????? ISSN 1679-0189 o jornal batista – domingo, 22/05/11 Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira Fundado em 1901 Rua Senador Furtado, 56 . RJ Leia nesta edição de OJB uma entrevista exclusiva com um missionário dos batistas brasileiros que atua em um país do sul da 1 Ano CXI Edição 21 Domingo, 22.05.2011 R$ 3,20 Ásia e que tem como um de seus desafios compartilhar o amor de Cristo Jesus junto a muçulmanos. (Páginas 8 e 9) Pastor também é gente... Em um artigo especial para OJB, o pastor e educador Lourenço Stelio Rega faz uma profunda reflexão sobre as necessidades e limitações daqueles que se dedicam ao ministério pastoral, lembrando que, acima de tudo, eles também são gente. (Página 15) 2 o jornal batista – domingo, 22/05/11 reflexão EDITORIAL O JORNAL BATISTA Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso. Fundado em 10.01.1901 INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189 PUBLICAÇÃO DO CONSELHO GERAL DA CBB FUNDADOR W.E. Entzminger PRESIDENTE Paschoal Piragine Júnior DIRETOR GERAL Sócrates Oliveira de Souza SECRETÁRIO DE REDAÇÃO Fábio Aguiar Lisboa (Reg. Profissional - MTB 26.163-RJ) CONSELHO EDITORIAL Macéias Nunes David Malta Nascimento Othon Ávila Amaral Sandra Regina Bellonce do Carmo Lelis Dutra Moura EMAILs Anúncios: [email protected] Colaborações: [email protected] Assinaturas: [email protected] REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA Rua Senador Furtado, 56 CEP 20270.020 - Rio de Janeiro - RJ Tel/Fax: (21) 2157-5557 Fax: (21) 2157-5560 Site: www.ojornalbatista.com.br A direção é responsável, perante a lei, por todos os textos publicados. Perante a denominação batista, as colaborações assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do Jornal. DIRETORES HISTÓRICOS W.E. Entzminger, fundador (1901 a 1919); A.B. Detter (1904 e 1907); S.L. Watson (1920 a 1925); Theodoro Rodrigues Teixeira (1925 a 1940); Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Jornal do Commércio (21) 2223.8510 A o se estudar as Ciências Humanas é possível perceber que o conceito de comunicação experimentou variações no decorrer do tempo. Inicialmente, entendia-se que o ato de comunicar consistia basicamente a transmitir uma mensagem de um indivíduo para o outro: O foco estava na mensagem, no canal e no emissor, enquanto pouca atenção se dava ao receptor. Contudo, o tempo passou e o olhar dos pesquisadores desta área das Ciências Sociais Aplicadas mudou. Assim, o receptor deixou o papel de coadjuvante para assumir um papel central neste processo. Isto fez com que uma das mudanças mais marcantes do que podemos chamar de paradigma comunicacional seja justamente a importância cada vez maior dada à opinião do público. Milagre • O ideal é que não fosse necessário passarmos por provações para nos aproximarmos mais de Deus. Como seus filhos, pelo grande amor de Jesus, devia ser natural que o amor e a paz de Cristo fossem vistas em nós e através de nós (comentário sobre o artigo “Um milagre para todos”, de autoria do pastor João Falcão Sobrinho e publicado na edição de 8 de maio de OJB). Jacy França e Silva, pelo OJB on-line. Policiais • Caro irmão João Falcão Sobrinho, sou um leitor assíduo de O Jornal Batista e, analisando a sua colocação no artigo “A falta que faz o amor” (publicado na edição de OJB de 24 de abril), verifico sua total parcialidade e aversão com relação aos policiais de nosso país. Vi que o senhor generalizou todos os policiais existentes como pessoas que usam seus armamentos e autoridade, delegados pelo Estado, para cometerem atos condenáveis. Atenta a esta transformação, a Convenção Batista Brasileira (CBB) oferece uma variedade cada vez maior de canais para que você possa expressar suas ideias em relação aos temas que envolvem o mundo batista. Começando por O Jornal Batista, passando pelo Portal Batista, pelas listas de debate pela internet e chegando às comunidades das redes sociais, a CBB oferece a você canais através dos quais Ca do rtas edi s le tor it @b atis ore ta s s .c om Julgo que a análise feita pelo irmão está equivocada, pois em todas as classes sociais, e em todos os níveis, existem os bons e os maus profissionais. Sou um membro ativo do corpo de Cristo, pertenço à Igreja Batista em Camobi, e sou policial militar há 22 anos e não aceitei a colocação efetuada pelo amado irmão. Não são todos os policias que assim agem, pois o que uma minoria (e diga-se até ínfima parcela) faz não é o comum e nem praticado pelo todo. Por isso peço com amor ao amado irmão que analise a sua colocação, pois não podemos pôr em um cesto um todo pelo ato de poucos. Adilomar Lopes Moreira, Camobi (RS). Sonhar o futuro • Achei muito interessante o relatório (publicado na As mensagens enviadas devem ser concisas e identificadas (nome completo, endereço e telefone). OJB se reserva o direito de publicar trechos. As colaborações para a seção de Cartas dos Leitores podem ser encaminhadas por e-mail ([email protected]), fax (0.21.21575557) ou correio (Rua Senador Furtado, 56 - CEP 20270-020 - Rio de Janeiro - RJ). você pode se inteirar sobre o que acontece no mundo batista e também expressar sua posição pessoal sobre as mais diversas situações. Assim, o nosso convite, neste Dia da Comunicação Batista, é que você envie sua carta para OJB, comente as notícias do Portal Batista e expresse seu posicionamento pelas comunidades sociais, de forma que a Comunicação seja um campo cada vez mais desenvolvido em nosso meio. (FAL) edição de 3 de abril de OJB) da primeira reunião do Conselho Geral da Convenção Batista Brasileira (CBB), principalmente sobre a proposta de “sonhar o futuro” feita pelo presidente Paschoal Piragine Júnior. Contudo, senti falta da inclusão do tema família nas áreas escolhidas para reflexão sobre o futuro da denominação. Não percebi em todo o relatório nenhum plano estratégico voltado para o tema citado. Será que as famílias das nossas igrejas já alcançaram o nível de maturidade espiritual para que não precisem mais de apoio e orientação da igreja? Estarão as igrejas preparadas para orientar nossos jovens para os desafios atuais e futuros com relação à constituição familiar? E os nossos adolescentes? Como a igreja deve cuidar deles? Gostaria de conhecer quais são as propostas da nova diretoria para o assunto família cristã e seus desafios para poder sonhar com o futuro da instituição batista brasileira. Não se pode sonhar o futuro sem incluir a questão das famílias. Hudson de Oliveira Maia, Manaus (AM). o jornal batista – domingo, 22/05/11 reflexão C omeço agora a refletir sobre as cinco marcas da verdadeira espiritualidade, tomando como base o texto bíblico de Colossenses 3.1-4. Desde a conversão, somos sempre desafiados a escolher uma entre duas alternativas: Viver segundo a carne ou viver segundo o Espírito. Todo aquele que experimenta agora a nova vida em Cristo, mas ainda continua inserido numa sociedade orientada por princípios e valores da velha vida, precisa estar sempre pronto a optar por um de dois caminhos. O apóstolo Paulo deixa claro no texto de Gálatas 5.16-18 e 24-25 que a verdadeira espiritualidade é experimentada por quem anda de acordo com a orientação do Espírito. Com essa definição paulina, fica para trás, logo de saída, uma série de conceitos equivocados sobre espiritualidade. Espiritualidade não é viver de acordo com uma série de regrinhas estabelecidas pela religião. Espiritualidade não é transpirar dons do Espírito por todos os poros, nem caminhar constantemente entre prodígios e maravilhas. Não é, de igual modo, ficar enfurnado ou trancado dentro de um quarto para ler a Bíblia e orar o dia inteiro. Espiritualidade mesmo tem a ver com andar e viver de acordo com as orientações do Espírito. E é participar da vida de acordo com essas mesmas orientações. A verdadeira espiritualidade começa por dentro A verdadeira espiritualidade é algo que, antes de qualquer coisa, acontece por dentro de nós. É algo ligado, primeiramente, ao interior e não ao exterior. Uma pessoa pode até parecer espiritual para quem a observa por fora, enquanto não passa, na verdade, de alguém que cultiva e nutre desejos carnais no coração e na mente. Francis Schaeffer lembra que nos Dez Mandamentos dados a Moisés a última palavra de ordem condena a cobiça. Para ele, a ordem para não cobiçar “é o mandamento interior que mostra ao homem que se julga moralmente reto, que ele realmen- te precisa de um Salvador. Tal homem moral médio, que tem se comparado com outras pessoas e com uma lista bastante fácil de regras (mesmo se elas lhe causam alguma dor e dificuldade), pode sentir, como Paulo, que tudo está indo bem. Mas, de repente, quando confrontado com o mandamento interior para não cobiçar, ele é forçado a cair de joelhos”. A lei mosaica proibia a adoração de outros deuses, a veneração de ídolos, o uso do nome de Deus em vão, o uso egoísta do tempo, a desonra de pai e mãe, o homicídio, o roubo, o adultério e a mentira. Todas essas são ações exteriores. O último mandamento, entretanto, proíbe a cobiça. E a cobiça tem a ver com sentimentos interiores. Ou seja: A questão toda se resume ao que se dá por dentro. Você cobiça ter outros deuses e adorar ídolos, cobiça monopolizar o tempo todo apenas para o que lhe apraz, cobiça a mulher do próximo, cobiça manipular a verdade para proveito próprio, cobiça o que pertence aos outros. E o que acontece? Você idolatra, você não dedica o dia de descanso ao Senhor, você adultera, você mente, você inveja e rouba. Então, a espiritualidade começa com a mudança que acontece por dentro quando uma pessoa nasce de novo em Cristo. Se por dentro as coisas forem resolvidas, logo a nova vida irá se manifestar também para fora. Desejos ilícitos começam no coração e criam raízes, desenvolvem-se e, depois, viram atos. E aí já não é mais possível voltar atrás. Modelos de espiritualidade nos tempos de Jesus Nos tempos de Jesus, as pessoas conheciam diversos modelos de espiritualidade. Os quatro modelos mais destacados possuíam uma grande semelhança com certos modelos de espiritualidade que podemos encontrar