# 154 ano XXXVIII maio/junho 2011 As pessoas, seus sonhos e sua capacidade de realizá-los, no trabalho e na vida II informa informa 1 www.odebrechtonline.com.br Leia Odebrecht Informa no seu iPad e no seu smartphone . Reportagens, artigos, vídeos, fotos, animações e infográficos. As realizações da Organização Odebrecht em seu tablet e em seu smartphone . Edição online Acervo online # 154 ano XXXVIII maio/junho 2011 Conheça as histórias de Gilson, Donizete e Daniel, encarregados gerais nas obras da Hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia Arisson Santos: do Baixo Sul da Bahia vem o exemplo do jovem que tem orgulho de ser produtor rural e poder contribuir para o crescimento de sua comunidade Integrantes da Base Macaé da OOG, Guaraci Almeida Costa e Djalma Menezes superaram desafios, qualificaram-se e cresceram na vida pessoal e profissional Blog > As pessoas, seus sonhos e sua capacidade de realizá-los, no trabalho e na vida Videorreportagem > Você pode acessar o conteúdo completo desta edição em HTML ou em PDF > Novidades > Acesse as edições anteriores de Odebrecht Informa desde a nº 1 e faça o download do PDF completo da revista > > > Relatórios Anuais da Odebrecht desde 2002 Publicações especiais (Edição Especial sobre Ações Sociais, 60 anos da Organização Odebrecht, 40 anos da Fundação Odebrecht e 10 anos da Odeprev De Igarapava para os Estados Unidos, de lá para a Palestina, e então de volta ao Brasil. Hoje está em Rondônia. Assim é a vida de José Amin > Comente os textos do blog e participe enviando sugestões para a redação Leia no blog de Odebrecht Informa os posts escritos pelos repórteres e pelos editores da revista. Textos de Cláudio Lovato Filho, Fabiana Cabral, José Enrique Barreiro, Karolina Gutiez, Leonardo Maia, Renata Meyer, Rodrigo Vilar, Thereza Martins, Zaccaria Júnior e colaboradores. > Brian Perantoni Jr.: ele começou a trabalhar em construção durante as férias escolares, ao lado do pai, e hoje é Diretor de Contrato Siga Odebrecht Informa pelo twitter e saiba das novidades imediatamente @odbinforma > > Marcelo Menéndez e Liliana Guerrero: juntos desde o Programa Jovem Parceiro até a plena vivência do canteiro de obras > Uma revista em movimento Equipe de Odebrecht Informa apresenta o novo projeto gráfico e editorial da publicação. > PESSOAS Capa Ilustração de Rico Lins 6 No México, três jovens engenheiros mostram como aproveitar as oportunidades 12 Encarregados gerais: gente do canteiro de obras que desconhece o impossível 16 Arlecio: um caso de identificação de princípios e inabalável determinação 18 Roger e Rafael: dois jovens com a missão de levar adiante o sonho da Braskem 22 Programa Acreditar: um novo vetor para a qualificação profissional em Angola 28 Programas de desenvolvimento de pessoas: nobres e necessárias ferramentas 32 Carla Barreto e a importância crucial do exemplo dos líderes 36 Líderes empresariais e conselheiros falam de seus desafios de crescimento 42 De Portugal e Moçambique vêm os exemplos de Bruno, Gilberto e Marcos 46 Contato com diferentes culturas vem moldando a trajetória de Gustavo Silveira 48 Johnny e Franyine: a história de dois líderes venezuelanos 52 Luisa e Nelson e os caminhos que os conduziram ao crescimento no Peru 54 Guilherme, Sérgio, Ticiana e Pedro: o aprendizado da TEO iniciado bem cedo 58 A pioneira Juliana e a consciência da essencialidade de formar pessoas 60 Arisson Santos: qualificação e liderança no Baixo Sul para o Baixo Sul 63 Meriane da Conceição: estudante, artesã, futura integrante de cooperativa, cidadã 64 Um prêmio que reconhece e estimula a busca e a transmissão do conhecimento 66 O fundador Norberto Odebrecht escreve sobre a maturidade produtiva Guilherme Afonso foto: #154 3 4 informa EDITORIAL Nomes, histórias e sonhos que se realizam A na Carolina, José Eduardo, Fábio, Luisa, Nelson, Juliana, Johnny, Franyine, Bruno, Gilberto, Marcos, Carla, Gilson, Daniel, Donizete, Tzitziki, Roger, Rafael, Ticiana, Guilherme, Sérgio, Pedro... Na Odebrecht, o desenvolvimento das pessoas se dá pelo trabalho, a partir da relação líderliderado e por meio da superação de desafios crescentes, com base em Programas de Ação individuais. Estimulados a criar, a inovar e a compartilhar o conhecimento, os integrantes sabem que pertencem a uma “Universidade Viva”, que tem como alicerce a prática da Educação pelo Trabalho. Esses são os nomes de algumas das pessoas cujas histórias de crescimento estão relatadas nas páginas desta edição de Odebrecht Informa, dedicada inteiramente àqueles que, com seu conhecimento, sua capacidade de trabalho, humildade para aprender e desejo de se desenvolver, constroem a Organização. São pessoas determinadas a aproveitar ao máximo as oportunidades que lhes são oferecidas por uma organização empresarial presente em várias partes do mundo e que se aprimora permanentemente com o propósito de atender às necessidades de seus clientes e de contribuir para o desenvolvimento das comunidades nas quais atua. Pessoas que buscam realizar sonhos – seus próprios e os de seus semelhantes – com base no espírito de servir. Cada uma dessas pessoas compreende que, na Odebrecht, seu desenvolvimento se dá pelo trabalho, a partir da relação líder-liderado e por meio da superação de desafios crescentes, com base em Programas de Ação individuais. Estimulados a criar, a inovar e a compartilhar o conhecimento gerado, os integrantes sabem que pertencem a uma “Universidade Viva”, que tem como alicerce a prática da Educação pelo Trabalho. Nesta edição, de número 154, nossas reportagens procuram mostrar de que forma nossos entrevistados percebem e vivenciam essa realidade. São pessoas como Selma, Ibrahim, Helder, Arlecio, Gustavo, Gonzalo, Evaristo, Azziray, André, Anelisa... e você. Boa leitura. informa 5 laços de Conheça a história de três jovens que encontraram em seu país de origem um ambiente de trabalho marcado pela integração e pelas oportunidades de crescimento texto Eliana Simonetti fotos Guilherme Afonso N o idioma purépecha, falado por uma das dezenas de civilizações pré-colombianas cujos vestígios ainda são perceptíveis no México moderno, tzitziki significa flor. Esse também é o nome de uma das Jovens Parceiras da Odebrecht no país: Tzitziki Del Valle. Ela estava terminando o curso de Economia, em 2008, quando soube de um processo seletivo na empresa e decidiu se candidatar. Durante as atividades, conheceu dois engenheiros que participavam de seu grupo: Gonzalo Antonio Cortez Ceniceros e Evaristo Martinez. Esse processo foi liderado por Fernando Martins, naquela época Diretor de Contrato do Projeto Hidroagrícola de Michoacán (PHM), a quem os jovens são profundamente gratos pela oportunidade de fazer parte da Odebrecht, pela amizade e pelo apoio incondicional 6 6 informa família Evaristo, Gonzalo e Tzitziki: jovens determinados a aprofundar conhecimentos, aprimorar capacitações, crescer e liderar informa 7 “Os mexicanos fizeram com que eu me sentisse em casa. Têm um coração sem tamanho” Jorge Gavino com o qual sempre os brindou. Os três Jovens Parceiros, que cresceram e se formaram em Morelia, capital do Estado de Michoacán, ingressaram juntos no PHM, realizado pela Odebrecht para o Governo de Michoacán, na região central do território mexicano, de clima semiárido. O trio faz parte de uma turma de 20 jovens que vem aprendendo a praticar a Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO) na convivência no trabalho e em programas de formação – os três viajaram para Argentina, Panamá, Venezuela e Peru, em 2009, participando do Programa Jovem Construtor América Latina. “Estamos tendo uma experiência muito bonita. Formamos uma família. Mais que companheiros de trabalho, somos amigos, compartilhamos os mesmos valores”, diz Gonzalo. Sua porta de entrada