Vol. I
Quando Deus prepara
os filhos dos profetas
(Jonas: A grande lição)
Raimundo Barreto
Quando Deus Preprara os Filhos dos Profetas
Apresentação da Coleção:
Aqui está o Volume I da Coleção: Leitura Para Jovens Profetas e Timóteos,
que é dirigida a todos os jovens e adolescentes que almejam se tornar um profeta, nesta
geração, e um Timóteo, cooperador com a Equipe Apostólica.
Pretendemos publicar, a cada período de férias, mais um volume desta Coleção,
pois nossa intenção é que a mocidade aproveite o tempo de folga para se aprofundar no
estudo das Escrituras, com períodos programados de meditação, espera em Deus e
apropriação.
Os volumes dessa Coleção apresentarão uma leitura agradável, mas profunda,
sobre a vida de diversos jovens cuja vida de fé estão registradas nas Escrituras. Podemos
entender esta Coleção como sendo complementar à Literatura: “7 Grandes Jovens da
Bíblia”, do irmão Stevens, a qual sugiro que todos a estudem. Entretanto, esta Coleção
trata sobre o exemplo da vida de jovens e adolescentes das Escrituras, de forma mais
discursiva e profunda, além de incluir outros personagens.
Este primeiro volume (Jonas: a grande lição), apresenta a vida do profeta em
formação, Jonas, e como Deus o preparou para o ministério, ensinando-o Suas grandes
verdades e lições. Os próximos volumes terão como títulos: Elias e Eliseu: Buscando a
porção dobrada ou o brilho da Babilônia?; Daniel: Um vencedor na Babilônia; João
Marcos e Timóteo: recuar ou avançar com fé?.
Pedimos a oração de vocês para que o coração do Senhor possa ser expresso nesta
Coleção, na medida em que escrevemos os próximos volumes. A minha oração é para que
vocês possam, em sinceridade e fé, se apropriar do coração de um discípulo, de um Timóteo
e profeta em formação. Que seu maior desejo seja, sempre e sempre: Buscar o Reino de
Deus e a Sua justiça em primeiro lugar. Que seu coração seja dirigido a agradar ao Pai,
vivendo os mesmos sentimentos que houve em Cristo Jesus, na força e capacitação do
Espírito da Graça.
Em Cristo,
Rai Barreto
[email protected]
1
Quando Deus Preprara os Filhos dos Profetas
Apresentação
Bendito seja o Senhor pelo fluir da unção da Palavra Viva que está vindo para os
jovens e adolescentes. Este fluir contínuo tem trazido graça para capacitar os Timóteos a
estarem preparados para serem frutíferos em toda a boa obra e a entrarem no Reino.
Desde que veio a direção para estudarmos sobre o “espírito de Timóteo”,
percebemos um novo nível de unção e ministração que o Senhor está dispensando para a
mocidade. A Palavra Viva tem nos orientado nos passos que precisamos dar, no Senhor,
rumo ao Reino e à plenitude:
“... foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes
diligentemente pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”; Judas 3b.
O meu desejo é ver os jovens e adolescentes se dedicarem cada vez mais ao estudo das
Escrituras, à leitura das mensagens da Palavra Viva (o ensinamento apostólico) e às fitas de
Palavras. Aproveite as férias e planeje períodos para investir em sua fé e alimentar mais
consistentemente o seu espírito. Esta foi minha intenção ao publicar esta literatura no mês de
dezembro.
Os ensinamentos contidos aqui me vieram após ler a mensagem intitulada “Autoridade
Sobre a Futilidade – Parte II”, o primeiro capítulo: “A Nova Motivação do Reino”, do irmão John
Stevens.
“Filho meu, se aceitares as minhas palavras e esconderes contigo os meus mandamentos,
para fazeres atento à sabedoria o teu ouvido e para inclinares o coração ao entendimento, e,
se clamares por inteligência, e por entendimento alçares a voz, se buscares a sabedoria
como a prata e como a tesouros escondidos a procurares, então, entenderás o temor do
SENHOR e acharás o conhecimento de Deus. Porque o SENHOR dá a sabedoria, e da sua
boca vem a inteligência e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos;
é escudo para os que caminham na sinceridade...”; Provérbios 2:1-7.
Busque períodos de tempo planejado para “entrar no teu quarto, fechar a porta” e
desenvolver comunhão e intimidade com o Pai. Ele Se alegrará dessa sua dedicação e, por
promessa do Senhor: “teu Pai que vê em secreto, te recompensará”; Mateus 6:5 a 8. O
Senhor se manifestará a você:
“Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração”; Jeremias
29:13.
Vamos estudar, aqui, o livro de Jonas - que foi o filho de um profeta -, para que
possamos entender alguns pontos básicos de como Deus prepara os jovens para serem
ministérios eficazes em Suas mãos. Este ensinamento o ajudará a entender muitas das
coisas que os jovens e adolescentes passam em seu caminhar com Deus, e a forma como
Deus os prepara para o ministério. É, portanto, um ensinamento oportuno para os
Timóteos em formação. Você compreenderá que tudo o que tem passado, no Reino,
acontece porque Deus está lhe preparando para ser um canal puro de Sua Palavra, uma
trombeta em Suas mãos.
Em Cristo,
Raimundo Barreto
Dezembro de 2003
[email protected]
2
Quando Deus Preprara os Filhos dos Profetas
Identifique-se com os profetas
É muito frutífero para nossa fé e caminhar com o Senhor, meditarmos sobre a vida
dos profetas que têm suas vidas registradas nas Escrituras, a fim de compreendermos como
eles foram preparados e treinados por Deus para funcionarem em seus ministérios. Jesus,
no Sermão do Monte, fala que somos bem-aventurados quando nos identificamos com os
profetas que vieram antes de nós, pois, desta forma, estamos nos apropriando das mesmas
virtudes e CARÁTER que eles receberam de Deus.
“Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e,
mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso
galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.” (Mateus
5:10-12).
