditivo detergente inibidor não é só limpar os depósitos já existentes no motor mas, principalmente, prevenir a sua formação. Dispersantes Composição Típica: Poliésteres de estireno e polimetacrilatos contendo grupos funcionais de alta polaridade, polisobutinil succinamidas de poliaminas de elevada polaridade ou pentacritinol. Função: Este tipo de aditivo tem como funções principais, manter em suspensão a fuligem (principalmente em motores diesel), inibir e dispersar a borra formada, reduzir a formação de vernizes e 37 ajudar a neutralizar os ácidos formados durante a combustão. Os gases provenientes da câmara de combustão, que são constituídos basicamente de vapor de água, gás carbônico, combustível não queimado, óxidos de nitrogênio, dióxido enxofre e outras substâncias, além de ácido sulfúrico, resultante da reação dos derivados de enxôfre com a água. No trânsito tipicamente urbano (intermitente e de percursos curtos), o motor opera em baixas temperaturas, propiciando a condensação dos gases e a formação de borras e depósitos. Com a utilização do aditivo dispersante, cada partícula de resíduo é envolvida por uma camada protetora, que as mantém separadas, de modo que não possam se agrupar em grandes massas, permanecendo dispersos e suspensos no óleo. A utilização de aditivos dispersantes sem cinzas, mostraram-se excelentes no controle do tamanho da partícula de borra, mantendo-as dispersas, não permitindo que se fixem nas superfícies metálicas, sendo que as maiores partículas encontradas em suspensão no óleo lubrificante, são menores que a menor folga encontrada entre duas peças mecânicas em movimento no motor, não havendo assim a possibilidade de obstrução das folgas ou de promoverem o desgaste abrasivo das peças. Uma grande parte destas partículas são retidas no filtro de óleo sendo o restante drenado quando da troca do óleo. A utilização de aditivos detergentes e dispersantes faz com que o óleo escureça rapidamente (notado principalmente em motores a gasolina e diesel), fato esse mal compreendido por alguns consumidores, que acreditam que isto é sinal de deterioração do óleo, ao contrário, o escurecimento do óleo demonstra estar ele desempenhando a função a que se destina, ou seja, os aditivos detergente e dispersante estão atuando eficientemente, limpando internamente o motor e mantendo em suspensão as impurezas e contaminantes, de forma que não causem desgastes anormais e possam ser retiradas do circuito pelo filtro ou na ocasião da troca do óleo. Inibidores de ferrugem Composição Típica: Sulfonatos de metal, ésteres de álcool e fenol, aminas e ácidos graxos. 38 Função: A ferrugem é o tipo mais conhecido de corrosão e acontece quando a água entra em contato com as partes metálicas. Com o motor trabalhando em altas temperaturas, esta água é praticamente toda evaporada, tendo poucas chances de causar ferrugem. Quando o motor trabalha em temperaturas menores, típicas de operação intermitente no trânsito urbano, o óleo do cárter apresenta baixas temperaturas, que propiciam a condensação da água, podendo provocar ferrugem nas partes metálicas se o óleo lubrificante não tiver o aditivo correto. A principal função deste aditivo é evitar a formação de ferrugem nas partes internas do motor, como tuchos, mancais, cilindros, e outras partes sensíveis a ferrugem, através de um recobrimento das superfícies metálicas como aditivo, repelindo o ataque da água e neutralizando os ácidos corrosivos. Antidesgaste / extrema pressão (EP) Composição Típica: Diaquil ditiofosfato de zinco, compostos de enxofre e cloro, ácidos fosfatados orgânicos. 39 Função: Tem como principal função reduzir o desgaste das peças em movimento no motor. Em locais onde a lubrificação é crítica, como, por exemplo, na árvore do comando de válvulas, a elevada carga que atua sobre os cames resultariam num desgaste excessivo por arranhamento se não houvesse um aditivo que evitasse o contato direto das superfícies metálicas e reduzisse drasticamente o atrito nas mesmas. Geralmente, estes aditivos reagem ou decompõem termicamente, formando uma película sólida protetora sobre a superfície metálica. Como possuem menor resistência ao cisalhamento do que o metal, evitam assim a soldagem ou grimpamento das partes em contato. Nos óleos de transmissão, utiliza-se aditivos de extrema pressão que são, basicamente compostos de enxofre e fósforo, para dar proteção às engrenagens hipóides e em engrenagens onde existe deslizamento entre os dentes, além do rolamento entre os mesmos. Os aditivos apenas com ação antidesgaste são semelhantes aos de extrema pressão, porém possuindo uma ação mais branda, sendo que seus principais elementos são o zinco e o fósforo. Antiespumante Composição Típica: Polímeros de silicone. 40 Função: A principal função é evitar a formação de espuma estável. Atuam reduzindo a tensão superficial das bolhas, fazendo com que as mesmas estourem rapidamente. Não se deve esquecer que a espuma são bolhas de ar cercadas superficialmente por uma película de óleo lubrificante. Toda vez que esta bolha é arrastada para o sistema de lubrificação, ela não consegue separar as superfícies metálicas em contato, não lubrificando e ocasionando um desgaste excessivo ou até grimpamento. A espuma é inimiga da boa lubrificação, devendo sempre ser evitada através de aditivos para este fim. Abaixador do ponto de fluidez Composição Típica: Polimetacrilatos, naftaleno alquilado ou fenóis. Funções: A função principal deste aditivo é abaixar (ou reduzir) o ponto de fluidez do óleo lubrificante. O seu mecanismo de atuação é o recobrimento das estruturas cristalinas do óleo, evitando o 41 seu crescimento e aglomeração a baixas temperaturas, permitindo assim ao lubrificante fluir em temperaturas mais baixas do que ocorreria se o mesmo não tivesse este aditivo. Modificador de viscosidade Composição Típica: Polímeros de butileno, polimetacrilatos, iso-olefinas e vários compolímeros selecionados. Função: A função deste aditivo é reduzir a variação de viscosidade do óleo lubrificante, em relação às mudanças de temperaturas. O aditivo melhorador do índice de viscosidade ou modificador de viscosidade, sofre menor influência da variação de temperatura do que o óleo lubrificante, ou seja, eles possuem uma viscosidade menos variável, permitindo que haja uma compensação com a variação da viscosidade do óleo. O mecanismo de funcionamento destes aditivos é o seguinte: • Em temperaturas menores, as moléculas do aditivo são contraídas, permitindo que o óleo tenha uma viscosidade 42 menor nestas temperaturas, do que se ele não tivesse o aditivo. • Em temperaturas elevadas, as moléculas do aditivo distendem-se aumentando de volume. Dessa forma, o escoamento do óleo é dificultado, apresentando uma maior viscosidade. Este tipo de aditivo proporciona partidas mais rápidas com o motor frio, reduz o desgaste e diminui o consumo de óleo. Inibidor de corrosão Composição Típica: Diaquil ditiofosfato de zinco, fenóis, aminas aromáticas. Função: Sua principal função é formar uma película química protetora sobre as superfícies metálicas, neutralizando os ácidos presentes e prevenindo o ataque de contaminantes corrosivos existentes no óleo, nos mancais e em outras partes metálicas do motor. Desativador de metais Composição Típica: Diaquil ditiofosfato de zinco, sulfatos orgânicos e certos compostos orgânicos de nitrogênio. Função: Neutralizar os efeitos catalíticos de certos metais no processo de oxidação. Atuam basicamente por adsorsão física ou química, formando uma película protetora inativa sobre a superfície metálica, ou formando cataliticamente um complexo inativo com íons metálicos. LUBRIFICAÇÃO DE MOTORES 43 A IMPORTÂNCIA DA LUBRIFICAÇÃO O alto desempenho de um veículo moderno, só é possível através de lubrificantes eficientes cuja principal função é prover e garantir lubrificação contínua a todas as superfícies das peças em movimento. A lubrificação incorreta ou ineficiente e a utilização de lubrificantes com características e propriedades inadequadas, afetam o funcionamento do motor e das outras partes lubrificadas de um veículo, ocasionando um desgaste acentuado das peças e uma grande possibilidade de grimpamento das mesmas, inutilizando-as. A necessidade de lubrificação se explica quando duas superfícies metálicas deslizam uma em relação à outra. A este movimento existe uma resistência, que é denominada “atrito”. O atrito é totalmente indesejável no caso das partes metálicas em movimento de um veículo, pois implica em geração excessiva de calor e desgaste das peças, além de perda de energia pelo agarramento entre elas, causando uma perda de rendimento e consumo adicional de combustível. Uma vez que o atrito e o desgaste provêm do contato direto das superfícies, a melhor forma para deduzi-los é manter as superfícies separadas, intercalando-se entre elas uma camada de lubrificante. Portanto, lubrificante é qualquer material sólido, líquido ou gasoso que, interposto entre duas superfícies atritantes reduz o atrito das mesmas. O menor atrito existente é o dos gases, vindo a seguir o dos líquidos e por fim, o dos sólidos. De maneira geral, os lubrificantes líquidos são os mais utilizados e, entre eles, os produtos derivados de petróleo constituem-se em 44 excelentes lubrificantes em quase todas as situações. Possuem ótimas propriedades físicas para formação de uma película lubrificante eficiente, além de outras propriedades que os diferenciam em relação a outros tipos de fluidos. A maioria das propriedades dos fluidos lubrificantes, derivados do petróleo, pode ser modificada quando da sua fabricação, podendose assim obter um lubrificante adequado para cada aplicação e condição de trabalho. UTILIZAÇÃO DOS ÓLEOS LUBRIFICANTES Um veículo possui centenas de partes que se movimentam e devem ser separadas por uma película de lubrificante. Para que possa haver uma lubrificação eficiente o óleo lubrificante é forçado a vencer uma série de obstáculos. Deve possuir a propriedade de formar película protetora entre as peças em contato, tanto nas baixas como nas altas temperaturas que se produzem nos cilindros, como mesmo grau de proteção. Deve formar película protetora em velocidades muito baixas e, ao mesmo tempo, assegurar lubrificação perfeita em grandes velocidades. Deve ser suficientemente fino para penetrar nas menores folgas e, ao mesmo tempo ser bastante espesso para manter uma película constante entre as partes em movimento e amortecer os choques sem se romper. As funções e qualidades essenciais que os óleos lubrificantes devem possuir para uma perfeita lubrificação automotiva são: • Reduzir o atrito e evitar o desgaste entre as partes em movimento. • Proteger contra a corrosão e a ferrugem. • Ajudar na vedação. • Contribuir na refrigeração. • Limpar e facilitar a eliminação de produtos indesejáveis. • Evitar a formação de espuma. FUNÇÕES DOS ÓLEOS PARA MOTORES 45 Os modernos óleos lubrificantes para motores são projetados e desenvolvidos tão cuidadosamente quanto os próprios motores. Devem prover lubrificação plena e eficiente sob as mais variadas condições de operação e garantir um funcionamento perfeito do motor por um ongo período. A mais importante função de um óleo para motor é manter uma película lubrificante entre todas as peças em movimento, evitando o contato entre as superfícies metálicas, reduzindo o desgaste e prolongando a vida do motor. A segunda importante função do óleo para motor é reduzir o atrito entre as partes móveis. Nos últimos anos, os fabricantes de motores têm trabalhado no sentido de introduzir alterações nos seus projetos, com o propósito de reduzir o atrito entre as peças em movimento, a fim de obterem maior eficiência mecânica dos motores. Este trabalho teria se mostrado infrutífero, se não fosse a capacidade dos modernos óleos para motores de manter uma resistente película em altas temperaturas e velocidades, cargas elevadas e pequenas tolerâncias entre as partes do motor. Os óleos para motores atuais fazem mais do que isso. A terceira função importante é desempenhar o papel de fluido refrigerante, removendo parte do calor gerado pelo motor. Em um motor, cerca de 5 a 10% do calor gerado, provêm do atrito produzido pelas partes em movimento, como anéis, mancais da árvore de manivelas, cames da árvore de comando de válvulas. Estas partes de precisão do motor, por possuírem superfícies altamente usinadas, são muito sensíveis a corrosão, ferrugem e formação de depósitos. Isto indica outras funções quem um óleo para motor deve possuir: prevenir a corrosão e eliminar depósitos nocivos às superfícies. Além disso, um bom lubrificante para motor deve possuir as seguintes características: permitir uma partida rápida, mesmo em condições de baixa temperatura, manter limpas as peças móveis do motor, arrefecer as partes móveis do motor, vedar as altas pressões geradas na combustão, evitar a formação de espuma. Os modernos óleos para motores são produtos de alta tecnologia, cuidadosamente desenvolvidos por engenheiros e químicos, para executarem satisfatoriamente todas as funções que deles se necessitam. 46 LUBRIFICAR E PREVENIR CONTRA O DESGASTE Quando o motor é acionado, o óleo lubrificante deve circular imediatamente e lubrificar todas as partes em movimento, para prevenir o contato de metal com metal, o que resultaria em desgaste. O lubrificante deve ser fornecido continuamente, através de um fluxo adequado e de uma distribuição apropriada, a fim de manter as superfícies em movimento separadas por uma película de lubrificante constante, completa e inquebrável, denominada lubrificação hidrodinâmica. O fator determinante em se manter estas partes separadas, é a viscosidade do óleo na temperatura de trabalho, que deve permanecer alta o suficiente para evitar o contato metal com metal. Na lubrificação hidrodinâmica, existe uma película fluida que separa as peças em movimento, fazendo com que o desgaste das mesmas seja desprezível e que o atrito seja bem reduzido, em função da substituição do atrito sólido pelo atrito fluido. Os mancais da árvore de manivelas, das bielas e da árvore de comando de válvulas, além dos pinos dos pistões, normalmente operam sob condições de lubrificação hidrodinâmica. Sob algumas condições, é impossível manter uma película contínua entre as partes em movimento. Quando se dá a partida em um motor, depois de muito tempo parado, uma grande parte do óleo escorre das superfícies em atrito, havendo, em alguns locais, películas incompletas de óleo. Esta situação pode também ser encontrada em condições de baixas velocidades, altas cargas, temperaturas muito elevadas, suprimento de óleo insuficiente ou durante o período de amaciamento do motor. Esta condição de película é denominada de “lubrificação limítrofe”, sendo que nessas condições existe um contato metal com metal intermitente, entre as partes mais altas das superfícies em deslizamento. A carga é suportada parcialmente pela película de óleo, que é rompida nos picos das superfícies, resultando num contato prejudicial entre as partes metálicas. Quando isto ocorre, o atrito gerado entre as partes metálicas em contato direto pode produzir calor suficiente para provocar uma solda entre as mesmas, que resultaria no grimpamento total do motor ou arrancamento de pequenas partículas das superfícies, o que gera um alto desgaste e um conseqüente riscamento das superfícies. 