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ISSN 1679-0189
o jornal batista – domingo, 22/05/11
Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira Fundado em 1901 Rua Senador Furtado, 56 . RJ
Leia nesta edição de OJB uma entrevista
exclusiva com um missionário dos batistas
brasileiros que atua em um país do sul da
1
Ano CXI
Edição 21
Domingo, 22.05.2011
R$ 3,20
Ásia e que tem como um de seus desafios
compartilhar o amor de Cristo Jesus junto
a muçulmanos. (Páginas 8 e 9)
Pastor
também
é gente...
Em um artigo especial para OJB, o pastor
e educador Lourenço Stelio Rega faz uma
profunda reflexão sobre as necessidades
e limitações daqueles que se dedicam ao
ministério pastoral, lembrando que, acima
de tudo, eles também são gente. (Página 15)
2
o jornal batista – domingo, 22/05/11
reflexão
EDITORIAL
O JORNAL BATISTA
Órgão oficial da Convenção Batista
Brasileira. Semanário Confessional,
doutrinário, inspirativo e noticioso.
Fundado em 10.01.1901
INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189
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W.E. Entzminger
PRESIDENTE
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DIRETOR GERAL
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a opinião do Jornal.
DIRETORES HISTÓRICOS
W.E. Entzminger,
fundador (1901 a 1919);
A.B. Detter (1904 e 1907);
S.L. Watson (1920 a 1925);
Theodoro Rodrigues Teixeira
(1925 a 1940);
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Almir Gonçalves (1946 a 1964);
José dos Reis Pereira
(1964 a 1988);
Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e
Salovi Bernardo (1995 a 2002)
INTERINOS HISTÓRICOS
Zacarias Taylor (1904);
A.L. Dunstan (1907);
Salomão Ginsburg (1913 a 1914);
L.T. Hites (1921 a 1922); e
A.B. Christie (1923).
ARTE: Oliverartelucas
IMPRESSÃO: Jornal do Commércio
(21) 2223.8510
A
o se estudar as
Ciências Humanas é possível
perceber que o
conceito de comunicação
experimentou variações no
decorrer do tempo. Inicialmente, entendia-se que o
ato de comunicar consistia
basicamente a transmitir
uma mensagem de um indivíduo para o outro: O
foco estava na mensagem,
no canal e no emissor, enquanto pouca atenção se
dava ao receptor.
Contudo, o tempo passou
e o olhar dos pesquisadores desta área das Ciências
Sociais Aplicadas mudou.
Assim, o receptor deixou o
papel de coadjuvante para
assumir um papel central
neste processo.
Isto fez com que uma das
mudanças mais marcantes
do que podemos chamar
de paradigma comunicacional seja justamente
a importância cada vez
maior dada à opinião do
público.
Milagre
• O ideal é que não fosse
necessário passarmos por
provações para nos aproximarmos mais de Deus. Como
seus filhos, pelo grande amor
de Jesus, devia ser natural
que o amor e a paz de Cristo fossem vistas em nós e
através de nós (comentário
sobre o artigo “Um milagre
para todos”, de autoria do
pastor João Falcão Sobrinho
e publicado na edição de 8
de maio de OJB).
Jacy França e Silva, pelo
OJB on-line.
Policiais
• Caro irmão João Falcão
Sobrinho, sou um leitor assíduo de O Jornal Batista e,
analisando a sua colocação
no artigo “A falta que faz o
amor” (publicado na edição
de OJB de 24 de abril), verifico sua total parcialidade
e aversão com relação aos
policiais de nosso país. Vi
que o senhor generalizou
todos os policiais existentes
como pessoas que usam seus
armamentos e autoridade,
delegados pelo Estado, para
cometerem atos condenáveis.
Atenta a esta transformação, a Convenção Batista Brasileira (CBB) oferece
uma variedade cada vez
maior de canais para que
você possa expressar suas
ideias em relação aos temas
que envolvem o mundo
batista.
Começando por O Jornal
Batista, passando pelo Portal
Batista, pelas listas de debate
pela internet e chegando às
comunidades das redes sociais, a CBB oferece a você
canais através dos quais
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Julgo que a análise feita pelo
irmão está equivocada, pois
em todas as classes sociais, e
em todos os níveis, existem
os bons e os maus profissionais. Sou um membro ativo
do corpo de Cristo, pertenço
à Igreja Batista em Camobi,
e sou policial militar há 22
anos e não aceitei a colocação
efetuada pelo amado irmão.
Não são todos os policias que
assim agem, pois o que uma
minoria (e diga-se até ínfima
parcela) faz não é o comum
e nem praticado pelo todo.
Por isso peço com amor ao
amado irmão que analise a
sua colocação, pois não podemos pôr em um cesto um
todo pelo ato de poucos.
Adilomar Lopes Moreira,
Camobi (RS).
Sonhar o futuro
• Achei muito interessante
o relatório (publicado na
As mensagens enviadas devem ser concisas e identificadas (nome
completo, endereço e telefone). OJB se reserva o direito de publicar
trechos.
As colaborações para a seção de Cartas dos Leitores podem ser
encaminhadas por e-mail ([email protected]), fax (0.21.21575557) ou correio (Rua Senador Furtado, 56 - CEP 20270-020 - Rio
de Janeiro - RJ).
você pode se inteirar sobre
o que acontece no mundo
batista e também expressar
sua posição pessoal sobre as
mais diversas situações.
Assim, o nosso convite,
neste Dia da Comunicação
Batista, é que você envie
sua carta para OJB, comente
as notícias do Portal Batista
e expresse seu posicionamento pelas comunidades
sociais, de forma que a Comunicação seja um campo
cada vez mais desenvolvido
em nosso meio. (FAL)
edição de 3 de abril de OJB)
da primeira reunião do Conselho Geral da Convenção
Batista Brasileira (CBB), principalmente sobre a proposta
de “sonhar o futuro” feita
pelo presidente Paschoal
Piragine Júnior. Contudo,
senti falta da inclusão do
tema família nas áreas escolhidas para reflexão sobre o
futuro da denominação. Não
percebi em todo o relatório
nenhum plano estratégico
voltado para o tema citado. Será que as famílias das
nossas igrejas já alcançaram
o nível de maturidade espiritual para que não precisem
mais de apoio e orientação
da igreja? Estarão as igrejas
preparadas para orientar nossos jovens para os desafios
atuais e futuros com relação
à constituição familiar? E os
nossos adolescentes? Como
a igreja deve cuidar deles?
Gostaria de conhecer quais
são as propostas da nova diretoria para o assunto família
cristã e seus desafios para
poder sonhar com o futuro
da instituição batista brasileira. Não se pode sonhar o
futuro sem incluir a questão
das famílias.
Hudson de Oliveira Maia,
Manaus (AM).
o jornal batista – domingo, 22/05/11
reflexão
C
omeço agora a refletir sobre as cinco
marcas da verdadeira espiritualidade,
tomando como base o texto
bíblico de Colossenses 3.1-4.
Desde a conversão, somos
sempre desafiados a escolher
uma entre duas alternativas:
Viver segundo a carne ou viver segundo o Espírito. Todo
aquele que experimenta agora a nova vida em Cristo,
mas ainda continua inserido
numa sociedade orientada
por princípios e valores da
velha vida, precisa estar sempre pronto a optar por um de
dois caminhos.
O apóstolo Paulo deixa
claro no texto de Gálatas
5.16-18 e 24-25 que a verdadeira espiritualidade é experimentada por quem anda
de acordo com a orientação
do Espírito. Com essa definição paulina, fica para trás,
logo de saída, uma série de
conceitos equivocados sobre
espiritualidade.
Espiritualidade não é viver
de acordo com uma série de
regrinhas estabelecidas pela
religião. Espiritualidade não
é transpirar dons do Espírito
por todos os poros, nem caminhar constantemente entre
prodígios e maravilhas. Não
é, de igual modo, ficar enfurnado ou trancado dentro de
um quarto para ler a Bíblia e
orar o dia inteiro.
Espiritualidade mesmo tem
a ver com andar e viver de
acordo com as orientações
do Espírito. E é participar da
vida de acordo com essas
mesmas orientações.
A verdadeira
espiritualidade
começa por dentro
A verdadeira espiritualidade é algo que, antes de
qualquer coisa, acontece por
dentro de nós. É algo ligado,
primeiramente, ao interior e
não ao exterior. Uma pessoa
pode até parecer espiritual
para quem a observa por
fora, enquanto não passa, na
verdade, de alguém que cultiva e nutre desejos carnais no
coração e na mente.
Francis Schaeffer lembra
que nos Dez Mandamentos dados a Moisés a última
palavra de ordem condena
a cobiça. Para ele, a ordem
para não cobiçar “é o mandamento interior que mostra ao
homem que se julga moralmente reto, que ele realmen-
te precisa de um Salvador.
Tal homem moral médio,
que tem se comparado com
outras pessoas e com uma
lista bastante fácil de regras
(mesmo se elas lhe causam
alguma dor e dificuldade),
pode sentir, como Paulo, que
tudo está indo bem. Mas, de
repente, quando confrontado
com o mandamento interior
para não cobiçar, ele é forçado a cair de joelhos”.
A lei mosaica proibia a adoração de outros deuses, a
veneração de ídolos, o uso do
nome de Deus em vão, o uso
egoísta do tempo, a desonra
de pai e mãe, o homicídio, o
roubo, o adultério e a mentira.
Todas essas são ações exteriores. O último mandamento,
entretanto, proíbe a cobiça. E
a cobiça tem a ver com sentimentos interiores. Ou seja:
A questão toda se resume ao
que se dá por dentro. Você
cobiça ter outros deuses e
adorar ídolos, cobiça monopolizar o tempo todo apenas
para o que lhe apraz, cobiça
a mulher do próximo, cobiça
manipular a verdade para proveito próprio, cobiça o que
pertence aos outros. E o que
acontece? Você idolatra, você
não dedica o dia de descanso
ao Senhor, você adultera,
você mente, você inveja e
rouba. Então, a espiritualidade
começa com a mudança que
acontece por dentro quando
uma pessoa nasce de novo
em Cristo. Se por dentro as
coisas forem resolvidas, logo
a nova vida irá se manifestar
também para fora. Desejos
ilícitos começam no coração
e criam raízes, desenvolvem-se e, depois, viram atos. E aí
já não é mais possível voltar
atrás.
Modelos de espiritualidade
nos tempos de Jesus
Nos tempos de Jesus, as
pessoas conheciam diversos
modelos de espiritualidade.
Os quatro modelos mais destacados possuíam uma grande semelhança com certos
modelos de espiritualidade
que podemos encontrar atualmente nas igrejas e grupos
religiosos.
Em primeiro lugar, existia
o modelo dos fariseus. O
modelo farisaico de espiritualidade era essencialmente
legalista. Mais do que a Lei, a
interpretação da Lei devia ser
sempre obedecida. Pois havia uma diferença entre a Lei
em si e a aplicação da mesma
feita pelos líderes religiosos.
Jesus respeitava a Lei, mas
não era legalista, nem se
deixava aprisionar pelo legalismo.