atualmente nas igrejas e grupos religiosos. Em primeiro lugar, existia o modelo dos fariseus. O modelo farisaico de espiritualidade era essencialmente legalista. Mais do que a Lei, a interpretação da Lei devia ser sempre obedecida. Pois havia uma diferença entre a Lei em si e a aplicação da mesma feita pelos líderes religiosos. Jesus respeitava a Lei, mas não era legalista, nem se deixava aprisionar pelo legalismo. O segundo modelo de espiritualidade do judaísmo nos tempos de Jesus era o dos saduceus. Eles se diziam os únicos herdeiros do sacerdócio e os verdadeiros guardadores do templo. A espiritualidade dos saduceus estava toda voltada para o templo, para os ritos, para as liturgias, para os sacrifícios. Toda a vida religiosa circunscrevia-se em torno do culto. O terceiro modelo de espiritualidade era o dos essênios, isto é, judeus que viviam em reclusão, num estilo de confinamento religioso parecido com o dos monges nos mosteiros. Eles achavam que, para desfrutar da verdadeira espiritualidade, a pessoa precisava se afastar de tudo, assumindo costumes ascéticos e rejeitando qualquer tipo de prazer profano ou de convívio social. O quarto conceito de espiritualidade judaica era o dos zelotes, a espiritualidade da ação política. Eles pregavam a derrubada do domínio do Império Romano em nome de Deus, ainda que fosse necessário pegar em armas e causar muitas mortes nessa revolução. Contudo, esses conceitos de espiritualidade não refletem os ensinos de Jesus a respeito da espiritualidade. Jesus Cristo é nosso modelo de espiritualidade Jesus Cristo é a nossa referência maior. Ele, portanto, é também nosso modelo de espiritualidade. Ele se encarnou, veio em corpo, submetido a todas as limitações humanas, e também foi tentado. Isso significa que a espiritualidade não impede a tentação. Se somos espirituais, também somos tentados. E se formos mais espirituais do que carnais, fica mais fácil vencer a tentação. Jesus foi tentado. E também foi perseguido, incompreendido, ridicularizado, traído, rejeitado e abandonado. Ele também atravessou problemas. Ser espiritual não significa estar protegido por uma redoma, sem jamais enfrentar momentos difíceis. Em meio a tudo isso, qual era o modelo de espiritualidade de Jesus? A resposta está no final do Sermão do Monte, na conclusão dos seus ensinos sobre como devemos andar neste mundo. O Senhor Jesus ensina: “Nem todo o que me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos céus”, porque espiritualidade não se trata de um discurso, de um credo, de uma confissão religiosa. “Mas apenas aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus”. Para Jesus, a espiritualidade é tão somente alguém vivendo conforme a vontade de Deus aqui na terra (Mateus 7.21). Espiritualidade é fazer o que a Palavra de Deus ensina. Cumprir o que o Senhor ensinou. Participando da vida em Cristo Voltemos agora ao texto de Colossenses 3.1-4. Esse texto descreve a espiritualidade verdadeira a partir de quatro pressupostos. Em primeiro lugar, a verdadeira espiritualidade brota de uma verdadeira conversão. Brota da nova vida em Cristo. A autêntica espiritualidade só existe na vida de quem se converteu de verdade, na vida de quem já passou pelo novo nascimento: “Em verdade digo que quem não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (João 3.3). Em segundo lugar, a verdadeira espiritualidade começa na mente: “Procurem as coisas que são do alto, onde Cristo está sentado. Mantenham o pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas”. Quando o apóstolo Paulo orienta os seus leitores a não fixarem o pensamento nas coisas terrenas, está se referindo à mente dominada pelas coisas da natureza terrena, a natureza que tínhamos antes da conversão, a natureza afastada e separada de Deus. A natureza terrena provoca o desejo de pecar. A natureza terrena é o envolvimento com as coisas que não correspondem aos valores do Reino de Deus. Quando Paulo enfatiza que a espiritualidade resulta do pensamento que se fixa nas coisas do alto, ele quer dizer que é o pensamento que define as ações. 3 Em terceiro lugar, Paulo diz que quando Cristo se manifestar, vamos nos manifestar com Ele em glória. Espiritualidade nesse mundo é algo trabalhoso e difícil. Paulo sabia disso. Não é fácil ser espiritual aqui. É preciso renunciar e rejeitar muita coisa, é preciso abrir mão dos desejos, de certos prazeres passageiros e efêmeros em nome de coisas permanentes. A busca da verdadeira espiritualidade é caminho estreito, como Jesus avisa em Mateus 7.13-14. Hoje a nossa vida está escondida em Cristo. As pessoas riem, ridicularizam, zombam, duvidam, escarnecem, perseguem e não fazem nenhuma questão de compreender. Mas um dia, Cristo vai se manifestar em glória, e vamos participar da glória dele. As cinco marcas da verdadeira espiritualidade A verdadeira espiritualidade, de acordo com o ensino das Escrituras, se manifesta de cinco maneiras: Através da humildade, da contrição, da devoção, da santidade e do amor. Ou seja, só possui verdadeira espiritualidade quem se coloca humildemente diante de Deus, reconhecendo que depende dele. É a primeira bem-aventurança do Sermão do Monte (Mateus 5.3). Só possui espiritualidade autêntica quem se quebranta, quem tem o coração quebrantado diante de Deus. Como diz Davi no Salmo 51. Só possui espiritualidade verdadeira quem mantém comunhão constante com o Senhor, numa devoção íntima e pessoal. Só possui verdadeira espiritualidade quem anda em santidade. Ausência de santidade é ausência de espiritualidade. Enfim, a verdadeira espiritualidade se manifesta também através do amor. Quem ama, quem é misericordioso, quem perdoa, quem tem compaixão, quem consegue suportar os outros, esse é aquele que experimenta, de fato, a espiritualidade ensinada pela Palavra de Deus. A partir da próxima edição de OJB vamos prosseguir nesse roteiro, analisando cada uma dessas cinco marcas da verdadeira espiritualidade. 4 o jornal batista – domingo, 22/05/11 reflexão GOTAS BÍBLICAS OLAVO FEIJÓ Pastor, professor de Psicologia Morte preciosa para o Senhor “Preciosa é à vista do Se- E no meio, também, dos nhor a morte dos seus san- livramentos e dos carinhos do Senhor. Apesar de tudo tos” - Salmos 116.15. e apesar de todos, minha Salmo 116 é uma irmã sempre se alegrou no coletânea de li- seu ministério de ajudar os v r a m e n t o s d o órfãos e as viúvas. A nossa morte é preciosa Senhor, quando aos olhos do Senhor, porque as provações atacam os fiéis. nossa vida ocorre sempre Até a experiência da morte protegida pelos seus olhos é vista dentro da estrutura de amor. Por isso, para o da providência divina: “Precristão, morte e vida são a ciosa é aos olhos do Senhor cara e a coroa da mesma a morte dos Seus santos” moeda. A condição de viver (Salmo 116.15). na ressurreição de Cristo é Hoje, o recitar deste Salmorrermos para o mundo, mo se encaixou no meu estado de espírito, dois crucificados com Jesus. Nós dias depois do falecimento morremos para que o poder de minha irmã, que quase da ressurreição se manifeste atingiu a idade provecta em nós. E, tudo isso, debaixo dos 90 anos. Porque, com da supervisão amorosa do Sea mensagem da sua mor- nhor, cujos olhos nos acomte, vieram à tona, na mi- panham e nos protegem. nha memória, as múltiplas Por isso, na dor da morte, é maneiras como o Senhor importante lembrar dos olhos acompanhou sua vida, no do Senhor, que trazem vida à meio de tantas vicissitudes. nossa morte. O OSWALDO LUIZ GOMES JACOB Pastor, colaborador de OJB O s nossos dias estão sendo marcados por uma religião meramente aparente de Evangelho, sem conteúdo bíblico. Os líderes religiosos se utilizam de mecanismos dos mais variados para atraírem pessoas para seus arraiais. É impressionante a tietagem desta liderança televisiva que aí está. Homens e mulheres que querem aparecer. Eles são o centro de suas comunidades. Controlam o povo com mão de ferro. Querem ser servidos. Com personalidade muito forte, se tornam ditadores de seu povo. Negociam princípios em conluio com políticos inescrupulosos. Eles andam de carrões e aviões. Vivem uma vida de luxo na contramão de um Evangelho simples, de gente simples e próspera do ponto de vista espiritual (esta é a prosperi- dade mais importante e que permanece). Causa-me asco ver esta liderança usando pessoas tão simples e até sofisticadas para sustentarem suas ideias estranhas sem compromisso com o Evangelho de Cristo, que é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Romanos 1.16). Jesus faz um diagnóstico muito preciso dos falsos profetas (Mateus 7.21-23). Os falsos profetas enganam o povo, tiram a glória que é de Deus para usá-la em seu próprio beneficio, fazem uso do marketing para se promoverem, utilizam outdoors para anunciar o seu aniversário e colocam dentro e fora dos templos placas enormes com suas fotos revelando a sua megalomania. O teólogo suíço Karl Barth, discorrendo sobre o falso profeta, diz: “O falso profeta é o pastor que agrada a todo mundo. Seu dever é dar testemunho de Deus, mas ele não vê a Deus e prefere não o ver porque vê muitas outras coisas. Segue seus pensamentos humanos, conserva-se interiormente calmo e seguro, evita habilmente tudo quanto o incomoda. Não espera senão poucas coisas ou mesmo nada da parte de Deus. Pode calar-se, mesmo quando vê homens atravancando seus caminhos de pensamento, de opiniões, de cálculos e de sonhos falsos, porque eles querem viver sem Deus. Retira-se sempre quando deveria avançar. Compraz-se em ser chamado pregador do Evangelho, condutor espiritual e servidor de Deus, mas só serve a homens. Sonha, às vezes, que fala em nome de Deus, mas não fala a não ser em nome da igreja, da opinião pública, das pessoas respeitáveis e da sua pequena pessoa. Ele sabe que, desde agora e para sempre, os caminhos que não começam em Deus não são caminhos verdadeiros, mas não quer incomodar nem a si mesmo, nem aos outros; por isso é que pensa e diz: ‘Continuemos prudentemente e sempre alegres em nosso caminho atual; as coisas se arranjarão’. Ele sabe que Deus quer tirar os homens da impiedade