UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Carolina Silveira Coelho QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À VOZ EM OPERADORES DE TELESSERVIÇOS Curitiba 2009 Carolina Silveira Coelho QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À VOZ EM OPERADORES DE TELESSERVIÇOS Trabalho de Conclusão de Curso de Fonoaudiologia, da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do titulo de fonoaudióloga. Orientadora: Profa.Dra.Kelly Cristina A. Silvério. Curitiba 2009 2 Agradecimentos À Kelly Silvério por ter aceitado o desafio e ter permanecido disposta a transmitir magicamente a sua arte. À Ana Paula Ferreira pela paciência, pelo apoio e por acreditar no trabalho realizado. À Maria Regina por dividir e contribuir por meio da sua experiência, conhecimento e história dentro da fonoaudiologia. À Aline Wolf por ter me apresentado de maneira cativante ao mundo do telesserviço. Aos meus pais e avós pelo apoio, amor, carinho e pela crença na minha escolha e na minha luta. Aos amigos que me motivaram e puderam proporcionar momentos de alegria e motivação. 3 RESUMO Objetivo: traçar um perfil quanto à presença de queixas vocais e/ou laríngeas, grau de alteração vocal, índice de qualidade de vida relacionada à voz e correlacionar estes fatores, em sujeitos operadores de telesserviço. Métodos: Participaram deste estudo 212 sujeitos de ambos os sexos, operadores receptivos de telesserviço de uma empresa particular da cidade de Curitiba selecionados aleatoriamente. Após assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, os sujeitos responderam a um questionário sobre identificação pessoal, informações sobre o trabalho exercido e saúde geral, responderam também ao Protocolo de Qualidade de vida relacionada à voz (QVV) e foram classificados quanto à qualidade vocal. Os dados foram tratados estatisticamente por meio do teste de diferença de proporções, teste de ANOVA, teste t de Student, Spearman (nível de significância 0,05) e por estatística descritiva. Resultados: Os sujeitos do sexo feminino apresentaram significativamente mais queixas vocais e laríngeas (p=0,0003), dentre elas, cansaço vocal (p=0,0163) quando comparados aos sujeitos do sexo masculino. Os sujeitos do sexo masculino apresentaram tendência a desenvolver problemas vocais na faixa de um a cinco anos de trabalho (p=0,083). Não houve diferença significativa entre sujeitos do sexo feminino e masculino quanto ao grau de alteração vocal (p=0,8340) e quanto ao escore do QVV. Entretanto, os sujeitos do sexo feminino apresentaram significativamente piora dos domínios do QVV com a piora do grau global de disfonia, o que não ocorreu com os sujeitos do sexo masculino. Conclusão: os resultados deste estudo revelam a necessidade de maior atenção aos sujeitos operadores de telesserviços, a fim de se evitar alterações vocais e de saúde. Os sujeitos do sexo feminino apresentaram queixa de cansaço vocal significativamente maior do que os sujeitos do sexo masculino e significativamente piora do índice de qualidade de vida relacionada à voz com a piora da qualidade vocal, demonstrando maior impacto da disfonia na qualidade de vida, o que não ocorreu com os sujeitos do sexo masculino. Ações da Fonoaudiologia são urgentes e necessárias para amenizar estas questões. 4 1. INTRODUÇÃO Por telesserviço entende-se a aplicação integrada de tecnologia e dos recursos humanos, com a finalidade de otimizar a captação direta de negócios e a manutenção e satisfação de clientes (BEHLAU,2005). Stone & Wyman (1992) definiram que o telesserviço utiliza a tecnologia da telecomunicação como parte de um programa de marketing planejado, organizado e administrado que desenvolve vendas pessoais com o uso de contatos não pessoais. De 1876 até a década de 50 do século XX, o telesserviço vem sendo empregado com êxito por inúmeras multinacionais e grandes empresas. Esse tipo de vendas surgiu nos Estados Unidos da América e sua rápida evolução se deu em função da alta eficácia do telefone, tanto em relação aos objetivos dos consumidores quanto dos empresários, pois é um meio de comunicação direto, pessoal e imediato. No Brasil, atualmente, o telesserviço vem sendo empregado também por microempresas, por pequenas e médias empresas, sendo, assim, um dos campos de atuação profissional que mais vem expandindo seus postos de trabalho (JUNIOR et al., 2005). No Brasil o telesserviço cresceu a partir do final da década de 1990 sendo que, desde então, tem aumentado o empenho de setores governamentais, sociedades profissionais, e pesquisas cientificas, no sentido de compreender as alterações de voz relacionadas ao trabalho, com intuito de produzir maior conhecimento nessa área (CONSENSO NACIONAL DE VOZ PROFISSIONAL, 2004). 