na empresa foi a área comercial. Aprendeu a fazer estimativas, a negociar subcontratos. Depois, passou três meses ajudando a equipe que desenvolve projetos de novos negócios. Foi chamado para a área de custos e, para se capacitar, passou dois meses na República Dominicana. “Descobri que onde quer que estejamos, na Odebrecht existe uma unidade, um fio que nos liga e nos leva na mesma direção de crescimento”, afirma. Em abril, Gonzalo era responsável pelo Programa de Custos do Projeto Hidroagrícola de Michoacán e tinha seu futuro imediato traçado na área de novos negócios, em que aprenderá a fazer o orçamento de uma obra do começo ao fim. Expectativas superadas Evaristo, seu companheiro, ingressou na linha de produção da obra de irrigação de Michoacán. Trabalhou na represa, nos túneis, na casa de máquinas e encerra sua participação cuidando da montagem do equipamento da hidrelétrica antes do fechamento do contrato e da entrega do empreendimento ao Governo do Estado. Nascido no México, no período da adolescência viveu seis anos na Califórnia, Estados Unidos, com a família. Gosta do convívio com gente de culturas variadas. “Os mexicanos e os brasileiros são povos semelhantes, alegres”, constata. “Em dois anos e meio de Odebrecht, todas as minhas expectativas de criação de novos relacionamentos, de aprendizado e de realização no trabalho foram superadas. Quero seguir aprendendo.” Seu projeto mais imediato? Viajar para o Brasil para assistir à Copa do Mundo de Futebol de 2014. 8 informa “É da troca de conhecimentos que surgem as melhores soluções” Luiz Gordilho Tzitziki, a flor que abriu esta reportagem, também ingressou na Odebrecht no canteiro de obras de Michoacán e, hoje, no escritório da empresa em Morelia, ajuda a cuidar dos trâmites para o encerramento e a entrega da obra. O sorriso e o brilho no olhar dizem muito. Porém, para não deixar dúvida, ela fala sobre sua satisfação – em português, com leve sotaque carioca: “Encanta-me conviver com as pessoas da Odebrecht. Todos nós temos um denominador comum. Estamos dispostos a ajudar uns aos outros e a empresa.” Tzitziki inscreveu-se em um curso de português na universidade. “Adoro a cultura brasileira e tenho vontade de falar bem o idioma”, revela. Há explicação para o sutil sotaque fluminense: sua primeira professora é natural do Rio de Janeiro. Quando solicitados a lembrar nomes de líderes importantes para sua formação em dois anos e meio de convivência e trabalho na Odebrecht, Tzitziki, Evaristo e Gonzalo têm, cada um, sua lista. São brasileiros e mexicanos que os ajudaram a se integrar à empresa e a crescer. Evaristo cita os engenheiros Paulo Muter e Benjamin Herrera, que lhe transmitiram conhecimentos, deram-lhe responsabilidades e ofereceram-lhe apoio na resolução de problemas. Tzitziki menciona Raúl Silva, Gerente Comercial, que lhe ensinou a negociar, e Jesus Wagner, que lhe proporcionou o relacionamento direto com o cliente, Odilon Sposito, com quem aprendeu a estabelecer metas claras e a superá-las, e Carlos Terra, que valoriza acima de tudo o trabalho em equipe. Na relação de Gonzalo, estão Mario Oikawa, integrante da Odebrecht na República Dominicana, com quem aprendeu a utilizar conceitos e programas, Marcelo da Fonseca, Gerente Administrativo e Financeiro da Odebrecht no México, que lhe apresentou desafios e delegou responsabilidades, e Jesus Wagner, lembrado também por Tzitziki, por estimular o pensamento consequente para a solução de problemas. Um símbolo de integração Uma pessoa é unanimidade entre os três jovens parceiros. Jorge Gavino, Diretor de Contrato do Projeto Hidroagrícola de Michoacán. “Sua presença e sua liderança foram os principais motores do meu crescimento”, diz Evaristo. “Ele é minucioso, leva-nos a revisar tudo e a lapidar nossos conhecimentos”, afirma Gonzalo. “Sua confiança em nossa capacidade é estimulante”, completa Tzitziki. informa 9 Luis Weyll, o canteiro de obras do Projeto Hidroagrícola de Michoacán e Lucio Palominos: Odebrecht oferece soluções integrais para os desafios enfrentados pelo país O engenheiro Jorge da Silva Gavino Filho, nascido no nos fizeram com que eu me sentisse em casa em seu Rio de Janeiro, tem 20 anos de Odebrecht. Ingressou país. Eles têm um coração sem tamanho”, diz. Não é como estagiário em 1991, na fase I da Linha Vermelha – de espantar que Gavino tenha casado com Magdalena, e descobriu que gostava de obra pesada, movimento de nascida em Michoacán. O casal espera a chegada de terra, grandes máquinas. No ano seguinte, participou de um filho em setembro. “Experimentei muitas mudan- um processo de seleção e foi contratado pela Odebrecht ças em minha vida pessoal e profissional. A TEO me para a obra no Aeroporto Internacional do Rio de Janei- preparou para isso. Sinto orgulho da Odebrecht, de par- ro. Em duas décadas, além das obras pesadas que tanto ticipar de suas ações, de compartilhar de seus valores lhe agradam, Gavino participou de projetos sociais da e de formar pessoas – especialmente quando percebo Fundação Odebrecht, como a restauração do Mosteiro que podem ser melhores que eu”, salienta. de São Bento, na Bahia, e a implantação da cadeia produtiva da mandioca no Baixo Sul, também no estado. Em 10 Perspectiva de crescimento 2006, passou ainda pelo Peru e por Portugal antes de A Odebrecht chegou ao México em 1992. Sua primei- chegar ao México, em 2006, onde fez os estudos e a pro- ra conquista foi a construção, na região de Huítes, Esta- posta que a Odebrecht apresentou ao Governo do Estado do de Sinaloa, de uma barragem e uma hidrelétrica. O de Michoacán – e depois cuidou da execução da obra. Projeto Hidroagrícola de Michoacán, que se encerra em Já conhecemos três dos liderados de Gavino. Os lí- 2011, é semelhante. Inclui represa, geração de energia deres que o marcaram de maneira especial: o fundador hidrelétrica e irrigação de terrenos férteis em uma zona Norberto Odebrecht (“por sua paciência e determina- árida – o Ejido de Nueva Italia, a maior associação de ção em ensinar”), José Isidoro Silva (engenheiro que lhe pequenos produtores rurais do país. transmitiu conhecimentos e confiança em sua primeira Lucio Palominos, 42 anos, é comissário dessa asso- obra, a Linha Vermelha), Fernando Martins (mentor e ciação. Não apenas porque com a irrigação seus man- companheiro no trabalho e quem lhe apresentou sua guezais serão mais produtivos, mas, também, porque, esposa), André Vital (que acentuou seu gosto pela aten- por meio da Odebrecht, a associação teve acesso a con- ção aos detalhes) e Marcelo Walter (sempre empolgado sultores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuá- em operacionalizar projetos sociais). ria (Embrapa) e a técnicas para o manejo da plantação Pode-se dizer que Gavino é um símbolo da integra- e o controle de pragas. Seus pais, avós e bisavós foram ção entre mexicanos e brasileiros na Odebrecht. É co- agricultores. Ele exporta o que colhe para o Japão e tem nhecido nas comunidades vizinhas à obra. “Os mexica- grandes ambições. “Gosto de trabalhar, de aprender, e, informa quando minha produção for maior, pretendo negociar de trabalho a 12 mil pessoas. Quando estiver pronta, a diretamente com compradores internacionais, sem ter planta produzirá 1 milhão de t/ano de eteno e polietile- de passar por intermediários”, diz. nos. Luiz Martins Catharino Gordilho Neto é o Diretor de Desde 2008, a Odebrecht México apresenta-se como Contrato da Odebrecht nas obras de infraestrutura do provedora de soluções integrais para problemas en- projeto. Desembarcou no México no início do ano com a frentados no país. “Temos uma equipe bem estrutura- esposa, Louise, e as duas filhas, Maria Luiza, 3 anos, e da e perspectiva de crescimento até 2020”, afirma Luis Liza, 1 ano. Logo montou sua equipe com