e que a luta espiritual deve ser travada. No entanto, prega a ‘paz’, a paz entre Deus e o mundo perdido que está em nós e fora de nós. Como se tal paz existisse! Sabe que seu dever consiste em proclamar que Deus cria uma nova vontade, uma nova vida; mas não, ele deixa reinar o espírito do medo, do engano, de Mamom, da violência - a muralha construída pelo povo (Ezequiel 13.10), o muro oscilante e manchado. Ele disfarça pintando de cores suaves e consoladoras da religião para o contentamento de todo o mundo. Eis aí o falso profeta”. Que o Pai nos livre do espírito do falso profeta. Que Ele levante em cada lugar verdadeiros profetas que não temam a não ser a Ele. Que em cada púlpito se levante um verdadeiro profeta para pregar o genuíno Evangelho da graça. Que aumente em muito o número de homens e mu- lheres que pregam a cruz (1 Coríntios 1.18). Que nós, pastores, avaliemos nossas posturas à luz da Palavra de Deus. Sejamos homens e mulheres da Palavra e de palavra. Corajosos em denunciar o pecado do homem, mas, ao mesmo tempo, anunciar o Evangelho de Cristo para a salvação de todo o que crê. Fomos chamados pelo Senhor não para fazer a nossa vontade e a vontade do povo, mas a Sua. Que haja sempre coerência entre o que cremos, o que vivemos e o que falamos. Alguém disse: “Eu não sei o segredo do sucesso, mas sei o segredo do fracasso: Tentar agradar todo mundo”. Jesus disse ao Pai: “Pai, não a minha, mas a tua vontade”. Para Paulo a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita (Romanos 12.1-2). Para o verdadeiro profeta, a vontade de Deus é o centro da sua vida. A palavra profética não é antropocêntrica, mas cristocêntrica. Mais uma vez: Que Deus nos livre do espírito do falso profeta. o jornal batista – domingo, 22/05/11 reflexão PARÁBOLAS VIVAS 5 João Falcão Sobrinho C ELILDES JUNIO MACHARETE FONSECA Pastor adjunto na PIB de Cabo Frio (RJ) A igreja de Cristo, basicamente, possui duas grandes vocações: Adorar a Deus e proclamar a mensagem de salvação. Louvamos ao Senhor quando exaltamos os seus feitos e o adoramos quando reconhecemos quem Ele é. O ser igreja, portanto, inclui a obra missionária. Fomos alcançados pela atuação missionária de alguém e alcançamos os outros pela ação missionária que desenvolvemos enquanto igreja de Cristo entre a humanidade, sendo sal da terra e luz do mundo (Mateus 5.13-16). Conscientes de nossa missão, devemos cumpri-la a tempo e fora de tempo (2 Timóteo 4.2) na certeza de que está fundamentada em Cristo Jesus, como podemos observar em Mateus 28.18-20. Primeiro, devemos saber que a missão da igreja está fundamentada na pessoa de Cristo: “Então, Jesus aproximou-se deles e disse: ‘Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra’” (Mateus 28.18). Não há ninguém que se compare a Cristo. Nenhum outro fundamento poderia superá-lo ou substituí-lo (1 Coríntios 3.11). Em segundo lugar, deve estar claro que a missão da igreja está fundamentada na ordem de Cristo: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei” (Mateus 28.19-20). Realizar a obra missionária não é uma opção da igreja, é questão de obediência. Jesus nos mandar ir e fazer discípulos, batizando e ensinando a essas pessoas o caminho em que devem seguir (João 14.6). Por fim, a missão da igreja está fundamentada na garantia de Cristo: “E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mateus 28.20). O Deus que nos envia é o mesmo que segue conosco. Essa é a garantia da vitória. Não ficamos sozinhos no cumprimento da missão. Uma igreja que se propõe a ser relevante na obra missionária deve nutrir estas certezas, como pilares irrevogáveis no cumprimento da missão, mesmo que seja árdua. A voz que ouvimos é a de Cristo. Se fosse qualquer outra, até poderíamos repensar. Como quem diz é Cristo, submissos e sem qualquer questionamento lançaremos as redes ao mar (Lucas 5.1-11). erta vez, não faz muitos anos, um pastor amigo pessoal foi procurado por um jovem que lhe disse precisar de um conselho. Acrescentou o moço: “Mas não quero conselhos da Bíblia, porque o meu problema é dos dias atuais e a Bíblia traz conselhos para a vida de antigamente”. “E qual é o seu problema?”, perguntou o pastor. “O meu caso, disse o jovem, é que estou sendo assediado pela mulher do meu patrão. Ela trabalha na empresa e todo santo dia insiste em querer sair comigo. Agora ela está dizendo que, se eu não ceder, ela vai provocar a minha demissão, e eu não posso perder o emprego. O patrão confia em mim e não suspeita de nada. Que pressão! Qual a orientação que o senhor pode me dar?”. O pastor respondeu de imediato: “Querido, a Bíblia narra um caso exatamente igual ao seu, acontecido mais de 2.000 anos antes de Cristo. É a história de um jovem chamado José que era escravo na casa de Potifar, oficial de Faraó, rei do Egito. O oficial tinha absoluta confiança em José, mas a mulher de Potifar tentou explicitamente seduzir o jovem escravo. Todos os dias ela o chamava para deitar-se com ela, mas José resistia dizendo que não poderia trair a confiança do seu patrão nem falhar em sua submissão a Deus. Delatado falsamente pela mulher, José não só perdeu o emprego, mas foi parar na cadeia. Perdeu o emprego e a liberdade, mas não perdeu sua paz interior nem a ajuda de Deus para interpretar os sonhos de Faraó e com isso vir a se tornar vice-rei do Egito. Perca o seu emprego, mas não caia na cilada que o Diabo está armando para você. Deus recompensará a sua integridade com bênçãos que você, como José, não pode imaginar. Como você vê, a Bíblia é um livro de tremenda atualidade”. Os avanços da ciência e da tecnologia jamais farão com que a Bílbia se torne um livro ultrapassado, obsoleto ou out fashion, fora de moda. A decisão mais sábia que um adolescente ou jovem, mesmo um menino, pode fazer nestes tempos de pósmodernidade é ler a Bíblia, estudar a Bíblia, conhecer a Bíblia e guardar a Palavra de Deus no coração. Quando menino, estudando no Colégio Batista Brasileiro de São Paulo, eu levava uma pequena Bíblia na mochila junto com os livros e os cadernos. Nos intervalos das aulas eu tinha prazer em ler a minha Bíblia impressa na ortografia antiga (Psalmos, Ephesios, lembro-me bem) e esse hábito me acompanha até hoje. A ortografia mudou, mas as verdades da Bíblia são eternas, como Jesus mesmo disse: “Passarão os céus e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar”. Ler a Bíblia é abrir a alma para o infinito, para conhecer Deus, é respirar o cheiro de terra e o perfume das flores do mais belo jardim, é descortinar as mais lindas paisagens que a mente humana jamais imaginou, é firmar os passos e nunca se perder nas encruzilhadas, é andar sem tropeçar, é nunca perder de vista a sublime verdade de que há um lugar maravilhoso à nossa espera após o fim de todas as leituras da vida. As verdades da Bíblia são inesgotáveis, renovam-se a cada manhã como as misericórdias do Senhor. Quem lê a Bíblia e põe em prática os seus ensinos está edificando sua vida e sua casa sobre a rocha inamovível pelas tempestades da vida, sempre sabe para onde vai, não erra o caminho e viaja na segurança de chegar ao porto desejado. Que mais dizer sobre a atualidade da Bíblia? Somente a sua leitura constante pode responder. 6 vida em família o jornal batista – domingo, 22/05/11 reflexão Gilson e Elizabete Bifano MANOEL DE JESUS THE Pastor, colaborador de OJB H á quase 15 anos exercendo um ministério itinerante, eu e minha esposa temos sido abençoados por Deus, que tem colocado em nosso caminho igrejas, famílias e pessoas que têm nos recebido de forma amorosa. Às vezes ficamos em hotéis, outras em casas, mas sempre procuram proporcionar o melhor para nós. Em casas e hotéis nos sentimos amados e acolhidos. A hospitalidade é uma forma de servir a Deus. A Bíblia está cheia de exemplos de homens, mulheres e famílias que serviram a Deus exercendo a hospitalidade. Um dos casos mais marcantes de hospitalidade está registrado em Josué 2.1-16. O texto descreve Raabe arriscando sua vida e de sua família ao acolher em sua casa os espias. Por este ato, Raabe, a prostituta, teve seu nome inscrito na galeria da fé pelo autor do livro de Hebreus (Hebreus 11.31). Jesus, conforme nos descrevem os Evangelhos, foi acolhido inúmeras vezes por famílias. Gosto muito de pensar na família de Marta, Maria e Lázaro, uma família de solteiros. Várias vezes esta família que morava em Betânia abriu as portas para hospedar e alimentar Jesus e seus discípulos. Paulo recomendou aos crentes da igreja primitiva que exercessem a hospitalidade (Romanos 12.13). Um dos itens que deve estar presente na vida dos pastores é a capacidade de ser hospitaleiro (1 Timóteo 3.2). O autor da carta aos Hebreus também lembra aos seus leitores sobre a importância da hospitalidade (Hebreus 13.2). Um texto que muito aprecio sobre o tema está em 1 Pedro 4.9, no qual o após- tolo recomenda aos crentes que sejam hospitaleiros sem reclamações. Hospedar alguém é uma virtude bíblica que deve ser praticada sem murmuração. Receber alguém em casa muda a rotina da família, pode mexer no orçamento e exige atenção da parte do hospedeiro. Por isso Pedro faz esta recomendação. Para terminar, quero lembrar de algo que aconteceu no século passado na cidade de Boston, nos Estados Unidos. Um professor estava lecionando uma matéria sobre religião e um aluno perguntou: “Professor, qual é a melhor definição de Cristianismo?”. Naquele exato momento estava passando no corredor o bispo Phillipp Brooks, arcebispo da igreja anglicana. Ao que o professor disse, em resposta ao aluno: “A melhor definição de Cristianismo? Ali vai Phillipp Brooks”. Aproveitando este fato histórico, pergunto: “Querem saber a melhor definição de hospitalidade?”