47 A lubrificação limítrofe é encontrada na área dos anéis superiores dos pistões, onde o fornecimento de óleo é limitado, as temperaturas são muito elevadas e ainda existe o problema da reversão do sentido de movimentação do pistão. Também no conjunto de válvulas, tuchos e ressaltos da árvore de comando, existem condições de extrema-pressão e lubrificação por película parcial, devido às altas cargas suportadas por áreas de contato muito pequenas, altas velocidades e altas temperaturas. Em diversas partes do motor a serem lubrificadas, as condições de lubrificação são muito severas, em função da temperatura, pressão e velocidade. Uma das zonas mais críticas para lubrificação são os anéis superiores. Através de ensaios que medem o atrito e o desgaste sob condições severas de funcionamento, pela utilização de óleos básicos selecionados e de aditivos adequados para aumentar o poder lubrificante e a resistência de película dos óleos lubrificantes, obtém-se produtos com propriedades e características apropriadas para evitar o desgaste das partes em movimento de um motor. REDUZIR O ATRITO Em condições de lubrificação hidrodinâmica, existe uma película espessa de óleo lubrificante, que evita o contato direto entre as partes em movimento. Entretanto, o movimento relativo dessas peças, exige uma força adicional para vencer o atrito fluido do lubrificante. Assim, a viscosidade do óleo deve ser alta o suficiente para manter uma película estável, mas deve ser baixa o suficiente para oferecer o menor atrito fluido, a fim de não aumentar a quantidade de força necessária para vencê-la. As faixas de viscosidade apropriadas de acordo com as temperaturas ambientes, são especificadas pelos graus SAE e recomendadas pelos fabricantes de veículos. Mudanças significativas na viscosidade do óleo durante sua operação são potencialmente perigosas para o motor. Isto ocorre principalmente quando existe contaminação do lubrificante. Com a diluição pelo combustível, a viscosidade diminui. Com a fuligem, sujeira, borra e água, a viscosidade aumenta. Assim, os níveis de contaminantes presentes no óleo devem ser mantidos baixos, através da troca dos filtros e do óleo nos intervalos recomendados. 48 Sob condições de lubrificação limítrofe ou de extrema-pressão, a quantidade e o tipo dos aditivos químicos utilizados, são mais importantes do que a própria viscosidade para manter o atrito em níveis aceitáveis. O balanceamento de aditivos utilizados na formulação de um óleo para motores é crítico, pois todas as condições de operação desses motores devem ser satisfeitas. Para se atingir esse equilíbrio, são realizados testes de laboratório e de campo, além de muitas pesquisas para determinar os compostos adequados e as quantidades corretas. PERMITIR PARTIDAS RÁPIDAS A facilidade da partida de um motor não depende apenas das condições da bateria, das velas da volatilidade do combustível e da relação de mistura ar-combustível. Depende também das propriedades de fluidez do óleo que, se estiver muito viscoso quando da partida, irá gerar um esforço adicional para vencer o atrito fluido, de forma que o motor não irá girar com rapidez suficiente para pegar e manter-se funcionando. A característica fundamental de um óleo, que determina a facilidade de arranque de um motor, e sua viscosidade na temperatura de partida. A resistência que um óleo apresenta para fluir é função de sua estrutura molecular. Assim, é importante a utilização de um óleo que tenha características de viscosidade em baixas temperaturas, que garantam uma partida satisfatória do motor, além de fluir rapidamente e circular para pontos a serem lubrificados, para prevenir contra o desgaste destas partes. 49 PROTEGER CONTRA A CORROZÃO E A FERRUGEM Sob condições ideais a queima do combustível em um motor forma como subprodutos apenas dióxidos de carbono e água. Entretanto, dificilmente ocorre uma combustão completa. Parte do combustível não queimado passa por complexas reações químicas durante a combustão, formando em algumas condições específicas fuligem e carbono, que conseguem escapar juntamente com o combustível pelos anéis dos pistões, indo depositar-se no cárter, onde existe a tendência de reagirem com água, formando borras e depósitos de vernizes. O acúmulo de borra pode obstruir as galerias de distribuição de óleo sobre as superfícies em movimento, causando o agarramento de peças vitais, resultando numa vida menor do motor. A água é também um problema para o motor. Durante a queima do combustível, a água sempre resulta como produto de combustão. Apesar de uma grande parte desta água estar em forma de vapor e vir a ser expulsa através do sistema de escapamento, uma parte dela irá se condensar nas paredes dos cilindros ou então descerá para o cárter, através dos anéis dos pistões. Isto ocorre mais freqüentemente em climas frios, antes que o motor atinja a temperatura normal de funcionamento. Além da água e dos subprodutos de uma combustão incompleta, outros gases corrosivos também passam pelos anéis e são condensados ou dissolvidos no óleo lubrificante. Na própria oxidação normal do óleo, formam-se ácidos que, juntamente com os outros elementos anteriores, são um risco potencial para a ocorrência de ferrugem e corrosão das partes internas do motor. A vida útil destas partes e a sua proteção efetiva contra a corrosão e a ferrugem dependem de forma significativa da capacidade que o óleo possui de neutralizar os efeitos de todas estas substâncias corrosivas, através de aditivos químicos, solúveis no óleo, que realizam esta função. 50 MANTER O MOTOR LIMPO Na formulação de um óleo lubrificante para motores, o objetivo básico não é somente manter as peças do motor limpas, mas também prevenir a formação de depósitos de verniz e borra. A formação de borra no motor é geralmente um problema típico de operações sob baixas temperaturas, sendo formada pela combinação da água de condensação, sujeira, produtos da oxidação do óleo e resíduos de combustão incompleta. A borra inicialmente é composta de partículas tão pequenas, que nenhum tipo de filtro de óleo pode removê-las. Elas são menores do que a própria película de óleo, não causando, portanto, nenhum problema de desgaste, desde que permaneçam pequenas e dispersas no óleo. Entretanto, com o aumento da contaminação durante o uso do óleo, as partículas de borra tendem a se agrupar e formar grandes massas, que assim podem restringir o fluxo de óleo e causar outros problemas. A formação de borra é agravada pela presença de água, além de outros fatores como misturas ar-combustível ricas (ocorre na partida, quando o afogador está puxado ou prendendo, com filtros de ar sujos ou em casos de falha de ignição) e temperaturas de funcionamento muito elevadas. Um óleo mineral puro possui uma capacidade muito limitada de evitar o acúmulo de contaminantes e a formação de borra dentro do motor. Os aditivos detergentes e dispersantes são adicionados aos óleos para evitar que isso ocorra. Estes aditivos mantêm as peças do motor limpas e os contaminantes dispersos no óleo, de forma que eles possam ser removidos através do sistema de filtragem, ou quando das trocas de óleo. Estes aditivos também são muito eficientes na prevenção de formação de depósitos de verniz dentro do motor. O verniz é produto das reações químicas dos diversos contaminantes presentes no óleo com o oxigênio, em altas temperaturas. O verniz tende a se formar como uma película dura nas partes mais quentes do motor. Os tuchos, os anéis, as abas laterais dos pistões e os mancais, são particularmente sensíveis aos depósitos de verniz. Quantidades excessivas de borra e verniz não são toleradas pelas partes mais sensíveis do motor, prejudicando sua operação quando isto ocorre. A formação de borra, nas telas da bomba, ou nos canais de distribuição de óleo limitam o fluxo de lubrificante para as peças do motor, resultando num desgaste rápido e destrutivo das mesmas. 51 Os anéis de pistões que ficam, presos ou agarrados devido ao acúmulo de borra ou verniz, não permitem que o motor desenvolva sua plena potência. Os anéis raspadores de óleo que estejam sujos com borra ou mesmo entupidos com ela, evitam a remoção do excesso de lubrificante das paredes dos cilindros, ocasionando um consumo de óleo excessivo. Manter limpas as peças do motor e prevenir a formação de borras e vernizes, são as principais funções dos aditivos detergentes e dispersantes. REDUZIR DEPÓSITOS NA CÂMARA DE COMBUSTÃO Durante a lubrificação do motor, parte do óleo atinge a área do anel superior do pistão para lubrificar as paredes dos cilindros e os anéis. Este óleo é exposto às altíssimas temperaturas, da câmara de combustão e parte dele é queimado. As modernas tecnologias de refino produzem óleos que, nestas condições queimam deixando pouco, ou mesmo nenhum resíduo de carbono. Os aditivos dispersantes-inibidores presentes nos óleos modernos mantêm os anéis limpos e livres em suas ranhuras, permitindo a manutenção das pressões internas e diminuindo a quantidade de óleo que atinge a câmara de combustão. Isto permite não apenas reduzir o consumo de óleo, mas muito mais importante, manter os depósitos na câmara de combustão num nível mínimo. Os depósitos excessivos na câmara de combustão prejudicam a operação do motor. A formação de depósitos nas velas pode causar curto-circuito das mesmas, pré-detonação (batida de pinos) e outras irregularidades na combustão que reduzem a eficiência e economia do motor. 52 Devido ao fato de atuarem como barreiras térmicas, os anéis, pistões, velas e válvulas, não são adequadamente arrefecidos, podendo resultar em danos ou mesmo quebra do motor. Assim, ao prevenir contra a formação de depósitos na câmara de combustão, é importante que o óleo faça duas coisas: 1) deixar os anéis livres, de forma que possam minimizar quantidade de óleo que atinge a câmara de combustão; 2) a parte do óleo que atingir a câmara de combustão deve queimar da forma mais limpa possível. ARREFECER O MOTOR A maioria dos motoristas julga que a totalidade do arrefecimento do motor seja feito através do ar ou da água do sistema de refrigeração. Na verdade, o sistema de lubrificação é responsável por aproximadamente 40% do arrefecimento dos motores. A árvore do comando de válvulas, os mancais da árvore de manivelas, os mancais das bielas, as engrenagens de distribuição, os pistões e muitos outros componentes das partes inferiores do motor, dependem diretamente do óleo lubrificante para o arrefecimento necessário. Todas estas peças têm temperaturas limite de trabalho que não devem ser excedidas. 53 Portanto, todas elas devem ter um suprimento generoso de óleo “frio”, que transferirá o calor para o cárter, onde se resfriara através do ar ambiente. Para manter o processo de arrefecimento em constante funcionamento, grandes quantidades de óleo devem ser continuamente circuladas pelos mancais e por outras partes móveis do motor. Se o fornecimento de óleo for interrompido, estas partes do motor irão aquecer-se rapidamente, devido ao atrito e às temperaturas de combustão. Quando um mancal apresenta problemas, freqüentemente refere-se a ele como um mancal fundido, porque as temperaturas ali presentes foram altas o suficiente para derreter o metal daquele mancal. As propriedades físicas do óleo e as qualidades dos aditivos não ajudam muito o processo de arrefecimento. O importante é que exista uma circulação de grandes volumes de óleo no motor. Isto se torna possível através do uso de uma bomba de óleo de alta capacidade e de canais de distribuição de óleo com dimensões suficientes, para dar passagem ao mesmo sob altos regimes de vazão. Fica claro que estes canais de óleo não poderão fazer seu trabalho de forma satisfatória, se ficarem parcial ou totalmente entupidos com depósitos. Se isto ocorrer, o óleo não poderá circular e arrefecer de forma apropriada o que poderá causar avarias precoces no motor. Esta é outra razão pela qual troca-se o óleo antes que o nível de contaminação se torne muito alto. O arrefecimento adequado ainda requer que o nível de óleo no cárter esteja sempre entre as marcas “mínimo” e “máximo” na vareta medidora de nível do cárter. 54 VEDAR PRESSÕES DA COMBUSTÃO As superfícies das ranhuras dos pistões dos anéis e das paredes dos cilindros não são totalmente lisas apresentando irregularidades superficiais microscópicas e até mesmo rugosidades devidas a usinagem. Em função disso, os anéis sozinhos não evitam a perda de pressão nos cilindros, havendo queda da eficiência do motor. O óleo lubrificante preenche estas irregularidades e ajuda a vedar pressões. Deve-se lembrar que devido à espessura da película de óleo (0,0025mm), não haverá compensação das folgas e desgaste excessivo. Se estas condições já existirem, o consumo de óleo será elevado. O consumo também será grande em motores novos ou recondicionados, até que as irregularidades superficiais tenham se desgastado o suficiente para permitir que o óleo forma uma película vedadora homogênea. O óleo lubrificante ajuda na vedação das pressões na câmara de combustão, preenchendo as irregularidades das superfícies, compensando as folgas entre as partes em movimento e evitando a passagem de gases pelos anéis do pistão. 55 EVITAR A FORMAÇÃO DE ESPUMA Devido às partes móveis do motor, o óleo é constantemente agitado com o ar. Isto produz espuma, que nada mais é do que muitas bolhas de ar que não estouram rapidamente. Normalmente, elas sobem para a superfície e daí estouram, mas a água e outros contaminantes diminuem a velocidade com que isto ocorre, e o resultado é a formação de espuma. A espuma não é boa condutora de calor, portanto se for excessiva, o arrefecimento do motor será prejudicado, pois a dissipação de calor será deficiente. A espuma também não suporta cargas e não irá evitar o desgaste dos tuchos e mancais. A razão disso é que a espuma tem ar e o ar é facilmente compreensível. Por outro lado, um óleo sem a presença de ar misturado a ele, é praticamente incompreensível. SISTEMAS DE LUBRIFICAÇÃO DE MOTORES DE 4 TEMPOS. Nos veículos modernos, a parte inferior do cárter serve como reservatório de óleo. A quantidade de óleo no cárter quando o motor está em repouso, é indicada por uma vareta de nível. 