Os profetas e as profetizas eram homens e mulheres como nós, sujeitos(as) aos
mesmos sentimentos que nós; Tiago 5:17a. Eles caminharam em um relacionamento vivo
com Deus, em suas gerações, em meio a muitas adversidades. Por isso, ao nos
identificarmos com os profetas, o Senhor passará a nos treinar também, gerando em nós as
mesmas qualidades de espírito que houve neles.
Todos os profetas receberam um treinamento personalizado por parte do Senhor.
Nesta mensagem, vamos citar alguns dos profetas do Antigo Testamento. Mas,
principalmente, estudaremos atentamente sobre a vida do filho do profeta Amitai: Jonas.
Em 2 Reis 14:25 notamos que Jonas era filho do profeta Amitai. Jonas era um
profeta em formação, um Timóteo em treinamento. Ele foi fruto das Escolas de Profetas
estabelecidas por Samuel. Ellias e Eliseu o precederam; Isaías também funcionou no
ministério nos dias de Jonas. Então, entendemos que Jonas participou de uma atmosfera
profética muito fértil, tanto em sua casa, como na comunidade de Israel e Judá.
O livro de Jonas1 contém detalhes maravilhosos de como Deus preparou o filho do
profeta Amitai para o ministério. O livro, em nossas Bíblias, está muito bem divido em
quatro capítulos. No primeiro capítulo vemos Jonas fugindo da presença do Senhor,
fugindo da responsabilidade de seu comissionamento. Jonas tomou um navio que seguia na
direção de Társis, oposta ao caminho de Nínive2, para onde Deus o havia mandado. Foi,
então, que o Senhor lançou sobre o mar um forte vento que causou uma grande
tempestade (tufão), que tornava o mar cada vez mais tempestuoso, e os marinheiros
acabaram por lançar Jonas no mar, conforme sua própria sugestão. Em seguida, Deus
enviou um grande peixe que tragou a Jonas, e este esteve três dias e três noites na barriga
do peixe.
No segundo capítulo vemos o filho do profeta chegar no “fundo do poço” - na
realidade, no fundo do mar, dentro da barriga do grande peixe. Na barriga do grande peixe,
“com as águas o cercando até à alma, o abismo o rodeando, e as algas se enrolando na sua
cabeça”, Jonas se sentiu como se estivesse morto. Ali, quando sua alma já desfalecia, ele se
lembrou do Senhor e se arrependeu (Isso faz lembrar a Parábola do Filho Pródigo, não?). A
oração de Jonas era para que o Senhor tirasse sua vida da “sepultura” (da morte). Ele
mesmo clama: “fizestes subir da sepultura a minha alma”. Jonas, dentro da barriga do
1
Sugiro que você leia o livro de Jonas por completo, seguindo o resumo contido nestes
próximos parágrafos, antes de continuar a ler o resto desta literatura.
2
Nínive era a capital do Império Assírio (900 a 512 a.C.), que estava, nos dias de Jonas,
se consolidando como império mundial. Pouco a pouco, o Império Assírio absorveu e
destruiu o reino do Norte de Israel, onde vivia Jonas, durante o período em que reinou
Jeroboão II (782 a 753 a.C.). De modo que Jonas foi enviado por Deus para pregar
arrependimento a uma nação que começara, a cerca de 18 anos, o extermínio de seu povo.
Não admira a resistência de Jonas em levar a Palavra do Senhor a Nínive.
3
Quando Deus Preprara os Filhos dos Profetas
grande peixe, teve a certeza de que a sua oração subiu até à presença do Senhor, então fez
a promessa de oferecer sacrifícios a Deus, com muita gratidão, depois que Ele o tirasse
daquela situação de morte.
No capítulo três vemos Jonas, ainda não de livre vontade - mas vomitado na terra
pelo peixe -, executar a ordem do Senhor para pregar o arrependimento em Nínive. Sua
pregação levou os cidadãos ninivitas ao arrependimento de seus perversos caminhos,
conforme Jesus confirma a veracidade dos fatos ocorridos com Jonas em Mateus 12:41.
Por fim, no capítulo quatro e último, vemos Jonas indignado por causa do
arrependimento dos violentos ninivitas e da misericórdia de Deus - “... pois sabia que és
Deus clemente, e misericordioso, tardio em irar-se e grande em benignidade, e que te
arrependes do mal”; 4:2b. Mas o Senhor lhe dá uma grande lição: Induziu Jonas a ter
compaixão de uma planta que lhe foi muito importante para seu descanso. O Senhor
ensinou que ele deveria ter compaixão por todos os povos, inclusive da grande cidade de
Nínive. Deus queria gerar, no filho do profeta, Seus grandes atributos: Sua
BENIGNIDADE, MISERICÓRDIA e COMPAIXÃO.
Note como, no livro de Jonas, é empregada repetidamente a palavra
GRANDE: grande cidade, grande tempestade, grande temor, grande peixe,
grande clamor e grande benignidade
(1:2, 4, 10, 17; 3:8 e 4:2).
A forma como Deus preparou Jonas é a mesma como ele prepara os filhos dos
profetas hoje, porém num período de GRAÇA. O Senhor está gerando Seus atributos e os
frutos do Espírito Santo em nossos espíritos, nestes dias do Reino.
É notável que o que Deus ensinou a Jonas é paralelo ao que Ele ensinou a Pedro. O
livro de Jonas pode ser lido em paralelo à passagem de Atos capítulos 10 e 11. Em Atos,
o Senhor queria ensinar a Pedro que este deveria ter misericórdia e pregasse a Palavra aos
gentios. Tudo começa com a visão do gentio, mas piedoso e temente a Deus, Cornélio.