brasileiros e Weyll, Diretor-Superintendente da Odebrecht no Méxi- mexicanos, gente mais antiga e jovens com pouca expe- co. Ele tem 33 anos de empresa – ingressou aos 20 anos riência na empresa. “É da troca de conhecimentos que de idade, como trainee em Engenharia de Custos, na surgem as melhores soluções”, defende. Bahia, sob a liderança de Luís Mameri, que hoje lidera a atuação da Odebrecht na América Latina e em Angola. Aos 35 anos de idade e 11 de Odebrecht, Gordilho gosta de esportes, de disciplina, de competição, mas Nesta fase mais recente, a Odebrecht México con- encantou-se pela engenharia e, mais que isso, pelo quistou por quatro anos consecutivos o título de Em- empresariamento. Trabalhou no Brasil, no Peru e em presa Socialmente Responsável, conferido pela Aliança Angola antes de chegar ao México. Responsabilidade Social (AliaRSE) e pelo Centro Mexi- “Tenho tido muita sorte. Muita gente importante para cano para a Filantropia (Cemefi), e também por quatro minha formação passou pela minha vida, pessoas que anos consecutivos está na lista das “100 Melhores Em- me ensinaram muitas coisas e me deram bons conse- presas para se Trabalhar”, resultado de pesquisa rea- lhos”, reflete. Pessoas como Moacir Cardoso (que nas lizada pelo Great Place to Work Institute, que mede a obras do Salvador Trade Center lhe ensinou a trabalhar qualidade do ambiente de trabalho e a força da cultura com índices e produtividade), André Bastos (que tem o organizacional. “Nosso comprometimento com o Méxi- dom do desenho e paciência na prática da pedagogia da co e com os mexicanos é reconhecido”, afirma Weyll. presença), Djean Cruz (líder de realizações imobiliárias em Salvador e Recife, que o levou a ser mais detalhista), Troca de conhecimentos André Vital (sempre muito rápido e cuidadoso) e Amilton O maior investimento da Braskem no exterior é o Sendai e Luiz Bueno (com quem aprendeu a compreen- Projeto Etileno XXI, no Estado de Veracruz, com previsão para entrar em operação em 2015. Durante a fase de construção, o contrato deverá gerar oportunidades der e a dar ainda mais importância aos números). Na Odebrecht México, o ambiente é de integração e de trabalho conjunto para o crescimento de todos. informa 11 gente texto Marco Antônio Antunes fotos Edu Simões do canteiro Apaixonados pela profissão, os encarregados gerais Gilson, Donizete e Daniel são a cara e o espírito da linha de frente da engenharia e construção 12 informa Gilson: “Já estou me preparando para outros desafios” A dona de casa Regina, esposa de Gilson Gomes de Aguiar, 34 anos, encarregado geral de Escavação de Rocha nas obras da Hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia, levou um susto ao receber certo telefonema, em um dia ensolarado de junho do ano passado, na casa da fa- mília, em Porto Velho. “Bom dia!”, disse a voz do outro lado da linha. “É aí que mora Gilson Aguiar?” “Quem é? Do que se trata? Meu marido está no trabalho”, respondeu ela. “Aqui é da Faculdade de Rondônia, e estamos ligando para dizer que o Gilson foi aprovado no vestibular de Engenharia. É para ele vir fazer a matrícula com urgência.” Aliviada e surpresa ao mesmo tempo, ela agradeceu e ligou para contar a novidade ao marido, que também tinha lá suas dúvidas sobre se seria aprovado ou não. “Foi uma alegria para toda a família”, relembra ele, que tem com Regina duas filhas, uma de 11 e outra de 9 anos. “Logo eu, que só pude concluir o Ensino Médio depois de ‘velho’, estava, enfim, pronto para começar um curso superior.” Seis anos atrás, Gilson só tinha o Ensino Fundamental e não pensava mais em voltar aos bancos escolares, ainda que nunca tenha deixado de aproveitar as oportunidades de crescimento oferecidas pela Odebrecht, como cursos, seminários e palestras sobre os mais variados temas ligados à sua profissão, como técnicas de gestão, segurança e meio ambiente. Depois de passar por várias outras obras, entre elas a Hidrelétrica de Lajeado (Luis Eduardo Magalhães), onde era um dos encarregados mais jovens, ele estava no projeto da Hidrelétrica de Capim Branco, na divisa de Uberlândia e Araguari, em Minas Gerais, quando foi influenciado por um de seus líderes na obra, o engenheiro Marcelo Piller, a voltar a estudar. Naquele momento, ficou claro para ele que se não aceitasse a sugestão, não subiria novos degraus nos contratos. “Foi duro, trabalhar e estudar ao mesmo tempo, mas, graças a ele e a meu líder direto, Divino Teodoro da Silva, tomei a decisão certa. Terminei o Ensino Fundamental, novas oportunidades surgiram e já estou no segundo semestre do primeiro ano da faculdade, preparando-me para outros desafios.” Um salto e tanto para esse filho de pai lavrador e mãe empregada doméstica, que começou a trabalhar aos 9 anos, vendendo picolés. Trabalhou também em um viveiro de mudas de café e como empacotador em um supermercado, onde conheceu a futura esposa, Regina, filha de um barrageiro que trabalhava na construção da Hidrelétrica de Miran- informa 13 Donizete: “Descobri que estudar é bom demais. Não sei quando vou parar” da, no Rio Araguari, em execução por outra construtora. go mestre, Valdevino Junqueira, com quem trabalhei por “Graças a ele, consegui um emprego na obra, onde 12 anos. Além de me ensinar tudo o que sabia, ainda me comecei como plantador de grama em talude. Mas, 10 passou, antes de se aposentar, o cargo de encarregado meses depois, por conta de outra indicação, já estava na quando estávamos em uma obra da antiga Fepasa (Fer- Odebrecht, com o cargo de operador de bomba de con- rovia Paulista S.A., uma estatal privatizada no começo de creto, ajudando a construir a Hidrelétrica de Igarapava 2000), em Mairinque (SP), em 1993. (instalada no Rio Grande, na divisa de São Paulo e Minas Mato Grosso, que também voltou à escola e já está prestes a concluir o Ensino Fundamental, considera-se Gerais).” um autodidata em muitas matérias de sua profissão, por- 14 O início da vida profissional em uma fazenda que, além dos diversos cursos que já frequentou, costuma ler de tudo sobre máquinas e técnicas de terraplenagem. Como Gilson, Donizete Pereira Dias, o Mato Grosso, “Descobri que estudar é bom demais, não sei quando 55 anos, dos quais 34 na Odebrecht, encarregado geral de vou parar”, diz ele, que atualmente também participa do Terraplenagem em Santo Antônio, nunca perdeu as opor- Programa de Desenvolvimento de Supervisores (PDS), tunidades que lhe foram apresentadas nas várias obras desenvolvido pela Odebrecht Energia e que abre aos par- pelas quais passou. Nascido em Cassilândia (MS), filho de ticipantes novas chances de crescimento profissional. um barbeiro e de uma doméstica, começou a trabalhar Tendo passado por outras obras, como o Metrô de São aos 14 anos como servente de pedreiro em uma fazenda Paulo; a Linha Vermelha, no Rio de Janeiro; e as hidrelé- cujos proprietários executavam obras internas de infraes- tricas de Itá, em Santa Catarina, Cana Brava, em Goiás, trutura e moradias. Irapé e Capim Branco, em Minas Gerais, além do Proje- Em 1977, ao deixar o quartel, foi contratado como mo- to Águas de Benguela, em Angola, ele costuma ensinar torista de caminhão pela CBPO (empresa que viria a ser aos seus liderados, inclusive aos engenheiros trainees, integrada à Odebrecht três anos depois), nas obras da Hi- que “na Odebrecht não tem trabalho que não se possa drelétrica de Foz do Areia, no Rio Iguaçu, no Paraná. Com fazer”. “Aqui, em momentos de dificuldade, todos se aju- uma vontade contagiante de se lançar a novos desafios, dam, todos se apoiam, e é o mesmo que você deve fazer Mato Grosso fez todos os cursos que pôde para avançar quando o outro é quem está com um problema a resolver. na profissão e, passo a passo, tornou-se motorista de ca- A humildade e o espírito de servir, como bem