Carvalho, M. S. UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Síntese, Determinação Estrutural e Avaliação Citotóxica in vitro de Novos Compostos de Coordenação de Platina contendo como ligantes Compostos Imidazolidínicos Derivados da 2-tioxo-imidazolidin-4-ona e da Imidazolidina-2,4-diona Manuela dos Santos Carvalho RECIFE, 2009 1 Carvalho, M. S. Manuela dos Santos Carvalho Síntese, Determinação Estrutural e Avaliação Citotóxica in vitro de Novos Compostos de Coordenação de Platina contendo como ligantes Compostos Imidazolidínicos Derivados da 2-tioxo-imidazolidin-4-ona e da Imidazolidina-2,4-diona Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação Biológicas, como em Ciências proposta para obtenção do título de Doutor Área de Concentração: Química Medicinal, Farmacologia e Fisiologia Orientadora: Profª. Drª. Suely Lins Galdino RECIFE, 2009 2 Carvalho, M. S. Carvalho, Manuela dos Santos Síntese, compostos determinação de estrutural coordenação de citotóxica platina in contendo vitro de novos como ligantes compostos imidazolidínicos derivados da 2-tioxo-imidazolidin-4-ona e da Imidazolidina-2,4-diona/ Manuela dos Santos Carvalho. – Recife: O Autor, 2009 110 folhas: il., fig., tab. Tese (doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCB. Ciências Biológicas, 2009. Inclui bibliografia 1. Farmacologia. 2. Citotoxidade. 3. Câncer 4. 2-tioxoimidazolidin-4-ona 5. Imidazolidina-2,4-diona I Título. 3 Carvalho, M. S. 4 Carvalho, M. S. Ainda que eu falasse as línguas dos 1. o dom da ciência findará. homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o 9. A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita. címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, 10. Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá. e conhecesse todos os mistérios e toda a 2. ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a Quando eu era criança, falava como ponto de transportar montanhas, se não criança, tiver caridade, não sou nada. pensava como criança, 11. raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de Ainda que distribuísse todos os meus criança. bens em sustento dos pobres, e ainda que 3. entregasse o meu corpo para ser Hoje vemos como por um espelho, queimado, se não tiver caridade, de nada confusamente; mas então veremos face a valeria! 12. face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou A caridade é paciente, a caridade é conhecido. bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Por ora subsistem a fé, a esperança e a 13. caridade - as três. Porém, a maior delas é Nem escandalosa. Não busca os seus 5. a caridade. próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. 6. 7. 8. Não se alegra com a injustiça, mas se I Coríntios, 13 rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, 5 Carvalho, M. S. DEDICATÓRIA Dedico esta obra a Deus que sempre me deu força e determinação para jamais desanimar diante dos obstáculos da vida, ao meu pai, Manuel Carvalho (In memorian) que sempre foi e será minha referência em inteligência, humildade, sabedoria e paciência. A Damiana Carvalho, minha mãe pela força, dedicação e motivação para com todos os seus filhos. E a todos os meus irmãos, pelo reconhecimento, respeito mútuo e formação da verdadeira família que somos. 6 Carvalho, M. S. AGRADECIMENTOS A Professora Suely Lins Galdino, do Laboratório de Planejamento e Síntese de Fármacos - LPSF/GPIT do Departamento de Antibióticos da Universidade Federal de Pernambuco, pela confiança depositada ao longo desses anos para o desenvolvimento deste trabalho, pelas oportunidades, pela orientação e disponibilidade; A Professora Maria do Carmo Alves de Lima do Laboratório de Planejamento e Síntese de Fármacos - LPSF/GPIT do Departamento de Antibióticos da Universidade Federal de Pernambuco pela dedicação e satisfação em tudo que faz, incentivo à vida científica e apoio no desenvolvimento deste trabalho; Ao Professor Ivan da Rocha Pitta, do Laboratório de Planejamento e Síntese de Fármacos - LPSF/GPIT do Departamento de Antibióticos da Universidade Federal de Pernambuco, pela colaboração e orientação no desenvolvimento deste trabalho; Aos Professores e Funcionários do Departamento de Antibióticos pela colaboração e auxílio no desenvolvimento deste trabalho, aos funcionários da Central Analítica do Departamento de Química Fundamental, ao funcionário Ricardo Oliveira pela realização dos espectros de RMN1H e em especial a Wagner Eduardo da Silva, pela realização dos espectros de infra-vermelho dos complexos contendo platina. A Universidade Federal do Ceará, Laboratório de Oncologia Experimental da Universidade Federal do Ceará, aos Professores Cláudia do Ó Pessoa, Manoel Odorico de Moraes, Letícia Veras Costa-Lotufo, e ao mestrando Francisco Washington Araújo Barros pela realização dos ensaios de citotoxicidade dos compostos imidazolidínicos e imidazolidínicos cis-platínicos. A secretária do Curso de Doutorado em Ciências Biológicas, Adenilda, pela disponibilidade constante, apoio e colaboração ao longo desse trabalho; Em especial aos colegas do Laboratório de Planejamento e Síntese de Fármacos - LPSF/GPIT: Ricardo Olímpio de Moura pela disponibiliade e ajuda, sempre solícito, Diana Malta, Andréa Cristina Apolinário, Micheline Miranda, à 7 Carvalho, M. S. Profa. Teresinha Gonçalves, e aos alunos de Iniciação Científica pela convivência e apoio durante esse trabalho; Aos órgãos de fomento, que proporcionam os investimentos diretos no desenvolvimento de pesquisas, por meio do financiamento de auxílios e insumos neste país, e em especial à Capes pela concessão da bolsa de estudos, tanto neste país, quanto a bolsa que possibilitou o estágio sanduíche em Portugal; Ao Prof. João Bosco Paraíso (Depto. de Química Fundamental/UFPE) pela dedicação e colaboração desenvolvidas durante a estada em Portugal; À toda equipe da Unidade de Químida-Física Molecular (QFM-UC) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra/PT: Ao Professor Luís Batista de Carvalho e à Prof. Paula Marques pela receptividade e dedicação durante minha estada e auxílio no desenvolvimento dos trabalhos em Portugal. Ao Prof. Antônio Amorim da Costa pela acolhida na Unidade de Química Física Molecular/UC; Aos colegas da Unidade Química-Física Molecular da Universidade de Coimbra, à aluna de doutorado Sônia Martins Fiuza pelo apoio dado durante minha estadia nesta unidade, nos experimentos com cultura de células, pela convivência estabelecida com os demais colegas: Luís Paulico, Sara Padrão, Sofia Mendes, Nelson, Jucimary e demais colegas. A Deus que sempre me auxiliou em todas as etapas da minha vida, me proporcionando paz, alegria e determinação; E por fim, àquelas pessoas que não estão diretamente relacionadas a este trabalho, mas indiretamente contribuíram através da motivação e auxílio na sua hora oportuna; À minha querida Família, pela motivação e compreensão nos momentos de ausência. 8 Carvalho, M. S. SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS RESUMO ABSTRACT INTRODUÇÃO REVISÃO DA LITERATURA 16 35 1. Dados Epidemiológicos do Câncer 18 1.2. O Câncer no Mundo 20 1.3. O Câncer no Brasil 22 1.4. O Câncer em Pernambuco 09 2. Etiologia do Câncer 24 3. Cultura de Células 27 3.1.Classificação das Culturas de Células 27 4. Diaminodicloroplatina (II) – Cisplatina – Como um Fármaco Anticancerígeno Eficaz 31 4.1. Mecanismo de Ação da Cisplatina 32 4.2. Desenvolvimento de complexos similares à cisplatina, sobretudo com 34 menos efeitos colaterais 36 5. O anel Imidazolidínico e suas potencialidades em atividades farmacológicas 2.OBJETIVOS 2.1.Objetivo Geral 41 2.2.Objetivos Específicos 41 43 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 9 Carvalho, M. S. 4.ANEXOS: ARTIGOS ARTIGO 1: Síntese, Determinação Estrutural e Avaliação Citotóxica in vitro de 53 Novos Compostos de Coordenação de Platina contendo como ligantes Compostos Imidazolidínicos Derivados da 2-tioxo-imidazolidin-4-ona e da Imidazolidina-2,4-diona 92 ARTIGO 2: Platinum Coordination Compounds as One of The Most Active Chemotherapeutic Class for Treatment of Large Range of Tumors, and New Approaches for Biological Evaluations 123 5.CONCLUSÕES 10 Carvalho, M. S. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Pt - Platina OMS - Organização Mundial de Saúde AIPC - Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer INCA - Instituto Nacional de Câncer DNA – Ácido Desoxirribonucléico EDTA - Ácido Etilenodiamino Tetra-Acético LPSF - Laboratório de Planejamento e Síntese de Fármacos WHO – World Health Organization GPIT – Grupo de Pesquisa em Inovação Terapêutica UFPE – Universidade Federal de Pernambuco RMN1H – Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio IV – Infravermelho CCD – Cromatografia em Camada Delgada DMSO - Dimetilsulfóxido s - Singleto d – Dupleto dd – Duplo dupleto t - Tripleto 11 Carvalho, M. S. q - Quadrupleto M - Multipleto Hz - Hertz MHz – Mega Hertz - Deslocamentos químicos eV - Eletrovoltz KOH – Hidróxido de Potássio CH3OH - Metanol DMF - Dimetilformamida ppm – Parte por milhão Rdt - Rendimento Rf – Razão de frente mL - Mililitros g - Grama DMSO-d6 – Dimetilsulfóxido deuterado 12 Carvalho, M. S. LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Taxas de Mortalidade nos homens para todos os lugares combinados, 07 excluindo câncer melanoma de pele. As mais altas taxas estão registrados em países ricos Figura 02 – Tipos de câncer mais incidentes, estimados para 2008 e válidos para 09 2009, na população brasileira, sem pele não melanoma Figura 03 – Método de dissociação enzimática 14 Figura 04 – Cultura de células BKH em crescimento com baixa densidade celular 16 (acima) e células BKH crescendo em alta densidade celular (abaixo). Figura 05 – Cisplatina 17 Figura 06 – Cristalografia da Estrutura de dupla fita de DNA contendo um decâmero 18 cisplatina cis-[PtCl2(NH3)2], contendo aductos intra e inter-cadeias Figura 07 – Ligação da cisplatina ao DNA - (a) ligações intracadeia (b), ligações 19 intercadeia (c), e monoaductos (d). Figura 08 – Estruturas químicas dos complexos com platina: cisplatina, carboplatina, 20 oxaliplatina, nedaplatina, iobaplatina e heptaplatina. Figura 09 – Agentes para drogas alvo e entrega: esquema geral de um bioconjugado 22 Figura 10 – Potencialidades de atividades biológicas do núcleo imidazolidínico 23 Figura 11 – Estruturas esquemáticas de complexos de Pt (II) investigados cis-[PtL2Cl2] 24 (1), cis-[PtL2Br2] (2), trans-[PtL2I2] (3) and cis-[PtL2Cl4] (4). Fórmula geral [PtL2X2] and [PtL2Cl4], onde L é o ligante orgânico e X é Cl-, Br-, I-. 01 13 Carvalho, M. S. RESUMO A cisplatina é um quimioterápico altamente potente comumente usado em muitos tipos de neoplasias humanas, porém devido a muitas limitações, há a necessidade de busca de novos agentes anticâncer menos tóxicos e mais seletivos, sendo assim, uma variedade de complexos de platina (II) com ligantes contendo nitrogênio, tem sido alvo de intensa avaliação biológica. Os complexos contendo derivados hidantoínicos como ligantes, tem sido relatados possuir atividade citotóxica/antitumoral Os compostos das Séries Cx, LPSF/NN, LPSF/MS foram sintetizados e submetidos à avaliação citotóxica utilizando 4 diferentes linhagens de células cancerígenas. Também foi realizada avaliação da atividade hemolítica. Dos compostos avaliados os da série LPSF/MS apresentaram-se mais ativos, os valores de IC50 para o composto LPSF/MS-6 demonstraram atividade citotóxica para todas as linhagens celulares testadas, superando a IC50 do fármaco antitumoral de referência, a doxorrubicina (Dox). Foi observado pelas análises de SAR que os fatores eletrônicos e lipofílicos influenciaram na resposta biológica. A análise da atividade hemolítica sugere que a atividade citotóxica, não é devido a danos diretos sobre a membrana plasmática. Palavras-chaves: cisplatina câncer, citotoxicidade, complexos metálicos, imidazolidina-2,4-diona, 14 Carvalho, M. S. ABSTRACT Cisplatin is a highly potent chemotherapy commonly used many types of human cancers, however due to many side effects, there is a need to search for new anticancer agents less toxic and more selective, so a variety of complexes of platinum (II) with ligands containing nitrogen, has been the subject of intense biological evaluation. The complex containing hydantoin derivatives as ligands, has been reported to have cytotoxic/antitumor activity. The compounds of series Cx, LPSF/NN, LPSF/MS were synthesized and subjected to cytotoxic evaluation using 4 different strains of cancer cells. It was also evaluated for haemolytic activity. Among the compounds tested the LPSF/MS showed to be more active, the values of IC50 for the compound LPSF/MS-6 showed cytotoxic activity for all cell lines tested, exceeding the IC50 of the antitumour drug reference, the doxorubicin (DOX). Was observed by the analysis of SAR that the electronic and lipophilic factors had influence the biological response. Analysis of haemolytic activity suggests that the cytotoxic activity is not due to direct damage on the plasma membrane Key-words: cancer, cytotoxicity, metals complexes, imidazolidin-2,4-dione, cisplatin 15 Carvalho, M. S. INTRODUÇÃO A necessidade de desenvolvimento de novos fármacos que sejam efetivos contra algumas patologias ainda sem tratamento adequado, e que possam substituir os existentes, tem impulsionado a comunidade científica a novas e incessantes pesquisas nesta área, porém a custos menores e dotados de menores efeitos adversos. A química medicinal tem contribuído significativamente neste aspecto. Muitas classes de compostos orgânicos têm demonstrado promissores efeitos biológicos e a literatura científica relata um crescimento significativo de novas moléculas com potência similar ou superior àquela de um fármaco, sendo que muitos deles encontram-se em estudos préclínicos e clínicos avançados e pormenorizados. Entre estas substâncias, pode-se inserir as imidas cíclicas (CECHINEL FILHO et al., 2003). A química e as propriedades das imidazolidinas-2,4-diona e seus derivados têm sido investigados há mais de 140 anos. O grupamento hidantoínico representa um importante farmacóforo, que está presente em diversos compostos biologicamente ativos. Ao longo das últimas décadas esforços intensivos de investigações na indústria e na academia, têm sido dedicados à modificação estrutural das hidantoínas e seus derivados. Novas estruturas de compostos e candidatas à fármacos têm surgido a partir destas investigações e diferentes tipos de derivados hidantoínicos têm sido introduzidos no mercado como produtos farmacêuticos (KURZ et al., 2004). Os derivados hidantoínicos destacam-se por apresentarem ações biológicas diversificadas, como por exemplo, antimicrobiana, antifúngica (KURZ et al., 2004), antiarrítmica (DYLAG et al., 2004; PEKALA et al., 2005), anticonvulsivante antiinflamatória, (THENMOZHIYAL analgésica et (OLIVEIRA al., et al., 2004), 2008), antihipertensiva, antiproliferativa (BAKALOVA et al., 2005; 2008) e antiparasitária (CATERINA et al.; 2008). A química propriedades medicinal únicas de orgânica íons e metálicos inorgânica para o pode desenho explorar de as novos medicamentos. Isso tem, por exemplo, conduzido à aplicação clínica de agentes quimioterápicos para tratamento de câncer, tais como a cisplatina. O 16 Carvalho, M. S. uso da cisplatina é, no entanto, severamente limitado por seus efeitos colaterais tóxicos. Isso tem estimulado químicos para empregar diferentes estratégias para o desenvolvimento de novos agentes anticancerígenos baseados em metais, com diferentes mecanismos de ação. Estes incluem as mais seletivas entrega e/ou ativação de pró-drogas relacionadas à cisplatina e com a descoberta de novas interações não-covalente com o clássico alvo, o DNA (BRUIJNINCX et al., 2008). Alguns recentes avanços no desenvolvimento de fármacos baseados em platina tem revelado que a semelhança estrutural com o protótipo não é um requisito obrigatório para a atividade citotóxica. Uma das abordagens alternativas para o desenvolvimento de agentes antineoplásicos baseado em platina não-clássicos centra-se nas espécies carregadas, cujo átomo de platina está ligado a mais do que dois átomos doadores de nitrogênio. Relatos da literatura tem descrito três complexos diamina platina (II) catiônicos com ligantes hidantoínicos substituídos que demonstraram exercer atividade citotóxica in vitro (BAKALOVA, et al., 2005). Baseado nos trabalhos correlacionados tanto ao desenho e desenvolvimento de novos agentes quimioterápicos tendo como referência os complexos de platina, o objetivo deste trabalho foi a síntese da série de complexos de platina II (série Cx) utilizando como ligantes derivados da série 2-tioxo-imidazolidin-4-ona (LPSF/NN) e derivados da série imidazolidina-2,4diona (LPSF/MS), bem como avaliação da atividade citotóxica em 4 diferentes linhagens de células cancerígenas humanas, e por fim uma análise sobre as relações estrutura-atividade destes compostos. 17 Carvalho, M. S. REVISÃO DA LITERATURA No último século, o desenvolvimento de agentes citotóxicos foi revolucionário para a terapia do câncer. Tem se tornado possível alcançar a cura para determinadas neoplasias como a leucemia aguda infantil, a doença de Hodgkin, linfoma não-Hodgkin, a doença gestacional trofoblástica e tumores de células germinativas. O tratamento adjuvante com fármacos citotóxicos para vários tipos de câncer também ofereceu um claro benefício de sobrevivência adicionalmente ao obtido com o tratamento cirúrgico isolado. Em pacientes com doença metastática ou recorrente, os agentes citotóxicos, demonstraram a capacidade não só de fornecer inequívoco controle tumoral, mas também oferecer uma melhor qualidade de vida, com um razoável alívio dos sintomas. Contudo, várias limitações tornou evidente, principalmente em pacientes com avançadas doenças malignas, onde os efeitos adversos da quimioterapia citotóxica pode impedir os seus potenciais benefícios (ISMAEL et al., 2008). O desenvolvimento de agentes que combinam eficácia, segurança e conveniência continua um grande desafio. Um grande número de fármacos citotóxicos são administrados por via intravenosa e alguns deles podem exigir infusão intravenosa contínua, o que pode ser traduzido em custos mais elevados e a necessidade de hospitalização. Conveniência é também um fator importante na escolha dos tratamento para pacientes com câncer e, portanto, o desenvolvimento de novos e eficazes agentes citotóxicos oral tem sido um assunto de grande interesse. O desenvolvimento de novos fármacos citotóxicos pode melhorar a terapia anticâncer e assistência ao paciente. Sendo assim vale ressaltar que o desenvolvimento de promissores novos fármacos citotóxicos poder oferecer não só ganhos de eficácia, mas também em segurança, tolerabilidade e conveniência (ISMAEL et al., 2008). O campo da química bioinorgânica, que lida com o estudo do papel dos complexos metálicos em sistemas biológicos, tem aberto um novo horizonte para a investigação científica em compostos de coordenação. Um grande número de compostos são importantes do ponto de vista biológico. Alguns metais são essenciais para funções biológicas e são encontrados em enzimas e cofatores necessários para vários processos. Por exemplo, a hemoglobina 18 Carvalho, M. S. nos glóbulos vermelhos contém um complexo ferro porfirina, que é utilizado para transporte e armazenamento de oxigênio no organismo. A clorofila em plantas verdes, que é responsável pelo processo fotossintético, contém um complexo magnésio porfirina. O cobalto é encontrado na coenzima B12, que é essencial para a transferência de grupos alquílicos de uma molécula para outra, em sistemas biológicos. Metais tais como o cobre, zinco, ferro e manganês são incorporados em proteínas catalíticas (as metaloenzimas), que facilitam uma infinidade de reações químicas necessárias para a vida (AHMAD et al., 2006). Abordando o desenvolvimento de complexos organometálicos como promissores agentes na terapêutica em diversas patologias, nesta revisão é apresentado um panorama sobre os últimos desenvolvimentos em áreas relacionadas aos complexos organometálicos que têm como principal representante a cisplatina. As diversas áreas foram uma consequência direta da descoberta da atividade antitumoral da cis-Pt(NH3)2Cl2 (Cisplatina). Também será destaque o desenvolvimento de novos medicamentos citotóxicos que espera-se não somente oferecer ganhos na eficácia, mas também em termos de segurança, tolerabilidade e conveniência terapêutica. Aspectos mecanísticos da interação de complexos metálicos, mostram as imidazolidinas como importantes ligantes para complexos metálicos, principalmente com complexos de Pt (II) com ligantes contendo nitrogênio que tem sido alvo de intensa avaliação biológica (BAKALOVA et al., 2005; 2008) 1. Dados Epidemiológicos do Câncer A epidemiologia indica a distribuição de uma determinada doença em uma população. Os dados epidemiológicos são importantes para medidas preventivas e planejamento de ações de saúde pública. Porém, existem dificuldades para a realização de estudos epidemiológicos, principalmente nos países subdesenvolvidos. Além disso, resultados obtidos variam muito de um país para outro, ou até entre as regiões de um mesmo país. Essas diferenças podem ocorrer devido aos métodos utilizados para o estudo, ou mesmo devido à características do próprio local de coleta (OMS, 2006). 19 Carvalho, M. S. 1.1. O Câncer no Mundo Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (AIPC) (2003), em todo o mundo, aproximadamente 10 milhões de pessoas são diagnosticadas com câncer anualmente e mais que 6 milhões morrem da doença a cada ano, atualmente acima de 22 milhões de pessoas no mundo são pacientes de câncer. Em 2005, de um total de 58 milhões de mortes ocorridas no mundo, o câncer foi responsável por 7,6 milhões, o que representou 13% de todas as mortes. Os principais tipos de câncer com maior mortalidade foram: pulmão (1,3 milhão); estômago (cerca de 1 milhão); fígado (662 mil); cólon (655 mil); e, mama (502 mil). Do total de óbitos por câncer ocorridos em 2005, mais de 70% ocorreram em países de média ou baixa renda (OMS, 2006). Estima-se que em 2020 o número de novos casos anuais seja da ordem de 15 milhões. Cerca de 60% destes novos casos ocorrerão em países em desenvolvimento. É também conhecido que pelo menos um terço dos casos novos de câncer que ocorrem anualmente no mundo poderiam ser prevenidos. Parkin e colaboradores (2001) estimaram para o ano de 2000 que o número de novos casos de câncer em todo o mundo seria maior que 10 milhões. Os tumores de pulmão (902 mil casos novos) e próstata (543 mil) seriam os mais freqüentes no sexo masculino, enquanto que no sexo feminino as maiores ocorrências seriam os tumores de mama (1 milhão de casos novos) e de colo do útero (471 mil) (OMS/AIPC, 2003). O câncer aflige todas as comunidades no mundo. Com base nos mais recentes dados disponíveis de incidência e mortalidade, existiam 10,1 milhões de novos casos, 6,2 milhões de mortes e 22,4 milhões de pessoas vivendo com câncer no ano de 2000. Isto representa um aumento de cerca de 19% na incidência e 18% em mortalidade desde 1990. O câncer é uma das principais doenças de peso mundial, mas existem marcadas variações geográficas na incidência global e em órgãos específicos como demonstrado no mapa da figura 01 abaixo. Estimativas reais do número de novos casos (incidência) exigem registros do câncer com base populacional (OMS/AIPC, 2003). 20 Carvalho, M. S. < 85,8 < 112,2 < 133,3 < 165,1 < 272,3 Age-standardized rate / 100,000 population Figura 01 – Taxas de Mortalidade nos homens para todos os lugares combinados, excluindo câncer melanoma de pele. As mais altas taxas estão registrados em países ricos. Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (AIPC). World Cancer Report .2003. Todas as regiões são acometidas pelo câncer, mas existem marcadas diferenças regionais como demonstrado nas figuras 01 e 02 devido principalmente aos hábitos de estilos de vida e também a fatores etiológicos adjacentes como as doenças infecciosas predominantes nos países em desenvolvimento, que culminam em fatores predisponentes ao desenvolvimento do câncer aliado às questões de hereditariedade (OMS/AIPC, 2003). A distribuição das taxas de mortalidade do câncer é mais alta em sociedades mais ricas, principalmente à alta incidência de tumores associados com o tabagismo e o estilo de vida, por exemplo, tumores de pulmão, coloretal, mama e próstata. Nos países em desenvolvimento, acima de 25 % dos tumores estão associados com infecções crônicas, por exemplo: vírus da hepatite B (câncer de fígado), papillomavírus humano (câncer cervical) e Helicobacter pylori (câncer de estômago) (OMS/AIPC, 2003). 