Avaliação de estratégias, o lado humano versus a matemática
Quando o assunto é avaliar o desempenho de uma estratégia em bolsa é comum procurarmos métodos
matemáticos para aplicar sobre os dados dos nossos back-tests afim de obter uma graduação objetiva que mostre
se aquilo é bom, mediano ou ruim. Esquecemos, porém, que o lado humano, emocional, vai interferir muito no
mundo real, talvez de forma significativa demais para ser omitido dos nossos testes.
Esta newsletter foi escrita ao longo de 5 anos de experiências, back-tests e negociação real. Ao longo do ano de
2013 eu levantei uma bandeira para mim mesmo, a de desvendar a lógica por trás da qualificação estatística de
uma estratégia. Não adianta apenas fazermos back-tests, precisamos operar as estratégias. Da mesma forma, não
adianta apenas operar, precisamos usar grandes quantidades de dinheiro para ter um retorno considerável. Por
último, não adianta aumentar as quantidades das ordens, precisamos ter um controle emocional forte para lidar
com as conseqüências de nossas apostas.
A seguir abordarei um pouco sobre técnicas matemáticas, mas também falarei da minha experiência ao longo dos
últimos anos, com foco em 2013, mostrando, inclusive, o meu financeiro real de um dos meses de operação mais
voláteis que já tive. Meu objetivo aqui é demonstrar como o preconceito, a tentativa de pular etapas e a vasta
gama de resultados das técnicas matemáticas podem interferir no seu resultado final. Como tentar absorver e
usar isso, e como, no final, o feeling e a observação me levaram a tirar conclusões que quebraram paradigmas e
que foram, surpreendentemente, confirmadas pelos métodos matemáticos.
Em primeiro lugar, tudo começou ainda em 2009, quando eu criei o módulo de estudos personalizados no Trader
Gráfico e comecei a vasculhar lógicas novas, fugindo do paradigma MACD, IFR, DMI. Foi nesta época que os
Supersinais apareceram, como a Acumulação Estatística, o Super Sinal, a Super MMS e o meu livro, Os Supersinais
da Análise Técnica. Uma verdadeira viagem exploratória de lógicas operacionais, que me deram muita experiência
em Swing-Trade de Ações e Opções, mas poucas respostas no Day-Trade (na época focado quase que
exclusivamente na auto-análise e nos triângulos). Quando finalizei a última edição do meu livro em meados de
2010, percebi que eu poderia encontrar minhas respostas operando Ibovespa Futuro, naquela época eu pensava
apenas em mini-contratos. Comecei uma cruzada de testes que durou mais 2 anos, forçando-me a atualizar o
Trader Gráfico para que ele permitisse que as minhas lógicas pudessem ser usadas nos testes práticos.
Manipulação de preços de flechas, normalização de efeitos de médias, aprimoramento de regras operacionais,
criação de variáveis entre funções e muitas outras funcionalidades foram desenvolvidas para que os meus testes
pudessem prosseguir, da mesma forma que o Robô do Trader Gráfico PRO foi desenvolvido para que as minhas
operações reais pudessem ser realizadas da mesma forma que eram testadas. Isso é o que os americanos
chamam de “Eating your own dog food” (comer da sua própria comida, em tradução livre,
http://en.wikipedia.org/wiki/Eating_your_own_dog_food).
Esta introdução é necessária para que você possa entender como tudo começou, afinal, 2013 foi o desfecho de
uma história de testes muito mais longa. E 2014 é o início de democratização deste conhecimento, onde pretendo
embarcar no Trader Gráfico todos estes anos de descobertas que não estão escritos em nenhum livro.
A minha busca incansável por respostas no day-trade passou por momentos de provação. Chegou um momento
em que todos os meus amigos e familiares, sem exceção, achavam que eu não iria encontrar resposta alguma ao
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final de todo aquele processo. Mas eu tinha uma coisa a meu favor: a minha própria opinião. Meu instinto
matemático sempre foi muito bom, desde pequeno eu conseguia fazer projeções sobre quase tudo e de forma
inexplicável, mesmo antes de entrar na faculdade e entender conceitos mais avançados de matemática. A
“Lógica” nasceu forte em meu DNA e era ela que me dizia que existia algo ali naqueles gráficos SIM, algo que
ninguém via, ou melhor, quase ninguém. Neste período alguns dos clientes do Trader Gráfico tornaram-se meus
amigos de verdade, pois eles tinham a mesma sensação que eu. Destes ensaios intermináveis nasceram muitos
estudos conhecidos, como Super Vira-Mão e Super Index. Até que, em meados de 2012, BINGO. Encontrei a
lógica do Top Hedger 1.