Depois o Senhor dá uma visão a Pedro, que estava em Jope3. Então, Pedro teve que
confessar: “Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário,
em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável”; Atos 10:34 e
35. Depois Pedro é obrigado a reconhecer - no capítulo onze - diante de toda a igreja em
Jerusalém, a graça e misericórdia de Deus para com os gentios. Por fim... “... ouvindo eles
estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Logo, também aos gentios foi
por Deus concedido o arrependimento para vida”; 11:18. O resultado da grande mudança
de pensamento e de atitude nos ministérios em Jerusalém resultou na conversão de muitos
gentios, inclusive em Antioquia, cidade que foi o centro da evangelização aos gentios, sob a
liderança de Paulo e Barnabé.
Qual a GRANDE MUDANÇA que Deus quer efetuar, hoje, em você? Como você
entende a grande turbulência que tem acontecido em sua vida, nestes dias, neste
caminhar? Você já se sentiu como estando na barriga de um grande peixe, sozinho,
abandonado e restringido pelo Senhor? Se temos sido submetidos à grande disciplina do
Senhor, no Reino, é evidente que Ele quer gerar Seus grandes atributos em nossas vidas.
Podemos crer, então, que o comissionamento que Ele tem para nós também será,
proporcionalmente, grande: “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo,
para testemunho a todas as nações...”; Mateus 24:14. “Porque o Pai ama ao Filho, e lhe
mostra tudo o que faz, e maiores obras do que estas lhe mostrará, para que vos
maravilheis”; João 5:20. “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim
fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai”;
João 14:12.
3
A cidade de Jope, onde Jonas embarcou para fugir da presença do Senhor (Jonas 1:3),
foi o lugar exato, escolhido por Deus, 800 anos mais tarde, para ali dizer a Simão Pedro que
recebesse pessoas de outras nações: “Agora envia mensageiros a Jope, e manda chamar a
Simão, que tem por sobrenome Pedro”; Atos 10:5 a 8.
4
Quando Deus Preprara os Filhos dos Profetas
“Pois a criação está sujeita à vaidade” (ou futilidade), “não voluntariamente, mas por causa
daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da
corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação
a um só tempo geme e suporta angústia até agora. E não somente ela, mas também nós que
temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção
de filhos, a redenção de nossos corpos”. (Romanos 8:20 a 23).
O Senhor, pelo Seu Espírito, está preparando os profetas para este tempo da plenitude do
Reino, o tempo da frutificação.
Vamos, agora, nos apropriar das lições que extraímos observando a vida do profeta em
formação: Jonas. Permita que o Espírito Santo também tenha acesso a seu espírito para
educá-lo na justiça e torná-lo um profeta nestes dias do Reino: o “GRANDE e glorioso dia do
Senhor”; Atos 2:20b.
O fim da vontade própria
No livro de Jonas, no capítulo primeiro, observamos o conflito de um profeta em
formação. Um conflito que envolvia a sua vontade e a vontade do Senhor. Jonas poderia ter
inúmeras razões para não levar a Palavra do Senhor a Nínive. Mas este não era o
pensamento e a vontade do Senhor. Pedro, em Jope, também não entendeu prontamente o
significado da visão que Deus lhe dera.
“Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma
aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi. Eis que eu o dei por
testemunho aos povos, como príncipe e governador dos povos. Eis que chamarás a uma
nação que não conheces, e uma nação que nunca te conheceu correrá para junto de ti, por
amor do SENHOR, teu Deus, e do Santo de Israel, porque este te glorificou. Buscai o SENHOR
enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o
iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se
para o nosso Deus, porque é rico em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os
vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque,
assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos
do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos
pensamentos”. (Isaías 55:3-9).
Nossos pensamentos e motivações são os primeiros obstáculos que nos impedem
de entrarmos num verdadeiro caminhar com Deus, e de seguirmos o discipulado sem
reservas. Em Romanos 12:1 e 2, Paulo nos lembra que a renovação de nossa mente e o
abandono das formas (modelos) do mundo são as primeiras coisas que precisamos fazer,
para que possamos experimentar a perfeita vontade de Deus para nossas vidas. Pela
renovação de nossas mentes podemos entrar no fluir da vontade de Deus, dos dons e dos
ministérios.
Agora, então, você pode entender o porque Deus disciplinou os profetas do
passado? Então aceite, hoje, as disciplinas que têm vindo sobre sua vida. Abra seu coração
e permita que o Senhor, por Seu Amor, o molde segundo a Sua perfeita vontade. Ao ouvir o
chamado do Senhor, no íntimo do seu espírito e consciência, não resista ao Espírito Santo.
Que o sopro do Espírito de Deus venha para lhe conduzir à perfeita vontade de Deus, não
para trazer turbulências, e cada vez mais turbulências, em sua vida.
Alguns jovens se encontram, hoje, em situação semelhante à de Jonas, fugindo da
presença do Senhor, do Seu chamado e do Seu comissionamento. O fato de, em 1:3b4,
Jonas pagar a sua passagem, evidencia que ele queria manter-se independente e levar a
vida por sua conta. Mais cedo ou mais tarde, o Senhor irá confrontar a motivação de todos
aqueles que O seguem, de todos os seus filhos e discípulos.
4
Os versículos citados, que não são indicados os livros da Bíblia, são do livro de Jonas.
5
Quando Deus Preprara os Filhos dos Profetas
“SENHOR, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de
longe penetras os meus pensamentos. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces
todos os meus caminhos. Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a
conheces toda. Tu me cercas por trás e por diante e sobre mim pões a mão. Tal conhecimento
é maravilhoso demais para mim: é sobremodo elevado, não o posso atingir. Para onde me
ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se
faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada
e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra
me susterá.” (Salmo 139:1-10).
Determine-se a jamais fugir da presença do Senhor, de debaixo de Sua nuvem,
sombra e proteção. Não queira, à semelhança de Jonas, criar sua própria barraca, para
repousar debaixo da sombra e proteção que você mesmo construiu; 4:5 e 6. Se assim o
fizer, o Senhor te desacomodará e tirará você do seu conforto: “Então fez o Senhor Deus
nascer uma planta, que subiu por cima de Jonas, para que fizesse sombra sobre a sua
cabeça, a fim de o livrar do seu desconforto. Jonas, pois, se alegrou em extremo por causa
da planta. Mas Deus, no dia seguinte, ao subir da alva, enviou um verme, o qual feriu a
planta, e esta se secou”.
