Pró-Reitoria de Graduação Curso de Psicologia Trabalho de Conclusão de Curso LAZER, CULTURA E SATISFAÇÃO COM A VIDA DE PESSOAS IDOSAS Autor: Ana Paula Carlos de Souza Orientador: Prof. Dr. Vicente de Paula Faleiros Brasília - DF 2014 ANA PAULA CARLOS DE SOUZA LAZER, CULTURA E SATISFAÇÃO COM A VIDA DE PESSOAS IDOSAS Monografia apresentada ao curso de graduação em Psicologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Psicologia. Orientador: Prof. Dr. Vicente de Paula Faleiros Brasília 2014 Monografia de autoria de Ana Paula Carlos de Souza, intitulada “LAZER, CULTURA E SATISFAÇÃO COM A VIDA DE PESSOAS IDOSAS”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Psicologia da Universidade Católica de Brasília, em ________ de _______________ de ___________, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: _________________________________________________________ Prof. Dr. Vicente de Paula Faleiros Orientador UCB _________________________________________________________ Prof. _________________________________________________________ Prof. Brasília 2014 Esse caminho do aprender não tem fim. O que tem fim é o nosso caminho de vida, mas o caminho do aprender não tem fim. (M2) Tem jovem que é véio, e tem véio que é jovem. (M1) O envelhecimento é do corpo, mas o espírito continua a crescer. (M3) O planeta é um grande cérebro orientado por uma grande mente. (H1) RESUMO O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, ou seja, está ocorrendo em todas as partes do mundo em diversos níveis de desenvolvimento. A interação de idosos em atividades de lazer e participação social na comunidade tem apresentado resultados favoráveis à sua saúde e a sua qualidade de vida. Neste sentido, o objetivo deste estudo é compreender a percepção da relação entre satisfação com a vida e atividades de lazer e cultura em pessoas idosas. A pesquisa teve caráter qualitativo, sendo os dados coletados por meio da entrevista semiestruturada aplicada a 4 participantes: 3 do sexo feminino e 1 do sexo masculino, com faixa etária acima de 60 anos. Além da entrevista, foi aplicada a Escala de Satisfação com a Vida. A metodologia utilizada para análise dos dados foi a Análise de Temática de Conteúdo de Bardin. Foram identificados os seguintes temas: Atividade Física e Satisfação, Lazer, Interação social e familiar, Participação social, Trocas, Identidade Cultural e Satisfação e Repercussão das atividades na vida do sujeito – percepção na Satisfação. Os resultados indicam que: a atividade física contribui para a socialização dos idosos e favorece a saúde física, mental. As atividades de lazer proporcionam novos relacionamentos sociais, ampliação da rede através da interação, das trocas, favorece a autoestima e proporciona senso de identidade cultural, repercute de forma positiva às relações familiares e sociais. Os idosos avaliam que as atividades de lazer cultural contribuem em geral para sua satisfação com vida. Conclui-se que o lazer é, para a pessoa idosa, possibilidade de interação, participação social, identidade, significação e autonomia. Palavras-Chave: Envelhecimento, Lazer Cultural, Satisfação com a vida. ABSTRACT Population aging is a global phenomenon, in other words, it has been happening in all parts of the world at different levels of development. Elderly interaction in leisure activities and social participation in the community has shown favorable results for their health and their quality of life. Therefore, the objective of this study is to understand the perception of the relation between life satisfaction and cultural leisure activities in older people. The research used a qualitative approach, the data was collected through semi-structured interviews applied to 4 participants: 3 females and 1 male, aged over 60 years. Besides the interviews, was applied the Satisfaction Life Scale. The methodology used for data analysis was Analysis of Thematic Content by Bardin. The identified thematic was grouped in three section: The first, Physical Activity and Satisfaction, second, Leisure, social and family interaction, participation and social exchanges, Cultural identity, the third, Satisfaction and Impact of activities in elderly life- perception in satisfaction. The results indicate that: physical activity contributes to elderly socialization, promotes physical and mental health. Leisure activities provide new social relationships, enhance network through exchanges interaction, promotes self-esteem and provides a sense of cultural identity, have a positively effects to family and social relationships. Elderly evaluate that cultural leisure activity, in generally, helps to their life satisfaction. It was concluded that leisure is, for the elder, a possibility of interaction, social participation, identity, signification and autonomy. Keywords: Aging, Cultural leisure, Life satisfaction. SUMÁRIO JUSTIFICATIVA ..................................................................................................................... 6 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 7 1.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................. 7 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................... 7 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA : ENVELHECIMENTO E SATISFAÇÃO COM A VIDA E ATIVIDADES DE LAZER E CULTURA .............................................................. 9 2.1 ENVELHECIMENTO.......................................................................................................... 9 2.2 QUALIDADE DE VIDA E PERCEPÇÃO DA SATISFAÇÃO NO ENVELHECIMENTO ATIVO ................................................................................................ 11 2.3 AUTONOMIA, ENVELHECIMENTO ATIVO E OPORTUNIDADES CULTURAIS .. 13 2.4 ATIVIDADE FÍSICA......................................................................................................... 15 2.5 LAZER E CULTURA ........................................................................................................ 16 3. METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................................... 20 3.1 PARTICIPANTES ............................................................................................................. 20 3.2 INSTRUMENTOS ............................................................................................................. 20 3.3 CUIDADOS ÉTICOS ........................................................................................................ 20 3.4 RISCOS E BENEFÍCIOS ................................................................................................... 21 3.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS .............................................................. 21 3.6 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS ............................................................. 21 4. RESULTADOS E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ................................................... 23 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 40 6. CONCLUSÃO..................................................................................................................... 45 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 48 ANEXOS ................................................................................................................................. 54 ANEXO A - CRONOGRAMA .............................................................................................. 54 ANEXO B - TCLE .................................................................................................................. 55 ANEXO C - ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA INVESTIGAÇÃO DAS ATIVIDADES DE LAZER E SATISFAÇÃO COM A VIDA. .......................................... 56 ANEXO D – (SWLS) ESCALA DE SATISFAÇÃO COM A VIDA.................................. 57 ANEXO E – CEP- PARECER CONSUBSTANCIADO ..................................................... 58 6 JUSTIFICATIVA Meu interesse pela velhice tem uma trajetória pessoal na maneira como ocupo uma parte do meu tempo livre de lazer e no decorrer da formação acadêmica. Em 1999, fazia visitas voluntárias ao Lar dos Vicentinos, em Rio Branco, no Acre. Nos fins de semana ia sentar-me ao lado deles e ouvir suas histórias e estórias. Esse era o meu prazer. Em 2001, nos Estados Unidos, me juntei a um grupo de senhoras que reformavam roupas usadas para arrecadar fundos à comunidade de baixa renda. Era uma diversão, um lazer muito significativo para elas e com esse trabalho voluntário se sentiam importantes, úteis. Academicamente, o interesse pelo tema surgiu durante a disciplina de Desenvolvimento II, ministrada pela professora Carmem Cárdenas. Ao longo da disciplina, pude compreender melhor que a velhice não era a última etapa da vida, e sim mais uma delas. O envelhecimento é um processo gradual e único, de valor significativamente subjetivo, com variações de natureza biológica, psicológica e social. No sexto semestre de curso, em 2011, no âmbito da disciplina de Estágio Básico I, ministrada pela professora Gleicimar Cunha, percebi que poderia aprofundar os estudos nessa questão do envelhecimento. A parte prática da disciplina foi uma breve pesquisa sobre idosos institucionalizados, na qual foi abordada como os idosos percebem o processo de envelhecimento, a partir dos significados que atribuem a essa fase. A disciplina de Estágio Básico II, com ênfase no processo de envelhecimento, foi ministrada pela professora Ana Beatriz Rocha. O estágio foi realizado na Escola de Avós, um programa promovido pela Subsecretaria de Atenção Primária à Saúde da Secretaria de Saúde. As atividades promovidas são oficinas de promoção à saúde e ao bem-estar do idoso. Assim, visto o atual cenário mundial em que a proporção da população idosa está mais evidente, e a prática de atividades de lazer tem sido pronunciada por estar relacionada aos benefícios associados à qualidade de vida do idoso. O estudo deste modo de interação justifica-se de forma que as políticas em favor dessa população possam afinar-se aos interesses subjetivos de cada um. Dessa forma, durante minha trajetória, ainda que curta, reconheci a necessidade de um olhar diferenciado sobre o idoso, não como algo à parte, mas em plenitude, pois cada idade tem seu contributo, suas conquistas. 7 1 INTRODUÇÃO O presente estudo tem como fundamento a consideração da satisfação com a vida por parte de pessoas idosas que executam atividades culturais e de lazer. Busca compreender a percepção que a pessoa tem entre suas atividades de lazer e sobre sua satisfação com a vida. A interação de idosos em atividades de lazer e participação social na comunidade tem apresentado resultados favoráveis à sua saúde e a sua qualidade de vida. Os benefícios associados às atividades incluem o senso de autonomia pessoal, a identidade social que favorece o significado atribuído pelo idoso à vida comunitária e a recuperação da autoestima. Contribui também para mitigação da segregação social, favorece a saúde e física e psicológica. De acordo com Neri (2004), a proporção de pessoas idosas socialmente ativas, saudáveis, que executam atividades de lazer em lugar de uma população idosa anteriormente adoecida, inativa, incapacitada, é fruto do avanço social ocorrido em diversos países. Dessa forma, identificou-se a necessidade de fomentar uma pesquisa acadêmica sobre a participação, inclusão e o valor atribuído as atividades de lazer, para a qualidade de vida dessa população assim nessa primeira seção apresenta-se os objetivos do projeto. 1.1 OBJETIVO O objetivo deste estudo é compreender a percepção da relação entre satisfação com a vida e atividades de lazer e cultura em pessoas idosas. 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Conhecer as atividades culturais e de lazer das pessoas idosas; • Compreender e avaliar a significação que a pessoa atribui ao lazer, à cultura e às trocas sociais em sua relação com a satisfação e a qualidade de vida; • Contribuir para a elaboração de políticas públicas de lazer e cultura no Distrito Federal. 