5 Segundo a Associação Brasileira de Telesserviço, mais da metade das centrais de telesserviço (76%) foram implantados após o processo de privatização do setor de telecomunicações, em 1998, mostrando que o ambiente mais competitivo permitiu a redução nos custos de implantação. Com base no Anexo II da norma regulamentadora (NR 17), entende-se como trabalho de telesserviço aquele cuja comunicação com interlocutores clientes e usuários é realizada à distância por intermédio da voz e/ou mensagens eletrônicas, com a utilização simultânea de equipamentos de audição/escuta e fala telefônica e sistemas informatizados ou manuais de processamento de dados. Mocelin & Silva (2008) mostraram que o telesserviço pode ser divido em ativo e receptivo. No ativo o tele operador faz a chamada telefônica para o cliente, o tele operador toma a iniciativa do contato telefônico com o cliente. Normalmente, o telesserviço ativo está relacionado a vendas de produtos e serviços. No receptivo a iniciativa do contato telefônico parte do cliente, que comanda a ligação. Estão relacionados ao telesserviço receptivo os serviços de atendimento ao cliente SAC, serviços de reclamações e sugestões, prestação de informações, suporte técnico e venda. Já no telesserviço misto existe mescla das modalidades anteriores (MONTORO, 1998). Com base em Bertachini et al. (2000) o telesserviço é uma área valorizada dentro da empresa, pois constrói imagem da mesma junto ao cliente e assim pode atingir a meta proposta. A autora afirmou que em relação ao perfil do operador de telesserviço, este deve ter como requisito boa qualidade vocal, voz clara e agradável, conversação articulada, persistência, habilidade, entusiasmo e flexibilidade para adaptar-se a 6 diferentes tipos de cliente e situações novas. Para Salzstein (2000) o teleoperador deve suprir as exigências da empresa, entre elas vocal, que possibilita o surgimento de alterações vocais que podem afetar a qualidade de vida do teleoperador. O operador de telesserviço pode ser caracterizado como um profissional da voz que possui especificidades tais como, demanda vocal e operacional, ou seja, está inserido em uma realidade de trabalho que envolve metas e tempos de atendimento a serem seguidos (SALZSTEIN, 2000). Portanto, o usuário de voz profissional deve maximizar o uso da voz, sem comprometer o delicado aparelho fonador. Porém, tal fato pode acarretar o aumento de incidência de disfonias por uso profissional. Os profissionais tentam superar os sintomas de cansaço e fadiga vocal, provocando um esforço ainda maior da musculatura laríngea, causando rouquidão e até a afonia (PINTO & FURK, 1998). Embora satisfeitos com suas vozes os teleoperadores têm queixas de ressecamento de garganta, cansaço ao falar, rouquidão e pigarro (ALGODOAL & MASTER, 1995; BEHLAU & CRIVELENTI, 2001). Algodoal & Máster (1995) apresentaram que os hábitos considerados nocivos à voz são registrados, demonstrando pouco conhecimento sobre os cuidados necessários por parte dos profissionais. Questões de saúde e fatores ambientais e organizacionais também aparecem relacionadas às queixas de voz. Com base em Garcia (2000) os teleoperadores passam a valorizar sua voz com o desenvolvimento do trabalho fonoaudiológico ou após terem tido algum problema, contudo, dão pouco valor à saúde vocal. 7 Lehto et al., (2003) por meio de um ensaio de campo não controlado com quarenta e oito teleoperadores para avaliar os efeitos de um programa de treinamento vocal de dois dias, os autores aplicaram primeiramente um questionário sobre sintomas vocais pré e pós-treinamento, em um segundo momento um questionário de avaliação dos benefícios obtidos com o treinamento. Dos operadores do sexo feminino, 60,5% relataram diminuição da fadiga vocal, 50% relataram diminuição da sensação de muco e pigarro. Para 65,5% houve diminuição da queixa de piora vocal ao longo do dia e 63% relataram melhora dos hábitos vocais devido ao treinamento. Junqueira et al., (1998) apontaram que os sintomas relatados por teleoperadores são: a tensão na região do pescoço, ombros e coluna, pigarro, cansaço ao falar e rouquidão. Em outro estudo, Koufman & Isacson (1991) concluíram que após cinco ou seis horas de trabalho com telesserviços podem surgir sintomas em decorrência da fadiga vocal como a incoordenação pneumofonoarticulatória, pigarro e sensação de garganta seca. A atuação fonoaudiológica surge nessa área como ferramenta importante na possibilidade de aumento dos lucros das empresas que utilizam este serviço, pois a chave para o aumento dos negócios e, consequentemente, da lucratividade pode ser o investimento humano realizado na equipe de telesserviço. O fonoaudiólogo - já amparado pelas leis trabalhistas quanto aos aspectos auditivos e ergonômicos - tem sido requisitado de várias maneiras e sua atuação irá variar de acordo com as necessidades de cada empresa. Existem empresas que oferecem treinamento tanto para questões vocais aos funcionários, como estruturação de script operacional, treino do uso correto da linguagem, com ações de sensibilização para psicodinâmica 8 vocal proporcionando maior conscientização ao teleoperador quanto à importância da voz no relacionamento com o cliente (FERRREIRA et al., 2008). Por outro lado, este profissional tem o papel fundamental de promover e prevenir a saúde vocal, auditiva e aspectos correlatos, criando melhores condições de trabalho e obtendo, com isso, maior eficiência e produtividade (GARCIA et al. 1996; MONTEIRO, 1997). Segundo Berlim e Fleck (2003) os sintomas vocais e laríngeos dos teleoperadores e a escassez de contato com o fonoaudiólogo, podem influenciar na qualidade de vida relacionada ao trabalho destes profissionais. A qualidade de vida tem sido muito utilizada para determinar o impacto global das doenças e dos tratamentos médicos, considerando a perspectiva do paciente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu qualidade de vida como "a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações" (THE WHOQL GROUP, 1995; BRASOLOTTO & KASAMA, 2007). Para tentar aferir a qualidade de vida e voz, alguns protocolos exploram essas questões. Dentre eles, o QVV - Protocolo de Qualidade de Vida relacionada à Voz (HOGIKYAN & SETHURMAN, 1999) que foi traduzido e adaptado para o Português (BEHLAU 2001) e validado no Brasil (GASPARINI & BEHLAU, 2007), propicia uma série de informações baseadas na auto-avaliação do sujeito. Trata-se de dez perguntas que abarcam domínios: físico-funcional e sócio-emocional que permitem avaliar o impacto da disfonia na vida do sujeito. Vários estudos sobre Qualidade de Vida relacionada à voz foram realizados envolvendo professores (PENTEADO & PEREIRA, 2007), indivíduos disfônicos 9 (BRASOLOTTO & KASAMA, 2007), idosos (GOLUB et al., 2006) e teleoperadores (SAMPAIO & AMORIM, 2007). Conforme exposto anteriormente existe uma incidência de queixas vocais e laríngeas presente nos operadores de telesserviço, o que suscita a necessidade de melhor investigação sobre a influência da voz na qualidade de vida desta categoria profissional. Essa investigação é importante para que ações de promoção à saúde, considerando como o sujeito se auto-avalia, aconteçam como meio de prevenir problemas vocais. Frente ao exposto, este estudo teve como objetivo traçar um perfil quanto a presença de queixas vocais e/ou laríngeas, queixa de saúde geral, tempo de trabalho, grau de alteração vocal, índice de qualidade de vida relacionada à voz e correlacionar estes fatores, em sujeitos operadores de telesserviço. Metodologia Casuística Participaram deste estudo sujeitos operadores de telesserviços de uma empresa particular da cidade de Curitiba. Foram incluídos na amostra, indivíduos de ambos os sexos, na faixa etária de 18 a 50 anos de idade, operadores de telesserviço receptivo e que concordaram em participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento livre e esclarecido, bem como preenchendo todos os itens do protocolo de qualidade de vida relacionada à voz e questionário proposto pela pesquisa. Foram excluídos todos os sujeitos que não preencheram esses critérios. 10 Do total de 300 indivíduos, foram, portanto, analisados os dados de 212 indivíduos de ambos os sexos: 67 do sexo masculino e 145 do sexo feminino, de 18 a 50 anos, operadores receptivos de telesserviço de uma empresa particular da cidade de Curitiba. Procedimento Após assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - CEP 000075/2009 (Anexo I), os sujeitos responderam a um questionário (Anexo II), contendo questões a respeito de: dados de identificação, tempo de trabalho, queixas vocais e/ou laríngeas e saúde geral. Responderam também o Protocolo de Qualidade de vida relacionada à voz – QVV (Anexo III). (GASPARINI & BEHLAU, 2007). Após responderem ao questionário e ao protocolo, todos os sujeitos passaram por registro vocal utilizando o programa Vox Metria 2.7 (CTS Informática) que permitiu análise perceptivo-auditiva das vozes. O registro vocal foi realizado no horário de trabalho dos sujeitos em sala com ambiente silencioso no próprio local de trabalho. Não houve controle quanto ao repouso vocal e o tempo de trabalho realizado pelos tele operadores. Foi utilizado um computador Compac nx 9020, com placa de som para captação em notebook Creative Audygy2 ZS® da Sound Blaster e microfone CAD C195 unidirecional, com curva reta de resposta, fixado em pedestal, posicionado a cinco centímetros do falante que permaneceu em pé. 11 Utilizou-se para o registro vocal a emissão da vogal /a/ sustentada, repetida por três vezes consecutivas. Após o registro, as vozes foram analisadas por fonoaudiólogo especialista em voz que julgou as vozes, classificando-as de acordo com a escala GRBASI (HIRANO, 1981). Os sujeitos foram classificados como com voz normal quando o grau de disfonia global (G) foi igual a zero e com voz alterada, quando o grau de disfonia global (G) foi igual a um, dois ou três da escala GRBASI. Os dados do questionário foram tratados estatisticamente por meio do teste de diferença de proporções (p≤0,05) e por estatística descritiva (%). Os dados do protocolo QVV e correlações da qualidade vocal em relação ao sexo e faixa etária, queixas de saúde, e tempo de trabalho foram tratados estatisticamente pelos testes de diferença de proporções, ANOVA, teste t de Student e Spearman – todos com significância de 0,05. 2. RESULTADOS Os resultados deste estudo estão distribuídos nas tabelas 1 a 18. Dados do perfil da amostra (Tabelas 1 a 5). Em relação à idade, é possível observar significância demonstrando que a maioria dos sujeitos pesquisados são jovens adultos na faixa etária de 18 a 29 anos (p=0,0017) e 30 a 39 anos (p=0,0136). Os dados seguem na tabela 1. 12 Tabela 1. Distribuição de sujeitos de acordo com faixa etária e sexo. Faixa etária 18 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 a 59 anos Total Sexo Feminino 77 (53,10%) 45 (31,03%) 17 (11,72%) 6 (4,13%) 145 (100%) Valor de p Masculino 51 (76,11%) 10 (14,92%) 4 (5,97%) 2 (2,98%) 67 (100%) 0,0017* 0,0136* - * Teste de diferença de proporções (nível de significância p ≤0,05). Em relação às queixas vocais e laríngeas, é possível observar que os sujeitos do sexo feminino apresentaram significativamente (p=0,0163) mais cansaço vocal do que os sujeitos do sexo masculino e esses apresentaram significativamente (p=0,0003) menos queixas que as mulheres (Tabela 2). Tabela 2. Distribuição de queixas vocais e laríngeas dos sujeitos do sexo feminino e masculino. Pigarro Garganta seca Garganta queimando Cansaço Vocal Rouquidão Inflamação na garganta Voz falha Dor na garganta Tosse Irritação na garganta Pouca articulação Sem queixa Total Feminino 10 (6,89%) 3 (2,06%) 1 (0,68%) 36 (24,82%) 19 (13,10%) Masculino 2 (2,98%) 2 (2,98%) 0 (0%) 7 (10,44%) 4 (5,97%) Valor de p 0,0163* - 4 (2,75%) 12 (8,27%) 7 (4,82%) 3 (2,06%) 0 (0%) 0 (0%) 50 (34,48%) 145 (100%) 0 (0%) 4 (5,97%) 1 (1,49%) 1 (1,49%) 2 (2,98%) 3 (4,47%) 41 (61,19%) 67 (100%) 0,0003* *Teste de diferença de proporções (nível de significância p ≤0,05). 