ensina o minhão fora de estrada, trator de esteira, motoscraper e Dr. Norberto Odebrecht, devem prevalecer sempre”, diz o motoniveladora. mestre, que já formou seus dois filhos no Ensino Superior. “Uma das coisas de que ainda mais gosto é pilotar Fernando graduou-se em Engenharia Ambiental e fez uma patrol (como também é conhecida a motonivelado- pós-graduação em Segurança do Trabalho, e Fabiane for- ra)”, diz ele. Após quatro anos como operador, tornou-se mou-se em Psicologia. Os dois trabalham na Odebrecht. feitor, em 1982, nas obras da Hidrelétrica Nova Avanhan- Mato Grosso também tem como referência de vida e dava, no Rio Tietê, em São Paulo. “Grande parte do que de trabalho o exemplo de outro líder, com quem já tra- consegui em minha carreira profissional devo a um anti- balhou em várias obras: Mário Lúcio Pinheiro, Diretor do informa Daniel: “Esta é uma empresa que continua me dando oportunidades” Consórcio Construtor Santo Antônio, responsável pelo ge- do como meu primeiro mestre o encarregado geral José renciamento global da construção da Hidrelétrica Santo Balo, com quem aprendi muito do que sei hoje”, conta Antônio. “Esse conhece de tudo”, elogia. Daniel. De lá para cá, a participação em uma série de obras Cobrador de ônibus antes de se tornar soldado emblemáticas na história da engenharia brasileira, o A Educação pelo Trabalho também marcou a carreira sos internos e externos deram a ele uma experiência que, de Daniel Coelho Coutinho, 59 anos, que em 1973 come- em sua área, apenas alguns poucos conseguiram adqui- çou a trabalhar na Tenenge, empresa integrada à Odebre- rir. Daniel passou pela construção das hidrelétricas de cht em 1986. Hoje, como encarregado geral de montagem Ilha Solteira (SP), Três Irmãos (SP), Cachoeira Dourada na Usina Santo Antônio, ele é o responsável, entre outras (MG), São Simão (GO), Itapebi (BA) e Baguari (MG), sem ocupações, pela descida e montagem das peças de cada contar diversas obras de montagem em indústrias de alu- uma das 44 turbinas Bulbo, de alta tecnologia, que com- mínio, fertilizantes e aço. Em uma obra da Alunorte, em porão o sistema de geração de energia dessa hidrelétrica Barcarena (PA), o bastão de encarregado geral lhe foi pas- do Rio Madeira. sado pelo assistente técnico Levi Simão, então Responsá- No último dia 14 de abril, Daniel comandava uma equi- aprendizado com outros mestres e muitas horas de cur- vel por Produção e seu líder e “instrutor” de 1978 a 1986. pe de 12 pessoas na operação de descida do distribuidor O maior desafio de sua vida, no entanto, está sendo a da primeira turbina a ser instalada. “O distribuidor, de participação na equipe de montagem da Hidrelétrica de 186 toneladas, é a parte da turbina que controla o fluxo Santo Antônio, comandada pelo Diretor de Contrato Mi- de água na unidade geradora. Quanto mais aberto, mais guel Senna Figueiredo. “Muitos dos que estão aqui, como água flui e, consequentemente, mais energia é gerada”, eu, nunca participaram de um projeto de tamanha com- explica. A operação, realizada com destreza pela seleta plexidade e envergadura”, diz Daniel, que antes da função equipe do mestre, durou seis horas. atual foi montador, mecânico montador, ajustador, con- Para chegar a encarregado geral de uma das mais tramestre e mestre de montagem. importantes obras do Programa de Aceleração do Cres- Embora considere que, profissionalmente, esteja no cimento (PAC), do Governo Federal, esse paulista de patamar mais elevado de sua carreira, Daniel Coutinho Presidente Venceslau também teve de superar grandes continua a se aperfeiçoar com o auxílio de professores e desafios desde muito cedo na vida, como Gilson Aguiar e livros. Ele também é aluno do Programa de Desenvolvi- Mato Grosso. Seu pai trabalhava em serrarias de madei- mento de Supervisores (PDS) e já sabe que não vai parar ra, e ele, aos 13 anos, já carpia e colhia em lavouras de por aí. “Já ajudei meus três filhos a se formarem, já recebi algodão, antes de ser cobrador de ônibus e entrar para a medalha de 25 anos de trabalho, durante cerimônia na o Exército. Bahia, em que tive a satisfação de conhecer nosso mestre “Ao sair do quartel, fui para uma obra da (construtora) maior, o Dr. Norberto”, diz Daniel, “mas nem por isso pen- Camargo Corrêa, onde meu pai era carpinteiro. Depois, so em parar. Esta é uma empresa que continua me dando aos 22 anos, entrei para a Tenenge como montador, ten- oportunidades. Por que não aproveitar mais algumas?” informa 15 16 Arlecio decidiu, na universidade, em que empresa queria trabalhar. Sonhou, lutou e chegou lá texto Válber Carvalho foto Dario de Freitas Era uma ideia fixa 16 informa R ecém-chegado de Jequié, cidade do in- tos da TEO serviam não só como princípios de uma Or- terior da Bahia, e vivendo seus primei- ganização, mas acima de tudo como filosofia de vida”, ros tempos como universitário na Fa- enfatiza Arlecio. culdade de Administração de Empresas Com a proximidade do fim da obra, ele passou a focar da Universidade Católica de Salvador, seu próximo objetivo dentro da Organização: trabalhar Arlecio Rodrigues tinha uma ideia fixa: trabalhar na na OCS. Em janeiro de 2000, procurou Marcos Lima, Organização Odebrecht. “Eram poucas as disciplinas Responsável pela empresa, que, ao tomar conhecimen- que não mencionavam a Odebrecht como exemplo de to da capacitação de Arlecio, o encaminhou ao programa empresa”, relembra. de Seguros de Pessoas, na equipe de Bettina Skelton. O Durante o curso, ao descobrir que a irmã de uma ciclo do sonho de estudante finalmente se completava. de suas colegas trabalhava na Organização, Arlecio Depois de nove anos de grande aprendizado, capaci- começou a colocar em prática uma das característi- tando-se a trabalhar com diversos tipos de seguro, veio cas que iriam marcar fortemente sua futura trajetó- o convite para assumir, em São Paulo, o Programa de ria profissional: foco permanente a fim de alcançar as Seguros e Garantias da Santo Antônio Energia, empresa metas a que se determina. Assim, não deu sossego à responsável pela contratação do Consórcio Construtor colega, até ela, finalmente, lhe apresentar a irmã. Era Santo Antônio para a execução das obras da Hidrelé- Bettina Skelton, naquela época analista de cargos e trica Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia. Em salários da Odebrecht S.A. seguida, outro convite: ser o Responsável por Seguros “Foi Bettina quem primeiramente me falou dos ensi- e Garantias no Mercado Venezuela. “A OCS é cada vez namentos da Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO). mais decisiva para o crescimento da Organização”, afir- Fiquei encantado. Perguntei a ela se poderia apresentar ma Arlecio, com orgulho. meu currículo, pois a Odebrecht era o meu sonho de empresa”, revela Arlecio. Sua futura líder disse sim. Em 19 de dezembro de 1991, Arlecio Rodrigues dos Santos começou a trabalhar como auxiliar administrativo no Programa de Pessoas da Odebrecht S.A. Hoje, 19 anos depois, ele é o Responsável por Seguros e Garantias da Odebrecht Administradora e Corretora de “No canteiro de obras passei a entender que a TEO é, acima de tudo, uma filosofia de vida” Arlecio Rodrigues Seguros no mercado Venezuela. Atendendo diretamente ao Líder Empresarial da Odebrecht Venezuela, Euzenando Azevedo, Arlecio responde pela contratação das apólices de seis grandes obras, em um mercado cujo A flexibilidade e a capacidade de ouvir, além da fa- backlog (conjunto dos contratos em carteira) alcança o cilidade de se relacionar com as pessoas, têm sido patamar de US$ 7,4 bilhões. importantes propulsores do desenvolvimento desse baiano nascido em 1967, na pequena cidade de Iguaí, A experiência do canteiro de obras no sul do estado, e que planeja concluir o MBA pelo Arlecio trabalhou seis anos na