Instituto de Tecnologia José Rocha Sergio Cardoso 1 Comparação entre o consumo de cobre usado entre transformadores e autotransformadores de mesma potência e finalidade. Hildebrando de Oliveira Instituto de Tecnologia José Rocha Sergio Cardoso São Paulo, 10 de abril de 2009 Abstract The audio amplification field is one of the most explored on the electronics industry. The distribution of high audio power levels still relying upon the use of the line transformers in order to achieve the best efficiency and cost-benefit possible. One of the steps in doing this needs the proper care on the developing and manufacturing of line power transformers. Here a simple comparison between transformers and autotransformer is done, scoping the cost reduction of copper consumption on its manufacturing. © 2010 Instituto JC. All rights reserved. Keywords: autotransformer, copper wire, coupling, audio amplifiers, public address, high fidelity. [email protected] 1. Visão geral O presente trabalho compara o consumo de cobre em um transformador e um autotransformador que possuem mesmas características e podem ser usados na mesma aplicação, ou seja, que sejam intercambiáveis. Devido ao tempo escasso, um tratamento teórico mais aprofundado não será possível, e a estrutura do estudo será em forma de tópicos, utilizando simulação computacional onde for possível para redução do tempo de obtenção da prova de simulações matemáticas de cunho prático. Porém, as referências utilizadas ficam disponíveis no final para tal complementação, se desejada. Foi ousado admitir a aplicação do transformador em questão como sendo um “conversor de energia”, porém, não a energia elétrica usualmente distribuída na freqüência de 50/60Hz, mas em uma ampla faixa de freqüências, ou melhor, em freqüências de áudio, usualmente considerada como sendo uma faixa compreendida entre 20Hz e 20kHz. O termo conversor de energia não é deveras mal-aplicado neste caso, pois em muitos casos a distribuição de potência de áudio destes sistemas pode atingir números relativamente elevados, na casa dos 400kW de áudio‡, nível muito comum em exibições a grandes públicos de alguns grupos de Rock, eventos que movimentam vultosas quantias de investimentos em dinheiro e pessoal altamente qualificado para sua execução. Grandezas como esta representam sim uma quantidade considerável de energia. A evolução da Eletrônica em si foi acompanhada de perto pela evolução dos amplificadores de áudio, e pela necessidade da fonoclama, sendo difícil até estabelecer uma dissociação destes campos. Deste os primeiros experimentos de Edison com seu triodo de aquecimento direto, as primeiras válvulas multigrade, os primeiros transistores, até os modernos amplificadores Classe D com MOSFETs, a amplificação do som faz parte da vida do ser humano. ‡ MAGALHÃES, Luiz Ernesto. Réveillon: Show de fogos terá bis em Copacabana. Jornal O Globo – 30/12/2007. iTJRSC – Rua Tambaqui N. 180B – Distrito Industrial – CEP 69095-050 Manaus – Amazonas - Brazil 2 Instituto de Tecnologia José Rocha Sergio Cardoso Objetos de desejo de consumidores de todas as classes, os Stereos Hi-Fi (como eram chamados os amplificadores de áudio de alta fidelidade nos anos 60~80) ou os hoje chamados Homes Theaters são vendidos aos milhares todos os anos pela Indústria, e, acompanhando a onda de sucesso dos grupos de música de todos os gêneros, outros tantos milhares de ingressos são vendidos para suas apresentações em