21 Carvalho, M. S. Diferenças na distribuição regional de câncer como documentado pelos registros de câncer baseados na população, ajudam a identificar os fatores causais e aqueles que influenciam na sobrevivência. Em alguns países ocidentais, as taxas de mortalidade por câncer recentemente têm começado a diminuir, devido a uma redução na prevalência do tabagismo, a melhoria da detecção precoce e avanços no tratamento câncer (OMS/AIPC, 2003). 1.2. O Câncer no Brasil Segundo o Instituto Nacional do Câncer para o ano de 2008 e válidas também para o ano de 2009, no Brasil, as estimativas apontam que ocorrerão 466.730 casos novos de câncer. Os tipos mais incidentes, à exceção do câncer de pele do tipo não melanoma, serão os cânceres de próstata e de pulmão no sexo masculino e os cânceres de mama e de colo do útero no sexo feminino, acompanhando o mesmo perfil da magnitude observada no mundo como demonstrado na figura 02 (Instituto Nacional de Câncer – INCA, 2009). Os tumores mais incidentes para o sexo masculino serão devidos ao câncer de pele não melanoma (56 mil casos novos), próstata (49 mil), pulmão (18 mil), estômago (14 mil) e cólon e reto (12 mil). Para o sexo feminino destacam-se os tumores de pele não melanoma (59 mil casos novos), mama (49 mil), colo do útero (19 mil), cólon e reto (14 mil) e pulmão (9 mil) (Instituto Nacional de Câncer – INCA, 2009). A distribuição dos novos casos de câncer segundo localização primária é bem heterogênea entre estados e capitais do país; o que fica bem evidenciado ao observar-se a representação espacial das diferentes taxas brutas de incidência. As regiões Sul e Sudeste, de uma maneira geral, apresentam as maiores taxas, enquanto que as regiões Norte e Nordeste mostram as menores taxas. As taxas da região Centro-Oeste apresentam um padrão intermediário (Instituto Nacional de Câncer – INCA, 2009). Em 2008 foram esperados 231.860 casos novos para o sexo masculino e 234.870 para sexo feminino. Estima-se que o câncer de pele do tipo não melanoma (115 mil casos novos) seria o mais incidente na população 22 Carvalho, M. S. brasileira, seguido pelos tumores de próstata (49 mil), mama feminina (49 mil), pulmão (27 mil), cólon e reto (27 mil), estômago (22 mil) e colo do útero (19 mil) como demonstrado na figura 02 (Instituto Nacional de Câncer – INCA, 2009). Figura 02 – Tipos de câncer mais incidentes, estimados para 2008 e válidos para 2009, na população brasileira, sem pele não melanoma. Fonte: Instituto Nacional de Câncer – INCA. 1.3. O Câncer por Região do Brasil O número de casos novos de câncer de próstata estimados para o Brasil no ano de 2008 e válidas para 2009, é de 49.530. Estes valores correspondem a um risco estimado de 52 casos novos a cada 100 mil homens. O câncer de próstata é o mais freqüente em todas as regiões com risco estimado de 69/100.000 na região Sul, 63/100.000 na região Sudeste, 47/100.000 na região Centro-Oeste, 38/100.000 na região Nordeste e, 22/100.000 na região Norte (Instituto Nacional de Câncer – INCA, 2009). Em termos de valores absolutos, o câncer de próstata é o sexto tipo de câncer mais comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando cerca de 10% do total de câncer. As taxas de incidência deste tipo de câncer 23 Carvalho, M. S. são cerca de seis vezes maiores nos países desenvolvidos comparados aos países em desenvolvimento. A mortalidade por câncer de próstata é relativamente baixa, o que reflete, em parte, seu bom prognóstico (Instituto Nacional de Câncer – INCA, 2009). A dieta tem sido apontada em alguns estudos como fator importante na etiologia deste câncer. Uma alimentação com base em gordura animal, carne vermelha e cálcio tem sido associada ao aumento no risco de desenvolver câncer de próstata. Já uma dieta rica em vegetais, selênio, vitaminas D e E, licopeno e ômega-3, tem indicado proteção para o desenvolvimento desta neoplasia. Alguns estudos apontam a obesidade como fator de risco para a mortalidade por câncer de próstata (Instituto Nacional de Câncer – INCA, 2009). O número de novos casos de câncer de mama que foram esperados para o Brasil em 2008 e válidas para 2009 é de 49.400, com um risco estimado de 51 casos a cada 100 mil mulheres. O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais freqüente no mundo e o mais comum entre as mulheres. A cada ano, cerca de 22% dos casos novos de câncer em mulheres são de mama. Em Pernambuco, assim como nas demais regiões do país, segue-se esta alta incidência do câncer de mama nas mulheres, como demonstrado na figura 02. Os fatores de risco relacionados à vida reprodutiva da mulher (menarca precoce, nuliparidade, idade da primeira gestação a termo acima dos 30 anos, anticoncepcionais orais, menopausa tardia e terapia de reposição hormonal) estão bem estabelecidos em relação ao desenvolvimento do câncer de mama. Além desses, a idade continua sendo um dos mais importantes fatores de risco (Instituto Nacional de Câncer – INCA, 2009). 2. Etiologia do Câncer O Câncer não é apenas uma doença, mas um termo genérico usado para englobar um grupo de mais que duzentas doenças que partilham de características comuns. Os cânceres são caracterizados por seu crescimento não regulado e espalhado de células para outras partes do corpo (GABRIEL, 2007). 24 Carvalho, M. S. Todos os tipos de câncer partilham características semelhantes. As células normais dos mamíferos possuem mecanismos moleculares que regulam o seu crescimento, diferenciação e morte. O câncer desenvolve quando uma célula normal escapa destes mecanismos reguladores e se proliferam incontrolavelmente, adquirindo a capacidade de invadir tecidos normais, podendo se metastatizar para sítios distantes (DOUCAS et al., 2006). As células cancerígenas não estão confinadas para um hiperproliferação localizada e infiltração do tecido circundante, mas podem se espalhar para outras partes do corpo através do sistema linfático e sangue, criando depósitos secundários conhecidos como metástases (GABRIEL, 2007). Foi preconizado durante muitos anos que o câncer tem um componente genético e em nível celular pode se dizer que é uma doença genética. Em 1914, Boveri sugeriu que uma aberração no genoma poderia ser responsável pela origem do câncer. Este foi posteriormente apoiado por provas de que o câncer, ou o risco de câncer, pode ser herdada; que mutações poderiam causar tumores em ambos os animais e os seres humanos e que tumores são monoclonais na origem, isto é, as células de um tumor mostram todas as características genéticas da célula original transformada. E apenas nos últimos anos que o envolvimento de genes específicos tem sido demonstrada em nível molecular (MACDONALD, 2005). As células cancerígenas contêm muitas alterações que se acumulam e contribuem para o desenvolvimento de tumores. Ao longo dos últimos 25 anos, consideráveis informações foram recolhida sobre a regulação do crescimento celular e proliferação conduzindo à identificação dos proto-oncogenes e os genes supressores tumorais. Os proto-oncogenes codificam proteínas que são importantes no controle da proliferação celular, diferenciação, controle do ciclo celular e apoptose. As mutações nesses genes atuam predominantemente e conduzem a um ganho de função. Em contrapartida, os genes supressores tumorais inibem a proliferação celular por prender progressão através do ciclo celular e o bloqueio da diferenciação. Eles são recessivos, ao nível da célula, embora eles mostram um modo de herança dominante. Além disso, outras genes são igualmente importantes para o desenvolvimento de tumores (MACDONALD, 2005). 25 Carvalho, M. S. As mutações que levam ao aumento da instabilidade genômica sugerem defeitos em desencontro excisão e reparo percursos. Genes envolvidos no processo de reparo do DNA, quando mutados, também predispõem o paciente a desenvolver o câncer. Além disso, muitos outros genes que codificam proteínas, tais como proteases ou outras enzimas capazes de perturbar tecidos, e fatores de permeabilidade vascular, têm sido mostrados por estarem envolvidos na carcinogênese. Eventos epigenéticos como alterações no grau de metilação do DNA também têm sido detectados em tumores. Qualquer combinação destas mudanças podem ser encontradas em um tumor. No seu conjunto, a progressão para malignidade, portanto, é um caso complexo e multifatorial (MACDONALD, 2005). A carcinogênese é um processo multi-etapas; as células acumulam uma sucessão de mutações genéticas, superando cada mecanismo de defesa natural anti-câncer dentro da célula, conferindo uma vantagem no crescimento, e dirigindo a transformação de uma célula normal em uma maligna. Mesmo depois de um câncer, foi formada, a instabilidade genética das células malignas significa que as mudanças na natureza do câncer continuam a ocorrer, criando dificuldades relativas às estratégias terapêuticas. A maioria dos cânceres resultam de uma série de erros genéticos que ocorrem durante um período prolongado, por conseguinte, a incidência de cânceres aumenta com a idade (DOUCAS et al., 2006). Dentre os principais critérios a serem analisados nos estudos de citotoxicidade in vitro pode-se citar a seletividade quanto à linhagem celular cancerígena estudada. Um composto que destrói todas as linhagens de células cancerígenas provavelmente mata também as células normais, inviabilizando sua aplicação no paciente. A importância de se estudar um número abrangente de linhagens celulares é ressaltado, principalmente correlacionando os usos terapêuticos de determinados fármacos padrões já utilizados na clínica, baseados em dados da literatura, com o espectro de ação dos tipos de tumores para os quais estes fármacos antineoplásicos são eficazes. 26 Carvalho, M. S. 3. Cultura de Células Embora os primeiros experimentos com cultura de células tenham sido iniciados no século passado com o trabalho do zoólogo americano Ross Granviele Harrison, na Universidade Johns Hopkins, o uso desta técnica continua sendo uma importante ferramenta de pesquisas. Este pesquisador demonstrou que fragmentos de tecido podiam ser mantidos in vitro, empregando culturas de medula espinhal embrionária de anfíbios, conseguindo assim observar o crescimento dos axônios de neuroblastos, e estabelecendo que estes se formavam por expansão, a partir do corpo neuronal e não por fusão de uma cadeia de células. As observações de Harrison resolveram uma das controvérsias em neurobiologia, demonstrando que as fibras nervosas efetivamente emergiam das células nervosas do tubo medular (HARRISON, 1907). Cultura de célula é o termo geral para a remoção de células, tecidos ou órgãos de um animal ou vegetal com sua posterior colocação em um ambiente artificial propício ao crescimento. Este ambiente geralmente consiste de um recipiente de vidro ou um recipiente de plástico para cultura contendo um meio líquido ou semi-sólido que fornece os nutrientes essenciais para a sobrevivência e o crescimento. A cultura de todo órgão ou fragmentos de órgãos intactos com a intenção de estudar a continuação da sua função ou o desenvolvimento é chamado cultura de órgãos. Quando as células são removidas de fragmentos de órgão antes, ou durante o cultivo, assim, perturbando a sua relação normal com células vizinhas, é chamado cultura de células (RYAN, 2008). 3.1.Classificação das Culturas de Células 3.1.1.Cultura primária Quando as células são removidas cirurgicamente a partir de um organismo e colocado em um ambiente adequado de cultura, que irão se juntar, dividir e crescer, é chamado de cultura primária, também chamadas de 27 Carvalho, M. S. culturas finitas, originam-se de células desagregadas recentemente de tecidos de um organismo e possuem tempo limitado de vida em cultura – normalmente não mais que 5 a 20 ciclos de divisão celular. A maioria das células normais não dá origem a linhagens celulares contínuas, e após certo período, as células em cultura entram em senescência e morrem (CONDIT, 2001; SPECTER et al., 2002; McATEER & DAVIS, 2002; MARTINS, BOAVENTURA & LIMA, 2005; ANDREI, 2006). Existem dois métodos básicos para o preparo de culturas primárias. Primeiro, pequenos pedaços de tecido são colocados em vasos de cultura de células aproriados de vidro ou plástico e banhado em meio de cultura. Depois de alguns dias, as células individuais se moverão a partir do tecido alvo para fora na superfícice do vaso de cultura ou substrato onde vão iniciar a divisão e o crescimento. O segundo método mais amplamente utilizado, acelera esse processo, acrescentando enzimas digestivas (proteolíticas), tais como a tripsina ou colagenase, para dissolver os fragmentos de tecido formados que ligam as células e faz com que permaneçam juntas. Isto cria uma suspensão de células simples que são então colocadas em recipientes de cultura contendo meio de cultura e que permite o crescimento e divisão. Este método é chamado dissociação enzimática (Figura 3) (RYAN, 2008). As células que se encontram aderidas devem ser ―liberadas‖ da superfície antes de se realizar a contagem na câmara de Neubauer. Geralmente utiliza-se a tripsina-EDTA (0,05 % de 1:250 de tripsina, isto é, tripsina que sob condições testadas pode digerir 250 g de substrato para cada 1 g de tripsina adicionada e 0,02 % de EDTA). As proteínas de adesão destas células necessitam de cálcio e magnésio para exercerem sua função. Devido a estas características, a tripsina e o EDTA são utilizados em conjunto. A tripsina age digerindo e clivando as proteínas de adesão; o EDTA, por sua vez, quela os cátions divalentes livres. Dependendo do experimento que será feito, a tripsina não poderá ser utilizada para a remoção das células, métodos alternativos devem ser adotados (WIGLEY, 2002). 28 Carvalho, M. S. Remoção do tecido Trituração do tecido Digestão com enzimas proteolíticas Placa de cultura Figura 03 - Método de dissociação enzimática. Fonte: Technical Bulletin. Introduction to Animal Cell Culture (2008) 3.1.2. Culturas Secundárias Se as células em cultura primária são removidas dos recipientes de cultura, elas podem então ser usadas para criar um grande número de culturas secundárias. A partir das células, estas culturas secundárias podem, por sua vez, serem usadas para criar novas culturas e assim por diante. Isto é denominado variavelmente como passagem, subcultura celular ou em plaqueamento (as culturas são ainda chamadas culturas secundárias) (BIOELECTRONICS IV, 2007). As culturas primárias e secundárias são úteis, por exemplo, para estudar a bioquímica, fisiologia e comportamento das células em condições definidas, embora se deve ter cautela na relação desses resultados e com o comportamento das células do animal ou seja, estudos in vivo. As culturas secundárias não poderão ser mantidas por mais tempo do que alguns meses. A maioria das células animais cultivadas morrem após um número finito de divisões celulares (50-100 gerações no caso dos fibroblastos da pele humana. No entanto às vezes células variantes aparecem em culturas que irão dividir indefinidamente. Estas culturas de células imortais são chamadas linhas celulares estabelecidas. A natureza da mudança herdável o que leva à "imortalização" é desconhecida. Não é exatamente a mesma que a 29 Carvalho, M. S. transformação maligna, que dá origem à células cancerosas, apesar das linhas celulares parece ser um passo mais próximo das células cancerosas. Grandes populações de células podem ser produzidas pelo crescimento das linhas celulares estabelecidas e de culturas de células secundárias e lojas de células que podem ser mantidas em um profundo congelamento (-70 ° C) por períodos indefinidos. As culturas celulares especialmente, em linhas celulares são amplamente usados em pesquisas médicas e científicas e têm usos industriais, por exemplo: a produção de vacinas (BIOELECTRONICS IV, 2007). Quando as células do recipiente da cultura primária tem crescido e consumiu todo o substrato disponível da cultura, por exemplo como representado nas células renais de hamster, BHK (Baby Hamster Kidney) em alta densidade celular (Figura 4), eles devem ser subcultivados (manutenção) para dar-lhes espaço para continuação do crescimento. Isso geralmente é feito por removê-los com a maior precaução possível a partir do substrato com enzimas. Estes são semelhante às enzimas utilizadas na obtenção da cultura primária e são utilizadas para quebrar as proteínas de adesão das células para o substrato. Algumas linhas celulares podem ser colhidas suavemente por raspagem do fundo do recipiente de cultura. Uma vez desagregadas, a suspensão celular pode então ser subdividida e colocadas em novos vasos de cultura (RYAN, 2008). 30 Carvalho, M. S. Células BHK em baixa densidade Células BHK em alta densidade celular Figura 04 – Cultura de células renais de hamster, BHK (Baby Hamster Kidney) em crescimento com baixa densidade celular (acima) e células BKH crescendo em alta densidade celular (abaixo). Fonte: Bioelectronics IV 2007. 4. Diaminodicloroplatina (II) – Cisplatina – Como um Fármaco Anticancerígeno Eficaz Em 1965, o químico americano Rosenberg, na Universidade do Estado de Michigan, constatou que a eletrólise com eletrodos de platina inibiu o crescimento da bactéria Escherichia coli. Este grupo de pesquisa determinou que a platina oxidada por eletrólise para Pt+2 reage com cloreto de sódio e sais de amônio no meio de crescimento bacteriano, formando a cisplatina (ROSENBERG et al., 1965) (Figura 05). Devido à capacidade da cisplatina para inibir a divisão celular, Rosenberg analisou suas possíveis propriedades anticâncer e concluiu que, na verdade, este composto inibiu o crescimento de sarcomas transplantados em ratos (ROSENBERG et al., 1973). Atualmente, a cisplatina tornou-se uma das principais drogas quimioterápicas. 31 Carvalho, M. S. A cisplatina foi introduzida para a clínica por volta de 1980 e este fármaco tem sido usado com sucesso em várias formas de câncer, particularmente para o tratamento de câncer testicular e ovário. Figura 05 - Cisplatina 4.1. Mecanismo de Ação da Cisplatina O mecanismo de ação da cisplatina é atribuída à ligação ao DNA, com formação de aductos, originando ligações intra e intercadeias que induzem alterações estruturais (Figura 06). O seu efeito citotóxico é, assim, causado pela inibição da transcrição e replicação, induzindo a apoptose (MELLOR et al., 2005). 32 Carvalho, M. S. H3N Cl Pt H3N Cl Cisplatin Figura 06 - Cristalografia da Estrutura de dupla fita de DNA contendo um decâmero cisplatina cis-[PtCl2(NH3)2], contendo aductos intra e inter-cadeias A cisplatina entra na célula principalmente por difusão passiva, embora a sua absorção e efluxo tem sido associada às vias metabólicas do cobre, implicando na alta afinidade do transportador de cobre (CTR1) e o cobre transportando trifosfato de adenosina tipo-P (ATP-7B) (KUO et al., 2007). Uma vez dentro da célula, a cisplatina forma aductos com o DNA com uma preferência pelas regiões.nucleossomais. Neste processo, a cisplatina perde um de seus íons cloreto e se liga a uma molécula de água, a fim de atacar o nitrogênio da posição 7 da purina do DNA. Posteriormente, o outro cloreto é substituído por uma outra molécula de água, assim, uma ligação ao DNA na forma covalente para produzir 1, 2 ou 1, 3 ligações intrafita ou interfitas. A cisplatina também forma monoaductos simples com o DNA, ou monoaductos que se ligam a proteínas ou também às moléculas glutationa (Figura 07) (CHVÁLOVÁ et al., 2007; LAGUNAS et al., 2008). A importância desse mecanismo molecular é ressaltado pelos estudos demonstrando que os níveis de aductos DNA-platina estão correlacionados com a resposta clínica da cisplatina (BRABEC et al., 2005; MARTELLI et al., 2007). 33 Carvalho, M. S. Figura 07 – Ligação da cisplatina ao DNA - (a) ligações intrafita (b), ligações interfitas (c), e monoaductos (d). Fonte: (CHVÁLOVÁ et al., 2007; LAGUNAS et al., 2008). O dano produzido pela cisplatina é detectado e reparado pela via de excisão de nucleotídeo, que envolve duas subvias: transcrição acoplada à via de excisão de nucleotídeo e a via de excisão de nucleotídeo genômica global. Em alguns trabalhos reportado por Furuta e colaboradores (2002) que células deficientes de transcrição acoplada à via de excisão de nucleotídeo são hipersensíveis à cisplatina, mostrando que a essa via pode ser responsável pela resistência à droga de platina. Se o dano produzido pela cisplatina não é totalmente reparado, as células emitem sinais para iniciação da morte celular através de apoptose ou necrose, dependendo da concentração particular de cisplatina e tecidos específicos envolvidos. 4.2. Desenvolvimento de complexos similares à cisplatina, sobretudo com menos efeitos colaterais Desde a descoberta da cisplatina por serendipidade em 1965, os pesquisadores tem se centrado no desenvolvimento de complexos como a cisplatina, com semelhante atividade terapêutica, mas com menos efeitos colaterais do que o composto original. Modificações estruturais na cisplatina tem envolvido mudanças nos grupos retiradores de elétrons, produzindo uma série de derivados com a mesma atividade biológica da cisplatina, (devido ao fato de que intracelularmente eles são hidrolisados às mesmas espécies eletrofílicas, a saber, [(NH3)2Pt(H2O)2]2+), mas com taxas reduzidas de ativação e uma subsequente redução na toxicidade não-específica. Esta estratégia tem resultado no desenvolvimento da carboplatina (2), (Figura 08), que é ativa 34 Carvalho, M. S. contra os mesmos tipos de tumores como a cisplatina, mas com menor toxicidade sistêmica, que tem permitido a sua introdução na oncologia pediátrica (MURRY et al., 1997; VEAL et al., 2007). Em contrapartida, as modificações nos grupos carreadores de elétrons rendem espécies eletrofílicas que são diferentes do composto original, produzindo, assim, produzem diferentes aductos no DNA e mudanças na citotoxicidade. Esta estratégia alternativa levou à síntese da oxaliplatina (3), (Figura 08), um fármaco que age em tumores cisplatina-resistentes, como o adenocarcinoma colorretal, e que exerce efeitos colaterais tóxicos bastante distintos aos do composto original (RAYMOND et al., 1998). Mudando ambos os grupos, carreadores e retiradores de elétrons tem rendido milhares de complexos Pt (II); no entanto, além dos três já mencionados, que ganharam aprovação mundial [cisplatina (1), em 1978, carboplatina (2) em 1991 e oxaliplatina (3), em 2004], apenas três mais tem sido aprovados para uso clínico em países específicos, a saber nedaplatina (4), no Japão, lobaplatina (5) na China e heptaplatina (6), na Coreia do Sul, respectivamente (Figura 08) (GALANSKI et al., 2005). H3N Cl H3N Cl H3N Pt Pt H3N NH2 O Pt NH2 O OCO Cisplatin OCO Carboplatin (1) O O O Oxaliplatin (2) NH3 O (3) NH2 Pt NH2 O O NH3 NH2 O Pt Pt NH2 O O O Nedaplatin (4) Iobaplatin (5) O Heptaplatin (6) Figura. 08 - Estruturas químicas dos complexos com platina: cisplatina, carboplatina, oxaliplatina, nedaplatina, iobaplatina e heptaplatina. O recente aumento nos ensaios clínicos envolvendo fármacos anticancerígenos com platina, outros derivados de platina introduzidos 35 Carvalho, M. S. posteriormente, carboplatina e oxaplatina (Figura 08), reflete a eficácia e a taxa de sucesso da cisplatina, o primeiro e mais poderoso membro da classe. No entanto, o fármaco de grande utilidade clínica tem seu uso limitado pela toxicidade sendo restrita a utilização em altas doses e especialmente a resistência do tumor. Por exemplo, enquanto a alta eficácia na resposta pode ser alcançada no câncer de ovário, a longo prazo a eficácia vai diminuindo, devido ao desenvolvimento de resistência medicamentosa levando a reincidência e posterior morte da maioria destes pacientes (JUNG. et al., 2007; TETKO et al., 2008; HO et al., 2003). Ademais, a cisplatina tem efeitos colaterais severos que incluem nefrotoxicidade, neurotoxicidade, mielosupressão, ototoxicidade, anafilaxia, neuropatias periféricas e a condução à resistênca no tratamento. A resistência é considerada ser multifatorial e inclui reduzida acumulação intracelular do fármaco, o aumento da glutationa e inativação pela metalotioneína, aumento do reparo dos danos do DNA e alterações nas vias apoptóticas (GONZÁLEZVADILLO et al., 2007; SIDDIK et al., 2003). 