8 Na segunda seção, serão fundamentados os conceitos necessários para o estudo das análises realizadas. Será visto o envelhecimento populacional, conforme a perspectiva de Veloz, Schulze e Camargo (1999), Neri (2001), Faleiros (2013). As causas, a proporção mundial, a qualidade de vida, condições de trabalho, permeiam este tópico a fim de compreender a natureza heterogênea e o olhar multidimensionado ao Envelhecimento. Em seguida, em consonância com Araújo (2001), Rolim (2009), Giacomoni (2004) entre outros, serão detalhados outros conceitos importantes ao tema Envelhecimento, focalizando a qualidade de vida, percepção e satisfação do envelhecimento ativo. Existem três aspectos do envelhecimento que são consensuais. O primeiro diz respeito a um fenômeno considerado universal onde há diminuição gradativa das capacidades a que o indivíduo tem em se adaptar. O segundo fala sobre as alterações características do processo de envelhecimento e o último às perdas físicas e cognitivas significativas. Não é possível avaliar ou compreender os valores atribuídos aos eventos da vida sem que estes possam perpassar pelo próprio indivíduo, ou seja, é preciso sondar a experiência individual/social da vida, em que própria pessoa é seu avaliador, portanto de cunho subjetivo. Na subseção de autonomia, envelhecimento ativo e oportunidades culturais, objetos deste estudo em foco, será feita a exposição pontual do envelhecimento ativo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O conceito de envelhecimento ativo é um orientador que ajuda a pessoa idosa a identificar suas potencialidades, a se perceber em seu processo de envelhecimento, e assim a adquirir melhor saúde física, mental e psicológica no curso da vida. Concomitante a este conceito, as principais formas de desenvolver o envelhecimento ativo é pela Atividade física, observada por Rolim e Forti (2013), Todaro e Filho (2009), Mazo et al. (2001), atentando para sua importância na vida do idoso. Outra forma vista será o lazer e a cultura, percebidos por vários autores (WANG, KARP, WINBLAD, & FRATIGLIONI, 2002) Dumazedier (1976), Mascarenhas (2006) Marcellino (1996), entre outros, como fator de desenvolvimento ativo primordial. Finalizada a resenha teórica, serão abordados na metodologia de pesquisa o tipo de pesquisa, os participantes, os instrumentos utilizados, os riscos e benefícios, os procedimentos de coleta e análise de dados. Por conseguinte, os dados do objeto de pesquisa serão expostos e analisados para as devidas conclusões. 9 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: ENVELHECIMENTO E SATISFAÇÃO COM A VIDA E ATIVIDADES DE LAZER E CULTURA Este capítulo é consagrado à discussão dos conceitos de envelhecimento apresentados por teóricos e estudiosos do envelhecimento em âmbito nacional, internacional e às políticas relativas ao tema. Será feita a relação do processo de envelhecimento com os conceitos de qualidade de vida, percepção, satisfação, envelhecimento ativo, autonomia, atividade física, cultura e lazer. 2.1 ENVELHECIMENTO O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, ou seja, está ocorrendo em todas as partes do mundo em diversos níveis de desenvolvimento. Segundo dados do relatório Envelhecimento no Século XXI: Celebração e Desafio de 2012, do Fundo de População das Nações Unidas e pela Help Age International – UNFPA, o envelhecimento da população é uma das tendências do século XXI. Estima-se que por volta de 2050 mais de 64 países terão 30% de sua população idosa (UNFPA, 2012). A proporção de população de idosos tem aumentado muito mais rápido do que as outras parcelas da população. Conforme o Guia Global Cidade Amiga do Idoso pela Organização Mundial da Saúde (2008), o envelhecimento populacional é uma das maiores conquistas da atualidade. Com relação ao Brasil, em um levantamento sobre as recentes pesquisas com idosos, foi verificado, de acordo com o Projeto Política de Saúde (OMS, 2005), que por volta de 2025, o Brasil será o sexto país do mundo com maior número de pessoas idosas. O idoso deve ser visto de forma privilegiada. Autoras como Veloz, Schulze e Camargo (1999) afirmam esse privilégio, principalmente quando se trata de uma sociedade em constantes mudanças sociodemográficas, caracterizada pelo crescimento populacional e pelos valores atribuídos ao desempenho econômico. 10 De acordo com Faleiros (2014), as mudanças na condição de trabalho da mulher, o modelo atual do mercado de trabalho e a queda na fecundidade têm repercutido nas transformações familiares, ocasionando novos arranjos em sua estrutura. De acordo com os dados previstos no Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento (2012), o percentual de pessoas de 60 e acima de 60 anos em todo o mundo será duplicado entre o ano de 2000 e 2050, e assim passará de 10% para 21% da população. A idade cronológica de 60 anos é notada como um marco de referência para organização de ideias e políticas, embora isto se diferencie conforme a sociedade e a população de cada país, tomando - se por base a expectativa média de vida da sociedade em que vive. A longevidade é fruto do desenvolvimento e é reflexo da menor taxa de crescimento populacional em conjunto com menores taxas de natalidade e de fecundidade. Trata – se de um conjunto de questões que podem ser atribuídas à qualidade de vida da população. Segundo Faleiros (2014), a dinâmica social do envelhecimento inserida no contexto de mudança é inerente à sociedade, não é linear, mas conflituosa nas relações de poder, de cultura e de grupos. A expectativa de vida tem aumentado e, de acordo com o relatório da UNFPA (2012), um conjunto de fatores nutricionais, de atividades relacionadas ao lazer, sanitários, avanços na área da medicina e na saúde do idoso tem contribuído para esse resultado. O envelhecimento, numa perspectiva de curso de vida, é um processo que começa desde o momento da concepção e só termina com a morte. Meirelles (2000) ressalta a redução da taxa de mortalidade e a diminuição da taxa de fecundidade. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) afirma que a baixa taxa de fecundidade a partir dos anos 1970 influenciou o perfil etário da população de idosos e têm relação significativa com a estrutura etária da humanidade atualmente. Quando se trata do conceito de envelhecimento humano a partir de uma perspectiva biológica, não se encontram tantas definições. No entanto, Neri (2001) define o envelhecimento como um processo que, visto deste ponto de vista biológico, o organismo passa depois da maturidade biológica sexual, favorecendo a diminuição gradual das chances de sobrevivência. A autora aborda ainda que o conceito de velhice seja por vezes confundido com os conceitos de velho e idoso. Entretanto, a velhice é vista como parte dos processos de 11 envelhecimento. “É a última fase do ciclo vital [...] é delimitada por eventos de natureza múltipla, incluindo, por exemplo, perdas psicomotoras, afastamento social, restrição em papéis sociais e especialização” (NERI, 2001, p. 69). Então, o envelhecimento é visto numa perspectiva biopsicossocial, ou seja, em seu nível social, cultural, psicológico, biológico entre outros. O envelhecimento é definido por Baltes também como um processo multidimensional (BALTES, 1990 apud NERI, 2006). Assim, esse período não pode ser simplesmente definido e determinado por apenas uma de suas dimensões, uma vez que existem inúmeros fatores que o influenciam esse processo. Como afirma Faleiros (2014), esse processamento aponta para cinco dimensões: a transição demográfica; a transição do trabalho até a aposentadoria; a transição jurídico – política; a transição na saúde e na educação e; por fim, a transição da família quanto ao envelhecimento. Tal como afirma Neri (2001), por sua natureza heterogênea, o envelhecimento requer um olhar multidimensionado considerado político, psicológico, social, cultural, econômico e demográfico. 2.2 QUALIDADE DE VIDA E PERCEPÇÃO DA SATISFAÇÃO NO ENVELHECIMENTO ATIVO O Grupo de qualidade de vida da OMS - Organização Mundial de Saúde acorda, conforme a teoria exposta acima, que qualidade de vida tem várias dimensões, passando pela trajetória e percepção subjetiva sobre a vida até as questões objetivas e culturais de cada indivíduo. Para a Organização Mundial de Saúde, estudada por Araújo (2001), a velhice é um processo prolongado em um dos períodos do ciclo de vida de uma pessoa e que tal processo é apresentado por perdas tanto fisiomorfológicas como sociais e psicológicas inerentes ao Homem. Além disso, é visto de forma complexa, por ser tratado em níveis variados. A literatura destaca que podem coexistir muitos conceitos e definições a respeito do envelhecimento. No entanto, Rolim (2013) considera que existem três aspectos do envelhecimento que são consensuais. O primeiro diz respeito a um fenômeno considerado universal, no qual há diminuição gradativa das capacidades a que o indivíduo tem em se 12 adaptar. O segundo ponto converge em alterações características do processo de envelhecimento e o último às perdas físicas e cognitivas significativas. Avaliar a qualidade de vida do idoso tem sido uma tarefa que demanda bastante investigação por estar associada a múltiplas variáveis e a características em sua definição. De acordo com Neri (1999), alguns critérios como longevidade, eficácia cognitiva, satisfação, saúde biológica entre outros, são algumas das multidimensões do envelhecimento, tidos como parte dos indicadores da qualidade de vida. Ainda segundo a autora, os indicadores acima citados estão associados ao bem-estar subjetivo e à “felicidade” (DIENER, 1984 apud NERI 1999). Por se tratar de um conceito múltiplo, não há uma única e simples definição sobre o bem-estar subjetivo. Portanto, para este estudo será utilizado o conceito a partir das definições de Diener (1984), apresentado por Neri (1999), no qual busca compreender como as pessoas avaliam sua vida e como experienciam positivamente os acontecimentos da vida. Essas avaliações devem incluir prioritariamente dois componentes: os cognitivos, que consistem na satisfação geral com os aspectos da vida e; os componentes afetivos, abarcando as vivências de afeto positivo, ou felicidade, e as vivências de afeto negativo. Campbell, Converse e Rodgers, (1976 apud GIACOMONI 2004), afirmam que indicadores objetivos ou variáveis demográficas como sexo, idade, renda, raça, educação e condição civil não devem ser consideradas como variáveis de maior peso para definir o bemestar subjetivo. Elas contam com menos que vinte por cento (20%) da variância do bem-estar. No entanto, essa afirmação não deve ser generalizada. O próprio termo bem-estar subjetivo define-se por si só, ou seja, a avaliação é subjetiva. Assim essas avaliações só podem partir do próprio indivíduo social. Não é possível avaliar ou compreender os valores atribuídos aos eventos da vida sem que estes possam perpassar pelo próprio indivíduo, ou seja, por uma experiência individual/social da vida, em que a própria pessoa é seu avaliador, portanto subjetiva. Ainda nessa perspectiva em que a compreensão de bem-estar e lazer perpassa pelo olhar de quem a percebe, Merleau-Ponty no livro “Fenomenologia da Percepção”, (1945/1994), apresenta o conceito de percepção que difere dos conceitos da ciência positivista, onde a percepção é desvinculada da sensação, quando a define apenas no sentido de signo e significado. 13 A percepção segundo Nóbrega (2008 apud MERLEAU-PONTY, 1945) é o apreender dos sentidos atravessado pelo corpo como expressão criadora de sentidos sobre o mundo e sobre si. Por isso, a opinião do idoso é fundamental para a construção de conhecimentos capaz de reunir as características e concepções a respeito do que o idoso considera como sendo importante ou como percebe como fundamental para sua vida. A seguir, enumeramos as atividades que serão objeto deste estudo, por serem articuladas à relação corpo/mente de forma multidimensional. 2.3 AUTONOMIA, ENVELHECIMENTO ATIVO E OPORTUNIDADES CULTURAIS A questão da qualidade de vida está articulada à relação entre autonomia e cidadania, para que se fortaleça a autonomia relacional no processo de efetivação da cidadania (Faleiros, 2013). O envelhecimento populacional se inscreve num cenário universal, e com isso urge a preocupação: o que fazer para que essa população consiga, dentro de suas possibilidades e características próprias, decorrentes do processo de envelhecimento, manter-se minimamente emancipada no cotidiano? Autonomia é uma das chaves para emancipação e é entendida de acordo com as definições da OMS (2005), como a liberdade de tomar decisões e lidar com suas habilidades e de acordo com suas próprias regras e preferências. Para tanto, se faz necessário que a pessoa idosa diminua sua dependência quanto à mobilidade e ao cuidado pelo outro. Segundo ainda a OMS, essas medidas são benefício de interesse tanto para o idoso quanto para a economia, ao se promover programas e políticas que estimulem a saúde física e a autonomia da pessoa idosa. Sendo assim, a OMS (2008) lançou a iniciativa - Guia Global da Cidade Amiga do Idoso - fundamentada a partir do conceito de envelhecimento ativo. Nas palavras da OMS (2005, p.10), “Envelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas”. Tal processo deve também ser reconhecido como único para cada indivíduo, ser considerado parte integrante e fundamental da subjetividade, ser suscetível a modificações do processo natural de envelhecimento e também às mudanças de concepções. 