À primeira vista, Jonas achou que Deus estava concordando com sua atitude e
chegou até a se alegrar. Mas, no dia seguinte, o Senhor tirou o conforto do filho do profeta,
enviando um verme que matou a planta que fazia sombra sobre ele. O sol, então, começou
a esquentar os “miolos” de Jonas.
A todos os Seus profetas Deus disse, tal como Jesus a todos os seus discípulos:
“Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós” (João 15:16). Isso implica em
que Deus e Cristo são os Senhores de nossas vidas. Esta consciência é fundamental para
estes dias do Reino... ELE É REI E SENHOR.
O John comenta que, no Reino, só há uma doutrina que rege todos os aspectos de
nossas vidas: O Senhorio de Jesus Cristo. Portanto, se Deus mandou Jonas fazer algo, ele
deveria fazer, independentemente de seus pensamentos e motivações particulares com
relação a Nínive. A obediência a Deus deve ser sem questionamento. Se Jonas tivesse
obedecido da primeira vez que Deus lhe falou, ele não teria passado pelo naufrágio e ido
parar na barriga do grande peixe. Precisou Deus falar “segunda fez com Jonas”; 3:1.
Ao discípulo obediente e submisso, Deus fala uma vez e ele ouve duas. Já ao
discípulo desobediente, cheio de vontade própria, Deus fala a primeira vez, depois trata
com ele, para que, então, ouça da segunda vez.
Negar-se a si mesmo e “aborrecer” sua vida, é a primeira lição que todo profeta em
formação, todo Timóteo, precisa aprender, já no início do seu chamado. Ao seguir o
discipulado de Cristo, deixe sua vontade própria na cruz.
“Então disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue,
tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem
perder a vida por minha causa, achá-la-á. Pois, que aproveitará o homem se ganhar o mundo
inteiro e perder a sua alma?” (Mateus 16:24 a 26).
O que o mundo tem para lhe oferecer? Que satisfação? Que alegria? Que paz? Quais
prazeres? Em Eclesiastes, Salomão relata que tudo na vida é vaidade (ou futilidade, ou
inutilidade), não tem sentido eterno e é passageiro. A vida só tem sentido se for vivida em
Deus. A futilidade precisa ser julgada na vida de todos os filhos dos profetas, pois eles têm que
fazer uma grande obra: libertar toda a criação da futilidade. Lembre-se que toda a criação está
esperando que entremos na filiação, na maturidade. Vamos, portanto, aprender rapidamente
as lições que o Senhor quer nos ensinar e abrir para tudo o que Ele quer gerar EM nós e
ATRAVÉS de nós.
Timóteo era um bom exemplo de discípulo que não buscava o seu
interesse, e por esta qualidade Paulo podia confiar-lhe qualquer missão:
“Espero, porém, no Senhor Jesus, mandar-vos Timóteo, o mais breve possível, a fim de que
eu me sinta animado também, tendo conhecimento da vossa situação. Porque a ninguém
tenho de igual sentimento que, sinceramente, cuide dos vossos interesses, pois todos eles
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Quando Deus Preprara os Filhos dos Profetas
buscam o que é seu próprio, não o que é de Cristo Jesus. E conheceis o seu caráter provado,
pois serviu ao evangelho, junto comigo, como filho ao pai. Este, com efeito, é quem espero
enviar, tão logo tenha eu visto a minha situação”. (Filipenses 2:19-23).
Uma das manifestações da natureza carnal que aflora com muita força e
peculiaridade durante a adolescência e juventude é a vontade própria. É nesta fase da vida
que a pessoa começa a descobrir sua individualidade e, como consequência, sua vontade
própria e seus direitos. Toda jovem está sujeito a passar pelo que denominamos de
“Síndrome do Filho Pródigo”; Lucas 15:11-32. Cada um, porém, com suas particularidades
e intensidade. Este é o período que a psicologia denomina de “crise da adolescência”. Há
momentos em que o jovem se vê tomando a atitude do filho pródigo: “... Pai, dá-me a parte
que me cabe dos bens... juntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante, e lá
dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente”; vss. 12 e 13. Este é o momento
quando o jovem descobre que SUA VIDA lhe pertence e decide vivê-la como lhe apraz, sem
submissão ao Senhor, aos pais e/ou presbíteros.
A “terra distante”, para onde o “filho pródigo” se refugia, nem sempre é um lugar
geográfico, pode ser o seu quarto ou uma atitude de introspecção e fechamento em si
mesmo, que o distancia das pessoas, do Corpo e da vontade do Senhor.
“Pai, dá-me minha vida; vou vivê-la como eu quiser. Não quero mais te servir,
quero conhecer o mundo, ampliar meus horizontes, voar alto”. Como ser liberto deste
conflito e da “síndrome do filho pródigo”?
“Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a
salvará. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou a causar
dano a si mesmo?” (Lucas 9:24, 25).
O conflito acaba quando você se identifica com Cristo em Sua morte e ressurreição
e permite que, pelo Espírito Santo, toda a futilidade e o viver na carne sejam neutralizados
na cruz, com Ele.
O John comenta: “Este é o tempo do espírito abatido e do coração infeliz. Muitos o
relacionarão ao livro de Eclesiastes, em que tudo é pintado como vaidade e futilidade. As
pessoas verão como realmente são a vida e o mundo. Verão a futilidade da existência
humana, quando elas não se estendem para tornarem-se filhos de Deus. Neste dia, você
estará ansioso para sair do nível humano e entrar no nível divino. Não desfrutará do
processo de viver o dia a dia. Todas as alegrias de uma vida pessoal se tornarão
detestáveis, à medida que uma futilidade surge nela”. (“Autoridade Sobre a Futilidade”, Vol.
