VEGETAÇÃO
Prof. Dr. Mauro Parolin
Vegetação. (1) Conjunto de vegetais que
ocupam uma determinada área; tipo da
cobertura vegetal; as comunidades das plantas
do lugar; termo quantitativo caracterizado
pelas plantas abundantes (GOODLAND, 1975).
(2) Quantidade total de plantas e partes
vegetais como folhas, caules e frutos que
integram a cobertura da superfície de um solo.
Algumas vezes o termo é utilizado de modo
mais restrito para designar o conjunto de
plantas que vivem em determinada área
(CARVALHO, 1981). (3) Conjunto de plantas e
associações vegetais.
Vegetação natural. Floresta ou outra formação florística
com espécies predominantemente autóctones, em
clímax ou em processo de sucessão ecológica natural
(Resolução CONAMA nº 04 de 18.09.85).
Vegetação de excepcional valor paisagístico. Vegetação existente nos sítios
considerados de excepcional valor paisagístico em legislação do Poder Público
Federal, Estadual ou Municipal (Resolução CONAMA 010/93).
Vegetação Primária – (1) Vegetação de máxima expressão local, com grande
diversidade biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimas, a ponto de
não afetar significativamente suas características originais de estrutura e espécies
(Resolução CONAMA 010/93). (2) Vegetação que evolui sob as condições ambientais
reinantes do renascimento de plantas após a destruição ou retirada total ou parcial
da vegetação primária ou original.
Vegetação secundária ou em regeneração.
Vegetação resultante de processos naturais de
sucessão, após supressão total ou parcial da
vegetação primária por ações antrópicas ou
causas naturais, podendo ocorrer árvores
remanescentes da vegetação primária
(Resolução CONAMA 010/93)
Vegetação nativa no estágio inicial.
Formação pioneira onde a composição
florística dominante é composta pelos
gêneros Cecropia, Trema, entre outras,
que apresentam a idade em torno de 1 a
3 anos, altura variando entre 5 a 8
metros, formando um dossel denso,
homogêneo e um estrato baixo
emaranhado com poucas espécies
arbóreas onde o número oscila entre 1 e
5 espécies, tendo um tempo de vida das
espécies dominantes muito curto, menos
de 10 anos (Portaria Normativa IBAMA
84/91).
Vegetação nativa no estágio médio de
regeneração. Formação denominada capoeira,
onde a composição florística dominante é
composta pelos gêneros Cecropia, Trema,
Heliocarpus, entre outras, que apresenta
idade de 5 a 15 anos, altura variando entre 15
a 20 metros, formando um dossel com
ramificação vertical, com coroa horizontal e
um estrato baixo e denso, com freqüência
variável de espécies herbáceas, onde o
número de espécies arbóreas é pouca,
variando de 1 a 10 espécies, e o tempo de
vida das dominantes é curto, de 10 a 25 anos
(Portaria Normativa IBAMA 84/91).
Vegetação nativa no estágio avançado de
regeneração.
Formação
denominada
capoeirão, onde a composição florística
dominante é composta por uma mistura dos
gêneros Meliaceae, Bombacaceae, Tiliaceae,
entre outras, que apresentam idade em torno
de 20 a 50 anos, altura variando entre 20 a 30
metros, sendo que algumas alcançam 50
metros, formando um dossel heterogêneo,
incluindo coroas bastante largas e um estrato
relativamente escasso, incluindo espécies
tolerantes onde o número de espécies e o
tempo de vida dominante, inicialmente é de
40 a 100 anos ou mais (Portaria Normativa
IBAMA 84/91).
ESTADO DO PARANÁ
RESOLUÇÃO CONAMA N. 002, DE 18 DE MARÇO DE 1994
Define formações vegetais primárias e estágios sucessionais de vegetação
secundária, com finalidade de orientar os procedimentos de licenciamento de
exploração da vegetação nativa no Paraná.
Art. 1° Considera-se como
Art. 2° As formações florestais abrangidas
pela Floresta Ombrófila Densa (terras
baixas, submontana e montana), Floresta
Ombrófila Mista (montana) e a Floresta
Estacional Semidecidual (submontana), em
seus diferentes estágios de sucessão de
vegetação secundária, apresentam os
seguintes parâmetros, no Estado do
Paraná, tendo como critério a amostragem
dos indivíduos arbóreos com CAP igual ou
maior que 20 cm.
vegetação primária, toda
comunidade
vegetal,
de
máxima expressão local, com
grande diversidade biológica,
sendo os efeitos antrópicos
mínimos, a ponto de não
afetar
significativamente
suas características originais
de estrutura e de espécie.