14 Envelhecimento ativo é parte de uma proposta do Programa do Ministério da Saúde e dos Direitos Humanos - “Brasil Saudável”, criado a fim de desenvolver políticas públicas de saúde e modos saudáveis de vivenciar o envelhecimento para melhor qualidade de vida do idoso. A proposta foi criada pela Unidade de Envelhecimento e Curso de Vida da Organização Mundial de Saúde (OMS) para Segunda Assembléia Mundial das Nações Unidas sobre Envelhecimento realizada em abril de 2002, em Madri, Espanha, como linhas de ações comuns para países em desenvolvimento. Trata – se de um documento elaborado para orientar medidas normativas do envelhecimento e as novas configurações do século XXI envolvendo essa temática. O conceito de envelhecimento ativo é um orientador que ajuda a pessoa idosa a identificar suas potencialidades, a se perceber em seu processo de envelhecimento, portanto, adquirir melhor saúde física, mental e psicológica no curso da vida, e dessa forma alcançar melhor participação ativa na sociedade. Perceber - se no processo diz respeito ao olhar que o idoso faz de sua própria saúde física mental, espiritual, social e no que ele elege como sendo qualidade de vida. Para a OMS (2005), o envelhecimento deve acontecer de forma que o idoso tenha uma participação atuante, ativa. Nesse sentido, uma participação ativa refere-se à afiliação da pessoa idosa na construção de ideias e de questões sociais, econômicas, civis, de segurança entre outros. É necessário ter essa perspectiva tanto de forma isolada como conjunta, e não apenas como ativo fisicamente. O envelhecimento ativo decorre de um conjunto de determinantes, que de acordo com as diretrizes do Guia Global Cidade Amiga do Idoso da OMS (2008), são fundamentais, para que uma cidade seja amigável à pessoa idosa. Entre eles, os predominantes são: determinantes econômicos, sociais, no ambiente físico, nos serviços sociais e de saúde, de gênero e de cultura. Panoramicamente o “Guia” propõe: Mobilizar as cidades para que se tornem amigáveis à convivência participativa, seja em trabalhos voluntários ou remunerados; Proporcionar - lhes capacitação para fazer parte das tomadas de decisão do idoso na sociedade; Promover a construção de ambientes físicos mais seguros que permitam o idoso sair de casa com confiança para fazer atividades de lazer e cultura, e que se traduza em segurança contra quedas e lesões; Garantir o desenvolvimento social favorável, a fim de 15 promover a inclusão social do idoso; Proporcionar condições de saúde em melhor qualidade; Promover a cultura; Garantir independência e autonomia; Diminuir a vulnerabilidade nessa fase de vida; Promover a diversidade, principal aliada na manutenção funcional do idoso, entre outros. A abordagem do envelhecimento ativo “baseia-se no reconhecimento dos direitos humanos das pessoas idosas e nos princípios de independência, dignidade, assistência, participação, e auto-realização”, estabelecidos pela Organização Pan - americana de Saúde, (2005, p. 14). Uma das principais formas de desenvolver o envelhecimento ativo é pela prática da atividade física. 2.4 ATIVIDADE FÍSICA Quando se discorre a respeito da qualidade vida, a atividade física aparece como uma das principais questões. A literatura gerontológica elucida a diferença entre atividade física e exercício físico, sem, no entanto qualificá-las como melhor ou pior. De acordo com Mazo et al. (2001), atividade física refere-se à atividade biológica do sistema muscular esquelético voluntário que produz gasto energético para além dos níveis considerados de repouso. O exercício físico por sua vez, afirma o mesmo autor, são movimentos programados e sistematizados com movimentos de repetição que visa o desenvolvimento de aptidões físicas. A prática regular de atividade física provoca o retardamento de possíveis declínios fisiológicos relacionados ao processo natural de envelhecimento na saúde do idoso. A OMS (2005), afirma que frequentes atividades físicas favorecem a diminuição da dependência de outras pessoas no cuidado que ele tem consigo mesmo. As autoras Rolim e Forti (2013) discorrem sobre os benefícios associados à atividade física na melhoria e manutenção da qualidade de vida, relacionada aos âmbitos fisiológicos, psicológicos e sociais vistos a seguir. Entre os ganhos físicos pode-se destacar o aumento da força muscular e o fluxo sanguíneo para os músculos; maior flexibilidade e amplitude dos movimentos; redução no percentual de gordura; melhora nos aspectos neurais; redução nos fatores causadores da queda 16 e da resistência a insulina; manutenção ou melhora da densidade corporal óssea, consequentemente diminuindo o risco de osteoporose; melhora a postura. No aspecto psicológico encontra-se a melhora da estética corporal, autoestima e autoimagem; favorece a integração, a socialização e alguns aspectos cognitivos; diminui a ansiedade e alguns casos de depressão. Integração, socialização e inserção em um grupo coletivo são benefícios sociais associados à atividade física. As atividades devem ser promovidas de forma segura, e lideradas pela própria pessoa idosa. Esse tipo de entendimento vai ao encontro com a referida questão de que as atividades e o que se endereça ao idoso perpassam pelo seu próprio olhar, por sua autopercepção. Assim justificam-se a participação do idoso na sociedade e a tomada de decisão, pois a própria pessoa sabe o melhor desejável para si. Todaro e Filho (2013) destacam que entre os benefícios ao bem-estar, atribuídos à prática da atividade física, estão a saúde física, social, cognitiva e afetiva. Para que o idoso possa aderir a uma atividade física, os referidos estudiosos ponderam ainda a necessidade em individualizar os programas dedicados à atividade física, isto é, aproximar esses idosos a atividades que tenham mais afinidade, baseadas em suas vivências e culturas. Outra dimensão fundamental do envelhecimento ativo é o lazer, inscrito de forma complexa à atual vida urbana, onde vivem 84% das pessoas idosas. 2.5 LAZER E CULTURA A atividade de lazer é observada como a profundidade do que se tem vontade de fazer com o tempo que se dispõe o idoso. São aquelas atividades voltadas para o enriquecimento de si, vinculadas à satisfação do fazer orientadas pela escolha daquele que a faz, ou seja, sua liberdade de escolha. O lazer tem ocupado lugar especial na promoção de um envelhecimento ativo na vida dos idosos de todo o mundo. Embora seja reconhecido que, com o passar da idade, ocorrem alguns declínios característicos do envelhecimento, há evidências de que atividades de lazer provêm benefícios para a saúde dos idosos. Estas atividades incluem diminuição do risco de demência e redução dos riscos de doenças cardiovasculares. Tais benefícios estão também 17 ligados às interações sociais e à estimulação intelectual do idoso (WANG, KARP, WINBLAD, & FRATIGLIONI, 2002). Os benefícios associados às atividades de lazer incluem ainda o senso de autonomia pessoal, a identidade social, favorecendo o significado que o idoso atribui à vida comunitária, a recuperação da autoestima, mitiga a segregação, favorece a saúde física e psicológica. A interação de idosos em atividades de lazer e participação social na comunidade tem apresentado resultados favoráveis à saúde psicológica e a sua qualidade de vida. Na medida em que o idoso interage em atividades de lazer, ele se percebe como autor de seu bem-estar. A atividade de lazer está associada à saúde e contribui para a qualidade de vida. Para o sociólogo Dumazedier (1976), o lazer pode ser entendido como movimento ativo do tempo dedicado a si mesmo. Segundo a Carta Internacional de Educação para o Lazer (1993), esses momentos de distração promovem saúde e bem-estar, que propiciam prazer nas atividades que uma pessoa elege para si. A atenção ao idoso transpassa as necessidades biológicas inerentes a essa fase. Requer envolvimento e participação em atividades que possam contribuir e promover acesso à criatividade, à espiritualidade e à interação social; envolvimento em atividades complementares de caráter diverso, como a arte e a cultura, para melhor vivência desse processo. Hendricks e Cutler (2003) asseguram que quanto maior for o envolvimento do idoso em atividades de lazer maior será a expectativa de vida, pontos que melhoram o estado de saúde e aprimoram a qualidade de vida. O conceito de lazer proposto por Dumazedier (1976) refere-se ao universo de atividades livremente adotadas pelo indivíduo. São práticas voluntárias, seja para diversão, melhora ou criação de habilidades, desenvolvidas após desembaraçar-se de suas obrigações profissionais, familiares e sociais. As atividades desenvolvidas durante o “tempo livre”, intitulado pelo autor, podem tanto ser em ambiente familiar - fazer tricô na varanda da casa ou na praça do bairro, visitar a feira de verduras e artesanatos da comunidade, como individuais - estudar, ler entre outros. Esse tempo livre está intimamente associado à percepção de satisfação com a qualidade de vida. 18 Para Mascarenhas (2006) o lazer pode ser um grande aliado para uma nova forma de organização social se este for, de fato, aliado à atividade lúdica, criativa, cultural e ambiental. O lazer promove a heterogeneização cultural, na medida em que fortalece a socialização da pessoa idosa com o meio e sua interação com os mais jovens, bem como constrói sentimento de pertencimento e aceitação social. Marcelino (1996) reforça que a educação para o lazer pode ainda ser um instrumento para desmistificar a ideia ou conceito de lazer apresentado pelos meios de comunicação de massa, que vincula o lazer às atividades com alto padrão econômico. A educação para o lazer propõe que a criatividade deve ser uma grande aliada para pessoas com recurso socioeconômico limitado. Para o autor, o lazer vai muito além de um pano de fundo econômico, é uma questão de cidadania. O lazer não é algo estático, ele acompanha historicamente a sociedade, observa Mascarenhas (2003), ocupa espaços de acordo com cada momento sócio-histórico. Dessa forma, ao considerarmos que os dados demográficos apontam para um crescente movimento rumo ao envelhecimento, o lazer deve então, de certa forma, acompanhar as demandas dessa nova configuração. Para Mascarenhas (2000) é preciso haver atuação político-pedagógica nas questões relacionadas ao lazer, consciente de tal forma que se comprometa e seja orientada ao exercício da cidadania. O lazer transpõe-se a simples tarefa de ocupar um tempo que não se sabe o que fazer com ele. A prática de atividades de entretenimento proporciona senso de liberdade, de vontade e afinidade com as coisas que lhes são interessantes para a vida. A participação de idosos em atividades satisfatórias dá-lhes consciência de si, do que gosta e do que é bom para eles. Lazer proporciona ao idoso um senso de autonomia pessoal e identidade social que favorece o significado que o idoso atribui à vida comunitária (VANDER PAS; KOOPMANBOYDEN, 2009). Como mencionado anteriormente, vida comunitária é, para pessoa idosa, de grande valia. Com a diminuição das demandas, das obrigações de trabalho formal e das mudanças na configuração familiar, os idosos dispõem de maior quantidade de tempo e por vezes se envolvem em uma variedade de atividades de lazer. O que leva a questão se essas atividades 19 dizem respeito ao seu próprio interesse ou se são, na maioria das vezes, a demandas familiares, por não saberem o que fazer com uma pessoa idosa dentro de casa. Estudiosos do envelhecimento sugerem que os indivíduos nos quais se percebem mais capazes, mais ativos são mais propensos a escolher atividades sociais e de lazer mais diversificadas, por proporcionar-lhes mais autonomia. Nesse sentido, Neri e Resende (2009) discorrem que o senso de autonomia pressupõe autodeterminação no diz respeito à independência, ainda que o idoso tenha necessidade de suporte para instrumentalizar suas escolhas até mesmo para o exercício de atividades diárias. Neri (2005) assevera que o senso de autonomia é um importante aliado para a qualidade de vida do idoso. Devido à impossibilidade de mudar aspectos do meio físico, como ruas e calçadas apropriadas, isto pode causar-lhes sentimento de fracasso, advindo do não conseguir ser como era antes e ao atribuírem tais fracassos às dificuldades pessoais. Assim, são assaltados por uma sensação de ineficácia, o que implica em observar como o idoso percebe sua vida e dá sentido a ela. O envelhecimento está, por vezes, associado a um menor desempenho físico, fazendo com que muitas vezes, seja também associado ao descompromisso social. A participação social e a percepção do idoso em assuntos relacionados à cidadania e aos seus direitos é fundamental, além de proporcionar a ela identidade de pertencimento e menor “marginalização”. O lazer está articulado à cultura, enquanto contexto de significações que a sociedade constrói para a integração social. É nesse sentido que ela está considerada neste texto. Assim sendo, as multidimensões do envelhecimento e seus amplos conceitos na literatura são temas ricos e ainda há muito que se estudar a respeito e contribuir com seu processo. 