II – A Nova Motivação do Espírito).
Por outro lado, há jovens que se identificam com o “filho mais velho”, da Parábola
do Filho Pródigo. Este nunca saiu da casa do pai, mas também nunca soube valorizar o que
tinha por herança e direito. O “pródigo”, filho mais moço, não soube valorizar os seus bens
e gastou-os dissolutamente. Já o “mais velho”, tinha tudo, porém não soube valorizar nem
aproveitar seus bens. Todo adolescente e jovem precisa encontrar uma solução e equilíbrio
para este conflito da alma que, como um pêndulo, o faz oscilar entre as características do
“filho pródigo” e, em outros momentos, com características do “filho mais velho”. Há jovens
que oscilam entre a irresponsabilidade e a responsabilidade, ou entre a sua vontade própria
e a submissão incondicional a Deus.
A solução o Senhor já nos apontou: negue-se a si mesmo, tome a sua cruz de
renúncia a cada dia e siga-O. Não tente preservar sua própria vida, caso contrário ela
escapara entre os seus dedos. Não se agarre a nada que não seja a vontade do Senhor para
você. Não tente preservar nada que o Senhor quer que você abandone. Entregue sua vida
ao Senhor Jesus e busque o Seu Reino em primeiro lugar. Certamente todas as outras
coisas lhes serão acrescentadas.
Ainda com respeito a este assunto, seria bom você meditar um pouco sobre os dois
textos abaixo:
“Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração” (Salmo 37:4).
“Alegra-te, jovem, na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade;
anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos; sabe, porém,
que de todas estas coisas Deus te pedirá contas. Afasta, pois, do teu coração o desgosto e
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Quando Deus Preprara os Filhos dos Profetas
remove da tua carne a dor, porque a juventude e a primavera da vida são vaidade. Lembrate do teu Criador nos dias da tua mocidade...” (Eclesiastes 11:9 a 12:1a).
Viva intensamente sua mocidade e vida, desfrutando de toda a liberdade e alegria
que Deus lhe proporciona; mas faça tudo como ao Senhor, debaixo do Seu senhorio.
Quando o Espírito for o Senhor de sua vida, aí haverá liberdade. Estando debaixo do
Senhorio de Cristo, temendo a Deus, você pode fazer tudo o que quiser, ou melhor, o que
não ofende ao Espírito que está em você.
Quando o sono é sinal de fuga
“Então, os marinheiros, cheios de medo, clamavam cada um ao seu deus e lançavam ao mar
a carga que estava no navio, para o aliviarem do peso dela. Jonas, porém, havia descido ao
porão e se deitado; e dormia profundamente. Chegou-se a ele o mestre do navio e lhe disse:
Que se passa contigo? Agarrado no sono? Levanta-te, invoca o teu deus; talvez, assim, esse
deus se lembre de nós, para que não pereçamos”. (Jonas 1:5, 6).
Estando fugindo da presença do Senhor e em meio a uma grande tempestade,
Jonas dormia profundamente. Como dormir numa situação dessa?
Durante a adolescência e juventude, é muito comum a pessoa ter muito sono. Será
este sono sinal de cansaço? Ou será o sintoma de uma doença na alma e no espírito? Jesus
repreendeu os apóstolos quando foram vencidos pelo sono em momentos importantes e
decisivos (Mateus 26:40, 41, 45 e 46).
O sono demasiado e sem justificativa é uma evidência de que a pessoa está
FUGINDO de suas responsabilidades. Pode ser um sintoma da falta de ânimo, mas também
de irresponsabilidade e, ainda em casos mais graves, de depressão. Por isso, disponha-se a
fazer a vontade do Senhor. Saia de sua “barraca”! Saia de seu quarto e enfrente o Senhor
e, na força dEle, enfrente todas as dificuldades da vida. Levante-se! Seja fortalecido no
Senhor e na força do Seu poder, Efésios 6:10.
“Ninguém, depois de acender uma candeia, a cobre com um vaso ou a põe debaixo de uma
cama; pelo contrário, coloca-a sobre um velador, a fim de que os que entram vejam a luz”.
(Lucas 8:16).
O Senhor deseja que a nossa luz brilhe entre os homens, para que Ele seja
glorificado. Não devemos esconder a luz que há em nós debaixo de nossa cama. Nós não
temos recebido o espírito de covardia, de preguiça, de depressão e nem fuga. Julgue este
espírito, caso ele queira fazer morada em sua vida. Assuma autoridade sobre sua alma e a
abençoe com ânimo para se mover na vontade do Senhor.
Paulo, ao escrever aos Efésios, parece seguir a mesma linha de ensinamento que
Deus usou para a formação de Jonas. Primeiramente ele revela a grandiosidade das
bênçãos espirituais que Deus já nos deu, em Cristo. Paulo usa repetidamente as
expressões: “riqueza da sua graça” e “riqueza da glória”; Ef 1:7, 18; 2:7 e 3:16. Depois
ele dá um “puxão de orelha” em seus filhos na fé, para que estes despertem do sono.
“Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará”; Efésios
5:14.
Paulo mostra, em Efésios 1:3 e 2:8-10, que Deus nos escolheu, em Cristo, antes
da fundação do mundo, e que fomos criados para as boas obras, as quais o Pai preparou de
antemão para que andássemos nela. Por isso a ênfase de acordar e despertar o espírito dos
Timóteos para o momento em que estamos vivendo.
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Quando Deus Preprara os Filhos dos Profetas
Outros sofrem por minha causa
(Os tropeços)
“Respondeu-lhes Jonas: Tomai-me, e lançai-me ao mar, e o mar se aquietará; porque eu sei
que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade”. (Jonas 1:12).