Odebrecht S.A. “É de Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), de São Paulo, lá, da holding, que emanam todas as políticas da Or- em meados de 2012. ganização. Foi muito importante ter trabalhado lá”, ele Quanto às maiores alegrias que teve em sua tra- diz. Morando em Salvador, no fim dos anos 90, Arlecio jetória, Arlecio Rodrigues não tem dúvidas. “Tive o decidiu que era hora de entender de que modo os con- grande privilégio de ter encontrado na Odebrecht li- ceitos que havia aprendido na holding seriam aplicados deranças que marcaram minha vida por vivenciarem na prática no ambiente de um canteiro de obras. a TEO e exercerem a pedagogia da presença. Cito em Em fevereiro de 1998, ele foi trabalhar como Respon- sequência cronológica Gilberto Aragão, Ivette Gui- sável por Desenvolvimento de Pessoas no Projeto Sauí- marães e Jô Antunes, na Odebrecht S.A.; Maurício pe, no litoral norte da Bahia, pela Construtora Norberto Medeiros, em Sauípe; e Bettina Skelton, Kátia Luz e Odebrecht. “Foi onde passei a entender que os concei- Marcos Lima, na OCS.” informa 17 energia texto Álvaro Oppermann fotos Marco Antônio Sá É con uma quinta-feira de manhã na sede da Braskem, na zona oeste de São Paulo. Uma animada equipe sai de uma das salas de reunião. Perto da máquina de café, um pequeno grupo discute o lançamento de um novo produto. A idade dos profissionais varia. Alguns exibem cabelos grisalhos, outros ainda têm espi- nhas no rosto. O entusiasmo é geral. E contagiante. Entre eles, estão os engenheiros químicos Roger Marchioni e Rafael Christo, ambos na casa dos 30 anos. Os dois vêm protagonizando histórias de acelerado crescimento profissional. São líderes da nova geração na Braskem. “A gestão na Braskem estrutura-se na confiança e na delegação planejada”, diz Marchioni, gaúcho de 36 anos, Gerente de Marketing Estratégico e Inteligência de Mercado da Unidade de Polímeros. Ele também responde pela gerência comercial regional e de contas na Unidade de Polipropileno. “A empresa tem perfil de dinamismo e foco no resultado que me agrada”, completa Rafael, paulistano de 31 anos, Responsável por Estratégia, Marketing e Gestão de Desempenho na Unidade de Polímeros da Braskem. Formar líderes é um imperativo estratégico da Braskem, criada em 2002 a partir da integração de seis empresas do setor petroquímico. A formação e gestão de pessoas é um processo contínuo, da admissão ao pós-carreira. Como diz Rafael: “Uma semana depois de entrar aqui como estagiário, em 2001, Patrícia Maia, da equipe de P&O (Pessoas e Organização) na época, chamou-me para saber o que eu estava achando da empresa e do programa. Descobri, naquele momento, que essa era a empresa na qual eu queria trabalhar”. Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Roger ingressou como estagiário, em 1996, na OPP Petroquímica (uma das empresas que viriam a formar a Braskem). Passou um ano, entre 1997 e 1998, nos Estados Unidos, por conta própria. “Em San Diego, na Califórnia, fiz ‘pós-graduação’ em lavagem de pratos”, diz ele, com orgulho. Já Rafael, estudante da Escola Politécnica da USP, saía das aulas e ia para o estágio na Braskem a pé, cruzando a movimentada Marginal Pinheiros. PDE e MBA Roger Marchioni participou do Programa de Desenvolvimento de Empresários (PDE) da Braskem, especialmente desenhado para a gestão de negócios e liderança. Realizado na Bahia, o programa contou com a 18 informa 18 tagiante Aqui estão os exemplos de Roger e Rafael, jovens motivados a colocar em prática o entusiasmo, o conhecimento e a capacidade de liderança Roger e sua equipe: “Existe aqui a possibilidade de termos muitos líderes, que nos ajudam no autodesenvolvimento” informa 19 participação do fundador Norberto Odebrecht, de Emílio sobre os mestres. A tônica da relação é a de transparên- Odebrecht, Presidente do Conselho de Administração, e cia, ambos garantem. “Se eu errasse, pedia para que me de Marcelo Odebrecht, Diretor-Presidente, além de Re- corrigissem na hora”, relata Rafael. nato Baiardi, membro do Conselho de Administração, Roger Marchioni tornou-se Gerente de Conta em todos da Odebrecht S.A. “É inspirador vê-los, depois meados de 2006 e passou a liderar uma equipe com de tantos anos nos negócios, ainda com um brilho nos seis profissionais em 2008. Contar com o ensinamento olhos”, diz Roger. dos líderes foi fundamental. Rafael Christo, em início de Rafael Christo, por sua vez, trilhou o caminho do MBA carreira, trocou a rotina de escritório, no setor de plane- Braskem. Cauteloso, tinha receio que um mestrado re- jamento, pelo trabalho em fábrica, na Unidade de PVC. alizado in company fosse restringir a formação de novos Fez a mudança com apoio do seu então líder da unidade, contatos profissionais – o networking. O temor mostrou- Roberto Simões (hoje Responsável pela Odebrecht De- se infundado. Ministrado, entre outros, por professores fesa e Tecnologia). Ficou lá um ano. “Foi excelente. Na da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e da Harvard Busi- fábrica, aprendi, de fato, a ser engenheiro e a entender a ness School, o curso serviu de eficiente interface entre o empresa na sua essência”, diz ele. saber acadêmico e a realidade de mercado. De quebra, A delegação planejada, que imbui os profissionais tornou-se valiosa ferramenta de networking. “A empre- com o senso de responsabilidade e estimula a confian- sa tem porte muito grande”, diz ele. Rafael conheceu ça, também tem inegável valor pedagógico no proces- uma rica variedade de profissionais de várias áreas da so de formação, argumentam Roger e Rafael. “Quando Braskem, muitos dos quais ainda hoje são bons amigos você se sente à vontade para contribuir, todo o aprendi- e estão espalhados pela Organização Odebrecht. zado se torna mais fácil”, diz Roger. “Brinco que, no dia em que eu tiver um líder que fique no meu cangote, eu 20 Ajuda para o autodesenvolvimento vou ficar desesperado. Aqui, as coisas acontecem sem o O coach ou mentor – o líder mais velho e experiente líder precisar ficar cobrando”, completa Rafael. que aconselha o jovem profissional – também teve papel Segundo Roger, a Braskem, apesar do grande porte, de destaque na formação da dupla de jovens gestores. cultiva o espírito de pequena empresa. Em um ambiente “Existe aqui a possibilidade de termos muitos líderes, ágil, de unidades autônomas, torna-se mais fácil e eficaz o que nos ajudam no autodesenvolvimento”, afirma Ro- planejamento da delegação e do fomento à responsabilida- ger, que acredita que a relação líder-liderado é para de individual. “Tanto líder quanto liderado conseguem de- sempre. “Até hoje os considero meus líderes”, diz ele senvolver-se ao máximo nesse ambiente”, observa Roger. informa mas e o coaching podem dar as tintas, mas quem pinta o quadro é o jovem gestor, como mostra a dupla. Para a equipe de Marketing liderada por Roger Marchioni, o grande desafio é entender a fundo a necessidade do cliente e, assim, direcionar a estratégia da Unidade de Polímeros. “O poder emana de lá (do cliente)”, diz Roger. “Devemos ajudá-lo na tradução de sua necessidade real. Muitas vezes, o que ele pede não é exatamente o que precisa”, completa. Já o grande desafio de Rafael Christo tem sido o de levar e implementar as práticas e a cultura Braskem às empresas que se fundiram. É uma balança: saber preservar as melhores práticas preexistentes, sem diRafael (o terceiro, à frente, a partir da esquerda): “Aqui as coisas acontecem sem o líder precisar ficar cobrando” luir, contudo, a cultura de meritocracia e transparência da Braskem. Recentemente, Rafael levou a cultura da matriz brasileira à filial norte-americana, Braskem America, nascida em 2010 com a compra dos ativos de polipropileno da Sunoco Chemicals. Rafael viajou à Filadélfia. Apreensivo, não