56 Uma bomba de óleo do tipo de engrenagens ou de êmbolo, situada quase sempre no fundo do cárter e submersa no óleo, fornece óleo sob pressão para os manuais da árvore de manivelas, bronzinas das bielas, pino do pistão, mancais da árvore de comando de válvulas e paredes dos cilindros. Geralmente, existe uma peneira na entrada da bomba, um filtro de óleo e um manômetro que indica a pressão de circulação do óleo, localizado no painel de instrumentos. Os sistemas de lubrificação do motor são classificados de acordo com o modo que o óleo é distribuído. Num sistema onde parte ou todos os mancais recebem diretamente óleo sob pressão, é conhecido como “sistema de lubrificação sob pressão”, ou “sistema de lubrificação por circulação forçada”. Num sistema em que os mancais recebem óleo salpicado e arremessado sobre eles pelas peças em movimento, é denominado de “lubrificação por salpico”. Geralmente, os motores são lubrificados por uma combinação destes métodos. Ocasionalmente, as paredes dos cilindros são lubrificadas sob pressão, porém, na maioria dos casos dependem principalmente do óleo arremessado e salpicado pelas peças em movimento. Nos motores de dois tempos à gasolina, o óleo é misturado ao combustível em proporções especificadas, diretamente no tanque ou por meio de um dosador, circulando sob a forma de névoa para lubrificar os mancais e cilindros. Em motores de grande porte a lubrificação dos cilindros é feita separadamente dos mancais. Os mancais da árvore de manivelas e as guias das bielas são feitas através do óleo contido no cárter, enquanto que a lubrificação dos cilindros é realizada por um sistema independente, normalmente com outro tipo de óleo. Normalmente o cárter dos veículos possui defletores de óleo, que servem para impedir que o óleo seja impulsionado para frente e 57 para trás com excesso, devido aos movimentos do veículo. Isto assegura o funcionamento da bomba com toda a sua capacidade, mantendo-se uma quantidade de óleo adequada ao redor da entrada da bomba. Sistema de lubrificação sob pressão Nos sistemas de lubrificação sob pressão, mais complexos, o óleo é forçado a cada um dos mancais principais da árvore de manivelas, mancais das bielas e mancais da árvore de comando de válvulas e depois, por meio de passagens perfuradas nas bielas, para os pinos dos pistões. O óleo que vaza pelas extremidades da árvore de manivelas em altas rotações é transformado em uma fina névoa, que proporciona lubrificação às paredes dos cilindros e outros componentes acessados por ela. Quando são empregadas válvulas sobre a cabeça, o óleo é geralmente levado sob pressão para a lubrificação dos balancins, hastes e tuchos. Algumas bielas possuem uma passagem ou injetor, no mancal da biela, pelo qual o óleo é pulverizado às paredes dos cilindros, para proporcionar uma lubrificação adicional aos anéis e pistões. O óleo que escapa das diversas superfícies lubrificadas escorre novamente para o cárter. As engrenagens de sincronização são lubrificadas por óleo pulverizado por um local derivado da tubulação principal. Em outro sistema mais simplificado, o salpico também é empregado para a lubrificação dos mancais das bielas, através de saliências ou pescadores com uma abertura dirigida para o mancal, que captam o óleo, a cada rotação da árvore de manivelas, de depósitos ou 58 calhas de óleo localizados diretamente sob cada biela. Bicos ramificados de um tubo principal fornecem óleo a esses depósitos e quando as velocidades do motor são elevadas, também esguicham óleo nos pescadores. LUBRIFICAÇÃO DE MOTORES CICLO OTTO DE DOIS TEMPOS Nos motores ciclo Otto de dois tempos, devido ao fato de admissão da mistura ar-combustível dar-se através de janelas de admissão, torna-se impossível uma vedação perfeita que possibilite a permanência do óleo no cárter. Portanto, obtém-se a lubrificação por mistura, isto é, adicionando-se óleo ao combustível. O maior problema de lubrificação nesses motores é fazer com que o óleo chegue à zona de contato entre a árvore de manivelas e a biela. Por isso, nos motores de dois tempos usam-se rolamentos no mancal da biela. O sistema de lubrificação por mistura exige que o óleo seja nebulizado juntamente como combustível, que é previamente misturada com o óleo lubrificante na proporção necessária, recomendada pelos fabricantes de motor. Isso pode provocar dificuldades de carburação, pois a mistura nunca é totalmente homogênea. Além do mais, em situações críticas, como em descidas longas, onde o motor é usado como freio e o carburador encontra-se fechado, a lubrificação é quase nula, podendo acarretar desgaste excessivo e até mesmo grimpamento do motor, pois a quantidade de lubrificante fornecida ao motor é diretamente proporcional à quantidade de combustível aspirado. Ou seja, em 59 acelerações ou em velocidades maiores, a lubrificação é muito boa, mas nas desacelerações a lubrificação é deficiente. Nos motores 2T modernos, para diminuir estes problemas e o incômodo processo de abastecimento de mistura, adota-se um sistema de lubrificação separado, que dispõe de um dosador para a injeção do lubrificante no volume adequado. Características de um óleo 2T Devido às particularidades do motor de dois tempos expostas os óleos 2T devem ter as seguintes características: • Baixa formação de depósitos • Mínima formação de depósitos nas velas • Proteção antidesgaste • Proteção contra riscamento das peças metálicas • Características antiferrugem • Miscibilidade com o combustível Convém ressaltar que para motores de alto desempenho, há ainda a exigência do uso de aditivos dispersantes sem cinzas. Classificações de serviços para óleos de dois tempos: A seleção do lubrificante adequado para motores 2T refrigerados a ar, deve-se seguir as recomendações da API (American Petroleum Institute), JASO (Japan Automobile Standards Organization), TISI (Thai Industrial Standard Institute) e ISO (International Organization for Standartization), conforme tabela comparativa à seguir: API JASO TISI ISO - FA - - TA/TB FB - EGB TC FC Pass EGC (Baixas emissões) (Baixas (Baixas emissões) emissões) - - EGD (Baixas emissões e alta detergência) - - - EGE (Baixas emissões e alta lubricidade) 60 A classificação de serviço mais importante para óleos de dois tempos refrigerados à água é a TC-W3 desenvolvida pelo NNMA (National Marine Manufacturers Association) especificamente para motores de popa de alta performance arrefecidos a água. Para ser aprovado na classificação TC-W, um óleo deve passar por uma série de testes, observando-se mínima formação de depósitos e máxima proteção ao motor. Um lubrificante tipo TC-W3 é largamente aceito para uso em motores de popa de alta performance. Classificação de óleos para motores 4 tempos: A qualidade dos óleos automotivos é definida pelo seu comportamento e desempenho em motores normais da série, em motores especiais de testes e através de provas de laboratório com a finalidade de definir o comportamento em condições reais de serviço. Os sistemas de classificação de serviços dos óleos automotivos mais utilizados e aceitos, são os sistemas SAE e API. 61 SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO SAE Classifica os óleos segundo sua viscosidade a 100°C e a baixas temperaturas. A medição da viscosidade em altas temperaturas está relacionada com o consumo de óleo e o desgaste das partes do motor, enquanto que a medição a baixas temperaturas está relacionada com o comportamento do motor quando da partida a frio. Um óleo que apresenta um alto índice de viscosidade possui uma melhor condição para trabalhar tanto em altas como em baixas temperaturas. SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO API Classifica os óleos automotivos segundo seu desempenho em motores padronizados, com controle rigoroso quanto a depósitos e desgaste. Este sistema classifica os óleos por nível de desempenho, desde os minerais puros até os lubrificantes de mais alta tecnologia. As condições de funcionamento destes motores são desenvolvidas para simular uma utilização veicular em serviço de alta severidade. Este sistema possui diversas classificações de serviço, incluindo alguns testes de motor conforme especificações militares e da indústria automobilística, tanto antigas como também atuais. Os óleos automotivos podem ainda classificar-se segundo especificações militares e de fabricantes de motores. A seguir serão mostrados os detalhes e características de cada sistema de classificação. 62 SISTEMA SAE DE CLASSIFICAÇÃO DE VISCOSIDADE PARA ÓLEOS AUTOMOTIVOS Os graus de viscosidade SAE indicam uma classificação dos óleos lubrificantes para motores somente no que se refere a viscosidade, não sendo levadas em conta outras características químicas e físicas que definiriam o desempenho em uso destes óleos. Utilizase os graus de viscosidade estabelecidos pelo sistema SAE, para os fabricantes de motores definirem e padronizarem os óleos especificados no projeto de construção dos motores e para os produtores de óleos lubrificantes comercializarem seus produtos no mercado. A classificação SAE é baseada na medição da viscosidade dos óleos a 100°C e em baixas temperaturas. Na tabela 1, os graus de viscosidade sem a letra “W” são baseados na viscosidade a 100°C. os graus de viscosidade com a letra “W”, que significa a abreviação de Winter (inverno), são baseados na viscosidade em temperaturas abaixo de 0°C. Um óleo classificado como multiviscoso, significa que sua viscosidade medida a baixa temperatura está dentro da faixa estabelecida para uma classificação de um grau de viscosidade com a letra “W” e cuja viscosidade a 100°C está dentro da faixa estabelecida para uma classificação sem a letra “W”. A viscosidade de um óleo a 100° C é medida segundo os padrões estabelecidos no método ASTM D-445, sendo que o resultado é obtido no padrão métrico internacional na unidade de Centistokes (cSt). A determinação da viscosidade neste padrão é de grande utilidade para se selecionar a viscosidade apropriada de um óleo quando utiliza-se o motor em condições normais de temperatura ambiente. A determinação da viscosidade de um óleo em temperatura abaixo de 0°C, é feita de acordo com os padrões estabelecidos no método ASTM D-2602 que especifica a realização do teste de viscosidade aparente do óleo em baixas temperaturas, utilizando para isso um aparelho denominado SIMULADOR DE PARTIDAS A FRIO (Cold Cranking Simulator), sendo que os resultados são obtidos na unidade Centipoise. A utilização deste padrão de medida, visa garantir que um determinado óleo para motor permitirá a partida de um motor sob condições de baixa temperatura ambiente, que para efeito de escolha do óleo, deve levar em conta a mais baixa 63 temperatura ambiente prevista. Os óleos para motores 2T, normalmente são pré-diluídos, a fim de facilitar a mistura com o combustível. Neste caso, a determinação do grau de viscosidade para classificação do mesmo no sistema SAE, deve ser feita com o óleo sem diluição. CLASSIFICAÇÃO DE VISCOSIDADE PARA ÓLEOS DE MOTORES SAE J300 DE DEZEMBRO DE 1999. 64 65 NOTAS: Centipoise = centistokes x densidade do produto a 15,5/15,5/C 1 centistoke = 1/100 stoke 1cP= 1 mPa.s 1cSt= 1mm²/s 66 Como usar a tabela: Para exemplificar, usaremos um determinado óleo lubrificante para motor cuja viscosidade a 100°C seja de 12,30cSt. Pela Tabela I, conclui-se que este óleo está classificado como um SAE 30. Se medirmos a viscosidade de um outro óleo à mesma temperatura e encontrarmos um valor de 12,60 cSt, o mesmo estará classificado como um óleo SAE 40. Um outro óleo que apresenta uma viscosidade de 16,00 cSt na mesma temperatura, também será um óleo com um grau SAE 40. Óleos multiviscosos: o que são? A viscosidade de um óleo varia conforme a temperatura. A baixa temperatura, um óleo é mais “espesso”, isto é, sua viscosidade é maior. À medida que se aumenta a temperatura, o óleo se torna mais “fino”, isto é, sua viscosidade diminui. Um óleo, que flui lentamente, dificulta a partida do motor, enquanto que um óleo muito “fino” proporciona uma lubrificação deficiente e um alto consumo do mesmo. As variações que ocorrem na viscosidade de um óleo com as mudanças de temperatura, não são as mesmas para todos os tipos de óleo. A relação que mede a variação da viscosidade de um óleo em função da variação da temperatura é denominada de Índice de Viscosidade (IV) do óleo. Quanto maior é o IV de um óleo, menor será sua variação de viscosidade com a variação da temperatura. A adição de um aditivo melhorador de IV, aumenta o índice de viscosidade e melhora outras características de viscosidade/temperatura. Entretanto, o IV (que atualmente é baseado nas viscosidades cinemáticas a 40°C e 100°C), não permite uma avaliação perfeita da viscosidade a baixas temperaturas, devido ao efeito combinado da estrutura parafínica do óleo, do aditivo melhorador de IV e de outros aditivos. Entretanto, o IV continua sendo importante para avaliar-se as características de variação da viscosidade de um óleo em função da variação da temperatura. Apesar das características de um óleo de um só grau de viscosidade serem suficientes para satisfazer os requisitos de um motor para uma determinada condição climática, poderão ser inadequadas em um meio ambiente diferente, necessitando uma mudança para um grau mais apropriado para estas novas condições. Em regiões de climas variáveis, os motoristas que usam 67 óleo de um só grau de viscosidade, geralmente no verão trocam para um grau maior de viscosidade e no inverno para um grau menor de viscosidade. As trocas sazonais de óleo podem ser eliminadas através do uso de óleos multiviscosos, que satisfazem mais de um grau de viscosidade na classificação SAE. Para exemplificar, tomemos o óleo SAE 15W. Se tratarmos este mesmo óleo com um aditivo melhorador de índice de viscosidade, quando o mesmo for aquecido ele diminuirá de viscosidade de maneira menos pronunciada do que se não tivesse esse aditivo. Como suposição, se medirmos a viscosidade a 100°C deste óleo assim aditivado, observaremos um resultado de 13,4 cSt. Verificando na Tabela I, concluímos tratar-se de um óleo com grau SAE 40. Por conseguinte, o óleo apresentado é um óleo multiviscoso, ou seja, é um óleo 15W que a altas temperaturas comporta-se com um óleo SAE 40. Portanto, dizemos que ele é um óleo multiviscoso com um grau SAE 15W40. A seguir, quadro comparativo dos óleos SAE 30, 40 e 15W/40: As principais vantagens de um óleo multiviscoso são: • Partidas a frio mais fáceis • Lubrificação adequada numa faixa mais ampla de temperatura • Menor desgaste do motor • Menor consumo do combustível • Menor consumo do óleo lubrificante • Maior durabilidade da bateria 68 SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE SERVIÇO API PARA ÓLEOS AUTOMOTIVOS O Instituto Americano de Petróleo (API) em conjunto com outras entidades de normalização como a SAE e ASTM, estabeleceu um sistema de classificação para os óleos do motor que é baseado em níveis de desempenho para cada tipo de óleo, sendo complementado com testes de motores e limites pré-estabelecidos de avaliação. Este sistema foi desenvolvido de tal forma que permite a adição de novos níveis de qualidade à medida que se fizer necessário suprir novas exigências da indústria automobilística. As classificações da API são feitas a partir de testes padronizados, sob condições operacionais controladas denominadas “Seqüência de Teste”. Em cada uma destas seqüências é avaliado o desempenho do óleo lubrificante nas várias partes de um motor sob condições variadas de funcionamento, como