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Proposta de Desenvolvimento de uma
Subestação Móvel Fragmentada para
Atendimento de Cargas Sazonais
A. B. de Vasconcellos, Dr., UFMT, T.I.R.C. Malheiros, PhD, IFMT, R. V. Rocha, Eng., UFMT, M. S.
C. de Carvalho, Acad., UFMT, S. B. Lanzarin, Eng., Rede/Cemat, L. V. Dutra, Eng., Rede/Cemat
Resumo – Atualmente as subestações móveis existentes no
mercado têm como característica um conjunto único envolvendo
proteção, chaves, transformador e outros. Este conjunto possui
elevado peso e tamanho, dificultando a trafegabilidade e
mobilidade, devido as limitações impostas pelo DNIT, além da
dimensão e características da malha viária do estado de Mato
Grosso. Neste artigo se discute uma concepção de subestação
móvel fragmentada em módulos. Esta nova proposta
proporcionará um atendimento mais rápido evitando penalidades
incidentes nos indicadores de continuidade, além de diversidade
nos atendimentos emergenciais, assim como no atendimento de
demandas máximas sazonais de determinadas regiões do estado
devido a características das indústrias que compõem o
agronegócio. Adicional o artigo abordará algumas vantagens no
uso de óleos vegetais em relação ao óleo mineral. O uso de óleo
vegetal além de apresentar vantagens técnicas, diminui possíveis
danos ao meio ambiente durante o deslocamento da subestação
móvel.
Palavras Chaves – Agronegócio, Mobilidade, Sazonalidade,
Subestação, Trafegabilidade.
I. INTRODUÇÃO
O estado de Mato Grosso (MT) possui uma área em torno de
903.386,1 km² com planaltos e chapadas no centro, planície
com pântanos a oeste e depressões e planaltos residuais a
norte. O Estado apresenta uma demanda média de potência
ativa em torno de 1,5 GW e um consumo de energia em torno
de 5.600 GWh com características crescentes de expansão
com a entrada de novas indústrias do setor do agronegócio.
No entanto, este crescimento não é acompanhado pela
infraestrutura de transporte apesar do escoamento da produção
ser feito basicamente por transporte rodoviário. O Estado
conta com 84.200 km de rodovias, sendo 7 rodovias federais
(BR-070, BR-163, BR-364, BR-158, BR-174, BR-242, BR251) que totalizam 4.000 km, e cerca de 165 rodovias
estaduais que totalizam 20.000 km, e também rodovias
municipais que totalizam cerca de 60.000 km.
Desse total, 4.500 km, em torno de 5% são pavimentados,
dos quais 2.711 km que correspondem a 68,6% são de
jurisdição federal, restando aproximadamente 1.789 km de
rodovias estaduais pavimentadas. Neste contexto, o Estado
apresenta um elevado percentual de vias sem pavimentação,
sendo 21% da malha viária federal, 89,3% da malha estadual e
quase a totalidade da malha municipal.
O presente artigo analisa a localização de subestações fixas
dos Centros Regionais de Serviço do Grupo REDE e Centrais
Elétricas Mato-grossenses S.A. (REDE / CEMAT) , bem
como suas condições de acesso, níveis de tensão,
características das cargas atendidas pelas mesmas e a situação
atual dos Transformadores de Potência que atendem as cargas
sazonais que compõem as industriais ligadas ao agronegócio.
Neste contexto, foi analisada a viabilidade técnica e
econômica do uso de subestações móveis fragmentadas para
atender regiões de difícil acesso que apresentam demandas de
potência ativa com características sazonais relativas ao
atendimento de demandas máximas de determinadas regiões
do estado de Mato Grosso, devido às características das
indústrias que compõem o agronegócio, assim como
problemas na parte de proteção, chaveamento, etc.
II. ANÁLISE DOS ÍNDICES DE CONTINUIDADE DEC/FEC DA
CONCESSIONÁRIA
A agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL utiliza
alguns índices para verificação da qualidade dos serviços
prestados pelas concessionárias de energia elétrica aos seus
consumidores [1]. Os principais são: Duração Equivalente de
Interrupção por Consumidor (DEC) medido em horas e
Frequência Equivalente de Interrupção por Consumidor (FEC)
medido em número de vezes. Além desses, a CEMAT
acompanha o Tempo médio de Atendimento (TMA) medido
em minutos, que mostra o tempo médio em que são atendidas
as reclamações e solicitações dos clientes.