13 Quanto aos aspectos de saúde geral, os sujeitos do sexo feminino relataram significativamente mais queixas de refluxo gastroesofágico (p=0,006) e de infecções de vias aéreas superiores (p=0,011) e tendência de queixa de disfunção temporomandibular (p=0,079) do que os sujeitos do sexo masculino (Tabela 3). Tabela 3. Distribuição de sujeitos do sexo feminino e masculino de acordo com queixa de saúde. Saúde Feminino Masculino Valor p Queixa de DTM 57 (39,31%) 18 (26,86%) 0,0794 Queixa de RGE 58 (40%) 14 (20,89%) 0,0068* Queixa de IVAS 77 (53,10%) 23 (34,32%) 0,0116* 145 (100%) 67 (100%) Total * Teste de diferença de proporções (nível de significância p ≤0,05). Quanto aos resultados encontrados no protocolo de índice de qualidade de vida e voz dos sujeitos, não é possível observar diferença significativa entre o sexo masculino e o sexo feminino, quanto aos valores dos domínios físico-funcional, sócio-emocional e global, pesquisados (Tabela 4). Tabela 4. Comparação dos sujeitos do sexo masculino e feminino quanto aos resultados dos domínios do protocolo de qualidade de vida e voz. MASCULINO N1 Média Físico 67 Emocional 67 Global 67 95,46 98,79 96,92 Desvio padrão 7,93 5,36 6,16 FEMININO N2 Média 146 146 146 92,35 97,43 94,35 Desvio padrão 12,90 9,79 11,11 p 0,0701 0,2889 0,0778 Teste t de Student 14 Quanto à qualidade vocal, foi possível observar que não houve diferença significativa entre os sujeitos do sexo feminino e masculino quanto a presença de vozes normais e alteradas (tabela 5). Entretanto, 44,82% dos sujeitos do sexo feminino e 43,28% dos sujeitos do sexo masculino, apresentaram problemas vocais. Tabela 5. Distribuição de sujeitos com voz normal e alterada, de acordo com o sexo. Voz normal Voz alterada Total Feminino 80 (55,17%) 65 (44,82%) 145 (100%) Masculino 38 (56,71%) 29 (43,28%) 67 (100%) Valor de p 0,8340 0,8340 Teste de diferença de proporções Correlações (Tabelas de 6 a 12) Quanto à qualidade vocal correlacionada ao sexo, não houve diferença significativa entre sujeitos do sexo masculino e sujeitos do sexo feminino (Tabela 6). Tabela 6. Distribuição de sujeitos do sexo feminino e masculino com voz normal e alterada, de acordo com a faixa etária. Faixa etária Sexo Feminino Valor de p Sexo masculino Voz normal Voz alterada 38 (58,46%) 31 (81,57%) 20 (68,96%) 30 (37,50%) 15 (23,07%) 6 (15,78%) 4 (13,79%) 40 a 49 anos 9 (11,25%) 8 (12,30%) 0 (0%) 4 (13,79%) 50 a 59 anos 2 (2,50%) 4 (6,15%) 1 (2,63%) 1 (3,44%) Total 80 (100%) 65 (100%) Teste de diferença de proporções 38 (100%) 29 (100%) Voz normal Voz alterada 18 a 29 anos 39 (48,75%) 30 a 39 anos Valor de p 0,3360 15 Entretanto, entre os sujeitos com vozes alteradas foi possível observar significativamente maior ocorrência de vozes alteradas nos sujeitos do sexo masculino na faixa etária de 18 a 29 anos (Tabela 7). Tabela 7. Distribuição de sujeitos com voz alterada de acordo com a faixa etária e sexo. Faixa Etária 18 a 29 anos 38 (58,46%) 30 a 59 anos 27 (41,54%) Valor de p 0,0559 20 (68,96%) 9 (31,04%) 0,0055* Feminino Masculino Total * Teste de diferença de proporções (nível de significância p ≤0,05). Quanto ao tempo de trabalho correlacionado à alteração vocal, houve uma tendência (p=0,083) dos sujeitos de ambos os sexos de apresentar problemas vocais no período de trabalho de 1 a 5 anos (Tabela 8). Tabela 8. Distribuição de sujeitos com voz normal e alterada, de acordo com o tempo de trabalho. Tempo de Voz normal trabalho Até 1 ano 32 (27,11%) Voz alterada Valor de p 17 (18,08%) 0,1227 1 a 5 anos 60 (50,84%) 59 (62,76%) 0,0838 5 a 10 anos 26 (22,03%) 18 (19,14%) 0,6067 Total 118 (100%) 94 (100%) Teste de diferença de proporções 16 Foi possível observar uma tendência (p=0,052) dos sujeitos do sexo masculino apresentarem alterações vocais no período de 1 a 5 anos de trabalho (Tabela 9). Tabela 9. Distribuição de sujeitos do sexo feminino e masculino com voz normal e alterada, de acordo com o tempo de trabalho Tempo de Feminino trabalho Voz normal Voz alterada Valor p de Masculino Voz normal Voz alterada Valor p de Até 1 ano 16 (20%) 13 (20%) 1,0000 16 (42,10%) 4 (13,79%) 1 a 5 anos 43 (53,75%) 39 (60%) 0,4514 17 (44,73%) 20 (68,96%) 0,0524 5 a 10 anos 21 (26,25%) 13 (20%) 0,3785 5 (13,15%) 5 (17,24%) 0,6431 38 (100%) 29 (100%) Total 80 (100%) 65 (100%) Teste de diferença de proporções. Quanto à queixa de saúde correlacionada à qualidade vocal, não houve diferença significativa em relação aos sujeitos dos sexos masculino e feminino (Tabela 10). Tabela 10. Distribuição de sujeitos do sexo feminino e masculino com voz normal e alterada de acordo com queixa de saúde Saúde Feminino Voz normal Voz alterada Valor de Masculino p Voz normal Voz alterada Queixa DTM de 27 (33,75%) 30 (46,15%) 0,1306 12 (31,57%) 6 (20,68%) Queixa RGE Queixa IVAS Total: de 32 (40%) 26 (40%) 1,0000 10 (26,31%) 4 (13,79%) de 42 (52,50%) 35 (53,84%) 0,8725 16 (42,10%) 7 (24,13%) 80 (100%) 65 (100%) 38 (100%) Valor de p 0,3227 0,1296 29 (100%) Teste de diferença de proporções 17 Houve correlação significativa entre o grau de disfonia global (p=0,0021), o domínio físico-funcional (p=0,0028) e sócio-emocional (p=0,0381) com o índice de qualidade de vida relacionada à voz (QVV) nos sujeitos do sexo feminino. Foi possível observar que o índice do QVV diminui com a piora do grau de disfonia (Tabela 11). Através do teste de Spearman foi possível observar que houve uma relação inversa (Rs) o que comprova que quanto maior o grau de disfonia, menor o escore do protocolo de índice de qualidade de vida e voz. Tabela 11. Correlação entre grau e domínio e sexo feminino Domínio n Rs p Físico 146 -0,2459 0,0028* Emocional 146 -0,1719 0,0381* Global 146 -0,2526 0,0021* n= número de casos válidos; Rs= coeficiente de correlação de Spearman. Já com sujeitos do sexo masculino, não houve correlação significativa entre grau de disfonia global e domínio. (Tabela 12) Tabela 12. Correlação entre grau e domínio e sexo masculino Domínio n Rs p Físico 67 -0,164711 0,1828 Emocional 67 -0,123645 0,3188 Global 67 -0,155744 0,2082 n= número de casos válidos; Rs= coeficiente de correlação de Spearman. 18 3. DISCUSSÃO De um total de 212 operadores de telesserviço, 145 sujeitos são do sexo feminino e 67 sujeitos do sexo masculino. Este dado revela que a grande parte dos operadores de telesserviço são do sexo feminino o que corresponde aos achados de uma pesquisa realizada em 19 países pela Global Call Center Industry Project, comandada no Brasil pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da PUCSP e pela Associação Brasileira de Telesserviços (ABT), que mostra que a maioria dos operadores de telesserviços é composta do sexo feminino (76,8%). No presente estudo, a maioria (86,32%) dos teleoperadores se concentrou na faixa etária entre 18 e 39 anos, o que pode representar como primeira opção de trabalho que não exija experiência do sujeito. Um estudo realizado por Peres (2003) mostrou que 43,53% dos teleoperadores apresentaram faixa etária entre 18 e 23 anos, e 36,47% faixa etária de 24 a 29 anos com idade média de 25 anos, ou seja, uma mão de obra jovem. Segundo Mocelin e Silva (2008) a atividade de telesserviço tem se caracterizado como uma ocupação no sentido preciso do termo: os trabalhadores estão nesses empregos "temporariamente", e os call centers têm se constituído como empresas de passagem. Essa seria uma tendência que tem perpassado a realidade do telesserviço, mesmo quando se observam diferentes condições de emprego, segundo o tipo ou a forma da atividade de telesserviço, que se distingue entre empresas e, às vezes, no interior de uma mesma empresa. Por meio dos resultados do presente estudo foi possível traçar um perfil dos teleoperadores, revelando que apesar de não haver diferença significativa, a maioria (55,17%) dos sujeitos do sexo feminino apresentou voz normal, ou seja, grau zero da escala GRBASI, assim como os sujeitos do sexo masculino (56,71%). 19 Numa pesquisa realizada por Schmidt e col. (1998) em operadores de telesserviço, os sujeitos do sexo feminino apresentaram duas vezes maior risco do que os homens para disfonia, quando a variável sexo foi incluída em um modelo de regressão logística. Os autores complementaram que os sujeitos do sexo feminino apresentam maior predisposição para lesões benignas na laringe, além de outras questões vocais, que os sujeitos do sexo masculino, Em relação às queixas vocais e laríngeas, o estudo mostrou que houve diferença significativa no que tange a queixa de cansaço vocal (p=0,0163), mostrando que os sujeitos do sexo feminino apresentam mais queixa de cansaço vocal do que os sujeitos do sexo masculino. Por outro lado, os sujeitos do sexo masculino relataram significativamente (p=0,003) menos queixa vocal e laríngea em relação aos sujeitos do sexo feminino. Beraldin (2005) apontou que dentre os principais sintomas, dos teleoperadores, estão o cansaço ao falar e vocal. Como mostra um levantamento realizado em Porto Alegre, com 95 teleoperadores de uma empresa de telesserviço, que identificou a sensação de garganta seca (42,1%), o cansaço ao falar (14,7%), a rouquidão (7,3%) e o pigarro (7,3%) como os sintomas mais freqüentes reportados. Em relação ao tempo de trabalho, a maioria dos teleoperadores do presente estudo apresentaram entre um e cinco anos de trabalho. Esses sujeitos apresentaram uma tendência (p=0,0838) a vozes mais alteradas do que normais. Peres (2003) em sua pesquisa encontrou que os teleoperadores com mais tempo de serviço apresentaram maior percepção, em relação à organização, condições de trabalho e o ambiente de trabalho do que os iniciantes. 