Passei três semanas seguidas refazendo os testes com o Top Hedger 1, conferi o código várias vezes, conferi o
gráfico e as flechas para ver se aquilo estava certo, e estava. Tudo estava lá, dois anos e meio de testes positivos,
nenhuma série com resultados negativos. Poucas operações, muitos lucros, poucos prejuízos, um resultado final
magnífico. Era o momento esperado, certo? Sim. Mas o que faltava? No meu entendimento na época: nada.
Então resolvi colocar aquela estratégia para rodar e, em Julho de 2012, entra no ar o primeiro Robô operando o
Top Hedger. Mais adiante veremos que faltava uma coisa para incluir nos testes, a prática operacional, mas
mesmo assim a estratégia seria vencedora, o que eu pude comprovar da forma mais simples possível: operando.
Uma vez eu vi em algum lugar que os russos desenvolviam suas armas em campo, fazendo testes práticos e que
isso encurtava o tempo de desenvolvimento, embora, muitas vezes, causasse baixas entre os militares. Usei este
conceito e pensei que se eu continuasse meus testes operando no mundo real, isso seria mais valioso do que usar
alguma técnica teórica, mesmo que ela tivesse dado um prêmio Nobel ao seu desenvolvedor. E assim foi. No
primeiro dia o Top Hedger ganha 500 pontos, fato inusitado para quem já estava acostumado a testar diversas
estratégias ruins. Ao longo de Julho e Agosto meus Robôs tradicionais da época, o Super Index e o Super ViraMão, ganharam muito e de repente começaram a perder muito, mas muito mesmo, e o Top Hedger ganhava
quase todos os dias, compensando as outras estratégias e ainda dando lucro. Nesta época, operando já na
realidade, desenvolvi as variações 2, 3 e 4 do estudo. Também percebi, na mesma época, que o Top Hedger era
um monstro em volume “operável” e que eu sozinho nunca chegaria a operá-lo na sua quantidade limite. Eu
operava o Top Hedger a mercado e nem imaginava que ajustes negativos, timers de entrada e saída e envios de
ordens precisos no valor das flechas fariam muita diferença, o importante era apenas a estratégia, e assim foi. Ao
final de Agosto, após um final de mês glorioso, decidi que o Top Hedger deveria ser aberto ao público e que eu
deveria operá-lo junto com os clientes. Dia 15/09/2012 o Top Hedger entra no ar para vários clientes.
Até aqui, nenhuma técnica teórica conhecida na literatura de análise de dados havia sido efetuada e, na prática,
eu nunca usei nenhuma técnica conhecida de qualificação de estratégias para decidir como operar o Top Hedger.
Eu sempre segui os meus testes práticos e os resultados em R$ eram, e ainda são, o que motiva toda a mudança
que faço no modo de operar o Top Hedger (que no final, como você vai ver aqui, eu consegui provar via testes
teóricos). Devo lembrar que as mudanças feitas nesta etapa foram todas nos ajustes e configurações do
operacional e não na formula matemática das estratégias, cujos back-tests apontavam para um resultado mais do
que satisfatório.
Resultados consistentes foram chamando a atenção do mercado e logo o Top Hedger chegou no limite máximo
de clientes que eu havia estipulado, com uma operação de milhares de mini-contratos e centenas de contratos
cheios diários. Nesta época, em Janeiro de 2013, um seguidor via rede social me pediu para informar o SQN
(System Quality Number) do Top Hedger, um número que representa a qualidade da estratégia, quanto maior
melhor. Eu o desconhecia, pois naquela época eu calculava apenas o “Risk of Ruin” que é mais direto e mais fácil
de entender, mas que não é tão útil quando a sua estratégia não é destrutiva, pois ele só controla o lado ruim que
é o risco de quebra.
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Na época calculei o SQN do Top Hedger e obtive um resultado acima de 7, que é qualificado como “Santo Graal”.
Isso me deixou “encucado” e desde então passei a estudar e entender melhor como aplicar o SQN na prática das
minhas estratégias. Abaixo a tabela de qualificação de uma estratégia via SQN:
SQN Score
1.6-1.9
Quality of the System
Poor but tradable
2.0-2.4
Average
2.5-2.9
Good
3.0-5.0
Excellent
5.0-6.9
Superb
7.0-
Holy Grail
http://www.traderivar.com/2010/03/sqn-trading-system-quality-number.html
Eu comecei, então, a aumentar a minha posição, comecei o ano operando 25 mini-contratos no Top Hedger
(vendia 25, comprava 25, girava 50 no dia). Até o final de Janeiro já eram mais de 50, em Fevereiro pulei para os
contratos cheios para reduzir a minha slippage, que neste momento já começava a pesar no bolso, operando 20
contratos cheios (equivalente a 100 minis). E aqui já comecei a sentir os efeitos das variáveis ocultas para os backtests, as ocorrências imprevisíveis. Problemas com a corretora, problemas com o seu cloud, problemas com você
(esquecer de ligar o Robô), pressão psicológica e começar a parar o Robô para “pilotar” as operações na mão
(fugindo completamente da estratégia testada). Muitas vezes não mexia no Robô, mas fazia outras operações em
paralelo aproveitando bons lucros ou tentando recuperar prejuízos, mas sempre tendo as operações do Top
Hedger via Robô como pano de fundo.