casas de pequeno, médio ou grande porte. Para a distribuição do sinal de áudio de alta potência aos sonofletores distribuídos nestes lugares, é utilizado um sistema relativamente similar ao sistema de distribuição de energia elétrica. São nestes sistemas, tanto o elétrico quanto o de áudio, que o transformador e/ou autotransformador assumem um papel fundamental. A transmissão de energia elétrica de qualquer natureza não pode ser feita sem um relativo dispêndio de energia, assim já há muito tempo os transformadores são utilizados de forma a reduzir a corrente circulante em um cabo elevando-se a tensão em um extremo da linha (início da distribuição) assim, as perdas devido ao efeito Joule R.I2 podem ser diminuídas, e a espessura dos cabos pode ser reduzida a um tamanho e peso práticos. Analogamente, no outro extremo, é feita a redução da tensão através de outro transformador, que proporcionará ao destinatário final uma tensão dentro de um valor seguro para utilização. As considerações dos parágrafos acima, comumente aplicadas a sistemas de potência de distribuição de energia, podem ser totalmente aplicadas a um sistema de áudio de alta potência [1]. 2. Topologia Básica: Um sistema de áudio de alta potência (ou P.A. acrônimo do inglês Public Address, endereçamento ao publico, em tradução livre) pode ser encarado, com certa reserva, como um sistema de distribuição de energia. Num sistema de áudio, a gama de freqüências a serem distribuídas são muito maiores que um sistema energético que, com raríssimas exceções, é só uma. Considera-se um sistema de áudio como de Alta Fidelidade, quando ele pode responder, com -3dB SPL [3] a uma banda de freqüências compreendida entre 20 e 20kHz. Assume-se como o ouvido ideal, o que possui a ponderação auditiva dentro desta faixa de freqüências, sendo que, em casos raríssimos, indivíduos possam percebem algo acima ou abaixo dela. Num sistema de energia, a grandeza a ser “transformada” é a tensão (E), num sistema de áudio, por sua vez, é a impedância (Z). Outra diferença fundamental entre os dois sistemas é que, enquanto no sistema de energia ideal a tensão eficaz fornecida e sua freqüência são praticamente constantes, num sistema de áudio elas são absolutamente variáveis, em função do conteúdo amplificado, e seu fator de crista [1]. Assim, num sistema de áudio, pode-se definir como a carga ou o consumidor: Os sonofletores, ou caixas acústicas, que possuem impedâncias da ordem de 4 a 16 Ohms, e podem ser distribuídos basicamente pelos grupos abaixo: - Full Range: reproduz toda a gama de freqüências, raramente é utilizado em P.A.; - Band Pass: reproduz uma faixa específica de freqüências; - High Pass: reproduz as freqüências altas (acima de 4kHz); - Low Pass ou Subwoofers: reproduz freqüências baixas (abaixo de 200Hz); Os amplificadores profissionais são os geradores do sistema, e em sua maioria possuem impedâncias de saída na ordem dos 8 ou 4 Ohms, sendo que os de 8 Ohms possuem melhor linearidade e menor distorção harmônica do sinal, e serão utilizados neste estudo. Porém, uma característica importante dos sonofletores é que a impedância destes não é constante em função da freqüência, ou seja, um mesmo sonofletor genérico pode possuir iTJRSC – Rua Tambaqui N. 180B – Distrito Industrial – CEP 69095-050 Manaus – Amazonas - Brazil 3 Instituto de Tecnologia José Rocha Sergio Cardoso características indutivas, resistivas ou capacitivas dependendo da freqüência