O segundo modelo de espiritualidade do judaísmo nos
tempos de Jesus era o dos saduceus. Eles se diziam os únicos herdeiros do sacerdócio
e os verdadeiros guardadores
do templo. A espiritualidade
dos saduceus estava toda
voltada para o templo, para
os ritos, para as liturgias, para
os sacrifícios. Toda a vida
religiosa circunscrevia-se em
torno do culto.
O terceiro modelo de espiritualidade era o dos essênios, isto é, judeus que
viviam em reclusão, num
estilo de confinamento religioso parecido com o dos
monges nos mosteiros. Eles
achavam que, para desfrutar
da verdadeira espiritualidade,
a pessoa precisava se afastar
de tudo, assumindo costumes
ascéticos e rejeitando qualquer tipo de prazer profano
ou de convívio social.
O quarto conceito de espiritualidade judaica era o dos
zelotes, a espiritualidade da
ação política. Eles pregavam
a derrubada do domínio do
Império Romano em nome
de Deus, ainda que fosse
necessário pegar em armas
e causar muitas mortes nessa
revolução.
Contudo, esses conceitos
de espiritualidade não refletem os ensinos de Jesus a
respeito da espiritualidade.
Jesus Cristo é nosso
modelo de espiritualidade
Jesus Cristo é a nossa referência maior. Ele, portanto,
é também nosso modelo de
espiritualidade.
Ele se encarnou, veio em
corpo, submetido a todas as
limitações humanas, e também foi tentado. Isso significa
que a espiritualidade não
impede a tentação. Se somos
espirituais, também somos
tentados. E se formos mais espirituais do que carnais, fica
mais fácil vencer a tentação.
Jesus foi tentado. E também
foi perseguido, incompreendido, ridicularizado, traído,
rejeitado e abandonado. Ele
também atravessou problemas. Ser espiritual não significa estar protegido por uma
redoma, sem jamais enfrentar
momentos difíceis.
Em meio a tudo isso, qual
era o modelo de espiritualidade de Jesus? A resposta
está no final do Sermão do
Monte, na conclusão dos
seus ensinos sobre como
devemos andar neste mundo.
O Senhor Jesus ensina:
“Nem todo o que me diz
‘Senhor, Senhor’ entrará no
Reino dos céus”, porque espiritualidade não se trata de
um discurso, de um credo,
de uma confissão religiosa.
“Mas apenas aquele que faz
a vontade do meu Pai que
está nos céus”. Para Jesus, a
espiritualidade é tão somente
alguém vivendo conforme
a vontade de Deus aqui na
terra (Mateus 7.21). Espiritualidade é fazer o que a Palavra
de Deus ensina. Cumprir o
que o Senhor ensinou.
Participando da
vida em Cristo
Voltemos agora ao texto de
Colossenses 3.1-4. Esse texto
descreve a espiritualidade
verdadeira a partir de quatro
pressupostos.
Em primeiro lugar, a verdadeira espiritualidade brota
de uma verdadeira conversão. Brota da nova vida em
Cristo. A autêntica espiritualidade só existe na vida
de quem se converteu de
verdade, na vida de quem
já passou pelo novo nascimento: “Em verdade digo
que quem não nascer de
novo não pode ver o Reino
de Deus” (João 3.3).
Em segundo lugar, a verdadeira espiritualidade começa na mente: “Procurem as
coisas que são do alto, onde
Cristo está sentado. Mantenham o pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas
terrenas”. Quando o apóstolo
Paulo orienta os seus leitores
a não fixarem o pensamento
nas coisas terrenas, está se
referindo à mente dominada
pelas coisas da natureza terrena, a natureza que tínhamos antes da conversão, a
natureza afastada e separada
de Deus. A natureza terrena
provoca o desejo de pecar.
A natureza terrena é o envolvimento com as coisas
que não correspondem aos
valores do Reino de Deus.
Quando Paulo enfatiza que
a espiritualidade resulta do
pensamento que se fixa nas
coisas do alto, ele quer dizer
que é o pensamento que define as ações.
3
Em terceiro lugar, Paulo
diz que quando Cristo se
manifestar, vamos nos manifestar com Ele em glória.
Espiritualidade nesse mundo
é algo trabalhoso e difícil.
Paulo sabia disso. Não é fácil
ser espiritual aqui. É preciso
renunciar e rejeitar muita
coisa, é preciso abrir mão dos
desejos, de certos prazeres
passageiros e efêmeros em
nome de coisas permanentes.
A busca da verdadeira espiritualidade é caminho estreito,
como Jesus avisa em Mateus
7.13-14. Hoje a nossa vida
está escondida em Cristo. As
pessoas riem, ridicularizam,
zombam, duvidam, escarnecem, perseguem e não
fazem nenhuma questão de
compreender. Mas um dia,
Cristo vai se manifestar em
glória, e vamos participar da
glória dele.
As cinco marcas da
verdadeira espiritualidade
A verdadeira espiritualidade, de acordo com o ensino
das Escrituras, se manifesta
de cinco maneiras: Através
da humildade, da contrição,
da devoção, da santidade e
do amor.
Ou seja, só possui verdadeira espiritualidade quem
se coloca humildemente
diante de Deus, reconhecendo que depende dele. É
a primeira bem-aventurança
do Sermão do Monte (Mateus 5.3). Só possui espiritualidade autêntica quem
se quebranta, quem tem o
coração quebrantado diante
de Deus. Como diz Davi
no Salmo 51. Só possui espiritualidade verdadeira
quem mantém comunhão
constante com o Senhor,
numa devoção íntima e pessoal. Só possui verdadeira
espiritualidade quem anda
em santidade. Ausência de
santidade é ausência de espiritualidade. Enfim, a verdadeira espiritualidade se
manifesta também através
do amor. Quem ama, quem
é misericordioso, quem perdoa, quem tem compaixão,
quem consegue suportar os
outros, esse é aquele que
experimenta, de fato, a espiritualidade ensinada pela
Palavra de Deus.
A partir da próxima edição
de OJB vamos prosseguir nesse roteiro, analisando cada
uma dessas cinco marcas da
verdadeira espiritualidade.
4
o jornal batista – domingo, 22/05/11
reflexão
GOTAS BÍBLICAS
OLAVO FEIJÓ
Pastor, professor de Psicologia
Morte preciosa
para o Senhor
“Preciosa é à vista do Se- E no meio, também, dos
nhor a morte dos seus san- livramentos e dos carinhos
do Senhor. Apesar de tudo
tos” - Salmos 116.15.
e apesar de todos, minha
Salmo 116 é uma irmã sempre se alegrou no
coletânea de li- seu ministério de ajudar os
v r a m e n t o s d o órfãos e as viúvas.
A nossa morte é preciosa
Senhor, quando
aos
olhos do Senhor, porque
as provações atacam os fiéis.
nossa
vida ocorre sempre
Até a experiência da morte
protegida
pelos seus olhos
é vista dentro da estrutura
de
amor.
Por isso, para o
da providência divina: “Precristão,
morte
e vida são a
ciosa é aos olhos do Senhor
cara
e
a
coroa
da mesma
a morte dos Seus santos”
moeda.
A
condição
de viver
(Salmo 116.15).
na
ressurreição
de
Cristo
é
Hoje, o recitar deste Salmorrermos
para
o
mundo,
mo se encaixou no meu
estado de espírito, dois crucificados com Jesus. Nós
dias depois do falecimento morremos para que o poder
de minha irmã, que quase da ressurreição se manifeste
atingiu a idade provecta em nós. E, tudo isso, debaixo
dos 90 anos. Porque, com da supervisão amorosa do Sea mensagem da sua mor- nhor, cujos olhos nos acomte, vieram à tona, na mi- panham e nos protegem.
nha memória, as múltiplas Por isso, na dor da morte, é
maneiras como o Senhor importante lembrar dos olhos
acompanhou sua vida, no do Senhor, que trazem vida à
meio de tantas vicissitudes. nossa morte.
O
OSWALDO LUIZ GOMES
JACOB
Pastor, colaborador de
OJB
O
s nossos dias
estão sendo
marcados por
uma religião
meramente aparente de
Evangelho, sem conteúdo
bíblico. Os líderes religiosos se utilizam de mecanismos dos mais variados
para atraírem pessoas para
seus arraiais. É impressionante a tietagem desta liderança televisiva que aí
está. Homens e mulheres
que querem aparecer. Eles
são o centro de suas comunidades. Controlam o
povo com mão de ferro.
Querem ser servidos. Com
personalidade muito forte,
se tornam ditadores de seu
povo. Negociam princípios
em conluio com políticos
inescrupulosos. Eles andam
de carrões e aviões. Vivem
uma vida de luxo na contramão de um Evangelho
simples, de gente simples e
próspera do ponto de vista
espiritual (esta é a prosperi-
dade mais importante e que
permanece). Causa-me asco
ver esta liderança usando
pessoas tão simples e até
sofisticadas para sustentarem suas ideias estranhas
sem compromisso com o
Evangelho de Cristo, que
é o poder de Deus para a
salvação de todo aquele
que crê (Romanos 1.16).
Jesus faz um diagnóstico
muito preciso dos falsos
profetas (Mateus 7.21-23).
Os falsos profetas enganam
o povo, tiram a glória que
é de Deus para usá-la em
seu próprio beneficio, fazem uso do marketing para
se promoverem, utilizam
outdoors para anunciar o
seu aniversário e colocam
dentro e fora dos templos
placas enormes com suas
fotos revelando a sua megalomania.
O teólogo suíço Karl Barth, discorrendo sobre o falso
profeta, diz: “O falso profeta é o pastor que agrada
a todo mundo. Seu dever
é dar testemunho de Deus,
mas ele não vê a Deus e
prefere não o ver porque vê
muitas outras coisas. Segue
seus pensamentos humanos,
conserva-se interiormente calmo e seguro, evita
habilmente tudo quanto o
incomoda. Não espera senão poucas coisas ou mesmo nada da parte de Deus.
Pode calar-se, mesmo quando vê homens atravancando seus caminhos de pensamento, de opiniões, de
cálculos e de sonhos falsos,
porque eles querem viver
sem Deus. Retira-se sempre
quando deveria avançar.
Compraz-se em ser chamado pregador do Evangelho,
condutor espiritual e servidor de Deus, mas só serve
a homens. Sonha, às vezes,
que fala em nome de Deus,
mas não fala a não ser em
nome da igreja, da opinião
pública, das pessoas respeitáveis e da sua pequena
pessoa. Ele sabe que, desde
agora e para sempre, os caminhos que não começam
em Deus não são caminhos
verdadeiros, mas não quer
incomodar nem a si mesmo,
nem aos outros; por isso
é que pensa e diz: ‘Continuemos prudentemente e
sempre alegres em nosso
caminho atual; as coisas se
arranjarão’. Ele sabe que
Deus quer tirar os homens
da impiedade e que a luta
espiritual deve ser travada.
