AURINEIDE G. DE VASCONCELOS. FRANCISCA MOURA DE A. FILHA MÔNICA MARIA PATRÍCIO Alunas do Curso de Pedagogia UFPB; turma 2007.2 Nota do trabalho: 10,0 Dez) OBS.: este trabalho foi retirado da Biblioteca Setorial do Centro de Educação/ UFPB, Está devidamente registrado sob a autoria acima mencionada, não permitindo qualquer cópia, sob pena de sanções legais. IDENTIDADE E FORMAÇÃO DE PROFESSOR: O PROFISSIONAL DA VOZ EM FOCO Trabalho apresentado a professora Alasia dos Santos, pré requisito para conclusão do Curso de Licenciatura em Pedeagogia junto à Coordenação Pedagogia da Federal da Paraíba. João Pessoa/Pb 2007 do Curso de Universidade 3.1.1Intervenção pedagógica e análise crítica A partir do campo de estágio, tivemos a oportunidade de realizar uma observação participante com quize professores do Ensino Fundamental I, da Escola Municipal Índio Piragibe, o que para nós foi muito oportuno, pois pudemos perceber os problemas relacionados à voz do professor e suas condições de trabalho. Os dados referentes a esta observação foram minuciosamente apresentados em relatórios de estágios anteriores e que serão apontados na análise apenas quando houver necessidade. Para melhor compreensão, iremos relatar a seguir a nossa intervenção na escola supracitada: Com o tema “Um Novo Olhar para a Voz do Educador”, realizamos a referida intervenção, no dia 03 de maio no corrente ano, na Escola Municipal Índio Piragibe, localizada na Rua Beatriz Maria de Oliveira, s/n, Mangabeira VII, nesta capital. Participaram quinze professores, do Ensino Fundamental I, do turno da manhã, com a faixa etária variada dos 33 a 58 anos de idade, apenas um era do sexo masculino, quanto a formação acadêmica, doze são pedagogos, um professor de Educação Física e dois de Artes. A situação funcional, dos quinze professores, seis são Professores Temporários e os demais são efetivos. Inicialmente, para sensibilizar os professores da referida escola, proporcionamos ações formativas e remediativas relacionadas à saúde vocal do professor, para que, desta forma, fosse possível possibilitar técnicas específicas de respiração; sensibilizar o Técnicas de profissional em educação da importância da voz como principal instrumento de trabalho intervenção e por fim informar as principais doenças causadas pela falta de cuidados com a voz. Em outro momento promovemos oficina com dinâmica de grupo, palestra informativa, técnicas vocais e distribuímos folder informativo com algumas instruções de cuidados para com a voz . Contamos com a colaboração da fonoaudióloga, Daniele Félix para que assim fosse possível possibilitar aos professores orientações a partir do olhar de uma especialista. Esta intervenção, resultou em demanda da comunidade em questão, tendo em vista, que a própria formação do educador não trata este profissional como parte integrante da categoria dos “profissionais da voz”. objetivo geral O foco central do nosso trabalho, teve como meta contribuir para que o professor da Escola Municipal Índio Piragibe, mudasse as suas práticas no que diz respeito aos cuidados com o seu mais importante instrumento de trabalho, a voz. Visto que na sua formação, este profissional não recebe informações para os cuidados necessários à saúde vocal. Concluímos que é de fundamental importância que o professor em sua formação Tema inicial, continuada e profissional, deve receber orientações acerca dos cuidados para preservar a saúde vocal, já que a literatura aponta que após grande esforço vocal sem os cuidados necessários como respiração, mudanças de hábitos alimentares, estratégias para economizar a voz, técnicas vocais ou até mesmo a insistência do esforço vocal após o surgimento de algum problema relacionado à voz, o educador acaba prejudicando o processo ensino-aprendizagem, bem como a instituição pública poderá vir a ter prejuízo com um funcionário readaptado em seu quadro funcional. Por fim concluímos que os motivos que levam ao desgaste vocal dos professores são, principalmente, a falta de preparo, o uso inadequado da voz e as condições impróprias de trabalho. Diante desse contexto prejudicam-se professores e alunos, estes perdem em qualidade de ensino e seu aprendizado se fragmenta com as aulas perdidas, conteúdos atrasados e reposições feitas às pressas. 