e amplitude instantânea do sinal que lhe é aplicado. Por norma [4], a impedância nominal do sonofletor pode ser admitida como o módulo da impedância na freqüência de 1kHz. Porém isso não significa que esta impedância não possua alguma componente reativa. O gerador, por sua vez, possui uma impedância linearmente distribuída na gama de freqüências a ser amplificada, com uma característica basicamente resistiva. Admite-se, então, que o gerador possui impedância com argumento 0º. A distribuição do sinal de áudio em uma casa de espetáculos, na maioria das vezes, utiliza uma linha padronizada de 70,7V ou 141,4V, etc., para sistemas de alta potência, sempre múltiplos de 2 [1]. Isso significa que, à potência máxima sem distorção, a tensão eficaz máxima na linha será, nos casos acima, 70,7 ou 141,4 respectivamente. Numa tentativa de simplificação, neste estudo será admitido que os sonofletores (consumidores) sejam Full Range 8 Ohms e o sistema opere com uma potência máxima de 10kW e a impedância de saída do amplificador (gerador) seja de 8 Ohms. 2.1. Distribuição do sinal: A proposta é distribuir 10kW de áudio em um sistema com 5 sonofletores de 2kW cada, sendo que cada sonofletor é conectado à linha através de um transformador ou autotransformador. Após o dimensionamento de um e de outro, a comparação no gasto de cobre para sua confecção pode ser efetuada. A linha é de 707V a potência máxima. A Figura 2.1 abaixo mostra um breve diagrama do sistema. Idealmente, a carga de cada sonofletor é igual e admite-se como puramente resistiva (8 Ohms). Fig. 2.1 – Diagrama simplificado de um sistema de áudio de alta potência. 2.2. transformador: Dimensionamento do O primeiro estudo é feito com um transformador convencional. Para um sinal de máxima potência considerando-se carga puramente resistiva, tem-se a corrente rms na linha: 10kW I LINHA = = 14,14 A(rms) 707V Supondo-se que cada transformador deriva igualmente esta corrente, tem-se: 14,14 A I TRAFO = = 2,82 A(rms) 5 por transformador no lado primário. Assim, para potência máxima, cada trafo deve ser capaz de suportar 707V e 2,82A de entrada, totalizando: PTRAFO = I TRAFO ⋅VLINHA = 707V ⋅ 2,82 A = 2kW Porém estes transformadores têm um papel fundamental: Transformar impedâncias. Sabe-se que: V1 N1 = =n V2 N 2 (eq. 2.1) e que I1 N 2 1 = = (eq. 2.2) I 2 N1 n Onde n é a relação de transformação de tensão do transformador, e como: V Z1 = 1 (eq. 2.3) I1 iTJRSC – Rua Tambaqui N. 180B – Distrito Industrial – CEP 69095-050 Manaus – Amazonas - Brazil 4 Instituto de Tecnologia José Rocha Sergio Cardoso V2 (eq. 2.4) I2 Pode-se assumir que: V1 −1 Z1 I1 V1 I 2 1 = = = n ⋅ = n 2 (eq. 2.5) Z 2 V2 V2 I 1 n I2 A partir das equações 2.5, então: Z2 = Z1 = Z 2 n 2 (eq. 2.6) Com a eq. 2.5, então, no caso dos transformadores acima, tem-se os primeiros dados: V1 = 707V ; Z 2 = 8Ω ; Z1 = das chapas da ordem de 5%, tem-se uma Área efetiva de: S = 6 ⋅12 ⋅ 0,95 = 68,4cm 2 Considerando a freqüência mínima de operação como 20Hz, e uma indução máxima permissível para este núcleo de 15000Gauss, obtém-se a partir da eq. 2.7: 707 ⋅108 = 776 espiras 4,44 ⋅ 20 ⋅ 68,4 ⋅15000 De onde se pode calcular o número de espiras necessário para N2: N1 = N2 = 776 = 139espiras 5,6 VLINHA 707 Z1 250 = = 250Ω ⇒ n = = = 5,6 I TRAFO 2,82 Z2 8 O dimensionamento do número de espiras do primário é feito a partir da formula básica da lei de Faraday-Lenz [5] [6][9][10], onde com devidos acertos de