No entanto, prega a ‘paz’, a
paz entre Deus e o mundo
perdido que está em nós e
fora de nós. Como se tal paz
existisse! Sabe que seu dever consiste em proclamar
que Deus cria uma nova
vontade, uma nova vida;
mas não, ele deixa reinar o
espírito do medo, do engano, de Mamom, da violência - a muralha construída
pelo povo (Ezequiel 13.10),
o muro oscilante e manchado. Ele disfarça pintando de
cores suaves e consoladoras
da religião para o contentamento de todo o mundo. Eis
aí o falso profeta”.
Que o Pai nos livre do
espírito do falso profeta.
Que Ele levante em cada
lugar verdadeiros profetas
que não temam a não ser a
Ele. Que em cada púlpito
se levante um verdadeiro
profeta para pregar o genuíno Evangelho da graça.
Que aumente em muito o
número de homens e mu-
lheres que pregam a cruz (1
Coríntios 1.18). Que nós,
pastores, avaliemos nossas
posturas à luz da Palavra
de Deus. Sejamos homens
e mulheres da Palavra e
de palavra. Corajosos em
denunciar o pecado do homem, mas, ao mesmo tempo, anunciar o Evangelho
de Cristo para a salvação
de todo o que crê. Fomos
chamados pelo Senhor não
para fazer a nossa vontade
e a vontade do povo, mas
a Sua. Que haja sempre
coerência entre o que cremos, o que vivemos e o
que falamos. Alguém disse:
“Eu não sei o segredo do
sucesso, mas sei o segredo
do fracasso: Tentar agradar
todo mundo”. Jesus disse
ao Pai: “Pai, não a minha,
mas a tua vontade”. Para
Paulo a vontade de Deus
é boa, agradável e perfeita
(Romanos 12.1-2). Para o
verdadeiro profeta, a vontade de Deus é o centro da
sua vida. A palavra profética
não é antropocêntrica, mas
cristocêntrica. Mais uma
vez: Que Deus nos livre do
espírito do falso profeta.
o jornal batista – domingo, 22/05/11
reflexão
PARÁBOLAS VIVAS
5
João Falcão Sobrinho
C
ELILDES JUNIO
MACHARETE FONSECA
Pastor adjunto na PIB de
Cabo Frio (RJ)
A
igreja de Cristo,
basicamente, possui duas grandes
vocações: Adorar a
Deus e proclamar a mensagem de salvação. Louvamos
ao Senhor quando exaltamos os seus feitos e o adoramos quando reconhecemos
quem Ele é.
O ser igreja, portanto, inclui a obra missionária. Fomos alcançados pela atuação missionária de alguém
e alcançamos os outros pela
ação missionária que desenvolvemos enquanto igreja de
Cristo entre a humanidade,
sendo sal da terra e luz do
mundo (Mateus 5.13-16).
Conscientes de nossa missão, devemos cumpri-la a
tempo e fora de tempo (2 Timóteo 4.2) na certeza de que
está fundamentada em Cristo
Jesus, como podemos observar em Mateus 28.18-20.
Primeiro, devemos saber
que a missão da igreja está
fundamentada na pessoa de
Cristo: “Então, Jesus aproximou-se deles e disse: ‘Foi-me dada toda a autoridade
no céu e na terra’” (Mateus
28.18). Não há ninguém
que se compare a Cristo.
Nenhum outro fundamento
poderia superá-lo ou substituí-lo (1 Coríntios 3.11).
Em segundo lugar, deve
estar claro que a missão da
igreja está fundamentada na
ordem de Cristo: “Portanto,
vão e façam discípulos de
todas as nações, batizando-os
em nome do Pai e do Filho e
do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que
eu lhes ordenei” (Mateus
28.19-20). Realizar a obra
missionária não é uma opção
da igreja, é questão de obediência. Jesus nos mandar ir
e fazer discípulos, batizando
e ensinando a essas pessoas
o caminho em que devem
seguir (João 14.6).
Por fim, a missão da igreja
está fundamentada na garantia de Cristo: “E eu estarei
sempre com vocês, até o fim
dos tempos” (Mateus 28.20).
O Deus que nos envia é o
mesmo que segue conosco.
Essa é a garantia da vitória.
Não ficamos sozinhos no
cumprimento da missão.
Uma igreja que se propõe
a ser relevante na obra missionária deve nutrir estas
certezas, como pilares irrevogáveis no cumprimento
da missão, mesmo que seja
árdua. A voz que ouvimos
é a de Cristo. Se fosse qualquer outra, até poderíamos
repensar. Como quem diz
é Cristo, submissos e sem
qualquer questionamento
lançaremos as redes ao mar
(Lucas 5.1-11).
erta vez, não faz
muitos anos, um
pastor amigo pessoal foi procurado
por um jovem que lhe disse
precisar de um conselho.
Acrescentou o moço: “Mas
não quero conselhos da Bíblia, porque o meu problema
é dos dias atuais e a Bíblia
traz conselhos para a vida
de antigamente”. “E qual é o
seu problema?”, perguntou o
pastor. “O meu caso, disse o
jovem, é que estou sendo assediado pela mulher do meu
patrão. Ela trabalha na empresa e todo santo dia insiste
em querer sair comigo. Agora
ela está dizendo que, se eu
não ceder, ela vai provocar
a minha demissão, e eu não
posso perder o emprego. O
patrão confia em mim e não
suspeita de nada. Que pressão! Qual a orientação que
o senhor pode me dar?”. O
pastor respondeu de imediato: “Querido, a Bíblia narra
um caso exatamente igual
ao seu, acontecido mais de
2.000 anos antes de Cristo. É
a história de um jovem chamado José que era escravo
na casa de Potifar, oficial de
Faraó, rei do Egito. O oficial
tinha absoluta confiança em
José, mas a mulher de Potifar tentou explicitamente
seduzir o jovem escravo.
Todos os dias ela o chamava
para deitar-se com ela, mas
José resistia dizendo que
não poderia trair a confiança
do seu patrão nem falhar
em sua submissão a Deus.
Delatado falsamente pela
mulher, José não só perdeu
o emprego, mas foi parar na
cadeia. Perdeu o emprego e
a liberdade, mas não perdeu
sua paz interior nem a ajuda
de Deus para interpretar os
sonhos de Faraó e com isso
vir a se tornar vice-rei do
Egito. Perca o seu emprego,
mas não caia na cilada que
o Diabo está armando para
você. Deus recompensará a
sua integridade com bênçãos
que você, como José, não
pode imaginar. Como você
vê, a Bíblia é um livro de
tremenda atualidade”.
Os avanços da ciência e da
tecnologia jamais farão com
que a Bílbia se torne um livro
ultrapassado, obsoleto ou
out fashion, fora de moda.
A decisão mais sábia que
um adolescente ou jovem,
mesmo um menino, pode
fazer nestes tempos de pósmodernidade é ler a Bíblia,
estudar a Bíblia, conhecer
a Bíblia e guardar a Palavra
de Deus no coração. Quando menino, estudando no
Colégio Batista Brasileiro de
São Paulo, eu levava uma
pequena Bíblia na mochila
junto com os livros e os cadernos. Nos intervalos das
aulas eu tinha prazer em ler
a minha Bíblia impressa na
ortografia antiga (Psalmos,
Ephesios, lembro-me bem) e
esse hábito me acompanha
até hoje. A ortografia mudou,
mas as verdades da Bíblia são
eternas, como Jesus mesmo
disse: “Passarão os céus e a
terra, mas as minhas palavras
não hão de passar”. Ler a
Bíblia é abrir a alma para o
infinito, para conhecer Deus,
é respirar o cheiro de terra e
o perfume das flores do mais
belo jardim, é descortinar as
mais lindas paisagens que a
mente humana jamais imaginou, é firmar os passos e
nunca se perder nas encruzilhadas, é andar sem tropeçar,
é nunca perder de vista a
sublime verdade de que há
um lugar maravilhoso à nossa
espera após o fim de todas as
leituras da vida. As verdades
da Bíblia são inesgotáveis,
renovam-se a cada manhã
como as misericórdias do Senhor. Quem lê a Bíblia e põe
em prática os seus ensinos
está edificando sua vida e sua
casa sobre a rocha inamovível pelas tempestades da
vida, sempre sabe para onde
vai, não erra o caminho e
viaja na segurança de chegar
ao porto desejado. Que mais
dizer sobre a atualidade da
Bíblia? Somente a sua leitura
constante pode responder.
6
vida em família
o jornal batista – domingo, 22/05/11
reflexão
Gilson e Elizabete Bifano
MANOEL DE JESUS THE
Pastor, colaborador de OJB
H
á quase 15 anos
exercendo um ministério itinerante,
eu e minha esposa
temos sido abençoados por
Deus, que tem colocado em
nosso caminho igrejas, famílias e pessoas que têm nos
recebido de forma amorosa.
Às vezes ficamos em hotéis, outras em casas, mas
sempre procuram proporcionar o melhor para nós. Em
casas e hotéis nos sentimos
amados e acolhidos.
A hospitalidade é uma forma de servir a Deus. A Bíblia
está cheia de exemplos de
homens, mulheres e famílias
que serviram a Deus exercendo a hospitalidade.
Um dos casos mais marcantes de hospitalidade está
registrado em Josué 2.1-16.
O texto descreve Raabe arriscando sua vida e de sua
família ao acolher em sua
casa os espias. Por este ato,
Raabe, a prostituta, teve seu
nome inscrito na galeria da
fé pelo autor do livro de Hebreus (Hebreus 11.31).
Jesus, conforme nos descrevem os Evangelhos, foi
acolhido inúmeras vezes
por famílias. Gosto muito de
pensar na família de Marta,
Maria e Lázaro, uma família
de solteiros. Várias vezes
esta família que morava em
Betânia abriu as portas para
hospedar e alimentar Jesus e
seus discípulos.
Paulo recomendou aos
crentes da igreja primitiva
que exercessem a hospitalidade (Romanos 12.13). Um
dos itens que deve estar presente na vida dos pastores é
a capacidade de ser hospitaleiro (1 Timóteo 3.2).
O autor da carta aos Hebreus também lembra aos
seus leitores sobre a importância da hospitalidade (Hebreus 13.2).
Um texto que muito aprecio sobre o tema está em 1
Pedro 4.9, no qual o após-
tolo recomenda aos crentes
que sejam hospitaleiros sem
reclamações. Hospedar alguém é uma virtude bíblica
que deve ser praticada sem
murmuração.
Receber alguém em casa
muda a rotina da família,
pode mexer no orçamento
e exige atenção da parte do
hospedeiro. Por isso Pedro
faz esta recomendação.
Para terminar, quero lembrar de algo que aconteceu
no século passado na cidade
de Boston, nos Estados Unidos.
Um professor estava lecionando uma matéria sobre religião e um aluno perguntou:
“Professor, qual é a melhor
definição de Cristianismo?”.
Naquele exato momento
estava passando no corredor
o bispo Phillipp Brooks, arcebispo da igreja anglicana.
Ao que o professor disse, em
resposta ao aluno: “A melhor
definição de Cristianismo?
Ali vai Phillipp Brooks”.
Aproveitando este fato histórico, pergunto: “Querem
saber a melhor definição de
hospitalidade?”.