20 Os teleoperadores na sua maioria, porém em números não significativos relataram queixa de infecção de vias aéreas superiores, seguidos de refluxo gastresofágico nos sujeitos do sexo feminino e queixa de disfunção temporomandibular nos sujeitos do sexo masculino. Com base em Lee et al (2005), as infecções do trato respiratórios, usualmente virais, costumam gerar disfonia. A congestão nasal gerada por secreção e edema no trato respiratório alto pode levar à mudanças na qualidade vocal, principalmente em relação à ressonância, como a hiponasalidade. Segundo Bertachini (2000) os fatores que envolvem questões respiratórias dificultam a vibração livre das pregas vocais, propiciam o desenvolvimento do pigarro (devido ao edema e aumento de muco nas pregas vocais), garganta e tosse seca que prejudicam o desempenho vocal do tele operador. No presente estudo não houve relação significativa entre vozes alteradas e a presença do refluxo gastresofágico. Porém, Koufman et al (2002) afirmaram que até 50% dos pacientes com queixas laríngeas apresentam refluxo laringolaringeo associado. Reforçando a idéia, Burati e col. (2003) relataram que as manifestações laríngeas relacionadas ao refluxo gastrosofágico mais comuns podem envolver rouquidão, globus faríngeo, disfagia, tosse e pigarro crônico. Houve uma tendência (p=0,0794) dos sujeitos do sexo feminino desta pesquisa apresentarem mais queixas relacionadas à DTM do que os sujeitos do sexo masculino. Panhoca et al (1998) e Ruela (2001) mostraram que muitos fatores são estudados para esclarecer o fato das DTM atingirem, em sua maioria, pessoas do sexo feminino, apesar de nenhum deles ainda ser conclusivo. Lima (2003) considerou que talvez as mulheres se preocupem mais com a sua saúde do que os homens, procurando atendimento para seu problema. Outras explicações dizem 21 respeito às condições hormonais femininas e a uma maior quantidade de momentos que provoquem tensões físicas e psíquicas. Com base nos resultados encontrados foi possível observar que houve uma tendência maior dos sujeitos do sexo feminino apresentarem mais queixas de disfunção temporomandibular, refluxo gastroesofágico e infecções de vias aéreas superiores do que os sujeitos do sexo masculino. Os resultados encontrados em relação à aplicação do protocolo de qualidade de vida em voz (QVV) mostraram que não foi possível observar diferença significativa entre o sexo masculino e o sexo feminino, quanto aos valores dos domínios físico-funcional, sócio-emocional e global pesquisados. Houve correlação significativa entre o grau de disfonia global (p=0,0021), o domínio físico-funcional (p=0,0028) e sócio-emocional (p=0,0381) com o índice de qualidade de vida relacionada à voz (QVV) nos sujeitos do sexo feminino. Foi possível observar que o índice do QVV diminui com a piora do grau de disfonia. Entretanto, em relação aos sujeitos do sexo masculino não houve diferença significativa entre os graus de alteração vocal com os domínios físico-funcional, sócio-emocional e global. Porém, deve-se levar em conta questões relacionadas à menor autopercepção dos sujeitos do sexo masculino, com relação às questões de saúde e vocais quando comparados aos sujeitos do sexo feminino, que apresentam uma maior preocupação quanto a esses aspectos. Estes dados não corroboram com os achados de Sampaio e Amorim (2007) que realizaram uma pesquisa com quarenta e sete operadores de telesserviço, com aplicação do protocolo de qualidade de vida em voz. Os autores encontraram como resultado que o domínio global não apresentou correlação significativa quando relacionado à variável sexo, número de sintomas e hábitos vocais inadequados, 22 porém houve significância quando correlacionado à questão de auto-avaliação. Os autores puderam concluir que a voz não gera impacto negativo na qualidade de vida dos operadores de telesserviço, pois os mesmos graduaram suas vozes como boas. Conforme a pesquisa realizada para validação do protocolo de qualidade de vida em voz para o português, Gasparini (2005) encontrou nos seus resultados que o domínio físico é o mais comprometido, tanto nos indivíduos disfônicos como nos não disfônicos. A autora concluiu que a auto-avaliação vocal mostrou se relacionar com os escores: quanto pior a auto-avaliação vocal, menores os escores obtidos e vice-versa. Segundo a autora, o protocolo é válido, confiável, sensível e avalia especificamente indivíduos com alterações vocais. O presente estudo, não investigou a correlação entre auto-percepção e índice de qualidade de vida e voz. Entretanto, o estudo correlacionou o grau global de disfonia com o índice de qualidade de vida relacionada à voz. A correlação encontrada como significativa foi o grau de alteração vocal e o índice de qualidade de vida e voz apenas nos sujeitos do sexo feminino. Os domínios: físico e global foram os que se correlacionaram significativamente com o grau global da disfonia: quanto maior o grau de alteração, menor o índice de qualidade de vida e voz. Em outra pesquisa, Spina et al. (2009) aplicaram o protocolo de qualidade de vida em voz em pacientes disfônicos e não-disfônicos, objetivaram relacionar qualidade de vida e voz com o grau de disfonia e o uso profissional da voz em um grupo de pacientes disfônicos. Encontraram que a disfonia afetou a qualidade de vida em todos os indivíduos. Não houve diferença estatística entre os grupos, profissionais da voz e não-profissionais da voz, quanto ao grau de disfonia. Concluíram que a disfonia afetou a qualidade de vida em todos os sujeitos 23 independente do uso profissional da voz, o que está de acordo com os achados do presente estudo, se considerados os dados dos sujeitos do sexo feminino, pois os sujeitos do sexo masculino não apresentaram correlação significativa entre grau global da disfonia e índice de qualidade de vida relacionada à voz. Com base nos resultados encontrados fica clara a necessidade e a importância do desenvolvimento de pesquisas na área de voz profissional especificamente com teleoperadores. O presente estudo buscou unir uma ferramenta muito utilizada por profissionais da voz que é o protocolo de índice de qualidade de vida e voz e relacionar com o perfil dos teleoperadores. O operador de tele serviços realiza atividade com grande demanda vocal e é uma profissão que exige grande dedicação pessoal e psicológica, o que faz desse profissional, alvo de trabalhos que visem à promoção e desenvolvimento humanos. 