Floresta ombrófila densa é uma mata
perenifólia, ou seja: sempre verde com dossel
de até 50 m, com árvores emergentes de até
40 m de altura. Possui densa vegetação
arbustiva,
composta
por
samambaias,
arborescentes, bromélias e palmeiras. As
trepadeiras e epífitas (bromélias e orquídeas)
cactos e samambaias também são muito
abundantes. Nas áreas úmidas, as vezes
temporariamente encharcadas, antes da
degradação do homem, ocorriam figueiras,
jerivás (palmeira) e palmitos (Euterpe edulis).
O termo criado por Ellemberg & MuellerDombois[ substituiu Pluvial (de origem latina)
por Ombrófila (de origem grega), ambos com o
mesmo significado “amigo das chuvas”. Sua
principal característica ecológica reside nos
ambientes ombrófilos, relacionada com os
índices termo-pluviométricos mais elevados da
região litorânea e da Amazônia. A precipitação
bem distribuída durante o ano, determina uma
situação bioecológica praticamente sem
período seco (0 a 60 dias no ano).
Tem cinco divisões, com fisionomias
diferentes:
1 - floresta ombrófila densa aluvial: vegetação
ripária, tanto no rio Amazonas como em outras
bacias hidrográficas em todo o Brasil
2 - floresta ombrófila densa das terras baixas:
geralmente costeira, ocorre da Amazônia até o
Rio de Janeiro com formação florística diversa
da encontrada nos estados mais ao sul
3 - floresta ombrófila densa submontana: de
solo mais seco, apresenta dossel de alto porte,
até 50 m na Amazônia e 30 no resto do país
4 - floresta ombrófila densa montana: dossel
uniforme de cerca de 20 m, ocorre de 600 a
2000 m na Amazônia e 500 a 1500 m no resto
do país
5 - floresta ombrófila densa altomontana: mata
nebular
Floresta Ombrófila Mista
Este tipo de ecossistema florestal, também
conhecido como "mata-de-araucária", é um
tipo de vegetação do planalto meridional,
onde ocorria com uma abrangência de 250.000
km2, distribuída nos estados do Rio Grande do
Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas
Gerais.
Esta floresta apresenta formações florísticas
em refúgios situados nas Serras do Mar e da
Mantiqueira, muito embora no passado tenha
se expandido bem mais ao norte, porque a
familia Araucariaceae apresentava dispersão
paleogeográfica que sugere ocupação bem
diferente da atual. A composição florística
deste tipo de vegetação é dominada por
gêneros primitivos como Drymis, Araucaria
(australásicos) e Podocarpus (afro-asiático),
que sugerem, em face da altitude e da latitude
do planalto meridional, uma ocupação recente
a partir de refúgios alto-montanos.
A floresta estacional semidecidual constitui a
vegetação típica do bioma da Mata Atlântica,
estando
condicionada
pela
dupla
estacionalidade climática, perdendo parte das
folhas (20 a 50%) nos períodos secos.
É constituída por fanerófitos com gemas
foliares protegidas da seca por escamas
(catáfilos ou pêlos), tendo folhas adultas
esclerófilas ou membranáceas deciduais. O
grau de decidualidade, ou seja, a perda das
folhas é dependente da intensidade e duração
de basicamente duas razões: as temperaturas
mínimas máximas e a deficiência do balanço
hídrico.
§ 1° Estágio inicial:
a) fisionomia herbáceo/arbustiva,
formando um estrato, variando de
fechado a aberto, com a presença de
espécies
predominantemente
heliófitas;
b) espécies lenhosas ocorrentes
variam entre um a dez espécies,
apresentam amplitude diamétrica
pequena e amplitude de altura
pequena, podendo a altura das
espécies lenhosas do dossel chegar
até 10 m, com área basal (m2 /há)
variando entre 8 a 20 m2/há; com
distribuição
diamétrica
variando
entre 5 a 15 cm, e média da amplitude
do DAP 10 cm;
c) o crescimento das árvores do
dossel é rápido e a vida média das
árvores do dossel é curta;
a) esciófitas - estão sempre fixadas a pouca
altura dos forófitos, no solo, em raízes e
em pedras, portanto tolerantes à sombra;
b) mesófitas ou indiferentes - encontram-se
fixadas nos troncos, galhos médios ou no
interior das árvores, com média
intensidade de luz;
c) heliófitas - são exigentes em luz e, portanto,
geralmente estão fixadas nos galhos superiores
e médios das árvores mais altas da floresta,
além de rochas expostas (inselbergs).