grandezas, conclui-se que: N1 = E RMS ⋅108 4,44 ⋅ f MIN ⋅ S ⋅ BMAX (eq. 2.7) Onde BMAX é o máxima indução magnética permissível para o material do núcleo utilizado em Gauss, S é a seção transversal do núcleo em cm2, e fMIN é a freqüência mínima de operação. Em uma primeira aproximação será utilizado um conjunto de chapas EI 60mm de Grão Orientado (GO) de fabricação da empresa SOMA S/A Soluções Magnéticas. Este núcleo foi escolhido por ser o que apresente menor fator de perda em W/kg disponível no catálogo deste fabricante, para exemplo de dimensionamento. Obviamente, uma solução de compromisso entre o custo das chapas e a necessidade da aplicação precisa ser avaliada em um caso real. Partindo-se de um núcleo de seção retangular com 60x120mm e empilhamento. Admitindo-se um fator de empilhamento Fig. 2.2 – Desenho e cotas da chapa utilizada no estudo (Extraído de www.somabrasil.com.br). Utilizando-se uma densidade de corrente de 4A/mm², pode-se dimensionar a bitola mínima do fio a ser utilizado no enrolamento primário. 4 A ⇒ 1mm 2 2.82 A ⇒ 0,705mm 2 O diâmetro do fio nu é dado por 0,705 Ø=2 = 0,947 mm . Pela tabela, o fio π correspondente é o 19AWG, utilizando fio de grau S, o diâmetro externo máximo é de 0,963mm. O espaço disponível de janela no trafo, já descontada a área ocupada pelo carretel (em vermelho na figura 2-3) é de 2,6x8,6cm (26x86mm). Assim, por camada, admite-se aproximadamente: iTJRSC – Rua Tambaqui N. 180B – Distrito Industrial – CEP 69095-050 Manaus – Amazonas - Brazil Instituto de Tecnologia José Rocha Sergio Cardoso 86 = 89espiras , 0,963 com 776 espiras, serão necessárias 776/89=8,7 camadas ≈ 9 camadas, que com uma folha de papel kraft isolante de 0,2mm por camada ocupam uma altura de 9*(0,963+0,2)+0,2=10,6 mm, sobrando 15,4 mm. Para efetuar os cálculos do secundário, o procedimento é análogo: Potência de saída: 2kW, considerando o trafo como ideal, a máxima corrente então é dada pela eq. 2.2 modificada: I1 1 = ⇒ I 2 = I1 ⋅ n = 2,82 ⋅ 5,6 = 15,8 A(rms) I2 n Admitindo-se os mesmos 4A/mm² de densidade de corrente: 4 A ⇒ 1mm 2 15,8 A ⇒ 4mm 2 (aproximadamente). O diâmetro do fio nu é dado por 4 Ø=2 = 2,3mm . EspirasCAMADA = π Pela tabela o fio equivalente é o tipo 11AWG, porém tal fio tem uma dificuldade muito grande para ser embobinado em um processo de um transformador de perímetro relativamente pequeno. A melhor opção é, então, “repartir” este enrolamento em 4 enrolamentos de 1mm². O intercalamento de cada uma destas parcelas com o enrolamento primário tem grandes benefícios para o desempenho em freqüências altas do transformador. Porém, infelizmente, devido à escassez de tempo não será possível abordar este tema bastante interessante. As referências [5] [6] abordam este tema profundamente. Assim assume-se o secundário com 4 enrolamentos “em paralelo” de 1mm². O diâmetro do fio nu é dado por 1 Ø=2 = 1,13mm . π Assim, usa-se 4 x fio 17AWG. Pela tabela de fios o diâmetro externo do fio de Grau S, o diâmetro externo máximo é de 5 1,21mm, pode-se calcular o numero de espiras por camada: 86 EspirasCAMADA = = 71espiras 1,21 O enrolamento tem 139 espiras, assim ele vai ocupar aproximadamente 2 camadas pois 139/71≈2. E ocupa uma altura de 2*1,21=2,42mm. Pois, devido à tensão ser mais baixa, não se faz necessário intercalar papel kraft. Para atender a demanda de corrente serão necessárias 4 vezes esta quantidade de fio, ocupando uma altura de 9.7mm. durante o cálculo da ocupação da