. Andando, como já afirmei, por este Brasil eu diria que a melhor definição de hospitalidade são os Colombanis (Batista e Gersony, em São José dos Campos), os Vieiras (Sillas e Alba, em Vitória), os Magalhães (João Junior e Glaucia, em Vila Velha), os D’Mouras (Gilmar e Rossilene, em Rondonópolis), os Santos (Alcyone e Clicia, nos Estados Unidos), os Possas (Eduardo e Raquel, em Macapá). Lembro também da professora Ivone, de Manaus, do casal Alfredo e Mariane Sippert, de Santarém, e de tantas outras famílias, igrejas e pastores que nos receberam com tanto carinho nos oferecendo a melhor hospedagem, e muitas vezes nos levando aos melhores restaurantes da cidade. A cidade de Itaporanga é um centro da Igreja Católica Apostólica Romana. Grande parte das propriedades pertenceu a um convento dos monges cistercienses, que é belíssimo. Alguns afirmam que este é o mais belo monumento arquitetônico religioso do Brasil depois da Basílica de Aparecida. Na cidade de Itaporanga existe uma congregação batista. O pastor Lionel é um missionário sustentado pela Igreja Batista Monte Horebe, que está sediada na capital paulista. As dificuldades são enormes. O hospital da cidade pertence à ordem religiosa citada. O controle da vida dos itaporanguenses é enorme. Se uma família pobre começa a frequentar a congregação batista, e se recebe ajuda, como por exemplo uma cesta básica, imediatamen- te ela é cortada. Se um jovem começa a frequentar a congregação batista, pode ter certeza de que em pouco tempo receberá visitas da juventude católica com o intuito de resgatá-lo de volta. Contudo, vamos ao relato que consideramos uma aventura. Em 1993, quando pastoreava a Primeira Igreja Batista de Mauá, no ABC paulista, fomos evangelizar a cidade à convite da secretária da Educação de Itaporanga. Ficamos num colégio da cidade, ali fizemos nossas refeições, cultos, trabalhos com crianças e visitas às casas. Uma família muito pobre foi assistir a programação de uma das noites. Eram várias crianças na família. O pequeno Elizeu, com 5 aninhos, resolveu ficar no colégio. Comeu, bebeu e dormiu os 4 dias conosco. Fomos embora e a congregação deu assistência aos convertidos. O menino Elizeu cresceu, mas a família não resistiu ao assédio e à suspensão dos benefícios. Elizeu sumiu do mapa. Com 18 anos ele apareceu de volta. Alcoolismo, drogas e vários outros sinais de iniquidades o haviam alcançado. Chorando, os confessou. Aqueles dias foram de grande felicidade em sua vida. O recomeço tem sido difícil, com altos e baixos em sua tentativa de volta. Contudo, a semente tem germinado. Recentemente uma de suas irmãs foi batizada. A experiência em Itaporanga transformou-se em uma porta de entrada para um programa evangelístico que se repetiu por quatro carnavais seguintes em outras cidades. Depois foi transferido para a Igreja Batista Ebenezer, onde fui pastor por 13 anos. Doze igrejas nas cidades do interior de São Paulo nasceram do programa denominado IDE, e mais 5 igrejas já o realizam. Estamos certos de que, em breve, teremos uma centena de outras aventuras para relatarmos paras os amados irmãos batistas brasileiros. Oração do casal IRACY DE ARAÚJO LEITE Senhor, ajuda-nos a preservar o romance Que no princípio nos adornou a vida! Ajuda-nos a manter a compreensão mútua Para que a vida nos seja uma eterna conquista! Ajuda-nos a admirarmo-nos sempre Como no princípio, quando a vida nos uniste Ajuda-nos a conquistar a maturidade Porque, passam os dias e do amanhã, quem sabe? Senhor, ajuda-nos a sermos amáveis um com o outro Para que nos seja perene a alegria, em cada viração da tarde! Ajuda-nos a viver felizes Pois tua presença é o selo eterno da felicidade! Ajuda-nos a reconstruir o que um dia foi quebrado Porque até das cinzas tu tens o homem levantado! Senhor, ajuda-nos a ouvir o outro Para sentir de perto o palpitar profundo de su’alma! Ajuda-nos a perceber com perfeição e carinho A mensagem do olhar e do suspiro que nos vem baixinho... Ajuda-nos a cultivar o amor tão belo e forte Que nos uniu num momento tão sublime! Ajuda-nos a viver a experiência radiosa De preencher a solidão um do outro unindo a vida Senhor, ajuda-nos a compreender que ser carne da mesma carne É ser um para o outro vida da própria vida! o jornal batista – domingo, 22/05/11 missões nacionais Construtores do Futuro 7 Seguem os investimentos para oferecer um futuro melhor aos pequeninos MARIZE GOMES GARCIA Redação de Missões Nacionais A segunda etapa das obras do Lar Batista F. F. Soren estão em pleno andamento sob a coordenação do irmão José Renato Guimarães. Já foram concluídas as obras de arruamento e calçamento e agora estamos trabalhando na conclusão da praça temática. Uma área central de 1.600 m² destinada a atividades esportivas, recreação, jogos educativos, convivência e lazer. O espaço terá áreas adequadas a cada faixa etária atendida no Lar. “O espaço será circundado por uma ciclovia, terá uma quadra poliesportiva, parquinho infantil, mesinhas para xadrez, espaço fitness e espaço de convivência para adolescentes”, esclarece Alice Cirino Barbosa, gerente de ação social de Missões Nacionais. Também nesta etapa contamos com o apoio do irmão Peter Dressen, membro da Primeira Igreja Batista da Barra (RJ), que, além de idealizar o projeto, está acompanhando as obras. Na primeira etapa da construção do Lar o irmão Peter foi quem construiu armários, camas e móveis das salas de estudos das casas. Também no Lar Batista David Gomes, Peter construiu armários de todas as casas e reativou a marcenaria, instruindo os adolescentes e equipe do lar sobre sua utilização. Hoje o Lar já produz móveis como mesas de computador, cômodas e estantes, auxiliando, desta forma, na área de empreendedorismo. Muitos irmãos de Palmas têm colaborado também no desenvolvimento das obras, como destaca Alice: “Esse apoio tem sido fundamental para a evolução dos trabalhos. Deus tem levantado vidas que têm se colocado a serviço do Reino, movidas e unidas por amor às crianças”. Missões Nacionais agradece a fidelidade dos Construtores do Futuro, que investem nesta obra desde o seu início. Investimento intelectual e emocional Mais importante do que o investimento financeiro na parte física do Lar, a direção da instituição investe na saúde física, emocional e intelectual das crianças e adolescentes confiados a seus cuidados. Para tanto, parecerias têm sido firmadas com universidades locais para estágios de campo de alunos dos cursos de enfermagem, nutrição e psicologia. Esta última foi firmada com a Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), e assim os estagiários farão um diagnóstico não só dos internos, mas de toda a equipe com o intuito de aprimorar o trabalho de acolhimento de cada criança e adolescente. “Sentimo-nos honrados em contribuir para o crescimento acadêmico dos alunos da ULBRA, mas muito mais felizes em recebermos orientação e acompanhamento capacitado, de como melhor procedermos diante de tantos desafios”, declarou a missionária Allani Mara. Uma sala de intervenção pedagógica também foi inaugurada no F. F. Soren com a finalidade de auxiliar crianças e adolescentes com déficit de aprendizagem para que alcancem melhor desempenho. Neste projeto a parceria com a escola é fundamental, pois ajudará a identificar a carência de cada um, municiando a equipe de dados relevantes para definição de atividades a serem desenvolvidas. “Ore pelas crianças do Lar e por minha vida para que o Senhor nos dê sabedoria para que as crianças brilhem a cada dia!”, conclamou a missionária Mirian Diana, responsável pelo projeto. Ao final, agradece, “de uma forma especial”, a todos que a ajudaram, inclusive o casal diretor do Lar, pastor Robson e Judite Rocha, que “me ensinaram muitas coisas, principal- mente do meu futuro. Tia Jú, com seu jeito doce e amável me ensinou a dar oportunidades, a ser amiga, a aceitar as pessoas como elas são, a ser gentil, a ter respeito, a ser dedicada e duas qualidades que jamais esquecerei: Tia Jú me ensinou a amar e a perdoar”. Use sua vida para impactar crianças e adolescentes de nossa nação e a construir um futuro melhor! Frutos do investimento Uma das adolescentes do Lar, que o deixará no próximo ano em função da idade, escreveu um breve testemunho dos seus oito anos vividos no Lar. Nele, relata que o Lar a tem ajudado a crescer a cada dia, corrigindo seus erros, falando do amor de Deus, a ensinando a amar e a preparando para o mundo lá fora. “Quando cheguei estava no 2º ano do ensino fundamental e tinha dificuldades na escola. Hoje faço o 2º ano do ensino médio e, graças a Deus, tenho me destacado. Tento fazer o melhor, porque tenho planos para a minha vida. Quero terminar meus estudos, fazer uma boa faculdade, me formar e ter um bom emprego. Em seguida, me casar e ajudar a minha família que eu amo muito”. Seja um divulgador da Trans No site de Missões Nacionais há vasto material promocional das Trans de julho. Ao acessar http:// migre.me/4s4cc você encontrará notas prontas para divulgar a mobilização no boletim de sua igreja, spots para rádio (específicos para cada mobilização), além de banner para uso em sites e vídeo promocional que apresentar à sua igreja em um momento apropriado. Ajude-nos a alcançar os 5 mil voluntários para alvoroçar nosso Brasil com a mensagem de esperança e salvação! 