Em 2012, o indicador DEC apresentou uma elevação de
16,10%, e o FEC de 15,90%, como pode ser visto na Tabela I.
Esses aumentos foram impulsionados durante o período
chuvoso, nos meses de setembro a dezembro, que contribuiu
para o aumento das ocorrências acidentais, tais como quedas
de galhos de árvores, placas de publicidade, dentre outros, no
sistema elétrico da Companhia.
Para a redução desses índices, a CEMAT efetuará, em
2013, o aumento das estruturas de manutenção e atendimento,
além de investimentos em pontos críticos do sistema, tais
como a melhoria do sistema de aterramento de algumas linhas
de distribuição, construção de alimentadores e reforço de
subestações.
O TMA apresentou um aumento de 11,80% em relação ao
exercício anterior, em consequência do FEC acidental
(comentado anteriormente), o que resultou em um
considerável incremento do número de ordens de serviços
durante o período chuvoso. Portanto esta nova concepção de
subestação móvel fragmentada poderá contribuir para melhora
dos índices de continuidade de serviço da Concessionária.
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TABELA I – Índices continuidade de serviço.
2012
2011
Var. 2011 – 2012 (%)
DEC
33,9
29,2
16,10%
FEC
24,1
20,8
15,90%
TMA
253,4
226,6
11,80%
III. ANÁLISE DA SAZONALIDADE DO SISTEMA ELÉTRICO DA
CEMAT
Para analisar o perfil das cargas sazonais a serem atendidas
pela subestação móvel fragmentada foi realizado um
levantamento do perfil das subestações fixas pertencentes aos
Centros Regionais de Serviços da Concessionária localizados
em Sinop, Tangará da Serra, Barra do Garças, Cáceres,
Confresa, Juína, Rondonópolis e Área Metropolitana de
Cuiabá.
Através deste levantamento pode-se verificar que várias
Subestações que atendem cargas rurais têm um aumento no
carregamento dos transformadores em determinados períodos
do ano devido à colheita, secagem e armazenagem dos
produtos ligados ao agronegócio. Portanto, durante os meses
em que ocorre aumento da solicitação de demanda de potência
ativa devido à sazonalidade das cargas, há uma sobrecarga nos
transformadores que pode ser prejudicial à continuidade do
atendimento das Unidades Consumidoras.
Como as características das cargas do agronegócio
ocorrem três a quatro meses durante o ano alternadamente nas
subestações que fazem parte dos Centros Regionais de
Serviço, os investimentos para aumentar a capacidade de
diversas subestações fixas não condizem com a modicidade
tarifária. Entretanto, com a subestação móvel fragmentada as
cargas sazonais atendidas pelas subestações dos vários Centros
Regionais de Serviço poderiam ser atendidas, uma vez que as
demandas de potência sazonais que fazem parte do
agronegócio, como irrigação, produção de calcário para
plantação, esmagamento de grãos, armazenamento, dentre
outros, não ocorrem no mesmo período.
Analisando as condições das rodovias estaduais e federais
que interligam os vários municípios onde se localizam as
subestações dos Centros Regionais de Serviço que atendem
cargas sazonais, pode-se constatar através dos levantamentos
efetuados, que muitas delas são de leitos naturais e as
pavimentadas não se encontram em boas condições de trafego.
Entretanto, a fragmentação da subestação móvel em dois
módulos, sendo um composto pelo transformador móvel em
um semirreboque e outro composto pelos módulos AT e BT
em dois semirreboques facilitará a mobilidade em sistemas
viários de acesso limitado devido às condições de manutenção
e falta de infraestrutura.
Para analisar o carregamento dos transformadores das
subestações pertencentes aos Centros Regionais de Serviço foi
realizado um levantamento do perfil das tensões das várias
subestações dos municípios de Mato Grosso atendidos pela
CEMAT.
Com estas informações foi realizado o levantamento do
nível de tensão do barramento das subestações que
apresentavam como característica o atendimento de cargas não
urbanas. Assim, definiu-se que o Transformador da
Subestação móvel seria para tensões nominais primária de 138
kV e 69 kV e tensões nominais secundária de 34,5 kV e 13,8
kV, pois as subestações com maior predominância de cargas
sazonais são as de 69 kV e 138 kV.
