T r a c ç ã o l é c t r i c a E E r T 2005 — 10 /////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// Em 1953 começou-se a preparar a realização de uma primeira fase de electrificação dos caminhos de ferro em Portugal, que se iniciou em 1955 com a electrificação da Linha de Sintra e a electrificação parcial da Linha do Norte entre Lisboa e o Entroncamento. Foram aspectos salientes desta electrificação: 1. a alimentação em energia eléctrica seria feita pela rede geral explorada pela CNE — Companhia Nacional de Electricidade; 2. o sistema de electrificação adoptado seria, o então normalizado, sistema em corrente alternada 25 kV, e frequência industrial 50 Hz; 3. a ligação à rede eléctrica geral seria à rede de 60 kV entre o Porto e o Entroncamento, e nos arredores de Lisboa seria à rede de 30 kV; foi adoptada um dupla ligação de entrada (duas chegadas) para as subestações (redundância); 4. atendendo ás preocupações com o desequilíbrio de fases provocado na rede trifásica pela cargas eléctricas monofásicas das subestações de tracção foi decidido utilizar (em 1953) nas subestações uma transformação trifásico–difásico com transformadores monofásicos em montagem Scott por ser a que menores desequilíbrio provoca; 5. foram logo definidos o número final de subestações de tracção (SST) — cinco que seriam Sta Iria, Entroncamento, Alfarelos, Salreu e Travagem —, sendo construídas na 1ª fase as subestações de Sta Iria (Sacavém), alimentando a Linha de Sintra e a Linha do Norte desde a Estação de St. Apolónia até ao Vale de Santarém, e a subestação Entroncamento, alimentando do Vale de Santarém até à estação do caminho de ferro do Entroncamento. A adopção da ligação Scott teve como consequência que à saída da subestação estavam disponíveis duas fases consecutivas de um sistema tetrafásico — formando um sistema hemi–tetratfásico — com as duas fases esfasadas de 90°. Cada fase alimenta um ramo monofásico da linha de contacto e os dois ramos estão separados por uma zona neutra (zona desprovida de alimentação). 6. a existência de duas tensões esfasadas de 90° e prevendo possíveis situações de fornecimento de energia eléctrica à linha de caminho de ferro com uma, ou várias subestações fora de serviço — através do paralelo de subestações — estabeleceu-se que cada fase de uma subestação alimenta a catenária desde a subestação até meia distância da subestação seguinte; 7. dum lado e do outro de uma zona neutra situada a meia distância entre duas subestações as tensões estão em fase; © Manuel Vaz Guedes, 2005 Sumário — 29/ Nov/20 05 Veículos Eléctricos Viagem de UME 3400 + Visita à Subestação de Irivo TRACÇÃO TrE ELÉCTRICA Tr E TRACÇÃO ELÉCTRIC A /////////////////////////////////////////////////// 2005 — 10 8. o paralelo de ramos da linha, para facilitar a alimentação em energia em caso de estarem subestações fora de serviço, pode ser: Longitudinal — quando se ligam dois ramos com a mesma fase através de uma zona neutra situada a meia distância entre subestações; Transversal — quando se ligam dois ramos contíguos situados entre uma zonas neutra e uma subestação, ou entre a subestação e uma extremidade da linha; 9. nas subestações de tracção existiam três transformadores monofásicos com tomadas comutáveis fora de carga: um transformador base, um transformador altura e um transformador de reserva, que por actuação no barramento da subestação e por alteração do número de espiras do enrolamento primário podia desempenhar a função de qualquer um dos dois transformadores da montagem: 1 0 . os transformadores foram dimensionados para uma potência de 10 MVA e para aguentarem uma sobrecarga elevada durante bastante tempo (sobrecarga de 100% durante 5 min), e com uma tensão de curto-circuito superior ao normal; 1 1 . numa subestação existem sistemas de protecção do transformador — Buchollz, termostato, diferencial, e de máximo de intensidade de tempo inverso —, e sistemas de protecção da subestação — disjuntores comandados por relés de protecção, descarregadores de tensão —, e existem sistemas de telecomando e telemedida a partir de duas das subestações (onde existe Posto Central de Telecomando (PCT)); 12. a ligação das subestações aos diferentes pontos da linha aérea de alimentação do material motor é feita por alimentadores (“feeders”); 13. para tornar possível o trabalho na linha com segurança e sem afectar o serviço de transporte existem postos de subseccionamento (SS), subseccionamento e ligação em paralelo (SSP) e de seccionamento e ligação em paralelo (SP); 14. a alimentação em energia eléctrica do material motor é feita através de uma linha aérea — fio de contacto — que se integra num sistema mecânico de suspensão e tensor que tem o nome de catenária; a. uma catenária é lugar geométrico dos pontos de um cabo homogéneo, pesado e suspenso pelas extremidades; y = ch(x/a), com a = p/H; b. na linha aérea de alimentação em energia utilizada na tracção eléctrica a linha de contacto tem de permanecer horizontal para se manter permanentemente o contacto do pantógrafo com a linha de contacto, e dessa forma não existirem interrupções da alimentação durante o deslocamento do veículo motor; c. a linha de contacto, em cobre duro electrolítico, tem de estar suspensa de um cabo — cabo de suporte — que tem aproximadamente o andamento de uma catenária; d. o fio de contacto está suspenso do cabo de suporte por pêndulos; e. o cabo de suporte, em bronze, está em paralelo com o fio de contacto, distribuindo-se a corrente eléctrica pelos dois circuitos — diminuindo a secção do fio de contacto necessária, e diminuindo a impedância do conjunto, diminuindo também a queda de tensão em linha. Existe espaçada uma ligação eléctrica franca entre o cabo de suporte e a linha de contacto. – MVG – <><><> © Manuel Vaz Guedes, 2005 TRACÇÃO E r T ELÉCTRICA