8 o jornal batista – domingo, 22/05/11 FÁBIO AGUIAR LISBOA Editor de OJB D entro do clima da campanha de Missões Mundiais de 2011 OJB conversou de forma exclusiva com o missionário Dawei (nome fictício), que, apoiado pelos batistas brasileiros, atua no sul da Ásia. Nesta entrevista ele faz inúmeras considerações valiosas. Mas a que mais chama a atenção tem relação com o trabalho junto a povos muçulmanos: Segundo o obreiro, “é necessário amar os muçulmanos” se desejamos, verdadeiramente, levar os mesmos a conhecerem o amor de Cristo Jesus. OJB - Qual tem sido a sua proposta de trabalho junto aos muçulmanos? Dawei - Bom, antes de tudo, quando se deseja fazer este tipo de trabalho é necessário definir duas categorias: Islamismo e muçulmano. O Islamismo significa submissão a Deus, e muçulmano significa aquele que se submete a Deus. Já a partir desta definição podemos trabalhar uma coisa que chamamos de common ground (terreno comum). Você vai ao contexto de vida dos muçulmanos e usa os elementos do dia a dia deles para construir pontes através das quais poderá comunicar o Evangelho. Desta forma, você busca entender a percepção de mundo deles, perceber alguns elementos que o permitam trabalhar sem nenhum problema. Por exemplo, o credo muçulmano diz: “Não há deus, e sim Deus (Alá), e Maomé é o seu mensageiro”. Se você observar bem esse credo, que é considerado o menor credo do mundo, a partir da primeira parte - “Não há deus e sim Deus” - nós podemos trabalhar tranquilamente, pois não há outros deuses, mas nós cremos em um Deus. Nós cremos em um único Deus, ao contrário de grupos como os hindus. Já a segunda parte é mais complicada de trabalhar, de Maomé ser o mensageiro de Deus. Eu até creio que ele é mensageiro, ponto final. E eu uso coisas desse tipo para me aproximar dos muçulmanos. Algo também importante em relação ao Corão, que é o livro que os muçulmanos seguem, é que ao lê-lo observamos que ele nada mais é que copia e cola. Tem toda uma história de que Deus mandou, escrito em árabe, uma tábua e deu para Gabriel, e Gabriel desceu para uma caverna lá na Arábia e disse para Maomé: “Leia”. E Maomé, sendo analfabeto, leu. E isso, segundo eles, foi o milagre. Só que quando olhamos o Corão vemos que o mesmo é uma mistura de judaísmo e outras religiões da época de Maomé. Além disso, o mesmo também conta com uma mistura do Cristianismo verdadeiro e de seitas e de algumas heresias cristãs da época. E foi nesse contexto que Maomé afirma ter recebido esta revelação. Assim, quando você olha para o Islamismo hoje você encontra algumas coisas interessantes dentro do Corão. Contudo, é necessário deixar sempre claro que o Corão não é a Palavra de Deus, mas contém alguns elementos da Palavra de Deus coletadas por Maomé. A Bíblia sim é a Palavra de Deus. Então se você souber ler com essa interpretação, é possível olhar aquela coisa pequeninha que está no meio daquela coisa estranha e destacar aquilo, trabalhar aquilo rapidamente e pular para a Bíblia. Desta forma você fala a língua do muçulmano. Assim como falamos o nosso “crentês” na igreja, com expressões bem particulares, eles também têm o “islamês”. Assim, se você conhece o “islamês”, você está falando no mesmo nível, que é o que chamamos de nível comum, de common ground. Desta forma, ao conhecer o Islamismo nesta profundidade começamos a estabelecer estratégias para alcançar este grupo. OJB - E que método você usa para apresentar Jesus aos muçulmanos? Dawei - Um dos métodos que usamos é o que chamamos de método do camelo. O método do camelo é um método no qual usamos o capítulo 3 do Corão. Nós usamos 10 versos deste capítulo notícias do brasil batista para trabalhar 3 princípios importantes: Jesus é santo, Jesus é todo poderoso e Jesus conhece realmente o caminho para o céu. No treinamento nós trabalhamos questões em que você e o muçulmano estão falando no mesmo nível, mas ao mesmo tempo você está mostrando para ele que o Jesus que aparece no Corão não é somente profeta como Maomé, mas Jesus que é mais que profeta. Jesus é o Salvador. Você pode afirmar isto a partir dos princípios de que nenhum profeta foi santo, não há nenhum profeta todo poderoso e não há nenhum profeta que sabe o caminho para o céu. Então, nessa dinâmica nós trabalhamos com o método do camelo. E por que que se chama método do camelo? No Corão existem 99 nomes lindos de Deus, são os atributos de Deus. Todos esses 99 nomes de Deus podemos usar também, pois estão escritos no Antigo Testamento também. Contudo, a tradição muçulmana afirma que existe um centésimo nome, mas só o camelo sabe, só o camelo sabe como ele é pronunciado, mas, como ele não fala, ele nunca vai dizer. Contudo, nós sabemos que se fosse completar o centésimo nome de Deus seria “Deus é amor”, e esse amor, que é o amor Ágape, esse amor não existe no Corão. Existem vários tipos de amor dentro do Corão, mas o amor descrito em João 3.16, esse amor de Deus, esse tipo de amor não existe dentro do Corão. Então, os muçulmanos precisam entender que o nosso Deus é um Deus de Gênesis a Apocalipse, e que ele deseja se relacionar conosco. Outro método é um no qual nós contamos a história dos profetas. É é importante salientar aqui que os muçulmanos gostam muito de ouvir histórias. Existem 26 profetas da Bíblia que também estão no Corão . E entre esses 26 há 7 que são mais importantes: Adão, Noé, Abrãao, Moisés, e assim vai até Jesus. Então, o que nós fazemos é desenvolver em nós um espírito de pacificação, de resolução de conflitos. Assim, sendo ele amigo ou não, nós fazemos a Palavra de Deus chegar até ele. Desta forma trabalhamos o primeiro capítulo do Corão, no qual o sexto verso diz assim: “Guia-nos pelo caminho reto”. Então, por exemplo, eu chego a um restaurante muçulmano e peço uma opinião ao garçom e afirmo: “Rapaz, eu estive dando uma olhadinha no Corão e vi o verso 6 que diz ‘Guia-me pelo caminho reto’. Que coisa maravilhosa. Você já leu? Viu que interessante? Já parou para pensar o que é o caminho reto? Você já leu que lá no Edén, no Corão, que havia Adão e Eva e eles tinham um relacionamento com Deus e o pecado não tinha entrado. Então Adão era o mordomo do Jardim do Éden e havia esta sinergia. Mas veio a serpente, e a serpente tentou o casal e o mesmo pecou”. Aí o garçom começa a ouvir, pois ele é muçulmano nominal, não tem tanto conhecimento. Contudo, é necessário tomar cuidado, pois você não pode pregar o Corão para ele. Assim é necessário tomar cuidado ao se tomar o Corão como ponte, pois com o passar do tempo ele pode falar: “Então vou me tornar mais muçulmano, pois tem tanta coisa boa dentro do Corão”. Devemos ter consciência de que o Corão serve apenas de ponte. O fato é que você não mora na ponte, apenas passa por ela. Você começa então a encher a conversa com história bíblica, pois todos os profetas da Bíblia têm citação no Corão, mas nem todas as histórias são iguais nas duas obras. Você não está falando de Bíblia, você não está falando de Cristianismo, mas quer mostrar para ele o que é o caminho reto. Chegamos então para ele e falamos: “O homem pecou, e quando ele peca ele vai para um caminho diferente do reto”. E pergunto: “Você já ouviu falar do Reino de Deus?”. Aí você começa a mostrar que o Reino de Deus é um reino de alegria, paz, justiça, e você o leva a ter vontade de conhecer um pouco mais sobre este Rei. Surge então a oportunidade de falar que a porta para entrar neste Reino é através de Jesus, o salvador. E aí esta pessoa já tem a trilha do caminho. Assim, ao invés de querer que ele venha para o Cristianismo, de ficar brigando com ele para adotar a minha roupa, o meu hinário, para usar a liturgia da minha igreja, ao invés de trazê-lo para o meu mundo, eu vou caminhando com ele, ele no mundo dele e eu no meu, mas vamos caminhando juntos em direção ao Reino de Deus. Partimos do pressuposto de que existem elementos da cultura dele que ele não precisa tirar. Ele pode continuar vestindo a roupa dele, ele pode continuar comendo as comidas dele, ele pode continuar com o estilo de música, porque a ideia é que no final deste caminho ele creia que Jesus não é apenas um profeta, mas é o salvador. O Corão afirma que Deus enviou sinais ao homem para o guiar, e esses sinais nada mais são do que os profetas. O objetivo é, primeiro, em Adão falar sobre a queda do homem, a criação, e que o homem precisa corrigir a situação do pecado. Aí no final da história de Adão você afirma que Deus sacrifica um animal para cobrir a vergonha de Adão. A desobediência levou à vergonha, mas a vergonha da alma ainda não foi solucionada. Aí vamos para um segundo profeta, que é Noé, que tem a história da arca, do dilúvio. Nesta narrativa damos um enfoque na salvação desta grande enchente, pois só os que ouviram Deus se salvaram. Em Abraão trabalhamos o fato de que Deus enviou um cordeiro para o sacrifício, para ser colocado no lugar do filho do profeta. O filho de Abraão no Islamismo é Ismael, não Isaque, mas não tocamos neste assunto, pois o objetivo é falar do sacrifício do cordeiro, o objetivo não é fechar portas, mas chegar em Cristo. Depois você vai a Moisés para trabalhar a questão da morte dos primogênitos, que foram protegidos pelo sangue nos umbrais das portas. Desta forma estamos preparando o caminho para chegar no cordeiro de Deus. Aí trabalhamos com Jonas, depois com Davi, no qual mostramos que da descendência de Davi virá o cordeiro de Deus. Ali ele já começa a ficar mais íntimo da Bíblia. Nesta etapa a Bíblia está mais em evidência o jornal batista – domingo, 22/05/11 notícias do brasil batista do que o Corão em nossas conversas. Estas conversas acontecem em partes, e durante estes momentos a igreja permanece em oração pela vida desta pessoa, de forma que o Espírito Santo possa agir no coração da mesma. Por fim trabalhamos com João Batista, que anuncia que virá alguém que trará o caminho reto. Então João Batista enfatiza que o caminho reto está em Cristo, pois Deus está enviando Jesus como salvador. E por fim chegamos em Jesus, que é o cordeiro de Deus. Desta forma, em cada profeta temos um texto corânico, que trazemos de forma rápida, mas depois vamos para a Palavra de Deus. Mas isto tudo acontece por meio de conversas bem descontraídas, e crendo que o Espírito Santo falará ao coração desta pessoa. Este trabalho tem trazido resultados bem expressivos. Hoje tenho na região na qual atuo 10 muçulmanos convertidos. Todos eles entendem que Jesus não é apenas um profeta, mas aceitam que Jesus morreu na cruz e ressuscitou ao terceiro dia, e estão no processo de discipulado. OJB - Como você vê o muçulmanos? Dawei - O muçulmano é uma pessoa como eu e você, que tem desejos, alegrias e tristezas, e apenas um minoria é violenta. Muçulmanos são pessoas que gostam de festa, são pessoas que gostam de brasileiros, são pessoas que gostam de história. Então como podemos chegar a um muçulmano? Podemos convidar ele para ver um jogo de futebol, podemos convidá-lo para comer em nossa casa, e aí vamos conversando, pois com o muçulmano qualquer coisa que você falar com ele no final ele falará de Deus. Esta característica se torna uma oportunidade para falar de Deus. Ele precisa ver que não somos o cristão que ele pensa, pois na mente do