§ 1° Estágio inicial:
d) as epífitas são raras, as lianas
herbáceas abundantes, e as lianas
lenhosas apresentam-se ausentes. As
espécies gramíneas são abundantes.
A serapilheira quando presente pode
ser contínua ou não, formando uma
camada fina pouco decomposta;
e) a regeneração das árvores do
dossel é ausente;
f)
as
espécies
mais
comuns,
indicadoras do estágio inicial de
regeneração, entre outras podem ser
consideradas: bracatinga (Mimosa
scabrella),
vassourão
(Vernonia
discolor), aroeira (Schinus terebenthi
folius),
jacatirão
(Tibouchina
selowiana e Miconia circrescens),
embaúba (Cecropia adenopus), maricá
(Mimosa bimucronata), taquara e
taquaruçu (Bambusa spp).
Mimosa scabrella
Schinus terebenthi folius
Tibouchina selowiana
Cecropia adenopus
Mimosa bimucronata
Bambusa spp
§ 2° Estágio médio:
a) fisionomia arbustiva e/ou arbórea,
formando de 1 a 2 estratos, com a
presença
de
espécies
predominantemente facultativas;
b) as espécies lenhosas ocorrentes
variam entre 5 e 30 espécies,
apresentam amplitude diamétrica
média e amplitude de altura média. A
altura das espécies lenhosas do
dossel varia entre 8 e 17 metros, com
área basal (m2 /há) variando entre 15
e 35 m2 /há; com distribuição
diamétrica variando entre 10 a 40 cm,
e média da amplitude do DAP 25 cm;
c) o crescimento das árvores do
dossel é moderado e a vida média
das árvores do dossel é média;
Ilex theezans
§ 2° Estágio médio:
d) as epífitas são poucas, as lianas
herbáceas poucas e as lianas lenhosas
raras. As espécies gramíneas são
poucas. A serapilheira pode apresentar
variações de espessura de acordo com
a estação do ano e de um lugar a outro;
e) a regeneração das árvores do dossel
é pouca;
f)
as
espécies
mais
comuns,
indicadoras do estágio médio de
regeneração, entre outras, podem ser
consideradas:
congonha
(Ilex
theezans),
vassourão-branco
(Piptocarpha
angustifolia),
canela
guaica (Ocotea puberula), palmito
(Euterpe
edulis),
guapuruvu
(Schizolobium
parayba),
guaricica
(Vochsya bifalcata), cedro (Cedrela
fissilis), caxeta (Tabebuia cassinoides),
etc.
Ocotea puberula
Euterpe edulis
Schizolobium parayba
Cedrela fissilis
Tabebuia
cassinoides
§ 3° Estágio avançado:
a) fisionomia arbórea dominante
sobre as demais, formando
dossel fechado e uniforme do
porte, com a presença de mais
de 2 estratos e espécies
predominantemente umbrófilas
(umbrófila é o tipo de planta que está
adaptada a aparecer em lugares
sombreados);
b)
as
espécies
lenhosas
ocorrentes apresentam número
superior
a
30
espécies,
amplitude diamétrica grande e
amplitude de altura grande. A
altura das espécies lenhosas do
dossel é superior a 15 metros,
com área basal (m2 /há)
superior a 30 m2 /há; com
distribuição diamétrica variando
entre 20 a 60 cm, e média da
amplitude do DAP 40 cm;
§ 3° Estágio avançado
c) o crescimento das árvores do dossel
é lento e a vida média da árvore do
dossel é longa;
d) as epífitas são abundantes, as lianas
herbáceas raras e as lianas lenhosas
encontram-se presentes. As gramíneas
são raras. A serapilheira está presente,
variando em função do tempo e da
localização,
apresentando
intensa
decomposição;
e) a regeneração das árvores do dossel
é intensa;
f)
as
espécies
mais
comuns,
indicadoras do estágio avançado de
regeneração, entre outras podem ser
consideradas:
pinheiro
(Araucaria
angustifolia), imbuia (Ocotea porosa),
canafístula (Peltophorum dubgium), ipê
(Tabebuia alba), angico (Parapiptadenia
rigida), figueira (Ficus sp.).
Araucaria angustifolia
Ocotea porosa
Tabebuia alba
Parapiptadenia rigida
Ficus sp
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Vegetação Primária – (1)