São mostrados nesse artigo dois exemplos que ilustram a
questão da sazonalidade das subestações fixas: a subestação do
município de Sorriso que atende cargas sazonais devido ao
agronegócio, e a subestação de Rondonópolis que apresenta
sazonalidade em função da temperatura média da região.
IV. CARACTERÍSTICAS DO TRANSFORMADOR DO
BARRAMENTO DE 69 KV DO MUNICÍPIO DE SORRISO
A economia do município de Sorriso está diretamente
relacionada ao agronegócio, sendo o cultivo da soja a principal
atividade. É considerado o maior produtor de soja do país. No
município encontram-se instaladas multinacionais, como a
Archer Daniels Midland (ADM), Bunge, Cargill, Dreyfus,
Noble e Glencore, além de empresas regionais como Amaggi,
Coacen, Fiagril e Multigrain entre outras. Também se destaca
a produção de algodão e milho. Possui dois abatedouros de
aves, dois abatedouros de peixes e três de suínos, com
previsão de instalação de outro para 2013. É o município que,
individualmente, mais produz grãos no Brasil: 3% da
produção nacional e 17% da produção estadual. Em seus
600.000 hectares agricultáveis produzem mais de 1,8 milhões
de toneladas de grãos, além de 26,4 mil toneladas de pluma de
algodão. A soja é a principal cultura, atingindo quase 84% da
produção.
As Figs. 1, 2 e 3 ilustram a corrente trifásica, a potência
aparente trifásica e a demanda de potência ativa do
transformador 02 do barramento de 69 kV da Subestação do
município de Sorriso durante o período de um ano. Pode-se
notar um aumento significativo na demanda de potência ativa
na figura 3, nos meses maio, junho e julho que é coincidente
com as atividades do agronegócio relativas à colheita,
secagem e armazenamento de grãos.
Fig. 1– Corrente trifásica secundária do transformador 02 de 69 kV/13,8
kV e 12,5 MVA da subestação do município de Sorriso.
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V. CARACTERÍSTICAS DOS TRANSFORMADORES DO
BARRAMENTO DE 138 KV DO MUNICÍPIO DE RONDONÓPOLIS
As Figs. 5, 6 e 7 ilustram a corrente trifásica, a potência
aparente trifásica e a demanda de potência ativa do
transformador 01 do barramento de 138 kV da Subestação do
município de Rondonópolis durante o período de um ano.
Pode-se notar um aumento significativo na demanda de
potência ativa nos meses de setembro, outubro e novembro
devido às condições climáticas da região que está localizado o
município.
Fig. 2 – Potência aparente do transformador 02 de 69 kV/13,8 kV e 12,5 MVA
da subestação do município de Sorriso.
Fig. 5– Corrente trifásica secundária do transformador 01 de 138 kV/13,8 kV
e 25 MVA da subestação do município de Rondonópolis.
Fig. 3 – Demanda de potência ativa do transformador 02 de 69 kV/13,8 kV e
12,5 MVA da subestação do município de Sorriso.
Através do arquivo climático do município de Sorriso e
utilizando o Software EnergyPlus foi traçado o perfil das
temperaturas média mensal para o ano de 2012, que está
ilustrada na Fig. 4. Analisando a Fig. 4 observa-se que apesar
da temperatura nos meses de agosto, setembro e outubro
continuar elevada, há redução da demanda de potência ativa,
conforme ilustrado na Fig. 3, verificando-se características de
sazonalidade no carregamento do transformador nos meses de
maio, junho e julho relativas as atividades agronegócio de
colheita, armazenamento e secagem de grãos.
Temperatura Média Mensal do Município de Sorriso
(°C)
Fig. 6– Potência aparente do transformador 01 de 138 kV/13,8 kV e 25
MVA da subestação do município de Rondonópolis.
30
25
20
15
10
5
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Fig. 4 – Temperatura média mensal do município de Sorriso.
Fig. 7– Demanda de potência ativa do transformador 01 de 138 kV/13,8 kV e
25 MVA da subestação do município de Rondonópolis.
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Através do arquivo climático do município de
Rondonópolis e utilizando o Software EnergyPlus foi traçado
o perfil da temperatura média mensal para o ano de 2012 que
está ilustrada na Fig. 8.