temperatura, rotação, carga, tipo de combustível e outros parâmetros, sendo as mesmas rigidamente controladas dentro dos padrões estabelecidos para cada seqüência do teste. Para classificar o lubrificante de acordo com o seu desempenho, os resultados obtidos em cada seqüência de testes, serão comparados com padrões, que determinam os requisitos mínimos estabelecidos quanto à formação de borra, vernizes, desgaste, corrosão e oxidação do óleo. Estes requisitos mínimos são quantificados na forma de atribuição de notas para cada seqüência, sendo que cada categoria de serviço API tem um número mínimo de pontos a serem atingidos nestas seqüências para poderem ser classificadas dentro de um determinado nível de desempenho. Os níveis API de desempenho determinam a qualidade mínima na qual um determinado óleo se enquadra. Isto significa dizer que quando um óleo atende à mais alta classificação API, este óleo atende os níveis de desempenho inferiores a ela. O sistema API divide a classificação em uma série “S”, para níveis de desempenho associados com óleos utilizados em veículos de passeio e veículos leves, geralmente movidos à gasolina ou álcool e uma série “C”, que é relacionada com veículos comerciais movidos geralmente por motores diesel. Os óleos especialmente formulados 69 para motores a gasolina ou álcool, nem sempre são apropriados para lubrificar os motores diesel e vice-versa. Categorias para motores a gasolina AS Óleo mineral puro sem aditivos, podendo ter antiespumante e abaixador do ponto de fluidez. Indicada para motores trabalhando em condições muito suaves. SB Óleo com aditivos que proporcionam certa proteção contra desgaste e contra oxidação. Indicada para motores operando em condições suaves que requerem um óleo com capacidade de evitar arranhaduras e corrosão dos mancais. Os óleos destinados para tais serviços são usados desde 1930. SC Óleo com aditivos que proporcionam bom desempenho antidesgaste, antiferrugem, antioxidação e anticorrosão, controlando depósitos de alta e baixa temperatura (função do detergente-dispersante). Satisfaz à especificação da Ford ESE-M2C-101-B. Indicada para serviço típico de motores à gasolina dos modelos fabricados entre 1964 e 1967. SD Óleo com aditivos, proporcionando a mesma proteção que os óleos da classe SC, mas em maior grau. Satisfaz à especificação da Ford ESE-M2C-101-B (1968) e da General Motors GM-6041-M. Indicada para serviço típico de motores à gasolina dos modelos fabricados entre 1968 e 1970. Pode ser recomendado para certos modelos de 1971, conforme indicação dos fabricantes destes veículos. 70 SE Óleo com aditivos, proporcionando a mesma proteção que os óleos de classe SD, mas em maior grau. Satisfaz às especificações da Ford ESE-M2C-101-C e da General Motors GM-6136-M. Indicada para motores à gasolina montados em carros de passeio e em alguns tipos de caminhões fabricados a partir de 1972. Pode ser recomendada também para alguns veículos fabricados em 1971. SF Óleo com aditivos antioxidante, antidesgaste, antiferrugem, anticorrosivo, proporcionando proteção contra a formação de ferrugem. Esta categoria apresenta maior estabilidade quanto à oxidação e menor desgaste do motor em relação às categorias anteriores. Os fabricantes europeus e americanos recomendam óleos desta categoria para uso em motores fabricados a partir de 1980. SG Óleo com aditivos antioxidante, antidesgaste, antiferrugem, anticorrosivo, proporcionando maior proteção contra a formação de depósitos de alta e baixa temperatura, maior estabilidade quanto à oxidação e menor desgaste do motor, em relação às categorias anteriores. Homologado pela APIASTM em 1988, é indicado para serviço típico de motores à gasolina em carros de passeio, furgões e caminhões leves, fabricados a partir de 1989. SH Categoria introduzida a partir de 01/08/93. Lubrificante recomendado para motores à gasolina, álcool e gás natural veicular, para atender os requisitos dos fabricantes de motores a partir de 1994. SJ Categoria introduzida a partir de 15/10/96. Lubrificante recomendado para motores à gasolina, álcool e gás natural veicular, para atender os requisitos dos fabricantes de motores a partir de 1994. Apresentam performance com maior resistência à oxidação e melhor desempenho contra desgaste. SL Categoria introduzida a partir de 2002 para atender os atuais requisitos dos fabricantes de motores à gasolina. Apresentam 71 características de desempenho com maior proteção contra a oxidação, ferrugem e formação de borras e depósitos. Esta categoria substituiu as anteriores. F1 Master Sintético 5W30 F1 Master 502 10W40 F1 Master 4x4 15W50 SL F1 Master Plus 20W50 F1 Master 501 15W40 F1 Master 20W50 F1 Super SF F3 30, 40 ou 50 SE Categorias para motores a Diesel CA Óleo com aditivos que promovem uma proteção aos mancais, contra a corrosão, desgaste, evitando a formação de depósitos de altas temperaturas. Óleo para uso em motores à gasolina e motores diesel não turbinados (com aspiração normal do ar), operando em condições suaves ou moderadas, 72 com combustível de baixo teor de enxofre (0,4%). Este tipo de óleo foi largamente usado nas décadas de 1940 e 1950. CB Óleos com aditivos, proporcionando a mesma proteção que os óleos de classe CA, mas em maior grau, devido à utilização de um combustível de elevado teor de enxofre. Óleo para uso em motores diesel, operando em condições suaves ou moderadas, com combustível de elevado teor de enxofre (1,0%). CC Os óleos da classe CC proporcionam proteção contra depósitos de altas temperaturas e formação de borra de baixa temperatura. Também possuem proteção contra ferrugem, desgaste e corrosão. Óleo para uso em motores à gasolina sob serviço severo e motores diesel turbinados com baixa taxa de superalimentação, operando sob condições de moderadas a severas, com qualquer tipo de combustível. CD Óleo com aditivos, proporcionando a mesma proteção que os óleos de classe CC, mas em maior grau. Indicado para motores diesel turbinados com alta taxa de superalimentação, operando em condições severas e com qualquer tipo de combustível. Satisfaz a antiga especificação da Caterpillar, Série 3. CD-2 Motores diesel 2 tempos, trabalhando em serviço severo. Atende os requisitos dos motores Detroit como, por exemplo, os da série 149 dos caminhões fora de estrada Haulpak. CE Óleo, com aditivos superando a categoria CD em ensaios mais severos de desempenho satisfaz as exigências dos fabricantes americanos quanto ao consumo de óleo lubrificante, combustível, controle de depósitos, dispersância, desgaste e corrosão. Homologada em abril de 1987. Indicado para motores diesel turboalimentados em serviço severo. 73 CF Categoria introduzida a partir de 1994, podendo ser usada em substituição a API CE. Para serviço em motores diesel de injeção indireta e outros, incluindo os que usam diesel com alto teor de enxofre (acima de 0,5%). Apresenta efetivo controle dos depósitos nos pistões, corrosão em mancais e desgaste, sendo os motores superalimentados, turbinados ou de aspiração natural. Atende aos testes de motor: CRC L-38 e Caterpillar 1M-PC. CF-2 Para serviço em motores diesel de 2 tempos que requerem efetivo controle de desgaste e depósitos. Esta categoria demonstra superior performance em relação aos óleos da classificação CD-2, podendo substituí-la. Atende aos testes de motor: CRL L-38, Caterpillar 1M-PC e Detroit Diesel 6V92TA. CF-4 Esta classificação foi criada em 1990, para uso em motores diesel quatro tempos operando em altas velocidades. O CF-4 excede os requisitos do API CE no que tange a um maior controle de consumo de lubrificante e depósito nos pistões: atende os requisitos da CRC L-38, MACK-T 6, MACK-T 7, CUMMINS NTC 400 e CATERPILLAR 1 K. CG-4 Categoria introduzida em 1994, desenvolvida especificamente para uso em motores projetados para atender aos níveis de emissões do EPA (Agência de Proteção Ambiental), podendo ser usada nos motores que requeiram: API CD, CE e CF-4. De acordo com o API, estes óleos devem ser usados em motores diesel de alta rotação em uso rodoviário, usando óleo diesel com teor de enxofre de até 0,05% ou veículos fora da estrada usando óleo diesel com teor de enxofre inferior a 0,5%. Os óleos desta categoria destacam-se pela proteção aos motores contra depósitos em pistões operando em altas temperaturas, espuma, corrosão, desgaste, estabilidade a oxidação e acúmulo de fuligem. Atende aos testes de motor: CRC L-38, seqüência IIIE, GM 6.2L, MACK T-8 e Caterpillar 1K. Acompanhada da sigla “CF-4” podem ser utilizadas em todos os veículos com percentual de enxofre no Diesel não superior a 0,5%. 74 CH-4 Categoria disponível a partir de dezembro de 1998. A classificação API CH4 foi desenvolvida para atender à rigorosos níveis de emissão de poluentes, em motores de alta rotação e esforço, que utilizam óleo diesel com até 0,5% de enxofre. Os óleos desta categoria proporcionam especial proteção contra desgaste nos cilindros e anéis de vedação, além de possuírem o adequado controle da volatilidade, oxidação, corrosão e espuma. CI-4 Categoria disponível a partir de setembro de 2002 desenvolvida para atender os novos motores diesel com recirculação de ar das câmaras de combustão (EGR) para atendimento dos atuais limites de emissões, utilizando diesel com teor de enxofre até 0,5%. Possui maior resistência à oxidação. A classificação CI-4 substitui as anteriores. Brutus EGR 15W40 F1 Master 4X4 15W50 CI-4 Brutus Alta Performance CH-4 Brutus T5 Brutus 25W50 Ultramo Turbo Plus Ultramo Turbo CG-4 CF NOTAS: 1) Motor Turbinado ou Superalimentado: neste tipo de Motor, existe um compressor ou turbo compressor, acionado pelo próprio motor ou pelos gases de escapamento, que forçam o 75 ar para dentro do cilindro. Com este artifício, aumenta-se a quantidade de ar dentro do cilindro, possibilitando-se aumentar o volume injetado de combustível e, assim, a potência do motor. 2) Borra e Depósitos de Alta Temperatura: São provenientes da oxidação do lubrificante e dos resíduos do carbono. 3) Borra e Depósitos de Baixa Temperatura: São formados pela água de condensação, fuligem(combustível parcialmente queimado) e combustível não queimado, que se aglomeram no cárter, tampa de válvulas e demais partes frias do motor, formando um subproduto com aspecto semelhante à conhecida “maionese”. CLASSIFICAÇÃO ACEA PARA ÓLEOS DE MOTOR A Associação dos Construtores Europeus de Automóveis tem uma classificação de nível-desempenho, adotada pelos fabricantes de 76 automóveis, caminhões e motores do Mercado Comum Europeu e bastante importante para o nosso mercado de veículos, pois fabricamos veículos Mercedes-Benz, Scania, Volvo, Volkswagen, Audi, Fiat, Citroen, Peugeot, Renaut e etc. Em 1996 o sistema CCMC foi substituído pelo Sistema ACEA (Associação dos Construtores Europeus de Automóveis). Neste sistema os lubrificantes são classificados por uma letra (A, B ou E) que define o tipo de motor / serviço, um algarismo que define a versão da norma, e dois algarismos que dizem respeito ao ano da classificação. Assim foram classificados: Os lubrificantes para motores a gasolina como A1-96, A2-96 e A3-96 (a versão mais recente classifica-os como A1-98, A2-98 e A3-98). Os lubrificantes para motores Diesel de veículos ligeiros como B1-96, B2- 96 e B3-96 (a versão mais recente classifica-os como B1-98, B2-98, B3-98 e B4-98). Os lubrificantes para veículos comerciais Diesel como E1-96, E2-96 e E3-96 (a versão recente classifica estes lubrificantes como E1-98, E2-98, E3-98, E4-98 e E5-99). Quando um lubrificante é classificado com a versão 1 do norma (por exemplo A1-98), significa que se trata de um lubrificante de baixa viscosidade e que proporciona uma economia comprovada do consumo de combustível. Já as restantes versões (2, 3, etc.) estão diretamente relacionadas com a qualidade do produto (quanto mais elevada é a norma, mais exigentes são os ensaios que o lubrificante tem que superar.) A seguir, tabela com as seqüências de testes com as performances das categorias de testes para óleos de motores à gasolina e diesel: 77 Requisitos de qualidade da ACEA e os respectivos lubrificantes Ipiranga: 78 ESPECIFICAÇÕES ACEA LUBRIFICANTES IPIRANGA A3-98, B3-98 e E5-99 A3-98, B3-98 e E5-99 A3-98, B3-98 e E2-96 A3-98 e B3-98 A3-02, B3-98 e B4-99 A3-02 e B3-02 Brutus EGR 15W40 Brutus Alta Performance 15W40 Brutus T5 15W40 F1 Master Sintético 5W30 F1 Master 502 10W40 F1 Master 501 15W40 Lubrificantes para motores 4 tempos de motocicletas. A seguir, tabela com as atuais classificações da API, ILSAC, ACEA e CCMC de lubrificantes de motores 4 tempos de motocicletas: ÓRGÃO NORMALIZADOR CLASSIFICAÇÕES API SE, SF, SG, SH, SJ, SL ILSAC GF-1 e GF-2 ACEA A1, A2, A3 CCMC G-4 e G-5 O CONSUMO DE ÓLEO NO MOTOR De forma inequívoca, em geral o consumidor julga a qualidade de óleo lubrificantes que utiliza, pela quantidade que é obrigado a adicionar ao cárter, ou pela freqüência com que deve fazer a sua troca. Para ele, o melhor óleo é aquele que apresenta o menor consumo. Entretanto, o consumo de óleo lubrificante está relacionado com diversos fatores relativos às partes mecânicas do veículo, sendo apenas dois os fatores relacionados diretamente às características do óleo, que são a viscosidade e o índice de viscosidade. 