5. O anel Imidazolidínico e suas potencialidades em atividades farmacológicas Nos últimos anos, um número de abordagens ―drug delivery‖ tem sido desenvolvidas, com o objetivo de reduzir efeitos colaterais tóxicos relacionados à quimioterapia pelo uso de carreadores seletivamente aos tumores alvos para entrega de agentes citotóxicos aos tecidos doentes, assim poupando as células normais. Tais farmacóforos incluem substâncias bioativas, tais como aminoácidos, açúcares, ácidos da bile, folatos e análogos de hormônios. Alternativamente, porções do alvo macromolecular não tóxico, não imunogênico e não pirogênico poderiam ser usadas para esse propósito. Esta estratégia explora o chamado efeito EPR (enhanced permeability and retention), efeito no da aumento da permeabilidade e retenção, baseado em características peculiares de tumores de sangue e vasos linfáticos, resultando numa aumentada difusão macromolecular para fora da corrente sanguínea 36 Carvalho, M. S. dentro do tecido tumoral e uma ineficiente remoção da droga pelo tumor (IYER et al., 2006; VICENT et al., 2006). As porções biológicas (alvo ativo) ou macromolecular (alvo passivo) podem agir cada uma como um grupo retirador ou como um ligante carreador (como mostrado na Figura 09). Quando uma porção alvo age como um grupo retirador no final do complexo, as funcionalidades coordenadas são geralmente grupos dicarboxilados. Dessa forma, uma porção [Pt(NH3)2]2+ presa ao braço pode ser liberada ao DNA para formar o mesmo aducto intracadeia cisPt(NH3)2d(GpG) a. como a cisplatina. A taxa de dissociação da platina dos farmacóforos é crucial para as propriedades citotóxicas dos conjugados (VAN ZUTPHEN et al., 2005; MILANESIO et al., 2008). Espaçador Farmacóforo: Unidade Citotóxica Bioligante (alvo ativo) ou Macromolécula (alvo passivo) Figura 09 – Agentes para drogas alvo e entrega: esquema geral de um bioconjugado Em contraste, quando a porção alvo age como um grupo carreador no final do complexo (Figura 09), ele permanecerá coordenado à droga sobre a penetração na célula e ligação ao DNA, significativamente modificando as propriedades físico-químicas dos aductos no DNA resultantes. Nestes casos, o espaçador geralmente no final, ou contém um grupo diamino funcionalmente quelante (por exemplo, etilenodiamino) (VAN ZUTPHEN et al., 2005; MILANESIO et al., 2008). A química de complexos de metais de transição com ligantes contendo imidazolidinas tem recebido larga atenção devido ao diverso perfil de atividades farmacológicas de compostos com diferentes atividades (KOVALA-DEMERTZI et al., 2008). De acordo com as numerosas atividades biológicas relatadas 37 Carvalho, M. S. pelos compostos imidazolidínicos, uma gama de complexos com platina II e platina IV contendo ligantes que tem nitrogénio tem sido sujeito de intensiva avaliação biológica tendo como ponto chave a diminuição dos níveis de toxicidade e terapias anticâncer mais seletivas (JAKUPEC et al., 2003). No trabalho de revisão reportado pelo Grupo de Pesquisa em Inovação Terapêutica (GPIT), publicado no ano de 2008 foram abordados a relação estrutura, reatividade e propriedades biológicas da hidantoína (imidazolidina2,4-diona), que é um 2,4-dicetotetrahidroimidazol descoberto por Bayer em 1861. As tiohidantoínas e derivados foram preparados, tendo propriedades químicas atividades similares correspondendo biológicas (Figura aos 10) compostos como carbonil. anticâncer, Algumas antimicrobiana, anticonvulsulsivante, esquistossomicida são atribuídas à reatividade química e consequente afinidade dos anéis hidantoínicos à biomacromoléculas. Ademais, o conhecimento sobre a química das hidantoínas têm aumentado muito nas investigações científicas (OLIVEIRA et al., 2008). H Y 5 4 HN 3 1 2 H NH X Ansiolíticos Figura 10 – Potencialidades de atividades biológicas do núcleo imidazolidínico 38 Carvalho, M. S. Os complexos contendo ligantes hidantoínicos tem sido reportado por possuir atividade citotóxica/antitumor. Alguns derivados hidantoínicos tais como ditienilhidantoína, 5,5-dipiridilhidantoína, espirohidantoínas e hidantoínas 3,5dissubstituídas exibem atividades antiviral, anticonvulsivante e citotóxica (RAJIC et al., 1986; BAKALOVA. et al., 2005; 2008). Novos complexos de platina (II) e platina (IV) com 5-metil-5-(4-piridil)-2,4-imidazolidina-diona e vários íons halogênios com fórmula geral [PtL2X2] e [PtL2Cl4], onde L é o ligante orgânico e X é Cl-, Br-, J-, foram sintetizados (Figura 11). Os efeitos citotóxicos destes complexos foram avaliados em algumas linhagens de células cancerígenas humanas. O recém sintetizado complexo cis-[PtL2Cl2] exerceu atividade citotóxica contra linhagens de células tumorais SKW-3, MCF-7, EJ, U-266, enquanto cis-[PtL2Br2], trans-[PtL2I2] foram menos ativos. O mais alto estado de oxidação do complexo cis-[PtL2Cl4] foi inativa em todas as linhagens celulares (BAKALOVA. et al.,2008). 39 Carvalho, M. S. O O H N HN HN O H3C N HN NH 2 N Cl Pt N O H3C 1 O H N Pt Cl HN CH3 Br N O NH CH3 O O O O H N I N CH3 H N H N HN O N H O Br O H3C N Pt I N Cl Cl Pt N Cl Cl 4 3 O O N H HN NH CH3 O Figura 11 – Estruturas esquemáticas de complexos de Pt (II) investigados cis-[PtL2Cl2] (1), cis[PtL2Br2] (2), trans-[PtL2I2] (3) and cis-[PtL2Cl4] (4). Fórmula geral [PtL2X2] and [PtL2Cl4], onde L - é o ligante orgânico e X é Cl , Br , I . 40 Carvalho, M. S. OBJETIVOS 2.1. Geral Contribuir para a terapia anticâncer atual através da avaliação da atividade citotóxica de complexos imidazolidínicos cisplatínicos (Série Cx), derivados 2-tioxo-imidazolidin-4-ona (Série LPSF/NN), e derivados imidazolidina-2,4-diona (Série LPSF/MS), demonstrando como as propriedades eletrônicas e lipofílicas dos compostos podem influenciar na resposta biológica, enfatizando as crescentes pesquisas no desenvolvimento de novos complexos com platina utilizando ligantes contendo nitrogênio como os derivados imidazolidínicos. 2.2. Específicos Síntese de novos compostos de coordenação de platina contendo como ligantes compostos imidazolidínicos derivados da 2-tioxo-imidazolidin-4-ona (Série Cx); Determinação estrutural dos novos compostos de coordenação de platina contendo como ligantes compostos imidazolidínicos derivados da 2tioxo-imidazolidin-4-ona, Série Cx (Cx-33, Cx-40, Cx-42, Cx-47 e Cx-25) (VIIXI) por infravermelho; e dos derivados da Imidazolidina-2,4-diona (LPSF/MS) sintetizados pelos métodos espectroscópicos convencionais: infravermelho e ressonância magnética nuclear de hidrogênio; Avaliação Citotóxica in vitro dos derivados da série 2-tioxo-imidazolidin- 4-ona (LPSF/NN) (I-IV), dos derivados imidazolidina-2,4-diona (LPSF/MS) (IVV) e de complexos imidazolidínicos cisplatínicos (Cx) (VII-X) frente a 4 linhagens de células cancerígenas humana: HL-60 (leucemia promielocítica), MDAMB-435 (melanoma - humano), HCT-8 (cólon - humano) e SF-295 (glioblastoma - humano); 41 Carvalho, M. S. Avaliação da Atividade hemolítica para avaliar o potencial derivados da série 2-tioxo-imidazolidin-4-ona (LPSF/NN) (I-IV), dos derivados imidazolidina2,4-diona (LPSF/MS) (IV-V) e de complexos imidazolidínicos cisplatínicos (Cx) (VII-X) em causar lesões na membrana plasmática da célula, seja pela formação de poros ou pela ruptura total. 42 Carvalho, M. S. REFERÊNCIAS AHMAD, S., ISAB, A.A., PERZANOWSKI, H. P. Ligand scrambling reactions of cyano(thione)gold(I) complexes and determination of their equilibrium constants. Can. J. Chem. 80, 10, 1279–1284. 2002. AHMAD, S., ISAB, A. A., ALI, S., AL-ARFAJ, A. R. Perspectives in bioinorganic chemistry of some metal based therapeutic agents. Polyhedron 25, 1633–1645, 2006. ALBUQUERQUE, M. C. P. A.; SILVA, T. G.; PITTA, M. G. R.; SILVA, A. C. A.; SILVA, P. G.; MALAGUENO, E.; SANTANA, J. V.; WANDERLEY, A. G.; LIMA, M. C. A.; GALDINO, S. L.; BARBE, J.; PITTA, I. R. Synthesis and schistosomicidal activity of new substituted thioxo-imidazolidine compounds. Pharmazie. 60:1, 13-17. 2005. ANDREI, G. Three-dimensional culture models for human viral diseases and antiviral drug development. Antivir. Res., 71:96-107. 2006. AKRIVOS, P.D. Recent studies in the coordination chemistry of heterocyclic thiones and thionates. Coord. Chem. Rev. 213, 181. 2001. BAKALOVA, A., R. BUYUKLIEV, G. MOMEKOV, D. IVANOV, D. TODOROV, S. KONSTANTINOV, M. KARAIVANOVA. Synthesis, physicochemical and in vitro pharmacological investigation of new platinum (II) complexes with some cycloalkanespiro-5′-hydantoins. Eur. J. Med. Chem 40, 590–596. 2005. BAKALOVA, A.: VARBANOV, H.; BUYUKLIEV, R.; MOMEKOV, G.; FERDINANDOV D.; KONSTANTINOV; S.; IVANOV, D. Synthesis, characterization and biological activity of Pt(II) and Pt(IV) complexes with 5methyl-5(4-pyridyl)-2,4-imidazolidenedione. European Journal of Medicinal Chemistry. 43, 958 e 965, 2008. BIERBACH, U., BROW, J.M., PLEATMAN, C.R. Cytotoxic Acridinylthiourea and Its Platinum Conjugate Produce Enzyme-Mediated DNA Strand Breaks. Bioorganic & Medicinal Chemistry Letters v.12, 2953–2955. 2002. Bioelectronics IV. Laboratory - Cell Culture and Biocompatibility. 2007. BERTRAND, J.-C. DNA Repair in Cancer Therapy; HUMANA: TOTOWA, NJ, 51–72. 2004. BOULIKAS, T.; VOUGIOUKA, M. Cisplatin and platinum drugs at the molecular level. Oncol. Rep. 10,1663–1682. 2003. BLACKBURN, T. P.; SLOVITER, R. S. Epilepsy, parkinson‘s disease, migraine and brain plasticity – the next paradigm shift? Current Opinion in Pharmacology, v.3, p. 3-5. 2003. 43 Carvalho, M. S. BJELOSEVIC ,H., SPÉGEL, C., SNYGG, A. S., GORTON L., ELMROTH, S. K.C., PERSSON,T. Synthesis and structural characterisation of novel platinumbased drug candidates with extended functionality by incorporation of bis(diphenylphosphino)ferrocene units as metal chelators. Tetrahedron. 62, 4519–4527. 2006. BERRIDGE, M. V., TAN, A. S., McCOY, K. D., WANG, R. The Biochemical and Cellular Basis of Cell Proliferation Assays that Use Tetrazolium Salts. Biochemica4: 14-19. 1996. BRABEC, V.; KASPARKOVA, J., Modifications of DNA by platinum complexes relation to resistance of tumors to platinum antitumor drugs. Drug Resistance Updates, v. 8, n. 3, pp. 131–146, 2005. BRANDAO, S. S. F.; ANDRADE, A. M. C.; PEREIRA, D. T. M.; BARBOSA FILHO, J. M.; LIMA, M. C. A.; GALDINO, S. L.; PITTA, I. R.; BARBE, J. A novel way of synthesis of 1,3,5-trisubstituted-2-thioxoimidazolidinones. Heterocyclic Communications. 10:1, 9-14. 2004. BROWN, M.L., GRIMM,J. B.;.STABLESB,J.P. Design, synthesis, and development of novel caprolactam anticonvulsants. Bioorganic & Medicinal Chemistry, v. 11, p. 4133–4141, 2003. BRUIJNINCX, P.C. A; SADLER, P. New trends for metal complexes with anticancer activity. J. Current Opin.Chem. Biol., 12,197-206. 2008. BURROWS, M.T. The cultivation of tissues of the chick embrio outside the body. J. Amer. Med. Ass., 55:2057. 1910. BURROWS, M.T. A method of furnishing a continuous supply of new medium to a tissue culture in vitro. Anat. Rec., 6:141-144. 1912. CARREL, A. On the permanent life of tussiues outside the organism. J. Exp. Med., 15:516-528. 1912. CARREL, A. Artificial activation of the growth in vitro of connective tissue. J. Exp. Med., 17:14-19. 1913. CARREL, A. A method for the physiological study of tissues in vitro. J. Exp. Med. 38:407-420. 1923. CATERINA; M. C.; PERILLO, I. A., BOIANI, L. et al., Imidazolidines as new anti-Trypanosoma cruzi agents: Biological evaluation and structure–activity relationships. Bioorganic & Medicinal Chemistry 16, 2226–2234. 2008. 44 Carvalho, M. S. CECHINEL FILHO, V., CAMPOS, F.; CORRÊA, R., YUNES, R. A.; J. NUNES R. Aspectos Químicos e Potencial Terapêutico de Imidas Cíclicas: Uma Revisão da Literatura. Quim. Nova, v. 26, N. 2, 230-241. 2003. CESARINI, S., SPALLAROSSA A., RANISE A., SCHENONE, S., ROSANO, C., LA COLLA, P., SANNA, G., BUSONERA, B., LODDO, R. European Journal of Medicinal Chemistry. 1-13. 2008. CONDIT, R.C. Principles of Virology, pp.19-52. In: D. M. Knipe, P. M. Howley, D. E. Griffin, R. A. Lamb, M. A. Martin, B. Roizman, & S. E. Straus (eds). th Virology, 4 ed. Lippincott Williams & Wilkins, Philadelphia. 2001. CORNER, J. What is cancer? In: Cancer Nursing Care in Context (eds J. Corner and C. Bailey), Blackwell Publishing, Oxford. 2001. CHVÁLOVÁ, K., BRABEC, V., AND J. KASPÁRKOVÁ, Mechanism of the formation of DNA-protein cross-links by antitumor cisplatin, Nucleic Acids Research, v. 35, n. 6, pp. 1812–1821, 2007. CHAN, C. K. S., BURKE, ZHU, S. L., H., PILETZ, J. E.; HEAD, G. A. Imidazoline receptors associated with noradrenergic terminals in the rostral ventrolateral medulla mediate the hypotensive responses of moxonidine but not clonidine. Neuroscience. 132 991–1007. 2005. DALE, M.M.; RANG, H.P.; RITTER,J.M. Farmacologia. 5 ed. Elsevier. 2004. DOUCAS H, BERRY D P. Basic principles of the molecular biology of cancer I. Basic Science, Surgery; 24(2): 43–7. Ed. Elsevier Ltd. 2006. DYLAG, T., ZYGMUNT, M., MACIAG, D. et al., Synthesis and evaluation of in vivo activity of diphenylhydantoin basic derivatives. European Journal of Medicinal Chemistry 39, 1013–1027. 2004. EAGLE, H.; OYAMA, V. I. & LEVY, M. Amino Acid Requirement of normal and malignant human cells in tissue culture. Arch. Biochem. Bioph., 67:432-446. 1957. FURUTA, T.; UEDA, T.; AUNE, G.; SARASIN, A.; KRAEMER, K. H.; POMMIER, Y. Transcription-coupled nucleotide excision repair as a determinant of cisplatin sensitivity of human cells. Cancer Research. 62, no. 17, pp. 4899–4902, 2002. FLEISCHER, H. Structural chemistry of complexes of (n-1)d10 nsm metal ions with -N-donor substituted thiolate ligands (m = 0, 2). Coord. Chem. Rev. 249, 799-827. 2005. GABRIEL, J. edited by. The Biology of Câncer. Second edition. John Wiley & Sons Ltd. 2007. 45 Carvalho, M. S. GALANSKI, M., JAKUPEC, M.A., KEPPLER, B.K. Update of the Preclinical Situation of Anticancer Platinum Complexes: Novel Design Strategies and Innovative Analytical Approaches. Curr. Med. Chem. 12 (18). 2075-2094. 2005. GEY, G. O., COFFMAN, W.D., KUBICEK, M.T. Tissue culture studies of the proliferative capacity of cervical carcinoma and normal epithelium. Cancer Res., 12:364- 365. 1952. GONZÁLEZ-VADILLO, A.M., ÁLVAREZ-VALDÉS, A., MONEO, V., BLANCO, F., DÍAZ, R.G., CARNERO, A., NAVARRO-RANNINGER, C. Structure-activity relationship of new trans-platinum(II) and (IV) complexes with cyclohexylamine. Interference with cell cycle progression and induction of cell death. Journal of Inorganic Biochemistry. 101, 551–558. 2007. HAM, R. G. Clonal growth of mammalian cells in a chemically defined synthetic medium. Proc. Nat. Acad. Sci. USA, 53:288-293. 1965. HARRISON, R.G. Observations on the living developing nerve fiver. Proc. Soc. Exp. Biol. Med., 4:140-143. 1907. HO, Y.P., AU-YEUNG, S.C., To, K.K. Platinum-based anticancer agents: innovative design strategies and biological perspectives. Med. Res. Rev. 23, 633–655. 2003. HUQ, F.; Yu, J. Q.; DAGHRIRI, H.; BEALE, B. ―Studies on activities, cell uptake and DNA binding of four trans-planaramineplatinum(II) complexes of the form: trans-PtL(NH3)Cl2, where L= 2-hydroxypyridine, imidazole, 3-hydroxypyridine and imidazo(1,2-α)pyridine, Journal of Biochemistry 98, 1261-1270. 2004. INCA (Instituto Nacional de Câncer/Coordenação de Prevenção e Vigilância/Ministério da Saúde)- Estimativa 2008 – Incidência de Câncer no Brasil. Disponível on-line em: «http://www.inca.gov.br/estimativa/2008/versaofinal.pdf» Visitado em: 27/12/2008. INCA/Ministério da Saúde. Fisiopatologia do Câncer-Ações de enfermagem para o controle do câncer. Uma Prosposta de Integração Ensino-Serviço. 2ª ed. Capt.2. 2002. Disponível on-line em: «http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/acoes_cap2.pdf » Visitado em: 28/12/2008 ISMAEL, G. F.V., ROSA, D. D., MANO, M. Novel cytotoxic drugs: Old challenges, new solutions. Cancer Treatment Reviews, 34, 81– 91. 2008. 46 Carvalho, M. S. IYER, A.K.; KHALED, G.; FANG, J.; MAEDA, H. Exploiting the enhanced permeability and retention effect for tumor targeting. Drug Discov. Today 11, 812-818. 2006. JAKUPEC, M.A., M. GALANSKI, B.K. KEPPLER. Tumour-inhibiting platinum complexes: state of the art and future perspectives. Rev. Physiol. Biochem. Pharmacol. 146, 1-10. 2003. JUNG, Y., LIPPARD, S.J. Direct Cellular Responses to Platinum-Induced DNA Damage. Chem. Rev. 107, 1387–1407. 2007. KOVALA-DEMERTZI, D., ALEXANDRATOS, A., PAPAGEORGIOU A., YADAV, P. N., DALEZIS Panagiotis, Demertzis, M. A. Polyhedron. 27, 2731–2738. 2008. KUO, M. T., CHEN, H. H. W., SONG, I.-S. SAVARAJ, N., ISHIKAWA, T. The roles of copper transporters in cisplatin resistance. Cancer and Metastasis Reviews, v. 26, no. 1, pp. 71–83, 2007. KURZ ,T.; WIDYAN , K. A convenient synthesis of 3-amino-4-imino(thioxo)imidazolidin-2-ones.Tetrahedron Letters. 45. 7049–7051. 2004. LAGUNAS, V. M.; ZAJGLA, J. M.. Nuclear Factor-kappa B as a Resistance Factor to Platinum-Based Antineoplasic Drugs. Review Article. Metal-Based Drugs. 1-6. 2008. doi:10.1155/2008/576104. LEO, A.J., Hansch C., Role of Hydrophobic Effects in Mechanistic QSAR. Perspect. Drug Discov. Des. 17, 1–25. 1999. LEWIS, W. & LEWIS, M. The growth of embryonic chick tissues in artificial media, agar and bouillon. Johns Hopk. Hosp. Bull., 22:126 . 1911. MARTINS, A. K. A.; BOAVENTURA, M. F. C. & LIMA, M. M. R. Cultivo de linhagens permanentes, pp: 41-49. In: C. M. Peres, R. Curi (eds.) Como cultivar células, Editora Guanabara Koogan S.A. Rio de Janeiro, Brasil. 2005. MARTELLI, L., DI MARIO, F., BOTTI, P., RAGAZZI, E., MARTELLI, M. KELLAND, L., Accumulation, platinum-DNA adduct formation and cytotoxicity of cisplatin, oxaliplatin and satraplatin in sensitive and resistant human osteosarcoma cell lines, characterized by p53 wild-type status. Biochemical Pharmacology, v. 74, n. 1, pp. 20–27, 2007. MACDONALD, F.; FORD, C.H.J.; CASSON, A.G. Molecular Biology of Cancer. Second edition. Taylor & Francis e-Library, 2005. 47 Carvalho, M. S. MELLOR, H.R.; SNELLING, S.; HALL, M.D.; MODOK, S.; JAFFAR, M.; HAMBLEY, T.W.; CALLAGHAN, R. The influence of tumour microenvironmental factors on the efficacy of cisplatin and novel platinum(IV) complexes. Biochemical Pharmacology, 70, 1137–1146. 2005. MIER-VINUÉ,J, GAY, M., MONTAÑA, Á. M., SÁEZ, R.I., MORENO, V., KASPARKOVA, J., VRANA ,O., HERINGOVA, P., BRABEC, V., BOCCARELLI A, COLUCCIA, M., NATILE, G. Synthesis, Biophysical Studies, and Antiproliferative Activity of Platinum(II) Complexes Having 1,2Bis(aminomethyl)carbobicyclic Ligands. J. Med. Chem.,v. 51, 424–431. 2008. MILANESIO, M., MONTI, E., GARIBOLDI, M. B., GABANO, E. et al. Trend in cytotoxic activity of a series of cis-[APtCl2] (A = ethylenediamine methylated at different positions) complexes. Inorganica Chimica Acta 361, 2803–2814. 2008. McATEER, J. A. & DAVIS, J. Basic cell culture technique and the maintenance of cell lines, pp. 135-225. In: Basic cell culture (Davis J.M. ed.) Oxford University Press, New York. 2002. MOSSMAN, T. Rapid colorimetric assay for cellular growth and survival:application to proliferation and cytotoxicity assays. J. Immunol. Methods, 65: 55-63. 1983. MUDIT, M., KHANFAR, M., MURALIDHARAN, A., THOMAS, S., SHAH, G. V., VAN, R. W. M., SAYED, K. A. EL. Discovery, design, and synthesis of antimetastatic lead phenylmethylene hydantoins inspired by marine natural products. Bioorganic & Medicinal Chemistry 17, 1731–1738. 2009. MURRY, D.J., Comparative Clinical Pharmacology of Cisplatin and Carboplatin. Pharmacotherapy 17, 140S. 1997. NEAL, C.P; BERRY, D.P; Basic principles of the molecular biology of cancer II: angiogenesis, invasion and metastasis. Basic Science, Surgery, 24(4); 120125. Ed. Elsevier Ltd. 2006. OLIVEIRA, S. M.; SILVA, J.B.P.; HERNANDES, M.Z.; LIMA, M. C. A., GALDINO, S. L.; PITTA, I.R. Estrutura, Reatividade e Propriedades Biológicas de Hidantoínas. Quim. Nova, Vol. 31, No. 3, 614-622. 2008. OLIVEIRA, S. M.; ALBUQUERQUE, M. C. P. A.; PITTA, M. G. R.; MALAGUENO, E.; SANTANA, J. V.; LIMA, M. C. A.; PITTA, I. R.; GALDINO, S. L. Behavior of Schistosoma mansoni adult worms maintained in vitro towards imidazolidinone derivatives. Acta Farmaceutica Bonaerense, 23,3 ; 343-348. 2004. 48 Carvalho, M. S. OMS/IARC (Organização Mundial da Saúde/Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer). World Cancer Report. Chapter 1-The global burden of cancer. STEWART, B.W., KLEIHUES, P. IARC Press. Lyon. 2003. Disponível on-line em: «http://www.iarc.fr/IARCPress/pdfs/wcr/WorldCancerReport.pdf» Visitado em: 26/12/2008. Organização Mundial da Saúde (WHO). Neurological disorders- a public health approach. Chapter 3. Uma publicação da OMS. 2008. Disponível on-line em: < http://www.who.int/mental_health/neurology/neurodiso/en/index.html> <http://www.who.int/mental_health/neurology/chapter_3_a_neuro_disorders_public_h_ challenges.pdf> <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs165/en/> PARKIN D. M, BRAY FI, DEVESA S. S. Cancer burden in the year 2000. The global picture. Eur J Cancer. Oct; 37 Suppl v.8:S4-66. 2001. PEKALA, E.˙B., STADNICKA, K.; BRODA, A. et al., Synthesis, structure– activity relationship of some new anti-arrhythmic 5-arylidene imidazolidine-2,4dione derivatives. European Journal of Medicinal Chemistry 40. 259–269. 2005. RAYMOND, E.; FAIVRE, S., WOYNAROWSKI, J.M., CHANEY, S.G., Oxaliplatin: mechanism of action and antineoplastic activity. Semin. Oncol. 25, 4. 1998. RAJIC, Z., B. ZORC, S. RAIC-MALIC, K. ESTER, M. KRALJ, K. PAVELIC, J. BALZARINI, E. DE CLERCQ, M. MINTAS. Hydantoin derivatives of L- and Damino acids: synthesis and evaluation of their antiviral and antitumoral activity. Molecules. 11, 837. 2006. ROUS, P. & JONES, F. S. A method for obtaining suspensions of living cells from the fixed tissues for the plating out of individual cells. J. Exp. Med. 23: 546. 1916. ROSENBERG, B.; CAMP, L. V.; KRIGAS, T. Inhibition of cell division in Escherichia coli by electrolysis products from a platinum electrode. Nature. 205, 698–699. 1965. ROSENBERG, B.; VANCAMP, L.; TROSKO, J. E.; MANSOUR, V. H. Platinum compounds: a new class of potent antitumour agents. Nature. 222, 385–386. 1969. ROSENBERG, B., Platinum coordination complexes in cancer chemotherapy. Naturwissenschaften, vol. 60, n. 9, pp. 399–406, 1973. 49 Carvalho, M. S. RYAN. J. A. Introduction to Animal Cell Culture Technical Bulletin. Disponível on-line em: www.corning.com/lifescience. Visitado em: 21/05/2008. SANTOS, L. C.; UCHOA, F. T.; CANAS, A. R. P. A.; SOUSA, I. A.; MOURA, R. O.; LIMA, M. C. A.; GALDINO, S. L.; PITTA, I. R.; BARBE, J. Synthesis and anti-inflammatory activity of new thiazolidine-2,4-diones, 4-thioxothiazolidinones and 2-thioxoimidazolidinones. Heterocyclic Communications. 11:2;121-128. 2005. SKEHAN , P., STORENG, R., SCUDIERO, D., MONKS, A., MCMAHON, J., VISTICA, D., WARREN, J.T., BODESCH, H., KENNEY, S., BOYD, M. R. New colorimetric cytotoxicity assay for anticancer – drug screening. J. Natl. Cancer Inst., 82(13): 1107-1112. 1990. SIDDIK ZH. Cisplatin: mode of cytotoxic action and molecular basis of resistance. Oncogene. 22, 47, 7265–79. 2003. SKEHAN, P.; STORENG, R.; SCUDIERO, D.; MONKS, A.; et al., New colorimetric cytotoxicity assay for anticancer-drug screening. J. Nat. Canc. Inst. v. 82, n. 13. 107-112. 1990. SPECTER, S.; HONDINKA, R.L.; Wiedbrauk, D.L. & Young, S.A. Diagnosis of viral infections. pp. 243-272. In: Richman, D.D., Whitley, R.J.& Hayden, F.G. nd (eds) Clinical Virology, 2 ed. ASM Press, Washington, D.C. 2002. TAKAHARA, P. M.; ROSENZWEIG, A. C.; FREDERICK, C. A.; LIPPARD, S. J. Crystal structure of double-stranded DNA containing the major adduct of the anticancer drug cisplatin. Nature. 377, 649–652. 1995. TETKO, I.V., JAROSZEWICZ, I., PLATTS J.A., JAWORSKA, J. K. Journal of Inorganic Biochemistry. 102, 1424–1437. 2008. THENMOZHIYAL, J. C.; Wong, P. T.H.; e Chui, W.K.; Anticonvulsivant activity of phenylmethylenehydantoins: a structure-activity relationship. J. Med. Chem. v.47, 1527-1535. 2004. VEAL, G.J., ERRINGTON, J., TILBY, M.J., PEARSON, A.D., et al. Adaptive dosing and platinum-DNA adduct formation in children receiving high-dose carboplatin for the treatment of solid tumours. BoddyUKCCSG Pharmacology Working Group, Br. J. Cancer 12, 725. 