3.1.2ANÁLISE E DISCUSSÃO objetivos Este trabalho de intervenção teve como objetivo maior contribuir para as mudanças de práticas adotadas pelo profissional da voz, o professor no seu cotidiano escolar, na Escola Municipal Índio Piragibe, João Pessoa-Pb, como também evidenciar a necessidade deste profissional manter-se bem informado quanto aos cuidados com este tão importante instrumento de trabalho. Os resultados obtidos nesta pesquisa serão demonstrados em forma de gráficos e, em seguida, serão discutidos com base na temática abordada. Inicialmente apresentar-se-ão os dados sobre o tempo de exercício da profissão. No qual foi observado que dos 15 profissionais em estudo, 4 lecionam no magistério há mais de 20 anos, 3 entre 15 a 20 anos, esta mesma quantidade lecionam entre 5 a 10 anos e 5 estão na docência entre 1 a 5 anos. Os dados supracitados fazem relação com o estudo de Smith e colaboradores (1997), onde estes afirmam a existência do aumento de sintomas vocais negativos e do desconforto físico, devido ao aumento do exercício profissional entre docentes, o que vem a se confirmar na população em estudo. 6 5 4 3 2 1 0 1 a 5 anos 1 a 5 anos 5 a 10 anos 5 a 10 anos 15 a 20 anos 15 a 20 anos 20 ou mais 20 ou mais GRÁFICO 1: TEMPO DE EXERCÍCIO DA PROFISSÃO FONTE: Dados de pesquisa O gráfico 2 caracteriza toda amostra distribuída pela carga horária exercida diariamente pelos docentes em estudo, ao ser analisada verificou-se que 01 leciona três expedientes, enquanto 7 dos docentes em estudo exercem sua profissão nos dois expedientes e 7 desempenham seu magistério em 1 experiente de trabalho. Após o levantamento quantitativo, observou-se que nos resultados apresentados há uma coincidência com os estudos de Laureull e Noriega (1998), onde eles constatam que a materialidade dessa carga de trabalho expressá-se em processos corporais transformados como elementos sintetizadores da mediação entre o trabalho e o desgaste do trabalhador. 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 expediente 2 expedientes 1 expediente 3 expedientes 2 expedientes 3 expedientes GRÁFICO 2: JORNADA DE TRABALHO FONTE: Dados de pesquisa O gráfico 3 fará referência aos profissionais que utilizam a voz com mais freqüência. Dos 15 professores entrevistados, 12 declararam reconhecer-se como profissionais que fazem uso da voz com mais freqüência, por sua vez , 2 reconheceram os cantores e por fim 1 reconheceu os jornalistas. O resultado obtido acima se relaciona à pesquisa de Souza e Ferreira (2000), onde estes afirmam que os professores constituem uma categoria de destaque não só pelo número de trabalhadores, mas também pela exigência que sofrem em relação ao volume de fala e intensidade da fonação. Para os autores Mello, Souza e Ferreira (1998), professores são por excelência que se utilizam da voz , pois esta é o principal instrumento na transmissão de seus conhecimentos. Não são conscientes 14 12 10 8 6 4 2 0 Cantor Médico Cantor Médico Jornalista Jornalista Professor Professor GRÁFICO 3: PROFISSIONAIS QUE UTILIZAM A VOZ COM MAIS FREQÜÊNCIA FONTE: Dados de pesquisa No gráfico 4, os entrevistados mencionam que já sabiam que o professor está incluído entre os profissionais da voz, do total de entrevistados 12 professores responderam que sim e apenas 3 responderam que não sabiam. Com base nos dados acima, ficou evidente que os profissionais entrevistados reconhecem o professor como profissional da voz. Vale ressaltar que Souza & Ferreira (2000) dividiu os profissionais da voz em categorias e os professores estão entre a categoria dos “profissionais da educação”. Para os autores Mello, Souza e Ferreira (1998), professores são por excelência que se utilizam da voz, pois esta é o principal instrumento na transmissão de seus conhecimentos. 