Quantas pessoas mudam de atitude e o rumo de suas vidas pela simples compreensão de
que, por seus erros e falhas, pessoas próximas estão sofrendo? Quantos filhos se arrependem
ao perceberam que sua rebeldia, atitudes erradas, vícios e outras coisas estão magoando seus
pais? Quantos maridos ou esposas, ao perceberem que estão fazendo seus parceiros sofrerem,
encontram forças para mudar de atitude? As pessoas tiram forças para se arrepender e
converter seus caminhos tortuosos, pela simples percepção de que, por causa das suas falhas,
outras pessoas são prejudicadas.
Esta percepção do mal que uma pessoa faz ao seu próximo pode levá-la a se
libertar de vícios, da prostituição e do engano. Também, na vida dos filhos dos profetas,
esta compreensão será usada pelo Espírito Santo como uma mola propulsora para o
arrependimento profundo.
A atitude de Jonas mostra que ele não era mal, ele tinha um senso básico de justiça
e honestidade. Jonas era um profeta que relutava em ministrar a palavra do Senhor à nação
que matava seu povo, apenas não conhecia a grande misericórdia e compaixão do Senhor
(lembre-se da parábola do Bom Samaritano).
Em Mateus 18, Jesus apresenta algumas parábolas e ensinamentos do Reino que
nos orientam como nos relacionar com os tropeços, falhas e pecados que nós ou nossos
irmãos possam vir a cometer. Os versículos 6 a 9 dizem claramente que, se pelo tropeço
de uma pessoa um novo convertido, pequenino na fé, vier a se escandalizar e se desviar da
fé, essa pessoa, pela qual veio o escândalo, receberá dura reprovação do Senhor.
O ensinamento é que: por amor dos pequeninos do Senhor, por amor do Corpo,
encontremos motivação para nos santificar cada vez mais – “E a favor deles eu me santifico
a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade”; João 17:19. Que os
adolescentes não sofram por causa dos tropeços dos jovens. Que os jovens não tropecem
por causa dos escândalos dos mais velhos. Que os jovens possam ser um bom exemplo e
estímulo para a fé dos adolescentes e, estes, para as crianças.
Quando um membro sofre, todos sofrem... Na medida em que somos batizados,
pelo Espírito, no Corpo de Cristo e mais unidade é gerada entre os membros, maior deve
ser o nosso cuidado em manter-nos puros e santos no Senhor. Nesse nível do Corpo,
precisamos ser rápidos em nos arrepender e reconciliar com nossos irmãos, para que o
Corpo não seja contaminado.
A disciplina do Senhor
Deus usou dois meios para provocar arrependimento e mudança em Jonas: uma
Grande Tempestade e um Grande Peixe. Os grandes meios que Deus usou eram
proporcionais à GRANDE MISERICÓRDIA que Ele queria gerar no filho do profeta para que
uma grande cidade5, Nínive, se convertesse dos seus maus caminhos.
As grandes mudanças em nossas vidas não ocorrerão enquanto nós nos
acomodarmos e formos relutantes diante da vontade do Senhor. Os atributos de Deus na
vida de seus filhos são gerados por um tratamento particular do Senhor em suas vidas.
Abra-se, com o espírito sempre grato, às disciplinas do Senhor, pois elas têm o objetivo de
lhe tornar participante da natureza divina: “... Deus, porém, nos disciplina para
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Jonas 3:2 traz, literalmente, “grande cidade para Deus”. Para percorrer todo o distrito
de Nínive era necessários três dias de caminhada, ou cerca de 99 Km, conforme 3:3.
Interessante é notar que, em apenas um dia de caminhada, a pregação de Jonas surgiu
efeito na vida dos ninivitas.
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Quando Deus Preprara os Filhos dos Profetas
aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade. Toda disciplina, com
efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois,
entretanto, produz FRUTO de justiça”; Hebreus 12:10b, 11. O Senhor utilizou-Se de
grandes meios para produzir a Sua grande justiça e misericórdia no coração de Jonas. Deus,
também, nestes dias do Reino, usará outros grandes recursos para produzir Sua justiça em
nossas vidas.
“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não
der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto, limpa, para que produza mais fruto ainda”. (João
15:1, 2).
Hoje, o Senhor está vindo ao seu encontro com uma espada desembainhada nas
mãos, apontando para seu coração e dizendo: “Descalça as sandálias de teus pés. Deixe
para traz tudo em que você confiou até agora; pois carne e sangue não herdarão o meu
Reino” (Josué 5:13-15; 1 Coríntios 15:50). Você nunca entrará na posse das grandes
promessas de Deus, por mérito do potencial humano. A espada, que é a Palavra Viva do
Senhor, está separando alma e espírito, expondo todas as motivações egoísticas da alma e
dos pensamentos. Mas, esta mesma Palavra, está gerando em nós a nova motivação do
espírito; Hebreus 4:12 e 13. O Senhor está nos ensinando a andar no Espírito, para não
satisfazermos às vontades da carne e dos pensamentos. Estamos entrando na liberdade do
Reino. O Senhor está nos libertando da natureza carnal que é a fonte de toda derrota e
futilidade.
Coloque, agora, suas mãos sobre sua cabeça e ore ao Senhor, dizendo: “Senhor, eu
me submeto à toda Sua disciplina de Amor. Me arrependo de toda relutância que impede
que Sua vontade seja feita em minha vida. Molda-me! Prepara-me para ser um profeta, um
canal puro da Sua Palavra. Quero ser transformado em um canal de Sua misericórdia”.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
A grande tempestade que fez o mar tornar-se
cada vez mais tempestuoso
“Mas o Senhor lançou sobre o mar um forte vento, e fez-se no mar uma grande tempestade, e
o navio estava a ponto de se despedaçar... o mar se ia tornando cada vez mais
tempestuoso... os homens, esforçando-se por alcançar a terra, mas não podia: porque o mar
se ia tornando cada vez mais tempestuoso contra eles”. (Jonas 1:4, 11 e 13).
Mar, nas Escrituras, é um símbolo que representa as circunstâncias que envolvem
nossas vidas. Tempestade, portanto, não é uma coisa bem vinda ou desejada, certo?