24 4. CONCLUSÃO De acordo com o perfil encontrado dos sujeitos da pesquisa, a maioria dos não apresentou nenhuma queixa vocal e/ou laríngea. Os sujeitos do sexo feminino apresentaram significativamente mais queixas de saúde geral do que sujeitos do sexo masculino. A maioria dos sujeitos do sexo masculino apresentou problema de voz entre 1 e 5 anos de trabalho. Apesar disso, a maioria dos sujeitos da pesquisa apresentou voz normal. Os resultados deste estudo revelam a necessidade de maior atenção aos sujeitos operadores de telesserviços, a fim de se evitar alterações vocais e de saúde. Os sujeitos do sexo feminino apresentaram queixa de cansaço vocal significativamente maior do que os sujeitos do sexo masculino e significativamente piora do índice de qualidade de vida relacionada à voz com a piora da qualidade vocal, demonstrando maior impacto da disfonia na qualidade de vida, o que não ocorreu com os sujeitos do sexo masculino. Ações da Fonoaudiologia são urgentes e necessárias para amenizar estas questões. 25 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALGODOAL, M. J. A. O.; MASTER, S.. Fonoaudiologia e telemarketing: um futuro promissor. Em: Leslie Piccolotto Ferreira, Iara Bittante de Oliveira, Eudosia Acuna Quinteiro, Edwiges Maria Morato. (Org.). Voz profissional: o profissional da voz. Carapicuiba: Pró-Fono, 1995, v., p. 183-196. 2. BEHLAU, M. et al. Voz Profissional: Aspectos gerais e atuação fonoaudiológica. Em: Voz: O livro do especialista. Rio de Janeiro: Editora Revinter,2005,p.325-327. 3. BEHLAU,M.CRIVELENTI,M,P,V. Análise dos parâmetros vocais em profissionais de telemarketing,pré e pós-hidratação oral.Em:A voz do especialista,vol.II.Rio de Janeiro:Editora Revinter,2001,p.1-15. 4. BEHLAU, M. (org). Voz, O Livro do Especialista. Rio de Janeiro, Revinter, 2001. 5. BERLIM MT, Fleck MPA. Quality of life: a brand new concept for research and practice in psychiatry. Rev Bras Psiquiatr 2003; 25(4):249-52 26 6. 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Informações sobre a Pesquisa: Título do Projeto de Pesquisa: “Aspectos Vocais em Operadores de Telemarketing” Pesquisador Responsável: Kelly C. A. Silverio Telefone para Contato: (41) 3331-7847/7816 Pesquisadores Participantes: Carolina Silveira Coelho Telefone para Contato: (41) 9928-4214 INTRODUÇÃO: Por telesserviço entende-se a aplicação integrada da tecnologia de telecomunicações e dos recursos humanos, com a finalidade de otimizar a captação direta de negócios e a manutenção e satisfação de clientes (BEHLAU et al., 2005). 34 O telesserviço pode ser divido em ativo, receptivo e misto. No ativo o operador faz a chamada telefônica para o cliente. No receptivo a empresa recebe a ligação e no misto existe mescla das modalidades anteriores, é uma área valorizada dentro da empresa, pois constrói imagem da mesma junto ao cliente e assim pode atingir a meta proposta. (MONTORO,1998;BETACHINI,2000) É importante ressaltar que geralmente, o ambiente de trabalho do tele operador não propicia meios adequados para uma produtividade satisfatória. O ar condicionado freqüentemente encontra-se forte ou desregulado (redução da umidade do ar), fato que acarreta ressecamento do trato vocal. Existe ainda a competição interna (ruído dos próprios tele operadores em atendimento, por falta de proteção acústica no ambiente) ou externa de ruídos (poluição sonora das ruas, corredores), que levam o falante a intensificar a emissão vocal e aumentar o volume do headset, e esses fatores potencializam o risco de alterações auditivas (MARQUES e RUSSO, 2000). No Brasil, pesquisa pioneira realizada na área revelou que, apesar de satisfeitos com a voz, os tele operadores apresentavam queixas vocais principalmente de ressecamento de garganta, cansaço ao falar e rouquidão. Hábitos considerados nocivos à voz foram registrados, demonstrando pouco conhecimento sobre os cuidados necessários por parte dos profissionais. Questões de saúde e fatores ambientais e organizacionais também apareceram relacionadas às queixas de voz (ALGODOAL, 1995). Kasama e Brasolotto (2007) afirmaram que a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu qualidade de vida como "a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação 35 aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações" (The WHOQOL Group, 1995). Para tentar aferir a qualidade de vida e voz alguns protocolos exploram essas questões, como o QVV - Protocolo de Qualidade de vida relacionada à voz de Hogikyan & Sethuraman (1999), traduzido e adaptado para o Português (Behlau, 2001) e validado por Gasparini (2005), o PPAV (Perfil de Participação e Atividade Vocal) de MA e YIU (2001) traduzido e validado por Behlau e Gasparini (2007) e o IDV Índice de Desvantagem Vocal de Jacobson et al. (1997), traduzido e validado por Santos e Behlau (2005). Estes protocolos propiciam uma série de informações