2007. VICENT, M.J., DUNCAN, R. Polymer-based nanomedicines: Novel treatments for cancer.Trends Biotechnol. 24, 39. 2006. VAN ZUTPHEN, S; REEDIJK, J. Targeting platinum anti-tumour drugs: Overview of strategies employed to reduce systemic toxicity. Coord. Chem. Rev. 249, 2845. 2005. 50 Carvalho, M. S. WAZEER, M.I.M., ISAB, A. A. Complexations of Hg(CN)2 with imidazolidine-2thione and its derivatives: Solid state, solution NMR and antimicrobial activity studies. Spectrochimica Acta Part A. 68,1207–1212. 2007. WHITE, P. R. Prolonged survival of excised animal tissues in vitro in nutrients of known constitution. J. Cell. Comp. Physiol. 34: 221-240. 1949. WIGLEY, C. B. The cell culture laboratory pp. 1-27 In: Basic Cell Culture. A nd practical approach (J. M. Davis), 2 ed, Oxford University Press. 2002. WILMER, E. N. Introduction In: Cell, Tissue and Organ cultures in virus research pp. 1- 17. In: Cells and Tissues in culture. Methods, Biology and Physiology (E. N. Wilmer, eds) Vol. I, Academic Press Inc., New York. 1965. YARBRO, C., FROGGE, M. AND GOODMAN, M. Cancer Nursing: Principles and Practice, 6th ed, Jones and Bartlett Publishers, Boston, MA. 2005. 51 Carvalho, M. S. 52 Carvalho, M. S. ARTIGO 1: Journal of Medicinal Chemistry ISSN: 0022-2623 Síntese, Determinação Estrutural e Avaliação Citotóxica in vitro de Novos Compostos de Coordenação de Platina contendo como ligantes Compostos Imidazolidínicos Derivados da 2tioxo-imidazolidin-4-ona e da Imidazolidina-2,4-diona 53 Carvalho, M. S. Journal of Med Chem ISSN: 0022-2623 Síntese, Determinação Estrutural e Avaliação Citotóxica in vitro de Novos Compostos de Coordenação de Platina contendo como ligantes Compostos Imidazolidínicos Derivados da 2-tioxo-imidazolidin-4-ona e da Imidazolidina-2,4-diona Manuela dos Santos Carvalhoa, Wagner Eduardo da Silvab, João Bosco Paraíso da Silvab, Luís A. E. Batista de Carvalhoc, Maria Paula M. Marquesc, Cláudia do Ó Pessoad, Manoel Odorico de Moraesd, Maria do Carmo Alves de Limaa, Suely Lins Galdinoa*; Ivan da Rocha Pittaa a Laboratório de Planejamento e Síntese de Fármacos (LPSF), Grupo de Pesquisa em Inovação Terapêutica (GPIT) – Departamento de Antibióticos, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Av. b Prof. Moraes Rego Nº 1235. Cidade Universitária. CEP: 50.670-901. Recife-PE. Brasil. Departamento de Química Fundamental, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Av. Prof. Luiz Freire, s/n, 50740c 540 Recife –PE, Brasil. Laboratório de Oncologia Experimental da Universidade Federal do Ceará (UFC), d Rua Coronel Nunes de Melo, 1127. CEP: 60.430-270, Fortaleza-CE. Brasil. Unidade de Química- Física Molecular, Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), Universidade de Coimbra, 3004535, Coimbra, Portugal Palavras-chaves: câncer, citotoxicidade, complexos metálicos, imidazolidina-2,4-diona, cisplatina Abstract A cisplatina é um quimioterápico altamente potente comumente usado em muitos tipos de neoplasias humanas, porém devido a muitas limitações, há a necessidade de busca de novos agentes anticâncer menos tóxicos e mais seletivos, sendo assim, uma variedade de complexos de platina (II) com ligantes contendo nitrogênio, tem sido alvo de intensa avaliação biológica. Os complexos contendo derivados hidantoínicos como ligantes, tem sido relatados possuir atividade citotóxica/antitumoral Os compostos das Séries Cx, LPSF/NN, LPSF/MS foram sintetizados e submetidos à avaliação citotóxica utilizando 4 diferentes linhagens de células cancerígenas. Também foi realizada avaliação da atividade hemolítica. Dos compostos avaliados os da série LPSF/MS apresentaram-se mais ativos. Foi observado pelas análises de SAR que os fatores eletrônicos e lipofílicos influenciaram na resposta biológica. A análise da atividade hemolítica sugere que a atividade citotóxica, não é devido a danos diretos sobre a membrana plasmática. Introdução O câncer tem desmonstrado ser uma doença difícil de cura, e poucos medicamentos eficazes estão disponíveis. O desenvolvimento de novos agentes anticâncer eficientes, seletivos, menos tóxicos permanece uma 54 Carvalho, M. S. importante e desafiadora meta na química medicinal. Assim, a compreensão do mecanismo molecular envolvido nos cânceres levará às novas formas para o desenvolvimento de novos agentes anticancerígenos. Embora, o sucesso das triagens clínicas na identificação de novos agentes e modalidades de tratamentos sejam significativos, os tratamentos atuais tem muitas limitações. Isso inclui efeitos colaterais induzidos pela droga e pelo desenvolvimento de resistência adquirida à droga. Assim, a necessidade para o desenvolvimento de agentes terapêuticos eficazes anticancerígenos com propriedades farmacocinéticas bem definidas é de extrema importância (KAVITHA et al., 2009). A descoberta de agentes citotóxicos foi revolucionária para a terapia anticâncer no século passado, demonstradas pelas taxas de sobrevivência e melhoria da qualidade de vida de pacientes com diferentes tipos de tumores. No entanto, o desenvolvimento de agentes que combinam eficácia, segurança e conveniência tornam-se um grande desafio, devido ao estreito índice terapêutico de algumas drogas, o fato de que elas possam causar danos, não só às células cancerígenas, mas também ao tecido normal e saudável e à ocorrência de resistência, limitando a eficácia anticâncer (ISMAEL et al., 2008). Novos agentes citotóxicos tem trazido algumas vantagens convencionais, tais como uma administração em mais curto prazo, mecanismos de superação da resistência aos medicamentos e menor incidência de eventos adversos. As perspectivas destes estudos destacam o desenvolvimento de novos medicamentos citotóxicos promissores que venha a oferecer não só ganhos de eficácia, mas também em termos de segurança, tolerabilidade e conveniência no tratamento de pacientes com câncer (ISMAEL et al., 2008). O Desenho de Novos Complexos de Platina como Promissores Fármacos Anticâncer Desde a descoberta da cisplatina (figura 1) na década de 1970, pesquisadores em todo o mundo tem focado no desenvolvimento de complexos semelhantes à cisplatina com atividade terapêutica similar, mas com menos efeitos colaterais que o composto protótipo (MILANESIO et al., 2008). 55 Carvalho, M. S. De milhares de novos análogos sintetizados, somente dois outros fármacos: carboplatina, (1,1-ciclobutanodicarboxilato) diamina de platina(II), e oxaliplatina, (1R,2R-ciclohexanodiamina) oxalatoplatina(II), (figura 1) são usados na clínica atualmente. Uma recente revisão relata que mais do que 3000 potenciais novas drogas sintetizadas, somente 30 tem entrado na triagem clínica, e sugere que a absorção, distribuição, metabolismo e excreção (ADME) são o maior fator nessa baixa taxa de sucesso (JUNG et al., 2007; TETKO et al., 2008). O NH3 NH3 Cl NH3 Cl NH3 NH3 O Pt Pt O O O Pt O O Cisplatin O Carboplatin NH3 Oxaliplatin Figura 1. Estruturas químicas da cisplatina, carboplatina e oxaliplatina Assim, um parâmetro crucial para o desenho de novos fármacos anticâncer baseados em platina é sua lipofilicidade, que está relacionada ao importante processo biológico tal como absorção, transporte através das membranas, interações droga-receptor ou toxicidade das moléculas (LEO et al., 1999; TETKO et al., 2008). Novas abordagens sintéticas e melhores conhecimentos dos mecanismos moleculares dos complexos de platina sustenta a base para o desenho racional de promissores complexos baseados em platina (ZHANG et al., 2003; WANG et al., 2005). No trabalho de Barbara e colegas que tem sintetizado e caracterizado vários membros de nova família de compostos, (NH3)2Pt(triácido) e (PPh3)2Pt(dihidroquelato)2 que são dois novos complexos (figura 2), que pela primeira vez, apresentou atividade antitumoral in vitro e in vivo, oralmente ativos em modelo de hepatoma. Em particular, (NH3)2Pt(triácido) demonstrou em ambas altas atividades citotóxicas, em células S1 de hepatoma e um 56 Carvalho, M. S. significante efeito antitumoral in vivo sem sinais de efeitos tóxicos (BARBARA et al., 2006). O COOH O O NH3 O O Pt (NH3)2Pt(triacid) O NH3 O O O O O O O Pt PPh3 PPh3 O O O (PPh3)2Pt(dehydrocholate)2 Figura 2. Estruturas químicas dos complexos de platina ácido-conjugados da bile, (NH3)2Pt(triácido) e (PPh3)2Pt(dihidroquelato)2. As Imidazolidinas como Potenciais Ligantes para Complexos Metálicos com Atividade Anticâncer A cisplatina é um quimioterápico altamente potente comumente usado para uma variedade de tipos de neoplasias humanas, tais como testicular, próstata, ovariano, cervical, pulmão. A citotoxicidade da cisplatina é primariamente mediada por sua habilidade de causar dano no DNA e subsequente morte celular apoptótica (ZHANG et al., 2009). Entretanto devido aos efeitos colaterais da cisplatina e à necessidade de busca de novos agentes anticâncer, uma variedade de complexos de platina (II) e platina (IV) com ligantes contendo nitrogênio, tem sido alvo de intensa avaliação biológica que visa desenvolver terapêuticas anticâncer menos tóxicas e mais seletivas. Entre estes os complexos contendo derivados hidantoínicos como ligantes, tem sido relatados possuir atividade citotóxica/antitumoral. Alguns derivados hidantoínicos, tais como ditienil-hidantoína, 5,5-dipiridil57 Carvalho, M. S. hidantoína, espirohidantoínas e hidantoínas 3,5-disubstituídas exibiram atividades antiviral, anticonvulsivante e citotóxica (STRUCK et al., 1986; BAKALOVA, 2005, 2008) Embora os compostos hidantoínicos sejam amplamente estudados, não há muitos estudos para investigar as suas propriedades anticancerígenas. Recentemente, a atividade citotóxica de derivados espirohidantoínicos foram testados em células de ovário e câncer de mama (RAJIC et al., 2006). Além disso, um estudo que investigou os efeitos de alguns derivados 5benzilideno-hidantoínicos na inibição da atividade quinase EGFR e efeitos antiproliferativos para células A431 (CARMI et al., 2006). Verificou-se que, a dupla ligação exocíclica é essencial tanto para a enzima quanto para a inibição do crescimento celular, o que sugere que, um rígido sistema planar é necessário para interação com o alvo molecular. No estudo realizado por Kavitha et al., (2009) abordando o potencial dos derivados hidantoínicos como agentes terapêuticos para o câncer foram analisadas as propriedades anticâncer de novos compostos espirohidantoínas8-(3,4-difluorobenzil)-1‘-(pent-4-enil)-8-azaspiro[biclico[3.2.1.] octano-3,4‘- imidazolidine]-2‘,5‘-diona (DFH) - que apresentaram efeitos citotóxicos dose e tempo-dependente em linhas celulares de leucemia humana (K562, Reh, CEM e 8E5). A análise do ciclo celular sugeriu que estes compostos inibiram o crescimento das células leucêmicas. Um dos métodos mais usados para estudar a proliferação celular é baseado na incorporação de nucleotídeos radio marcados no DNA das células em divisão. Foram utilizadas as células K562 ou Reh na presença do [3H] timidina, depois a adição dos compostos-teste. Os resultados indicaram que os compostos afetam a replicação do DNA conduzindo à inibição do crescimento celular. O DNA nuclear fragmentado e os níveis de várias proteínas apoptóticas e o reparo de proteínas fortemente sugerem que estes compostos podem induzir a apoptose (KAVITHA et al., 2009). Para obter mais informações sobre o potencial citotóxico de derivados hidantoínicos, é de primordial importância o desenho e a síntese de novos análogos com diferentes substituintes em diferentes posições para um estudo 58 Carvalho, M. S. de relação estrutura-atividade mais detalhado. Os objetivos deste trabalho são demonstrar como as propriedades eletrônicas e lipofílicas dos compostos podem influenciar a resposta biológica, através da realização de ensaios de citotoxicidade e pela viabilidade celular, e fazer uma abordagem de relação estrutura-atividade (SAR) entre os compostos estudados. Foi realizada a síntese, determinação estrutural e avaliação citotóxica in vitro de derivados 2tioxo-imidazolidin-4-ona (Série LSF/NN) (I-IV), (Figura 3), e de derivados imidazolidina-2,4-diona (Série LPSF/MS) (V-VI), (Figura 3), e de novos compostos de coordenação de platina contendo como ligantes compostos imidazolidínicos derivados da 2-tioxo-imidazolidin-4-ona (Série Cx) (VII-X), (Figura 4), a serem designados: Compostos da série LSF/NN, compostos enumerados I-IV (Figura 3): 5-(2-cloro-benzilideno)-2-tioxo-imidazolidin-4-ona (LPSF/NN-1) (I) (OLIVEIRA et al., 2004); 5-(4-metoxi-benzilideno)-2-tioxoimidazolidin-4-ona (LPSF/NN-3) (II) (SANTOS et al., 2005; ALBUQUERQUE et al., 2005); 5-(2-bromo-benzilideno)-2-tioxo-imidazolidin-4-ona (LPSF/NN-4) (III) (SANTOS et al., 2005; BRANDÃO et al., 2004); 5-(4-metil-benzilideno)-2-tioxoimidazolidin-4-ona (LPSF/NN-10) (IV) (BRANDÃO et al., 2004). Os compostos pertencentes à série LPSF/MS, enumerados V-VI, são: 3-(4-metil-benzil)-5-(4cloro-benzilideno)-imidazolidina-2,4-diona (LPSF/MS-2) enumerado (V) e o 3(4-metil-benzil)-5-(4-metil-benzilideno)-imidazolidina-2,4-diona (LPSF/MS-6) enumerado (VI). 59 Carvalho, M. S. O N CH (I) Cl N H Br N H H H3C CH N H S (IV) H2 C N N H S N (III) CH N H O H S O Cl CH CH3O (II) N H N S O CH O H O CH3 H2 C O N H3C (V) CH N H CH3 O (VI) Figura 3 – Estruturas químicas dos Ligantes das Séries LPSF/NN (I-IV) e LPSF/MS (V-VI) E por fim, compostos de coordenação de platina contendo como ligantes compostos imidazolidínicos derivados da 2-tioxo-imidazolidin-4-ona (Série Cx) (VII-IX): Complexo Cx-33 (VII): [5-(2-bromo-benzilideno)-2-tioxo-imidazolidin-4ona) cis-etileno-diamino-dicloro de platina II]; Complexo Cx-40 (VIII): [5-(4metoxi-benzilideno)-2-tioxo-imidazolidin-4-ona) cis-etileno-diamino-dicloro de platina II]; Complexo Cx-42 (IX): 5-(4-metil-benzilideno)-2-tioxo-imidazolidin-4ona) cis-etileno-diamino-dicloro de platina II]; Complexo Cx-47 (X): [5-(2-clorobenzilideno)-2-tioxo-imidazolidin-4-ona) cis-etileno-diamino-dicloro de platina II], e Cx-25 (XI) [5-(4-metoxi-benzilideno)-2-tioxo-imidazolidin-4-ona) cis-diaminodicloro de platina II]; representado na figura 4. 60 Carvalho, M. S. O N CH Br N H H H2N Pt S H2 C H2N Cl Pt CH2 .NO3 NH2 H2 C CH2 NH2 O N Cl CH MeO N H Complexo Cx-33 (VII) H .NO3 S Complexo Cx-40 (VIII) H2N Cl Pt H2 C CH2 NH2 O N CH Me N H O N H CH .NO3 Cl N H H S H2N Pt H2 C CH2 .NO3 NH2 Cl S Complexo Cx-47(X) Complexo Cx-42 (IX) O N MeO CH N H H S NH3 NH3 Pt .Cl Cl Complexo Cx-25 (XI) Figura 4 – Estruturas químicas dos compostos de coordenação de platina contendo como ligantes compostos imidazolidínicos derivados da 2-tioxo-imidazolidin-4-ona (Série Cx) (VII-XI) SEÇÃO EXPERIMENTAL PARTE QUÍMICA A seguir serão descritas as metodologias utilizadas para a obtenção dos Derivados 5-Benzilideno-2-tioxo-imidazolidin-4-onas (LPSF/NN), Derivados Imidazolidínicos (LPSF/MS) e dos compostos de coordenação de platina contendo como ligantes compostos imidazolidínicos derivados da 2-tioxoimidazolidin-4-ona (Série Cx). Em seguida os resultados e discussão da caracterização por espectroscopia de infravermelho dos compostos e posterior conclusões. 61 Carvalho, M. S. Material e Métodos Equipamentos I. Espectroscopia - A caracterização estrutural dos compostos sintetizados descritos a seguir foram realizadas nos seguintes aparelhos: Espectroscopia na Região do Infravermelho Os espectros vibracionais, dos ligantes livres e de seus respectivos compostos de coordenação de platina, foram obtidos a partir da técnica utilizando-se pastilha de KBr. O equipamento utilizado foi um espectrofotômetro com transformada de Fourier, Bruker, modelo IF66, utilizando-se janela espectroscópica de análise de 4000 a 400 cm -1 e cuja resolução espectral foi de 4 cm-1. Medidas de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) de 1H As análises foram realizadas no equipamento Varian Unit Plus 300, com freqüência de 300 MHz para 1H. Os deslocamentos estão expressos em partes por milhão (ppm) em relação aos picos residuais do solvente utilizado (DMSO – d6). II. Ponto de fusão Os pontos de fusão foram determinados em aparelho Quimis Modelo 340.27. III. Cromatografia As cromatografias analíticas em camada delgada foram efetuadas em placas de sílica gel Merck 60 F254, de 0,25 mm de espessura. As revelações foram feitas por luz ultravioleta (254 ou 366 nm). Todos os solventes utilizados nos sistemas de eluição possuíam especificação P.A. 62 Carvalho, M. S. Síntese dos Ésteres 2-Ciano-3-fenil-acrilatos de etila (IP) Em um balão de fundo redondo se adicionou benzaldeídos substituídos e cianoacetato de etila, o catalisador piperidina e benzeno anidro como solvente. Aqueceu-se a mistura reacional lentamente até a estabilização da temperatura a 110 °C, que foi mantida até o fim da reação caracterizada pela eliminação de água. Os precipitados obtidos, os ésteres cianocinâmicos foram purificados por cristalizações sucessivas com solventes adequados. Síntese dos Derivados 5-Benzilideno-2-tioxo-imidazolidin-4-onas (LPSF/NN) Dissolveu-se parcialmente a 2-tioxo-imidazolidin-4-ona em etanol anidro juntamente com os derivados 2-ciano-fenil-acrilatos de etila, em presença de piperidina como catalisador. A mistura reacional foi aquecida lentamente até refluxo durante o tempo e temperatura necessários para a obtenção dos derivados. A reação foi acompanhada por análise de cromotografia em camada delgada (CCD) através do sistema eluição adequado. A Figura 5 demonstra a obtenção dos derivados da 5-benzilideno-2-tioxo-imidazolidin-4-ona que foram purificados por recristalizações sucessivas ou lavagens com solventes adequados. Os compostos finais obtidos estão representados na Figura 3 (Série LSF/NN) (I-IV). 63 Carvalho, M. S. O C H R CN R CH C C OCH2CH3 N N O CN CH C C OCH2CH3 O O N N N N H S H O N CH S N R H H R = 2-Cl, 4-OCH3, 2-Br, 4-CH3 K2CO3 Br X Br Figura 5 - Obtenção dos ligantes da Série 5-benzilideno-2-tioxo-imidazolidin-4-ona (LPSF/NN) O N Síntese de Derivados Imidazolidínicos CH Os derivados R N X R' S 5-benzilideno-3-(4-metil-benzil)-imidazolidina-2,4-diona H (LPSF/MS) foram obtidos em duas etapas. Inicialmente, obteve-se a 3-(4-metilbenzil)-imidazolidina-2,4-dionaX=CH (LPSF/MS-0) 2 OU CH2COpor reação da imidazolidina-2,4diona com cloreto de 4-metil-benzil. Numa segunda etapa, a 3-(4-metil-benzil)imidazolidina-2,4-diona (LPSF/MS-0) reagiu com benzaldeído substituído em dimetilformamida e na presença do metóxido de sódio recém preparado, conduzindo a formação dos compostos finais. Na Figura 6 é demonstrada a obtenção da Série 5-benzilideno-3-(4-metil-benzil)-imidazolidina-2,4-diona (LPSF/MS). Os compostos finais derivados da imidazolidina-2,4-diona (Série LPSF/MS) (V-VI) estão representados na Figura 3. 64 Carvalho, M. S. O H N N O H CH3 O N N CH2Cl CH2 CH3 O H MS-0 O C H R O N HC R N CH2 CH 3 O H R = 4-Cl, 4-CH3 Figura 6 (LPSF/MS) Obtenção R = 4-OCH3, 4-Cl, 4-NO2, 3Br, 4-F, 4-CH3, 2-Br da Série 5-benzilideno-3-(4-metil-benzil)-imidazolidina-2,4-diona Síntese de compostos de coordenação de platina contendo como ligantes compostos imidazolidínicos derivados da 2-tioxo-imidazolidin-4-ona (Série Cx) Os complexos imidazolidínicos cisplatínicos (Cx) foram obtidos em duas etapas (Figura 7). Na primeira etapa reagiu-se o cis-etilenodiamino-dicloro de platina II, numa proporção molecular 1:1 com nitrato de prata (AgNO 3) sob proteção da luz para obtenção dos complexos Cx-33, Cx-40, Cx-42 e Cx-47 (VII-X). Para a obtenção do complexo Cx-25 (XI), utilizou-se como reagente a cis-diamino-dicloro de platina II (cisplatina) na mesma proporção. Colocou-se num erlenmeyer sob agitação para solubilizar e sob proteção da luz pesou-se o nitrato de prata, e adicionou-se ao cis-etilenodiamino-dicloro já contendo o 65 Carvalho, M. S. solvente dimetilformamida, onde para 1 mmol usou-se 10 mL de dimetilformamida (AUGUSTUS et al, 2003). Deixou-se em reação por aproximadamente 20 horas. Na segunda etapa filtrou-se às escuras e desprezou-se o filtrado (AgCl) e adicionou-se os respectivos ligantes (LPSF/NN) (I-IV), já solubilizados em dimetilformamida, deixou-se reagindo por aproximadamente 20 horas. O O N R C H N H + N H S N R LPSF/NN-3 (II) R = -OCH3 NH2 DMF CH R H3N Cl Pt H3N Cl O AgNO3 DMF cis-diamino-dicloro de Platina II CH2 NH2 Cl N + H2 C Série Cx (VII-X) H S H2N S Pt N H Cl cis-etileno-diaminodicloro de Platina II O N H Pt Cl LPSF/NN (I-IV) C H AgNO3 H2N H CH R N H H NH3 S Pt NH3 Cl Cx-25 (XI) Figura 7 – Esquema geral de obtenção dos compostos de coordenação de platina contendo como ligantes compostos imidazolidínicos derivados da 2-tioxo-imidazolidin-4-ona (Série Cx) (VII-XI) Tratamento dos compostos de coordenação de platina da Série Cx Ao volume do balão adicionou-se gelo picado para auxiliar na precipitação dos complexos da série Cx, observou-se imediata turvação, e presença de um precipitado, até completa liquefação do gelo, filtrou-se, e deixou-se secar. 66 Carvalho, M. S. AVALIAÇÃO FARMACOLÓGICA Ensaios de Citotoxicidade Os ensaios de citotoxicidade foram realizados no Laboratório de Oncologia Experimental da Universidade Federal do Ceará, coordenado pelos Professores responsáveis Profa. Dra. Cláudia do Ó Pessoa e o Prof. Dr. Manoel Odorico de Moraes. Os ensaios foram divididos em duas etapas, a primeira foi realizar um screening inicial com todos os compostos para se avaliar o potencial citotóxico e posterior determinação da CI50 em µg/mL (concentração capaz de inibir 50% do crescimento celular), e na segunda etapa, os compostos foram submetidos à avaliação da atividade hemolítica com o objetivo de avaliar o potencial dos compostos-teste em causar lesões na membrana plasmática da célula. Material e Métodos Foram testados 10 compostos, sendo 4 da série LPSF/NN (I-V): 5-(2-clorobenzilideno)-2-tioxo-imidazolidin-4-ona (LPSF/NN-1) (I); 5-(4-metoxi- benzilideno)-2-tioxo-imidazolidin-4-ona (LPSF/NN-3) (II); 5-(2-bromo- benzilideno)-2-tioxo-imidazolidin-4-ona (LPSF/NN-4) (III); 5-(4-metil- benzilideno)-2-tioxo-imidazolidin-4-ona (LPSF/NN-10) (IV). Os compostos pertencentes à série LPSF/MS, (V-VI), são: 3-(4-metil-benzil)-5-(4-clorobenzilideno)-imidazolidina-2,4-diona (LPSF/MS-2) (V) e o 3-(4-metil-benzil)-5(4-metil-benzilideno)-imidazolidina-2,4-diona (LPSF/MS-6) (VI) e compostos de coordenação de platina contendo como ligantes compostos imidazolidínicos derivados da 2-tioxo-imidazolidin-4-ona (Série Cx): Complexo Cx-33 (VII): [5(2-bromo-benzilideno)-2-tioxo-imidazolidin-4-ona) cis-etileno-diamino-dicloro de platina II]; Complexo Cx-40 (VIII): [5-(4-metoxi-benzilideno)-2-tioxo- imidazolidin-4-ona) cis-etileno-diamino-dicloro de platina II]; Complexo Cx-42 (IX): 5-(4-metil-benzilideno)-2-tioxo-imidazolidin-4-ona) cis-etileno-diamino- dicloro de platina II]; Complexo Cx-47 (X): [5-(2-cloro-benzilideno)-2-tioxoimidazolidin-4-ona) cis-etileno-diamino-dicloro de platina II], foram testados frente às linhagens celulares de câncer humano: HL-60 (leucemia 67 Carvalho, M. S. promielocítica), MDAMB-435 (melanoma - humano), HCT-8 (cólon - humano) e SF-295 (glioblastoma - humano). Para efeito comparativo foi utilizado um fármaco antineoplásico utilizado na clínica, a doxorrubicina (Dox), como controle positivo. Os valores de IC50 foram calculados pela exposição dos compostos testados nas linhagens de células tumorais humanas, após 72h de incubação, pelo teste do MTT. As linhagens utilizadas, HL-60 (leucemia promielocítica), MDAMB-435 (melanoma - humano), HCT-8 (cólon - humano) e SF-295 (glioblastoma humano), foram cedidas pelo Instituto Nacional do Câncer (USA), sendo cultivadas em meio RPMI 1640, que consiste de um meio baseado na serie RPMI-1630 utilizando um sistema de bicarbonato tamponado e alterações nas quantidades de aminoácidos e vitaminas. O meio é utilizado para cultura de leucócitos humanos normais e neoplásicos. O meio é suplementado com 10% de soro fetal bovino e 1% de antibióticos, mantidas em estufa a 37C e atmosfera contendo 5% de CO2. As amostras foram dissolvidas em DMSO puro e estéril na concentração estoque de 5 mg/mL. Animais O sangue utilizado para a avaliação da atividade hemolítica foi proveniente de camundongos adultos com aproximadamente 6 a 8 semanas de nascido, albinos swiss (Mus musculus) pesando entre 25 e 30 gramas, proveniente do Biotério da Universidade Federal do Ceará. Os animais foram mantidos em uma sala experimental com temperatura controlada (22°C ± 2) umidade relativa de 60% e ciclo circadiano de 12h, ad libitum. O protocolo experimental foi aprovado pelo comitê local de Ética Animal (CPEA/UFC). Metodologia: Citotoxicidade in vitro em células de câncer humano A análise de citotoxicidade pelo método do MTT vem sendo utilizada no programa de screening do National Cancer Institute dos Estados Unidos (NCI), que testa mais de 10.000 amostras a cada ano (SKEHAN et al., 1990). É um método rápido, sensível e barato e foi descrito primeiramente por Mosman (1983), tendo a capacidade de analisar o estado metabólico da célula. É uma 68 Carvalho, M. S. análise colorimétrica baseada na conversão do sal 3-(4,5-dimetil-2-tiazol)-2,5difenil-2-H-brometo de tetrazolium (MTT) em azul de formazan, a partir de substratos de enzimas microssomais e mitocondriais presentes somente nas células metabolicamente ativas. O estudo citotóxico pelo método do MTT permite definir facilmente a citotoxicidade, mas não o mecanismo de ação (BERRIDGE et al., 1996). Determinação da Concentração Inibitória capaz de Inibir 50 % do Crescimento celular (CI50) As células foram plaqueadas em placas de 96 poços nas seguintes concentrações (células/mL): para as linhagens MDA-MB435 e SF-295 foram plaqueadas na concentração de 0,1 x 106 céls/mL, já para a linhagem celular HCT-8: 0,7 x 105 céls/mL e para a linhagem HL-60: 0,3 x 106 céls/mL. Os compostos previamente dissolvidos em DMSO foram diluídos em série no meio RPMI para obtenção das concentrações finais (0,19-25 µg/mL) e adicionados em placas de 96 poços (100μL/poço). Após um período de incubação de 72 h, as placas foram centrifugadas a 1500 rpm/15 minutos. O sobrenadante foi aspirado e foram adicionados 150 μL de solução de MTT 10% em RPMI 1640, sendo a placa colocada na estufa a 5% de CO 2 por 3h. Em seguida, as placas foram novamente centrifugadas a 3000rpm/10 minutos, tendo o sobrenadante aspirado e seu precipitado ressuspendido em 150μL de DMSO e agitado por 30 minutos, até completa dissolução dos cristais de formazan. As placas foram lidas no espectrofotômetro de placa a um comprimento de onda de 595nm. Foram consideradas ativas aquelas que apresentaram CI50 < 4 g/mL Avaliação da Atividade Hemolítica Esta metodologia, segundo Costa-Lotufo et al. (2002), permite avaliar o potencial das substâncias-teste em causar lesões na membrana plasmática da célula, seja pela formação de poros ou pela ruptura total. 