Quando Deus assopra sobre as nossas vidas, tudo é desacomodado. Este é um
princípio que Ele usa em Seus tratamentos com Seus filhos. Toda desacomodação, vinda da
parte do Senhor sobre as nossas vidas, tem o objetivo de nos direcionar para a Sua perfeita
vontade.
Dentro do ventre do grande peixe
(Morte e ressurreição com Cristo)
Dentro da barriga do grande peixe, Jonas não morreu fisicamente, mas foi uma
experiência de morte e ressurreição (salvação).
O capítulo 2 de Jonas deve ser lido em paralelo a Mateus 12:40 e 41. Em
Mateus, Jesus compara a experiência que Jonas passou, ficando três dias e três noites no
ventre do grande peixe, com a Sua própria experiência de morte e ressurreição ao terceiro
dia. Estes dois textos enfatizam o processo pelo qual todo profeta em formação, todo
Timóteo, precisa passar: a experiência de estar “dentro do ventre do grande peixe” ou, no
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Quando Deus Preprara os Filhos dos Profetas
linguajar do Novo Testamento, sua identificação com a morte e a ressurreição COM Cristo. A
morte para as motivações pessoais e para a vontade própria. Todo discípulo, que se dispõe
a seguir a Jesus, precisa negar-se a si mesmo e tomar sua cruz de renúncia dia a dia.
Em Colossenses 2:20 a 3:12 nos é dito claramente o que significa a nossa
identificação com Cristo em sua morte e ressurreição. Paulo enfatiza que todos nós
precisamos nos despojar (como de uma roupa suja) de todo mal e nos revestir (como de
uma roupa celestial, santa) dos atributos de Deus.
O lamento dos profetas
“Temendo, pois, Elias, levantou-se, e, para salvar sua vida, se foi, e chegou a Berseba, que
pertence a Judá; e ali deixou o seu moço. Ele mesmo, porém, se foi ao deserto, caminho de
um dia, e veio, e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte e disse: Basta;
toma agora, ó SENHOR, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais. Deitou-se e
dormiu debaixo do zimbro; eis que um anjo o tocou e lhe disse: Levanta-te e come. Olhou ele
e viu, junto à cabeceira, um pão cozido sobre pedras em brasa e uma botija de água. Comeu,
bebeu e tornou a dormir. Voltou segunda vez o anjo do SENHOR, tocou-o e lhe disse:
Levanta-te e come, porque o caminho te será sobremodo longo”. (1 Reis 19:3-7).
Os profetas, realmente, foram homens semelhantes a nós, sujeitos às mesmas
necessidades de sobrevivência e fraquezas. Mas, apesar de tudo, eles aprenderam a se
apropriar da força que vem pela graça de Deus. O texto acima mostra como Elias passou
por um momento crucial em sua vida, lamentando-se contra Deus, deprimido a ponto de
pedir para morrer. A alma do profeta ficou tão abalada e deprimida, que não queira outra
coisa, a não ser dormir e esperar a morte. A respeito deste momento da vida de Elias, o
John comenta:
“Os triunfos de Elias foram vitórias tremendas. Você se lembra da destruição dos
profetas de Baal? Lembra como o fogo caiu nos sacrifícios no Monte Carmelo? Que história!
Ele orou para a chuva vir e Deus terminou com uma seca de três anos e meio. Mas quando
Elias soube que Jezabel estava atrás dele, fugiu para o deserto; e depois da jornada de um
dia, deitou-se debaixo de um zimbro e orou para que morresse. Por quê? Ele não tinha
motivação humana para viver. Por que Elias iria querer viver? Ele disse: ‘não sou melhor do
que meus pais’, mas estava raciocinando do ponto de vista humano. Ele tinha chegado ao
ponto onde viu que não havia nada pelo que viver no nível humano. Entretanto, as obras
maiores que Elias realizou foram cumpridas depois disso... todas as decisões importantes
vieram após esse período de desencorajamento... Deus põe um fim a uma motivação para
que entremos noutra. Devemos por um fim às velhas motivações que podem estar muito
misturadas com ambições e desejos pessoas”. (John Robert Stevens em “Autoridade Sobre
a Futilidade” – Parte II, A Nova Motivação do Espírito).
Elias não foi o único profeta que foi desencorajado pelo Senhor. Ele não foi o único
homem de Deus a lamentar sua existência. Outro profeta que passou pela experiência de
estar “dentro do ventre do grande peixe” foi Jeremias. Sua experiência com Deus é
narrada em Jeremias capítulo 20. Deus permitiu que Jezabel perseguisse a Elias. Aqui, foi
Passur, o chefe dos sacerdotes na casa do Senhor, quem perseguiu o profeta; 20:1 e 2. As
profecias que vieram por meio de Jeremias eram contra os sacerdotes de Israel. E essa foi a
causa da reação brutal, quando Passur feriu a Jeremias e o meteu no tronco.
Essa perseguição de Passur não foi suficiente para fazer o profeta Jeremias deixar
de falar a Palavra do Senhor. Porém, abalou a alma do profeta. A passagem de 20:7 a 18
contém o lamento de Jeremias, com palavras trágicas de um coração abatido, quando todos
os seus íntimos amigos o abandonaram (20:10) e os líderes religiosos o perseguiam.
O Senhor permitiu que Jeremias passasse por todas essas perseguições, dor e
solidão como uma maneira dEle o moldar, como o vaso na mão do oleiro. O John continua
na mesma mensagem...
“Agora você vê o que o Senhor está tentando fazer? Você tem que morrer. Tem
que parar de ter sede pela água que apenas o deixará sedento novamente, e ter sede pela
água que o saciará completamente... Haverá frustração em nosso caminhar até o dia em
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Quando Deus Preprara os Filhos dos Profetas
que recebermos esta nova motivação em nossos corações. Esta é a resposta à futilidade.