79 Não existe uma regra geral para o consumo de lubrificante no motor, pois um veículo pode consumir uma determinada quantidade e outro veículo idêntico, mas operando sob outras condições, pode consumir o dobro. O que deve ser sempre lembrado é que todo motor deve consumir óleo, pois para funcionar dependem da lubrificação das superfícies de contato das paredes dos cilindros, anéis, guias e hastes das válvulas. A fina película de óleo que recobre estas peças queima-se a cada ciclo de combustão do motor. Por mais perfeitos que sejam os ajustes entre as peças lubrificadas, a fim de se reduzir o consumo, não se pode eliminar as folgas totalmente, pois nesse caso não haveria lubrificação. Assim, mesmo o motor em perfeitas condições mecânicas, deve consumir uma pequena quantidade de óleo lubrificante. Condições de funcionamento A velocidade é o fator principal no consumo do óleo de motor. Com o aumento da velocidade, o consumo pode crescer de 2 a 20 vezes, pois quanto maior for a velocidade, maior quantidade de óleo é atirada para as paredes dos cilindros e, consequentemente, maior a possibilidade que este óleo passe pelos anéis e atinja a câmara de combustão, onde se queima. O aumento da carga acarreta também maior consumo de óleo. Testes práticos realizados em estradas demonstraram que o consumo de óleo é invariavelmente maior nos veículos que trafegam em zonas montanhosas (submetendo o veículo a maior carga), quando comparado com o consumo nos veículos que trafegam nas estradas em nível. As temperaturas do ar, água de refrigeração e óleo tem também influência no consumo. Quanto maiores forem as temperaturas atingidas, maior será o consumo de óleo. A construção do motor e o consumo de óleo O formato, a construção e o ajuste dos pistões e anéis de segmento constituem o maior fator de influência no consumo de óleo depois da velocidade. Os pistões possuem diversos anéis de segmento, sendo que destes, um ou mais são destinados a garantir a compressão e outros (pelo menos um) são destinados a arrastar o 80 excesso de óleo das paredes dos cilindros para o cárter, sendo denominados de anéis de óleo. Estes anéis, quando não são devidamente construídos, quando perdem a sua compressão, quando partem-se ou ficam cheios de incrustações carbonosas ou outras impurezas obstruindo os seus orifícios, não arrastam o óleo para o cárter, aumentando sensivelmente o seu consumo. As folgas entre as partes móveis do motor têm também influência no consumo de óleo. Por exemplo, em desgaste excessivo nas guias ou nas hastes das válvulas, permitirá a passagem do óleo lubrificante existente na parte superior do cabeçote para dentro da câmara de combustão, onde é queimado. Este é um dos motivos do aumento do consumo de óleo com a idade do veículo. De 50% a 70% do óleo “consumido” é desperdiçado por vazamentos. As velocidades maiores geram, grandes pressões internas no motor e outros componentes lubrificados do veículo, forçando o óleo através de pontos mal vedados. Todo tipo de vazamento deve ser imediatamente sanado, para não ocorrer problemas maiores de lubrificação no veículo. O consumo de óleo Embora os fatores descritos acima tenham grande influência no consumo de óleo, eles são inteiramente fora do controle dos produtores de lubrificantes. Os fatores inerentes ao óleo lubrificante que afetam o seu consumo e podem ser diretamente controlados pelos fabricantes, são a viscosidade e o índice de viscosidade. Um dos expedientes mais difundidos para se diminuir o consumo, é utilizar um óleo com maior viscosidade. Cada motor requer um óleo com determinada viscosidade, de acordo com o seu projeto de construção. Quando se utiliza um óleo com uma viscosidade maior daquela originalmente projetada, a lubrificação do motor é sacrificada, causando desgaste prematuro das peças, elevação da temperatura de funcionamento e um maior consumo de combustível. O consumo de óleo decresce com o aumento da viscosidade, até um certo ponto. Daí por diante, porém, ele aumentará porque se o 81 óleo for viscoso demais, não escoará das paredes dos cilindros, sendo forçado para a câmara de combustão, onde se queimará. O índice de viscosidade, que está diretamente ligado à viscosidade do óleo e à temperatura de trabalho, é a característica mais importante de um óleo com referência ao consumo. Um óleo que possui um baixo índice de viscosidade torna-se “fino” demais às temperaturas de trabalho do motor. Nestas condições, uma quantidade excessiva de óleo é levada à câmara de combustão, onde será queimado. Por outro lado, um óleo que possui um alto índice de viscosidade, mantém-se relativamente viscoso em altas temperaturas, mantendo uma película adequada na lubrificação, havendo menos quantidade de óleo queimado por excesso na câmara de combustão. O nível do óleo A capacidade do cárter dos veículos tem sido gradualmente reduzida através dos anos, para permitir o rebaixamento da silhueta do automóvel e torná-los mais compactos. Uma das principais funções do óleo para motor é dissipar o calor gerado pela combustão e pelo atrito. Um motor sem óleo no cárter pára de funcionar depois de pouquíssimo tempo devido ao grimpamento de suas partes móveis. A combinação de cárter com pequena capacidade de óleo, altas velocidades e cargas requeridas de um motor moderno, dão idéia da importância do óleo para remover o calor das superfícies lubrificadas. Além disso, estas condições de operação produzem uma quantidade maior de contaminantes, diluídos num volume menor de óleo. Assim, os óleos lubrificantes são muito mais solicitados nos motores modernos e estes motores dependem muito mais da ação destes lubrificantes para funcionar perfeitamente. Por estas razões, é muito importante manter o nível do cárter sempre acima da marca inferior (Mín.) da vareta medidora e abaixo da marca superior (Máx.), com lubrificante recomendado pelo fabricante. 82 Excesso de óleo no motor provoca espuma excessiva no lubrificante e queima de óleo devido à maior quantidade do mesmo jogado para as camisas de cilindros. Pouco óleo no cárter resulta num aumento excessivo da temperatura do óleo, devido ao calor gerado no motor, que fica mais concentrado num volume menor de óleo, além de poder causar falhas graves de lubrificação e aumentar o desgaste das peças. Além disso, um nível maior ou menor, provoca um aumento de consumo de óleo. É importante ressaltar que todos os motores consomem óleo durante seu funcionamento, variando a quantidade consumida com as condições de operação e funcionamento e do projeto do motor. O consumo normal geralmente é fornecido pelo fabricante, devendo o consumidor estar consciente que o que deve ser preocupante é o consumo estar além dos limites estabelecidos ou então o motor que aparentemente não consome óleo. Nesse caso, o não consumo significa que está havendo uma diluição excessiva, pelo combustível, o que contrabalança o nível, necessitando uma verificação das condições mecânicas de funcionamento do motor. A reposição regular do óleo no cárter deve ser feita com um óleo lubrificante que se enquadre dentro das especificações recomendadas pelo fabricante do veículo e, preferencialmente, da mesma marca do já utilizado. Deve-se evitar misturas de óleos de marcas ou qualidades diferentes na reposição normal. Quando da troca completa do óleo, não existe nenhum problema em se utilizar óleo de outra marca, desde que seja recomendada pelo fabricante. O consumo de óleo e o consumo de combustível O consumo de óleo está diretamente relacionado com o consumo do combustível de um veículo, que está ligado às condições de funcionamento e regime de operação do mesmo. Muitos fabricantes informam aos usuários a proporção de consumo normal de óleo em função do combustível gasto. 83 PORQUE O ÓLEO DEVE SER TROCADO Muitos consumidores têm dúvidas quanto às razões para a mudança periódica do óleo lubrificante. Acreditam que o óleo tornase “gasto” depois de um certo período e, nessas condições, não pode produzir uma boa lubrificação. Na realidade, o óleo não se torna “gasto” e nem tampouco a sua viscosidade é muito afetada pelo trabalho normal. As mudanças físico-químicas que se notam num óleo usado são, na verdade, inteiramente causadas por contaminações, que são agravadas pelas altas temperaturas do motor. É, sem dúvida, medida econômica trocar o óleo na freqüência estabelecida pelo fabricante em situações normais de operação, ou mais freqüentemente quando condições anormais assim o exigirem, porque os resíduos e contaminantes que sempre se encontram no cárter agem como abrasivos, causando desgaste das peças metálicas. A formação desses resíduos e contaminantes não podem ser evitados, seja qual for a qualidade do óleo utilizado. A única maneira de se eliminar essas impurezas, consiste em trocar o óleo periodicamente no tempo recomendado pelo fabricante. Os principais contaminantes que afetam a vida útil do óleo de motor, poder ser discriminados da seguinte forma: ABRASIVOS Poeiras As limitações de projeto do sistema de filtragem de ar, o sistema de ventilação do cárter e entradas falsas de ar que permitem a entrada de poeira e outras partículas de terra no motor. Estas impurezas estão sempre presentes no ar, que entra na carburação na proporção média de 1.700 metros cúbicos por 1.000 quilômetros percorridos. Estas partículas, 84 extremamente abrasivas, quando em mistura com o óleo, provocam desgaste acentuado das partes lubrificadas. A manutenção regular do motor e do sistema de filtragem do ar diminui a quantidade de contaminantes que entram no motor, aumentando a sua vida útil. Partículas Metálicas O desgaste normal das peças em movimento do motor produz pequeníssimas partículas metálicas que são retiradas e circuladas pelo óleo. Partículas abrasivas provenientes da entrada de poeira e outros contaminantes provocam um desgaste maior das peças, gerando maior quantidade de partículas metálicas, aumentando cada vez mais o desgaste do motor. O filtro de óleo retém a maioria destas partículas em suspensão, mas não o consegue totalmente. Quando ocorrem problemas no filtro de óleo que fazem com que a válvula de “bypass” abra, as partículas metálicas abrasivas não são mais retidas e, circulando junto como lubrificante causam um rápido desgaste. SUBPRODUTOS DA COMBUSTÃO Água A água forma-se em todos os motores como produto resultante da combustão. Quando a temperatura do motor é alta a maior parte desta água permanece em forma de vapor e expelida pelo escapamento, entretanto, quando a temperatura do motor é baixa, tal como na partida e no período de aquecimento, o vapor condensa-se em água, escorrendo pelas paredes dos cilindros e indo depositar-se no cárter, ocasionando a formação de borra, ferrugem e oxidação do óleo. Ácidos O processo de combustão produz substâncias ácidas que, como o vapor d’água se condensam nas paredes dos cilindros nas baixas temperaturas e escorrem para o cárter, indo contaminar o óleo lubrificante. Essas substâncias, quando combinadas com a água, causam ferrugem e corrosão das partes metálicas internas do motor. Borra e Resíduos de Carbono. 85 Uma combustão incompleta produz borra, resíduos de carbono e outras formações de depósitos. Na partida e aquecimento do motor, aumenta-se a quantidade destes contaminantes uma vez que a mistura de combustível é mais rica. Também, quando o óleo é submetido a altas temperaturas e em condições de operação intermitente, existe uma maior formação destes resíduos, que são prejudiciais à lubrificação. Um óleo lubrificante de alta qualidade tem a propriedade de incorporar a ele, em diminutas partículas, os resíduos de carbono e outros materiais, mantendo-os em suspensão, evitando que se acumulem nas partes vitais do motor. Isto, entretanto, só acontece por um período de tempo. Se o óleo não for trocado nos períodos recomendados ou for utilizado um óleo de baixa qualidade, as partículas suspensas começam a agrupar-se, formando uma quantidade de borra que pode causar o entupimento do filtro e restringir a circulação de lubrificante. Diluição Durante a partida do motor e em algumas condições anormais de operação, deposita-se nas paredes dos cilindros uma certa quantidade de combustível não queimado, na forma líquida. Este combustível mistura-se com o lubrificante, diminuindo a sua viscosidade, reduzindo a película lubrificante e impedindo a vedação perfeita do espaço entre os pistões e os cilindros. A diluição representa sério problema, porque traz como conseqüência o contato do metal com o metal, contribuindo assim para um desgaste rápido e acentuado das peças em movimento. A diluição também reduz a performance necessária dos aditivos e aumenta o consumo de óleo. Altas velocidades e temperaturas elevadas 86 tendem a evaporar o combustível diluído no óleo. Normalmente, a diluição é proveniente de problemas de regulagem do carburador, defeitos no sistema de injeção ou mau funcionamento ou utilização inadequada do afogador. Em veículos que funcionam em percursos curtos e não tem condições de atingir as temperaturas normais de operação, a diluição também é acentuada, pois não existe a evaporação normal que ocorre quando se opera em temperaturas mais elevadas. Neste tipo de operação, recomenda-se trocar o óleo com mais freqüência. Produtos de Oxidação do Óleo Quando em operações que envolvem altas temperaturas e velocidades os hidrocarbonetos do óleo de motor se combinam com o oxigênio do ar formando vários tipos de reações químicas que produzem substâncias que produzem a borra, o verniz e outros tipos de depósitos. Os óleos lubrificantes modernos possuem determinados tipos de aditivos, tais como detergentes, dispersantes, e inibidores de oxidação, que ajudam a controlar a formação destes materiais e evitar o acúmulo delas nas partes internas do motor. Entretanto, existe um ponto de saturação do óleo que, quando alcançado, deve ser trocado para prevenir problemas de entupimento e falhas no sistema de lubrificação. Os abrasivos e os subprodutos da combustão que passam através dos anéis para o óleo no cárter, estão sujeitos a reações químicas provocadas pela ação da temperatura e de certos metais que agem como catalisadores das mesmas, vazamentos no sistema de refrigeração constituem outro tipo de contaminação do óleo. Todas essas substâncias reagem entre si para formar borra, verniz, depósitos, corrosão e ferrugem nas partes metálicas. O que é realmente importante para o proprietário do veículo, é que o óleo lubrificante é o agente coletor de todos os contaminantes que se formam ou são introduzidos no motor durante sua operação, que causam desgaste das peças e problemas no seu funcionamento. O uso e a troca nos períodos recomendados dos óleos lubrificantes especificados pelos fabricantes, além da manutenção e mudança regular dos filtros de ar e de óleo, ajudam a manter os contaminantes em níveis mínimos e prolongar a vida útil do motor. PRESSÃO DE ÓLEO 87 A pressão do óleo no motor varia diretamente com a vazão e a viscosidade do óleo. A pressão de óleo, indicada pelo manômetro ou luz de advertência instalado no painel do veículo, pode fornecer ao motorista importantes informações a respeito da lubrificação do motor: Pressão Baixa Diminuição da viscosidade por superaquecimento; diluição do óleo, defeito na bomba; defeito na válvula de segurança da bomba; nível baixo de óleo; mancais com desgaste excessivo; vazamento de óleo na tubulação. Quando existe pressão baixa no sistema, alguns pontos do motor não recebem a quantidade de óleo suficiente, podendo trazer sérios prejuízos para o funcionamento do motor. Pressão Alta Viscosidade elevada do óleo; válvula de segurança da bomba defeituosa; passagens de óleo obstruídas; filtro de óleo sujo ou entupido; óleo muito oxidado, com conseqüente aumento de viscosidade e impurezas. Pressão Oscilando Baixo nível de óleo, defeito na bomba de óleo ou no manômetro e óleo com muita espuma. OS FILTROS NÃO EVITAM A NECESSIDADE DA MUDANÇA DO ÓLEO Muitos proprietários de veículos julgam que, em virtude dos mesmos possuírem filtros de ar, filtros de óleo e ventilação do cárter a formação de materiais abrasivos e corrosivos no cárter é eliminada. Esta teoria é totalmente errada. Borra é uma mistura grossa e viscosa sem poder lubrificante, formada de certas partículas de carbono, água e produtos da combustão. Acumulada no carter, causa desgaste excessivo dos mancais, podendo até mesmo produzir o entupimento do sistema de lubrificação. A borra 88 pode ser dissolvida pela ação de aditivos apropriados e, depois de um certo grau de saturação do óleo, através da drenagem e substituição por óleo novo. Os contaminantes externos e partículas metálicas de desgaste do motor, também só são parcialmente retidos pelos filtros. O aumento da concentração destes elementos só é eliminado também através da troca do óleo. Filtros de Óleo Os filtros de óleo lubrificante são os