20 3. METODOLOGIA DA PESQUISA Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo, fundada na percepção e nos significados que os sujeitos atribuem à relação entre lazer, cultura e qualidade de vida. Segundo Minayo (1993), a pesquisa qualitativa visa à compreensão de fenômenos caracterizados por opiniões, valores pessoais, crenças, hábitos e atitudes. As entrevistas e o questionário semi-estruturado são instrumentos utilizados para coleta de dados em pesquisa (Roteiro de entrevista no anexo C). 3.1 PARTICIPANTES Constitui - se de uma amostra de conveniência, composta por quatro (4) pessoas idosas, sendo três (3) do sexo feminino e uma (1) do sexo masculino, residentes no Distrito Federal e sem diagnóstico declarado de demência. 3.2 INSTRUMENTOS Foi apresentado um roteiro de entrevista semiestruturada (Anexo C) com cinco questões norteadoras, relacionadas à qualidade de vida e ao lazer – e a Escala de Satisfação com a Vida (Satisfaction With Life Scale – SWLS) elaborada e validada por Diener, Emmons, Larsen e Griffin (1985 apud NERI, 2001), tendo como objetivo avaliar o bem-estar subjetivo, ou seja, de que modo as pessoas validam positivas ou negativas as experiências da vida (SIMÕES, 1992). 3.3 CUIDADOS ÉTICOS Foi apresentado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) aos participantes que assinaram ao concordarem em participar da pesquisa. O TCLE (Anexo B) foi impresso em duas vias, ficando uma com o participante e a outra com o pesquisador. As entrevistas se realizaram após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Brasília, tendo em vista os preceitos éticos que determinam pesquisas com seres humanos, conforme Anexo E. 21 3.4 RISCOS E BENEFÍCIOS Os riscos da participação na pesquisa estão relacionados a dúvidas referentes às questões do questionário de entrevista, como a vontade de desistir, na qual foi esclarecido sobre a liberdade de desistir. Os benefícios da pesquisam puderam ser constatados pela melhor compreensão a respeito do processo de envelhecimento e da qualidade de vida relacionada às atividades de lazer. 3.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS Os idosos foram convidados a participar da entrevista, cujo tema abordado foi o lazer e a satisfação com a vida. Cada entrevista teve em média sessenta (60) minutos de duração. Foram realizadas quatro (4) entrevistas com cada pessoa separadamente, nas quais duas (2) foram realizadas no Centro de Convivência para pessoa Idosa e as outras duas (2) na residência dos participantes após contato inicial. Os dados foram coletados de acordo com a Resolução CFP nº 016/2000 referente à pesquisa em psicologia com seres humanos e da Resolução do CEP/CONEP/CNS/MS No 466/2012 que trata da divulgação dos dados recentes à pesquisa, do Código de Ética Profissional do Psicólogo. Os dados foram reunidos, analisados coletivamente de maneira sigilosa. 3.6 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS A partir da revisão teórica, observou-se que o envelhecimento é um processo multidimensional, que contempla aspectos da saúde física, mental, social, emocional e acima de tudo, em caráter subjetivo, ou seja, de cada um em seu próprio processo. Sendo assim, a análise de dados parte do princípio que cada autor percebe e avalia seu processo individualmente para além das características comuns entre eles. Para tanto, foi utilizado o método de Análise de Conteúdo de Bardin (1977), que proporciona melhor compreensão e categorização dos relatos, seguindo suas respectivas etapas do referido método (pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados). Foram exploradas as leituras complementares em livros e bases de dados em meio eletrônico sobre o tema estudado e o método utilizado. 22 Os recursos para a execução do projeto são: a) Recursos humanos: ___ b) Recursos materiais: TIPO QUANTIDADE Computador 1 Impressora 1 Toner 1 Papel sulfite 100 Caneta 1 Gravador 1 23 4. RESULTADOS E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Em primeira instância, apresentamos o perfil do universo dos participantes, conforme idade, estado civil, escolaridade, renda e moradia, sendo três mulheres, denominadas de M1, M2, M3 e um Homem, denominado de H1. Tabela 1: Perfil dos participantes Sujeitos Idade Estado Civil Religião Escolaridade Renda Moradia M1 93 Viúva com filhos Católica Primário 2 salários mínimos Própria M2 62 Casada com filhos Católica Primário 1salário mínimo Alugada M3 69 Solteira Não Superior Acima de 2 salários mínimos Própria familiar H1 84 Viúvo com filhos Católico Ensino Médio Patente Militar Acima de 6 salários mínimos A seguir apresentamos os resultados da Escala de Satisfação. Própria 24 Resultados da Escala de Satisfação Apresentamos a informação sobre a pontuação da escala. Satisfaction With Life Scale (SWLS) Encontra a seguir cinco afirmações com as quais pode concordar ou discordar. Utilizando a escala de 1 a 7 abaixo indicada, refira o seu grau de acordo com cada item colocando o número apropriado na linha que precede cada um deles. Procure ser sincero nas respostas que vai dar. Eis a escala de 7 pontos: 1 – totalmente em desacordo 2 – em desacordo 3 – mais ou menos em desacordo 4 – nem de acordo nem em desacordo 5 – mais ou menos de acordo 6 – de acordo 7 – totalmente de acordo 1. Em muitos aspectos, a minha vida aproxima-se dos meus ideais. 4 5 6 7 1 2 3 2. As minhas condições de vida são excelentes. 4 5 6 7 1 2 3 3. Estou satisfeito com a minha vida. 4 5 6 7 1 2 3 4. Até agora, consegue obter aquilo que era importante na vida. 4 5 6 7 1 2 3 5. Se pudesse viver a minha vida de novo, não alteraria praticamente 4 5 6 7 1 2 3 nada. 25 Tabela 2: Perfil dos participantes, conforme a escala de satisfação Itens 1 Sujeito Em muitos aspectos, a minha vida aproxima-se dos meus ideais. 2 As minhas condições de vida são excelentes. 3 4 5 Estou satisfeito com a minha vida. Até agora, consegui obter aquilo que era importante na vida. Se pudesse viver a minha vida de novo, não a alteraria praticamente. M1 7 7 7 6 5 M2 7 5 5 5 1 M3 7 5 6 6 2 H1 7 7 5 7 2 A tabela 2 de “Satisfação com a Vida” foi analisada em duas perspectivas. No primeiro momento, uma análise geral para todas as suas respostas e no segundo momento cada afirmação foi analisada para cada sujeito. Todas as falas transcritas estão conforme o original. Nem todos os participantes fizeram comentários ou observações a todas as questões da Escala. Assim sendo, somente algumas falas pertinentes serão transcritas. Percepção unânime: De forma geral os participantes avaliam sua percepção de satisfação com a vida, no momento atual em que se encontram, como sendo positiva, pois a resposta unânime foi a de número (7), que afirma estar totalmente de acordo com a assertiva: “Em muitos aspectos minha vida aproxima-se de meus ideais”. A visão da satisfação, conforme os sujeitos: Na entrevista, em relação ao tema “Em muitos aspectos, a minha vida aproxima-se dos meus ideais”, M1 e H1 afirmam que estão totalmente satisfeitas, embora para M1 haja alguns 26 aspectos que não são satisfatórios, como a questão do acesso a algumas atividades de lazer por conta do transporte e da segurança. As cidades não são tão amigas dos idosos conforme propõe o Guia Global da Cidade Amiga do Idoso (2008). M1 também assinala na questão no 2 que, de forma geral, “as suas condições de vida são excelentes”, sendo assim, está totalmente de acordo com a afirmação. Já H1 está mais ou menos de acordo, pois ainda há muito a ser realizado. Segundo M3, todavia, suas atividades de lazer têm influenciado na sua satisfação com a vida, pois usufrui de saúde física, mental e espiritual. No que se refere à questão nº 3, M1 ressalta que: “Aqui influencia na minha saúde, a gente faz tudo. Saúde física, mental, a gente conversa, brinca, não fica pensando naquilo fixo, ou coisa ruim ou coisa boa. Estou muito satisfeita”. Na questão de no 4, M1 já não mais afirma estar totalmente de acordo, mas “apenas de acordo”, enquanto H1 afirma estar totalmente de acordo com o que conseguiu obter até agora, ou seja, o mais importante na vida, que em sua opinião é a sua saúde, a faz satisfeita, Ela consegue fazer suas atividades de lazer e suas atividades diárias, além de cuidar da filha, diagnosticada com problemas psiquiátricos. M2, por sua vez, está mais ou menos satisfeita, pois gostaria de ter conseguido fazer mais atividades, como por exemplo, ter estudado. M3 afirma que está “apenas de acordo”, pois no final das contas ela tem o que precisa para viver diariamente e usufrui de saúde física e psicológica. Em virtude de mudanças na configuração familiar, de baixa renda familiar e da aposentadoria é comum ser atribuído aos idosos, o papel de cuidador dos netos. Esse papel é por vezes motivo para alguns deles não se engajarem em atividades de lazer. No caso de M1, no entanto, a vinda dos netos e o cuidado da filha não a impediu de fazer suas atividades de lazer no CCI, que frequenta há 20 anos. Diz ela: “Quem pariu Mateus que o embale [...] hoje eu quero sossego, sombra e água fresca”. Os dados observados no quadro da Escala de Satisfação com a Vida possibilitam sugerir que, de forma geral, fazendo um recorte das condições de vida atual, os participantes consideram que sua vida é satisfatória. No entanto, há uma particularidade a ser observada e delicadamente pontuada na última questão da Escala. Para todas as questões as respostas variaram entre 5 e 7, mas quando se tratou da questão de número 7, que remete às experiências vividas no passado, as respostam oscilaram entre 5 e 1. 27 Panoramicamente infere-se que, em comparação com o presente, a história de vida dos participantes é percebida como satisfatória, seja por condições de trabalho, seja financeira ou socialmente. O passado dos idosos foi marcado por maior desigualdade e menos oportunidades. Apenas recentemente, no Brasil foram assegurados seus diretos a partir do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003), no qual se asseguram direitos e busca combater a violência. Todavia, o fato de estarem satisfeitos com sua condição atual, não implica em dizer que eles não reclamem melhor atenção. Algumas dessas vivências não satisfatórias podem ser observadas nas falas dos participantes, tanto nas respostas à questão 7 quanto no decorrer da entrevista. O passado não aparece florido: Eu não tive infância, não tive juventude, daí casei fui cuidar de filho. Então pra quê vou querer infância? Até aqui tá bom, tendo saúde. Pra voltar ninguém volta. Se pudesse mudar aí eu mudaria, eu teria estudado, oportunidade, seria outra pessoa. Pra voltar minha juventude, eu não tive. (M1). O trabalho também foi duro, além da perda da falta da escola. “Antes eu trabalhava, saía de casa às 5 da manhã, pra ir pro Plano, antes naquela época era engolir poeira e agora tá melhor, tem asfalto tem ônibus. Quando eu trabalhava, eu não sabia que fazia falta por eu trabalhava”, diz (M1). Acrescenta, sentindo-se aliviada com situação de viúva: Não sei nem o que eu sou, eu fui solteira fui criança, moça, casada, viúva, desquitada, o que é que eu sou? Casei... Graças a Deus já morreu o marido... (risos)... graças a Deus já foi embora, mas tudo deve dizer graças a Deus... Então... tá com 50 anos que ele já morreu...graças a Deus já foi! (M1) “Todos me tratam como gente mesmo, porque antigamente, véio era jogado no lixo, agora não, agora véi tá bom, e ai daquele que não tratar bem.” (M1). O homem entrevistado também reclama do passado, e hoje ressignifica a velhice com o fato de ser menos rígido, o que lhe e era imposto pela vida militar: [...] eu passei por muitas coisas na vida que me prejudicaram, então tive muita dificuldade em me relacionar, em falar, fui uma pessoa fechada, falei pra dentro, era parado... Então pra eu realizar esse sonho tenho que me expor e eu não gosto, então tenho que quebrar isso [...] Antes eu era muito rígido e ainda era militar [...] (H1) Acrescenta H1: “Então lá no curso eu estou me saindo, aprendendo a representar às vezes erro né, em outra época se eu errasse a cara caía no chão, mas agora não... Errei, errei tá bom. Em outra época era [sic] vixi...”