muçulmano todos que são do ocidente são cristãos (prostitutas, bêbados, todo tipo de pessoa). Assim, precisamos mostrar para eles que somos fiéis seguidores de Jesus. Também é importante destacar que neste processo é fundamental cada um deixar de lado as ideias preconcebidas que carregamos e conversar sobre Deus, que é o que mais interessa. OJB - E, na sua opinião, como a igreja no Brasil deve se posicionar ante a este grupo? Dawei - Eu tenho orado muito para que Deus levante missionários para trabalhar com muçulmanos no Brasil. Às vezes pensamos que missão transcultural é apenas ir a outro país e pregar para outros povos. No entanto, quando você trabalha com muçulmanos no Brasil você está fazendo missão transcultural. O fato é que a igreja brasileira pouco sabe sobre os muçulmanos, e, por outro lado, os muçulmanos pouco sabem sobre o verdadeiro Cristianismo. Então algo que acho que seria muito positivo é que as igrejas começassem a conhecer um pouco mais quem são estes muçulmanos. Conhecer a pessoa, não o sistema. Conhecer as pessoas, pessoas que sofrem, que morrem, que sentem alegria. Acho que está na hora de começar a entender este grupo, está na hora de começar a discutir esta questão em nossas igrejas. Contudo, em primeiro lugar devemos ter um exército de oração para orar em favor da salvação dos muçulmanos. Outra atitude interessante é ir à mesquita. Quem sabe para aprender árabe. Vá lá crie contatos. Se você tem um relacionamento saudável com Deus, se tem convicção da sua crença, se você tem uma cristologia bem resolvida, não há nenhum problema em ir a uma mesquita. Mas saiba que eles vão querer te islamizar, enquanto você está querendo evangelizá-los. Os líderes muçulmanos que estão no Brasil nos recebem muito bem. Porém, vá sabendo que na mesquita não é lugar para gerar discussões, mas é um bom espaço para fazer amizade, para marcar alguma programação, para criar uma oportunidade de caminhar junto com essa pessoa e falar sobre o caminho reto. OJB - E qual tem sido a sua experiência junto a este grupo? Há relatos de conversões? Dawei - É importante saber que nada é impossível para Deus. Nós temos visto muçulmanos se converterem. Durante este processo temos visto muçulmanos tendo sonhos com Jesus. Tem um testemunho de um homem que passou por este processo de evangelização, e ele teve um sonho no qual ele estava em um local no qual corria um rio. Ele estava de um lado do rio e do outro estava o paraíso, local para o qual ele desejava ir. Neste momento aparece Maomé, que fala para o ho- mem: “Eu vou levar você até lá”. E aí os dois começam a caminhar em direção ao paraíso. Contudo, eles têm que atravessar o rio. Quando eles passam pelo rio eles andam sobre a água. Mas no meio do rio Maomé começa a afundar, e fala: “Eu não tenho condições de levar você para o outro lado do rio. Só tem uma pessoa que pode fazer isto”. Nesta hora, do paraíso vem Jesus sobre as águas, que pega na mão do homem e o conduz para o paraíso. Esse irmão, agora um ex-muçulmano, acordou deste sonho e nos perguntou o que ele significava, e explicamos para ele que Jesus não é só profeta, mas é o salvador, só 9 ele é o salvador. Este é apenas um exemplo de pessoas que tem sonhado com Jesus neste contexto. Assim, creio que para o Brasil não pode ser diferente. É necessário amar os muçulmanos. Creio que a imagem de que os muçulmanos são terroristas é uma imagem que o Diabo está colocando para evitar que cheguemos perto destas pessoas. A vestimenta deles, que para nós parece estranha, na verdade esconde pessoas muito amorosas, pessoas que também buscam a Deus, mas por um caminho equivocado. Na verdade eles estão em outro aprisco. É hora de irmos lá e os trazer, é hora de ter compaixão deles. 10 o jornal batista – domingo, 22/05/11 notícias do brasil batista IB Lírio de Sião celebra Jubileu de Ouro COMUNICAÇÃO DA IGREJA A Igreja Batista Lírio de Sião, fundada em 21 de abril de 1961, celebrou durante a Semana Santa seu Jubileu de Ouro com uma vasta programação. Durante 4 dias pastores, cantores, grupos teatrais e batismos fizeram parte das celebrações dos 50 anos de existência da igreja, que tiveram o tema “A igreja que queremos ser nos próximos 50 anos” e que foram baseadas no texto de Atos 2.47b: “Acrescentava o Senhor os que iam sendo salvos”. As celebrações tiveram início no dia 21 de abril, com a presença do pastor Sérgio Dusilek, da Comunidade Batista do Rio 2 (CBRIO2), que foi o orador oficial da noite. Nesta oportunidade, o pastor Sérgio usou o texto da mulher curvada há 12 anos (Lucas 13.10-17) para falar que a igreja precisa olhar para frente, dar a primazia a Jesus e se colocar debaixo das mãos do Mestre. Quem também participou desta celebração foi o pastor e cantor Oseias de Paula, que cantou seus sucessos para um templo cheio. Ao final houve uma comemoração no salão anexo. Já no dia 22 de abril a programação continuou com a presença do presidente da Convenção Batista Carioca Templo da IB Lírio de Sião durante culto festivo e pastor da Primeira Igreja Batista de Campo Grande, pastor Carlos Elias. A partir do texto de Efésios 5 ele mostrou à igreja que é necessário andar em amor, ser e refletir a luz de Jesus e viver pedindo a Deus sabedoria para caminhar. Neste dia, o grupo Jévi, da Igreja Batista em Anchieta, ministrou canções que levaram a congregação a adorar ao Senhor. As comemorações tiveram prosseguimento no dia 23 de abril, quando a IB Lírio de Sião recebeu a visita do pastor da Igreja Batista Central da Barra, Josué Valandro Júnior, que, baseado no texto de Atos 11.19-30, pregou sobre “uma igreja avivada”. Em sua palavra, o orador disse que uma igreja avivada é uma igreja onde há conversão, uma igreja onde há ação do Espírito Santo, uma igreja onde há discipu- lado e uma igreja onde há manifestação de bondade e solidariedade. Nesta oportunidade, a cantora Flávia Lopes e seu marido Sadson, ambos da Primeira Igreja Batista em Moça Bonita, adoraram ao Senhor com hinos do Cantor Cristão que receberam uma nova roupagem. Por fim, na manhã do dia 24 de abril a igreja recebeu o grupo de teatro Lamuel, da Igreja Batista Central do Correia, que encenou a Paixão de Cristo. Nesta oportunidade o pastor da Igreja Batista Monte Tabor, Edson Mafra, fez uma releitura da crucificação e mostrou à congregação que o sacrifício de Jesus foi necessário, voluntário e libertador para aqueles que creem. Já no culto da noite a IB Lirio de Sião concluiu suas festividades com batismos Pastores Carlos Elias e Estevão Pires (esquerda para direita) de jovens da igreja. Esses jovens ensaiaram uma música que foi entoada logo após o momento. Houve grande emoção entre a congregação. Ao final, o pastor titular da igreja, Estevão Pires, leu Atos 2.46-47 e afirmou que a igreja que queremos ser é uma igreja que tem o coração inclinado para a restauração do indivíduo, para o acolhimento e para a transformação do mundo. Nesta oportunidade todas as famílias da igreja receberam um exemplar da Bíblia comemorativa. Durante a festividade foi exibido um vídeo do pastor Venilson que foi um dos pastores da igreja e que atualmente está na Terceira Igreja Batista em Marília - no qual ele dá os parabéns por esta data tão especial. Logo depois a história da igreja foi projetada, o que trouxe emoção e grandes lembranças. Nesta oportunidade, os 9 pastores que passaram pela igreja foram lembrados com imagens, fatos e fotos. Durante as programações, a igreja recebeu vários visitantes, pastores, ex-pastores e amigos da comunidade local, o que fez com que o templo estivesse sempre cheio. Também é importante salientar que durante esses dias de celebração a igreja inaugurou seu sistema de ar-condicionado. “Nós louvamos a Deus por nos ter proporcionado momentos tão singulares em nossa igreja durante esses dias. De fato vimos o Senhor agir entre nós e temos a certeza de que estamos caminhando para os próximos 50 anos com a luz de Jesus refletida em nosso meio”, declarou o pastor Estevão Pires. Lançamento do Ubabalo Brasil reúne crianças e adolescentes na IB da Graça COMUNICAÇÃO DA IGREJA U m grupo de 93 crianças e adolescentes participou do lançamento do Projeto Ubabalo Brasil, no dia 21 de abril no templo da Igreja Batista da Graça, localizada em Salvador (BA). O evento ocorreu simultaneamente em diversas cidades brasileiras, com transmissão via internet. Ou seja, os participantes puderam ver em tempo real o que era realizado em outras igrejas. Ubabalo é uma expressão africana que significa Graça de Deus. Foi usada inicialmente nas ações esportivas na África do Sul, coordenadas pela Coalizão Internacional de Ministérios Esportivos, representada no Brasil pelo pastor Jonson Tadeu, da Igreja Batista do Trapiche, em Maceió. “Foi o pastor Jonson que, em 2009, nos desafiou a investir no esporte como estratégia de evangelização e atuação social”, informa o pastor da IB da Graça, Edvar Gimenes de Oliveira. Por causa das fortes chuvas que caíram em Salvador durante o feriado, as oficinas esportivas ocorreram pela manhã. Houve rodas de capoeira, apresentação de Hapkido, iniciação ao atletismo e torneio de futebol. As crianças vibraram com os saltos e técnicas do Hapkido e pediram que a arte marcial fosse ensinada no centro comunitário da igreja. A anim ação não ficou restrita aos adolescentes e crianças. O coordenador da oficina de Atletismo, professor José Carlos - que também lidera um clube de corrida de rua em Salvador -, sugeriu que esses eventos sejam reali- zados mensalmente. Já Fábio da Glória, que dá aulas de capoeira no CECOM, disse que “esses encontros estimulam as crianças a participarem regularmente de programas de iniciação esportiva”. Além dos orientadores das oficinas, os pais das crianças também ficaram entusiasmados com o Ubabalo Brasil. Na IB da Graça, o Ubabalo integra uma série de ações que visam promover a comunhão entre membros da igreja e agregados, a inclusão social de crianças e adolescentes dos bairros vizinhos e a evangelização através das ações desenvolvidas durante o ano inteiro através do ministério esportivo da igreja. “Em