responsáveis pela retenção das partículas sólidas oriundas do ar aspirado e do combustível, como também das partículas de desgaste do motor e outros produtos não solúveis no óleo, provenientes do próprio funcionamento do motor. Os motores modernos possuem um sistema de filtragem de óleo denominado de “Sistema de Filtragem Total”. Nesse sistema, em condições normais, como filtro e óleo limpos, todo o óleo é bombeado para um elemento filtrante, geralmente do tipo cartucho, antes de circular no motor. Teoricamente, todo o óleo é filtrado durante todo o tempo. Entretanto, isto nem sempre é real, pois com o aumento gradual dos contaminantes no óleo, começa a haver uma obstrução e uma saturação do elemento filtrante. Por este motivo, incorpora-se no filtro ou no sistema, uma válvula de alívio. Em caso de obstrução do filtro por sujeira, a pressão do óleo aumenta e abre a válvula, permitindo o óleo circular sem passar pelo filtro. Este sistema não permite falhas por falta de lubrificação, mas deve ser lembrado que nesses casos o óleo lubrificante circulará sem filtragem, carregando consigo muitos materiais abrasivos e outros contaminantes. Os filtros de óleo têm uma importância decisiva no intervalo de troca de óleo. Normalmente, os filtros de óleo são projetados para remover partículas de até 5 micra de diâmetro. É importante lembrar que, enquanto os filtros removem materiais sólidos em suspensão no óleo, estes não retêm líquidos como a água, combustível não 89 queimado e ácidos. Os filtros não removem a diluição ou previnem a ferrugem ou desgaste corrosivo. Filtros de Ar Os filtros de ar são responsáveis pela retenção das partículas sólidas em suspensão no ar que, aspiradas pelo motor através do carburador, causam o desgaste das peças em movimento. Para se ter uma idéia da importância destes filtros, para cada litro de combustível consumido, são aspirados pelo motor cerca de 10.000 litros de ar. Em ambiente urbano e em condições normais, para cada 100 litros de combustível consumido, o filtro é responsável pela retenção de 1 a 3 gramas de partículas. Em ambientes contaminados por poeira, a quantidade de partículas aspirada pelo motor multiplica-se muito, exigindo manutenção mais freqüente do filtro de ar. Os filtros de ar podem ser do tipo seco, a banho de óleo ou uma combinação dos dois. Nos veículos modernos, os do tipo seco são os mais utilizados, pois possuem uma capacidade maior de filtragem, uma vida mais longa e maior facilidade de manutenção. Nenhum filtro é 100% eficiente. Conforme vão acumulando poeira e sujeira na superfície, diminui sua eficiência de filtragem, restringindo o ar que entra no motor, provocando um consumo maior de combustível, já que a mistura torna-se mais rica. INTERVALO DE TROCA DE ÓLEO Como já foi visto, há necessidade de substituir o óleo lubrificante a intervalos regulares, a fim de retirar do motor os contaminantes e outras substâncias que se agregaram ao óleo durante a sua operação. A periodicidade de troca pode ser afetada por diversos fatores: 90 Tipo de Motor Quanto maiores forem as temperaturas de operação, as taxas de compressão e as rotações dos motores, mais severo será o trabalho do lubrificante e, portanto, menores deverão ser os períodos de troca. Capacidade do Cárter Quanto maior for a sua capacidade, maior será a vida útil do lubrificante. Estado de Conservação do Motor Os óleos lubrificantes não corrigem os defeitos de uma má manutenção no veículo, que abrevia a sua vida útil. Os efeitos mais comuns de uma manutenção deficiente são o superaquecimento, a diluição do óleo, o consumo exagerado de lubrificante e combustível. Combustível Utilizado Quanto maior for o teor de impurezas e enxofre do combustível, menor será a vida do óleo. Condições de Serviço Operações constantes em baixas temperaturas, sobrecarga, trajetos muito curtos e superaquecimento, abreviam os intervalos de troca. Local de Operação Locais com tráfego intenso ou com muita poeira, também implicam na redução do período de troca. Lubrificante Utilizado Óleos de qualidade superior, que satisfaçam as exigências dos fabricantes e atendam às especificações SAE API e outras normas de qualidade, resistem melhor às condições críticas, possibilitando maiores intervalos de uso entre as trocas. Devido às muitas variáveis que existem, um intervalo perfeito para a troca do lubrificante só é possível com análises periódicas do mesmo feitas em laboratórios, o que não é viável na prática. Os 91 fabricantes de motores, conhecendo as características de seus equipamentos e o combustível a ser utilizado, testam e recomendam certos tipos de óleos, determinando seus períodos de troca para motores em perfeito estado de conservação, condições de serviço e locais de operação normais. Naturalmente, estas recomendações servem como base para se estabelecer um período de troca próprio para cada situação. Com motores de manutenção precária, condições e locais de operação desfavoráveis, os intervalos deverão ser reduzidos, para uma melhor conservação do motor. A drenagem do óleo deve ser feita sempre com um óleo aquecido, para que os contaminantes sejam mantidos em suspensão no óleo e assim possam ser retirados do motor. Embora seja possível fazer a troca do óleo depois dos intervalos recomendados, sem que se note o dano aparente, a economia no custo de óleo é pequena demais, comparada com o possível sacrifício da proteção do motor. A Quilometragem Invisível Muitos motoristas não reconhecem que o motor trabalha um número muito maior de quilômetros do que o indicado pelo odômetro durante o tempo em que o veículo fica parado, mas com motor em movimento, o óleo continua a fazer seu serviço e, portanto, continua contaminado-se e desgastando os seus aditivos. O odômetro marca a quilometragem percorrida pelo veículo e não o tempo que o motor funcionou. A prática mostra que veículos que trafegam em trânsito urbano, apresentam uma quilometragem em termos de horas de funcionamento do motor, que pode chegar de 50 a 100% da quilometragem marcada no odômetro. Este fato tem suma importância com referência ao período de troca do óleo para o motor, porque estas mudanças são feitas tomandose como base o número de quilômetros realmente percorridos, sem levarem consideração a quilometragem equivalente às revoluções do motor nas ocasiões em que o carro está parado. Para veículos que se enquadram nesta situação, recomenda-se o controle do período de troca através do número de horas de funcionamento do motor ou do consumo de combustível, ao invés da quilometragem. Óleos Sintéticos Para Motores 92 Surgiram no mercado diversos lubrificantes de base sintética para motores. Este tipo de lubrificante oferece vantagens em termos de desempenho, à baixa temperatura, melhor resistência à oxidação e maior estabilidade ao cisalhamento quando submetido a altas pressões e velocidades de deslizamento. Existem vários tipos de óleos sintéticos, para a lubrificação de motores, a maioria sendo à base de polialfaolefinas, ésteres e suas misturas. Os fabricantes de veículos recomendam o mesmo período de troca, utilizando um lubrificante sintético. ÓLEOS PARA TRANSMISSÃO ÓLEOS PARA CAIXAS DE ENGRENAGENS Todo o sistema (mecânico ou hidráulico) encarregado de transmitir a força gerada pelo motor às ridas denomina-se Transmissão. Nos ocuparemos inicialmente das transmissões mecânicas, nas quais a força é transmitida e multiplicada através de caixas de engrenagens. A lubrificação destas caixas de engrenagens e feita por banho, por salpico e em algumas caixas de mudanças de maior porte, por lubrificação forçada. Se observarmos a figura, verificamos que algumas engrenagens estão imersas em óleo e outras não. Quando o veículo está em movimento, as engrenagens que estão em movimento arrastam o óleo entre seus dentes, transportando-o até a área de contato e lubrificando as engrenagens. Devido à rotação, parte deste óleo é salpicado para as demais engrenagens e mancais de rolamento. Em caixas de mudanças sujeitas a altas cargas e a solicitações mais severas, a lubrificação por banho e salpico não é suficiente para garantir uma proteção adequada. Nestas caixas, acopla-se uma bomba de óleo à árvore de transmissão primária (aquela que é diretamente movida pelo motor) 93 sendo então o óleo bombeado às engrenagens da árvore secundária, aos rolamentos e mancais existentes que necessitam de lubrificação. Devido à enorme variedade de tipos de construção de caixas de mudanças, existem diversos tipos de formatos de engrenagens, tipos de rolamentos, severidade de operação, velocidade, carga e temperatura de funcionamento. O tipo e a quantidade de aditivação que estarão em um lubrificante, depende de vários fatores, tais como a forma dos dentes das engrenagens (óleos minerais puros ou inibidos contra oxidação para engrenagens de dentes retos, óleos com aditivação desde antidesgaste até extrema-pressão para engrenagens helicoidais), tipos de rolamentos, sincronizadores e outros descritos anteriormente. Para a correta lubrificação de caixas de mudanças, deve-se seguir rigorosamente as recomendações especificadas pelo fabricante. A transmissão da força do motor às rodas, após ser reduzida pela caixa de mudanças, é feita através do conjunto de engrenagens denominado de Diferencial, que normalmente é constituído de engrenagens cônico-helicoidais com engrenamento hipóide. Este tipo de engrenagem caracteriza-se por ter a linha de centro do pinhão deslocada do centro da coroa. Esta forma de construção permite um melhor rendimento mecânico, uma operação mais silenciosa e um centro de gravidade do veículo mais baixo. Entretanto, as cargas e o deslizamento envolvidos no engrenamento, geram uma operação de altíssima severidade, que 94 necessita o uso de lubrificantes altamente aditivados, com agentes de extrema pressão. Nos veículos com transmissão dianteira, a caixa de mudanças e o diferencial estão agrupados num mesmo conjunto, utilizando um único lubrificante. Neste caso, torna-se mais importante ainda ressaltar a necessidade de se utilizar rigorosamente o produto e recomendações de lubrificação estabelecidas pelo fabricante do veículo. CARACTERÍSTICAS DOS ÓLEOS LUBRIFICANTES PARA ENGRENAGENS Lubrificantes para caixas de engrenagens de veículos automotivos são desenvolvidos para prover a proteção adequada para os mancais e engrenagens por longos períodos. Entretanto, as condições de trabalho sob as quais estes lubrificantes operam, aliadas às altas temperaturas, contaminações internas e externas, são por si só, fatores limitadores da vida útil destes lubrificantes. Devido a isto, deve-se usar na formulação e fabricação destes tipos de lubrificantes, óleos básicos de excelente qualidade e com alta resistência à oxidação, a fim de que possam suportar este tipo de serviço pelo maior período possível. Os óleos utilizados em transmissões, atualmente, são aditivados com agentes de extrema pressão. Óleos aditivados com agentes de extrema pressão Este tipo de óleo possui, além das características descritas para um óleo mineral puro, um aditivo de Extrema-Pressão. Em função da quantidade de aditivação e de outras características de desempenho necessárias, eles se subdividem em duas categorias, em função de suas aplicações: 95 a) Os que atendem a classificação de serviço API GL-4, utilizados para lubrificação de caixas de mudanças, caixas de direção mecânicas e diferenciais de alguns tipos de veículos. Embora estes óleos tenham aditivos de extrema pressão, o são em menor quantidade do que os óleos da categoria API GL-5, não suportando cargas mais severas e condições de alto torque e velocidades, nem cargas de choque. b) Os que atendem à classificação de serviço API GL-5, indicados para lubrificação de todos os tipos de diferenciais que utilizam engrenagens do tipo hipóide, comandos finais de veículos de carga e fora de estrada e certos tipos de caixas de mudanças. Resistem a altas cargas, velocidades e torque, suportando cargas de choque e outras condições de operação severa. Apesar da elevada quantidade de aditivos contidos neste tipo de lubrificante, não atacam certos metais ou ligas susceptíveis à corrosão. Classificação SAE de viscosidade A SAE (Sociedade dos Engenheiros Automotivos) desenvolveu esta classificação para óleos de engrenagens, dirigida aos fabricantes de equipamentos, para definição e recomendação dos lubrificantes utilizados em transmissões manuais e eixos traseiros e para os fabricantes de óleo rotularem seus produtos e os usuários seguirem recomendações dos manuais dos veículos. A classificação SAE, mostrada na tabela a seguir, baseia-se única e exclusivamente na viscosidade, não considerando fatores de qualidade ou desempenho. 96 97 Os graus de viscosidade SAE para engrenagens, não devem ser confundidos com os graus de viscosidade SAE para óleo de motores. Um lubrificante para engrenagem e um lubrificante para motor que tenham a mesma viscosidade, terão uma designação do grau SAE completamente diferente. Assim sendo, um óleo de engrenagem SAE 90 pode ser similar em viscosidade a um óleo para motor SAE 40 ou 50. Essa classificação é baseada na viscosidade medida em altas e baixas temperaturas, sendo que os valores em altas temperaturas são determinados de acordo com o método ASTM D-445, sendo o resultado obtido em centistokes (cSt), e os valores em baixas temperaturas são determinados de acordo com o método ASTM D2983 utilizando o viscosímetro Brookfield, sendo os resultados obtidos em Centipoises (cP). A classificação em baixa temperatura se define pela temperatura máxima para viscosidade de 150.000 cP (para fluidez a frio), mais as viscosidades mínimas em cSt a 100°C. Um lubrificante classificado como multiviscoso, como um óleo SAE 75W90 satisfaz as necessidades tanto em altas como em baixas temperaturas, conforme mostrado na tabela. Isto é, ele atua como um óleo SAE 75W nas baixas temperaturas e está na faixa de um óleo SAE 90 nas altas temperaturas. A escolha de um óleo para engrenagem e transmissão deve-se basear nas temperaturas extremas de serviço. Um óleo classificado como multiviscoso, deverá atender às necessidades de ambos os extremos de temperaturas. Classificação de serviço API As designações de serviço de lubrificantes estabelecidas pelo API (Instituto Americano de Petróleo) para transmissões manuais e eixos traseiros estão baseadas nos tipos das engrenagens e no grau de proteção antidesgaste e de extrema pressão necessários. 