Enquanto permanecermos no nível da alma, o espírito de futilidade repousará sobre nós. A
primeira manifestação dos filhos de Deus é que eles sejam livres da futilidade dos desejos
da carne ou da alma... Ou daremos lugar ao espírito de futilidade, à depressão e ao
desespero até que se torne uma podridão para os nossos ossos, ou nos estenderemos e
beberemos da água viva, a Palavra Viva. A morte está operando em nós, mas o fluir de vida
está crescendo”. (2 Coríntios 4:12).
A lição do Senhor: Aproprie-se de MIM
Provérbio do Reino:
Deus não chama os capacitados,
capacita os escolhidos.
Toda disciplina do Senhor na vida de Jonas tinha um único objetivo: O Senhor
queria que ele se apropriasse da Sua misericórdia. O Senhor nos leva ao deserto ou ao
“ventre do grande peixe” para nos ensinar que: “Ele te humilhou, e te deixou ter fome, e te
sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram, para te dar a
entender que nem só de pão vive o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor,
disso viverá o homem”; Deuteronômio 8:3. O Senhor quer nos libertar de uma vida fútil,
que luta para sobreviver e que existe para obter o pão de cada dia. Ele quer nos levar, pela
fé, a viver em total dependência dEle. Ao entrarmos na libertação dos filhos e no Reino,
estamos saindo do domínio da futilidade.
Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deu-lhes a comer pão do céu.
Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: não foi Moisés quem vos deu o pão
do céu; o verdadeiro pão do céu é meu Pai quem vos dá. Porque o pão de Deus é o que desce
do céu e dá vida ao mundo. Então, lhe disseram: Senhor, dá-nos sempre desse pão.
Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que
crê em mim jamais terá sede”. (João 6:31-35).
Nós não temos vida eterna em nós mesmos. A vida eterna é um dom de Deus em
Cristo Jesus. Em tudo, inclusive para o exercício de nosso comissionamento, precisamos dos
dons e dos atributos do Senhor operando EM nós.
A grande lição que o Senhor quis dar ao filho do profeta era que ele se movesse,
em seu ministério, manifestando a grande misericórdia divina. Se os filhos dos profetas
querem ser canais do Senhor, devem andar, não segundo a natureza humana e sua
vontade própria, mas manifestando a mente e os atributos divino.
“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de
Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no
Espírito, andemos também no Espírito”. (Gálatas 5:22-25).
O fruto do Espírito não é o produto do esforço ou do “metabolismo” humano. Este
fruto é produzido em nós pelo Espírito Santo, na medida em que crucificamos a natureza
carnal e permitimos que o Cristo se manifeste através de nós. Nossos corações devem estar
sempre prontos para declarar: “Convém que Ele cresça e que nós desapareçamos”. Isso
acontecerá quando passarmos pela experiência “do ventre do grande peixe” – morte e
ressurreição com Cristo.
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Quando Deus Preprara os Filhos dos Profetas
Conclusão sobre o livro de Jonas
Ao que se sabe, não há registro histórico do arrependimento dos ninivitas nos
achados arqueológicos. Existem, no entanto, vestígios de que o rei Adade-Nirari, que
reinava no período indicado em Jonas 3:5 a 10, fez reformas importantes, como a
implantação do culto monoteísta. Ainda, sob os reinados dos três reis que se seguiram a
Adade-Nirari, houve uma cessação das conquistas assírias. Estes reis não foram dados à
guerra e à violência.
Neste período, como fruto da pregação de Jonas, Israel recobrou territórios
perdidos, conforme relata a passagem de 2 Reis 14:25 – “... segundo a Palavra do Senhor,
Deus de Israel, a qual por intermédio de seu servo Jonas...”.
A pregação de Jonas fez com que Nínive se arrependesse da VIOLÊNCIA e da GANÂNCIA
DE CONQUISTAR:
“E fez-se proclamar e divulgar em Nínive: Por mandado do rei e seus grandes, nem homens,
nem animais, nem bois, nem ovelhas provem coisa alguma, nem os levem ao pasto, nem
bebam água; mas sejam cobertos de pano de saco, tanto os homens como os animais, e
clamarão fortemente a Deus; e se converterão, cada um do seu mau caminho e da
VIOLÊNCIA que há nas suas mãos”. (3:7 e 8).
Esta foi a grande obra que Deus realizou através de Jonas: a conversão da grande
cidade de Nínive, com seus cento e vinte mil moradores. Também cremos que, através da
grande preparação que o Senhor tem feito nos filhos dos profetas de hoje, estaremos
prontos para as obras maiores, entrando na autoridade do Reino.
Jesus citou Jonas como uma figura de Sua própria morte e ressurreição ao “terceiro
dia”; Mateus 12:40. Assim, em tudo, a história de Jonas é uma grandiosa figura (SINAL)
da ressurreição do Messias e do Evangelismo do Reino a todas as nações e povos.
Os 120 mil habitantes de Nínive, que se arrependeram como consequência da
pregação de Jonas, também constituem um SINAL da misericórdia de Deus para com todas
as gerações futuras, inclusive para nossos tempos:
“Aproximando-se os fariseus e os saduceus, tentando-o, pediram-lhe que lhes mostrasse um
sinal vindo do céu. Ele, porém, lhes respondeu: Chegada a tarde, dizeis: Haverá bom tempo,
porque o céu está avermelhado; e, pela manhã: Hoje, haverá tempestade, porque o céu está
de um vermelho sombrio. Sabeis, na verdade, discernir o aspecto do céu e não podeis
discernir os sinais dos tempos? Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal
lhe será dado, senão o de Jonas. E, deixando-os, retirou-se”. (Mateus 16:1 a 4).
Estes são os dias dos GRANDES SINAIS e das OBRAS MAIORES, quando DEUS ESTÁ
PREPARANDO OS FILHOS DOS PROFETAS para se apropriarem dos grandes atributos divinos
e fazerem as grandes obras que trarão o Reino à luz em toda a terra.
Pedido de Mensagens:
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