Andando, como já afirmei,
por este Brasil eu diria que a
melhor definição de hospitalidade são os Colombanis
(Batista e Gersony, em São
José dos Campos), os Vieiras
(Sillas e Alba, em Vitória),
os Magalhães (João Junior e
Glaucia, em Vila Velha), os
D’Mouras (Gilmar e Rossilene, em Rondonópolis), os
Santos (Alcyone e Clicia, nos
Estados Unidos), os Possas
(Eduardo e Raquel, em Macapá). Lembro também da
professora Ivone, de Manaus,
do casal Alfredo e Mariane
Sippert, de Santarém, e de
tantas outras famílias, igrejas
e pastores que nos receberam
com tanto carinho nos oferecendo a melhor hospedagem,
e muitas vezes nos levando
aos melhores restaurantes da
cidade.
A
cidade de Itaporanga é um centro
da Igreja Católica
Apostólica Romana. Grande parte das propriedades pertenceu a um
convento dos monges cistercienses, que é belíssimo.
Alguns afirmam que este
é o mais belo monumento
arquitetônico religioso do
Brasil depois da Basílica de
Aparecida.
Na cidade de Itaporanga
existe uma congregação
batista. O pastor Lionel é
um missionário sustentado
pela Igreja Batista Monte
Horebe, que está sediada
na capital paulista. As dificuldades são enormes. O
hospital da cidade pertence
à ordem religiosa citada. O
controle da vida dos itaporanguenses é enorme. Se
uma família pobre começa
a frequentar a congregação
batista, e se recebe ajuda,
como por exemplo uma
cesta básica, imediatamen-
te ela é cortada. Se um jovem começa a frequentar a
congregação batista, pode
ter certeza de que em pouco tempo receberá visitas
da juventude católica com
o intuito de resgatá-lo de
volta.
Contudo, vamos ao relato que consideramos uma
aventura. Em 1993, quando
pastoreava a Primeira Igreja
Batista de Mauá, no ABC
paulista, fomos evangelizar a
cidade à convite da secretária da Educação de Itaporanga. Ficamos num colégio da
cidade, ali fizemos nossas
refeições, cultos, trabalhos
com crianças e visitas às
casas. Uma família muito
pobre foi assistir a programação de uma das noites. Eram
várias crianças na família. O
pequeno Elizeu, com 5 aninhos, resolveu ficar no colégio. Comeu, bebeu e dormiu
os 4 dias conosco. Fomos
embora e a congregação deu
assistência aos convertidos.
O menino Elizeu cresceu,
mas a família não resistiu ao
assédio e à suspensão dos
benefícios. Elizeu sumiu do
mapa. Com 18 anos ele apareceu de volta. Alcoolismo,
drogas e vários outros sinais
de iniquidades o haviam alcançado. Chorando, os confessou. Aqueles dias foram
de grande felicidade em sua
vida. O recomeço tem sido
difícil, com altos e baixos
em sua tentativa de volta.
Contudo, a semente tem germinado. Recentemente uma
de suas irmãs foi batizada. A
experiência em Itaporanga
transformou-se em uma porta de entrada para um programa evangelístico que se
repetiu por quatro carnavais
seguintes em outras cidades.
Depois foi transferido para a
Igreja Batista Ebenezer, onde
fui pastor por 13 anos. Doze
igrejas nas cidades do interior de São Paulo nasceram
do programa denominado
IDE, e mais 5 igrejas já o
realizam. Estamos certos de
que, em breve, teremos uma
centena de outras aventuras para relatarmos paras
os amados irmãos batistas
brasileiros.
Oração do casal
IRACY DE ARAÚJO LEITE
Senhor, ajuda-nos a preservar o romance
Que no princípio nos adornou a vida!
Ajuda-nos a manter a compreensão mútua
Para que a vida nos seja uma eterna conquista!
Ajuda-nos a admirarmo-nos sempre
Como no princípio, quando a vida nos uniste
Ajuda-nos a conquistar a maturidade
Porque, passam os dias e do amanhã, quem sabe?
Senhor, ajuda-nos a sermos amáveis um com o outro
Para que nos seja perene a alegria, em cada viração da tarde!
Ajuda-nos a viver felizes
Pois tua presença é o selo eterno da felicidade!
Ajuda-nos a reconstruir o que um dia foi quebrado
Porque até das cinzas tu tens o homem levantado!
Senhor, ajuda-nos a ouvir o outro
Para sentir de perto o palpitar profundo de su’alma!
Ajuda-nos a perceber com perfeição e carinho
A mensagem do olhar e do suspiro que nos vem baixinho...
Ajuda-nos a cultivar o amor tão belo e forte
Que nos uniu num momento tão sublime!
Ajuda-nos a viver a experiência radiosa
De preencher a solidão um do outro unindo a vida
Senhor, ajuda-nos a compreender que ser carne da mesma carne
É ser um para o outro vida da própria vida!
o jornal batista – domingo, 22/05/11
missões nacionais
Construtores do Futuro
7
Seguem os investimentos para oferecer
um futuro melhor aos pequeninos
MARIZE GOMES GARCIA
Redação de Missões
Nacionais
A
segunda etapa das
obras do Lar Batista
F. F. Soren estão em
pleno andamento
sob a coordenação do irmão
José Renato Guimarães. Já
foram concluídas as obras
de arruamento e calçamento
e agora estamos trabalhando
na conclusão da praça temática. Uma área central de
1.600 m² destinada a atividades esportivas, recreação, jogos educativos, convivência
e lazer. O espaço terá áreas
adequadas a cada faixa etária
atendida no Lar. “O espaço
será circundado por uma
ciclovia, terá uma quadra
poliesportiva, parquinho infantil, mesinhas para xadrez,
espaço fitness e espaço de
convivência para adolescentes”, esclarece Alice Cirino
Barbosa, gerente de ação
social de Missões Nacionais.
Também nesta etapa contamos com o apoio do irmão
Peter Dressen, membro da
Primeira Igreja Batista da
Barra (RJ), que, além de idealizar o projeto, está acompanhando as obras. Na primeira etapa da construção do
Lar o irmão Peter foi quem
construiu armários, camas e
móveis das salas de estudos
das casas. Também no Lar
Batista David Gomes, Peter
construiu armários de todas
as casas e reativou a marcenaria, instruindo os adolescentes e equipe do lar sobre
sua utilização. Hoje o Lar já
produz móveis como mesas
de computador, cômodas e
estantes, auxiliando, desta
forma, na área de empreendedorismo.
Muitos irmãos de Palmas
têm colaborado também no
desenvolvimento das obras,
como destaca Alice: “Esse
apoio tem sido fundamental
para a evolução dos trabalhos. Deus tem levantado
vidas que têm se colocado a
serviço do Reino, movidas e
unidas por amor às crianças”.
Missões Nacionais agradece
a fidelidade dos Construtores do Futuro, que investem
nesta obra desde o seu início.
Investimento intelectual
e emocional
Mais importante do que
o investimento financeiro
na parte física do Lar, a direção da instituição investe
na saúde física, emocional
e intelectual das crianças e
adolescentes confiados a seus
cuidados. Para tanto, parecerias têm sido firmadas com
universidades locais para
estágios de campo de alunos
dos cursos de enfermagem,
nutrição e psicologia. Esta
última foi firmada com a Universidade Luterana do Brasil
(ULBRA), e assim os estagiários farão um diagnóstico
não só dos internos, mas de
toda a equipe com o intuito
de aprimorar o trabalho de
acolhimento de cada criança
e adolescente.
“Sentimo-nos honrados em
contribuir para o crescimento acadêmico dos alunos
da ULBRA, mas muito mais
felizes em recebermos orientação e acompanhamento
capacitado, de como melhor
procedermos diante de tantos
desafios”, declarou a missionária Allani Mara.
Uma sala de intervenção
pedagógica também foi inaugurada no F. F. Soren com a
finalidade de auxiliar crianças
e adolescentes com déficit de
aprendizagem para que alcancem melhor desempenho.
Neste projeto a parceria com
a escola é fundamental, pois
ajudará a identificar a carência de cada um, municiando
a equipe de dados relevantes
para definição de atividades
a serem desenvolvidas. “Ore
pelas crianças do Lar e por
minha vida para que o Senhor
nos dê sabedoria para que as
crianças brilhem a cada dia!”,
conclamou a missionária Mirian Diana, responsável pelo
projeto.
Ao final, agradece, “de
uma forma especial”, a todos que a ajudaram, inclusive o casal diretor do
Lar, pastor Robson e Judite
Rocha, que “me ensinaram
muitas coisas, principal-
mente do meu futuro. Tia
Jú, com seu jeito doce e
amável me ensinou a dar
oportunidades, a ser amiga,
a aceitar as pessoas como
elas são, a ser gentil, a ter
respeito, a ser dedicada e
duas qualidades que jamais
esquecerei: Tia Jú me ensinou a amar e a perdoar”.
Use sua vida para impactar
crianças e adolescentes de
nossa nação e a construir um
futuro melhor!
Frutos do investimento
Uma das adolescentes do
Lar, que o deixará no próximo ano em função da idade,
escreveu um breve testemunho dos seus oito anos vividos no Lar. Nele, relata que
o Lar a tem ajudado a crescer
a cada dia, corrigindo seus
erros, falando do amor de
Deus, a ensinando a amar e a
preparando para o mundo lá
fora. “Quando cheguei estava
no 2º ano do ensino fundamental e tinha dificuldades
na escola. Hoje faço o 2º ano
do ensino médio e, graças a
Deus, tenho me destacado.
Tento fazer o melhor, porque
tenho planos para a minha
vida. Quero terminar meus
estudos, fazer uma boa faculdade, me formar e ter um
bom emprego. Em seguida,
me casar e ajudar a minha
família que eu amo muito”.
Seja um divulgador
da Trans
No site de Missões Nacionais há vasto material
promocional das Trans de julho. Ao acessar http://
migre.me/4s4cc você encontrará notas prontas
para divulgar a mobilização no boletim de sua
igreja, spots para rádio (específicos para cada
mobilização), além de banner para uso em sites e
vídeo promocional que apresentar à sua igreja em
um momento apropriado. Ajude-nos a alcançar os
5 mil voluntários para alvoroçar nosso Brasil com
a mensagem de esperança e salvação!
8
o jornal batista – domingo, 22/05/11
FÁBIO AGUIAR LISBOA
Editor de OJB
D
entro do clima da
campanha de Missões Mundiais de
2011 OJB conversou de forma exclusiva com
o missionário Dawei (nome
fictício), que, apoiado pelos
batistas brasileiros, atua no
sul da Ásia. Nesta entrevista
ele faz inúmeras considerações valiosas. Mas a que
mais chama a atenção tem relação com o trabalho junto a
povos muçulmanos: Segundo
o obreiro, “é necessário amar
os muçulmanos” se desejamos, verdadeiramente, levar
os mesmos a conhecerem o
amor de Cristo Jesus.
OJB - Qual tem sido a sua
proposta de trabalho junto
aos muçulmanos?
