Layout O layout organiza os elementos gráficos – título, olho, subtítulos, chamadas, texto, fotos, ilustrações, boxes – num conjunto harmonioso que é visto antes do texto. Veremos alguns princípios de um bom layout: Unidade: Cada página deve estar de acordo com a missão e o formato gráfico da revista para manter uma unidade visual do começo ao fim. Partes sem um fio condutor, diferentes umas das outras, desintegram o visual. O leitor abre cada edição esperando similaridade e continuidade no formato. Assim, o respeito ao formato é a primeira garantia do estabelecimento da unidade. O mesmo se aplica ao layout das matérias. A falta de unidade dá a impressão de um conjunto de elementos na mesma página ou na mesma dupla brigando pela atenção do leitor, com vários focos de interesse, em detrimento de uma impressão única. Ainda: o layout do conjunto de páginas de uma mesma matéria deve sinalizar claramente que se trata do mesmo assunto, do começo ao fim. É comum encontrar revistas em que a primeira página ou a primeira dupla é tão diferente da continuação que o leitor pensa que se trata de uma nova matéria. Sequência: A revista tem uma terceira dimensão – a profundidade – criada pela evolução das páginas. O folhear produz um conjunto sequencial de impressões, o que está na página seguinte será afetado pela anterior. O que o leitor sente ao virara a página? Suavidade? Susto? A sequência das páginas tem um ritmo que pode ter compassos rápidos, fortes, lentos ou delicados. Uma sinfonia, por exemplo, contrasta um primeiro movimento rápido e animado com um segundo lento e suave. O espelho marca o ritmo da revista com surpresas ou grandes atos, onde estarão o que de melhor é oferecido na edição. As páginas neutras e familiares preparam o espírito para as poucas matérias principais que darão vida à edição. Essas devem se destacar pelo maior número de páginas, posicionamento no espelho, impacto das imagens, tamanho do título. Uma técnica que ajuda é colocar na parede da redação cópias reduzidas das páginas, na sequência em que serão publicadas. Assim, toda a equipe pode analisar se o conjunto está harmonioso e atraente, e mudar as páginas de posição até que a ordem satisfatória seja obtida. Simplicidade Produzir um layout simples é mais difícil do que empenhar-se para demonstrar o esforço do design. Essa é a diferença entre um design gráfico bom e um excelente. O importante é tornar a revista acessível aos leitores – e não atraente para os iniciados da comunidade artística. Layouts congestionados por excesso de fotos e ilustrações, cores, chamadas, flashes, fotos cortadas de forma irregular, molduras enfeitadas e diferentes tipos de letra, sobrecarregam a página visualmente e competem com a mensagem. O bom design não chama atenção para si mesmo. Organização: Parte importante do bom design é organizar as páginas de maneira a orientar claramente a ordem de leitura, encaminhar o olhar para cada parte da página. Evitar que o leitor fique confuso sem saber o que ler em seguida e descobrir que está lendo na ordem errada depois de ter lido várias linhas. É função do layout estabelecer uma hierarquia visual que encaminha o olhar de forma lógica e indica o que é mais importante e em que ordem cada elemento deve ser olhado. Cada página deve ter um ponto de entrada, ou seja, por onde o leitor vai olhar primeiro? Esse ponto é dominante? Quais os pontos de atração do olhar? Em que ordem? Qual a hierarquia de importância? Onde estão localizados? Lembrar que o pesado atrai mais que o leve, o maior mais que o menor. A matéria de um layout lógico é mais fácil de ser lida do que outra com um layout complexo e sem hierarquia. Isso não quer dizer que é preciso seguir uma ordem rígida – o padrão pode ser modificado criativamente. No mundo ocidental as pesoas leem da esquerda para a direita, de cima para baixo. A leitura da esquerda para a direita é mais rápida porque é pra nós o movimento natural a que nos habituamos desde criança. Assim, o mais importante deve ser colocado nas laterais externas. No layout, o mais importante deve estar na lateral direita da página direita, e na lateral esquerda da página esquerda. Ao olhar uma página, os olhos de leitor tendem a fazer um Z, percorrendo um caminho que começa no quadrante superior esquerdo e finalmente para o inferior direito, onde deve estar localizado o que é menos importante. O leitor tende ainda a se concentrar na parte superior das páginas, descendo o olhar se alguma coisa o atrai, ou se decidir dedicar seu tempo à leitura. Esta parte é onde deve estar concentrada a melhor informação. O centro da página dupla não é percebido quando o leitor folheia a revista. Algumas revistas com linguagem jovem tendem a ter um design sem hierarquia. Sua irreverência gráfica desafia o convencional com layouts tumultuados, colunas irregulares, fotos cortadas na metade, imagens superpostas e tipografia que muda de estilo ou tamanho no meio da frase ou simplesmente desaparece misturada com a ilustração. Tudo bem se é legível, atrai o leitor e o leva à leitura. Se não, não funciona nem para os jovens. Contraste: Além de ajudar a estabelecer uma hierarquia, o contraste ajuda a dar movimento e graça para o layout. Existem situações nas quais o diretor de arte propositalmente quer estabelecer uma regularidade ou monotonia. Mas, na maioria dos casos, o contraste é um recurso valioso para destacar o que é mais importante ou o que melhor transmite o conteúdo ou uma determinada emoção. Tamanho: Quando todos os elementos da página são grandes, a impressão será de excesso e desvalorização do conjunto; se forem todos pequenos, serão ignorados. Uma grande foto ao lado de uma pequena chama a atenção para as duas. Uma pequena foto, ilustração ou palavra no meio de uma página em branco chamará ainda mais atenção. Cor: Branco e preto ao lado de quatro cores; colorido e monocromático; cor fria em contraste com quente. Formas: Verticais em contraste com horizontais. Equilíbrio: As páginas estão equilibradas quando seus elementos formam um conjunto agradável e harmonioso. Todos os elementos em uma página têm peso visual e precisam estar equilibrados. Considerando-se que a página dupla é a unidade do layout, as duas páginas também devem estar equilibradas. O leitor não tem consciência do desequilíbrio, mas sabe quando a página é agradável e sente um certo desconforto quando falta harmonia. Não existe uma regra, mas bom senso e sentido estético. O equilíbrio pode ser formal – os elementos colocados com pesos equivalentes acima ou abaixo do centro ótico do layout com efeito de espelho; elementos da página esquerda repetidos na direita. Ou informal – intuitivo e dinâmico, com pesos assimétricos, formando um conjunto harmonioso. O texto, que costuma ser leve, deve ser tomado em consideração no equilíbrio. Espaço em branco: É um importante recurso na composição do layout. Quando em torno de títulos, olhos, subtítulos, parágrafos e entrelinhamento de texto, contribui para maior clareza e velocidade de leitura. Diretores de arte adoram espaço em branco! É compreensível, porque confere elegância e qualidade ao layout e é associado a luxo e beleza. Mas espaço em branco custa caro. Um layout de uma página dupla em branco com um pontinho nomeio pode ter um grande impacto. Se isso é feito conscientemente e vale a pena para a comunicação, ótimo.