69 Carvalho, M. S. O sangue foi coletado de três camundongos Swiss (Mus musculus) por via do plexo orbital (altamente vascularizado), sendo diluído em 30 volumes de solução fisiológica (NaCl 0,85% + CaCl2 10mM). Os eritrócitos foram lavados 2 vezes em solução fisiológica por centrifugação (1500rpm/ 3min.) para redução da contaminação plasmática e ressuspensos em solução salina para obtenção de uma suspensão de eritrócitos (SE) a 2%. Os ensaios foram realizados em placas de 96 poços. Cada poço da 1ª coluna recebeu 100L da solução fisiológica. Na 2ª, os poços receberam 50L da solução fisiológica e 50L do veículo de diluição da substância teste, neste caso, DMSO 10%. Aos poços da 3ª coluna, foram adicionados 100L de solução fisiológica e 100L das substâncias teste em solução. Da 4ª coluna em diante os poços receberam 100L da solução fisiológica, excetuando-se os da última coluna, que receberam 80L de solução fisiológica e 20L de Triton X – 100 1% (controle positivo). As diluições foram feitas dos poços da 3ª à 11ª coluna, retirando-se 100L da solução da cavidade anterior e transferindo para a seguinte de modo que as concentrações foram sempre diluídas pela metade, variando de 1,9 a 250g/mL. Em seguida, 100L da SE 2% foram plaqueados em todos os poços. Após incubação de 1h, sob agitação constante à temperatura ambiente (26 2ºC), as amostras foram centrifugadas (5000rpm/3 min) e o sobrenadante transferido para uma outra placa para a leitura da absorbância no espectrofotômetro de placas a 540nm. Análise Estatística A análise estatística foi realizada a partir de dois experimentos independentes e realizados em triplicatas. Os resultados foram analisados segundo suas médias e respectivos erros-padrão. O cálculo das CI50 com intervalo de confiança de 95% (concentração inibitória capaz de provocar 50% do efeito máximo) e seus respectivos desvios foram realizados a partir da regressão não-linear utilizando o programa GraphPad Prism (versão 5). 70 Carvalho, M. S. RESULTADOS E DISCUSSÃO Características Físico-químicas dos compostos imidazolidínicos derivados da 2-tioxo-imidazolidin-4-ona Os pontos de fusão dos compostos imidazolidínicos derivados da 2tioxo-imidazolidin-4-ona (LPSF/NN) variaram de 230 a 262 º C. As massas moleculares variaram de 218 a 238, 5 g. .Tabela 1: Características físico-químicas dos derivados 2-tioxo-imidazolidin-4-ona Composto (R) Ponto de Massa Molecular Fórmula Fusão (P.F.) (M.M.) Molecular (F. M.) LPSF/NN-1 2-Cl 230-232 °C 238,5 C10H7N2OSCl LPSF/NN-3 4-OCH3 260-262 °C 234,27 C11H10N2O2S LPSF/NN-4 2-Br 237-238 °C 283 C10H7N2OSBr LPSF/NN-10 4-CH3 258-260 °C 218 C11H10N2OS As características físico-químicas dos derivados 5-benzilideno-3-(metil-benzil)imidazolidina-2,4-diona (LPSF/MS) se encontram na tabela 2. Tabela 2: Características físico-químicas imidazolidina-2,4-diona (LPSF/MS) Composto LPSF/MS-2 (R) 4-Cl dos Ponto de Massa Fusão Molecular (P.F.) (M.M.) 221-222°C 291,5 derivados 5-benzilideno-3-(metil-benzil)- Rf Rendimento (Rdt %) 0,5 94,84% (n-hexano/Acetato de etila 7:3) LPSF/MS-6 4-CH3 174-175°C 306 0,5 88,10% (n-hexano/Acetato de etila 7:3) 71 Carvalho, M. S. As características físico-químicas dos compostos de coordenação de platina contendo como ligantes compostos imidazolidínicos derivados da 2-tioxoimidazolidin-4-ona (Série Cx) se encontra na tabela 3 abaixo: Tabela 3: Características físico-químicas dos compostos de coordenação de platina contendo como ligantes compostos imidazolidínicos derivados da 2-tioxo-imidazolidin-4-ona (Série Cx) Complexo (R) Massa Fórmula Molecular Molecular (F. M.) Rendimento Rdt (%) (M.M.) Cx-33 2-Br 573,51 (C12H15N4OSBr)PtCl 19,07 % Cx-40 4-OCH3 524,58 (C13H18N4O2S)PtCl 23,77 % Cx-42 4-CH3 508,58 (C13H18N4OS)PtCl 54,11 % Cx-47 2-Cl 529,01 (C12H15N4OSCl)PtCl 21,76 % Cx-25 4-OCH3 498,58 (C11H16N4O2S)PtCl 87, 12 % Como observado na tabela 3, o rendimento do composto de coordenação de platina Cx-25 apresentou o maior rendimento quando comparado aos rendimentos dos demais compostos, em função da forma de tratamento que foi utilizada no processo pós-síntese, utilização de rota-evaporador, melhorando o rendimento final. Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN) de 1H e no Infravermelho (IV) para os compostos da Série LPSF/MS A espectroscopia de ressonância magnética nuclear de hidrogênio (RMN1H) permitiu verificar os deslocamentos químicos () dos hidrogênios presentes nas estruturas dos derivados imidazolidinônicos da série 5benzilideno-3-(4-metil-benzil)-imidazolidina-3,4-diona (LPSF/MS). Os espectros apresentam os picos de absorção com deslocamentos químicos entre 6,96 - 7,71 ppm, correspondentes aos hidrogênios aromáticos. 72 Carvalho, M. S. Os sinais característicos dos grupos -CH3, -CH2, =CH aparecem com singleto em 2,26 ppm, 4,60 - 4,61 ppm e 6,52 - 6,62 ppm, respectivamente. Os espectros no infravermelho permitem a verificação das bandas características das carbonilas em aproximadamente 1706 - 1727 cm-1 e 1752 1761 cm-1, do grupo N-H em 3225 - 3274 cm-1. A seguir se encontram os deslocamentos químicos e as freqüências no infravermelho para os derivados LPSF/MS sintetizados. 3-(4-metil-benzil)-imidazolidina-2,4-diona (LPSF/MS-0) RMN1H (d, ppm) – DMSO – d6: CH3 – 2,26 ppm (s, 3H); CH2 – 3,95 ppm (s, 2H);– 4,70 ppm (s, 2H); NH – 8,07ppm (s,1H) Hidrogênios Benzílicos: 7,11 ppm (d, 2H) J = 8,40Hz; 7,16 ppm (d, 2H) J = 8,40Hz IV (cm-1) –KBr: NH – 3297 ; C=O -1750; 1704 5-(4-cloro-benzilideno)-3-(4-metil-benzil)-imidazolidina-2,4-diona (LPSF/MS-2) RMN1H (d, ppm) – DMSO – d6: CH3 – 2,26 ppm (s, 3H) ; CH2 –4,60 ppm (s, 2H); NH – 10,93 (s,1H); =CH – 6,554 ppm (s, 1H) Hidrogênios Benzilidênicos: 7,64 ppm (d, 2H) J = 8,39Hz; 7,48 ppm (d, 2H) J = 8,39Hz Hidrogênios Benzílicos: 7,17 ppm (d, 2H) J = 8,39Hz; 7,14 ppm (d, 2H) J = 8,39Hz; IV (cm-1) –KBr: NH – 3274; C=O -1752; 1706; C=C – 1649 3-(4-metil-benzil)-5-(4-metil-benzilideno)-imidazolidina-2,4-diona (LPSF/MS-6) RMN1H (d, ppm) – DMSO – d6: CH3 – 2,27 ppm (s, 3H); CH2 –2,32 ppm (s, 2H); NH – 4,61 (s,1H); =CH – 6,53 ppm (s, 1H) 73 Carvalho, M. S. Hidrogênios Benzilidênicos: 7,22 ppm (d, 2H) J =8,39 Hz; 7,54 ppm (d, 2H) J = 8,39 Hz Hidrogênios Benzílicos: 7,14 ppm (2H, d) J = 8,39 Hz; 7,18 ppm (2H, d) J = 8,69 Hz IV (cm-1) –KBr: NH - 3231; C=O -1760; 1715; C=C - 1661 Espectroscopia na Região do Infravermelho para os compostos ligantes da Série LPSF/NN e para seus respectivos compostos de coordenação contendo platina II (Cx) Foram realizados espectros na região do infravermelho, para o ligante LPSF/NN-3 e seu respectivo composto de coordenação contendo platina II (Figura x8), com o intuito de comparar as freqüências, para ambas as espécies, evidenciando assim os possíveis sítios de coordenação. 1695 cm -1 1,05 Cx-40 NN-3 1,00 0,95 0,75 0,60 0,55 0,50 -1 -1 0,65 3149 cm %T 0,70 3232 cm 0,80 3436 cm 0,85 -1 0,90 -1 0,45 1722 cm 0,40 0,35 0,30 4000 3000 2000 cm 1000 -1 Figura x8 – Espectro na região do infravermelho do ligante LPSF/NN-3 (preto) e do seu respectivo composto de coordenação contendo Pt II (vermelho), codificado como Cx-40. Segundo análise comparativa entre os espectros de infravermelho do ligante LPSF/NN-3 e seu respectivo complexo de platina II (Cx-40), o qual 74 Carvalho, M. S. também possui em sua primeira esfera de coordenação o ligante etilenodiamina, observou-se claramente que a banda em torno de 1722 cm -1 encontra-se deslocada para menores frequências no espectro do composto Cx40 (1695 cm-1), sugerindo-se assim que a carbonila (C=O) encontra-se coordenada ao íon metálico Pt II. Também para este mesmo espectro, verificou-se a presença de moléculas de água, evidenciadas pela presença das bandas em torno de 3436 cm-1 (estiramento axial O-H). As bandas do ligante, em torno de 3149 cm -1 (estiramento axial N-H), recebem uma espécie de contribuição dos mesmos grupos funcionais já existentes nas porções etilenodiamino do complexo, havendo para o produto final (Cx-40) uma espécie de superposicionamento de bandas e consequente alargamento (3232 cm-1). As análises na região do infravermelho, para os ligantes LPSF/NN-4, LPSF/NN-10 e seus respectivos compostos de coordenação contendo Pt II, seguiram o mesmo raciocínio. 1,00 Cx-33 NN-4 0,95 0,90 0,85 1516 cm -1 -1 -1 2942 cm 0,60 3159 cm 0,65 3208 cm 0,70 -1 0,75 3426 cm %T -1 0,80 0,55 0,50 4000 3000 2000 cm 1000 -1 Figura x9 – Espectro na região do infravermelho do ligante LPSF/NN-4 (preto) e do seu respectivo composto de coordenação contendo Pt II (vermelho), codificado como Cx-33. 75 Carvalho, M. S. Sugere-se que a presença de moléculas de água e o alargamento da banda do complexo, referente a contribuição de grupos funcionais (N-H), também podem ser evidenciados no espectro do complexo Cx-33 (Figura x9); entretanto, no espectro do ligante LPSF/NN-4, a banda em torno de 1516 cm-1, referente ao estiramento axial da tiocarbonila (C=S) ligada a átomos de nitrogênio, desaparece no espectro do seu respectivo complexo ou tornou-se bastante deslocada, contribuindo para uma superposição de bandas, com isso tem-se um forte indício de que o átomo de enxofre da tiocarbonila encontra-se coordenado ao íon Pt II. NN-10 Cx-42 1695 cm -1 -1 3177 cm %T 0,6 3437 cm 0,8 -1 1,0 0,4 4000 3244 cm 0,0 1722 cm -1 -1 0,2 3000 2000 cm 1000 -1 Figura x10 – Espectro na região do infravermelho do ligante LPSF/NN-10 (preto) e do seu respectivo composto de coordenação contendo Pt II (vermelho), codificado como Cx-42. Assim como nos exemplos anteriores, evidencia-se a presença de moléculas de água no complexo Cx-42, bem como a contribuição para o superposicionamento e alargamento de banda referentes ao estiramento axial N-H (3177 cm-1). Contudo, a banda referente ao estiramento axial da carbonila do ligante LPSF/NN-10 (1722 cm-1) encontra-se deslocada para menores frequências no espectro do complexo Cx-42, indicando que este último grupo funcional encontra-se possivelmente coordenado ao cátion Pt II (Figura x10). 76 Carvalho, M. S. 1192 cm -1 NN-1 Cx-47 1,05 -1 0,75 0,70 4000 -1 3000 2000 cm 1471 cm 1170 cm -1 1520 cm 3434 cm -1 1729 cm -1 0,80 1701 cm -1 0,85 -1 %T 0,90 3150 cm 3434 cm 0,95 -1 1,00 1000 -1 Figura x11 – Espectro na região do infravermelho do ligante LPSF/NN-1 (preto) e do seu respectivo composto de coordenação contendo Pt II (vermelho), codificado como Cx-47. Segundo análise dos espectros na região do infravermelho, para os compostos LPSF/NN-1 (ligante) e seu respectivo composto de coordenação contendo Pt II (Figura x11), sugere-se uma grande presença de moléculas de água no composto Cx-47, tendo em vista a banda bastante acentuada em torno de 3434 cm-1, caracterizando estiramento axial de grupos O-H. Com relação ao ligante LPSF/NN-1, o mesmo possui bandas referentes aos estiramentos axiais dos grupos N-H (3150 cm-1) alargadas quando avaliadas no espectro do composto Cx-47, haja visto a ocorrência das contribuições dos mesmos grupos preexistentes no complexo de partida (porções etilenodiamino) e a grande contribuição dos modos normais de vibração O-H, provinientes das moléculas de água. Ainda com relação ao composto Cx-47, sugere-se que existem dois possíveis sítios de coordenação para o ligante imidazolidínico LPSF/NN-1, haja visto a diminuição das frequências: (i) referentes aos estiramentos axiais do grupo carbonila, cujo o valor (1729 cm -1) para o ligante livre, encontra-se deslocado para 1701 cm-1, no composto Cx-47. (ii) referentes 77 Carvalho, M. S. ao grupo tiocarbonila (1520 e 1192 cm-1, para o ligante livre) e seus respectivos -1 -1 1726 cm 0,55 -1 -1 1511 cm 1707 cm -1 0,60 1025 cm -1 3186 cm 0,65 3428 cm %T 0,70 -1 0,80 0,75 1520 cm -1 3140 cm 0,85 3434 cm 0,90 -1 1,00 1052 cm NN-3 Cx-25 1,05 0,95 -1 deslocamentos para (1471 e 1170 cm-1) para o composto Cx-47. 0,50 0,45 0,40 0,35 0,30 4000 3000 2000 cm 1000 -1 Figura x12 – Espectro na região do infravermelho do ligante LPSF/NN-3 (preto) e do seu respectivo composto de coordenação contendo Pt II (vermelho), codificado como Cx-25. Segundo análise dos espectros na região do infravermelho do composto Cx-25, verificou-se comportamento análogo ao do composto Cx-47, no que se refere aos possíveis sítios de coordenação (carbonila e tiocarbonila). Observou-se também, presença de moléculas de água, alargamento das bandas referentes aos grupos N-H, cuja contribuição provém de grupos amino (preexistentes no complexo precursor, cisplatina). 78 Carvalho, M. S. Ensaios de Citotoxicidade Os ensaios de citotoxicidade foram realizados utilizando as linhagens celulares de câncer humano, HL-60 (leucemia), MDAMB-435 (melanoma humano), HCT-8 (cólon - humano) e SF-295 (glioblastoma – humano) com os ligantes da série LPSF/NN (2-tioxo-imidazolidin-4-ona) (I-IV), da série LPSF/MS (Imidazolidina-2,4-diona) (V-VI), os complexos imidazolidínicos cisplatínicos da série Cx (VII-X), e o fármaco antitumoral utilizado como padrão, a doxorrubicina (Dox), (0). Os compostos foram dissolvidos em DMSO puro e estéril na concentração estoque de 5 mg/mL, até concentrações finais (0,19-25 µg/mL). Os compostos foram submetidos ao teste do MTT 72h e determinadas as suas CI50, como mostrado na tabela 4. Tabela 4. Valores de CI50 e intervalo de 95% de confiança (IC95%) em g/mL dos compostos de I-X, selecionadas em diferentes linhagens celulares no teste do MTT. Foram consideradas ativas aquelas que apresentaram CI50 < 4 g/mL. Doxorrubicina foi usado como controle positivo. CI50 IC95% LINHAGENS CELULARES Composto HL-60 MDAMB-435 SF-295 HCT-8 (leucemia) (melanoma - (glioblastoma - (cólon - humano) humano) humano) LPSF/NN-1 (I) >25 24,88 >25 >25 LPSF/NN-3 (II) >25 >25 7,96 >25 LPSF/NN-4 (III) >25 16,80 15,74 >25 LPSF/NN-10 (IV) >25 >25 23,81 >25 LPSF/MS-2 (V) 4,79 0,63 >25 6,05 LPSF/MS-6 (VI) 0,22 0,17 0,70 0,39 79 Carvalho, M. S. Cx-33 (VII) 23,81 >25 >25 >25 Cx-40 (VIII) >25 >25 >25 >25 Cx-42 (IX) >25 >25 >25 >25 Cx-47 (X) >25 >25 >25 >25 Dox (0) 0,02 0,48 0,04 0,24 O cálculo das CI50 (concentração inibitória média capaz de provocar 50% do efeito máximo) e seus respectivos desvios foram realizados a partir da regressão não-linear no programa GraphPad Prism (versão 5). Cada amostra foi analisada a partir de dois experimentos independentes realizados em triplicata. Atividade Hemolítica Quanto à avaliação da atividade hemolítica, os compostos testados apresentaram valores de CE50 maiores que 250 µg/mL, sugerindo que a atividade citotóxica, quando existe, não é devido a danos diretos sobre a membrana plasmática. Importância das Modificações Estruturais para a Atividade Biológica Um grande número de fármacos agem num sítio específico, tal como uma enzima ou um receptor. Frequentemente, os compostos com estruturas semelhantes tendem a possuir a mesma atividade farmacológica. Entretanto, geralmente eles exibem diferenças de potência e de efeitos colaterais indesejáveis e, em alguns casos, de atividades diferentes. Estas diferenças estruturalmente relacionadas são corriqueiramente referidas como estruturaatividade (SAR). Um estudo das relações estrutura-atividade de um compostoprotótipo e de seus análogos pode ser usado para determinar as partes da estrutura do protótipo que são responsáveis por sua atividade biológica, isto é, seu farmacóforo, e também por seus efeitos colaterais adversos (THOMAS, 2003). Os principais parâmetros que podem ser alterados em função das modificações estruturais num fármaco são: coeficiente de partição, densidade eletrônica, impedimento estérico, biodisponibilidade, farmacocinética e sua 80 Carvalho, M. S. capacidade de estabelecer interações diretas entre o receptor ou enzima, consequentemente alterando o perfil da atividade biológica (Figura 13) (WERMUTH, 2003). H X Modifica: Solubilidade Densidade Eletrônica Fatores Estéricos Biodisponibilidade Interações Figura 13 – A substituição numa molécula ativa de um átomo de hidrogénio por outro átomo ou por um grupo funcional pode afetar vários parâmetros de um fármaco. Fonte: (WERMUTH, 2003). Kurz e colegas (2004) reportou que a química e as propriedades das imidazolidinas e seus derivados tem sido investigados a mais do que 140 anos. A porção hidantoína representa um importante farmacóforo, que está presente em vários compostos biologicamente ativos. Durante as décadas passadas intensas pesquisas nas indústras e nas universidades tem sido dedicado a modificações estruturais das hidantoínas e seus derivados. Novas estruturas protótipos e candidatos a fármacos tem surgido destas buscas e diferentes tipos de derivados hidantoínicos tem sido introduzido dentro dos mercados farmacêuticos. O potencial farmacológico dessa classe química tem atraído atenção e tem conduzido à síntese de um número de derivados N,N‘-bis(4-clorobenzoil) derivados de imidazolidina-2-tiona (1j, Figura 14) revelou uma significativa citotoxicidade em ensaios com células linfoblastóides MT-4 (IC50 = 9.9 µM). Também foi investigado a influência da porção acil na atividade antiproliferativa, foi preparado em paralelo com uma série de análogos simétricos (CESARINI et al., 2008). 81 Carvalho, M. S. Cl N O N O S Cl Figura 14 – Aciltiouréias (ATU), composto protótipo, 1j, IC50=9.9µM. Avanços na síntese organica agora seguem para a inclusão de vários ligantes bioativos em posições axiais, e desta forma focando para os tipos específicos de células cancerosas (BRUIJNINCX et al., 2008), este tipo de estratégia pode ajudar no desenho de novas drogas complexadas a metais, como a platina, que podem ser oralmente ativas. A química dos complexos de metais com imidazolidinas, tem recebido considerável atenção devido a sua abordagem de perfil de atividades farmacológicas que fornecem uma variedade de compostos com diferentes atividades (KOVALA-DEMERTZI et al., 2008). Analisando a tabela 1, contendo as concentrações capazes de inibir 50 % do crescimento celular (CI50) dos compostos da série LPSF/NN (I-IV), os quais não apresentaram resultados significativos, visto que apenas foram considerados ativos aqueles compostos que apresentaram CI50 < 4 g/mL. Por outro lado analisando as CI50 dos complexos imidazolidínicos cisplatínicos, série Cx (VII-X), também não foram observados efeitos citotóxicos quando analisados, em função das CI50 terem sido maiores que 25 g/mL. Essa falta de atividade citotóxica dos complexos da série Cx (VII-X) provavelmente deve-se à não atividade citotóxica isolada dos ligantes da série LPSF/NN (2-tioxo-imidazolidin-4-ona), visto que o complexo metálico (cisetilenodiamino-dicloro de platina II), Figura 15, utilizado na síntese dos complexos imidazolidínicos cisplatínicos da série Cx, apresenta isoladamente 82 Carvalho, M. S. efeito citotóxico similar à cisplatina, como demonstrado no trabalho de Milanesio e colegas (2008). O N CH R N H O H + S Série LPSF/NN (I-IV) H2N Pt Cl NH2 N AgNO3 CH DMF Cl R cis-etilenodiaminodicloro de Platina II N H H H2N S Pt H2 C CH2 NH2 Cl Série Cx (VII-X) Onde R = -Cl, -OCH3, -CH3, -Br Figura 15 – Estruturas químicas gerais dos compostos da série LPSF/NN (I-IV), o complexo isolado cis-EtilenoDiamino-Dicloro de Platina II e os complexos finais da série Cx. O trabalho de Milanesio (2008), abordou o estudo de uma série de complexos cis-[APtCl2] (A = etilenodiamino, metilado em diferentes posições) o qual foi realizado para avaliar o efeito de diferentes substituições metil nas propriedades citotóxicas dos derivados. Como esperado, complexos diferentemente metilados foram encontrados com diferentes efeitos citotóxicos em células de carcinoma ovariano humano (A2780). Foram utilizados como compostos de referência a cisplatina e o cis-etilenodiamino-dicloro de Platina II, os quais apresentaram, respectivamente, valores de IC50 1,52 µM e 5,62 µM. Os Fatores Eletrônicos e Lipofílicos como Determinantes na Atividade Biológica Sabe-se que as propriedades físico-químicas dos fármacos são imprescindíveis para a atividade biológica, tais como lipofilicidade, a conformação e a distribuição eletrônica, tais características influenciam a atividade do fármaco. Dois parâmetros são comumente usados para relacionar a distribuição com a atividade biológica, a saber o coeficiente de partição (P) e a constante () de lipofilicidade do substituinte. O primeiro parâmetro refere-se à molécula inteira, ao passo que o último relaciona-se aos grupamentos substituintes (THOMAS, 2003). 83 Carvalho, M. S. Quando analisamos as diferentes séries imidazolidínicas LPSF/NN (I-IV) e LPSF/MS (V-VI), e respectivos complexos da série Cx (VI-X) acreditamos que a não atividade citotóxica demonstrada pelos compostos da série LPSF/NN (I-IV) pode ter origem nos seus parâmetros eletrônicos e lipofílicos alterados pelas contribuições de grupamentos ou substituintes distintos entre as moléculas, como observado na figura 16, pois quando comparamos os efeitos citotóxicos da série LPSF/NN (I-IV) com a série LPSF/MS (V-VI), a mudança estrutural que pode ser notada é a substituição na posição 3 do núcleo imidazolidínico por um grupamento benzílico substituído (Figura 16), esta alteração levou a um significativo ganho na atividade biológica da série LPSF/MS (V-VI). O H N CH R N H H2 C O N S Série 2-tioxo-imidazolidin-4-ona (LPSF/NN)- I-IV CH R N H CH3 O Série 5-benzilideno-3-(4-metilbenzil)-imidazolidina-2,4-diona (LPSF/MS) – V-VI R = -Cl, -OCH3, -CH3, -Br R = -Cl, -CH3 Figura 16 – Comparação Estrutural entre as Séries LPSF/NN (I-IV) e LPSF/MS (V-VI). Quando comparamos os compostos LPSF/NN-10 (IV) e LPSF/MS-6 (VI), figura 17, pode-se correlacionar a substituição na posição 5 do anel imidazolidínico pelo grupo 4-metil-benzilideno em ambos os compostos, e notase que as diferenças estruturais que podem ser ressaltadas entre estes dois são a introdução do grupamento benzílico substituído na posição 3 do núcleo imidazolidínico no composto LPSF/MS-6 (VI) e o átomo de oxigênio na posição 2 do anel imidazolidínico. 