14 12 10 8 6 4 2 0 Sim Não Sim Não GRÁFICO 4: O PROFESSOR INCLUIDO ENTRE OS PROFISSIONAIS DA VOZ FONTE: Dados de pesquisa Na exposição do gráfico 5, mostrar-se-á a freqüência que os docentes tem ou não cuidados essenciais com a voz. Do total de entrevistados 7 responderam nunca ter cuidados essenciais com a voz, este mesmo número respondeu que às vezes tem esses cuidados e apenas 1 respondeu que sempre tem esses cuidados. Após o levantamento quantitativo, observou-se uma expressiva referência de docentes que nunca tiveram cuidados com a voz. Para Brum (2004), os professores têm uma grande demanda vocal e utilizam-se da voz durante toda a jornada de trabalho sem ter o conhecimento de como produzir uma voz sem esforço e de maneira efetiva. 8 7 6 5 4 3 2 1 0 As vezes Sempre As vezes Nunca Sempre Nunca . GRÁFICO 5: CUIDADOS ESSENCIAIS COM A VOZ FONTE: Dados de pesquisa No gráfico 6, observar-se-á que alguns profissionais utilizam alguma estratégia para economizar a voz, do total dos pesquisados 7 responderam que sim, 4 responderam não e este mesmo número de entrevistados responderam que nunca utilizaram estratégia para economizar a voz. Após o levantamento, ficou evidenciado que os resultados obtidos fazem correlação com a pesquisa de Gonçalves (2002), quando o autor compreende a alta prevalência de disfônia entre os professores e faz uma análise do uso da voz em sala de aula e sua relação com aspectos da organização do trabalho e da gestão escolar pública. Onde descreve estratégias das professoras para economizar a solicitação das cordas vocais. 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Não Sim Não Nunca Sim Nunca GRÁFICO 6: UTILIZAÇÃO DE ESTRATÉGIA PARA ECONOMIZAR A VOZ FONTE: Dados de pesquisa O gráfico 7 relatará as vezes que os professores precisaram afastar-se do seu trabalho devido a algum problema relacionado à voz. Dos 15 professores estudados, 8 disseram nunca ter se afastado, 4 responderam que precisaram afastar-se mais de três vezes e 3 responderam que afastaram-se apenas uma vez. Segundo Pinto e Furck (apud FERREIRA, 1988), profissionais que afastam-se das suas atividades profissionais por apresentarem problemas relacionados à voz estão propícios a desenvolver casos de disfonia mais graves, o que pode levá-los a solicitar readaptação profissional em outro setor, não apenas fazendo com que o professor deixe de trabalhar em área correspondente à sua formação acadêmica, mas também exigindo do municipio a contratação de um outro profissional igualmente capacitado para substituí-lo, o que acarretará em prejuízos para os cofres públicos. 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Sim 1 vez Sim + de 03 Sim 1 vez Sim + de 03 Sempre Sempre Nunca Nunca GRÁFICO 7: AFASTAMENTO DO TRABALHO DEVIDO A ALGUM PROBLEMA RELACIONADO À VOZ FONTE: Dados de pesquisa O gráfico 8 demonstrará a compreensão do professor acerca dos fatores prejudiciais ao seu desempenho vocal. Neste item o entrevistado poderia fazer mais de uma opção quanto ao fator de risco para a saúde vocal. Observar-se-á que o item falar alto obteve 10 votos, enquanto os itens pó de giz e dupla ou tripla jornada de trabalho obtiveram 6 votos cada um. De acordo com Brum (2004), são inúmeras as causas e fatores prejudiciais ao desempenho vocal do professor, tais como: uso incorreto ou abusivo da voz, fatores físicos e ambientais, fatores psicoemocionais, fatores intrínsecos e hábitos vocais inadequados. O professor que sabe identificar os fatores prejudiciais ao seu desempenho vocal é capaz de modificar e transformar esta realidade, maximizando o potencial de sua voz. Segundo Boone (1996) o maior inimigo da voz é o próprio comportamento vocal. 