. (H1) 28 Também M2 fala da vida na roça e da mudança de atividades: Eu sou da roça, e lá não tinha essas atividades, era só cozinhar cuidar de filhos e ajudar o marido na roça, e aqui não, a gente escolhe a atividade mais fácil pra gente fazer, igual à história de papagaia velho aprende a falar, pois é como eu [...] Sou uma papagaia velha querendo aprender. (M2) As entrevistas conforme as temáticas Além da aplicação da Escala e de seus comentários, foi feita uma entrevista com cada um dos participantes, para aprofundar a percepção da relação das atividades físicas e de lazer/cultura com a questão da qualidade de vida. Para interpretação dos dados obtidos por meio dos relatos dos participantes foi feita uma exploração e leitura flutuante das falas transcritas, conforme proposta pelo método de Análise de Conteúdo de Bardin (1977). Após essa etapa, foi possível identificar os temas que mais surgiram nas falas dos participantes. Os temas foram agregados em três unidades. O primeiro tema aborda a relação das atividades físicas de lazer e a satisfação com a vida. O segundo tema compreende a relação das atividades de lazer com a interação, com a participação a partir do valor e da importância atribuída a essas interações, com a identidade decorrente dessas trocas, e com a cidade. O último tema aborda a repercussão das atividades físicas e de lazer na sua qualidade de vida a partir do olhar dos participantes. Atividade Física e Satisfação As atividades físicas são para os idosos um lazer. Para Rolim e Forti (2013), a atividade física é uma aliada importante na qualidade de vida do idoso por auxiliar no desempenho de seus afazeres diários e pessoais. Estas práticas de lazer provêm benefícios para a saúde dos idosos, incluindo diminuição do risco de demência por estimulação cognitiva e redução dos riscos de doenças cardiovasculares ligadas ao sedentarismo. A prática dessas atividades ajuda na independência do idoso por um tempo prolongado e retarda o aparecimento de doenças que podem surgir nesse período da vida, além de promover a socialização. 29 A atribuição de importância às atividades pode ser notada nas falas de H1 quando, aos 84 anos de idade, atribui à atividade física a melhora e manutenção da saúde. Antes eu fazia os exercícios e os ossos ficavam trac-trac... vi as amarelinhas e pensei em fazer um pouco de musculação para dar mais espaço entre os ossos e parar os trac-trac... E realmente parou depois de fazer esses alongamentos e exercícios, o músculo ficou mais firme, porque a tendência com a idade é a gente é ficar mais murcho e os ossos começam a brigar um com outro... Veja o que faço...”. [E mostrou como faz os movimentos de yoga ficando num pé só, mostrando firmeza muscular e equilíbrio.] [...]melhorou a circulação do sangue, respiro melhor [...]. Para a M2, de 62 anos de idade, a prática da atividade física a ajudou, não apenas na saúde física, mas também a sair de casa e a investir na vida social, além dos benefícios para sua saúde mental e física. Antes eu limpava a casa e dava um sono, dormia um sono e ficava cansada, sentia dor nas juntas, dor no ombro... Agora a cabeça melhorou, porque antes quando a gente não fazia atividades ficava parada pensando nas coisas da vida... Agora o tempo passa mais rápido, melhorou as dores, caminho melhor. (M2) E acrescenta que: “... faz bem pra saúde mental”. A entrevistada M1, de 93 anos de idade, faz Capoterapia em um Centro de Convivência do Idoso. Tal atividade física/exercício é uma variedade de capoeira tradicional e música, e tem se mostrado de grande valia para o condicionamento físico da pessoa em processo de envelhecimento. Esse trabalho colabora com a OMS, quando afirma que beneficia tanto o idoso quanto interesses e benefícios econômicos, ao promover programas e políticas que estimulem a saúde física e a autonomia da pessoa idosa. M1 atesta que a atividade física faz bem a saúde do corpo e da mente quando afirma: “[...] faz bem pra tudo, pro corpo, pra mente. Tudo é melhor, não tomo remédio não tomo nada, o único remédio é um mocotozinho e uma feijoada de vez em quando [...]”. Para M3, a atividade física, além de benefícios à saúde física, alcança ainda outra percepção ligada à autorreflexão. Quando parei de ser professora, comecei a caminhar, outro lado do prazer, agora assim... não sei se porque era jovem, meu corpo tinha facilidades, hoje eu preciso mais de caminhar mais do que antigamente, pra eu não enferrujar de todo. (M3) Ela acrescenta ainda que: “Sou uma pessoa de natureza ativa, investigadora, então, preciso estar sempre em ação, e caminhar representa essa ação, estar em movimento” e 30 “Então quando era professora eu não tinha tempo pra caminhar, apesar de sempre ter gostado de caminhar, se eu pudesse atravessava o mundo caminhando”. Lazer, Interação social e familiar, Participação social, Trocas, Identidade Cultural e Satisfação O segundo tema que emergiu das entrevistas se relaciona à articulação do lazer com a construção sócio-individual, articulando subjetividade e socialização, na complexa relação entre indivíduo e sociedade. Neri (2013) atesta que atividade de cunho social beneficia a saúde física, a cognição, a longevidade e a funcionalidade, favorece a manutenção da rede social, possibilita trocas sociais e fortalece o senso de pertencimento dos idosos na sociedade. Durante as entrevistas quando perguntado aos participantes sobre seu meio social e as trocas, M1 ponderou que participa há mais de 20 anos de atividades sociais e de lazer no CCI de Taguatinga Norte, afirmando que “sou outra [...] me sinto bem relacionada, bem vinda, todas me respeitam também, se disseram alguma coisa eu estouro logo, não fico calada não [...]”. Acrescenta: Ajuda com os novos amigos com saúde... Trabalha com sua mente, a mente já é outra... São todos mais jovens, mas todo mundo é amigo. Todos me trata como gente mesmo, porque antigamente, véio era jogado no lixo, agora não, agora véi tá bom... e ai daquele que não tratar bem. Tem jovem que é véio, e tem véio que é jovem [...]. [...] Me sinto entrosada, se eu não sei uma coisa a outra sabe, a gente se ajuda. Se não fizer assim sua memória nunca sai do lugar... Todo mundo brinca, a mais velha sou eu, mas todo mundo me respeita, tem gente de todas as idades, jovem, crianças [...]. Nas questões sobre como essas interações têm ajudado para sua satisfação com a vida, M1 responde: “[...] e não é por isso mesmo que eu tenho minha idade desse jeito [risos]? Por que se você brinca, se você conversa, não tem raiva, me trata bem, parece que você fica mais jovem [...]”. Já M2, que começou mais recentemente a participar de atividades recreativas, culturais e de lazer no ICC, compartilha com M1 a opinião de que estar em um ambiente de interação social com pessoas de variadas idades faz com que a autoestima seja favorecida por 31 meio das trocas de experiências e bem-estar social (descrito como estado de espírito, aquilo que se faz sentir confortável). E diz: “[...] a gente conhece gente nova que não conhecia. Maravilhoso...”. Assinala ainda que a saúde mental se consolida: [...] a cabeça fica bem melhor. Sim, porque uma conta uma coisa dali, outra conta outra, sorri daqui e daí, conta história, e daí a gente fica bem animada. O tempo passa e a gente volta bem animada pra casa [...]. A fala da entrevista M2 evidencia as oportunidades de novos aprendizados e de novas amizades e outra relação com o tempo, ou seja, as trocas sociais contribuem para melhorar a estima da pessoa em processo de envelhecimento. Segundo Jardins, Medeiros e Brito (2006), lugares que proporcionam espaços sociais para idosos tem sua importância, uma vez que oportunizam sua interação e visam positivar seu processo de envelhecimento que contribui para o envelhecimento ativo. [...] a gente faz novas amizades, [conhece] gente nova. E cada dia falta até tempo pra aprender coisas novas aqui. Eu sou da roça, e lá não tinha essas atividades, era só cozinhar, cuidar de filhos e ajudar o marido na roça, e aqui não, a gente escolhe a atividade mais fácil pra gente fazer, igual a história de papagaia velho aprende a falar, pois é como eu... Sou uma papagaia velha querendo aprender. [...] sim, novas amizades e aqui a gente forma uma família... uma nova família... As pessoas dão bom dia, perguntam pra onde a gente vai, dá carona. Elas se interessam por nós. Melhorou a qualidade das amizades e aumentou as amizades. Tal como elucida o referencial teórico, a multidimensionalidade do envelhecimento transpassa as necessidades biológicas inerentes dessa fase, requer envolvimento e participação em atividades que possam contribuir e promover acesso a criatividade, a espiritualidade e a interação social, envolvimento em atividades complementares de caráter diverso como a arte e a cultura para melhor viver esse processo. Em contraste, entretanto, com o que observaram os participantes anteriormente citados, M3, de 69 anos de idade, não participa de um CCI. Ela conta que não se sente 32 pertencente em lugares onde há preferencialmente idosos, embora goste da modalidade das atividades oferecidas, não tem afinidade ao ambiente. Diz: Nesses lugares para idosos, parece que as pessoas estão sempre reclamando, um discurso do sofrimento... Eu nunca frequentei esses lugares para pessoas idosas, embora tenha consciência da minha idade, do envelhecimento, mas eu não me sinto uma pessoa velha... digo no sentido de que geralmente essas pessoas que se sentem velhas, estão muito ligadas ao passado... Curtem o passado. (M3) Um destaque especial apareceu nas falas em relação às atividades de dança e de cinema. A dança Diz M3: Gosto muito de dançar, mas vou dançar aonde? Não tem onde dançar... Agora um problema da dança que eu vejo, é você, principalmente na minha idade, porque a gente fica mais seletiva, e ainda esse lugares para idosos, ali tem todo tipo de pessoas, não estou interessada em dançar com velho chato... Nunca dancei com qualquer pessoa e não é agora que eu vou, só porque estou velha. (M3) O cinema Diz M3: Cinema sempre foi minha paixão, mas agora a qualidade dos filmes que estão passando não atingem meu gosto... Não vou ao cinema, mas não por falta de gosto, mas falta de filmes para um público como eu... Então prefiro ver filmes alugados em casa... Gosto de ver aqueles filmes com conteúdos que eu considero de valor e fazem com que à noite eu me sinta bem, descansada, relaxada para dormir. (M3) A questão de afinidade de atividades relatadas por M3 trata da trajetória do sujeito, da relação de sua subjetividade com suas escolhas e são baseadas na percepção que a pessoa idosa tem do que seja seu lugar. De acordo com Marcelino (1999), o lazer não é apenas o tempo disponível de uma pessoa, e sim como essa pessoa escolhe vivenciá-lo, considerando os aspectos históricos e culturais do indivíduo. M3 encontra-se em atividades cognitivas, voltadas para espiritualidade, e menos manuais e físicas que estão de acordo com sua história de vida, atuando como professora durante muitos anos. Embora M3 não encontre no CCI um lugar de socialização, suas interações e trocas são num grupo do Centro de Estudos Budista e em palestras na Sociedade Teosófica. Assim 33 fala M3: “Normalmente as pessoas ligam o prazer com sentidos físicos, mas o prazer/lazer pode ter vários tipos”. Acrescenta: [...] ir a esses lugares é interessante ver como eles apresentam o budismo, é até uma terapia de grupo na verdade... Todo mundo partilha, aí tem gente de todas as religiões e todas as idades... E me chama muito atenção um povo jovem... como é dentro de uma instituição ligada a uma filosofia de vida, a uma