Analisando a Fig. 8 observa-se um aumento da temperatura
nos meses de setembro, outubro e novembro que coincide,
como mostra a Fig. 7, com um aumento significativo na
demanda de potência ativa no transformador 1 (um) da
subestação do Município de Rondonópolis nos meses de
setembro, outubro e novembro, proporcionadas pelas
condições climáticas da região e não associadas as atividades
relacionadas ao agronegócio.
Temperatura Média Mensal do Município de
Rondonópolis (°C)
30
25
20
15
10
5
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Fig. 8 – Temperatura média mensal do município de Rondonópolis.
VI. MODELO PROPOSTO PARA SUBESTAÇÃO MÓVEL
FRAGMENTADA
A Fig. 9 ilustra o diagrama esquemático resumido de uma
subestação móvel convencional composta da proteção
juntamente com o transformador e demais acessórios.
TABELA II - Condições de trafegabilidade - DNIT
Condição
Peso
Largura
Altura
Comp.
(t)
(m)
(m)
(m)
≤ 45
≤ 2,60
≤ 4,40
≤ 19,80
Tráfego Livre
Autorização
Anual (tráfego
≤ 57
≤ 3,00
≤ 4,40
≤ 23,00
livre durante as
24hs do dia)
Autorização
Anual (tráfego
permitido
≤ 57
≤ 3,20
≤ 4,40
≤ 23,00
somente do pôr
do sol ao
amanhecer)
Autorização para
cada
≤ 74
≤ 3,20
≤ 4,40
≤ 23,00
deslocamento
necessário
Autorização para
cada
deslocamento
> 74
> 3,20
> 4,40
> 23,00
necessário +
batedores para
escoltar e/ou
escolta policial
A proposta da presente pesquisa ilustrada na Fig. 10
consiste na separação da estrutura convencional que é
mostrada na Fig. 9, isto é, um cavalo mecânico com sua
respectiva carreta, transportando um transformador móvel que
poderá atender situações de emergência e cargas sazonais em
regiões de difícil acesso e trafegabilidade ou quando houver
necessidade de manutenção ou troca do próprio equipamento
com problemas mecânicos ou elétricos, e um segundo cavalo
mecânico transportando a parte de proteção composta de
chave, para-raios e disjuntor de alta e baixa tensão que poderá
ser utilizado para atender também situações de emergência de
proteção de subestações de difícil acesso e trafegabilidade [10]
– [11].
Fig. 9 – Diagrama esquemático resumido de uma subestação móvel
convencional.
Como pode ser visto, a estrutura do arranjo mostra que em
uma região dominada por estradas sem pavimentação e
acostamentos o seu deslocamento não seria condizente com a
sua utilização, que é atender situações de emergência e
situações de sazonalidade de cargas do agronegócio que se
encontra em regiões de difícil acesso, como é o caso de
algumas áreas de concessão que fazem parte da concessionária
REDE CEMAT no estado de Mato Grosso. A Tabela II ilustra
as condições de trafegabilidade que constam na resolução Nº
11 do DNIT [2], publicada no DOU em 25 de outubro de
2004, ratificada em 4/01/2005 e 16/06/2005 que trata da
autorização da mobilidade de carretas nas rodovias a partir de
certo peso, largura, altura e comprimento. Como se pode
observar, a maioria das subestações móveis convencionais não
apresentam condições de trafegabilidade livre segundo a
legislação.
Fig. 10 – Diagrama esquemático resumido de uma subestação móvel
fragmentada.
Além de resolver a questão da trafegabilidade, em razão da
fragmentação e tamanho, há também a preocupação com o
meio ambiente. Dessa forma, a proposta do presente trabalho
tem também como objetivo a substituição do óleo mineral
isolante (OMI) usado nos enrolamentos dos transformadores
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convencionais de potência elevada pelo óleo vegetal isolante
(OVI) [3] – [4].
Como a subestação móvel fragmentada se deslocará através
de várias regiões de estradas vicinais sem pavimentação
ladeadas por rios e córregos, o óleo mineral usado no
transformador poderá contaminar ambientalmente essas
regiões devido a acidentes ocasionais, sendo então substituído
pelo óleo vegetal cujos possíveis danos ambientais serão
minimizados.