sabia como seria o clima Equipe coesa na chegada. Lá, a “cultura de escritório” era radical- Roger e Rafael lideram equipes que têm, respecti- mente diferente da qual estava acostumado. Ao con- vamente, 16 e 50 profissionais. “É motivador ser líder”, trário do ambiente horizontal e moderno do escritório diz Roger. Na equipe de Rafael, a faixa etária vai dos 22 brasileiro, reinava ali a baia alta. Não se via gente nos aos 45 anos. Na equipe de Roger, os sotaques são varia- corredores. A recepção ao brasileiro, no entanto, foi dos. “A diversidade impera”, ele salienta. ”Tem gaúcho, ótima. A equipe norte-americana foi muito receptiva. baiano, carioca, paulista... Tem até colorado”, brinca, em Aliás, já no aeroporto o clima tinha se desanuviado. Ao uma alusão ao Internacional, arquirrival do seu time de pegar o táxi, o motorista, porto-riquenho, apresentou- futebol de coração, o Grêmio. se como Jesus. “Prazer, sou Christo”, respondeu Ra- Roger garante que uma das principais coisas fael, brincalhão. que aprendeu com os líderes é manter a coesão da equipe. “O líder transmite os objetivos e um plano Formando sucessores para alcançá-los, e, com isso, a equipe fica com um Na Braskem, o lema é que “se deve formar sucesso- norte claro”, diz. Ele ressalta também a importância res melhores que nós mesmos.” Apesar de jovens, Rafael de desenvolver a confiança no liderado. Na arte de e Roger já estão empenhados na formação de novos lí- delegar, é fundamental saber avaliar corretamente deres. Tanto Roger quanto Rafael consideram-se da “ge- em que “ponto da curva” cada um dos liderados está. ração passada”, diante dos profissionais de 20 e poucos “Para uns, você pode delegar responsabilidades com anos. Os dois gestores concordam que, mais importante maior grau de complexidade; para outros, com grau que transmitir conhecimentos técnicos, a função do líder menor. É preciso ter a sensibilidade para medir isso.” é fomentar o senso ético nos mais novos. Buscar neles Na Braskem, uma ferramenta importante para a tanto as competências pessoais quanto técnicas. Nessa formação profissional é o SDC (Sistema de Desen- tarefa – que está longe de ser uma ciência exata –, Roger volvimento de Competências). Seu papel é mapear foi buscar inspiração em casa. “Em termos de comporta- as competências de cada integrante e também iden- mento ético, minha maior inspiração foram meus pais”, tificar oportunidades de desenvolvimento. “Os gaps diz ele. Os resultados são gratificantes. “Hoje, eu tenho (lacunas, em inglês) podem estar na pessoa. Ela tem pessoas na minha equipe que poderiam ser meus líde- de saber investir nela mesma”, enfatiza Roger. res”, garante Rafael. “Minha alegria é ver as pessoas da Aprender a ser líder é aprender a vencer desafios. E isso só se aprende no dia a dia. Os cursos, os progra- minha equipe crescendo; é me realizar com a realização dos liderados”, diz Roger. informa 21 Participantes do Acreditar Angola: protagonistas de uma nova era no país 22 informa acr editar é preciso “C ada ser humano possui forças que ele próprio pode desenvolver, desde que tenha caráter, talento, vocação e motivação, encontre um clima organizacional adequado e seja orientado por um líder realmente comprometido em apoiar sua educação. Atendidos tais requisitos, então não haverá mais limites para o desen- volvimento desse ser humano: ele tenderá a ser o melhor no campo de trabalho que escolher”. Trabalhadores angolanos têm no Programa Acreditar uma oportunidade de se desenvolver e contribuir para o avanço de seu país A frase de Norberto Odebrecht sintetiza o cuidado da Organização com o desenvolvimento das pessoas e o entendimento de que isso é intrínseco aos negócios – assim como o oxigênio para a existência da humanidade. Essa frase prefacia o material de apresentação da mais recente iniciativa de formação da Odebrecht em terras angolanas, o Programa de Qualificação Profissional Continuada – Acreditar Angola, que começou a ser desenvolvido no país em 2009, com base na experiência bem-sucedida do Acreditar Brasil. Lê-se “mais recente iniciativa” pelo fato de, em seus 27 anos de atuação no país, a Odebrecht ter concretizado diversas atividades de formação, com estratégias diferenciadas e assertivas. Nesta reportagem, será possível conhecer algumas dessas ações – entre elas, o Acreditar, o Jovem Construtor e o início da operação da Biocom – e saber como as pessoas que participam delas estão se desenvolvendo, convivendo e aprendendo a fazer parte da nova era de Angola. É um recorte modesto dentro de uma atuação iniciada em 1984 e que já promoveu oportunidades de formação e trabalho texto Zaccaria Júnior fotos Holanda Cavalcanti para mais de 40 mil pessoas, 70% das quais encontraram na Odebrecht Angola seu primeiro emprego. informa 23 A partir da esquerda, Yasser Salukila, Walter Chingala, Mateus Kalei e Antonio Segunda: atividades do Programa Acreditar foram adequadas às necessidades e características de Angola 24 Adaptação à realidade local muitas possibilidades de formação. Fui até a Odebre- “Com a boa experiência no Brasil, a partir de 2008, cht, fui bem recebido, fiz os testes, as provas e o exa- sabíamos que deveríamos implementar rapidamente me médico. Hoje estou aqui com a turma, aprendendo o Programa Acreditar por aqui, apesar de, na época, coisas boas e que eu não pensava que poderia encon- não termos ainda as estratégias definidas”, relembra trar”, relata um Yasser que se diz surpreso com o tipo Diana Ortiz, Responsável por Pessoas & Organização de aprendizado que encontrou, referindo-se aos funda- em Angola. “Então, em 2009, começamos o processo mentos básicos vistos na sala de aula, que eram desco- de estruturação, de pensar como seria feito, e vimos nhecidos até então. “Deparei-me com pessoas que me que não daria simplesmente para pegar o Acreditar fazem entender as coisas”, comenta. Brasil e adotá-lo, pois havia a necessidade de adaptá-lo Enquanto Yasser relatava suas experiências à à realidade local”, ela acrescenta, desenhando com os Odebrecht Informa, ao seu lado estava o jovem Ma- dedos no ar, como se traçasse uma linha cronológica teus Dumbo Kalei, 20 anos, que balançava a cabeça do desafio que testemunhou inicialmente. de forma afirmativa, concordando com os comentá- O primeiro passo dado foi produzir um diagnós- rios de seu colega. Matriculado no curso de mecâni- tico da realidade angolana, por meio de entrevistas, ca, Mateus conta que cresceu somente com a mãe e testes e visitas aos projetos da Odebrecht no país. que por causa da situação financeira restrita causa- “Aproveitamos tudo isso para montar o Acreditar e, da pela ausência paterna, começou a trabalhar cedo finalmente, conseguimos implantar o programa em em uma pequena oficina para poder sustentar suas setembro de 2010. Percorremos um caminho difícil, próprias necessidades. mas temos certeza de que valeu a pena. Queremos Mateus inscreveu-se no Acreditar, realizou os tes- contribuir para o desenvolvimento da comunidade, tes, recebeu as avaliações e ficou surpreso com o que de Angola. Muitos que estão aqui precisavam de uma passou a acontecer dali em diante. Ele esperava ape- oportunidade”, salienta Diana. nas por ensinamentos relacionados à mecânica. “Pri- Yasser da Conceição Salukila, 28 anos, aluno do meiro recebemos noções de saúde e meio ambiente, o curso de operador de escavadeira, conta que ficou que me chamou a atenção. Achei isso tudo muito espe- sabendo do Acreditar por meio de sua prima e de seu cial. Eu não conheço amor de pai, e, pelas dificuldades pai. “Eles disseram que havia um programa novo, com que já passei, essa oportunidade que eu encontrei no informa Acreditar é inesquecível. É algo, creio eu, permanente”. no programa, no qual são abordados diversos assun- Dançarino de