janela. Este fator de acomodação é muito importante pois dele dependem as folgas e o tensão mecânica do fio durante o processo de fabricação do transformador [8]. Assim, pode-se estimar as perdas no cobre do transformador a plena carga: O método utilizado comumente para este dimensionamento, na fase do cálculo, é o uso do “perímetro médio” ocupado pelo enrolamento[9]. A figura 2.3 abaixo mostra o perímetro médio de um enrolamento qualquer. Para o caso do Primário, considerando-se que ele seja enrolado em sua totalidade primeiro, tem-se uma altura máxima de 10,6mm. Assim, o perímetro máximo é de Pe1− MAX = 8 ⋅10,6 + 2(26 + 86) = 308,8mm E o perímetro mínimo Pe1-MIN é de 2(26+86)=224mm. iTJRSC – Rua Tambaqui N. 180B – Distrito Industrial – CEP 69095-050 Manaus – Amazonas - Brazil Fig. 2.3 – Perímetro médio de um enrolamento genérico. 6 Instituto de Tecnologia José Rocha Sergio Cardoso O perímetro médio do primário então é dado pela expressão abaixo: Pe1−m Pe + Pe1−MIN 308,8 + 224 = 1−MAX = = 266,4mm 2 2 Assim o comprimento total do enrolamento primário l1 é dado por: l1 = N1 ⋅ Pe1−m = 776 ⋅ 0,2664 = 206,73m Pela tabela de fios Pirelli, o fio 19 utilizado possui uma resistência ôhmica a 20°C de 0,025879 Ohms por metro. Assim a resistência ôhmica do primário fica: R1 = 206,73 ⋅ 0,025879 = 5,35Ω Por sua vez, a potência perdida no enrolamento primário é: p1 = R1 I12 = 5,35 ⋅ 2,82 2 = 42,54W Para o caso do Secundário, considerando-se que ele seja enrolado em sua totalidade após o primário, tem-se uma altura máxima de 8,8mm. Assim, o perímetro máximo é de: Pe1−MAX = 8 ⋅ 9,7 + Pe1−MAX = 77,6 + 308,8 = 386,4mm O perímetro médio do secundário então é dado pela expressão abaixo: Pe2−m = Pe2−MAX + Pe2−MIN 386,4 + 308,8 = = 347,6mm 2 2 Assim o comprimento total do enrolamento secundário l1 é dado por: l2 = N 2 ⋅ Pe2−m = 139 ⋅ 0,3476 = 48,32m Pela tabela de fios Pirelli, o fio 17 utilizado possui uma resistência ôhmica a 20°C de 0,0166992 Ohms por metro. Como são 4 fios em paralelo, divide-se este valor por 4: 48,32 ⋅ 0,0166992 R2 = = 0,2Ω 4 Por sua vez, a potência perdida no enrolamento secundário é: p2 = R2 I 22 = 0,2 ⋅15,8 2 ≈ 50W Assim, a perda de potência no cobre estimada é de: pT = p1 + p2 = 42,54 + 50 = 92,54W 2.4 Dimensionamento autotransformador: do A grande vantagem no uso do autotransformador, por exemplo o abaixador, é que parte do enrolamento contribui com a corrente do secundário (Corrente conduzida). Isso implica em que a bitola do fio seja reduzida. Assim, a corrente I2= I1+ I3 como na figura 2.4 abaixo. Fig. 2.4 – Esquema simplificado do autotransformador. I 3 = I 2 − I1 = 15,8 − 2,82 = 12,98 A Assim o dimensionamento do trecho primário será reduzido, somente ao trecho T1 seguindo o roteiro usado para o transformador N1 AT = N1 − N 2 = 776 − 139 = 637espiras com 637 espiras, serão necessárias 637/89=7,2 camadas ≈ 8 camadas, que com uma folha de papel kraft isolante de 0,2mm por camada ocupam uma altura de 8*(0,963+0,2)+0,2=9.5 mm, sobrando 16.5 mm. Para efetuar os cálculos do trecho T2 (secundário neste estudo), o procedimento é análogo: A corrente circulante neste trecho será a corrente I3, no caso, 12.98A ≈ 13A. Admitindo-se os mesmos 4A/mm² de densidade de corrente: 4 A ⇒ 1mm 2 13 A ⇒ 3,25mm2 (aproximadamente). O diâmetro do fio nu é dado por 3,25 Ø=2 = 2,03mm . π Pela tabela o fio equivalente é o tipo 12AWG, porém tal fio também tem uma iTJRSC – Rua Tambaqui N. 180B – Distrito Industrial – CEP 69095-050 Manaus – Amazonas - Brazil Instituto de Tecnologia José Rocha Sergio Cardoso dificuldade muito grande para ser embobinado em um processo de um transformador de perímetro relativamente pequeno. A melhor opção é, então, “repartir” este enrolamento em 4 enrolamentos de fio 18AWG (0,82mm² cada). Assim assume-se o secundário com 4 enrolamentos “em paralelo” de 0.82mm². O diâmetro do fio nu é dado por 0,82 Ø=2 = 1,03mm . π Assim, usa-se 4 x fio 17AWG. Pela tabela de fios o diâmetro externo do fio de Grau S, o diâmetro externo máximo é de 1,10mm, pode-se calcular o numero de espiras por camada: 86 Espiras CAMADA = = 71espiras 1,21 O enrolamento tem 139 espiras, assim ele vai ocupar aproximadamente 2 camadas pois 139/71≈2. E ocupa uma altura de 2*1,21=2,42mm. Pois, devido à tensão ser mais baixa, não se faz necessário intercalar papel kraft. Para atender a demanda de corrente serão necessárias 4 vezes esta quantidade de fio, ocupando uma altura de 8,8mm. Como se dispunha de 16,5mm, a folga de cerca de 8mm pode ser usada para compensar a não consideração do fator de acomodação do fio[8],[9] durante o cálculo da ocupação da janela. Este fator de acomodação é muito importante pois dele dependem as folgas e o tensão mecânica do fio durante o processo de fabricação do transformador [8]. Já de imediato, pode-se afirmar, com segurança, que um núcleo menor poderia ser usado para acomodar o autotransformador [10]. Assim, pode-se estimar as perdas no cobre do autotransformador a plena carga: Como no caso do item 2.3, o método utilizado comumente para este dimensionamento, na fase do cálculo, é o uso do “perímetro médio” ocupado pelo enrolamento[6][9]. A figura 2.3 abaixo mostra o perímetro médio de um enrolamento qualquer.Para o caso do Primário, considerando-se que ele seja 7 enrolado em sua totalidade primeiro, tem-se uma altura máxima de 10,6mm. Assim, o perímetro máximo é de Pe1 AT −MAX = 8 ⋅ 9,5 + 2(26 + 86) = 300mm E o perímetro mínimo Pe1AT-MIN é de 2(26+86)=224mm. O perímetro médio do primário então é dado pela expressão abaixo: Pe1 AT −m = Pe1 AT − MAX + Pe1 AT −MIN 300 + 224 = = 262mm 2 2 Assim o comprimento total do enrolamento primário l1AT é dado por: l1 AT = N1 AT ⋅ Pe1 AT − m = 637 ⋅ 0,262 = 166,84m Pela tabela de fios Pirelli, o fio 19 utilizado possui uma resistência ôhmica a 20°C de 0,025879 Ohms por metro. Assim a resistência ôhmica do primário fica: R1AT = 166,84 ⋅ 0,025879 = 4,31Ω Por sua vez, a potência perdida no enrolamento primário é: p1 AT = R1 AT I12 = 4,31⋅ 2,822 = 34,27W Para o caso do Secundário, considerando-se que ele seja enrolado em sua totalidade após o primário, tem-se uma altura máxima de 8,8mm. Assim, o perímetro máximo é de: Pe1− MAX = 8 ⋅ 8,8 + Pe1AT − MAX = 70,4 + 300 = 370,4mm O perímetro médio do secundário então é dado pela expressão abaixo: Pe2 AT −m = Pe2 AT −MAX + Pe2 AT −MIN 370,4 + 300 = = 335,2mm 2 2 Assim o comprimento total do enrolamento secundário l1 é dado por: l2 = N 2 ⋅ Pe2−m = 139 ⋅ 0,3352 = 46,6m Pela tabela de fios Pirelli, o fio 18 utilizado possui uma resistência ôhmica a 20°C de 0,0209428 Ohms por metro. Como são 4 fios em paralelo, dividese este valor por 4: 46,6 ⋅ 0,0209428 R2 = = 0,34Ω 4 Por sua vez, a potência perdida no trecho T2 a plena carga é: pT 2 = R2 I 32 = 0,34 ⋅132 ≈ 57,5W Assim, a perda de potência total no cobre estimada no autotrafo é de: p AT = p1 AT + p2 AT = 34,27 + 57,5 = 91,77W iTJRSC – Rua Tambaqui N. 180B – Distrito Industrial – CEP 69095-050 Manaus – Amazonas - Brazil 8 Instituto de Tecnologia José Rocha Sergio Cardoso Tabela 2.1 – Comparativo resumido entre o transformador e autotransformador. Na tabela acima se pode visualizar um resumo entre a quantidade de cobre utilizada no transformador e o peso usado no autotransformador, considerando o mesmo núcleo com mesma seção transversal. O autotransformador gastou aproximadamente 20% a menos de cobre em comparação direta com o transformador. 