Dawei - Bom, antes de
tudo, quando se deseja fazer
este tipo de trabalho é necessário definir duas categorias:
Islamismo e muçulmano. O
Islamismo significa submissão a Deus, e muçulmano
significa aquele que se submete a Deus. Já a partir desta
definição podemos trabalhar
uma coisa que chamamos de
common ground (terreno comum). Você vai ao contexto
de vida dos muçulmanos e
usa os elementos do dia a dia
deles para construir pontes
através das quais poderá comunicar o Evangelho. Desta
forma, você busca entender a
percepção de mundo deles,
perceber alguns elementos
que o permitam trabalhar
sem nenhum problema.
Por exemplo, o credo muçulmano diz: “Não há deus,
e sim Deus (Alá), e Maomé é
o seu mensageiro”. Se você
observar bem esse credo, que
é considerado o menor credo
do mundo, a partir da primeira parte - “Não há deus e sim
Deus” - nós podemos trabalhar tranquilamente, pois
não há outros deuses, mas
nós cremos em um Deus.
Nós cremos em um único
Deus, ao contrário de grupos
como os hindus. Já a segunda
parte é mais complicada de
trabalhar, de Maomé ser o
mensageiro de Deus. Eu até
creio que ele é mensageiro,
ponto final. E eu uso coisas
desse tipo para me aproximar
dos muçulmanos.
Algo também importante
em relação ao Corão, que é
o livro que os muçulmanos
seguem, é que ao lê-lo observamos que ele nada mais
é que copia e cola. Tem toda
uma história de que Deus
mandou, escrito em árabe,
uma tábua e deu para Gabriel, e Gabriel desceu para
uma caverna lá na Arábia e
disse para Maomé: “Leia”. E
Maomé, sendo analfabeto,
leu. E isso, segundo eles, foi
o milagre. Só que quando
olhamos o Corão vemos que
o mesmo é uma mistura de
judaísmo e outras religiões
da época de Maomé. Além
disso, o mesmo também
conta com uma mistura do
Cristianismo verdadeiro e de
seitas e de algumas heresias
cristãs da época. E foi nesse
contexto que Maomé afirma
ter recebido esta revelação.
Assim, quando você olha
para o Islamismo hoje você
encontra algumas coisas interessantes dentro do Corão.
Contudo, é necessário deixar
sempre claro que o Corão
não é a Palavra de Deus, mas
contém alguns elementos da
Palavra de Deus coletadas
por Maomé. A Bíblia sim é
a Palavra de Deus. Então se
você souber ler com essa interpretação, é possível olhar
aquela coisa pequeninha que
está no meio daquela coisa
estranha e destacar aquilo,
trabalhar aquilo rapidamente
e pular para a Bíblia.
Desta forma você fala a
língua do muçulmano. Assim como falamos o nosso
“crentês” na igreja, com expressões bem particulares,
eles também têm o “islamês”.
Assim, se você conhece o
“islamês”, você está falando
no mesmo nível, que é o que
chamamos de nível comum,
de common ground. Desta
forma, ao conhecer o Islamismo nesta profundidade
começamos a estabelecer
estratégias para alcançar este
grupo.
OJB - E que método você usa
para apresentar Jesus aos
muçulmanos?
Dawei - Um dos métodos
que usamos é o que chamamos de método do camelo.
O método do camelo é um
método no qual usamos o
capítulo 3 do Corão. Nós usamos 10 versos deste capítulo
notícias do brasil batista
para trabalhar 3 princípios
importantes: Jesus é santo,
Jesus é todo poderoso e Jesus
conhece realmente o caminho para o céu.
No treinamento nós trabalhamos questões em que
você e o muçulmano estão
falando no mesmo nível, mas
ao mesmo tempo você está
mostrando para ele que o
Jesus que aparece no Corão
não é somente profeta como
Maomé, mas Jesus que é mais
que profeta. Jesus é o Salvador. Você pode afirmar isto a
partir dos princípios de que
nenhum profeta foi santo,
não há nenhum profeta todo
poderoso e não há nenhum
profeta que sabe o caminho
para o céu. Então, nessa dinâmica nós trabalhamos com
o método do camelo. E por
que que se chama método do
camelo? No Corão existem
99 nomes lindos de Deus,
são os atributos de Deus. Todos esses 99 nomes de Deus
podemos usar também, pois
estão escritos no Antigo Testamento também. Contudo,
a tradição muçulmana afirma
que existe um centésimo
nome, mas só o camelo sabe,
só o camelo sabe como ele é
pronunciado, mas, como ele
não fala, ele nunca vai dizer.
Contudo, nós sabemos que
se fosse completar o centésimo nome de Deus seria
“Deus é amor”, e esse amor,
que é o amor Ágape, esse
amor não existe no Corão.
Existem vários tipos de amor
dentro do Corão, mas o amor
descrito em João 3.16, esse
amor de Deus, esse tipo de
amor não existe dentro do
Corão. Então, os muçulmanos precisam entender que
o nosso Deus é um Deus
de Gênesis a Apocalipse, e
que ele deseja se relacionar
conosco.
Outro método é um no
qual nós contamos a história
dos profetas. É é importante
salientar aqui que os muçulmanos gostam muito de ouvir
histórias. Existem 26 profetas
da Bíblia que também estão
no Corão . E entre esses 26 há
7 que são mais importantes:
Adão, Noé, Abrãao, Moisés,
e assim vai até Jesus.
Então, o que nós fazemos
é desenvolver em nós um
espírito de pacificação, de resolução de conflitos. Assim,
sendo ele amigo ou não, nós
fazemos a Palavra de Deus
chegar até ele. Desta forma
trabalhamos o primeiro capítulo do Corão, no qual o sexto verso diz assim: “Guia-nos
pelo caminho reto”. Então,
por exemplo, eu chego a um
restaurante muçulmano e
peço uma opinião ao garçom
e afirmo: “Rapaz, eu estive
dando uma olhadinha no
Corão e vi o verso 6 que diz
‘Guia-me pelo caminho reto’.
Que coisa maravilhosa. Você
já leu? Viu que interessante?
Já parou para pensar o que é
o caminho reto? Você já leu
que lá no Edén, no Corão,
que havia Adão e Eva e eles
tinham um relacionamento
com Deus e o pecado não
tinha entrado. Então Adão
era o mordomo do Jardim
do Éden e havia esta sinergia. Mas veio a serpente, e
a serpente tentou o casal e o
mesmo pecou”.
Aí o garçom começa a
ouvir, pois ele é muçulmano nominal, não tem tanto
conhecimento. Contudo, é
necessário tomar cuidado,
pois você não pode pregar o
Corão para ele. Assim é necessário tomar cuidado ao se
tomar o Corão como ponte,
pois com o passar do tempo
ele pode falar: “Então vou me
tornar mais muçulmano, pois
tem tanta coisa boa dentro do
Corão”. Devemos ter consciência de que o Corão serve
apenas de ponte. O fato é
que você não mora na ponte,
apenas passa por ela.
Você começa então a encher a conversa com história
bíblica, pois todos os profetas da Bíblia têm citação
no Corão, mas nem todas as
histórias são iguais nas duas
obras. Você não está falando
de Bíblia, você não está falando de Cristianismo, mas
quer mostrar para ele o que
é o caminho reto. Chegamos
então para ele e falamos:
“O homem pecou, e quando ele peca ele vai para um
caminho diferente do reto”.
E pergunto: “Você já ouviu
falar do Reino de Deus?”.
Aí você começa a mostrar
que o Reino de Deus é um
reino de alegria, paz, justiça,
e você o leva a ter vontade
de conhecer um pouco mais
sobre este Rei. Surge então a
oportunidade de falar que a
porta para entrar neste Reino
é através de Jesus, o salvador.
E aí esta pessoa já tem a trilha
do caminho.
Assim, ao invés de querer
que ele venha para o Cristianismo, de ficar brigando com
ele para adotar a minha roupa, o meu hinário, para usar
a liturgia da minha igreja, ao
invés de trazê-lo para o meu
mundo, eu vou caminhando
com ele, ele no mundo dele e
eu no meu, mas vamos caminhando juntos em direção ao
Reino de Deus. Partimos do
pressuposto de que existem
elementos da cultura dele
que ele não precisa tirar. Ele
pode continuar vestindo a
roupa dele, ele pode continuar comendo as comidas
dele, ele pode continuar com
o estilo de música, porque
a ideia é que no final deste
caminho ele creia que Jesus
não é apenas um profeta, mas
é o salvador.
O Corão afirma que Deus
enviou sinais ao homem para
o guiar, e esses sinais nada
mais são do que os profetas.
O objetivo é, primeiro, em
Adão falar sobre a queda do
homem, a criação, e que o
homem precisa corrigir a situação do pecado. Aí no final da
história de Adão você afirma
que Deus sacrifica um animal
para cobrir a vergonha de
Adão. A desobediência levou
à vergonha, mas a vergonha
da alma ainda não foi solucionada. Aí vamos para um
segundo profeta, que é Noé,
que tem a história da arca, do
dilúvio. Nesta narrativa damos um enfoque na salvação
desta grande enchente, pois
só os que ouviram Deus se
salvaram. Em Abraão trabalhamos o fato de que Deus
enviou um cordeiro para o sacrifício, para ser colocado no
lugar do filho do profeta. O
filho de Abraão no Islamismo
é Ismael, não Isaque, mas não
tocamos neste assunto, pois o
objetivo é falar do sacrifício
do cordeiro, o objetivo não é
fechar portas, mas chegar em
Cristo. Depois você vai a Moisés para trabalhar a questão da
morte dos primogênitos, que
foram protegidos pelo sangue
nos umbrais das portas. Desta
forma estamos preparando o
caminho para chegar no cordeiro de Deus. Aí trabalhamos
com Jonas, depois com Davi,
no qual mostramos que da
descendência de Davi virá o
cordeiro de Deus. Ali ele já
começa a ficar mais íntimo
da Bíblia. Nesta etapa a Bíblia está mais em evidência
o jornal batista – domingo, 22/05/11
notícias do brasil batista
do que o Corão em nossas
conversas. Estas conversas
acontecem em partes, e durante estes momentos a igreja
permanece em oração pela
vida desta pessoa, de forma
que o Espírito Santo possa agir
no coração da mesma. Por fim
trabalhamos com João Batista,
que anuncia que virá alguém
que trará o caminho reto.
Então João Batista enfatiza
que o caminho reto está em
Cristo, pois Deus está enviando Jesus como salvador. E por
fim chegamos em Jesus, que
é o cordeiro de Deus. Desta
forma, em cada profeta temos
um texto corânico, que trazemos de forma rápida, mas
depois vamos para a Palavra
de Deus. Mas isto tudo acontece por meio de conversas
bem descontraídas, e crendo
que o Espírito Santo falará ao
coração desta pessoa. Este trabalho tem trazido resultados
bem expressivos. Hoje tenho
na região na qual atuo 10 muçulmanos convertidos. Todos
eles entendem que Jesus não
é apenas um profeta, mas
aceitam que Jesus morreu na
cruz e ressuscitou ao terceiro
dia, e estão no processo de
discipulado.
OJB - Como você vê o muçulmanos?