98 As designações de serviço API são uma maneira simplificada de comunicação para que os fabricantes de caixas de engrenagens e de veículos recomende os tipos de óleos adequados para lubrificação aos usuários finais e também que os fabricantes de lubrificantes desenvolvam e identifiquem por meio de rotulação das embalagens cada produto e sua utilização. A tabela abaixo fornece uma descrição simplificada das designações de serviço API para óleos de engrenagens, justamente com a designação GL (Gear Lubrificants) que especifica cada categoria. Normalmente, alguns lubrificantes são apropriados para lubrificação numa ampla faixa de condições de operação, podendo ser recomendados para mais de uma designação de serviço API. Embora as designações API são úteis quando se faz recomendações gerais, muitas aplicações devem receber um outro tipo de consideração, pois nem sempre as especificações de projeto da transmissão coincidem com os padrões estabelecidos pela API. Neste caso, alguns fabricantes podem exigir um óleo que se enquadre numa categoria diferente das normais ou então não recomendar uma determinada especificação de serviço API que pareceria satisfatória à primeira vista. Assim, deve-se sempre consultar em primeiro lugar as recomendações do fabricante. Deve-se também salientar que as designações de serviço API se aplicam somente para eixos e transmissões manuais. As transmissões automáticas, acoplamentos hidráulicos. Conversores de torque, diferenciais de deslizamento limitado e os sistemas hidráulicos, requerem geralmente outros tipos de lubrificantes que os descritos nesta categoria de serviço. Classificação API para Óleos de Transmissão Considerando a capacidade de carga como a principal característica dos lubrificantes para engrenagens e como os óleos chamados EP não definem a que carga podem resistir, a API criou 99 uma especificação GL (Gear Lubrificants – Lubrificantes de Engrenagens) de acordo com os serviços a serem prestados: GL-1 Serviço típico de engrenagens cônicas helicoidais e sem-fim, operando sob condições de baixa pressão e velocidade, tais que um óleo mineral puro pode ser usado satisfatoriamente. Os óleos podem possuir aditivos antiespumante, antioxidante, antiferrugem e abaixadores do ponto de fluidez. Não são satisfatórios para a maioria das caixas de mudanças de 3 ou 4 marchas dos automóveis, podendo satisfazer algumas transmissões de caminhões e tratores. Atualmente o GL-1 não é mais utilizado. GL-2 Designa o serviço de engrenagens sem-fim, onde, devido às condições de velocidade, carga e temperatura, os lubrificantes da especificação anterior não satisfazem. Contém, normalmente, aditivos antidesgaste ou em Extrema Pressão suave. Atualmente o GL-2 não é mais utilizado. GL-3 Serviço de engrenagens cônicas helicoidais sob condições de moderada severidade de velocidade e carga. Suportam condições mais severas que o GL-2 e contém aditivos antidesgaste ou um Extrema Pressão suave. GL-4 Serviço de engrenagens e particularmente das engrenagens hipoidais operando com alta velocidade e baixo torque, ou baixa velocidade e alto torque. Não se aplica, geralmente, aos diferenciais antiderrapante. Contém aditivos de Extrema Pressão. GL-5 Idem à GL-4, resistindo ainda a carga de choque. GL-6 Idem à GL-5, sendo especialmente recomendada para engrenagens hipoidais com grande distância entre os eixos e condições de alta performance. Atualmente o GL-6 não é mais utilizado. 100 MT-1 Especialmente recomendada para caixas de transmissão manuais não sincronizadas de caminhões de serviço pesado americanos. Possui maior resistência à oxidação. TRANSMISSÕES AUTOMÁTICAS A transmissão automática é um sistema composto de um conversor de torque e de um conjunto de engrenagens epicicloidais, que substitui a embreagem e o câmbio mecânico, realizando automaticamente suas funções. 101 Cada motor tem um regime mínimo de rotações por minuto, abaixo do qual ocorrem inconvenientes, e um regime máximo, que não pode ser superado sem prejuízos. Nos carros com transmissão convencional, cabe ao motorista efetuar as mudanças de marchas de modo a transmitir o maior torque possível às rodas sem, entretanto, transpor os limites de rotação do motor. Já os sistemas de transmissão automática incluem componentes capazes de escolher a melhor relação de marcha, compatível com a velocidade do veículo e o número de rotação ideal para o motor. Para tanto, a transmissão automática serve-se de dispositivos ligados às rodas, ao virabrequim e à borboleta do acelerador, que transmitem as informações necessárias para a seleção de marcha adequada. Os sinais provenientes das rodas indicam a velocidade com que o veículo se desloca e o sistema efetua então uma seleção básica de marchas: se a velocidade é elevada, engrena marchas altas; se ela é reduzida, engrena marchas baixas. Por sua vez, o sinal proveniente do virabrequim, escolhe, entre as marchas préselecionadas, aquela que vai permitir regime de rotações ideal. 102 A escolha das marchas, que ocorre normalmente pela ação dos dois sinais é, entretanto, alterada pelo sinal emitido pela borboleta do acelerador. Assim, quando ela se encontra em posição intermediária (portanto, também o acelerador está em posição intermediária) as marchas são trocadas em número relativamente baixo de rotações do motor. Se, por outro lado, a borboleta está totalmente aberta (consequentemente, com o acelerador empurrado até o fundo), ela envia um sinal que faz com que as marchas sejam trocadas apenas em números elevados de rotações do motor (dentro dos limites estabelecidos pelo fabricante). Graças a esse dispositivo, o motorista pode intervir na troca de marchas. Assim, o alívio momentâneo do pedal, durante a fase de aceleração, provoca a mudanças de uma marcha baixa para outra de maior velocidade (por exemplo, da segunda para a terceira). Por outro lado. Ao calcar-se repentinamente o acelerador, o sinal enviado pela borboleta à transmissão dispara o sistema que age sobre os comandos hidráulicos, provocando redução de marcha (manobra de kickdown). Outra forma do motorista intervir diretamente na troca de marchas é utilizar a alavanca seletora de marchas (em alguns casos a seleção é feita por botões). Existem carros com sobre-marcha ou com quatro marchas para frente, mas estes são poucos. As relações de marchas mais comuns em transmissões automáticas são: N (neutro ou ponto morto), onde nenhuma marcha é engrenada; 1 onde apenas a primeira marcha é engrenada; 2 onde somente a segunda é engrenada; D (drive) onde todas as marchas para a frente são engrenadas; e R (ré) que permite o deslocamento para trás. Assim, pode-se utilizar o freio motor em uma descida, colocando-se o seletor em 1 ou 2, o que provoca o bloqueio das marchas não selecionadas. O mecanismo que capta os sinais e programa o engate, constitui-se geralmente de um grupo de válvulas hidráulicas ou de um circuito eletrônico. Teoricamente o mesmo conjunto poderia comandar também o acionamento de uma embreagem normal. Entretanto, o engate da embreagem para a partida do carro, é operação delicada e lenta, que varia em função do piloto, da carga do veículo e da inclinação da rua, necessitando, pois, de um sistema especial. O problema é solucionado pelo conversor de torque, considerado com uma embreagem hidráulica, que age automaticamente assim que o motor supera certo número de giros. O conversor tem a vantagem 103 de transmitir, na saída do carro, um torque maior do que o sinal recebido, permitindo dessa forma reduzir o número de relações de marcha necessária. Não garante, contudo, o engate completo quando o carro está andando, pois só funciona enquanto existe deslizamento entre as duas peças giratórias que o compõem e, portanto, entre o cardã e o motor. Ao conversor de torque aplicado ao volante do motor, segue-se o câmbio de velocidades, constituído por engrenagens epicicloidais com engates graduais, obtidos através de fricções de discos, ou freios em forma de tiras ou cônicos. O sistema epicicloidal compõese da engrenagem solar e do conjunto de satélites e coroa, que estão sempre engatados e podem ser bloqueados gradualmente, de modo a se tornarem “motores”, ou alternadamente funcionar como “conduzidos”. O comando das fricções e dos freios de fita faz-se hidraulicamente, por meio de bateria de válvulas. O CONVERSOR DE TORQUE O conversor de torque tem duas funções principais. A primeira é que ele age como um acoplamento fluido que, usando um óleo com características específicas, transmite a força do motor ao conjunto de engrenagens da transmissão. Sua segunda função é multiplicar o torque do motor, quando se necessita de maior desempenho. O conversor de torque é composto por três elementos básicos: a bomba (elemento motor), a turbina (elemento movido) e o estator 104 (elemento de reação). A capa do conversor está soldada à bomba, selando os três membros num recipiente cheio de óleo. A capa do conversor está parafusada ao volante do motor, que por sua vez está ligado à árvore de manivelas (virabrequim). Portanto, a bomba do conversor está ligada ao motor, e gira na mesma rotação deste. Quando o motor funciona, a bomba do conversor de torque gira funcionando como uma bomba de óleo centrífuga, succionando o óleo no centro e expulsando-o por entre as palhetas de seu aro externo. O formato da bomba e das palhetas faz com que o óleo saia da bomba girando em sentido horário, em direção às palhetas da turbina. Quando o óleo as atinge, ele cede sua força à turbina, fazendo-a girar. Quando o motor está em marcha lenta e a bomba do conversor de torque não está girando em alta velocidade, a força do óleo não é suficiente para girar a turbina, permitindo que se deixe o veículo imóvel mesmo que a alavanca seletora esteja em posição de engrenamento. Ao se acelerar o veículo, a velocidade da bomba aumenta e a força do motor é transmitida à turbina e daí para o conjunto de engrenagens da transmissão. O óleo empresta sua força à turbina, entrando através de suas palhetas externas e saindo de suas palhetas centrais, girando em sentido anti-horário, opostamente ao sentido de rotação do motor. O torque desenvolvido pelo motor é absorvido pela turbina quando ela inverte o sentido de rotação do óleo enviado pela bomba. Se fosse permitido que o óleo girasse em sentido anti-horário proveniente da turbina e continuasse sua trajetória em direção às palhetas internas da bomba, ele prejudicaria sua rotação e, consequentemente, 105 reduziria a força que a bomba do conversor cederia ao óleo. Para que isso seja evitado, coloca-se o estator. O estator é montado entre a bomba e a turbina, sobre uma embreagem que permite sua rotação apenas no sentido horário. A finalidade do estator, é redirecionar o óleo proveniente da turbina, dando a ele o mesmo sentido de rotação que o da bomba. A energia contida no óleo é usada para auxiliar o motor a girar a bomba. Isto aumenta a força do óleo que irá girar a turbina e assim a multiplicar o torque do motor. A força do fluxo do óleo proveniente da turbina tenderia a girar o estator no sentido anti-horário, mas sua embreagem evita que isso ocorra. Com o aumento da velocidade, inverte-se o sentido de rotação do óleo que vem da turbina. O óleo atinge a parte traseira do estator no sentido horário. Agora, o estator estaria impedindo o fluxo do óleo, logo a embreagem permite que ele passe a girar livremente no sentido horário. O estator tornou-se inativo e não há mais multiplicação do torque, portanto o conversor tornou-se um simples acoplamento fluido e, a bomba e a turbina, estão girando na mesma velocidade. Características de um óleo para transmissão automática Os fluidos para transmissões automáticas (conhecidos apenas como FTA), transmitem a potência do motor para as rodas. Também atuam como meio hidráulico, comandando as válvulas de controle das fricções e dos freios de fita. Além disso, um fluído para transmissões automáticas deve lubrificar as engrenagens e os mancais do conjunto. Deve arrefecer o sistema e protegê-lo contra 106 a ferrugem e também deve manter o sistema limpo, removendo eventuais contaminantes presentes no conjunto. Para atenderem todas estas solicitações, os óleos utilizados com fluidos para transmissões automáticas devem possuir as seguintes características: • Viscosidade adequada: um fluido usado em uma transmissão automática deve ter sua viscosidade dentro da faixa de tolerância especificada pelo fabricante da mesma. • Alto índice de viscosidade: a viscosidade de um FTA deve variar o mínimo possível, para evitar-se mudanças sensíveis de comportamento na transmissão. • Resistência à formação de borra: o conjunto de válvulas de comando tem passagens de óleo de pequenas dimensões e de altíssima precisão. Se ocorrer formação de borra, o funcionamento da transmissão estará comprometido. • Resistência à formação de espuma: a espuma consiste de finíssimas películas de óleo envolvendo o ar atmosférico. Além de ser altamente prejudicial à lubrificação, é também nociva ao sistema hidráulico, pois o ar enclausurado nas bolhas de espuma é compressível, prejudicando a transmissão da força. • Grande efeito de limpeza: o óleo deve remover todos os contaminantes eventualmente presentes no sistema. • Coeficiente de atrito adequado: conforme o tipo de projeto da transmissão automática, o óleo deve apresentar um coeficiente de atrito apropriado para o bom funcionamento da mesma. 107 Conforme o tipo de transmissão, deve-se usar um fluido que tenha características de viscosidade, índice de viscosidade e coeficiente de atrito, de acordo com o especificado pelo fabricante da mesma. Listamos abaixo os principais fluidos de transmissão automática e sistemas hidráulicos de nossa linha de lubrificantes. GRAXAS LUBRIFICANTES AUTOMOTIVAS LUBRIFICAÇÃO À GRAXA Em um veículo existem muitos pontos a serem lubrificados que, por condições operacionais ou construtivas, não podem ser lubrificados por um óleo lubrificante. Nestes casos encontram-se, por exemplo, os mancais das rodas, articulações da suspensão, cruzetas, juntas homocinéticas, alguns tipos de caixas de direção, que necessitam 108 de um lubrificante que permaneça por longos períodos sem necessidade de relubrificação, devido às dificuldades operacionais de desmontagem destes pontos e que evite o atrito e o desgaste destas peças. As graxas são lubrificantes sólidos ou semifluidos, sendo constituídas de um agente espessador mais um lubrificante líquido, e aditivos. Como agente espessador, pode ser utilizado sabão metálico de cálcio ou lítio, bentonita ou ainda bases poliméricas. Como lubrificantes são utilizados óleos derivados de petróleo ou sintéticos. Os aditivos são os mesmos relacionados para lubrificantes em geral. Geralmente, as graxas automotivas para uso normal são fabricadas com sabão metálico como agente espessador, óleos lubrificantes derivados de petróleo como fluido lubrificante e aditivos antioxidantes, antiferrugem, extrema pressão, anticorrosão, antidesgaste e outros. PROPRIEDADES DAS GRAXAS As propriedades que uma graxa lubrificante possui, estão relacionadas com, a capacidade de vedação, resistência à água, resistência a altas e baixas temperaturas e adesividade. Estas propriedades são determinadas pelo tipo de espessante utilizado, sendo que os mais usuais são os sabões metálicos de cálcio, sódio, lítio e complexo de lítio. 