que podem auxiliar o desenvolvimento de ações junto ao indivíduo disfônico, uma vez que a autopercepção sobre a qualidade de vida relacionada à voz são fatores importantes em um processo terapêutico. FINALIDADE DA PESQUISA: Esta pesquisa tem como objetivo traçar um perfil quanto ao sexo, idade, tempo de trabalho, saúde, alteração vocal e mensurar o índice de qualidade de vida e voz dos operadores de telesserviço da cidade de Curitiba. PROCEDIMENTO: Será entregue a cada participante da pesquisa dois questionários, um para traçar o perfil da amostra pesquisada, outros de avaliação de qualidade de vida e voz. Ao terminar de responder os protocolos deverão ser entregues para a pesquisadora, que fará juntamente com o sujeito mais alguns protocolos que necessitam de acompanhamento para serem respondidos. RISCOS E BENEFÍCIOS: Não haverá nenhum risco. Participando da pesquisa você ajudará a melhor compreender o perfil e a qualidade de vida relacionada à voz dos operadores de telesserviço 36 DESCONFORTO: O desconforto será mínimo ou inexistente, pois a coleta consistirá na aplicação de questionários. CUSTOS: Você não terá nenhum gasto com a pesquisa, porque ela será custeada pelo pesquisador. PARTICIPAÇÃO: Caso você queira desistir de participar da pesquisa, poderá fazê-lo em qualquer tempo e no momento em que desejar. Todos os participantes da pesquisa serão informados, acompanhados e tratados pela pesquisadora Carolina Silveira Coelho, graduanda, Universidade Tuiuti do Paraná. Durante o decorrer da pesquisa, caso você venha a ter alguma dúvida ou precise de alguma orientação a mais, use os telefones acima mencionados. PRIVACIDADE E CONFIDENCIALIDADE: Você tem o compromisso dos pesquisadores de que a sua imagem e identidade serão mantidas em absoluto sigilo. Nos casos de fotografias, estas somente serão realizadas e expostas com a sua autorização. RESPONSABILIDADE: Caso ocorra algum tipo de dano no decorrer da pesquisa, o pesquisador se responsabiliza pelos eventuais ressarcimentos. No caso de novas informações no decorrer da pesquisa, estas serão submetidas à avaliação da Comissão de Ética para um novo parecer. DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO: Eu,_____________________________________________________________, portador(a) do RG: _________________________, abaixo assinado, concordo em participar do estudo acima descrito. Fui devidamente informado(a) e esclarecido(a) pela pesquisadora, Carolina Silveira Coelho, sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que 37 isto leve a qualquer penalidade acompanhamento/assistência/tratamento. ou interrupção de meu Curitiba, ___/___/____. ___________________________________________________ Assinatura do Sujeito ou Responsável ___________________________________________________ Assinatura do Pesquisador Responsável 38 ANEXO II Questionário adaptado do questionário para operadores de telemarketing (BEHLAU & CRIVELENTI, 2001). Nome: ________________________________________________________ Idade: _______________ Escolaridade:____________________ Sexo: F ( ) M ( ) Há quanto tempo trabalha como operador de telesserviço: ______________________________________________________________ Carga Horária/Quantas horas por dia? _________________________ Turno: Manhã ( ) Tarde ( ) Exerce outra atividade (hobby) com uso da voz (Ex: canto, coral, pregação, etc.) ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________. Possui alguma queixa vocal? Qual? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________ Saúde Geral: ( ) DTM – Disfunção temporomandibular. ( ) RGE – Refluxo Gastroesofágico ( ) IVAS – Infecção de vias áreas superiores Outros: ______________________________ Uso do fonoaudiológo: 39 GRBASI ANEXO III Protocolo de Qualidade de Vida em voz – QVV (Gasparini, Behlau, 2007) Nome___________________________________________________ Data: __________________ Estamos procurando compreender melhor como um problema de voz pode interferir nas atividades de vida diária. Apresentamos uma lista de possíveis problemas relacionados à voz. Por favor, responda a todas as questões baseadas em como sua voz tem estado nas duas últimas semanas. Não existem respostas certas ou erradas. Para responder ao questionário, considere tanto a gravidade do problema, como sua freqüência de aparecimento, avaliando cada item abaixo de acordo o tamanho do problema que você tem. A escala que você irá utilizar é a seguinte: 1 = não é um problema 2 = é um problema pequeno 3 = é um problema moderado/médio 4 = é um grande problema 5 = é um problema muito grande Por causa de minha voz, O quanto isto é um problema? Por causa da minha voz, o quanto isso é um problema? 1. Tenho dificuldades em falar forte (alto) ou ser ouvido em ambientes ruidosos1 4 5 2 3 2. O ar acaba rápido e preciso respirar muitas vezes enquanto falo 1 2 3 4 5 3. Não sei como a voz vai sair quando começo a falar 1 2 3 4 5 40 4. Fico ansioso ou frustrado (por causa da minha voz) 1 2 3 4 5 5. Fico deprimido (por causa da minha voz) 1 2 3 4 5 6. Tenho dificuldades ao telefone (por causa da minha voz) 1 2 3 4 5 7.Tenho problema no meu trabalho ou para desenvolver minha profissão (por causa da voz) 1 2 3 4 5 8. Evito sair socialmente (por causa da voz) 1 2 3 4 5 9. Tenho que repetir o que falo para ser compreendido 1 2 3 4 5 10. Tenho me tornado menos expansivo (por causa da minha voz) 1 2 3 4 5 41