Conclusão, tudo aquilo que foi feito por impulso, fora do planejado, deu prejuízo, sem exceção. É claro que um
dia ou outro dava certo, mas no acumulado do mês dava prejuízo. Os dias em que o meu Robô era paralisado
manualmente dariam, normalmente, mais lucro do que o realmente auferido, as operações na mão acabavam
perdendo mais do que ganhando, os problemas técnicos sempre vinham em dias de lucro (a maioria dos dias
operados pelo Top Hedger é de lucro). Então comecei a mexer nas quantidades após um prejuízo, de forma que
500 pontos perdidos hoje seriam compensados com 350 pontos ganhos amanhã e, realmente, isso funcionou por
alguns meses, até que a estatística e a indisciplina me pegaram, fazendo com que eu finalmente criasse a
consciência que tenho hoje.
O ápice dos meus testes operacionais ocorreu em Abril de 2013, quando cheguei a operar 35 contratos cheios,
todos juntos (equivalente a 175 minis). Vendia 35, comprava 35, girava 70 “contratões”, como dizemos. Eu sabia
que muita gente operava mais do que isso, mas nesse ponto eu comecei a me perder no emocional e reduzi a
minha quantidade padrão para 30 contratos cheios (equivalente a 150 minis ou R$ 1,7 milhão naquela época) e
assim fiquei por alguns meses.
Não sei se você conseguiu perceber onde estava o meu erro até aqui, mas vou descrevê-lo em detalhes. Enquanto
eu estava aumentando a quantidade, nada dava errado, mesmo vendo alguns clientes perdendo dinheiro e
desistindo, eu não conseguia entender o que estava ocorrendo, pois eu estava ganhando, e ganhando muito. A
seguir o meu extrato do mês de Abril de 2013 na corretora que eu usava na época, vale dizer (e dá para ver no
extrato) que as corretagens eram muito mais altas, as margens também, devemos ao Top Hedger as condições de
margem/corretagem que temos hoje, pois foi a demanda dele que criou muitos novos investidores e criou mais
interesse na operação de contratos cheios pelas pessoas físicas.
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Se você olhar em detalhes meu extrato verá que eu cheguei a ganhar mais de R$ 64.000 em sequência em pouco
mais de uma semana. Só que, na verdade, eu cheguei a ganhar mais de R$ 74.000, só que acabei perdendo -25k
em um dia em que estava com +10k e interrompi a sequência virtuosa. Homem é complicado, quando você chega
no topo após anos de tentativas, bate um sentimento de invencibilidade maravilhoso, naquele ponto, eu não
conseguia entender como eu poderia perder na bolsa novamente um dia, para mim parecia simples, eu era o
máximo e ponto.
O que ocorreu a partir de então foi uma verdadeira “cruzada” minha por redução de custos, que me fez migrar de
corretora mais duas vezes até Julho de 2013, quando encontrei o pacote que esperava para o tipo de operação
que vinha fazendo (e, lógico, que todos os clientes do Trader Gráfico podiam aproveitar). Neste meio tempo
acabei reduzindo minha quantidade operacional para 75 mini-contratos. A indisciplina foi o motor desta redução,
pois eu não me sentia seguro em meter a mão no Robô com o equivalente a 150 minis, então pensei que
reduzindo a quantidade total para 75 eu ficaria “mais a vontade” para conseguir “consertar” os dias de prejuízo.
Então eu percebi o que tinha ocorrido, aliando a redução de posição com a operação manual sem disciplina, eu
mesmo me dei um tapa na cara. Esta epopéia toda não teve nada a ver com a estratégia ou com os resultados
dela, mas sim com a minha migração de corretoras e indisciplina operacional.
Após ter um prejuízo maior do que o esperado em Julho de 2013, repensei minha operação e decidi vasculhar
algo que eu já tinha percebido desde a minha sequência de R$ +74.000 ganhos, que o stop gain de 195 pontos
realmente era melhor do que operar “de cara pro vento” sem stop gain algum como eu fazia. Muitos prejuízos
gordos teriam sido evitados, inclusive alguns em Julho, quando essa diferença pesou bastante no resultado final.