O óleo vegetal é uma gordura formada por triglicerídeos e
extraída de plantas. Apesar de, em princípio, outras partes da
planta poderem ser utilizadas na extração de óleo, na prática
este é extraído na sua maioria (quase exclusivamente) das
sementes.
A substituição dos óleos isolantes minerais por fluidos de
origem vegetal em transformadores de potência tem
despertado um alto grau de interesse nos últimos anos. Isso se
deve a diversos fatores como o elevado ponto de fulgor, a alta
higroscopia, que pode permitir que o papel isolante mantenhase mais seco, a não toxidade e elevada biodegradabilidade, que
o tornam atrativo do ponto de vista ambiental, dentre outras
características.
Os óleos vegetais são compostos orgânicos à base de
ésteres, produtos agrícolas naturais ou sintetizados
quimicamente por precursores orgânicos. Os fluidos
dielétricos baseados em éster sintético possuem boas
características dielétricas e são mais biodegradáveis do que os
óleos minerais baseados em hidrocarbonetos de alto poder
molecular. Além disso, tem excelente estabilidade térmica,
boas propriedades em altas temperaturas, ponto de fluidez
próximo ao do óleo mineral convencional e rigidez dielétrica e
viscosidades similares à formulação com éster natural. Seu
alto custo, comparado a outros fluidos resistentes ao fogo,
geralmente limita seu uso a subestações móveis,
transformadores de tração e outras aplicações especiais. O
éster natural possui viscosidade ligeiramente superior à do
óleo mineral, maior resistência ao fogo e rigidez dielétrica
superior, tanto no fluido novo quanto após múltiplas operações
de chaveamento sob carga. O aspecto negativo é seu ponto de
fluidez relativamente alto.
Uma fonte atrativa de ésteres naturais são os óleos de
sementes. Disponíveis em larga escala e com custo de
produção reduzido, estas sementes (derivadas de fontes
naturais renováveis, ao contrário dos óleos minerais) são
utilizadas principalmente em gêneros alimentícios.
A
formulação do óleo vegetal não apresenta nenhuma toxidade
ao ser humano e tem tempo de degradação muito menor do
que os óleos minerais. Além disso, os produtos de sua
combustão completa são somente gás carbônico e água. O
fluido pode ser filtrado, reciclado e facilmente descartável.
Uma questão pertinente à adoção do óleo vegetal em
transformadores é a durabilidade do papel isolante conforme
mostra a Fig. 11, ou seja, a forma como o novo fluido isolante
afeta a vida útil da isolação sólida [3] – [4].
Fig. 11 - Comparativo do envelhecimento do papel isolante com os diferentes
fluidos [3].
O óleo mineral isolante (OMI) é um produto derivado do
petróleo, que é uma fonte finita, enquanto que o óleo vegetal
isolante (OVI) é obtido a partir de oleaginosas, como milho,
girassol, soja, etc., que são fontes renováveis. Quando ocorrem
vazamentos, o OMI contamina o solo e os sistemas hídricos
em virtude de seu lento processo de biodegradação. Por ser
formulado a partir de matéria prima natural, o OVI é
facilmente biodegradável no meio ambiente, sendo, portanto,
uma excelente opção para as empresas que se preocupam com
a preservação do meio ambiente.
Durante a utilização do óleo isolante no equipamento, este
está sujeito a um processo de oxidação, formando ácidos como
produtos finais da degradação que podem ser mensurados por
meio do índice de acidez. No caso do OMI, estes compostos, a
partir de certa concentração, são indesejáveis, pois agridem os
materiais do equipamento, principalmente o papel Kraft
isolante, diminuindo, consequentemente, a sua vida útil. Tais
compostos podem, ainda, polimerizar e formar borra, que ao
se depositar na parte ativa ou nos trocadores de calor, dificulta
a transferência de calor para o meio ambiente. Os índices de
neutralização dos OVIs são normalmente mais altos do que os
do OMI. OVIs oxidados tendem a formar longas cadeias de
ácidos graxos enquanto que o OMI tende a formar ácidos
orgânicos de cadeia curta, sendo estes muito mais agressivos.