3. Conclusão: Como era de ser esperado, o autotransformador demonstrou ser mais econômico que o transformador isolado. Com o mesmo núcleo, o autotransformador consome em kg, 20% a menos que o transformador. Porem nesta análise não foram considerados fatores como coeficiente de acoplamento e a indutância mutua, que afetam muito o comportamento do transformador, dentro de todo o range de freqüências em que ele trabalha, quando submetido a um sistema de áudio. Na aplicação em questão, o uso do transformador pode ser suplantado totalmente pelo autotransformador. Apesar desta analise matemática não ter sido feita, pode-se ao menos estimar que a desempenho do autotransformador também seja superior. A menor ocupação da janela disponível para os enrolamentos, em um projeto real, obrigaria a utilização de um núcleo de seção transversal menor, garantindo uma melhor relação custo beneficio do projeto final. As considerações sobre o comportamento em freqüências altas estão diretamente relacionadas com a geometria dos enrolamentos, e com sua distribuição inter-espiras, intercalar convenientemente partes dos enrolamentos primário e secundário fazem parte do knowhow do especialista em transformadores de áudio. Ele deve saber como posicionar os enrolamentos de forma a obter um melhor acoplamento (fundamental para resposta em freqüências baixas), e a menor capacitância entre-espiras (para melhor desempenho em freqüências altas), e ainda assim manter uma isolação galvânica segura entre eles. Porem isto implica em que os perímetros médios calculados sejam diferentes dos obtidos em um projeto funcional, porem são de fundamental importância, pois delineiam a rota em que o projetista deve seguir para obter a melhor desempenho, dentro de um patamar de custo razoável. O feeling prático não pode sobrepor-se a uma base teórica bem conceituada, sendo que em um profissional de gabarito, teoria e prática se complementam. Referências [1]BORTONI, Rosalfonso. Amplificadores de Áudio. H.Sheldon. Rio de Janeiro. 2002. [2] HF A 202, Standard Methods of Measurement for Audio Amplifiers, The Institute of High Fidelity, Inc., 1978 [3]SELF, Douglas. Áudio Power Amplifier Design Handbook. Butterworth-Heinemann. Oxford. 1996. [4]NBR 10303 - Alto-falantes - Comprovação de potência elétrica admissível , Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. [5]TERMAN, F. Emmons. Radio Engineer’s Handbook. 3 ed. McGraw-Hill. 1947. [6]LANGHFORD-SMITH, F. Radiotron Designer’s Handbook. Amalgamated Press. Sydney, 1953. [7]PIRELLI S/A. Catálogo de fios esmaltados. 1996. [8]TAKAGAKI, Celestino Jogi. Conversa particular. Fevereiro de 2009. [9]IERVOLINO Jr., Walter. Anotações sobre áudio. Não paginado. Setembro, 2002. [10]MASCIOTRO, José Carlos. Anotações de aulas. Disciplina de Conversão de Energia. Não Paginado. Universidade Mackenzie. Outubro, 2008. iTJRSC – Rua Tambaqui N. 180B – Distrito Industrial – CEP 69095-050 Manaus – Amazonas - Brazil