hip-hop e ator de teatro nas horas que tos, como saúde, segurança no trabalho, meio ambien- ainda encontra vagas, Mateus vê o Acreditar como uma te, qualidade e psicologia do trabalho, e um módulo oportunidade para a juventude. “Isso vai nos ajudar a específico, que varia de 160 a 260 horas, dependendo descobrir mais conhecimentos. Se hoje eu encontrei do curso almejado. Para os participantes que são con- essa oportunidade, só tenho a agradecer, pois, além de tratados pela Odebrecht, é elaborado um segundo mó- me desenvolver, posso dar amanhã uma contribuição dulo básico, que inclui 20 horas com informações sobre maior ao meu país. Temos que aproveitar as oportuni- a Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO), Relações dades que, infelizmente, nossos pais não tiveram.” Trabalhistas e Produtividade. Essa ideia de oportunidade aos jovens também é compartilhada por Antonio Moisés Segunda, 21 anos. Apaixonado por mecânica e futebol, Antonio conta que procurou bastante por um curso para que pudesse se especializar em mecânica e que, depois de ter feito sua inscrição no Acreditar, a ansiedade tomou conta de sua vida até ser chamado. “Quando penso em mecânica, não tenho fome. Esqueço tudo. E quando recebi a ligação do pessoal do Acreditar chamando para a avaliação médica, pensei comigo ‘Meu Deus, como esperei este momento!’”. Antonio acrescenta: “Eu desejaria que o Programa Acreditar não parasse por aqui. É o momento de começarmos a consertar nossos erros, de realizar os nossos sonhos. Estou realizando o meu sonho, que é o de conseguir me formar, de poder trabalhar”. O Acreditar é composto de um módulo básico, com 60 horas de duração, voltado para todos que ingressam “O Jovem Construtor nos faz abrir a mente. Todas as dúvidas que eu tinha foram solucionadas. Foi uma grande experiência para mim” Selma da Silva 25 “Este período todo tem sido muito bom. Consegui amadurecer muito” Ibrahim da Costa “É um grande desafio esta usina, visto que Angola já foi um país produtor de açúcar” Helder Cardoso 26 informa Os inscritos no Acreditar Angola, ministrado na cidade de Benguela desde setembro de 2010, já somam em que estava no penúltimo ano da universidade – e foi direcionado mais tarde ao Jovem Construtor. mais de 2.200. O programa formou até agora 456 pes- “Foi muito boa a atitude de meu líder, pois todo mun- soas no módulo básico e 228 no módulo específico, para do, acredito eu, tem a vontade de crescer a cada dia que as profissões de motorista de veículo pesado, operador passa. E se nos oferecem a oportunidade de fazer um de escavadeira, mecânico de equipamento pesado, curso no qual possamos ter maior foco sobre o que na operador de motoniveladora, pedreiro e carpinteiro. Em verdade vai ser a nossa vida dentro da empresa, temos breve, serão adicionados os cursos de armador, canali- que aproveitá-la da melhor forma”, diz Ibrahim. Ele zador, pedreiro, carpinteiro e operador de carregadeira, avalia que sua evolução tem sido intensa não apenas entre outros. em sua vida profissional, mas também em sua relação com familiares, amigos e namorada. “Em todo curso, Mente aberta, visão ampla formação ou atividade de que participo na empresa, Com um belo sorriso e com prosa no ritmo da músi- busco levar alguns dos conceitos para o meu convívio ca Morena de Angola, de Chico Buarque – foi, inclusive, pessoal. Este período todo tem sido muito bom. Con- em Benguela, local deste trecho da reportagem, que o segui crescer e amadurecer muito. Tenho um ponto de compositor brasileiro se inspirou para criar a letra da vista diferente. Mudei em termos de adaptabilidade, de música -, Selma Ottiliana Marcos da Silva, 31 anos, é convivência.” formada em Serviço Social e atualmente lidera a equipe de Pessoas e Responsabilidade Social no Projeto Águas Integração de culturas de Benguela. Ela foi uma das participantes do Progra- A 450 km de Luanda, na Província de Malanje, está ma Jovem Construtor – que tem como objetivo acele- sediada a Biocom – Companhia de Bioenergia de Ango- rar a formação de jovens parceiros e lhes proporcionar la Ltda. –, empresa angolana produtora de açúcar cuja uma ampla visão do negócio Engenharia e Construção, implantação foi iniciada em 2009. A usina, em fase de desde a conquista até a desmobilização de um contrato. construção, deverá iniciar sua operação e consequen- Nascida angolana, Selma conta que passou mais da te produção de açúcar em 2012. A Biocom tem entre metade de sua vida em Portugal, com a família, que em seus acionistas a Odebrecht, a Sonangol – Sociedade 1993 decidiu fugir do conflito armado em seu país. Ao Nacional de Petróleos de Angola – e o grupo Damer. passar férias em Angola, em 2007, Selma ficou interes- Em agosto de 2010, 62 integrantes da Biocom foram sada no que viu. Enviou seu currículo à Odebrecht, em ao Brasil para participar de um programa de capaci- 2008, e foi convidada a ingressar na empresa. “O Jovem tação de 1.200 horas de aulas teóricas e práticas nas Construtor nos faz abrir a mente, pois obtemos uma vi- áreas agrícola, industrial e administrativa, ministrado são muito ampla das áreas. Todas as dúvidas que eu na Unidade Eldorado da ETH Bioenergia, em Rio Bri- tinha foram esclarecidas. Foi abordada a questão da lhante (MS). Logística, passando pela Engenharia e pela Responsa- Entre esses técnicos angolanos, estava Helder Fra- bilidade Social, entre outras. Uma grande experiência goso da Silva Cardoso, chefe de Setor de Produção de para o meu desenvolvimento.” No trabalho em campo, Açúcar, que atualmente acompanha e supervisiona os Selma destaca que cada dia reserva uma surpresa e trabalhos de Montagem da usina. “É um grande desafio que cada caso é sempre encarado como um aprendiza- essa usina, visto que Angola já foi um país produtor de do. “Ser assistente social é ajudar o próximo. Aqui não açúcar. No entanto, por causa dos conflitos armados, há espaço para a dita síndrome do conformismo”, diz, essas grandes usinas deixaram de existir e, hoje, 100% sorrindo. do açúcar consumido no país é importado.” Com de- Em Luanda, outro Jovem Construtor relata suas ex- terminação, Helder destaca que a maior riqueza está periências desde que ingressou na Odebrecht. Ibrahim sendo o compartilhamento de experiências, baseado na Oliveira Bravo da Costa, 26 anos, devorador de livros de transmissão de conhecimentos e intercâmbio de cul- Sidney Sheldon, é formado em Engenharia Civil e atua turas, e prevê que Angola retomará o papel de grande como engenheiro de produção no Projeto Vias Expres- produtor de açúcar, o que contribuirá para a melhoria sas. Ele ingressou em 2007 como estagiário – na época das condições de vida das comunidades. informa 27 aliados do Veja de que forma os programas de desenvolvimento apoiam a evolução das pessoas na Odebrecht cresci texto Renata Meyer fotos Júlio Bittencourt O engenheiro civil carioca José Eduar- fraestrutura, entre elas os projetos de mineração do Quintella ingressou na Odebrecht Onça Puma, em Ourilândia do Norte, e da Mina de como Jovem Parceiro em 2005, na Ferro na Serra dos Carajás, ambos para a Vale e primeira etapa do Programa Luz para executados no Pará. Todos. Hoje, aos 31 anos, ele lidera a Em suas trajetórias na Odebrecht, José Eduar- segunda e a terceira etapas do programa, à frente do, Ana e Fábio vêm tendo como aliados os pro- de uma equipe de 2 mil pessoas. Esses projetos gramas de desenvolvimento de pessoas. Realiza- abrangem 330 municípios do interior mineiro, com das pela área de Pessoas e Organização, essas obras sendo realizadas de forma simultânea em iniciativas têm foco na disseminação e no apro- diversas localidades. Para José Eduardo, um exer- fundamento de conhecimentos sobre a Tecnologia cício constante de delegação, dinamismo e eleição Empresarial