84 Carvalho, M. S. O N H3C CH N H H H2 C O N S H3C Composto 5-(4-metil-benzilideno)2-tioxo-imidazolidin-4-ona (LPSF/NN-10) - IV CH N H CH3 O Composto 3-(4-metil-benzil)-5-(4metil-benzilideno)-imidazolidina2,4-diona (LPSF/MS-6) - VI Figura 17 – Comparação Estrutural entre os compostos LPSF/NN-10 (IV) e LPSF/MS-6 (VI). Levando em consideração que o átomo de oxigênio na posição 2 do anel imidazolidínico da série LPSF/MS (V-VI) poderia atuar como bioisóstero em relação ao átomo de enxofre na posição 2 também do anel imidazolidínico na série LPSF/NN (I-IV), Figura 17, tendo em vista que os bioisósteros podem ser átomos, íons ou moléculas que possuem propriedades físico-químicas semelhantes e consequentemente podem exibir propriedades biológicas semelhantes, como é o caso do átomo de enxofre na série LPSF/NN (I-IV) e o átomo de oxigênio na série LPSF/MS (V-VI), enfatizando que o ganho na atividade citotóxica desta série está diretamente relacionada à introdução do grupamento benzílico substituído na posição 3 do núcleo imidazolidínico. A introdução do átomo de enxofre foi racionalmente planejada em função da complexação como sítio de coordenação para platina II destes ligantes com o cis-etilenodiamino-dicloro de platina II. Logo pode-se sugerir que a introdução deste grupamento levou à alteração do equilíbrio hidrófilo-lipófilo e consequentemente um aumento significativo na atividade biológica. Comparando-se os compostos da série LPSF/MS (V-VI), figura 18, que foram os mais ativos para atividade citotóxica, podemos observar que a principal modificação estrutural foi a substituição do átomo de cloro LPSF-MS-2 (V), por um grupamento metil na posição 4 do aromático benzilidenico LPSF/MS-6 (VI). 85 Carvalho, M. S. H2 C O N CH Cl N H CH3 N CH H3C O Composto 3-(4-metil-benzil)-5-(4cloro-benzilideno)-imidazolidina-2,4diona (LPSF/MS-2) - V H2 C O N H CH3 O Composto 3-(4-metil-benzil)-5-(4metil-benzilideno)-imidazolidina2,4-diona (LPSF/MS-6) - VI Figura 18 – Comparação Estrutural entre os compostos LPSF/NN-10 (IV) e LPSF/MS-6 (VI). Dos compostos testados, os LPSF/MS-2 e LPSF/MS-6 apresentaram potencial citotóxico sobre as linhagens celulares humanas, onde o LPSF/MS-2 apresentou seletividade para a linhagem MDAMB-435. Neste caso o grupo metil do composto LPSF/MS-6 na posição 4 do grupamento benzilideno e o átomo de cloro do composto LPSF/MS-2 nesta mesma posição tiveram contribuições eletrônicas distintas, sendo que o grupo metil apresenta um efeito indutivo positivo, doador, aumentando a densidade eletrônica do anel aromático, entretanto o átomo de cloro tem efeito indutivo negativo, retirador, e que pode alterar no sítio de ação. Também foi constatato que ambos os compostos apresentam efeitos citotóxicos significativos, porém quanto à seletividade destes compostos pelas linhagens celulares cancerígenas específicas, notou-se que o composto LPSF/MS-2 foi mais seletivo para a linhagem celular de melanoma (MDAMB435), com IC50 igual a 0,63 µg/mL. Quando observamos os valores de IC50 para o composto LPSF/MS-6 observa-se que este foi ativo para todas as linhagens celulares testadas, com melhor resultado citótóxico também para a linhagem MDAMB-435, com IC50 igual a 0,17 µg/mL, superando a IC50 do fármaco antitumoral de referência utilizado, a doxorrubicina (Dox), que foi de 0,48 µg/mL nesta mesma linhagem celular, embora não apresentou seletividade para alguma das linhagens 86 Carvalho, M. S. celulares como foi observado para o LPSF/MS-2, provavalmente em função das características inerentes e constitutivas dos diferentes tipos de linhagens celulares cancerígenas testadas. CONCLUSÕES Como principais conclusões deste estudo pode-se mencionar que: os compostos de coordenação de platina contendo como ligantes compostos imidazolidínicos derivados da 2-tioxo-imidazolidin-4-ona (Cx), os ligantes derivados da 2-tioxo-imidazolidin-4-ona (LPSF/NN) e os compostos da série imidazolidina-2,4-diona (LPSF/MS) foram sintetizados com rendimentos satisfatórios e caracterizados espectroscopicamente por infravermelho (IV). Os compostos LPSF/NN (I-IV) e seus respectivos compostos de coordenação de platina da série Cx (VII-X) não apresentaram efeitos citotóxicos significativos, por outro lado todos os compostos da série LPSF/MS (V-VI), os LPSF/MS-2 e LPSF/MS-6 apresentaram potencial citotóxico sobre as linhagens celulares humanas, onde o LPSF/MS-2 apresentou seletividade para a linhagem MDAMB-435. Quanto à avaliação da atividade hemolítica, os compostos testados apresentaram valores de CE50 maiores que 250 µg/mL, sugerindo que as ações citotóxicas destes compostos não estão relacionadas com dano à membrana plasmática. Vale ressaltar que as hipóteses sugeridas a cerca dos parâmetros eletrônicos e lipofílicos dos compostos estudados não foram comprovadas, para isso é necessário estudos mais aprofundados de QSAR (relação estrutura-atividade quantitativa) que utiliza uma relação matemática sob a forma de uma equação entre a atividade biológica e os parâmetros físicoquímicos mensuráveis que representam as propriedades que influenciam a atividade do fármaco, tais como: lipofilicidade, a conformação e a distruibuição eletrônica. Por outro lado, também seriam necessários estudos farmacológicos mais detalhados com os compostos de coordenação de platina contendo como 87 Carvalho, M. S. ligantes compostos imidazolidínicos derivados da imidazolidina-2,4-diona alquilados na posição 3 do núcleo imidazolidínico. Agradecimentos Ao Laboratório de Planejamento e Síntese de Fármacos (LPSF/UFPE) da Universidade Federal de Pernambuco. Ao Grupo de Pesquisa em Inovação Terapêutica (GPIT). Ao Departamento de Química Fundamental (UFPE). À Universidade Federal do Ceará, Laboratório de Oncologia Experimental da Universidade Federal do Ceará, e seus respetivos coordenadores os Professores Cláudia do Ó Pessoa, Manoel Odorico de Moraes, Letícia Veras Costa-Lotufo, e ao mestrando Francisco Washington Araújo Barros. Á capes pelo auxílio financeiro do projeto de pesquisa. REFERÊNCIAS Albuquerque, M. C. P. A.; Silva, T. G.; Pitta, M. G. R.; Silva, A. C. A.; Ssilva, P. G.; Malagueno, e.; Santana, J. V.; Wanderley, A. G.; Lima, M. C. A.; Galdino, S. L.; Barbe, J.; Pitta, I. R. Synthesis and schistosomicidal activity of new substituted thioxo-imidazolidine compounds. Pharmazie. 2005. 60:1, 13-17.. Augustus, T.M. et al. Bis(acridinylthiourea)platinum(II) Complexes: Synthesis, DNA Affinity, and Biological Activity in Glioblastoma Cells. Bioorg. Med. Chem. Lett. v. 2003.13 855-858. Barbara, C., Orlandi, P., Bocci, G., Fioravanti, A., Di Paolo, A., Natale, G., Mario, Del Tacca, R. Danesi. In vitro and in vivo antitumour effects of novel, orally active bile acid-conjugated platinum complexes on rat hepatoma. European Journal of Pharmacology. 2006. 549, 27–34. Bakalova, A., R. Buyukliev, G. Momekov, D. Ivanov, D. Todorov, S. Konstantinov, M. Karaivanova. Synthesis, physicochemical and in vitro pharmacological investigation of new platinum (II) complexes with some cycloalkanespiro-5′-hydantoins. Eur. J. Med. Chem. 2005. 40, 6, 590-596. Bakalova et al., Synthesis, characterization and biological activity of Pt(II) and Pt(IV) complexes with 5-methyl-5(4-pyridyl)-2,4-imidazolidenedione. European Journal of Medicinal Chemistry 2008. 43, 958-965. Berridge, M. V., Tan, A. S., Mccoy, K. D., Wang, R. The Biochemical and Cellular Basis of Cell Proliferation Assays that Use Tetrazolium Salts. Biochemica, 1996. 4: 14-19. 88 Carvalho, M. S. Brandão, S. S. F.; Andrade, A. M. C.; Pereira, D. T. M.; Barbosa Filho, J. M.; Lima, M. C. A.; Galdino, S. L.; Pitta, I. R.; Barbe, J. A novel way of synthesis of 1,3,5-trisubstituted-2-thioxoimidazolidinones. Heterocyclic Communications 2004, 10(1), 9-14. Bruijnincx, P.C. A; Sadler, P. J. New trends for metal complexes with anticancer activity. Current Opin.Chem. 2008. 12,197–206. Carmi C, Cavazzoni A, Zuliani V, Lodola A, Bordi F, Plazzi PV, et al. 5Benzylidene-hydantoins as new EGFR inhibitors with antiproliferative activity. Bioorg Med Chem Lett 2006;16:4021–5. Cesarini, S., Spallarossa A., Ranise A., Schenone, S., Rosano, C., La Colla, P., Sanna, G., Busonera, B., Loddo, R. N-Acylated and N,N0-diacylated imidazolidine-2-thione derivatives and N,N0-diacylated tetrahydropyrimidine2(1H)-thione analogues: Synthesis and antiproliferative activityEuropean Journal of Medicinal Chemistry. 2008. 1-13. Choi, S.; Filotto, C.; Bisanzo, M.; Delaney, S.; Lagasee, D.; Whitworth, J. L.; Jusko, A.; Li, C.; Wood, N. A.; Willingham, J.; Schwenker, A.; Spaulding, K. Reduction and Anticancer Activity of Platinum(IV) Complexes. Inor. Chem. 1998, 37, 2500-2504. Fiallo M, Kozlowski H, Garnier-Suillerot A. Mitomycin antitumor compounds— Part 1. CD studies on their molecular structure. Eur J Pharm Sci 2001;12:487– 94. Kavitha C.V, Mridula Nambiar, Ananda Kumar C.S., Bibha Choudhary, Muniyappa K., Kanchugarakoppal S. Rangappa, Sathees C. Raghavan. Novel derivatives of spirohydantoin induce growth inhibition followed by apoptosis in leukemia cells. Biochemical pharmacology, 2009. 77348 – 363. Kovala-Demertzi, D., Alexandratos, A., Papageorgiou A., Yadav, P. N., Dalezis Panagiotis, Demertzis, M. A. Synthesis, characterization, crystal structures, in vitro and in vivo antitumor activity of palladium(II) and zinc(II) complexes with 2formyl and 2-acetyl pyridine N(4)-1-(2-pyridyl)-piperazinyl thiosemicarbazone. Polyhedron. 2008. 27, 2731–2738. Kleemann A, Engel J, Kutscher B, Reichert D. Pharmaceutical substances, synthesis, patents, applications; 2001. Kurz ,T.; Widyan , K. A Convenient synthesis of 3-amino-4-imino(thioxo)imidazolidin-2-ones.Tetrahedron Letters. 2004. 45. 7049–7051. Ismael, G. F.V., Rosa, D. D., Mano, M. Novel cytotoxic drugs: Old challenges, new solutions. Cancer Treatment Reviews, 2008. 34, 81– 91. 89 Carvalho, M. S. Jung, Y., Lippard, S.J. Direct cellular responses to platinum induced DNA damage. Chem. Rev. 2007. 107, 1387–1407. Tetko, I.V., Jaroszewicz, I., Platts J.A., Jaworska, J. K. Calculation of lipophilicity for Pt(II) complexes: Experimental comparison of several methods. Journal of Inorganic Biochemistry. 2008. 102, 1424–1437. Leo, A.J., Hansch C., Role of hydrophobic effects in mechanistic QSAR. Perspect. Drug Discov. Des. 1999. 17, 1–25. Tetko, I.V., Jaroszewicz, I., Platts J.A., Jaworska, J. K. Calculation of lipophilicity for Pt(II) complexes: Experimental comparison of several methods. Journal of Inorganic Biochemistry. 2008. 102, 1424–1437. Lippard, S. J. and Zhang, C. X. New metal complexes as potential therapeutics. Curr. Opin. Chem. Biol. 2003, 7, 481. Milanesio, M., Monti, E., Gariboldi, M. B., Gabano, E. et al. Trend in cytotoxic activity of a series of cis-[APtCl2] (A = ethylenediamine methylated at different positions) complexes. Inorganica Chimica Acta. 2008. 361, 2803–2814. Mossman, T. Rapid colorimetric assay for cellular growth and survival:application to proliferation and cytotoxicity assays. J. Immunol. Methods, 1983. 65: 55-63. Oliveira, S. M.; Albuquerque, M. C. P. A.; Pitta, M. G. R.; Malagueno, E.; Santana, J. V.; Lima, M. C. A.; Pitta, I. R.; Galdino, S. L. Behavior of Schistosoma mansoni adult worms maintained in vitro towards imidazolidinone derivatives. Acta Farmaceutica Bonaerense, 2004. 23,3; 343-348. Rajic Z, Zorc B, Raic-Malic S, Ester K, Kralj M, Pavelic K, et al. Hydantoin derivatives of L- and D-amino acids: synthesis and evaluation of their antiviral and antitumoral activity. Molecules. 2006;11:837–48. Santos, l. C.; Uchoa, F. T.; Canas, A. R. P. A.; Sousa, I. A.; Moura, R. O.; Lima, M. C. A.; Galdino, S. L.; Pitta, I. R.; Barbe, J. Synthesis and anti-inflammatory activity of new thiazolidine-2,4-diones, 4-thioxothiazolidinones and 2thioxoimidazolidinones. Heterocyclic Communications. 2005. 11:2;121-128. Skehan , P., Storeng, R., Scudiero, D., Monks, A., Mcmahon, J., Vistica, D., Warren, I.T., Bodesch, H., Kenney, S., Boyd, M. R. New colorimetric cytotoxicity assay for anticancer – drug screening. J. Natl. Cancer Inst., 1990. 82(13): 11071112. Struck, R.F., M.C. Kirk, L.S. Rice, W.J. Suling, Isolation, synthesis and antitumor evaluation of spirohydantoin aziridine (SHAZ), a mutagenic metabolite of spirohydantoin mustard.J. Med. Chem. 1986. 29,1319-1321. 90 Carvalho, M. S. Thomas, G. Química Medicinal: Uma Introdução. 2003.1ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. Wermuth, C. G., Laboratoire de Pharmacochimie Moléculaire, Faculté de Pharmacie, Université Louis Pasteur, The Practice of Medicinal Chemistry. 2003. Second edition. Illkirch, France. Zhang, F., Suarez, G., Sha, J., Sierra, J. C., Peterson, J. W., Chopra, A. K. Phospholipase A2-activating protein (PLAA) enhances cisplatin-induced apoptosis in HeLa cells. Cellular Signalling 21. 2009, 1085–1099 Wang, D. Lippard, S.J. Cellular processing of platinum anticancer drugs. Nat. Rev. Drug Discov. 2005. 4, 307–320 Williams DA, Lemke TL. Foye‘s principles of medicinal chemistry. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2002. 91 Carvalho, M. S. QUÍMICA NOVA ISSN: 0100-4042 Platinum Coordination Compounds As One of the Most Active Chemotherapeutic Class for Treatment of Large Range of Tumors, and New Approaches for Biological Evaluations 92 Carvalho, M. S. Review: submit to Química Nova ISSN: 0100-4042 PLATINUM COORDINATION COMPOUNDS AS ONE OF THE MOST ACTIVE CHEMOTHERAPEUTIC CLASS FOR TREATMENT OF LARGE RANGE OF TUMORS, AND NEW APPROACHES FOR BIOLOGICAL EVALUATIONS Manuela dos Santos Carvalho, Maria do Carmo Alves de Lima; Suely Lins Galdino; Ivan da Rocha Pitta* Laboratório de Planejamento e Síntese de Fármacos (LPSF), Grupo de Pesquisa em Inovação Terapêutica (GPIT) – Departamento de Antibióticos, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Av. Prof. Moraes Rego Nº 1235. Cidade Universitária. CEP: 50.670-901. Recife-PE. Brasil. João Bosco Paraíso da Silva, Wagner Eduardo da Silva, Gilberto Fernandes de Sá Departamento de Química Fundamental, Universidade Federal de Pernambuco, Av. Prof. Luiz Freire, s/n, 50740-540 Recife –PE, Brasil. Luís A. E. Batista de Carvalho, Maria Paula M. Marques Unidade de Química-Física Molecular, Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), Universidade de Coimbra, 3004-535, Coimbra, Portugal. * Corresponding author, phone: +0055 81 2126-8347 (R-220) *e-mail: [email protected] 93 Carvalho, M. S. Platinum Coordination Compounds as one of the most active chemotherapeutic class for treatment of large range of tumors, and new approaches for biological evaluations Abstract This review shows developments in a selected area of coordination compounds which have like main representative cisplatin. The several areas were a direct consequence of the cis-Pt(NH3)2Cl2 (cisplatin) antitumor activity discovery. Also will be highlight the development of promising novel cytotoxic drugs that will hopefully offer not only gains in efficacy, but also in safety, tolerability and convenience. Mechanistic aspects between biological systems and some chemotherapeutic complexes interaction, imidazolidines as importants ligands, allowing the synthesis of a plethora of new platinum coordination compounds, such as the development of less toxic and more selective anticancer therapeutics. Keywords: cancer, cytotoxicity, metals complexes, imidazolidin-2,4-dione, cisplatin 94 Carvalho, M. S. 1. Introduction Medicinal inorganic chemistry can exploit the unique properties of metal ions for the design of new drugs. This has, for instance, led to the clinical application of chemotherapeutic agents for cancer treatment, such as cisplatin. The use of cisplatin is, however, severely limited by its toxic side-effects. This has spurred chemists to employ different strategies in the development of new metal-based anticancer agents with different mechanisms of action. These include the more selective delivery and/or activation of cisplatin-related prodrugs and the discovery of new non-covalent interactions with the classical target, DNA. In the 1960s, Rosenberg discovered that cell division, of a bacteria culture (Escherichia coli) in a chamber with immersed platinum electrodes, could be inhibited when an electric field was turned on. When the electrical field was turned off, bacterial cells restarted division process. The effect was not by electrical field but rather to electrolysis compounds from electrodes. A chemist, T. Krigas, was consulted to identify this platinum compounds. After some quick studies, the platinum complex cis-[PtCl2(NH3)2], also known as peyrone´s Chloride and ‗cisplatin‘,1,2,3 shows antiproliferative cells activity. Cisplatin (Figure 1) was introduced to the clinic around 1980 and the drug has been successfully used against many forms of cancer, particularly for the treatment of testicular and ovarian cancers.1,4,5 The mechanism of action of cisplatin has not been fully elucidated, and is still a matter of intense research.6-8,1 The recent surge in clinical trials involving platinum anticancer drugs reflects the efficacy and success rate of cisplatin, the first and most potent member of the class. However, the drug‘s clinical utility is restricted by both toxicological and especially tumor resistance considerations. For example, while high response rates can be achieved in ovarian cancer, the long-term results are disappointing due to the development of drug resistance leading to recurrence and subsequent death of most of these patients.9,10 Despite its success and large tumor cells action window, cisplatin suffers from limitations due to possibility of patient to develop drug resistance, lacking activity against tumors with neutral or acquired resistance 11,12 and severe side 95 Carvalho, M. S. effects (nausea, vomiting, ototoxicity, neurophaty, nephrotoxicity and myelosuppression); rarely some patients presents visual impairment, seizures, arrhythmias, acute ischemic vascular events, glucose intolerance and pancreatitis.13 Cisplatin has too a limited solubility in aqueous solutions which is a problem for intravenous application; in such case, medical workers requires dispendious coadjuvant side effects treatments capable to resolve the symptom without remedy interaction. Vomiting and nausea suggest continuous search about new anti-emetic agents. Nephrotoxicity requires patient hydration but is not sufficient. Depending on cisplatin (CDDP) dosage used in chemotherapeutic procedure, a case of deafness can occur; ototoxicity represents a cumulative and irreversible side effect, in any way that audiograms are obtained. The initial symptom of inner ear damage, in this case, is the high frequency acuity loss, when the range of speech starts to be affected, the chemotherapeutic agent should be discontinued.13 From thousands of new synthesized analogs, only two other drugs: carboplatin, diammine(1,1-cyclobutanedicarboxylato) platinum(II), and oxaliplatin, (1R,2R-cyclohexanediamine) oxalatoplatinum (II) (Figure 1) are in widespread clinical use, at present. A recent review reports that of more than 3000 potential new drugs synthesized, only 30 have entered clinical trials, and suggests that absorption, distribution, metabolism and excretion (ADME) are a major factor in this low success rate.14,15 Thus, a crucial parameter for design of new platinum-based anticancer drugs is their lipophilicity,15-17 which is related to important biological process such as absorption, transport through membranes, drug-receptor approaches complexes 18 19 interactions or a toxicity of molecules. New synthetic and a better knowledge of the molecular mechanism of platinum provide the basis for a rational design of promising anticancer platinum coordination compounds. 96 Carvalho, M. S. O NH3 Cl NH3 Pt Pt NH3 NH3 O Cl NH3 O O O Pt O NH3 O Cisplatin O Oxaliplatin Carboplatin Figure 1. Chemical structures of cisplatin, carboplatin and oxaliplatin. In clinical practice cisplatin, carboplatin and oxaliplatin are administered by intravenous infusion but platinum drugs that could be effectively administered orally are strongly desirable in order to increase their potential clinical uses in the outpatient setting.20 These drawbacks gave impetus for the development of new generations of platinum based anticancer drugs. However, only cis-diammine (1,1cyclobutanedicarboxylato) platinum(II) (carboplatin) received worldwide approval. Carboplatin, less toxic than cisplatin, is active against the same tumor entities as cisplatin and is also administered intravenously. Other important point platinum-based anticancer drug is (R, R-trans-1,2-diaminocyclohexane) oxalatoplatinum(II) (oxaliplatin), registered in Europe and Japan. Oxaliplatin has shown potential against cisplatin-resistant tumors and is used to treat colorectal cancer.21 Some researchers22,23 reported the high antitumor efficacy of oxaliplatin against melanoma, testicular and ovarian cancers, stomach cancer and colorectal carcinoma. Toxicity of oxaliplatin is peripheral sensory neuropathy, being the dose-limiting toxicity.22,24 Advantages of oxaliplatin are not showing less nephrotoxicity, cardiotoxicity, mutagenicity and cross-resistance against some cisplatin resistant tumors, showing collateral sensitivity and it shows very low myelosuppression.22,25,26 Platinum (II) compounds have also an extensive history exhibiting virucidal activity, including a recent report of anti HIV-1 activity.12,27 In this context there is a clear evidence that the carrier ligand influences the antiviral activity and modifications of the carrier ligand in cisplatin may broaden the range of antitumor and antiviral activities, therefore, there is still a need to 97 Carvalho, M. S. synthesize platinum(II) complexes with novel ligands and to test them for antitumor activity.12 Others metal complexes of gold, platinum, iridium, palladium, rhodium and osmium have been reported to have activity against a variety of trypanosomatids, but the molecular target of these compounds has not been defined. The activity of gold(III) and palladium(II) cyclometallated complexes, and oxorhenium(V) complexes against mammalian and parasitic cysteine proteases was investigated, it is known that the cysteine proteases of the trypanosomatid parasitic protozoa have been validated as targets for chemotherapy of Chagas‘ disease and leishmaniasis.28 In the search for a pharmacological control of Chagas‘ disease, metal complexes appear to be a promising new approach. In this sense, the design of complexes combining ligands bearing anti-trypanosomal activity and pharmacologically active metals has been successfully developed.29 The long-term goal of project studied by Bjelosevic (2006) was to develop a straightforward synthetic pathway for the production of ferrocenylbased platinum compounds to be used as tentative replacement drugs for cisplatin in the clinic. Earlier studies have shown that this class of compound exhibits promising both antineoplastic and antimicrobial activity.1,30,31 Besides is presented in the overview on recent developments in selected areas of Pt coordination chemistry which were a direct consequence of the discovery of the antitumor activity of cis-Pt(NH3)2Cl2 (Cisplatin). These include complexes of PtII with oxygen donor atoms, mixed-valence state Pt compounds as well as diplatinum(III) complexes, and compounds containing nucleobases as well as a limited number of other heterocyclic ligands. Both the potential biological relevance of these compounds and the role cis- and trans-(am)2MII (am = NH3 or amine; M = Pt, Pd) entities are playing in the construction of regularly shaped molecules (‗molecular architecture‘) are briefly outlined.32 2. Platinum rediscovery as one of the most successful antitumor agents The 19th century brought the discovery of the first organometallic compound of any metal, K[PtCl3(C2H4)]·H2O by Zeise (1830), and numerous reports on inorganic platinum ammine complexes by scientists such as 98 Carvalho, M. S. Peyrone, Reiset, Cossa, Cleve, and Magnus. It was the ‗Theory of Coordination‘ of Werner which, by the end of last century, provided an explanation for the constitution of many of these complexes. During the 20th century the development of metal catalysts for industrial production processes, many of which contain Pt or platinum group metals,33 was a major goal. Termed once a ‗master of transmutation‘, platinum has been estimated to be used in the manufacture of one out of five of today‘s products.33 The recent surge in clinical trials involving platinum anticancer drugs reflects the efficacy and success rate of cisplatin, the first and most potent member of the class.34 Most recently, the FDA approved oxaliplatin as a firstline therapy for the treatment of colorectal cancer.35,36 Since the advent of platinum based cancer therapy, several active compounds that violate the classical structure–activity relationships for cisplatin have been identified, including platinum(IV)59 and polynuclear platinum complexes,37,38 and platinum compounds with a trans stereochemistry.35 Platinum (II) complexes are widely used in cancer chemotherapy. 