Dawei - O muçulmano
é uma pessoa como eu e
você, que tem desejos, alegrias e tristezas, e apenas
um minoria é violenta. Muçulmanos são pessoas que
gostam de festa, são pessoas
que gostam de brasileiros,
são pessoas que gostam de
história. Então como podemos chegar a um muçulmano? Podemos convidar ele
para ver um jogo de futebol,
podemos convidá-lo para
comer em nossa casa, e aí
vamos conversando, pois
com o muçulmano qualquer
coisa que você falar com ele
no final ele falará de Deus.
Esta característica se torna
uma oportunidade para falar
de Deus. Ele precisa ver que
não somos o cristão que ele
pensa, pois na mente do muçulmano todos que são do
ocidente são cristãos (prostitutas, bêbados, todo tipo de
pessoa). Assim, precisamos
mostrar para eles que somos
fiéis seguidores de Jesus.
Também é importante destacar que neste processo é
fundamental cada um deixar
de lado as ideias preconcebidas que carregamos e
conversar sobre Deus, que é
o que mais interessa.
OJB - E, na sua opinião,
como a igreja no Brasil deve
se posicionar ante a este
grupo?
Dawei - Eu tenho orado
muito para que Deus levante
missionários para trabalhar
com muçulmanos no Brasil.
Às vezes pensamos que missão transcultural é apenas
ir a outro país e pregar para
outros povos. No entanto,
quando você trabalha com
muçulmanos no Brasil você
está fazendo missão transcultural.
O fato é que a igreja brasileira pouco sabe sobre os
muçulmanos, e, por outro
lado, os muçulmanos pouco
sabem sobre o verdadeiro
Cristianismo. Então algo que
acho que seria muito positivo
é que as igrejas começassem
a conhecer um pouco mais
quem são estes muçulmanos.
Conhecer a pessoa, não o
sistema. Conhecer as pessoas, pessoas que sofrem, que
morrem, que sentem alegria.
Acho que está na hora de
começar a entender este grupo, está na hora de começar
a discutir esta questão em
nossas igrejas.
Contudo, em primeiro
lugar devemos ter um exército de oração para orar
em favor da salvação dos
muçulmanos. Outra atitude
interessante é ir à mesquita.
Quem sabe para aprender
árabe. Vá lá crie contatos.
Se você tem um relacionamento saudável com Deus,
se tem convicção da sua
crença, se você tem uma
cristologia bem resolvida,
não há nenhum problema
em ir a uma mesquita. Mas
saiba que eles vão querer
te islamizar, enquanto você
está querendo evangelizá-los. Os líderes muçulmanos
que estão no Brasil nos recebem muito bem. Porém,
vá sabendo que na mesquita não é lugar para gerar
discussões, mas é um bom
espaço para fazer amizade,
para marcar alguma programação, para criar uma
oportunidade de caminhar
junto com essa pessoa e
falar sobre o caminho reto.
OJB - E qual tem sido a sua
experiência junto a este grupo? Há relatos de conversões?
Dawei - É importante saber que nada é impossível
para Deus. Nós temos visto
muçulmanos se converterem. Durante este processo
temos visto muçulmanos
tendo sonhos com Jesus.
Tem um testemunho de um
homem que passou por este
processo de evangelização,
e ele teve um sonho no qual
ele estava em um local no
qual corria um rio. Ele estava de um lado do rio e do
outro estava o paraíso, local
para o qual ele desejava ir.
Neste momento aparece
Maomé, que fala para o ho-
mem: “Eu vou levar você até
lá”. E aí os dois começam
a caminhar em direção ao
paraíso. Contudo, eles têm
que atravessar o rio. Quando eles passam pelo rio eles
andam sobre a água. Mas no
meio do rio Maomé começa
a afundar, e fala: “Eu não
tenho condições de levar
você para o outro lado do
rio. Só tem uma pessoa que
pode fazer isto”. Nesta hora,
do paraíso vem Jesus sobre
as águas, que pega na mão
do homem e o conduz para
o paraíso.
Esse irmão, agora um ex-muçulmano, acordou deste
sonho e nos perguntou o que
ele significava, e explicamos
para ele que Jesus não é só
profeta, mas é o salvador, só
9
ele é o salvador. Este é apenas um exemplo de pessoas
que tem sonhado com Jesus
neste contexto.
Assim, creio que para o
Brasil não pode ser diferente.
É necessário amar os muçulmanos. Creio que a imagem
de que os muçulmanos são
terroristas é uma imagem que
o Diabo está colocando para
evitar que cheguemos perto
destas pessoas. A vestimenta
deles, que para nós parece
estranha, na verdade esconde pessoas muito amorosas,
pessoas que também buscam
a Deus, mas por um caminho
equivocado.
Na verdade eles estão em
outro aprisco. É hora de irmos lá e os trazer, é hora de
ter compaixão deles.
10
o jornal batista – domingo, 22/05/11
notícias do brasil batista
IB Lírio de Sião celebra Jubileu de Ouro
COMUNICAÇÃO DA
IGREJA
A
Igreja Batista Lírio
de Sião, fundada
em 21 de abril de
1961, celebrou durante a Semana Santa seu
Jubileu de Ouro com uma
vasta programação. Durante
4 dias pastores, cantores,
grupos teatrais e batismos
fizeram parte das celebrações
dos 50 anos de existência da
igreja, que tiveram o tema
“A igreja que queremos ser
nos próximos 50 anos” e que
foram baseadas no texto de
Atos 2.47b: “Acrescentava
o Senhor os que iam sendo
salvos”.
As celebrações tiveram
início no dia 21 de abril,
com a presença do pastor
Sérgio Dusilek, da Comunidade Batista do Rio 2
(CBRIO2), que foi o orador oficial da noite. Nesta oportunidade, o pastor
Sérgio usou o texto da mulher curvada há 12 anos
(Lucas 13.10-17) para falar
que a igreja precisa olhar
para frente, dar a primazia
a Jesus e se colocar debaixo
das mãos do Mestre. Quem
também participou desta
celebração foi o pastor e
cantor Oseias de Paula, que
cantou seus sucessos para
um templo cheio. Ao final
houve uma comemoração
no salão anexo.
Já no dia 22 de abril a programação continuou com a
presença do presidente da
Convenção Batista Carioca
Templo da IB Lírio de Sião durante culto festivo
e pastor da Primeira Igreja
Batista de Campo Grande,
pastor Carlos Elias. A partir
do texto de Efésios 5 ele mostrou à igreja que é necessário
andar em amor, ser e refletir a
luz de Jesus e viver pedindo
a Deus sabedoria para caminhar. Neste dia, o grupo Jévi,
da Igreja Batista em Anchieta,
ministrou canções que levaram a congregação a adorar
ao Senhor.
As comemorações tiveram
prosseguimento no dia 23
de abril, quando a IB Lírio
de Sião recebeu a visita do
pastor da Igreja Batista Central da Barra, Josué Valandro
Júnior, que, baseado no texto de Atos 11.19-30, pregou
sobre “uma igreja avivada”.
Em sua palavra, o orador
disse que uma igreja avivada é uma igreja onde há
conversão, uma igreja onde
há ação do Espírito Santo,
uma igreja onde há discipu-
lado e uma igreja onde há
manifestação de bondade e
solidariedade. Nesta oportunidade, a cantora Flávia
Lopes e seu marido Sadson,
ambos da Primeira Igreja
Batista em Moça Bonita,
adoraram ao Senhor com
hinos do Cantor Cristão
que receberam uma nova
roupagem.
Por fim, na manhã do dia
24 de abril a igreja recebeu
o grupo de teatro Lamuel, da
Igreja Batista Central do Correia, que encenou a Paixão
de Cristo. Nesta oportunidade o pastor da Igreja Batista
Monte Tabor, Edson Mafra,
fez uma releitura da crucificação e mostrou à congregação que o sacrifício de Jesus
foi necessário, voluntário e
libertador para aqueles que
creem.
Já no culto da noite a IB
Lirio de Sião concluiu suas
festividades com batismos
Pastores Carlos Elias e Estevão Pires (esquerda para direita)
de jovens da igreja. Esses jovens ensaiaram uma música
que foi entoada logo após
o momento. Houve grande
emoção entre a congregação. Ao final, o pastor titular
da igreja, Estevão Pires, leu
Atos 2.46-47 e afirmou que
a igreja que queremos ser é
uma igreja que tem o coração
inclinado para a restauração
do indivíduo, para o acolhimento e para a transformação
do mundo.
Nesta oportunidade todas
as famílias da igreja receberam um exemplar da Bíblia
comemorativa. Durante a
festividade foi exibido um
vídeo do pastor Venilson que foi um dos pastores da
igreja e que atualmente está
na Terceira Igreja Batista
em Marília - no qual ele dá
os parabéns por esta data
tão especial. Logo depois a
história da igreja foi projetada, o que trouxe emoção e
grandes lembranças. Nesta
oportunidade, os 9 pastores
que passaram pela igreja
foram lembrados com imagens, fatos e fotos. Durante
as programações, a igreja
recebeu vários visitantes,
pastores, ex-pastores e amigos da comunidade local,
o que fez com que o templo estivesse sempre cheio.
Também é importante salientar que durante esses
dias de celebração a igreja
inaugurou seu sistema de
ar-condicionado.
“Nós louvamos a Deus
por nos ter proporcionado
momentos tão singulares
em nossa igreja durante
esses dias. De fato vimos
o Senhor agir entre nós e
temos a certeza de que estamos caminhando para os
próximos 50 anos com a luz
de Jesus refletida em nosso
meio”, declarou o pastor
Estevão Pires.
Lançamento do Ubabalo Brasil reúne
crianças e adolescentes na IB da Graça
COMUNICAÇÃO DA
IGREJA
U
m grupo de 93
crianças e adolescentes participou
do lançamento do
Projeto Ubabalo Brasil, no
dia 21 de abril no templo
da Igreja Batista da Graça,
localizada em Salvador (BA).
O evento ocorreu simultaneamente em diversas cidades
brasileiras, com transmissão
via internet. Ou seja, os participantes puderam ver em
tempo real o que era realizado em outras igrejas.
Ubabalo é uma expressão
africana que significa Graça
de Deus. Foi usada inicialmente nas ações esportivas
na África do Sul, coordenadas pela Coalizão Internacional de Ministérios Esportivos,
representada no Brasil pelo
pastor Jonson Tadeu, da Igreja Batista do Trapiche, em
Maceió. “Foi o pastor Jonson
que, em 2009, nos desafiou
a investir no esporte como
estratégia de evangelização
e atuação social”, informa o
pastor da IB da Graça, Edvar
Gimenes de Oliveira.
Por causa das fortes chuvas que caíram em Salvador
durante o feriado, as oficinas esportivas ocorreram
pela manhã. Houve rodas de
capoeira, apresentação de
Hapkido, iniciação ao atletismo e torneio de futebol.
As crianças vibraram com os
saltos e técnicas do Hapkido
e pediram que a arte marcial
fosse ensinada no centro comunitário da igreja.
A anim ação não ficou
restrita aos adolescentes e
crianças. O coordenador da
oficina de Atletismo, professor José Carlos - que também
lidera um clube de corrida
de rua em Salvador -, sugeriu
que esses eventos sejam reali-
zados mensalmente. Já Fábio
da Glória, que dá aulas de capoeira no CECOM, disse que
“esses encontros estimulam
as crianças a participarem
regularmente de programas
de iniciação esportiva”. Além
dos orientadores das oficinas,
os pais das crianças também
ficaram entusiasmados com
o Ubabalo Brasil.