abril, por exemplo, 23 membros da igreja participaram da Corrida do Outono, do Circuito Quatro Estações da Adidas. Distribuímos água mineral e folhetos aos par- Atividade esportiva realizada na IB da Graça ticipantes”, lembra Celson Amorim, coordenador do programa esportivo da IB da Graça. A conclusão das obras da nova quadra poliesportiva e a construção do salão de jogos, previstas para os próximos meses, vão consolidar a opção da igreja pelo esporte como instrumento de evangelização. “Queremos que todos, membros, congregados e vizinhos, desfrutem de um ambiente saudável e adequado ao esporte e recreação”, finaliza o pastor Edvar Gimenes. o jornal batista – domingo, 22/05/11 missões mundiais 11 Ucrânia ganha Centro de Treinamento Missionário REDAÇÃO DE MISSÕES MUNDIAIS A primavera chegou ao leste europeu, e com ela um verdadeiro presente que os missionários de Missões Mundiais na Ucrânia, o casal formado pelo pastor Anatoliy e por sua esposa Iryna Shmilikhovskyy, tanto esperavam: O Centro de Treinamento para Missionários, em parceria com três províncias da Ucrânia ocidental: Lviv, Volyn e Rivne. Não se trata de um espaço físico, pois, segundo os missionários, ainda não há condições para isso. Mas é um período de três dias, quando, a cada seis meses, equipes de plantadores de igrejas recebem material bíblico atualizado de acordo com a cultura local e com ênfase prática. A primeira sessão aconteceu entre os dias 24 e 26 de março, em Lutsk, e reuniu 21 equipes com um total de 50 plantadores de igrejas vindos de quatro estados do oeste da Ucrânia. Foram abordados temas como: A visão de Deus para a igreja, valores de ministério, círculo de res- ponsabilidade e estratégia. Depois de cada palestra eram discutidas situações para as quais cada grupo deveria apresentar a sua visão. Além disso, todos deveriam apresentar os passos reais de como alcançar os objetivos em seus próprios ministérios locais. “Foi muito interessante ver os diferentes contextos, onde uns trabalham com crianças, outros com dependentes químicos, outros com população jovem ou adulta”, afirmou o pastor Anatoliy. Segundo o missionário, o principal objetivo não foi dar respostas para tudo e todos, mas fazer os obreiros pensarem nas Escrituras e na sua realidade. O segundo módulo acontecerá na cidade ucraniana de Lviv, onde moram os missionários, entre os dias 15 e 17 de setembro. Atualmente, o trabalho na província de Lviv tem cinco frentes missionárias e há igrejas locais sustentando cada projeto. Ainda este ano o pastor Anatoliy pretende abrir mais cinco trabalhos nas cidades estratégicas do estado. “Procuro investir na liderança e na Missionários Anatoliy e Iryna Shmilikhovskyy atuam no leste europeu formação do departamento um líder neste ministério”, que orem, pois o trabalho de Missões, e, dentro de disse o obreiro da JMM. Ele precisa avançar no leste três anos, pretendo deixar pede aos irmãos brasileiros europeu. o jornal batista – domingo, 22/05/11 ponto de vista JONATAS DE SOUZA NASCIMENTO Diretor do Espaço Contábil, com sede em Duque de Caxias (RJ) N ão raras vezes sou interpelado por gestores eclesiásticos que querem saber qual é a melhor forma de a igreja conceder reajustes periódicos sobre os proventos pagos ao seu pastor. Qual seria a melhor periodicidade? Qual seria o melhor parâmetro? Qual é a praxe? Em que época do ano? Bom, embora atuando no ramo há muitos anos, longe de mim esteja a ideia de me julgar um formador de opinião. Mas, por outro lado, penso que posso lançar luz sobre o assunto, já que ajudar a igreja a acertar mais do que errar é o meu objetivo desde GERALDO TEIXEIRA Pastor Onipresente Para ter a capacidade de estar presente em todos os lugares, acompanhando cada ovelha pessoalmente: Para orientar as crianças em seus primeiros passos, ajudar os adolescentes em suas descobertas, estar presente com os jovens em suas crises existenciais, colocando-me entre os namorados nos momentos mais quentes, passando horas com os casais evitando assim crises conjugais, estando presente nos hospitais com os enfermos, comparecendo aos cultos fúnebres com os que choram, nos aniversários com os que se alegram, nas casas dos órfãos e viúvas para consolá-los, nos casamentos para abençoá-los, jogando bola com o filho, indo ao shopping com a filha e ao cinema com a esposa. Onisciente Para ter capacidade de saber o que cada ovelha precisa ouvir, para, ao pregar, eu possa agradar a todos, e, principalmente, quando houver alguém em pecado, eu não venha precisar que o Espírito Santo toque em seu coração para revelá-lo. Para ter a capacidade de conhecer o passado de cada 13 sempre e isto passo a fazer com muita cautela, pois, afinal, cabe a cada igreja deliberar sobre este assunto. Uma das experiências mais interessantes que vivi foi quando um pastor que acabara de ser eleito para uma igreja me telefonou pedindo orientação, já que a igreja também não sabia como remunerá-lo nem tampouco como disciplinar a questão do reajuste. Aquele pastor, disse-me, havia saído de uma experiência muito negativa para ele e sua família, pois ficou vários anos em uma mesma igreja sem nunca haver recebido um centavo de reajuste. É sabido que o ministro de confissão religiosa não é empregado da igreja, não tem vínculo empregatício, não é regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e não goza de qualquer vantagem própria de um trabalhador secular. O pastor é um homem que abraçou o sacerdócio. Vive pela fé, mas sempre depende da visão, bondade e justiça daqueles que militam na administração financeira da igreja. Ele, pastor, por sua ética, jamais poderia pleitear um determinado valor para pastorear uma igreja, como sói acontecer no mundo dos negócios, por isso cabe à igreja elencar as necessidades básicas do obreiro e assim fixar o seu provento. Deve-se levar em consideração, dentre outros fatores, o número de membros da sua família, a faixa etária dos filhos, se ele possui casa própria (estimo que menos de 10% têm), automóvel, etc. Sempre que possível, deve a igreja colocar em seu orçamento, e abençoar o seu obreiro, com o Fundo de Ga- rantia por Tempo de Ministério, uma espécie de FGTS. Além disso, um plano de saúde é sempre útil e a contribuição para a previdência social (INSS) é essencial. E por que não garantir a ele a gratificação natalina? Quanto ao critério para reajustar o valor dos proventos ministeriais (ou sustento ministerial, côngruas pastorais, renda eclesiástica, etc), sugiro que sejam observados o tripé justiça, amor e bondade. Aliás, isso foi o que sugeri ao pastor referido acima e, ao que parece, deu certo. Objetivamente, considerando que a classe pastoral não possui um órgão representativo da classe, que não há qualquer parâmetro para se conceder reajuste de proventos ao pastor, que não existe praxe para ser seguida, quero sugerir o que penso ser funcio- nal na hora de a igreja reajustar os proventos pagos ao pastor: a) Que o reajuste seja feito anualmente, de preferência no mês de janeiro. b) Que seja observada a realidade econômica e financeira da igreja no momento da tratativa do assunto, sem desprezar o potencial de crescimento (ou não) dos dízimos e ofertas. c) Que seja observada a realidade econômica do país. d) Que seja levada em consideração a necessidade de melhor preparo do obreiro com a aquisição de livros e outros materiais que lhe proporcionem aprendizado, participação em seminários, congressos, viagens, etc. e) Que sejam observadas as necessidades básicas do obreiro e de sua família. Se preciso for, voltarei ao assunto oportunamente explicitando pontos porventura obscuros neste artigo. ovelha e restaurá-la em relação aos traumas sofridos, conhecer o presente para saber exatamente como ela é e o futuro para que eu a ajude a visualizar o céu com suas bênçãos. Além disso, saber o gosto musical de cada ovelha, proporcionando assim um repertório irretocável. Onipotente e dizer haja templo, e houve templo. Para proporcionar às ovelhas um ambiente com ar-condicionado, som ambiente sem microfonia, telão de última geração, bancos reclináveis ajustados à cada ovelha e intervalo para cafezinho com pipoca. Para que ninguém fique em casa na hora do culto, para poder dar aumento de 100 vezes de salário para aquelas pobres ovelhas que não têm condições de devolverem a parte do Senhor, etc. Ei, espera aí. Esses são atributos de Deus, e eu não sou Deus. Portanto, muito obrigado Senhor, pois, limitado como sou, Tu me escolheste para ser o pastor do seu rebanho. Para criar empregos para os desempregados, para recuperar os dependentes químicos, para treinar a igreja para a evangelização, ação social e discipulado. Para ser chamado de o dono do mundo por não depender de salário nem de campanhas para a construção, Hinário Para o Culto cristão Para o Culto cristão O HINÁRIO PARA O CULTO CRISTÃO, é o fruto de intenso trabalho, de consulta e pesquisa junto às igrejas e aos ministros de música, maestros, instrumentistas e músicos, que buscam a cada dia, através da música levar, mais e mais pessoas a apresentarem-se diante de Deus com verdadeiro louvor. www.geograficaeditora.com.br 14 o jornal batista – domingo, 22/05/11 MACÉIAS NUNES Psicólogo e escritor E m 2007, o jornalista americano Lawrence Wright publicou o livro “O Vulto das Torres”, obra que lhe garantiu o recebimento do Prêmio Pulitzer. Extremamente bem documentado, o relato descreve a gênese da Al-Qaeda, na esteira dos complicados caminhos trilhados por Osama Bin Laden para tornar-se o patrono e gerente do terrorismo de feitio islâmico a partir do final dos anos 70. Revela também a trajetória do médico egípcio Ayman Al-Zawahiri, criador da Jihad Islâmica egípcia, organização terrorista que viria a se fundir com a Al-Qaeda em 2001. Zawahiri é considerado o sucessor natural de Bin Laden, embora sem seu carisma e dinheiro, mas com seus objetivos e métodos. De acordo com a narrativa de Wright, o ovo da serpente foi gerado no complexo ambiente propiciado pelos interesses geopolíticos das grandes potências. Contudo, suas origens remotas têm a ver com