39,40 The most important platinum-based diamminedichloroplatinum(II)), carboplatin drugs are cisplatin (diammine[1,1- (cis- cyclobutane- dicarboxylato]-O,O‘-platinum(II)), the first and second platinum(II) derivatives to hit the market, and more recently oxaliplatin, nedaplatin, iobaplatin, and heptaplatin (Figure 1 and 2).19,41,42 The first three platinum (II) complexes are used worldwide while the last three are used mainly in Asian countries. NH 3 O Pt NH 3 O O NH2 O O O Pt NH2 O O O NH2 O Pt NH2 O O Nedaplatin lobaplatin Heptaplatin Figure 2. Structures of known platinum(II) complexes used in clinics. 99 Carvalho, M. S. When the carrier ligands are modified, it is possible to achieve a limited change in the spectrum of activity, e.g., oxaliplatin which has 1,2diaminocyclohexane as the carrier ligand has been found to be active against colorectal cancer. It may be true to say that all cisplatin analogues generally have a similar spectrum of activity and develop similar resistance. One such class of compounds is platinum complexes having aromatic amines and iminoethers in the trans configuration as carrier ligands that have shown activity comparable to that of cis-platin in a number of cancer cell lines. Because of different nature of binding with DNA (mainly intrastrand in the case of cisplatin and its analogues and interstrand in the case of trans-complexes), transcomplexes would be expected to have a spectrum of activity different from cisplatin.43 2.1. Clinical Status of metal complexes and its new developments/ perspectives The discovery by Rosenberg of the anticancer activity of cisplatin, cis[PtCl2(NH3)2], and cis-[PtCl4(NH3)2] in the 1960s, precipitated the search for related complexes with similar or better activity. It has been generally accepted as a paradigm of the biochemical pharmacology of platinum antitumor drugs that a cis configuration of the leaving groups is necessary for antitumor activity of platinum compounds. However, cisplatin has two major drawbacks: severe toxicity that includes nephrotoxicity, neurotoxicity and ototoxicity, and the presence or acquisition of resistance to the drug.44 Toxicities include nephrotoxicity, myelosuppression, ototoxicity, anaphylaxis and peripheral neuropathies. Resistance is considered to be multifactorial and includes reduced intracellular drug accumulation, increased inactivation by glutathione and metallothionein, increased DNA damage repair and alterations in apoptotic pathways.45 The low bioavailability and cellular uptake of cisplatin, combined with the high reactivity of the compound also limit the efficacy of the drug. The highly reactive nature of cisplatin results from rapid hydrolysis of the parent compound to the activated, aquated form [cis-[PtCl(H2O)(NH3)2]+] in biological solutions. As 100 Carvalho, M. S. a result, cisplatin reacts with a number of cellular components, such as proteins, RNA, membrane phospholipids and cytoskeletal microfilaments, which reduce the pool of drug available to complex with DNA.46 The mononuclear system, trans isomer of cisplatin, trans-[PtCl2(NH3)2] (transplatin), is therapeutically inactive. Substitution of NH3 in trans-[PtCl2(L)(L‘)] gives complexes with cytotoxicity in the micromolar range. In general, these complexes exhibit enhanced cytotoxicity with respect to the parent transplatin and are usually non-cross-resistant with cisplatin. Since the first publication of this phenomenon using planar amines.47,48 A range of amine ligands (pyridine, thiazole, quinoline, isoquinoline, etc.) has been employed, including iminoethers, alicyclic amines, and heterocyclic aliphatic amines.49,50 Complexes containing transplanaramines (TPA compounds) exhibit a unique cytotoxicity profile in the NCI tumor panel and induction of topoisomerase I-DNA complexes in human tumor cells.38,51,52 Thus, pharmacological and biological differences might be systematically exploited to design new complexes with activity in cisplatin-resistant tumors. The standard cis-trans structure-activity relationship of platinum antitumor complexes, exemplified by cisplatin is that only the cis geometry is therapeutically active. This way of thinking was rapidly spread amongst the researchers in the field due to the observed inactivity of the trans isomer of cisplatin, trans-diamminedichloroplatinum(II) (transplatin), and has had a major influence on both the design of new platinum antitumor agents and the mechanistic interpretation of the antineoplastic activity of cisplatin.53 A recent example of the latter strategy is the encapsulation of cisplatin and carboplatin in the hollow protein cage of the iron storage protein ferritin, which can be internalized by some tumour tissues. Indeed, the drug-loaded protein showed cytotoxic activity against the rat pheochromocytoma cell line (PC12). In a different approach, minicells, bacterially-derived 400 nmanucleate particles, have been packed with chemotherapeutics, such as cisplatin, and labelled with bispecific antibodies. This resulted in endocytosis and ultimately drug release in cancer cells.54 Platinum (IV) prodrugs can be used to overcome some of the problems associated with cisplatin and its analogues.41 The high kinetic inertness of Pt 101 Carvalho, M. S. (IV) complexes relative to their Pt(II) analogues introduces drug stability and the two extra ligands on the octahedral metal centre offer many possibilities for modification of pharmacokinetic parameters. As extra and intracellular agents‘ reduction of platinum (IV) to platinum (II) is usually essential for activation and subsequent cytotoxicity, these prodrugs in effect provide better ways of delivering cisplatin (or its analogues) to the target tumor cell. The reduction rates of platinum (IV) complexes depend on the electron-withdrawing power and steric hindrace of axial position ligands; for a complex whose reduction rates is fast, we can assume that this compound could presents high citotoxicicity. 55 Synthetic advances now allow the inclusion of various bioactive ligands in the axial positions, and, hence, targeting to specific types of cancer cells; this kind of strategies can help the design of orally platinum drugs, such as contributed for rationalize the effect of some platinum drugs as JM216 and JM221 (Figure 3). O O O H3N H3N Cl Pt O Cl Pt NH2 NH2 Cl O Cl O O O JM221 JM216 Figure 3. Chemical structure of some active platinum IV complexes. Barbara and colleagues have synthesized and characterized several members of a new family of compounds, (NH3)2Pt(triacid) and (PPh3)2Pt(dehydrocholate)2 are two novel platinum compounds obtained by conjugating dehydrocholic acid with two different platinum coordination complexes (Figure 4), which for the first time, of the in vitro and in vivo orally active antitumour activity on a syngeneic and orthotopic hepatoma model. In particular, (NH3)2Pt(triacid) demonstrated both a high cytotoxic activity on N1– 102 Carvalho, M. S. S1 hepatoma cells and a significant in vivo antitumour effect without signs of toxic effects.56 O COOH O O NH3 O O Pt (NH3)2Pt(triacid) O NH3 O O O O O O O Pt PPh3 PPh3 O O O (PPh3)2Pt(dehydrocholate)2 Figure 4. Chemical structure of the bile acid-conjugated platinum complexes, (NH3)2Pt(triacid) and (PPh3)2Pt(dehydrocholate)2. 2.2. Polinuclear Platinum Complexes Purpose Against Resistant Tumor Cells The cisplatin resistant tumor cells appearance could be explained by reduced drug accumulation (reduced DNA platination) and altered DNA repair, in such case, polinuclear systems appears with peculiars properties trying to resolve these last chemotherapeutics problems. Farrell and co-workers57 demonstrate a big interest in this area, suggesting alterations of the antitumor activity by modification of the mode of DNA biding. Polinuclear platinum systems are capable to create intrastrand and interstrand DNA bonds by the two or more active moieties in the same molecule, difficulting DNA repair mechanism of toxic lesions; another relevant point of this area is the possibility of the trans-platinum complexes activation by appropriate building ligands uses, antagonizing the paradigm of cisplatin-based drugs. This last point of view could be confirm by a serie of 4+ charged complexes synthesized, multifunctional possibilities to hook DNA and 103 Carvalho, M. S. therapeutic dosage decreasing. Some of these ligands act as a bridge between two or more platinum centres, allowing new linkages to DNA nitrogen bases depending on ligand length (Figure 5).58 Bridge Ligand Intrastrand NH 3 Pt NH3 NH3 Pt Pt NH3 Interstrand Figure 5. DNA-Platinum complexes. (i) Intrastrand lesion preferentially occurs for cis-Pt mononuclear complexes. (ii) Interstrand lesion occasioned by polinuclear platinum complexes has an important ligand bridge lenght contribution. Cisplatin (cis-DDP) binds preferentially to N(7) position of purine nucleotides, forming intrastrand complexes, which comprises 90% of DNA-Pt lesions (bifuctional lesions);59 1,2-intrastrand cross-links at the d(GpG) and d(ApG) sites, representing about 65 and 25% of the platinum bonds respectively (Figure 6). In such case, cell attempts to repair the damage or activates apoptosis (programmed cell death). The cisplatin-DNA complexes are substrates for NER (nucleotide excision repair), this process is a kind of DNA lesion recognition, whose mechanism is sensitive and dependent of which strand platinum is binding, it showing more efficiently for intrastrand cross links cases.60 In the case of trans-DDP, research generates a lot of results proving that it is a inactive species because DNA-complexes were repaired more efficiently than cis-isomer analogous.61 104 Carvalho, M. S. NH2 O 7N 7N 1NH 3 N 9N R 1 9N NH2 R Guanine N 3 N Adenine Figure 6. Structure of purine nucleobases containing preferential position N (7) of platinum drugs linkanges. Rationalizing about polinuclear platinum complexes action, they have different array to DNA attachment, finding inaccessible sites for linkage, in comparison to mononuclear species.62 Another important point of this chemotherapeutic design area is the possibility of antiproliferative potency changing by different factors such as resultant charge of coordination compound, ligand chain length and flexibility of this bridge (ligand). One of the most important trinuclear platinum complex developed is the compound BBR 3464 (Figure 7), which showed promising results against cisplatin resistant cells lines. BBR 3464 NH3 Cl Pt 4+ NH3 NH2 NH2 Pt NH3 NH3 NH2 NH2 Pt NH3 NH3 Cl Figure 7. Structure of polinuclear platinum complex BBR 3464 suggested as a potential compound for cancer cells resistant treatment. Polinuclear platinum coordination compounds could be characterized by fast binding to DNA and long-range fixing points (intra and interstrand cross-links); so a new window of opportunity is open for new clinically relevant agents, antagonizing cisplatin based drugs.63 105 Carvalho, M. S. 2.3. Mechanistic aspects of the interaction of metal complexes (Acridines and Platinum Complexes) Since the discovery of the intercalative binding mode, almost half a century ago, intense efforts have been devoted to design, synthesize and test new small molecules that can bind nucleic acids with improved recognition and affinity. Among them, metal bearing compounds play a principal role. Despite the plethora of different metal complexes which have been designed to react with DNA and which have been tested, the binding mechanisms have often not been analysed. This is unfortunate, considering the importance of understanding of the binding features in depth in order to optimise their biological effects.64 In the early 1960s Lerman discovered that dyes of the acridine family (Figure 8A) are able to bind to nucleic acids inserting themselves between the base pairs of the polynucleotide, being there stabilised by dye–base noncovalent interactions.65 NH2 (A) (B) N+ H2N N+ NH2 H Figure 8. Early intercalators: (A) Proflavine and (B) ethidium. This process, denoted as intercalation, can produce deep alterations in the nucleotide secondary structure,66,67 according interactions between aromatic condensed rings and DNA bases, causing an enlarging DNA grooves by steric hindrance implementation,23 with major consequences for DNA replication and transcription. In some cases intercalation can occur in a selective way that is at a particular base sequence.68 Therefore, many efforts have been devoted to design, synthesize and test small molecules that could specifically target polynucleotide sites or sequences, in order to generate new drugs displaying efficient pharmacological properties 106 Carvalho, M. S. or acting as new sensitive diagnostic agents for novel applications. The tested molecules are often condensed aromatic compounds, since the presence of a planar hydrophobic residue is an essential requirement for intercalation. Moreover, metal complexes able to form bonds with polynucleotides have also been considered.64 Acridine-based compounds act by inhibiting the essential enzyme, topoisomerase II (topo II).69,70 Topo II plays a critical role in actively replicating cells by affecting topological changes in DNA, allowing for replication, transcription, and decatenation.71 The mechanism of action of cisplatin remains to be completely elucidated but it is widely accepted that cytotoxicity primarily results from the formation of DNA intrastrand bonds (for mononuclear platinum compounds) and interstrand bonds (for polinuclear platinum compounds). Recognition proteins detect the DNA damage and initiate DNA repair. If the damage is irreparable, cell death is triggered provided that the apoptotic pathway remains intact. 72 Mechanistic studies showed that cisplatin acts as a prodrug, as it undergoes hydrolysis in 35 aqueous media to form aquaplatinum (II) complexes, which in turn covalently binds to DNA. 2.4. Acridines Reinforcing Platinum Complexes Activity Chemotherapeutic methodology, using cisplatin as alkylant agent, have some troubles, one of them is the resistant cells lines appearing. Reinforcing the cancer treatment and trying to resolve this, some researchers have prepared a variety of complexes with active carrier ligands, for example, complexes with acridines acridinecarboxamide (Figure branches. 9), Some presented platinum activity complexes, improvement with when compared to Pt complexes analogous. An important aspect extracted from some works73-75 was the relationship between antiproliferative activity and acridine ring attached position by Pt moiety. 107 Carvalho, M. S. O NH (CH2)n NH2 NH n = 3 or 6 Pt Cl N Cl N O NH (CH2)n NH NH2 Pt Cl n = 3 or 6 Cl Figure 9. Platinum complexes with acridinecarboxamide branches. The research around ligands used for platinum coordination compounds synthesis is a promising area, contributing for cancer treatment development. Researchers investigate extensively the cellular pharmacology of platinum complex, collecting substantial knowledge which helps the new ligands synthesis. Understanding ligands improvement, pharmacokinetic results of cisplatin analogous shows the influence (importance) of composition of the leaving group that could contribute for side effects reduction, medicine vectoring, best bioavailability drug in plasma76 or synergic effect. 3. Others metals complexes like subject of intensive biological evaluation The research efforts have not been limited solely to the search for improved platinum-based therapies, but also for alternative metals and for new therapeutic uses. The discovery of the gold and platinum drugs was the result of chance discovery, serendipity. However rational design of metal-based drugs has become increasingly important, and must continue to be so, if we are to make new advances in metallopharmaceutical research and development. 77 In many instances rational design has exploited the early chance discoveries, this is particularly apparent in the design of second generation drugs. 78 Platinum is the most widely studied metal concerning complex formation with nucleotides due to the potential antitumor activity. The application of platinum complexes in cancer therapy is, perhaps the best-known example of 108 Carvalho, M. S. the use of metal complexes in the treatment of a disease. After the discovery of the antitumor activity of platinum(II) complexes, the interactions of other metal ions and nucleotides, among others, palladium(II), ruthenium(II) and organotin(IV) have been intensively studied. As reported in reviews by Sadler and Lippard, there has been a growing interest in the chemistry community to examine the anti-cancer activities of gold(I, III), platinum(II), ruthenium(II, III), iron(II) complexes and the antiviral activities of vanadium(IV) complexes, some of these metal 30 complexes have been developed to the stage of entering clinical trials.18,79 New Mn(II), Co(II), Cd(II), Hg(II), Ag(I), Rh(III), and Ir(I) complexes with the ligand BZLMH derived from 6-acetyl-1,3,7-trimethyllumazine (lumazine = pteridine-2,4(1H,3H)-dione) and benzohydrazide were reported. The cytotoxic activity of the free ligand and complexes against human neuroblastoma NB69 cell line is also described. The differential analysis of the initial cytotoxic screening data has shown good activity only for the [RhCl2(BZLM)(CH3CN)].CH3CN compound at concentrations at around 2 µM; for the other complexes, a modulation of the cell growth was not found upon complexation, this non-specific effect strongly suggesting an apoptotic behavior.80 Novel prepared palladium(II) and zinc(II) complexes with 2-formyl pyridine N(4)-1-(2-pyridyl)-piperazinyl thiosemicarbazone, and Pt(II) or Pd(II) complexes with 2-acetyl pyridine N(4)-ethyl-thiosemicarbazone, HAc4Et were tested in a panel of human tumor cell lines of different origins (breast, colon, and ovary cancers), and cisplatin-refractory/resistant cell lines and were found to exhibit very remarkable growth inhibitory activities with mean IC 50 values of 0.9–0.5 nM and support the hypothesis that both [Pt(Ac4Et)2] and [Pd(Ac4Et)2] complexes can be characterized by cellular pharmacological properties distinctly different from those of cisplatin.81,82 Evidence of increases in antitumor activity upon substitution of Pd(II) for Pt(II) as the metal center have been available in the literature for some time, showing that the effect of this metal center substitution depends strongly upon the system under study. Soares et al. (2007), reported the significant potencial of polynuclear Pt(II) polyamine compounds as anticancer drugs, by evaluation 109 Carvalho, M. S. the effect of substituting Pd(II) for Pt(II) on their antitumor activity through cytotoxic effects towards a human cancer cell line (HSC-3) of dinuclear Pd(II) spermine (sp) chelate (PdCl2)(sp) (Figure10).83 Cl Cl Pd HN N N NH Pd Cl Cl Figure 10. Structure of complex (PdCl2)2(sp), a dinuclear complex of Pd(II) containing two cisdichloropalldium(II) units bridged by the biogenics polyamine spermine (sp, 83 H2N(CH2)3NH(CH2)4NH(CH2)3NH2). Studies of cyanometalate complexes where metal is Hg(II), our studies of the complexation of L2Hg(CN)2 (where L = imidazolidine-2-thione and its derivatives) was a tested for antimicrobial activity and it was measured as described in literature.84,85 It was evaluated by the minimum inhibitory concentration (MIC) on four microorganisms, namely Heterotrotropic Plate Counts (HPC), Pseudomonas aeruginosa (P. aeruginosa), Fecal Streptococcus (FS) and Escherichia coli (E. coli), this study showed significant antimicrobial activity compared to 1,3-diazinane-2-thione (Diaz); 1,3-diazipane-2-thione (Diap) and that after complexation with Hg(II) cyanide, the antimicrobial activity is increased.86 Organoruthenium complexes of the type [(η6-arene)RuII(en)Cl]+, where arene = benzene or a benzene derivative and en = 1,2- diaminoethane, exhibit anticancer activity, including activity against diamminedichloridoplatinum (II)) resistant cancer cells. cisplatin 87,71 (cis- This class of complexes can form strong monofunctional adducts with DNA. Modifications of natural DNA by [(η6-bip)Ru(en)Cl]+, where bip = biphenyl, studied using several different techniques, have shown preferential binding to guanine (G) residues. [(η6-bip)Ru(en)Cl]+ binds to DNA through coordination to G N7 as well as noncovalently, through hydrophobic interactions between the arene and DNA. These hydrophobic interactions may include intercalation of the noncoordinated phenyl ring between DNA bases and minor groove binding.88 110 Carvalho, M. S. 4.Imidazolidines so ligands importants for metal complexes The structure, reactivity and biological properties of hydantoin, (imidazolidine-2,4-dione) that is a 2,4-diketotetrahydroimidazole discovered by Baeyer in 1861 and thiohydantoins and derivatives were prepared, having chemical properties similar to the corresponding carbonyl compounds. Some biological activities (anticancer, antimicrobial, anticonvulsant, schistosomicidal) are attributed to the chemical reactivity and consequent affinity of hydantoinic rings towards biomacromolecules. Therefore, knowledge about the chemistry of hydantoins has increased enormously.89 The chemistry and properties of imidazolidines and their derivatives have been investigated for more than 140 years. The hydantoin moiety represents an important pharmacophore, which is present in various biologically active compounds. Over the past decades intensive research effort in industry and academia has been dedicated to the structural modification of hydantoins and their derivatives. Novel lead structures and drug candidates have emerged from this research and different types of hydantoin derivatives have been introduced into the market as pharmaceuticals. 91 On the other hand, imidazolidines (tetrahydroimidazol derivatives) are cyclic aminals of pharmacological interest due to the bioactivity shown by some members, which is closely related to the substitution patterns. For example, N,N‘-dibenzyl-2-arylimidazolidines showed antibacterial and antiamebic activity.91 Fungicide, bactericide, and antiviral activities had also been reported for N,N‘-bisaminoalkylimidazolidines and N,N‘-dihydroxyphenylimidazolidines.92 Moreover due to the hydrophobic nature of imidazolidines they can be used to increase the bioavailability of biologically active precursors. The pharmacological potential of this chemical class had attracted attention and had led to synthesize a number of derivatives N,N‘-bis(4chlorobenzoyl) derivatives of imidazolidine-2-thione (Figure 11) revealed a significant cytotoxicity in MT-4 lymphoblastoid T cells-based assays (IC50 = 9.9 µM). Also it was in order to investigate the influence of the acyl portion on the antiproliferative activity, it was prepared in parallel a series of symmetric analogues.93 111 Carvalho, M. S. Cl N O N O S Cl Figure 11. Acylthioureas (ATU) lead compound, 1j, IC50=9.9µM. The chemistry of transition metal complexes of imidazolidines, IMDZ‘s, has receiving considerable attention largely because their broad profile of pharmacological activity affords a diverse variety of compounds with different activities.82,94-96 According to the numerous biological activities related to IMDZ‘s a plethora of platinum(II) and platinum(IV) complexes with nitrogen-containing ligands has been the subject of intensive biological evaluation aimed at developing less toxic and more selective anticancer therapeutics. 