psicologia, todos se respeitam, todos dizem o que pensam no maior respeito, então não é um lugar que as pessoas entram em conflito. Eu sempre fiz amizades duradouras nesses lugares de afinidade, em grupos de dança de estudo, amizades que duram até hoje. Eu sempre busquei grupos terapêuticos, atividades voltadas para essas coisas internas minha. Mostra sua reflexão pessoal, construída como sujeito histórico: “Em tudo que se faz é preciso ter um sentido de utilidade, senão começa a morrer”. (M3) Assim como M3, que não participa de um CCI, também acontece com H1, que não frequenta centros para idosos, no entanto participa de um grupo de teatro onde encontra pessoas de sua idade (84 anos) e com mais idade, além de pessoas muito mais jovens que ele. Tornou-se menos rígido, como afirma: “[...] antes eu era muito rígido e ainda era militar. Então, aqui em casa eles me disseram que já notaram a diferença”. Não se queixa de discriminação e agora se sente em uma situação que pode errar: [...] Nesse lugar eu fui bem recebido. Todo mundo me recebeu bem. Não tenho queixa e nem reparos a fazer. Ali é tudo artista... Gente boa. E estar lá me ajuda a decorar e ativa a memória... Conhecendo novas pessoas, fazendo novas amizades... É muito legal... Me sinto a vontade lá, todos me respeitam e me acolhem. Me dá satisfação [...] Me sinto a vontade lá. O mais difícil é decorar o texto e representar, mas tudo bem, pode errar. Tô lá pra isso, perder o complexo de que não posso errar. A interação nesse grupo de teatro o faz sentir-se acolhido e bem aceito. Tal atividade tem sido fundamental para sua autoconfiança com propósito de realizar um sonho pessoal e para seu novo arranjo de vida. Após a morte da esposa, conforme Dumazedier (1976), as atividades de lazer transcendem o viajar, assistir à televisão, ir ao cinema, ao parque de diversão, isto é, vão além, promovem a afetividade. Diz H1: Atrás disso tudo tem uma razão, e quero que isso me dê força para realizar um sonho... através dessas pessoas do teatro quero aprender a me expressar, a falar... Porque eu passei por muitas coisas na vida que me prejudicaram, então tive muita dificuldade em me relacionar, em falar, fui uma pessoa fechada, falei pra dentro, era parado. (H1) 34 Com vista nos relatos e nos referenciais supracitados, observa-se que as atividades de lazer auxiliam na saúde física e psicológica dos idosos, além de atribuir significado à vida comunitária, essencial para mitigação da segregação social que lhes assegura identidade social, sentimento de pertencimento e oportuniza novos conhecimentos e aprendizados. As dificuldades da cidade O Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento (2002), de Madrid e o Guia Global da Cidade Amiga do Idoso (2008), referido no texto, elaboraram e propuseram às cidades e aos governos medidas normativas que venham a favorecer e propiciar ambientes adequados à execução de tarefas que dizem respeito ao idoso. Estas medidas visam melhorar a qualidade de vida e seu bem-estar nessa fase de vida, orientados para integralidade do idoso na sociedade e seu envelhecimento ativo. Para realização de algumas atividades de lazer, dois dos participantes da pesquisa encontraram dificuldades referentes a fatores estruturais da cidade onde vivem. As observações contidas em alguns dos relatos dos participantes indicam que as cidades não são consensuais com os pilares requeridos, segundo o Guia Global da Cidade do Idoso (2008), no que se refere à segurança, iluminação, transporte e acesso. Assim se expressa M1: “Gosto de música de festa, gosto do Teatro Nacional, mas à noite não tem como ir sem condução”. Pondera: [...] aí tá péssimo, eu ia pro plano ver a festa das crianças, mas o ônibus não passou. No domingo, pior, não passou um ônibus, tive que pagar um táxi pra voltar pra casa. O semáforo tão respeitando. Tem gente que reclama, mas assim, abriu o sinal não dá pra atravessar tem que esperar um pouco, se der o braço fica sem [risos]. (M1) A segurança tá muito pouca, mas na minha vizinhança, graças a Deus tá bom. Calçadas estão boas, eu também não preciso de muleta de nada, minhas pernas estão boas, mas as calçadas têm lugar que não tá bom não, tem dificuldades. (M1) M3 aponta que transportes públicos e a estrutura da cidade não atendem a sua necessidade para a realização de suas ocupações de lazer. “[...] sair de casa, ir ao cinema e concerto sem carro, é muito difícil o acesso”. 35 [...] Isso é complicado, porque em alguns lugares não posso ir sem que tenha carona, porque o metrô não ajuda. É perigoso... ir pra parada de ônibus não dá. Iluminação não tem boa. Aqui em Águas Claras é péssimo. Os motoristas e cobradores são pessoas estressadas e indelicadas. Águas Claras as calçadas são péssimas, não somente para o idoso, mas pro cadeirante também [...]. (M3) As demais dificuldades na realização de suas atividades foram com relação à adaptabilidade das atividades para sua idade, as limitações financeiras e seus interesses pessoais. Conforme M1: “[...] aqui tem natação, mas não faço, a água da piscina é muito fria pros ossos dos véi [...]”. Para M2, a condição financeira não permite mais desfrutar de momentos de lazer: “[...] Viagem eu gosto, só falta o dim-dim pra viajar [...] Uma amiga que faz hidroginástica disse que dorme tão bem... ainda não consegui comprar o material para fazer, maiô e touca são caros, então não faço, tenho que esperar mais um tempo”. Também M3 se queixa da falta de dinheiro para viajar: “[...] Viagem: Ai, adoro viajar. Não viajo mais por que não tem condições financeiras, mas quando era mais jovem colocava minha mochila nas costas e me mandava, mesmo com salário de professora eu viajava para todos os lugares [...]”. M3 diz também: “Gosto muito de dançar, mas vou dançar aonde? Não tem onde dançar. E isso eu também resolvi fazer sozinha em casa. Fiz biodança. Agora um problema da dança que eu vejo, é você, principalmente na minha idade, porque a gente fica mais seletiva.[...]”. Ela considera que o parceiro de dança tem que ser adequado a ela: “[...] lugares para idosos, ali tem todo tipo de pessoas, não estou interessada em dançar com velho chato... nunca dancei com qualquer pessoa e não é agora que eu vou, só porque estou velha [...]”. H1 foi ao teatro como estudante, no entanto, o conhecimento de que ele poderia ter esse acesso não foi acessível e possível. Neri (2007) assevera que o senso de autonomia é um importante aliado para a qualidade de vida do idoso. Devido à impossibilidade de mudar aspectos do meio físico, como ruas e calçadas apropriadas, pode causar-lhes sentimento de fracasso, advindo do não conseguir ser como era antes e ao atribuírem tais fracassos às dificuldades pessoais. Deste modo, os idosos são assaltados por uma sensação de ineficácia, o que implica em como eles percebem as suas vidas e lhes atribui sentido. 36 Repercussão das atividades na vida do sujeito: percepção na Satisfação. O terceiro tema de análise se refere ao aprofundamento da percepção da satisfação, uma vez que os resultados e as análises acima dão conta da diversidade de percepções, de suas dimensões positivas. Na medida em que a população idosa aumenta na sociedade, torna-se cada vez mais imperativo examinar como as pessoas idosas experienciam e avaliam melhor a qualidade de vida e de bem-estar. Entre os fatores que contribuem para a avaliação da qualidade de vida está a participação do idoso em atividade de lazer. Para o sociólogo Dumazedier (1976) o lazer pode ser entendido como movimento ativo do tempo dedicado para si mesmo. Segundo a Carta Internacional de Educação para o Lazer (2005), o entretenimento é promotor de saúde e bem-estar, que propicia prazer nas atividades que uma pessoa elege para si. Tais benefícios estão também ligados às interações sociais e à estimulação intelectual do idoso (WANG, KARP, WINBLAD; FRATIGLIONI, 2002). O lazer como movimento ativo pode ser evidenciado por meio das falas dos participantes da pesquisa e dos autores referenciados. Pode-se afirmar então que o lazer promove a heterogeneização cultural na medida em que fortalece a socialização da pessoa idosa. Na interação com o meio e com os mais jovens, esse movimento ativo favorece a construção dos sentimentos de pertença e aceitação social, possivelmente otimizados pelas oportunidades que emergem dessas interações, nas quais repercutem na vida do sujeito e na percepção da Satisfação. Diz M1: [...] Tudo é melhor, não tomo remédio não tomo nada, o único remédio é um mocotozinho de vez em quando, uma feijoada [risos]. Mas quando eu comecei a fazer, senti a diferença, e grande, de movimento que você faz... Tem uma colega aqui outra ali brincando... Isso aqui é um lazer mesmo, todo mundo brinca, a mais velha sou eu, mas todo mundo me respeita, tem gente de todas as idades, jovem, crianças. (M1) Nas questões sobre a repercussão das atividades de lazer na sua vida diária, a participante com as mãos na toalha de crochê, responde animada “E não é por isso mesmo que eu tenho minha idade desse jeito (risos), porque se você brinca, se você conversa, não tem raiva, se me trata bem, parece que você fica mais jovem”. (M1). Ainda afirma: “Aqui me 37 sinto entrosada, se eu não sei uma coisa a outra sabe, a gente se ajuda. Se não fizer assim sua memória nunca sai do lugar. Se não fizer atividades, a sua mente não sai do lugar”. M2 chama a atenção para o fato de ser humanamente tratada: “Todo mundo me trata como gente mesmo, porque antigamente véio era jogado no lixo, agora não, agora véi tá bom, e ai daquele que não tratar bem”. Reitera a respeito das atividades múltiplas: a cabeça fica bem melhor. Sim, porque uma conta uma coisa, dali outra conta outra, sorri daqui e daí, conta história e daí a gente fica bem amimada. O tempo passa e a gente volta bem animada pra casa”. Assim, infere-se a valorização da saúde mental e a comunicação: Agora a cabeça melhorou, porque antes quando a gente não fazia atividades ficava parada pensando nas coisas da vida, fazendo uma atividade não, esquece do resto do mundo, faz bem pra saúde mental. A gente conhece gente nova que não conhecia. Maravilhoso. (M2) Ajuda na comunicação, tanto aqui como em casa também... Em casa, chego contando o que aprendi hoje, e eles gostam, fico muito feliz... Aqui a gente troca ajuda... E aí quando aprende algo e a gente chega em casa e mostra, a filha fala: ‘Parabéns mamãe, parabéns!’ e a gente fica feliz. (M2) O sentimento de felicidade de M2, do reconhecimento de seu trabalho produzido no ICC, representa o sentimento de utilidade que, por vezes, se esvazia e assalta algumas pessoas na idade adulta, principalmente depois que os filhos crescem e vem a aposentadoria. M2 também se coloca bastante positiva. As atividades ajudam no seu humor: “às vezes a gente amanhece com mau humor e vem pra cá e fica melhor, [faz] bem pra autoestima, sorri melhor.” As atividades físicas estão geralmente associadas basicamente ao corpo, no entanto para M3 expressa um momento de reflexão. Na caminhada tem a parte física e tem a subjetiva, porque quando a gente caminha a gente tá liberando uma série de emoções também. Então caminhar representa muita coisa pra mim... Caminhar representa essa ação, estar em movimento, não uma pessoa de ficar ligada no passado. Eu gosto de coisas sempre em frente, dificuldades da vida passando sempre em frente. Então caminhar tem a ver com essa coisa interna minha. (M3) M3: “Então o lazer, apesar de todo estresse que eu vivi quando era professora, mas eu fazia aquilo porque era lazer pra mim... Digo lazer no sentido de prazeroso pra mim”. M3: “O envelhecimento é do corpo, mas o espírito continua a crescer”. 