antigas mágoas do fundamentalismo islâmico em relação ao ocidente cristão, com ênfase nos Estados Unidos, visto como ateu, hedonista e opressor. O teórico mais destacado no esticamento da corda ao máximo no choque de civilizações entre o ocidente materialista e o oriente islâmico fiel à religião foi Sayyd Qutb, educador e escritor egípcio que viveu nos Estados Unidos e que, de volta a seu país, acabou executado por tentar derrubar o governo de Gamal Abdel Nasser. O livro descreve Bin Laden como um devoto sincero das doutrinas muçulmanas. A partir da juventude, influenciado por leituras de textos de Qutb, radicalizou suas posições em termos de uma aposta revolucionária que visava a levar o mundo não islâmico, a ferro e fogo, a submeter-se aos princípios de sua crença. Os recrutas dos centros de treinamento da Al-Qaeda tinham que ter sempre em mente as metas utópicas da organização: ponto de vista Estabelecer o governo de Deus na Terra, atingir o martírio na causa de Deus e purificar o Islã dos elementos de depravação. Osama Bin Laden queria acabar com o pecado no mundo por meio do extermínio dos infiéis. Qualquer semelhança com regimes totalitários de origens diversas, como o nazismo e o comunismo, não é mera coincidência, apesar da variação em termos de contexto histórico, formas de ação e modelos retóricos. Pessoalmente, Bin Laden é mostrado como um homem de bom trato, praticante de uma quase ascética disciplina religiosa que o levava a comer pouco, evitar os vícios, falar com suavidade e a aceitar estoicamente a dureza de uma vida de ostracismo e sacrifícios. Gostava de equitação, mas com o tempo a prática tornou-se muito rarefeita. Teve cinco mulheres e 17 filhos. A fortuna que herdou do pai, cidadão iemenita que emigrou para a Arábia Saudita e lá veio a se tornar um dos homens mais ricos do reino apesar de analfabeto, Osama Bin Laden arriscou - e perdeu - na luta política. Do ponto de vista fanático pelo qual enxergava a vida, esta não tinha sentido senão como cumprimento da vontade do Profeta (Maomé). Para ele, como para Zawahiri, o Cristianismo opera uma inadmissível cisão entre teologia e prática religiosa que se expressa, em termos políticos, na separação entre Estado e igreja. A autêntica teocracia, com a verdade religiosa permeando a totalidade da vida individual e coletiva, só poderia vir através do Islamismo, no qual não se verifica essa cisão. Mais: O islamismo é a única doutrina que conjuga religião e política na medida exata para fazer com que a violência contra os maus não represente a mera aplicação de leis humanas, mas expressão da vontade de Deus. Este é uma tema que deveria ser devidamente analisado pelos que anseiam por uma teocracia cristã, considerando que se Deus ou Cristo em pessoa não estão presentes para comandar as coisas, os que as comandam em nome deles acabarão inevitavelmente tendo que apelar para a versão diabólica da justiça e da soberania divinas: A maligna ideologia de que os fins justificam os meios. Nesse sentido, sempre é possível encontrar algum tipo de licença hermenêutica para justificar a morte de inocentes e o suicídio dos fiéis. Bin Laden fez isso e continuou achando que só o fazia porque estava cumprindo a vontade de Deus. No mais, o 11 de Setembro só se tornou possível porque a comunidade de inteligência americana sonegou informações cruciais a quem podia fazer alguma coisa para evitá-lo, o FBI, no caso. Subestimar o adversário é sempre um erro, o que Osama Bin Laden não desconhecia. Este foi um ingrediente indispensável em sua receita de loucura e sangue. Não fora os erros e as fraquezas daqueles a quem combateu, seu projeto de destruição e morte não teria causado tanto sofrimento. o jornal batista – domingo, 22/05/11 ponto de vista observatório batista 15 LOURENÇO STELIO REGA H á pouco escrevi um artigo sobre os conflitos que podem surgir numa igreja, e que é possível nós pastores sermos também a causa deles. Muitas vezes podemos ir além do limite de nosso papel, ou podemos até não estarmos num bom momento de nossa história de vida, o que pode nos levar a ser a causa de conflitos entre as ovelhas. Apesar de pastores, somos como qualquer ser humano na face da terra: Imperfeitos. Somos também gente e não máquina de produção ou de perfeição. Aliás, até as máquinas falham e necessitam de ajustes. Soube uma vez que um pastor assumiu o ministério de uma igreja e numa das primeiras reuniões com a liderança foi logo avisado que os honorários dele seriam calculados por produtividade. Como medir a produtividade de um pastor sério e cumpridor de seu papel de ovelheiro? Pelo aumento das receitas? Pelo controle das despesas? Pela quantidade de visitas feitas? Pela quantidade de batismos num determinado período? Pela quantidade de atendimentos? Há pessoas que nem desejam que outros saibam que está num processo de aconselhamento. Como fazer, nessa ocasião, para computar a estatística no cálculo? Numa outra ocasião um líder de uma igreja reclamou informando que o pastor morava numa casa que era muito boa. Eu logo lhe respondi que o pastor deveria morar na melhor casa que a igreja poderia abrigá-lo, para poder ter sossego e estar sempre preparado para cumprir o seu papel de cuidador das ovelhas e ter um modelo de moradia para os demais membros da igreja. No caso, eu conhecia a igreja, o líder e o colega pastor. Nesta igreja, especialmente, tenho tido o conhecimento que a data de vencimento do cada ministério pastoral não é tão longa. O interessante é que todos os pastores que de lá saíram ultimamente estão firmes há um bom tempo em outro ministério. Onde será que está a causa? Um outro pastor recebeu do tesoureiro da igreja um maço de cheques que era para o pagamento de seu honorário. O pastor lhe indagou porque a tesouraria não tinha feito um cheque da igreja e o respectivo contracheque para o seu pagamento? O tesoureiro rapidamente respondeu: “Pastor, o que você pensa que a igreja é? Você acha que ela deve perder dinheiro com a CPMF?”. O pastor, meio aturdido, indagou novamente sobre o que deveria fazer se um cheque voltasse, e o tesoureiro prontamente respondeu que ele deveria trazer o cheque no domingo seguinte, pois se o emitente viesse poderia substituir o cheque. E se não viesse? Bom, essa parte o pastor não perguntou. Tive também o conhecimento de uma situação na qual faleceu um pastor que estava enfermo. Cerca de 15 dias depois os líderes bateram na porta da casa pastoral para solicitar à viúva que desocupasse a moradia imediatamente. Pastor é gente, e sua família também. Eu sei que pode até haver pastores que não conseguem realizar um bom trabalho, mas continuam a ser gente e necessitam ser tratados pelo menos como gente. Eu sei que há pastores autoritários, mas também são gente. Eu sei que há pastores cujo sermão nem sempre tem bom conteúdo. Tem pastor que é sanguíneo demais, mas também há coléricos, melancólicos e fleumáticos. Pode até haver pastor que sofre de alguma neurose. Enfim, todos são gente. Já se passam 34 anos desde a minha consagração ao ministério. A maior parte vivi dividindo tempo entre o trabalho denominacional e o eclesiástico. Se não estava pastoreando, estava colaborando com o ministério de algum colega, em geral na área de educação. Sei que há comentários justos sobre a atitude de alguns pastores. Porém, transformar o pastor em sobremesa do almoço de todo o domingo, isso já é demais! Seja como for o seu pastor, você já orou em favor dele hoje? Já tentou dialogar com ele procurando ajudá-lo como você gostaria de ser ajudado numa situação semelhante? E se ele não dá chance para isso, você já entregou a situação para Deus e pediu-Lhe para encontrar um momento e as palavras certas? Um dia um jovem seminarista, líder em sua igreja, apareceu em meu escritório na Faculdade que dirijo e me pediu para ouvi-lo e aconselhá-lo, pois estava muito zangado com seu pastor por causa de algumas atitudes que ele estava tendo. Ele começou a se exaltar tanto sobre o assunto que, num determinado momento, me disse que o único caminho era o pastor sair imediatamente da igreja e deixá-los em paz. Eu perguntei de imediato a ele: “O pastor é casado? Tem filhos? Qual a idade deles? A casa em que mora o pastor é da igreja ou é dele mesmo?”. Ao que ele me respondeu que ele era casado, tinha filhos, eram crianças em idade escolar e morava na casa pastoral da igreja. “Quer dizer que você deseja que o pastor saia da igreja nos próximos dias?”. Ele me respondeu que sim. Eu continuei: “Onde ele vai morar? E a sua esposa? Seus filhos, que já possuem um relacionamento na escola, como vão ficar? Eles terão de parar os estudos de uma hora para outra?”. O jovem quase deu um salto da cadeira e disse: “Professor, o que é isso? Eu não tinha pensado nestas coisas!”. Eu lhe disse que o pastor dele até poderia estar errado, e até ter sido inconveniente, mas ele era também gente, que sua esposa era gente e seus filhos eram gente e necessitavam pelo menos ser tratados como gente, e eles deveriam buscar um diálogo com aquele pastor e trabalhar mais na situação. Não sei o que aconteceu depois, mas o espanto daquele jovem me deixou também espantado, pois, investindo grande parte do meu tempo na vida denominacional, tenho tido a oportunidade de me assentar ao lado dos membros da igreja e ouvi-los mais abertamente, e já vi repetidas vezes a mesma situação. Se há pastores que podem até manipular pessoas, há também líderes que até podem tratar o pastor como uma peça de descarte, sem a mínima preocupação dele como gente. É certo que um pastor não pode tratar com autoritarismo, indelicadeza, omissão ou irresponsabilidade ao rebanho. Mas também a igreja não pode tratar o pastor como se fosse uma máquina, como se fosse alguém sem sentimentos, sem família, que não tem dor e é impermeável ao sofrimento. Afinal, pastor também é gente. Portanto, deixo o meu recado tanto a pastores como a líderes e membros em geral da igreja: O diálogo é sempre o caminho. Se ele não for possível, a oração e a dependência de Deus são a avenida para a manutenção saudável da vida na igreja.