Resolvi, então, aprofundar meus testes no stop gain de 195 pontos diários, que eu relutava em usar, mas que eu
tinha visto passar na minha frente em metade dos meus dias de prejuízo. Então me lembrei do método russo, de
cortar na própria carne, e reconfigurei tudo no meu Robô a partir de Agosto de 2013 para stop gain de 195
pontos. Na época eu comentei isso com os clientes do Top Hedger e, obviamente, a maioria achou que eu estava
ficando com medo de operar (por causa do prejuízo de Julho) e nem ligou para meu alerta. Mesmo assim eu segui
com essa configuração e, em paralelo, com meus testes teóricos. Não julgo quem não acreditou nisso na época,
meus argumentos eram fracos, apenas o meu feeling apoiava minha mudança, provavelmente eu também não
aceitaria essa informação se viesse de outra pessoa.
Para meu espanto, Agosto, Setembro e Outubro foram super positivos, fato que convenceu grande parte de meus
colegas Top Hedgers a adotar o mesmo stop gain de 195 pontos. Novembro foi ruim e mais uma vez eu percebi
que a slippage estava atrapalhando o resultado e, finalmente, fiz o último ajuste em meu robô, aquele que me
deixava ainda com “a última pulga atrás da orelha” e coloquei um ajuste negativo definitivo na entrada das
minhas operações. O ajuste negativo generoso reduz a slippage a zero e ainda compensa algum dia de lucro
perdido, já que o gain diário é limitado a 195 pontos, não tem como deixar de ganhar muito.
Na prática o que eu fiz foi espalhar o ganho em vários dias ao longo do mês, o que eu tinha percebido apenas na
operação que era o melhor a fazer, mas nunca tinha conseguido demonstrar isso teoricamente. Nunca até agora.
Abaixo o SQN do Top Hedger de 2010 a 2013 de todas as operações dos sinais 1, 2, 3, 4 e X.
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Se você observar bem, verá que o stop gain de 195 pontos foi de longe o melhor de 2013, mas que nos anos
anteriores ele também ou foi o melhor ou estava empatado com o melhor, resumindo, ele sempre foi a melhor
opção. E mesmo 2013 tendo uma queda nos outros gains, ele foi o único a se manter no status de “Santo Graal”.
Esta é a comprovação teórica que eu busquei por mais de nove meses para me convencer que usar o stop gain
diário de 195 pontos não era coisa de “covarde”, mas sim, era a ação mais lucrativa a ser feita. E se olharmos por
outros lados, veremos ainda mais benefícios:
1) Com um ganho diário esperado fixo e relativamente pequeno como 195 pontos, você não fica tentado a
colocar a mão no Robô e nem a operar em paralelo sem lógica;
2) Tendo mais dias de lucro e lucros normalmente mais rápidos você passa menos stress e tende e mudar
menos a sua configuração, garantindo que erros humanos de configuração não deverão mais ocorrer;
3) Tendo o lucro total do mês dividido em mais dias, se você tiver um problema pontual em algum dia
específico isso não vai arruinar o seu mês, como poderia ocorrer se você perdesse um dia de ganhos
enormes em uma estratégia sem gain diário (tive o desprazer de passar por isso);
4) Como o ganho diário é curto, você percebe que não dá para agredir o book com ordens a mercado e
começa a usar ajustes negativos, a anti-slippage, garantindo menos risco operacional, menos corretagem
e, claro, menos slippage, sem reduzir a rentabilidade mensal (BINGO 2!);
5) Normalizando os ganhos médios diários abaixamos o desvio padrão da nossa média de lucro mensal,
tornando a estratégia mais previsível, logo mais confiável, propícia à utilização de quantidades maiores.
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O mais legal disso tudo é que nesta cruzada de aprendizado e configuração os sinais propriamente ditos do Top
Hedger não mudaram, a lógica segue a mesma e os SQN’s os mesmos de sempre, mas colocando a cabeça no
lugar e entendendo melhor qual o caminho NA PRÁTICA que dava os melhores resultados, pude estabilizar a
operação dos Robôs como eu sempre quis. De quebra ainda criei novos filtros estatísticos no Super Index,
encontrei mais algumas estratégias lucrativas tanto no índice como no dólar e estou pronto para elevar o Trader
Gráfico mais uma vez a um novo patamar, onde dou a chance de todos usarem a expertise que acumulei nas
minhas experiências.
Se em 2013 eu acumulei muita experiência para mim, em 2014 pretendo voltar a interagir mais com todos vocês
nos meus treinamentos pela web e cursos presenciais. Eu quero repassar esta experiência, de forma a organizá-la
melhor em minha mente e encontrar a melhor forma de usá-la para todos nós.
CM
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