Na IB da Graça, o Ubabalo
integra uma série de ações
que visam promover a comunhão entre membros da
igreja e agregados, a inclusão
social de crianças e adolescentes dos bairros vizinhos e
a evangelização através das
ações desenvolvidas durante
o ano inteiro através do ministério esportivo da igreja.
“Em abril, por exemplo, 23
membros da igreja participaram da Corrida do Outono,
do Circuito Quatro Estações
da Adidas. Distribuímos água
mineral e folhetos aos par-
Atividade esportiva realizada na IB da Graça
ticipantes”, lembra Celson
Amorim, coordenador do
programa esportivo da IB da
Graça.
A conclusão das obras da
nova quadra poliesportiva
e a construção do salão de
jogos, previstas para os próximos meses, vão consolidar a
opção da igreja pelo esporte
como instrumento de evangelização. “Queremos que
todos, membros, congregados e vizinhos, desfrutem
de um ambiente saudável e
adequado ao esporte e recreação”, finaliza o pastor Edvar
Gimenes.
o jornal batista – domingo, 22/05/11
missões mundiais
11
Ucrânia ganha
Centro de Treinamento Missionário
REDAÇÃO DE MISSÕES
MUNDIAIS
A
primavera chegou
ao leste europeu,
e com ela um verdadeiro presente
que os missionários de Missões Mundiais na Ucrânia,
o casal formado pelo pastor
Anatoliy e por sua esposa
Iryna Shmilikhovskyy, tanto
esperavam: O Centro de
Treinamento para Missionários, em parceria com três
províncias da Ucrânia ocidental: Lviv, Volyn e Rivne.
Não se trata de um espaço
físico, pois, segundo os
missionários, ainda não há
condições para isso. Mas
é um período de três dias,
quando, a cada seis meses,
equipes de plantadores de
igrejas recebem material bíblico atualizado de acordo
com a cultura local e com
ênfase prática.
A primeira sessão aconteceu entre os dias 24 e
26 de março, em Lutsk, e
reuniu 21 equipes com um
total de 50 plantadores de
igrejas vindos de quatro estados do oeste da Ucrânia.
Foram abordados temas
como: A visão de Deus
para a igreja, valores de
ministério, círculo de res-
ponsabilidade e estratégia.
Depois de cada palestra
eram discutidas situações
para as quais cada grupo
deveria apresentar a sua
visão. Além disso, todos
deveriam apresentar os
passos reais de como alcançar os objetivos em
seus próprios ministérios
locais. “Foi muito interessante ver os diferentes contextos, onde uns trabalham
com crianças, outros com
dependentes químicos,
outros com população jovem ou adulta”, afirmou o
pastor Anatoliy. Segundo
o missionário, o principal
objetivo não foi dar respostas para tudo e todos, mas
fazer os obreiros pensarem
nas Escrituras e na sua realidade.
O segundo módulo acontecerá na cidade ucraniana de Lviv, onde moram
os missionários, entre os
dias 15 e 17 de setembro.
Atualmente, o trabalho na
província de Lviv tem cinco frentes missionárias e
há igrejas locais sustentando cada projeto. Ainda
este ano o pastor Anatoliy
pretende abrir mais cinco
trabalhos nas cidades estratégicas do estado. “Procuro
investir na liderança e na
Missionários Anatoliy e Iryna Shmilikhovskyy atuam no leste europeu
formação do departamento um líder neste ministério”, que orem, pois o trabalho
de Missões, e, dentro de disse o obreiro da JMM. Ele precisa avançar no leste
três anos, pretendo deixar pede aos irmãos brasileiros europeu.
o jornal batista – domingo, 22/05/11
ponto de vista
JONATAS DE SOUZA
NASCIMENTO
Diretor do Espaço Contábil,
com sede em Duque de
Caxias (RJ)
N
ão raras vezes
sou interpelado
por gestores eclesiásticos que querem saber qual é a melhor
forma de a igreja conceder
reajustes periódicos sobre
os proventos pagos ao seu
pastor. Qual seria a melhor
periodicidade? Qual seria o
melhor parâmetro? Qual é a
praxe? Em que época do ano?
Bom, embora atuando no
ramo há muitos anos, longe
de mim esteja a ideia de me
julgar um formador de opinião. Mas, por outro lado,
penso que posso lançar luz
sobre o assunto, já que ajudar
a igreja a acertar mais do que
errar é o meu objetivo desde
GERALDO TEIXEIRA
Pastor
Onipresente
Para ter a capacidade de
estar presente em todos os
lugares, acompanhando cada
ovelha pessoalmente: Para
orientar as crianças em seus
primeiros passos, ajudar os
adolescentes em suas descobertas, estar presente com os
jovens em suas crises existenciais, colocando-me entre os
namorados nos momentos
mais quentes, passando horas
com os casais evitando assim crises conjugais, estando
presente nos hospitais com
os enfermos, comparecendo
aos cultos fúnebres com os
que choram, nos aniversários
com os que se alegram, nas
casas dos órfãos e viúvas para
consolá-los, nos casamentos
para abençoá-los, jogando
bola com o filho, indo ao
shopping com a filha e ao
cinema com a esposa.
Onisciente
Para ter capacidade de saber o que cada ovelha precisa ouvir, para, ao pregar,
eu possa agradar a todos,
e, principalmente, quando
houver alguém em pecado,
eu não venha precisar que
o Espírito Santo toque em
seu coração para revelá-lo.
Para ter a capacidade de
conhecer o passado de cada
13
sempre e isto passo a fazer
com muita cautela, pois, afinal, cabe a cada igreja deliberar sobre este assunto.
Uma das experiências mais
interessantes que vivi foi quando um pastor que acabara de
ser eleito para uma igreja me
telefonou pedindo orientação,
já que a igreja também não
sabia como remunerá-lo nem
tampouco como disciplinar a
questão do reajuste. Aquele
pastor, disse-me, havia saído
de uma experiência muito
negativa para ele e sua família, pois ficou vários anos em
uma mesma igreja sem nunca
haver recebido um centavo de
reajuste.
É sabido que o ministro de
confissão religiosa não é empregado da igreja, não tem
vínculo empregatício, não é
regido pela Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT) e não
goza de qualquer vantagem
própria de um trabalhador secular. O pastor é um homem
que abraçou o sacerdócio.
Vive pela fé, mas sempre
depende da visão, bondade e
justiça daqueles que militam
na administração financeira
da igreja. Ele, pastor, por sua
ética, jamais poderia pleitear
um determinado valor para
pastorear uma igreja, como
sói acontecer no mundo dos
negócios, por isso cabe à
igreja elencar as necessidades básicas do obreiro e
assim fixar o seu provento.
Deve-se levar em consideração, dentre outros fatores,
o número de membros da
sua família, a faixa etária
dos filhos, se ele possui casa
própria (estimo que menos
de 10% têm), automóvel, etc.
Sempre que possível, deve
a igreja colocar em seu orçamento, e abençoar o seu
obreiro, com o Fundo de Ga-
rantia por Tempo de Ministério, uma espécie de FGTS.
Além disso, um plano de
saúde é sempre útil e a contribuição para a previdência
social (INSS) é essencial. E
por que não garantir a ele a
gratificação natalina?
Quanto ao critério para
reajustar o valor dos proventos ministeriais (ou sustento
ministerial, côngruas pastorais, renda eclesiástica, etc),
sugiro que sejam observados
o tripé justiça, amor e bondade. Aliás, isso foi o que sugeri
ao pastor referido acima e, ao
que parece, deu certo.
Objetivamente, considerando que a classe pastoral não
possui um órgão representativo da classe, que não há
qualquer parâmetro para se
conceder reajuste de proventos ao pastor, que não existe
praxe para ser seguida, quero
sugerir o que penso ser funcio-
nal na hora de a igreja reajustar
os proventos pagos ao pastor:
a) Que o reajuste seja feito
anualmente, de preferência
no mês de janeiro. b) Que
seja observada a realidade
econômica e financeira da
igreja no momento da tratativa
do assunto, sem desprezar o
potencial de crescimento (ou
não) dos dízimos e ofertas. c)
Que seja observada a realidade econômica do país. d) Que
seja levada em consideração a
necessidade de melhor preparo do obreiro com a aquisição
de livros e outros materiais
que lhe proporcionem aprendizado, participação em seminários, congressos, viagens,
etc. e) Que sejam observadas
as necessidades básicas do
obreiro e de sua família.
Se preciso for, voltarei ao
assunto oportunamente explicitando pontos porventura
obscuros neste artigo.
ovelha e restaurá-la em relação aos traumas sofridos,
conhecer o presente para
saber exatamente como ela
é e o futuro para que eu
a ajude a visualizar o céu
com suas bênçãos. Além
disso, saber o gosto musical
de cada ovelha, proporcionando assim um repertório
irretocável.
Onipotente
e dizer haja templo, e houve
templo. Para proporcionar às
ovelhas um ambiente com ar-condicionado, som ambiente
sem microfonia, telão de última geração, bancos reclináveis ajustados à cada ovelha e
intervalo para cafezinho com
pipoca. Para que ninguém
fique em casa na hora do culto, para poder dar aumento
de 100 vezes de salário para
aquelas pobres ovelhas que
não têm condições de devolverem a parte do Senhor, etc.
Ei, espera aí. Esses são
atributos de Deus, e eu não
sou Deus. Portanto, muito
obrigado Senhor, pois, limitado como sou, Tu me
escolheste para ser o pastor
do seu rebanho.
Para criar empregos para os
desempregados, para recuperar os dependentes químicos,
para treinar a igreja para a
evangelização, ação social e
discipulado. Para ser chamado
de o dono do mundo por não
depender de salário nem de
campanhas para a construção,
Hinário
Para o Culto cristão
Para o Culto cristão
O HINÁRIO PARA O CULTO
CRISTÃO, é o fruto de intenso
trabalho, de consulta e pesquisa
junto às igrejas e aos ministros de
música, maestros, instrumentistas e
músicos, que buscam a cada dia,
através da música levar, mais e mais
pessoas a apresentarem-se diante de
Deus com verdadeiro louvor.
www.geograficaeditora.com.br
14
o jornal batista – domingo, 22/05/11
MACÉIAS NUNES
Psicólogo e escritor
E
m 2007, o jornalista
americano Lawrence Wright publicou
o livro “O Vulto das
Torres”, obra que lhe garantiu o recebimento do Prêmio
Pulitzer. Extremamente bem
documentado, o relato descreve a gênese da Al-Qaeda,
na esteira dos complicados
caminhos trilhados por Osama Bin Laden para tornar-se o patrono e gerente do
terrorismo de feitio islâmico
a partir do final dos anos 70.
Revela também a trajetória
do médico egípcio Ayman
Al-Zawahiri, criador da Jihad
Islâmica egípcia, organização
terrorista que viria a se fundir
com a Al-Qaeda em 2001.