12 10 8 6 4 2 0 Pó de giz Pó de giz Falar alto Falar alto Duplo ou triplo Duplo ou triplo Nenhum Nenhum GRÁFICO 8: OS FATORES DE RISCO PARA A SAÚDE VOCAL FONTE: Dados de pesquisa Os gráficos 9, 10 e 11 serão exibidos separadamente, mas serão avaliados e correlacionados entre si, pois se referem à perguntas baseadas na formação do professor enquanto profissional da voz. O gráfico 9 demonstrará o número de professores que em algum momento obtiveram informações sobre os cuidados com a voz. Dos entrevistados 8 responderam que sim e 7 responderam que não. Ao analisar o gráfico 10, chegou-se a conclusão que os professores têm necessidade de conhecimentos em se tratando dos cuidados com a voz. Da população entrevistada 14 professores sugeriram técnicas vocais e 1, sugeriu cartilha e palestras informativas para que o profissional possa cuidar e valorizar a sua voz enquanto instrumento de trabalho. No gráfico 11, os 15 entrevistados consideraram viável a implantação de um projeto para melhorar a qualidade da saúde vocal dos professores. Pesquisas científicas comprovam a grande incidência de alterações da voz em professores e fazem referência à dificuldade em se desenvolver programas de saúde vocal que conscientizem o professor da importância do uso adequado da voz para a prevenção dos distúrbios vocais (Dragone, 2001). Para Brum (2004) é necessário que os professores sejam orientados e treinados para uma prática vocal adequada que os possibilite transmitir a mensagem sem que haja desconforto ou esforço vocal. Para Mello, Souza e Ferreira (1998), os professores não são conscientes de que a voz é seu instrumento de trabalho, provavelmente por não terem recebido preparo específico algum para tal pois veem no aspecto vocal uma possibilidade de melhora em seu desempenho profissional. 8,2 8 7,8 7,6 7,4 7,2 7 6,8 6,6 6,4 Sim Não Sim Não GRÁFICO 9: NA SUA FORMAÇÃO ESPECÍFICA,OU EM OUTRO MOMENTO, JÁ OBTEVE ALGUMA INFORMAÇÃO ACERCA DOS CUIDADOS COM A VOZ 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Cartilha Cartilha Palestra Palestra Téc. Vocais Téc. Vocais Des. Cuid. C/ voz Des. Cuid. C/ voz GRÁFICO 10: CONSCIÊNCIA DA IMPORTÂNCIA DA VOZ E ADIQUIRIR INFORMAÇÕES PARA CUIDAR DA MESMA FONTE: dados de pesquisa COMO 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Sim Não Sim Não GRÁFICO 11: VIÁVEL A IMPLANTAÇÃO DE UM PROJETO PARA MELHORAR SAÚDE VOCAL DO PROFESSOR FONTE: Dados de pesquisa O gráfico 12, dará ênfase aos professores que já procuraram um profissional da saúde quando surgiu algum problema relacionado à voz. Dos 15 professores entrevistados, 11 responderam que não e 4 responderam que já procuraram ajuda profissional. Pinho (1997) sugere que o profissional da voz seja orientado ou atendido por um fonoaudiólogo especialista na área da voz, que orientará quanto à higiene vocal e/ou tratamento vocal necessários. Para o professor, seria também muito útil coordenar a terapia fonoaudiológica com as aulas, especialmente na ocasião do seu prendizado de magistério e pedagogia. Para o médico generalista da Faculdade de Medicina do ABC Ramiro Stelmach(1. nota de rodapé: entrevista consultada no Site Universia em 20 de maio de 2007, às 10:01), não falta iniciativa dos professores em se cuidar, o que falta é tempo e condições favoráveis. 12 10 8 6 4 2 0 Sim Não Sim Não GRÁFICO 12: COSTUMA PROCURAR UM PROFISSIONAL DA AREA DE SAÚDE QUANDO SURGE ALGUM PROBLEMA RELCIONADO À VOZ. Referências FREITAS, H. Todo educador aprendendo.Lições do I Encontro Nacional. Disponível em: http://www.anfopepe.hpg.ig.com.br/boletim09/helenafreitas. SCHEIBE, Leda. Políticas para a formação dos profissionais da educação neste início de século: análise e perspectiva. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 26, 2004.