109 As graxas de sabão de cálcio têm boa resistência à água, mas devido ao fato de terem água como agente estabilizador, elas se decompõem em temperaturas ao redor de 100°C, quando ocorre a evaporação desta água. Isto significa que estas graxas não devem ser usadas em altas temperaturas ou rotações, sendo empregadas na lubrificação de um veículo basicamente para pinos e articulações de suspensão e, quando aditivadas com grafite, na lubrificação de feixes de molas e quinta roda. As graxas a base do sabão de sódio, têm ponto de gota (temperatura de fusão) da ordem de 150°C, podendo ser usadas na lubrificação de quase todas as partes automotivas, com exceção dos mancais de rolamentos de rodas de veículos com freio a disco. Entretanto, o sabão de sódio é solúvel em água e assim, este tipo de graxa, nunca deve ser utilizada em locais onde haja possibilidade de contato com a mesma. As graxas de lítio têm, ponto de fusão relativamente alto e resistem bem à água, sendo usadas praticamente em todas as partes a serem lubrificadas de um veículo. Estas graxas são as chamadas ”Graxas de Múltiplas Aplicações” ou “Multipurpose”, já que podem substituir vários tipos de graxas e serem utilizadas em muitas aplicações. As graxas de complexo de lítio podem ser usadas em todos os pontos de lubrificação de um veículo, desde que aditivadas adequadamente para cada aplicação. Possuem um alto ponto de gota, excelente estabilidade mecânica e boa resistência a altas rotações. Devido à tendência de se padronizar a lubrificação para um determinado veículo, as graxas de lítio têm substituído com vantagens as graxas à base de cálcio e sódio. A tendência da 110 indústria automobilística atualmente é utilizar graxas à base de complexo de lítio para substituir todas as outras anteriores pelas mesmas razões de padronização e qualidade. CONSISTÊNCIA A graxa é um produto pastoso, não possuindo viscosidade como os óleos. Neste caso, determina-se a penetração, que é a medida de sua consistência. A determinação da penetração de uma graxa pode ser feita de duas maneiras: Penetração Trabalhada Para se medir a penetração trabalhada de uma graxa, antes de se fazer a determinação no aparelho de teste que é denominado PENETRÔMETRO, a graxa é trabalhada 60 vezes, por meio de um equipamento padronizado. Após isso, coloca-se a graxa num recipiente sob um cone, de dimensões, forma e peso normalizados e faz-se, a uma temperatura constante de 25°C, que o cone penetre na graxa por 5 segundos. Após isso, mede-se a profundidade que o cone penetrou, em décimos de milímetros. Quanto mais macia for a graxa, maior será a penetração. As graxas são classificadas em termos de consistência pelo sistema criado pelo NLGI (National Lubricating Grease Institute), onde os graus variam de acordo com a penetração. É importante notar que quanto mais dura for a graxa (menor penetração do cone), maior é o grau NLGI. 111 A seguir, a classificação de consistência das graxas lubrificantes da NLGI (National Lubricanting Grease Intitute): Penetração Não Trabalhada A penetração não trabalhada é feita da mesma maneira, porém a graxa não é batida ou trabalhada 60 vezes antes do teste. A penetração não trabalhada não é usada para a classificação NLGI, sendo utilizada apenas como referência de controle de qualidade durante a fabricação. Ponto de Gota ou Fusão A determinação do ponto de gota ou fusão, que é a menor temperatura na qual uma graxa deixa de ser semi-sólida e passa a ser líquida é determinada em laboratório com o nome de PONTO DE GOTA. Neste teste, determinada quantia de graxa é colocada no equipamento de medição e aquecida em condições controladas, até que a graxa passe do estado semisólido para o líquido. Nesta temperatura na qual cai a primeira gota, é denominado Ponto de Gota. 112 Uma graxa que tenha um alto ponto de gota, não significa que ela tenha alta consistência (dura) e vice-versa. Uma graxa com baixa consistência pode ter um alto ponto de gota, esta propriedade depende do tipo de espessante usado na graxa e de outras características de fabricação. A seguir, nossa linha de graxas lubrificantes automotivas: 113 LUBRIFICAÇÃO DE MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA PROBLEMAS DOS MOTORES E POSSÍVEIS CAUSAS Desgaste de Anéis, Pistões, Anéis Presos: • • • • • • • Filtragem de óleo e ar deficientes. Intervalo longo entre as trocas de óleo. Qualidade inadequada do óleo. Arrefecimento insuficiente. Anéis de tamanho errado. Distorções nas camisas de cilindros. Desgaste nas ranhuras de pistões. Desgaste e Avarias de Mancais e Bronzinas: • • • • • • • • • • Tempo de injeção incorreto (motores diesel). Excesso de carga. Filtragem de óleo e ar deficientes. Falhas metalúrgicas. Montagem errada. Fadiga do metal. Óleo inadequado. Viscosidade do óleo errada. Vazamento de água. Espuma e cavitação no óleo 114 Arranhamento e Avarias nas Camisas: • Problemas no período de amaciamento. • Defeitos durante a usinagem. • Distorções nas camisas. • Metalurgia inadequada. • Projetos de pistões e anéis. • Avanço da injeção impróprio (motores diesel). • Sobrecarga. • Viscosidade do óleo errada. • Filtragem de óleo e ar deficientes. • Anéis presos, quebrados ou desgastados. • Falta de lubrificação. • Arrefecimento insuficiente. Entupimento de Janelas (Motores 2 Tempos): • Sobrecarga. • Pouco ar de lavagem. • Arrefecimento insuficiente. • Aditivação inadequada do óleo lubrificante. • Óleo básico utilizado no óleo lubrificante inadequado. Verniz e Borra: • • • • • • • • • • Intervalo entre trocas muito longo. Qualidade inadequada do óleo. Baixa temperatura do óleo. Vazamento de água. Contaminações no óleo. Superaquecimento (verniz). Anéis em más condições Problemas na filtragem do óleo. Combustível de má qualidade. Problemas nos sistema de ventilação do cárter. 115 Superaquecimento, Pontos Quentes: • Bomba de óleo defeituosa. • Arrefecimento deficiente. • Sobrecarga. • Avanço errado. • Restrições na admissão de ar. • Viscosidade do óleo errada. • Desgaste nas válvulas e guias. • Anéis desgastados, presos ou quebrados. • Distorções nas camisas. • Mancais muito apertados ou desalinhados. Vida Curta do Óleo: • Óleo de baixa qualidade. • Superaquecimento. • Vazamento de água para o cárter. • Baixa temperatura do óleo e da água. • Contaminações • Anéis em más condições. • Filtragem de óleo e ar deficientes. Vida Curta do Filtro de Óleo: • Óleo de baixa qualidade. • Filtro com pequena capacidade de filtragem. • Anéis do cárter. • Anéis desgastados, presos ou quebrados. • Baixa temperatura do óleo e da água. • Filtro de ar em má condição. • Intervalo de troca muito longo. • Má qualidade do elemento filtrante. • Sobrecarga. Quebra do Turbo-Compressor: • Desbalanceamento devido depósito de cinzas. • Acúmulo de verniz. • Circulação de óleo deficiente. 116 Problemas Gerados pelas Falhas Mecânicas e de Lubrificação Óleo de Baixa Qualidade: • Depósitos de verniz. • Borra. • Vida curta do filtro. • Vida curta do óleo • Desgaste de anéis e válvulas. • Anéis presos. • Desgaste dos cilindros. • Entupimento de janelas (motores 2 tempos). • Desgaste e avarias de mancais. • Altos custos de manutenção. Válvulas em Más Condições: • • • • Depósitos de cinzas excessivos. Sobrecarga em quatro cilindros. Formação de fuligem. Potência reduzida. Injeção Fora do Ponto (Motores Diesel): • Sobrecarga. • Superaquecimento. • Desgaste e avarias nos mancais. • Perda de potência • Trincas no cabeçote. • Arranhamento das camisas. 117 Arrefecimento Insuficiente (Óleo é Água): • Vida curta do óleo. • Formação de verniz. • Anéis presos. • Arranhamento das camisas. • Trincas no cabeçote. • Desgaste de anéis. • Vida curta do filtro de óleo. Anéis em mau Estado: • Alto consumo de óleo. • Depósitos excessivos de cinzas. • Blowby elevado. • Verniz. • Borra. • Superaquecimento. • Perda de potência. • Arranhamento de camisas. • Agarramento dos pistões. • Sobrecarga nos outros cilindros. Intervalo de Troca Muito Longo: • Verniz. • Borra. • Anéis • Desgaste de anéis e camisas. • Vida mais curta do filtro de óleo. • Custo de manutenção mais alto. Filtragem Inadequada: • Verniz. • Borra. • Desgaste das peças móveis. • Sujeira e depósitos no motor. • Vida do óleo mais curta. • Anéis presos. 118 Causas das mudanças nas condições de óleo Queda do valor do TBN (número básico total) ou aumento do Número de Neutralização: • Óleo de baixa qualidade. • Intervalo de troca muito longo. • Filtragem inadequada. • Vazamento de água. • Arrefecimento deficiente. • Combustível com alto teor de enxofre (diesel). • Temperatura das paredes dos cilindros muito baixa. Água no Óleo: • Trinca no cabeçote. • Vazamento na junta do cabeçote. • Blowby excessivo. • Ventilação do cárter deficiente. • Temperatura do óleo muito baixa. • Serviço intermitente. • Contaminações externas Diminuição da Viscosidade: • Diluição com combustível. • Mistura com óleo de menor viscosidade. • Aumento da Viscosidade: • Intervalo entre as trocas muito longo. • Sobrecarga. • Arrefecimento deficiente. • Filtragem de óleo e ar deficientes. • Anéis em mau estado. • Contaminações. • Óleo de baixa qualidade. Alto teor de Insolúveis em Pentano e Tolueno: • Manutenção do filtro de ar inadequada. • Problemas na filtragem do óleo. • Arrefecimento deficiente. • Problemas na combustão. 119 MÁQUINAS DE TERRAPLANAGEM EQUIPAMENTOS DE CONSTRUÇÃO/TERRAPLANAGEM Com a finalidade de facilitarmos o reconhecimento de equipamentos da construção civil/terraplanagem, daremos uma descrição sumária das principais máquinas. Trator de rodas (agrícola) Trata-se de uma unidade básica de força para puxar ou empurrar implementos a ele acoplados tais como carretas, arados entre outros. Trator de esteiras Trata-se de trator projetado para serviços pesados de terraplanagem. O de rodas é mais ágil do que o de esteiras, porém este último possui capacidade de tração e sustentação maior em terras fofas e terrenos encharcados. Os implementos aqui constantes são: a) parte dianteira – lâmina (buldozer) para transporte de materiais em pequenas distâncias, nivelamento e desmatamento. b) parte traseira – escarificador (ripper) para fragmentar materiais duros. 120 Caminhão fora de estrada Caminhão para serviços pesados de transporte de terra e de minérios. A descarga é por inclinação da caçamba. Caminhão fora de estrada articulado Para terrenos de difícil acesso. Escavadeira (Drag-Line) É um equipamento para escavação de materiais com superestrutura giratória equipada com lança treliçada e caçamba acionada por cabos. Escavadeira Hidráulica É uma escavadeira hidráulica lança articulada para serviços junto ao local de escavação para terrenos de diversos tamanhos tipos. 121 Pá-carregadeira (Wheel Loader) Servem para escavações não muito profundas e para carga de materiais previamente fragmentados e/ou empilhados. São mais ágeis do que as escavadeiras. A pá, carregadeira de rodas, é mais manobrável e rápida que a de esteiras. Moto-Scraper Equipamento dotado de uma caçamba central com borda cortante acionada hidraulicamente para escavação e transporte e espalhamento de material, tracionada por 2 ou 4 rodas. 122 Retroescavadeira Equipamento dotado de pá carregadeira frontal e um braço de escavação traseiro para aplicações generalizadas em obras leves, saneamento, agricultura. Guincho móvel (Crane) É uma máquina para levantamento e transporte de volumes/ containers em pátios de manobras de armazenamento. Motoniveladora (Motor Grader): É uma máquina para dar conformidade ao leito de uma estrada aos taludes e valas. Além disso, espalha e nivela o material. É chamada às vezes de “Patrol”. 123 Compactadores Auto-Propelidos Equipamentos para diversos tipos de pavimento, bases, asfalto e outros materiais. LUBRIFICAÇÃO DE AUTOMÓVEIS, CAMINHÕES, ÔNIBUS, TRATORES DE RODAS E EQUIPAMENTOS DE TERRAPLANAGEM: (CONSULTAR O MANUAL DO VEÍCULO/EQUIPAMENTO) 124 125 126 127 128 CUIDADOS PARA ARMAZENAMENTO E MANUSEIO DE LUBRIFICANTES Manuseio Descuidado dos Tambores Quedas bruscas, descidas de rampas sem proteção, rolar em terreno irregular, resultam em furos, amassamentos ou desaparecimento da identificação do produto. 129 O descarregamento de caminhões deverá ser feito por meio de empilhadeiras ou de rampas com pneus em sua extremidade e nunca jogados sobre pneus. Contaminação por água A água prejudica qualquer tipo de lubrificante. Os óleos aditivados ou graxas podem ter seus aditivos deteriorados ou precipitados pela presença de água. Contaminação por Impurezas A presença de materiais estranhos, como a poeira, areia, folhas, pregos e outros causam sempre sérios problemas. Misturas Acidentais de Produto Sérios inconvenientes podem, surgir pela mistura de óleos ou graxas. Os produtos aditivados, muitas vezes, não se misturam normalmente, podendo haver precipitação de aditivos. 130 Para não haver trocas possíveis, os vasilhames devem estar claramente identificados. Armazenagem ao Ar Livre a) b) c) Não havendo possibilidade de se armazenar em recinto fechado, devemos observar os seguintes cuidados: Tambores deitados: evitar o contato com o chão colocando os tambores sobre ripas de madeira, com os bujões numa linha aproximadamente horizontal. Tambores em pé: neste caso cobrir os tambores com um encerado, e evitar o contato dos mesmos com o chão. Embalagens pequenas: colocar sobre pranchas de maneira, para evitar o contato com o chão e cobrir com um encerado. Armazenamento em Recinto Fechado Este tipo de armazenamento não requer grandes preocupações, exceto quanto à verificação periódica, para evitar a deterioração do produto ou desaparecimento de marcas. Nunca deixar vasilhames abertos. Almoxarifados de Lubrificantes O almoxarifado deverá ficar afastado do processo de fabricação que produzem poeira que pode contaminar o produto. Afastado também, de fontes de calor como caldeiras, que podem deteriorar o produto. Os tambores deverão ficar deitados em estrados de madeira, com torneiras adaptadas aos bujões para a retirada do produto. As 131 marcas dos tambores deverão estar sempre bem visíveis. Limpar sempre em volta da torneira ou bujão antes de abrir. Recipientes de Distribuição Estes deverão estar marcados da mesma forma que o tambor, para evitar troca na hora da aplicação. Todos os recipientes utilizados na distribuição (funis, almotolias, pistolas graxeiras), deverão estar sempre limpos e é conveniente lavá-los com querosene e secá-los, antes de cada distribuição. Não se deve usar para limpeza panos que deixem fiapos, principalmente estopa. As graxas são mais difíceis de distribuir. É desaconselhável retirálas do vasilhame com pedaços de madeira, em virtude do perigo de contaminação em recipiente aberto. Aconselha-se a instalação de bombas manuais, ficando assim sempre fechados os recipientes. NOTA: 1. Extremos de Temperatura Além da contaminação, os lubrificantes podem ter suas características alteradas, quando sujeitos aos extremos de temperatura; isto se aplica especialmente a certas graxas, que podem apresentar separação de óleo da massa de graxa quando estocados em condições de calor excessivo. 2. Graxas de Sabão de Cálcio As graxas de sabão de cálcio podem ter sua consistência alterada, endurecerem enquanto permanecem estocadas por um período de tempo aproximadamente superior a seis meses. Por isso, devemos manter uma rotatividade, o que, aliás, deve ser feito com todos os lubrificantes. FIM 132