Zawahiri é considerado o sucessor natural de Bin Laden,
embora sem seu carisma e
dinheiro, mas com seus objetivos e métodos.
De acordo com a narrativa
de Wright, o ovo da serpente foi gerado no complexo
ambiente propiciado pelos
interesses geopolíticos das
grandes potências. Contudo,
suas origens remotas têm a
ver com antigas mágoas do
fundamentalismo islâmico
em relação ao ocidente cristão, com ênfase nos Estados
Unidos, visto como ateu, hedonista e opressor. O teórico
mais destacado no esticamento da corda ao máximo
no choque de civilizações
entre o ocidente materialista
e o oriente islâmico fiel à
religião foi Sayyd Qutb, educador e escritor egípcio que
viveu nos Estados Unidos
e que, de volta a seu país,
acabou executado por tentar
derrubar o governo de Gamal
Abdel Nasser.
O livro descreve Bin Laden como um devoto sincero das doutrinas muçulmanas. A partir da juventude,
influenciado por leituras de
textos de Qutb, radicalizou
suas posições em termos de
uma aposta revolucionária
que visava a levar o mundo
não islâmico, a ferro e fogo,
a submeter-se aos princípios
de sua crença. Os recrutas
dos centros de treinamento
da Al-Qaeda tinham que ter
sempre em mente as metas
utópicas da organização:
ponto de vista
Estabelecer o governo de
Deus na Terra, atingir o
martírio na causa de Deus e
purificar o Islã dos elementos de depravação. Osama
Bin Laden queria acabar
com o pecado no mundo
por meio do extermínio dos
infiéis. Qualquer semelhança com regimes totalitários
de origens diversas, como
o nazismo e o comunismo,
não é mera coincidência,
apesar da variação em termos de contexto histórico,
formas de ação e modelos
retóricos.
Pessoalmente, Bin Laden é
mostrado como um homem
de bom trato, praticante de
uma quase ascética disciplina religiosa que o levava a
comer pouco, evitar os vícios, falar com suavidade e a
aceitar estoicamente a dureza
de uma vida de ostracismo e
sacrifícios. Gostava de equitação, mas com o tempo a
prática tornou-se muito rarefeita. Teve cinco mulheres e
17 filhos. A fortuna que herdou do pai, cidadão iemenita
que emigrou para a Arábia
Saudita e lá veio a se tornar
um dos homens mais ricos do
reino apesar de analfabeto,
Osama Bin Laden arriscou - e
perdeu - na luta política.
Do ponto de vista fanático
pelo qual enxergava a vida,
esta não tinha sentido senão
como cumprimento da vontade do Profeta (Maomé). Para
ele, como para Zawahiri, o
Cristianismo opera uma inadmissível cisão entre teologia
e prática religiosa que se expressa, em termos políticos,
na separação entre Estado
e igreja. A autêntica teocracia, com a verdade religiosa
permeando a totalidade da
vida individual e coletiva, só
poderia vir através do Islamismo, no qual não se verifica
essa cisão. Mais: O islamismo é a única doutrina que
conjuga religião e política na
medida exata para fazer com
que a violência contra os
maus não represente a mera
aplicação de leis humanas,
mas expressão da vontade
de Deus.
Este é uma tema que deveria ser devidamente analisado
pelos que anseiam por uma
teocracia cristã, considerando que se Deus ou Cristo em
pessoa não estão presentes
para comandar as coisas, os
que as comandam em nome
deles acabarão inevitavelmente tendo que apelar para
a versão diabólica da justiça
e da soberania divinas: A
maligna ideologia de que
os fins justificam os meios.
Nesse sentido, sempre é possível encontrar algum tipo de
licença hermenêutica para
justificar a morte de inocentes e o suicídio dos fiéis. Bin
Laden fez isso e continuou
achando que só o fazia porque estava cumprindo a vontade de Deus.
No mais, o 11 de Setembro só se tornou possível
porque a comunidade de
inteligência americana sonegou informações cruciais
a quem podia fazer alguma
coisa para evitá-lo, o FBI, no
caso. Subestimar o adversário
é sempre um erro, o que Osama Bin Laden não desconhecia. Este foi um ingrediente
indispensável em sua receita
de loucura e sangue. Não
fora os erros e as fraquezas
daqueles a quem combateu,
seu projeto de destruição e
morte não teria causado tanto
sofrimento.
o jornal batista – domingo, 22/05/11
ponto de vista
observatório batista
15
LOURENÇO STELIO REGA
H
á pouco escrevi
um artigo sobre os
conflitos que podem surgir numa
igreja, e que é possível nós
pastores sermos também a
causa deles. Muitas vezes
podemos ir além do limite de
nosso papel, ou podemos até
não estarmos num bom momento de nossa história de
vida, o que pode nos levar a
ser a causa de conflitos entre
as ovelhas. Apesar de pastores, somos como qualquer
ser humano na face da terra:
Imperfeitos. Somos também
gente e não máquina de produção ou de perfeição. Aliás,
até as máquinas falham e
necessitam de ajustes.
Soube uma vez que um
pastor assumiu o ministério
de uma igreja e numa das
primeiras reuniões com a liderança foi logo avisado que
os honorários dele seriam
calculados por produtividade. Como medir a produtividade de um pastor sério e
cumpridor de seu papel de
ovelheiro? Pelo aumento das
receitas? Pelo controle das
despesas? Pela quantidade de
visitas feitas? Pela quantidade
de batismos num determinado período? Pela quantidade
de atendimentos? Há pessoas
que nem desejam que outros
saibam que está num processo de aconselhamento.
Como fazer, nessa ocasião,
para computar a estatística
no cálculo?
Numa outra ocasião um
líder de uma igreja reclamou informando que o pastor morava numa casa que
era muito boa. Eu logo lhe
respondi que o pastor deveria morar na melhor casa
que a igreja poderia abrigá-lo, para poder ter sossego
e estar sempre preparado
para cumprir o seu papel
de cuidador das ovelhas e
ter um modelo de moradia
para os demais membros
da igreja. No caso, eu conhecia a igreja, o líder e o
colega pastor. Nesta igreja,
especialmente, tenho tido
o conhecimento que a data
de vencimento do cada ministério pastoral não é tão
longa. O interessante é que
todos os pastores que de lá
saíram ultimamente estão
firmes há um bom tempo
em outro ministério. Onde
será que está a causa?
Um outro pastor recebeu
do tesoureiro da igreja um
maço de cheques que era
para o pagamento de seu honorário. O pastor lhe indagou
porque a tesouraria não tinha
feito um cheque da igreja e o
respectivo contracheque para
o seu pagamento? O tesoureiro rapidamente respondeu:
“Pastor, o que você pensa
que a igreja é? Você acha
que ela deve perder dinheiro com a CPMF?”. O pastor,
meio aturdido, indagou novamente sobre o que deveria
fazer se um cheque voltasse,
e o tesoureiro prontamente
respondeu que ele deveria
trazer o cheque no domingo
seguinte, pois se o emitente viesse poderia substituir
o cheque. E se não viesse?
Bom, essa parte o pastor não
perguntou.
Tive também o conhecimento de uma situação na
qual faleceu um pastor que
estava enfermo. Cerca de 15
dias depois os líderes bateram na porta da casa pastoral
para solicitar à viúva que
desocupasse a moradia imediatamente. Pastor é gente, e
sua família também.
Eu sei que pode até haver
pastores que não conseguem
realizar um bom trabalho,
mas continuam a ser gente e
necessitam ser tratados pelo
menos como gente. Eu sei
que há pastores autoritários,
mas também são gente. Eu
sei que há pastores cujo sermão nem sempre tem bom
conteúdo. Tem pastor que
é sanguíneo demais, mas
também há coléricos, melancólicos e fleumáticos. Pode
até haver pastor que sofre de
alguma neurose. Enfim, todos
são gente.
Já se passam 34 anos desde a minha consagração ao
ministério. A maior parte
vivi dividindo tempo entre o
trabalho denominacional e
o eclesiástico. Se não estava
pastoreando, estava colaborando com o ministério de
algum colega, em geral na
área de educação. Sei que
há comentários justos sobre
a atitude de alguns pastores.
Porém, transformar o pastor
em sobremesa do almoço
de todo o domingo, isso já
é demais!
Seja como for o seu pastor, você já orou em favor
dele hoje? Já tentou dialogar
com ele procurando ajudá-lo como você gostaria de
ser ajudado numa situação
semelhante? E se ele não dá
chance para isso, você já entregou a situação para Deus
e pediu-Lhe para encontrar
um momento e as palavras
certas?
Um dia um jovem seminarista, líder em sua igreja,
apareceu em meu escritório
na Faculdade que dirijo e me
pediu para ouvi-lo e aconselhá-lo, pois estava muito
zangado com seu pastor por
causa de algumas atitudes
que ele estava tendo. Ele
começou a se exaltar tanto
sobre o assunto que, num determinado momento, me disse que o único caminho era
o pastor sair imediatamente
da igreja e deixá-los em paz.
Eu perguntei de imediato a
ele: “O pastor é casado? Tem
filhos? Qual a idade deles? A
casa em que mora o pastor é
da igreja ou é dele mesmo?”.
Ao que ele me respondeu
que ele era casado, tinha filhos, eram crianças em idade
escolar e morava na casa pastoral da igreja. “Quer dizer
que você deseja que o pastor
saia da igreja nos próximos
dias?”. Ele me respondeu que
sim. Eu continuei: “Onde ele
vai morar? E a sua esposa?
Seus filhos, que já possuem
um relacionamento na escola, como vão ficar? Eles
terão de parar os estudos de
uma hora para outra?”. O
jovem quase deu um salto
da cadeira e disse: “Professor,
o que é isso? Eu não tinha
pensado nestas coisas!”. Eu
lhe disse que o pastor dele
até poderia estar errado, e
até ter sido inconveniente,
mas ele era também gente,
que sua esposa era gente e
seus filhos eram gente e necessitavam pelo menos ser
tratados como gente, e eles
deveriam buscar um diálogo
com aquele pastor e trabalhar
mais na situação.
Não sei o que aconteceu depois, mas o espanto
daquele jovem me deixou
também espantado, pois,
investindo grande parte do
meu tempo na vida denominacional, tenho tido a oportunidade de me assentar ao
lado dos membros da igreja
e ouvi-los mais abertamente, e já vi repetidas vezes
a mesma situação. Se há
pastores que podem até manipular pessoas, há também
líderes que até podem tratar
o pastor como uma peça de
descarte, sem a mínima preocupação dele como gente.
É certo que um pastor não
pode tratar com autoritarismo, indelicadeza, omissão
ou irresponsabilidade ao rebanho. Mas também a igreja não pode tratar o pastor
como se fosse uma máquina,
como se fosse alguém sem
sentimentos, sem família, que
não tem dor e é impermeável
ao sofrimento. Afinal, pastor
também é gente.
Portanto, deixo o meu recado tanto a pastores como
a líderes e membros em geral
da igreja: O diálogo é sempre
o caminho. Se ele não for
possível, a oração e a dependência de Deus são a avenida
para a manutenção saudável
da vida na igreja.
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Pastor também é gente... - Convenção Batista Brasileira