38 H1 conta de um sonho que deseja realizar. Para tanto, ele vê a necessidade de contornar certas barreiras que foram construídas ao longo de sua vida. Encontra em suas atividades de lazer uma oportunidade de rever alguns padrões, que segundo seu relato, era bastante rígido e que o limitou. A atividade de lazer tem tido repercussões enormes em sua vida, no tocante à auto-reflexão, à autonomia e à ressignificação em sua história de vida. Eu me aproximei desse grupo querendo realizar um sonho... Meu primeiro contato foi a psicóloga, que me ajudou a chegar lá. Antes não gostava de psicólogos, mas hoje entendo a importância da terapia, mas quando me vi apertado, eu fui. (H1) H1: “Me distrai, entrar em contato com outras pessoas do teatro... e daí a gente vai aprendendo que a vida é assim. Se pudesse viver 200 anos, bem... seria bom. Mas na vida tudo tem uma razão”. H1: “Então esse meu hábito do exercício me proporciona a fazer esses exercícios e outros também, e ativa a memória”. Na questão: Como H1 percebeu as atividades na sua satisfação com a vida? H1: “Sinto muito bem, o médico disse que vou passar de cem anos assim. Que seja verdadeiro. A vida é difícil, mas ninguém quer sair. O universo é um cérebro gigantesco. Deus que faz tudo, o homem só descobre”. H1: Me sinto muito satisfeito, porque não esperava chegar nessa idade e aqui estou. Fiz uma cirurgia de próstata aos 74 anos e deu tudo certo. Só não é melhor porque perdi minha esposa, depois de 50 anos juntos ela faleceu. Dizem que papagaio velho não aprende a falar... Eu estou aprendendo várias coisas novas. Então lá no curso eu estou me saindo, aprendendo a representar, às vezes erro né... Em outra época se eu errasse a cara caía no chão, mas agora não... Errei, errei tá bom. Em outra época era vixi... Então, não é tanto, [mas] eu tô vencendo as dificuldades, essas coisas né, e to indo. (H1) Ao final da entrevista H1 pediu um feedback da entrevista, e após explicação de que não havia um resultado, por não se tratar de um teste, o entrevistador disse: “Pude perceber que o senhor tem se desafiado nesse seu novo lazer.” H1 ficou em silêncio reflexivo e disse: 39 H1: “Você vai ser uma boa psicóloga, (sorrimos)... Você falou algo muito certeiro de mim... Estou me desafiando. Me expondo, errando e procurando acertar, um lugar onde posso errar. Estou muito satisfeito com sua entrevista”. H1: Essas atividades de lazer vêm para complementar meu prazer de viver. Minha alegria. 40 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO As reflexões discutidas têm como orientação as leituras sobre o envelhecimento e as questões pertinentes aos temas que foram destacados, a partir da análise dos relatos dos entrevistados. Portanto, a fim de alcançar os objetivos desse estudo, é possível compreender a percepção dos idosos e sua relação entre a satisfação com a vida, as atividades de lazer e cultura. Relação das Atividades de Lazer e a percepção da Satisfação Nesta pesquisa os idosos têm renda familiar que varia de um (1) a oito (8) salários mínimos, e grau de escolaridade de nível básico ao superior. Foi possível observar que os idosos com renda superior relatam maior participação em atividades cognitivas - de leitura, habilidades musicais e culturais - enquanto os de menor renda se encontram em atividades práticas manuais. Outro aspecto que se destaca é que os entrevistados fazem atualmente a maioria das atividades que já, exerceram durante sua vida. O entrevistado H1 foi músico em banda e fez leituras sobre a história da música. M1 e M2 fazem atividades instrumentais de crochê bordada, e assistem à televisão, afirmam que tais atividades estiveram incluídas nas tarefas domésticas do seu cotidiano; M3 participa de vários grupos de estudo, o que se assemelha com sua profissão de professora, portanto, as atividades de lazer escolhidas, são também sócio-históricas. Cabe frisar, assim como referido na fundamentação, o lazer como valor e percepção diferenciada para cada um, de acordo com seus interesses, e ainda mais importante, em decorrência de sua subjetividade. O conceito de lazer é atribuído por Dumazedier (1976) à atividade que uma pessoa escolhe fazer, desde que estas sejam atividades que conciliem com seus interesses pessoais e sua vontade de fazê-las. Assim sendo, no momento em que o idoso se percebe em uma atividade prazerosa, provavelmente ele conecta-se com o sentimento de reconhecimento de si mesmo, bem como o de autovalorização, que tem como resultado principal a satisfação. Tal conceito se revela na fala de M2 no relato sobre os artesanatos que aprende no CCI: “E aí quando aprende algo e a gente chega em casa e mostra, a filha fala: - parabéns mamãe! 41 parabéns! E a gente fica feliz... Em casa chego contando o que aprendi hoje, e eles gostam, fico muito feliz”. Tal relato mostra a importância do papel família na valorização da autoestima do idoso. De acordo com Saad (1997), a tendência em países desenvolvidos é atribuir ao setor público a responsabilidade pelos seus idosos. No Brasil, entretanto, quando se trata de reconhecimento e valorização da autoestima, o respaldo familiar ainda é o mais importante. Elementos das falas de H1, sobre as atividades que vivencia no grupo de teatro do qual faz parte, pode revelar valor terapêutico que ali é atualizado. É possível que a ludicidade desta linguagem contribua para o aumento do referido valor. H1 relata que a prática teatral o ajudou a elaborar vivências negativas do passado, pois, segundo ele, hoje busca em suas atividades de lazer o suporte para elaborar e ressignificar tais experiências. H1 avalia também que o teatro como atividade de lazer, é ainda um ambiente favorável à interação social, uma vez que ele pode ser ele mesmo, e sua idade não interfere na forma de tratamento que recebe na convivência com pessoas mais jovens. Ele diz que se sente respeitado em seu processo de desenvolvimento desta atividade de lazer da qual ele participa a pouco tempo, e que ele mesmo jamais pensava ser possível na vida de um idoso de 84 anos de idade. A maneira como os idosos se envolvem nas atividades de lazer pode ser pensada como uma manifestação de estratégias que o idoso adota para lidar com eventos estressantes, ocasionados ao longo do curso de vida. Estudiosos do envelhecimento, como Neri (2001), asseveram que há estratégias, principalmente entre as mulheres de classe média baixa, para lidar com situações da vida. Socialmente, o lazer se apresenta como um grande aliado contra o isolamento, a perda do papel social e de possíveis maus tratos, pois nestes espaços, os idosos podem ampliar sua comunicação, compartilhar informações, dividir afetos e angústias, aumentar ou adquirir conhecimento sobre seus direitos. As atividades de lazer percebidas pelos idosos entrevistados contribuem ainda para o contato com intergeracionalidade, que por sua vez coopera para mitigar possíveis preconceitos sociais contra idosos. M1, por exemplo, ao referir-se ao lugar onde pratica suas atividades “[...] Trabalha com sua mente, a mente já é outra. Todos me tratam como gente mesmo [...] isso aqui é um lazer mesmo, todo mundo brinca, a mais velha sou eu, mas todo mundo me respeita, tem gente de todas as idades, jovem, crianças”. 42 Assim como M1, outro participante, M3, percebe o quanto o envolvimento nas atividades de lazer trouxe-lhe benefícios no tocante à identidade social, e relata: “[...] É interessante porque esses jovens... São jovens, mas estão ali procurando a mesma coisa que eu, que é ter mais qualidade de vida, pois tem uma comunhão de interesses [...]”. Todos os idosos entrevistados entendem que a interação social em suas atividades de lazer lhes proporciona adicionar em suas vidas mais humor, mais identidade e significado à vida. Avaliam que a participação nesse meio social favoreceu a afetividade entre si, bem como o surgimento de novas amizades. Acesso às atividades de Lazer e a percepção da Satisfação Na análise das respostas referentes ao acesso às atividades de lazer, duas de quatro participantes (M1, M3), fizeram observações quanto ao acesso às suas atividades e apontaram para falta de segurança, o custo das atividades e pouco transporte. Ainda para M3, as atividades de lazer propostas ao público idoso, principalmente em Centros de Convivência, são passíveis de uma crítica severa, pois segundo ela são generalistas. Os programas para idosos assumem que todas as pessoas com idade entre 60 e 94 anos têm os mesmos interesses, portanto as opções são restritas. A experiência da participante M2 demonstra que há diferenças no que se refere ao que M3 chama de generalização, uma vez que no CCI por ela frequentado há oficina de artesanatos, aulas de natação e hidroginástica, passeios a bibliotecas, além de exibição de filmes. Neste caso o idoso pode escolher a atividade de acordo com afinidade, disposição e disponibilidade. As diferentes concepções do CCI reportadas nas falas de M1 e M3 possibilitam fazer duas observações: a primeira, no caso de M3, que a situação revela a pouca divulgação e informação a respeito dos Centros de Convivência de idoso; na segunda, um olhar mais otimista, que reafirma o conceito de lazer, ou seja, entender o lazer como as atividades que a pessoa elege para si e a percebe como satisfatória. Designa autonomia da escolha. Corrobora assim, com o conceito de lazer inscrito na Carta Internacional de Educação para o Lazer (1993) onde o lazer é promotor da saúde e do bem-estar e que propicia prazer nas atividades que uma pessoa elege para si, independentemente do olhar do outro. 43 Relação da Atividade Física e da percepção da Satisfação Todaro e Filho (2013) destacam que entre os benefícios à saúde, atribuídos à prática da atividade física, estão: saúde física, social, cognitiva e afetiva. Pondera ainda que, para o idoso aderir a uma atividade física, deve-se, individualizar os programas de atividade física, quer dizer, aproximar essas atividades àquilo que os idosos têm mais afinidade, baseadas em suas vivências e sua cultura. Todos os participantes consideram a atividade física um lazer. As participantes M1 e M2, que frequentam o CCI, consideram que a prática da atividade física, além de exercitar o corpo, favorece o encontro entre as pessoas, promove a troca de experiências, o diálogo entre os pares acontece com maior fluidez. No caso de modalidades físicas, como fazer aula de natação, auxilia na melhora da qualidade do sono; a capoterapia propicia a melhora dos movimentos das articulações e favorece uma respiração mais completa. A participante M3 faz caminhada há anos, ela identifica no caminhar momentos de reflexão e produção de pensamentos sadios e H1 diz “também tem caminhado durante boa parte de sua vida”. Ele atribui a esta atividade a tonificação dos músculos, de modo a possibilitá-lo a fazer outros exercícios que exigem equilíbrio físico, como yoga. Para os idosos entrevistados, as atividades físicas proporcionam saúde para serem capazes de ir sozinhos aos lugares de interesse, uma vez que facilita o caminhar sem apoio de bengalas ou carrinhos. Desta maneira, podem chegar inclusive às suas atividades de lazer sem depender que familiares os levem, ou seja, ter autonomia física e mental. De acordo com a OMS (2005), a autonomia do idoso é uma das chaves para emancipação, é entendida como a liberdade de tomar decisões e lidar com suas habilidades, de acordo com suas próprias regras e preferências. Contudo, para que o idoso alcance a autonomia e envelheça de maneira ativa em seu processo, não basta apenas ter saúde física, mas também ter acesso às atividades por eles elegidas como lazer, previstos no plano de ação da Cidade Amiga do Idoso (2008). Entre o conjunto de benefícios percebidos na prática das atividades físicas, dois benefícios foram os mais citados pelos participantes: saúde física e mental. Mediante os dados obtidos nos resultados da tabela da Escala de Satisfação com a Vida, constatamos que foi unânime a consideração de satisfação com a vida atual. Entretanto, 44 todos consideram que mudariam os aspectos de desprazer que se deu no passado, assim como no momento atual da vida, ainda existam aspectos a serem melhorados. Aqui se observa a dialética natural, prevista e saudável da vida. 45 6. CONCLUSÃO Compreender a relação entre lazer cultural e percepção da satisfação com a vida da pessoa idosa é um desafio presente tanto no âmbito das Políticas Públicas quanto nas instituições acadêmicas. Acredita-se que este estudo possa contribuir no processo desta compreensão. Nesta pesquisa conclui-se que a prática do lazer e de atividades culturais corrobora com os propósitos do conceito de multidimensionalidade e heterogeneidade do processo de cada pessoa. Cabe na definição de atividades de lazer, como foi relatado pelos participantes: a produção de artesanato, atividades cognitivas - grupo de estudos, aula de artes cênicas. As atividades lúdicas também estão incluídas como as que fazem parte do envelhecimento ativo, pois promovem melhora na condição física, no humor, na atitude diante da vida atual, favorece a autoestima, sentimento de pertencimento e identidade social. Do mesmo modo, a prática dos exercícios físicos, especialmente quando contextualizada em um quadro, tem contribuído para a saúde física, mental e para a interação social, na medida em que percebem as diferenças no corpo e na mente antes e depois de seu envolvimento nessas atividades. Entre as melhorias físicas percebidas estão: o fortalecimento do tônus muscular, melhor funcionamento das articulações, melhor equilíbrio motor e maior sentimento de utilidade. Embora os idosos avaliem que em geral estão satisfeitos com sua vida e que há políticas públicas à favor da melhoria da qualidade de vida, declaram que a cidade ainda não oferece opções de atividade de lazer e qualidade de vida adequada, tanto em diversidade quanto em viabilidade econômica. 