97,42 Among these hydantoin-containing complexes have been reported to possess cytotoxic/antitumor dithienylhydantoin, disubstituted activity.98,99 Some hydantoin 5,5-dipyridylhydantoin, hydantoins exhibit antiviral, derivatives spirohydantoins anticonvulsive such and and as 3,5- cytotoxic activities.97,100 Complexes of heterocyclic ligands such as imidazolidine- 2-thione (Imt) and its derivatives with metal ions are of interest in bioinorganic chemistry because of the search for simple model compounds for metal-proteins.101-103 In view of this, Cu(I), Au(I), Ag(I), Cd(II), Hg(II) and Pd(II) complexes with these ligands have been widely investigated in recent years.104-108 These pentaatomic ligands exist in the N=C–SH and N–C=S forms, exhibiting a thiol thione equilibrium.102,109 There are reports wich show studies extensive of interaction of metal ions with imidazolidine-2-thione (Imt) and its derivatives.110,111,87 Thiolate complexes are of great importance from a bioinorganic point of view, mainly due to the presence of thiolate donors in the coordination sphere of many metal ions 112 Carvalho, M. S. in very diverse metalloproteins.103,110 Thione ligands are also important and the coordination chemistry of imidazolidine-2-thione and its derivatives with various metal ions has been studied extensively.102,111 The study of Bakalova et al. (2008) describes a comparative evaluation of the cytotoxic effects of four newly synthesized platinum(II) and platinum(IV) complexes (Figure 12) vs. the referent antineoplastic agent cisplatin in a panel of human tumor cell lines, using the standard MTT-dye reduction assay for cell viability. The panel consisted of the following cell lines: T-cell lymphocytic leukemia; (iii) LAMA-84 human chronic myeloid leukemia,(iv) U-266 human multiple myeloma, (v) SAOS-2 human osteogenic sarcoma; (vi) MCF-7 human estrogen receptor positive breast adenocarcinoma. New platinum(II) and platinum(IV) complexes with 5-methyl-5(4-pyridyl)2,4-imidazolidenedione and various halogen ions with general formula [PtL 2X2] and [PtL2Cl4], where L is the organic ligand and X is Cl-, Br-, I-, were synthesized. The molecular formulae of all the complexes were confirmed by elemental analysis, IR, 1H, 13 C NMR spectral analyses and molar conductivity. The cytotoxic effects of these complexes were examined on some human tumor cell lines. The newly synthesized cis-[PtL2Cl2] exerted cytotoxic activity against SKW-3, MCF-7, EJ, U-266 tumor cell lines, while cis-[PtL2Br2], trans-[PtL2I2] were less active. The higher oxidation state complex cis-[PtL2Cl4] was inactive in all cell lines but in SKW-3 some augmentation of the cytotoxicity was seen after co-administration of ascorbic acid but not when treated in combination with reduced glutathione or N-acetylcysteine. A DNA-fragmentation analysis revealed that the cytotoxicity of the dichloro analogue, characterized with superior activity compared to the other complexes, is mediated by induction of apoptotic cell death.112 113 Carvalho, M. S. O (1) O H N HN H N (2) HN O O H3C H3C Cl N Pt Pt N O HN NH Br N Cl O HN CH3 Br N NH CH3 O O (3) O O H N O HN N H I N CH3 H N O H N O H3C Cl N Pt Cl N I Pt N O N H (4) Cl Cl O HN NH CH3 O Figure 12. Schematic structures of the investigated Pt II) complexes cis-[PtL2Cl2] (1), cis[PtL2Br2] (2), trans-[PtL2I2] (3) and cis-[PtL2Cl4] (4). General formula [PtL2X2] and [PtL2Cl4], - - - 112 where L is the organic ligand and X is Cl , Br , I . 5.Platinum based Drugs versus New Pt Chemotherapeutics Design? Pt-DNA coordination compounds are commonly associated to a definitive trigger point of apoptosis mechanism, but some studies confirmed that cell death are not linked with the DNA synthesis inhibition. 113 Some Pt-DNA consequences could be listed by hindrance of DNA polymerase, RNA polymerase and others proteins directly involved in replication and transcription, but the molecular basis of cisplatin, for example, is not very well understood, and the cell containing Pt-DNA death process is more complex than thought. This last point could be exemplified by Pt-resistant tumor cell appearance. The replication processes can prolong Pt-DNA lesions, contributing for translesions 114 Carvalho, M. S. DNA synthesis, which consist an induction of subsequent mutations, according consecutive rounds of replication. This last process can cause an activation of cells tumorigenicity, comparable to proto-oncogenes activation, acquiring a new phenotype (Pt-resistance). This is an important key role that can lead Pt-drugs based development and rationalization. Platinum oxidation states, ligands (vectoring, multifunctionalized, pharmacologic properties, building-blocks acting as a bridge, etc), geometry of coordination compound, number of platinum centers consist important modification tools for researchers aiming to contour some of already presented troubles. 6.Conclusions Cisplatin, for example, has a large and very well known performance window against different tumor cells lines, arousing the interest of oncologist, 114 hence the platinum coordination compounds novelties development leads synthesis research for optimal systems, trying to control tumor cells growth and conduct patients to a better living, reducing side-effects; in despite of some drugs contributes for tumorigenicity, causing Pt-resistant tumor cells appearance. All different researcher‘s results, about platinum drugs, forming a big enough database capable to confirm the necessity of integration for a variety of knowledge areas, that will allow the best comprehension about biological mechanistic processes involving Pt- based drugs, consequently synthetic workers will be able to consider this new trends. There are a lot of problems, about platinum drugs, waiting solving or another serendipitous discovery. This could be a gap point of optimal systems capable to offer to patients, best resolution for chemotherapeutics procedures, without side-effects, and high tumor weight inhibition, promoting platinum drugs to less toxic group (classification group of some toxicological assays). Acknowledgements A todos do Laboratório de Planejamento e Síntese da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Brasil. Ao Grupo de Pesquisa em Inovação Terapêutica 115 Carvalho, M. S. (GPIT), Brasil. Ao Prof. João Bosco Paraíso da Silva e ao colega Wagner Eduardo da Silva, do Departamento de Química Fundamental da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Brasil. À Capes pelo suporte financeiro. References 1. Bjelosevic ,H., Spégel, C., Snygg, A. S., Gorton L., Elmroth, S. K.C., Persson,T. Tetrahedron. 2006. 62, 4519–4527. 2. Rosenberg, B.; Camp, L. V.; Krigas, T. 1965. Nature. 205, 698–699. Nature. 1965. 205, 698. 3. Rosenberg, B.; VanCamp, L.; Trosko, J. E.; Mansour, V. H. Nature. 1969. 222, 385–386. 4. Reedijk, J. Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. 2003. 100, 3611–3616. 5. Zhang, C. X.; Lippard, S. J. Curr. Opin. Chem. Biol. 2003. 7,481–489. 6. Barnes, K. R.; Lippard, S. J. In Sigel, A., Sigel, H., Eds. Metal Ions in Biological Systems; 2004. Marcel Dekker: New York. 42, 143–177. 7. Boulikas, T.; Vougiouka, M. Oncol. Rep. 2003. 10,1663–1682.Bertrand, J.C. Humana: Totowa, NJ, 2004; 51–72. 8. Takahara, P. M.; Rosenzweig, A. C.; Frederick, C. A.; Lippard, S. J. Nature. 1995. 377, 649–652. 9. Adams, M., A.H. Calvert, J. Carmichael, P.L. Clark, R.E. Coleman, H.M. et al., J. Cancer Br. 1998. 78,1404–1406. 10. Kelland, L.R., Sharp, S.Y., O‘Neill, C. F., Raynaud, F.I., Beale, P. J., Judson, I. R. Journal of Inorganic Biochemistry. 1999. 77,111–115. 11. Giaccone, G. Drugs. 2000. 59, 9-17. 12. Rubino, S., Portanova, P., A., Girasolo, Calvaruso, G., Orecchio, S., Stocco, G.C. Eur. J. of Med. Chem. 2008. 1-8. doi:10.1016/j.ejmech.2008.06.023. 13. Loehrer, P. J.; Einhorn, L. H. Ann. Intern. Med. 1984, 100, 704. 14. Jung, Y., Lippard, S.J. Chem. Rev. 2007. 107, 1387–1407. 15. Tetko, I.V., Jaroszewicz, I., Platts J.A., Jaworska, J. K. Journal of Inorganic Biochemistry. 2008. 102, 1424–1437. 16. Leo, A.J., Hansch C., Perspect. Drug Discov. Des. 1999. 17, 1–25. 116 Carvalho, M. S. 17. Cronin, M.T., Dearden, J.C., J.C. Duffy, R. Edwards, N. Manga, A.P. Worth, A.D. Worgan, SAR QSAR Environ. Res. 2002. 13, 167–176. 18. Lippard, S. J. and Zhang, C. X. Curr. Opin. Chem. Biol. 2003, 7, 481. 19. Wang, D. Lippard, S.J. Nat. Rev. Drug Discov. 2005. 4, 307–320. 20. Ho, Y.P., Au-Yeung, S.C., To, K.K., Med. Res. Rev. 2003. 23, 633–655. 21. Bernhardt, G., Brunner, H., Gruber, N., Lottner, C., Simi K., Pushpan, T. T., Zabel, M. Inorganic Chimica Acta. 2004. 357, 4452–4466. 22. Mathé, G., Kidani, Y., Triana, K., Brienza, S., Ribaud, P., Goldschmidt, E., et al. Biomed Pharmacother. 1986. 40,372–6. 23. Martins, E. T.; Baruah, H.; Kramarczyk, J.; Saluta, G.; Day, C. S.; Kucera, G. L.; Bierbach, U.; J. Med. Chem. 2001, 44, 4492–4496. 24. Caussane JP, Levi F, Brienza S, Misset JL, Itzhaki M, Adam R, et al. J Natl Cancer Inst. 1990. 82,1046–50. 25. Anjo A, Dantchew D, Mathe G. Biomed Pharmacother. 1989. 43, 265–6. 26. Extra, J. M, Espie, M., Calvo, F., Mignot, L., Marty M. Cancer Chemother Pharmacol 1990. 25, 299–303. 27. Vzorov, A.N., D. Bhattacharyya, L.G. Marzilli, R.W. Antiviral Res. 2005. 65, 57-67. 28. Fricker, S.P., Mosi, R.M., Cameron, B.R., Baird, I., Zhu, Y. Z.; Anastassov, V.et al., J. Inorg. Biochem. 2008. doi:10.1016/j.jinorgbio.2008.05.010. 29. Vieites, M., Otero, L., Santos, D., Toloza, J.,Roberto Figueroa, Norambuena, E., Olea-Azar, C., Aguirre, G., Cerecetto, H., González, M., Morello, A., Garat, J. D. M. B., Gambino, D. Journal of Inorganic Biochemistry. 2008. 102,1033–1043. 30. Mason, R. W.; McGrouther, K.; Ranatunge-Bandarage, P. R.; Robinson, B. H.; Simpson, J. Appl. Organomet. Chem. 1999. 163–173. 31. Scarcia, V.; Furlani, A.; Longato, B.; Corain, B.; Pilloni, G. Inorg. Chim. Acta, 1988. 153, 67–70. 32. Lippert, B. Coordination Chemistry Reviews. 1999a. 33. Lippert, B. Coordination Chemistry Reviews. 1999b. 182, 263–295. 34. Kelland. Nat Ver Cancer 2007. 7, 573–584. 35. Lovejoy, K. S., Todd, R.C. Zhang, S., McCormick, M.S., J. Alejandro, D‘A. Reardon, J.T., Sancar, A.z, Giacomini, K. M., Lippard, T.J. PNAS. 117 Carvalho, M. S. Biochemistry. 2008. The National Academy of Sciences of the USA. July 1, 105 no. 26. 8902–8907. 36. Raper, E.S. Coord. Chem. Rev. 1985. 61,115. 37. Farrell, N. Met Ions Biol Syst. 2004a. 42, 251–296 In: Pérez, J. M, Fuertes M. A., Alonso C., Navarro-Ranninger, C. Crit Rev Oncol Hematol. 2000. 35,109–120. 38. Farrell, N.; Povirk, L. F.; Dange, Y.; Gupta, M. S.; Kohlhagen, G.; Pommier, Y.; Gewirtz, D. Biochem. Pharmacol. 2004b. 68, 857-866. 39. Gupta, A., Mandal, S. K., Leblanc, V., Descôteaux, C., Asselin, É., Bérubé, G. Bioorganic & Medicinal Chemistry Letters. 2008. 18. 3982–3987. 40. Gust, R.; Ott, I. Med. Chem. 2007. 7, 95. 41. Hall, M.D.; Mellor, H.R.; Callaghan, R., Hambley, T.W. J Med Chem 2007, 50:3403-3411. 42. Wong, E., M. Giandomenico, Chem. Rev. 1999. 99, 2451-2466. 43. Huq, Fazlul; Qing Yu, Jun; Daghriri, Hassan; Beale, Philip. Journal of Inorganic Biochemistry. 2004. 98,1261–1270. 44. González-Vadillo, A.M., Álvarez-Valdés, A., Moneo, V., Blanco, F., Díaz, R.G., Carnero, A., Navarro-Ranninger, C. Journal of Inorganic Biochemistry. 2007. 101, 551–558. 45. Siddik ZH. Oncogene. 2003. 22, 47, 7265–79. 46. Mellor, H.R.; Snelling, S.; Hall, M.D.; Modok, S.; Jaffar, M.; Hambley, T.W.; Callaghan, R. Biochemical Pharmacology, 2005. 70, 1137–1146. 47. Beusichem, M. V.; Farrell, N. 1992. Inorg. Chem. 31, 934-939. 48. Farrell, N. Met. Ions Biol. Syst. 1996. 32, 251-296. 49. Mellish, K. J.; Barnard, C. F. J.; Murrer, B. A.; Kelland, L. R. Int. J. Cancer, 1995. 62, 717-723. 50. Natile, G.; Coluccia, M. Coord. Chem. Rev. 2001. 216-217, 383-410. 51. Fojo, T.; Farrell, N.; Orthuzar, W.; Tanimura, H.; Stein, J.; Myers, T. G. Crit. ReV. Hematol. Oncol. 2005. 53, 25-34. 52. Quiroga, A. G. et al., J. Med. Chem. 2006. 49, 224-231. 53. Lippert B, editor. Cisplatin. Chemistry and Biochemistry of a Leading Anticancer Drug. Basel. :In: Pérez, J. M, Fuertes M. A., Alonso C., NavarroRanninger, C. Crit Rev Oncol Hematol. 2000. 35,109–120. 118 Carvalho, M. S. 54. MacDiarmid, J.A, Mugridge, N.B, Weiss JC, Phillips L, Burn AL, Paulin RP, Haasdyk JE, Dickson KA, Brahmbhatt VN, Pattison ST et al.: Cancer Cell. 2007. 11,431-445. 55. Chol, S.; Filotto, C.; Bisanzo, M.; Delaney, S.; Lagasee, D.; Whitworth, J. L.; Jusko, A.; Li, C.; Wood, N. A.; Willingham, J.; Schwenker, A.; Spaulding, K. Inor. Chem. 1998, 37, 2500. 56. Barbara, C., Orlandi, P., Bocci, G., Fioravanti, A., Di Paolo, A., Natale, G., Mario, Del Tacca, R. Danesi. European Journal of Pharmacology. 2006. 549, 27–34. 57. Qu, Y.; Farrell, Appleton, T. G.; Hoeschele, J. D.; Farrell, N. P.; Inorg. Chem. 1993. 32, 259. 58. Farrell, N. P.; Almeida, S. G.; Skov, K. A.; J. Am. Chem. Soc. 1988. 110, 5018-5019. 59. Eastman, A. Pharmacol. Ther, 1987. 34, 155. 60. Zamble, D. B.; Lippard, S. J.; Trends Biochem. Sci. 1995, 20, 435. 61. Comess, K. M.; Lippard, S. J.; in ― Molecular Aspects of Anticancer DrugDNA Interactions‖, Eds. Neidle, S.; Waring, M.; Macmillan, London, 1993, p. 134. 62. Zou, Y.; Van Houten, B.; Farrell, N.; Biochemistry, 1994, 33, 5404. 63. Perego, P.; Caserini, C.; Gatti, L.; Carenini, N.; Romanelli, S.; Supino, R.; Colangelo, D.; Viano, I.; Spinelli, S.; Pezzoni, G.; Manzotti, C.; Farrell, N.; Zunino, F.; Mol. Pharmacol., 1999, 55, 528-534. 64. Biver, T., Secco, F., Venturini, M. Coordination Chem. Rev. 2008. 252, 1163–1177. 65. Lerman, L.S. J. Mol. Biol. 1961. 3, 18. 66. Sobell, H.M., Tsai, C., Jain, S., Gilbert, S.G., J. Mol. Biol. 1977. 144, 333. 67. Waring, M.J. Nature 1968. 219,1320-1325. 68. Krugh, T.R., Neely, J.W. Biochemistry. 1973. 12, 4418. 69. Denny, W. A.; Baguley, B. C. Curr. Top. Med. Chem. 2003.. 3, 339–353. 70. Denny, W. A. Med. Chem. Rev. Online, 2004. 1, 257–266. 71. Walker, J. V.; Nitiss, J. L. Cancer InVest. 2002, 20, 570–589. 72. Novakova, O.; Chen, H.; Vrana, O.; Rodger, A.; Sadler, P. J.; Brabec, V. Biochemistry. 2003. 42, 11544–11554. 119 Carvalho, M. S. 73. Palmer, B. D.; Lee, H. H.; Johnson, P.; Baguley, B. C.; Wickham, G.; Wakelin, L. P. G.; McFadyen, W. D.; Denny, W. A.; J. Med. Chem. 1990, 33, 3008. 74. Wickham, G.; Wakelin, L.; Palmer, B.; Lee, H. H.; Johnson, P.; Baguley, B.; Denny, W. In Platinum and Other Metal Coordination Compounds in Cancer Chemotherapy; Howell, S. B., Ed.; Plenum Press; New York, 1991; p 51. 75. Lee, H. H.; Palmer, B. D.; Baguley, B. C.; Chin, M.; McFadyen, W. D.; Wickham, G.; Denny, W. A. J. Med. Chem. 1992, 35, 2983. 76. O‘Dwyer, P. J.; Hamilton, T. C.; Yao, K. S.; Ozols, R. F.; Gallo, J. M.; Cellular Pharmacodynamics of Anticancer Drugs, in ―Cancer Pharmacology‖, Eds. Schilsky, R.; Milano, G.; Ratain, M.; Dekker; New York, 1996, p.329. 77. Fricker, S. P. Journal The Royal Society of Chemistry. 2007. www.rsc.org/dalton. Dalton Transactions. 78. Barnard, C. F. J.; Fricker, S. P.; Vaughan, O. J. Royal Society of Chemistry, 1995. in Insights into Speciality Inorganic Chemicals, ed. D. Thompson, Cambridge, ch. 3, pp. 35-61. 79. Sadler, P. J. and Guo, Z. Adv. Inorg. Chem., 2000. 49, 183. 80. Jiménez-Pulido, S. B., Linares-Ordóñez, F. M., Martínez-Martos, J. M., Moreno-Carretero, M.N., Quirós-Olozábal, M., Ramírez-Expósito, M.J. Journal of Inorganic Biochemistry. 2008. 102,1677–1683. 81. Kovala-Demertzi, D., A. Boccarelli, M.A. Demertzis, M. Coluccia, Chemotherapy. 2007. 53, 148. 82. Kovala-Demertzi, D., Alexandratos, A., Papageorgiou A., Yadav, P. N., Dalezis Panagiotis, Demertzis, M. A. Polyhedron. 2008. 27, 2731–2738. 83. Soares, A. S.; Fiuza, S.M.; Gonçalves, M.J.; Carvalho, L. A. E. B.; Marques, M. P. M.; Urbano, A. M. Letters Drug. Desig. & Discovery 2007. 4, 460-463. 84. Kasuga, N.C., Sekino K., Ishikawa, Honda, M., A., Yokoyama, M., Nakano, S., Shimada, N., Koumo, C., Nomiya, K. 2003. J. Inorg. Biochem. 96, 298. 85. Nomiya, K., Yoshizawa, A., Tsukagoshi, K., Kasuga, N.C., Hirakawa, S., Watanabe, J. J. Inorg. Biochem. 2003. 95, 08. 86. Wazeer, M.I.M., Isab, A. A. Spectrochimica Acta Part A. 2007. 68,1207– 1212. 120 Carvalho, M. S. 87. Morris, R. E.; Aird, R. E.; Murdoch, P. D.; Chen, H. M.; Cummings, J.; Hughes, N. D.; Parsons, S.; Parkin, A.; Boyd, G.; Jodrell, D. I.; Sadler, P. J. J. Med. Chem. 2001. 44, 3616–3621. 88. Bugarcic, Tijana, Nováková, Olga; Halámikova, Anna; Zerzánkova, Lenka; Vrána, Oldrich, Kaspárková; Jana; Habtemariam, Abraha; Parsons, Simon; Sadler, Peter J.; and Brabec, Viktor. . J. Med. Chem. American Chemical Society. 2008. Published on Web 08/14/2008. On-line: <10.1021/jm8003043>. 89. Oliveira, S. M.; Silva, J.B.P.; Hernandes, M.Z.; Lima, M. C. A., Galdino, S. L.; Pitta, I.R. Quim. Nova, 2008. Estrutura, Reatividade e Propriedades Biológicas de Hidantoínas. Vol. 31, No. 3, 614-622. 90. Kurz,T; Widyan. K. Tetrahedron Letters. 2004. 45, 7049–7051. 91. Sharma, V.; Khan, M. S. Y. Eur. J. Med. Chem. 2001. 36, 651. 92. Van Hook, J. O.; Craig, W. E. U.S. 2,675,387, 1955; Chem. Abstr. 1955, 49, 4729; (b) Craig, W. E.; Van Hook, J. O. U.S. 2,675,381, 1956; Chem. Abstr. 1956, 50, 411. 93. Cesarini, S., Spallarossa A., Ranise A., Schenone, S., Rosano, C., La Colla, P., Sanna, G., Busonera, B., Loddo, R. European Journal of Medicinal Chemistry. 2008. 1-13. doi:10.1016/j.ejmech.2008.06.010. 94. Cory, J.G., A.H. Cory, G. Rappa, A. Lorico, M.C. Liu, T.-S. Lin, A.C. Sartorelli, Biochem. Pharmacol 1994, 48,335-44. 95. Liberta, A.E., West, D.X. Biometals, 1992. 5, 121-126. 96. Padhye S., R.C. Chikate, P.B. Sonawane, A. Kumbhar, R. Yerande, D.X. West, A. Liberta, 1993. Coordin. Chem. Rev. 123, 49. 97. Jakupec, M.A., M. Galanski, B.K. Keppler. Rev. Physiol. Biochem. Pharmacol. 2003. 146, 1-10. 98. Bakalova, A., R. Buyukliev, G. Momekov, D. Ivanov, D. Todorov, S. Konstantinov, M. Karaivanova. Eur. J. Med. Chem. 2005. 40, 6, 590-596. 99. Struck, R.F., M.C. Kirk, L.S. Rice, W.J. Suling, J. Med. Chem. 1986. 29,1319-1321. 100. Rajic, Z., B. Zorc, S. Raic-Malic, K. Ester, M. Kralj, K. Pavelic, J. Balzarini, E. De Clercq, M. Mintas, Molecules. 2006. 11, 837. 101. Ahmad, S., A.A. Isab, S. Ali, A.R. Al-Arfaj. Polyhedron. 2006. 25,1633. 121 Carvalho, M. S. 102. Akrivos, P.D. Coord. Chem. Rev. 2001. 213, 181. 103. Fleischer, H., Coord. Chem. Rev. 2005. 249, 799-827. 104. Devillanova, F.A., G. Verani, J. Coord. Chem. 1978. 7, 177. 105. Devillanova, F.A., G. Verani. Transition Met. Chem. 1977. 2, 9. 106. Isab, A.A. Transition Met. Chem. 1992. 17, 374. 107. Isab, A.A., H.P. Perzanowski. . Polyhedron. 1996. 15, 2397-2401. 108. Stocco, G., F. Gattuso, A.A. Isab, C.F. Shaw III. Inorg. Chem. Acta 1993. 209, 129-135. 109. Raper, E.S. Coord. Chem. Rev. 1985. 61,115. 110. Ahmad, S., Isab, A.A., Perzanowski, H. P. Can. J. Chem. 2002. 80, 10, 1279–1284. doi:10.1139/v02-165. 111. Wazeer, M.I.M., Isab, A. A. Spectrochimica Acta Part A. 2007. 68,1207– 1212. 112. Bakalova et al., European Journal of Medicinal Chemistry 2008. 43, 958965. 113. Sorenson, C. M.; Eastman, A.; Cancer Research. 1998, 48, 6703. 114. Foye, W, O.; Sengupta, S. K. Principles of Medicinal Chemistry; Foye, W. O.; Lemke, T. L.; Williams, D. A., eds.; Williams & Wilkins: Baltimore, 1996, p. 822-845. 122 Carvalho, M. S. CONCLUSÕES O desenvolvimento futuro da química medicinal requer uma compreensão do processo fisiológico dos complexos metálicos, para proporcionar uma base racional para a concepção de novos fármacos baseados em metais. Aplicação de novas metodologias como a química combinatória, largamente utilizada no desenho de fármacos na química medicinal orgânica, será benéfico para o desenvolvimento de compostos inorgânicos como terapêutica. Os recentes resultados alcançados no desenvolvimento da terapêutica baseadas em metais demonstram que esta é uma área potencialmente próspera para a química medicinal, e têm promovido grande interesse na química da comunidade científica. O notável exemplo de fármaco anticâncer são os que contém a platina como base, e tem sido uma das grandes histórias de sucesso de terapia anticâncer. A história dos complexos de platina tem avançado a partir de uma descoberta de serendipidade à concepção racional de medicamentos para responder aos desafios da toxicidade, biodisponibilidade, e resistência das terapias anticâncer. Neste contexto, nossa expectativa foi contribuir, com a síntese de novos complexos imidazolidínicos cisplatínicos, série Cx, e avaliação da atividade citotóxica dos compostos das séries Cx, LPSF/NN e LPSF/MS. Os compostos testados da série LPSF/NN (LPSF/NN-3, LPSF/NN-1, LPSF/NN-4, LPSF/NN10) foram sintetizados com rendimentos satisfatórios e caracterizados por: Infravermelho (IV). Já os compostos da série LPSF/MS foram caracterizados por Infravermelho (IV) e Ressonância Magnética Nuclear (RMN1H). Os complexos imidazolidínicos cisplatínicos da série Cx foram caracterizados por Infravermelho (IV). Foram testados 10 compostos para avaliação da atividade citotóxica, sendo 4 da série LPSF/NN (I-V): 5-(2-cloro-benzilideno)-2-tioxo-imidazolidin-4-ona (LPSF/NN-1) (I); 5-(4-metoxi-benzilideno)-2-tioxo-imidazolidin-4-ona (LPSF/NN3) (II); 5-(2-bromo-benzilideno)-2-tioxo-imidazolidin-4-ona (LPSF/NN-4) (III); 5(4-metil-benzilideno)-2-tioxo-imidazolidin-4-ona (LPSF/NN-10) (IV). E dois compostos pertencentes à série LPSF/MS, (V-VI), são: 3-(4-metil-benzil)-5-(4123 Carvalho, M. S. cloro-benzilideno)-imidazolidina-2,4-diona (LPSF/MS-2) (V) e o 3-(4-metilbenzil)-5-(4-metil-benzilideno)-imidazolidina-2,4-diona (LPSF/MS-6) (VI) e quatro complexos imidazolidínicos cisplatínicos da série Cx: Complexo Cx-33 (VII): [5-(2-bromo-benzilideno)-2-tioxo-imidazolidin-4-ona) cis-etileno-diaminodicloro de platina II]; Complexo Cx-40 (VIII): [5-(4-metoxi-benzilideno)-2-tioxoimidazolidin-4-ona) cis-etileno-diamino-dicloro de platina II]; Complexo Cx-42 (IX): 5-(4-metil-benzilideno)-2-tioxo-imidazolidin-4-ona) cis-etileno-diamino- dicloro de platina II]; Complexo Cx-47 (X): [5-(2-cloro-benzilideno)-2-tioxoimidazolidin-4-ona) cis-etileno-diamino-dicloro de platina II], foram testados frente às linhagens celulares de câncer humano: HL-60 (leucemia promielocítica), MDAMB-435 (melanoma - humano), HCT-8 (cólon - humano) e SF-295 (glioblastoma - humano). Os compostos da série LPSF/NN (I-IV), não apresentaram resultados significativos, visto que apenas foram considerados ativos aqueles compostos que apresentaram CI50 < 4 g/mL. Por outro lado analisando as CI50 dos complexos imidazolidínicos cisplatínicos, série Cx (VII-X), também não foram observados efeitos citotóxicos quando analisados, em função das CI 50 terem sido maiores que 25 g/mL. A introdução do grupamento benzílico substituído na posição 3 do núcleo imidazolidínico na série LPSF/MS (V-VI) levou a um ganho na atividade citotóxica desta série quando comparada á série LPSF/NN e à série Cx que não demonstraram atividade citotóxica significativa. Este grupamento provavelmente levou a uma alteração do equilíbrio hidrófilo-lipófilo e consequentemente aumento da atividade biológica, indicando que os fatores eletrônicos e lipofílicos são importantes para a atividade biológica. Os compostos LPSF/MS-2 e LPSF/MS-6 apresentaram efeitos citótoxicos significativos, onde o LPSF/MS-2 apresentou seletividade para a linhagem MDAMB-435. Quanto à avaliação da atividade hemolítica, os compostos testados apresentaram valores de CE50 maiores que 250 µg/mL, sugerindo que as ações citotóxicas destes compostos não estão relacionadas com dano à membrana plasmática. Vale ressaltar que as hipóteses sugeridas a cerca dos parâmetros eletrônicos e lipofílicos dos compostos estudados não foram comprovadas, 124 Carvalho, M. S. para isso são necessários estudos mais aprofundados de QSAR (relação estrutura-atividade quantitativa) que utiliza uma relação matemática sob a forma de uma equação entre a atividade biológica e os parâmetros físicoquímicos mensuráveis que representam as propriedades que influenciam a atividade do fármaco, tais como: lipofilicidade, a conformação e a distruibuição eletrônica. Por outro lado, também seriam necessários estudos farmacológicos mais detalhados com os complexos imidazolidínicos de platina II alquilados na posição 3 do núcleo imidazolidínico. 125