A umidade no OMI atua como agente catalisador na
decomposição da celulose, diminuindo, consequentemente, a
vida útil do equipamento elétrico. Devido à sua natureza
química, o OVI apresenta grande afinidade com a água. Esta
propriedade contribui para o aumento da vida útil da isolação
sólida. Em aplicações onde riscos de incêndio e de explosão
devem ser minimizados é recomendado o uso de fluidos de
segurança. Para ser considerado fluido de segurança, o líquido
isolante deve apresentar um ponto de combustão de no
mínimo 300°C. Como os OVIs apresentam pontos de
combustão superiores a 300°C, estes são considerados fluidos
de segurança, ao contrário do OMI que possui um ponto de
combustão em torno de 150°C. Equipamentos isolados a OVI
não apresentam risco de falhas devido ao enxofre corrosivo.
OMIs possuem compostos orgânicos à base de enxofre.
O uso do OVI é uma realidade no setor elétrico nacional.
Seu uso em transformadores de distribuição está consolidado.
O uso em equipamentos de potência está sendo investigado
por várias concessionárias de energia e instituições de
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pesquisa. Com a expansão de seu uso, o setor elétrico estará
contribuindo para a manutenção do meio ambiente e para a
sustentabilidade do país.
VII. CONCLUSÕES
O presente artigo analisou o desenvolvimento de uma
subestação móvel fragmentada, visto que atualmente as
subestações móveis existentes no mercado têm como
características um conjunto único envolvendo proteção,
transformador e outros. Este conjunto possui elevado peso e
tamanho, dificultando a trafegabilidade e mobilidade, devido à
necessidade de acompanhamento de batedores e licenciamento
especial, além de não ser permitido a sua locomoção no
período noturno, ocorrendo um retardo de atendimento
emergencial. Além disso, a maior parte das linhas de
transmissão que atendem as várias regiões do estado de Mato
Grosso faz parte de um sistema radial não oferecendo
alternativa de atendimento em caso de ocorrência de
emergência em subestações fixas. Esta nova proposta
proporcionará um atendimento mais rápido evitando
penalidades incidentes nos indicadores de continuidade, além
de diversidade nos atendimentos emergenciais, pois poderá ter
aplicação individual das partes componentes. Isto é, podendo
atender subestações fixas que apresentam problemas somente
na parte de proteção e/ou chaveamento, assim como no
atendimento de demandas máximas de determinadas regiões
do Estado devido a características das indústrias que compõem
o agronegócio. Verificou-se também, que a substituição do
óleo mineral pelo óleo vegetal apresenta vantagens técnicas e
diminui possíveis danos ao meio ambiente durante o
deslocamento da subestação móvel.
VIII. REFERÊNCIAS
[1]
[2]
ANEEL. Resolução Normativa 3.987, de 19 de março de 2013.
DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).
Resolução 11.
[3] S. M. Melo. Estudo da Aplicação de Óleo Vegetal Como Óleo Isolante
em Transformador Elétrico. Universidade Federal do Piauí.
[4] M. B. C. STOCCO. Avaliação do Potencial de Aplicação de Óleos
Vegetais como Fluidos Isolantes em Transformadores de Distribuição da
Rede Elétrica. Curitiba. 2009.
[5] Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. NBR 5356 Agosto 1993 - Transformador de Potência – Especificação.
[6] Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. NBR 8153 Agosto 1993 - Transformador de Potência – Especificação.
[7] Massachusetts Institute of Technology Staff. Magnetics Circuits and
Transformers. The MIT Press, fifteenth printing, 1965.
[8] Fitzgerald. A. E. Máquinas Elétricas. Editora McGraw-Hill do Brasil,
1975.
[9] J. C. O. Fandi. Modelagem de Transformadores de Três Colunas para
Estudos de Corrente de Energização. Dissertação de Mestrado,
Universidade Federal de Uberlândia, 2003.
[10] Christof Devriendt, Patrick Guillaume, Jose Lopez-Roldanb. Structural
dynamics of a mobile substation during transport. Engineering
Structures, 2007.
[11] R. F. Stevens, A. A. Straub, V. J. Hayes. Working Group Report on
Mobile Substations-Their Use and the Design Or Distribution
Substations to Facilitate Their Use. AIEE COMMITTEE REPORT.
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