46 CONSIDERAÇÕES FINAIS O lazer tem o papel mediador entre a cultura de uma sociedade, ou de um grupo, e as reações de um indivíduo às situações da vida cotidiana (Dumazedier, 1976). A pesquisa alcançou seus objetivos, e pode mostrar que as atividades físicas trazem possibilidades de novos contatos sociais para a prática de exercício físico. Além disso, contribuem para a manutenção da saúde física e para as relações sociais de pessoas idosas. Mostrou também que o lazer é, para a pessoa idosa, possibilidades de interação, participação social, identidade, significação e autonomia. A pesquisa está em conformidade com outras pesquisas que trabalham a temática, assim, a título de endossamento de resultados, serão aqui citadas duas pesquisas. A primeira, de Franciscatto et al. (2013), a referida pesquisa trata-se de revisão bibliográfica acerca das melhorias na qualidade de vida proporcionada aos idosos, com ênfase nas atividades físicas e de lazer. Assim, os autores afirmam que as práticas de exercícios físicos contribuem, de uma forma efetiva, na obtenção e na manutenção da saúde. Estas são utilizadas de forma terapêutica, para fins de socialização, ou simplesmente em busca do prazer em realizar as atividades escolhidas. A segunda pesquisa, em: Rolim e Forti (2013), é abordada a contribuição das atividades físicas para a saúde e qualidade de vida na velhice, e salienta os benefícios de natureza psicológica atribuídos às atividades físicas. Asseguram que no aspecto psicológico encontra-se a melhora da estética corporal, autoestima e autoimagem; melhora da integração e socialização de alguns aspectos cognitivos; e inserção em um grupo social como benefícios associados à atividade física. O direito à cultura deve ocupar lugar central nas considerações das questões de direitos humanos, no sentido de promover uma organização mundial mais justa, não apenas no sentido distributivo, mas inclusivo e, no caso do tema estudado, da população idosa. Nesse sentido, as atividades culturais são parte do desenvolvimento humano, desde que haja respeito, aceitação da individualidade de escolhas. No entanto, é preciso haver possibilidades de escolhas, posto que há diversidade no processo de envelhecimento. A metodologia da pesquisa foi adequada por permitir uma aproximação da Escala de Satisfação com a Vida, que mostrou a diferença de percepção hoje e antigamente. Em 47 comparação ao passado os idosos avaliam que a vida hoje é satisfatória. No entanto, satisfatório não garante qualidade de vida. Ainda se pode observar que as políticas de acesso à cultura deixam a desejar, embora as iniciativas do CCI e do Teatro tenham se mostrado fundamentais. Segundo o relatório da Global Age Watch 2014, o Brasil ocupa o 58º lugar do ranking mundial de qualidade de vida da população idosa. No domínio de Ambientes Favoráveis aos idosos, o Brasil caiu do 47 º para o 87o lugar. O acesso a maior diversidade de lazer depende da renda, que está relacionada à desigualdade de oportunidades. A avaliação da percepção mostra que na velhice há invenção, criatividade, embora o envelhecimento seja inexorável (FALEIROS, 2008). Cabe aqui resgatar a fala da participante M2 quando afirma: “Esse caminho do aprender não tem fim. O que tem fim é o nosso caminho de vida, mas o caminho do aprender não tem fim.” Essa afirmativa reflete sobre o que diz Silva (2008), sobre a imagem tradicional associada ao idoso, de descanso eterno e inatividade, esta tem sido substituída por um modelo ativo, participativo, criativo, identitário à satisfação pessoal e a vínculos de afeto. 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, K. B. G. O resgate da memória no trabalho com idosos: o papel da educação física. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade de Campinas, São Paulo, 2001. ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE RECREAÇÃO E LAZER. Carta internacional de educação para o lazer. Israel. Jerusalém: Seminário Internacional de educação para o Lazer, 1993 [online]. Disponível em: <http://www.saudeemmovimento.com.br/profissionais/legislation/index.htm>. Acesso em: 20 maio. 2014. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. 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Etapa Período- Meses 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Encontros com orientador X X X X X X X X X X Levantamento bibliográfico X X X Seleção do material bibliográfico Elaboração das categorias analíticas do estudo X X X X X X Sistematização dos dados X X X Relatório Final X X X X Coleta de dados Interpretação dos dados X X X (Modelo para a elaboração de um cronograma seguindo sugestão de Barros e Lehfeld, 1990). 55 ANEXO B - TCLE TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO O (a) Senhor (a) está sendo convidado (a) a participar da pesquisa intitulada: Lazer, Cultura e Satisfação com a Vida de Pessoas de Idosas. Sob responsabilidade do Prof. Vicente de Paula Faleiros e a aluna Ana Paula Carlos de Souza Ludewigs. O objetivo desta pesquisa é: compreender a percepção de pessoas com 60 anos ou mais sobre a relação entre o lazer cultural e recreativo e a satisfação com a vida a partir da percepção da pessoa idosa. O(a) senhor(a) receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no decorrer da pesquisa e lhe asseguramos que seu nome não aparecerá sendo mantido o mais rigoroso sigilo através da omissão total de quaisquer informações que permitam identificá-lo(a). Senhor (a) pode se recusar a responder qualquer questão que lhe traga constrangimento, podendo desistir de participar da pesquisa em qualquer momento sem nenhum prejuízo para o (a) senhor (a). A sua participação será da seguinte forma entrevista será apresentada um roteiro de entrevista semiestruturada que para melhor transcrição das informações, a entrevista será gravada, terá questões relacionadas à satisfação com a vida e lazer. O tempo estimado para sua realização: 60minutos. Os resultados da pesquisa serão divulgados na Instituição de ensino superior, Universidade Católica de Brasília podendo ser publicados posteriormente. Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficarão sobre a guarda do pesquisador. Este projeto possui os seguintes benefícios: Compreensão do envelhecimento e da qualidade de vida, e apresenta os seguintes riscos: dúvidas, vontade de desistir que serão trabalhadas com informação sobre as mesmas e sobre a liberdade de desistir, que serão minimizados através da escuta e esclarecimento do tema. Se o (a) Senhor (a) tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, por favor, telefone para: Prof. Vicente de Paula Faleiros, na instituição Universidade Católica de Brasília. Telefone: 33492659. Este projeto foi Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UCB, número do protocolo ________. As dúvidas com relação à assinatura do TCLE ou os direitos do sujeito da pesquisa podem ser obtidos também pelo telefone: (61) 3356-9784. Este documento foi elaborado em duas vias, uma ficará com o pesquisador responsável e a outra com o voluntário da pesquisa. ______________________________________________ Nome / assinatura ____________________________________________ Pesquisador Responsável Nome e assinatura Brasília, ___ de __________de _________ 56 ANEXO C - ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA INVESTIGAÇÃO DAS ATIVIDADES DE LAZER E SATISFAÇÃO COM A VIDA. Este instrumento foi elaborado com o objetivo investigar a percepção de pessoas com 60 anos ou mais sobre a relação entre o lazer cultural e recreativo e sua qualidade de vida. Nome da pessoa idosa entrevistada: ________________________________________________________________ Idade: _____________ Gênero: ______________________ Escolaridade: ___________________Renda _____________Moradia_________ Religião________________ Estado Civil_______________________________ Participa de Algum Centro de Convivência______________________________ Exercício Físico – Praça (__) e/ou Parque (__) Academia (__) Trabalho- Aposentado (__) – voluntariado (__) ATIVIDADE SIM NÃO FREQUÊNCIA TV Cinema Teatro Música Caminhar Cozinhar Dança Festa Viagem Leitura 1. Como percebe a(s) atividade (s) em seu corpo (antes e depois)? – cardiologia- dor- Articulação, caminhar (AVDs). 2. Como percebe a(s) atividade (s) na sua relação com amigos? 3. Quais as dificuldades encontradas para essas atividades?- Cidade (moradia, rua as calçadas o acesso, o transporte). 4. Como as atividades são vistas no seu meio social? – Troca social. 57 ANEXO D – ESCALA Satisfaction With Life Scale (SWLS) Encontra a seguir cinco afirmações com as quais pode concordar ou discordar. Utilizando a escala de 1 a 7 abaixo indicada, refira o seu grau de acordo com cada item colocando o número apropriado na linha que precede cada um deles. Procure ser sincero nas respostas que vai dar. Eis a escala de 7 pontos: 1 – totalmente em desacordo 2 – em desacordo 3 – mais ou menos em desacordo 4 – nem de acordo nem em desacordo 5 – mais ou menos de acordo 6 – de acordo 7 – totalmente de acordo 1. Em muitos aspectos, a minha vida aproxima-se dos meus ideais. 5 6 7 1 2 3 4 2. As minhas condições de vida são excelentes. 1 2 3 4 5 6 7 3. Estou satisfeito com a minha vida. 1 2 3 4 5 6 7 4. Até agora, consegue obter aquilo que era importante na vida. 5 6 7 1 2 3 4 5. Se pudesse viver a minha vida de novo, não alteraria praticamente 1 5 6 7 nada. 2 3 4 58 ANEXO E – PARECER CONSUBSTANCIADO DADOS DO PROJETO DE PESQUISA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA - UCB PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP Título da Pesquisa: Lazer, Cultura e Satisfação com a Vida de Pessoas de Idosas. Pesquisador: Vicente de Paula Faleiros Área Temática: Versão: 2 CAAE: 35571314.7.0000.0029 Instituição Proponente:Universidade Católica de Brasília - UCB Patrocinador Principal: Financiamento Próprio DADOS DO PARECER Número do Parecer: 827.544 Data da Relatoria: 03/10/2014 Apresentação do Projeto: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, a qual irá investigar a importância de algumas atividades de lazer na satisfação com a vida em homens e mulheres idosos. Por meio de entrevistas os autores irão avaliar a percepção destes idosos e idosas com relação a importância de atividades culturais de lazer como cinema, teatro, leitura e outros e avaliarão também a satisfação com a vida deste público. Objetivo da Pesquisa: Avaliação da percepção subjetiva da satisfação de vida e sua relação com o lazer de idosos e idosas. Avaliação dos Riscos e Benefícios: Já apresentado Comentários e Considerações sobre a Pesquisa: Como trata-se da segunda avaliação, cabe ressaltar que os autores cumpriram com todas as solicitações iniciais de alterações. Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória: Já apresentado 59 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA - UCB Continuação do Parecer: 827.544 QS 07 Lote 01 EPCT - Anexo Bloco Central - Bloco- L Sala -14 Endereço: Taguatinga Bairro: UF: DF CEP: 71.966-700 Município: Telefone: (61)3356-9784 BRASILIA Fax: (61)3356-3010 E-mail: [email protected] Página 01 de 02 Recomendações: Sugere-se aos autores que não investigem somente as experiências Culturais do Lazer, mas sim todas elas como esportivo, manual, virtual, turistica dentre outras. Ver literatura de Marcelino. Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações: Os autores apresentaram todas as justificativas e alterações solicitadas no primeiro parecer. Assim considero o projeto apto a ser executado. O documento apresentado, responde às exigências feitas. O projeto atende aos requisitos fundamentais da Resolução CNS 466/12 e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UCB. Após a conclusão da pesquisa é compromisso dos/das proponentes a entrega de relatório final ou versão final do trabalho. Situação do Parecer: Aprovado Necessita Apreciação da CONEP: Não Considerações Finais a critério do CEP: BRASILIA, 10 de Outubro de 2014 Assinado por: Yomara Lima Mota (Coordenador)