Odebrecht (TEO). Programas como de prioridades. o de Introdução à Cultura, o Jovem Construtor e Ana Carolina Farias, 33 anos, pernambucana, o Programa de Desenvolvimento de Empresários já participou de obras na Rodovia BR-101 e na Re- (PDE), que têm mostrado eficácia para o acultura- finaria Abreu e Lima (Renest). Entrou para a Orga- mento, a integração, a formação e a melhoria da nização como estagiária em 2001, na construção capacidade de gestão dos integrantes. do Aeroporto de Recife, e hoje responde pela Gerência de Engenharia de um dos maiores projetos de infraestrutura em execução no país, a Ferrovia Transnordestina, que ligará Pernambuco, Piauí e Ceará. Na mesma turma de estagiários de Ana Carolina estava Fábio Toscano. Assim como Ana, Fábio nasceu em Recife e formou-se em Engenharia Civil. Aos 32 anos, ele também tem nas mãos um grande desafio: como Diretor de Contrato, participa da construção do Sítio para Lançamento de Foguetes em Alcântara, no Maranhão, um projeto complexo que se diferencia pela alta tecnologia. Fábio já atuou em diversas obras da Odebrecht In- 28 informa 28 mento Fábio: aos 32 anos, liderando a atuação da Odebrecht em um projeto de alta complexidade tecnológica informa 29 História e filosofia visita ao Núcleo de Cultura Odebrecht, em Salvador, e Quando Ana e Fábio ingressaram na Odebrecht, a leituras complementares dos livros Sobreviver, Crescer metodologia do aprendizado sobre os princípios e valo- e Perpetuar e Educação pelo Trabalho, de Norberto res da Organização era bem diferente do atual formato Odebrecht. do Programa de Introdução à Cultura. Durante 30 dias, Para oferecer ao Jovem Parceiro uma visão ampla e os jovens integrantes participavam de encontros para integrada do negócio em que atua, foi criado, em 2004, leitura e reflexão sobre as ideias da TEO, com a orien- o Programa Jovem Construtor. Com duração de um tação de um tutor – em geral, um gerente ou diretor de ano, o programa é dividido em dois módulos, que per- contrato. meiam todo o ciclo de execução de um projeto, de sua Hoje o Programa de Introdução à Cultura é siste- conquista à entrega ao cliente. Por meio de aulas expo- matizado em torno de três módulos que apresentam sitivas, dinâmicas, estudos de caso, pesquisa prática e uma abordagem geral sobre a história da Organização treinamento a distância, os participantes aprofundam e a filosofia empresarial, além das características e conhecimentos em áreas como administração, finan- competências do Parceiro Odebrecht. A metodologia ças, jurídica e qualidade. foto: Ana Carolina: compreensão do contexto em que a empresa está inserida Élvio Luiz inclui encontros presenciais, treinamento a distância, Fábio Toscano participou da primeira turma do Jovem Construtor. “O programa possibilita a troca de experiências e percepções por meio de exemplos e exercícios práticos. Com isso, adquire-se visão global do negócio, o que é fundamental para o processo de formação e para o desempenho do integrante.” Ana Carolina também participou da estreia do Jovem Construtor. Ela ressalta: “No programa, você se dá conta de que faz parte de algo muito mais amplo do que a realidade restrita de uma obra. Setores que pareciam distantes se tornam mais próximos e começa-se a perceber sua importância no contexto geral do negócio”. Em geral, ao concluir o Jovem Construtor, o integrante torna-se Responsável por Programa (RP), absorvendo novas responsabilidades e desafios ainda maiores. “É o momento de colocar em prática toda a vivência adquirida dentro e fora do ambiente corporativo”, afirma Paulo Quaresma, Responsável por Pessoas e Organização na Odebrecht Infraestrutura. “Nessa fase, atributos, como nível de maturidade, postura diante dos desafios, percepção global do negócio, capacidade de inovação e forma de se relacionar com clientes, são observados, e aqueles que apresentam grande potencial de empresariamento são indicados para participar do PDE”, explica. Realizado pela primeira vez em 2003, o PDE permite aos jovens líderes da Organização aprimorarem competências gerenciais por meio da troca de experiências com integrantes de diferentes gerações e âmbitos da empresa. Nos encontros presenciais, líderes que ajudaram a construir a Organização contam casos de sucessos e insucessos e como conseguiram superar seus desafios. O programa, com duração de um ano, 30 informa José Eduardo: aprendizados precisam se converter em ferramentas para o trabalho reforça o papel do líder como educador, estimula a A Odebrecht investe ainda em cursos focados no capacidade de autodesenvolvimento e estabelece um desenvolvimento de competências específicas, como espaço de reflexão sobre a inter-relação entre planos os programas de formação em suprimento e logística, de vida e carreira. especialização em finanças, idiomas e liderança. Em “É um momento em que as atenções se voltam para 2010, as empresas do Negócio Engenharia e Constru- o integrante e ele percebe que está sendo constante- ção investiram cerca de R$ 7 milhões em programas mente observado. A todo o momento, ele é provocado a educacionais internos, que ajudaram a capacitar 7.846 mostrar quem é e para que veio”, afirma Ana Carolina. integrantes. O PDE representou um divisor de águas em sua vida. Os programas de desenvolvimento são elabora- Ela participou do programa em 2009, mesmo ano em dos e executados internamente pelas equipes de que assumiu pela primeira vez uma gerência de proje- Pessoas e Organização e, em alguns casos, em par- to. Desde que foi lançado, cerca de 410 integrantes das ceria com instituições de ensino. Paulo Quaresma empresas de Engenharia e Construção da Odebrecht já afirma: “Nosso maior desafio é equilibrar as expec- participaram do PDE. tativas em torno dos planos de vida e carreira das pessoas com os objetivos da Organização, sobretu- A escola do dia a dia do no que tange aos compromissos com os clientes. Aos líderes mais maduros, na maior parte diretores Mas é no âmbito da relação líder-liderado que as de contrato, a Organização oferece o Programa MBA decisões devem ser tomadas”. Empresarial, em parceria com a Fundação Getúlio Var- José Eduardo Quintella, Ana Carolina Farias e Fábio gas. O curso, com 530 horas, permite o aprimoramento Toscano ingressaram na Odebrecht bastante jovens, profissional promovendo uma visão ampla e sistêmi- incorporaram a filosofia empresarial, souberam trans- ca das atividades empresariais em áreas estratégicas, formar desafios em oportunidades e, ainda muito jo- como finanças, gestão de pessoas e sustentabilidade. vens, alcançaram importantes posições de liderança. José Eduardo Quintella e Fábio Toscano estão no Apesar de experiências e desafios distintos, em um grupo de 30 integrantes que atualmente cursa o MBA ponto eles concordam: a verdadeira escola é o dia a Empresarial. Para José Eduardo, é uma oportunidade dia de trabalho. “Os ambientes são muito ricos, e as de atualização e de retorno ao meio acadêmico. “É oportunidades de aprendizado estão em toda parte. Os preciso encontrar o momento certo de investir em uma programas de desenvolvimento são um complemento formação com esse nível de profundidade, para que fundamental, mas a responsabilidade sobre o proces- os aprendizados se convertam em ferramentas para o so de formação pertence a cada um”, argumenta José trabalho.” Eduardo. informa 31 entrevista “Nossos valores nada valem se não pratica texto José Enrique Barreiro foto Lívia Aquino U ma mulher movida a desafios. Essas poucas palavras podem resumir o espírito profissional de Carla Barreto, Responsável por Pessoas e Organização na Odebrecht S.A. Baiana de Salvador, Carla está na Odebrecht desde 1994, quando ingressou na área de controladoria da Construtora Norberto Odebrecht (CNO). A maior parte de sua trajetória até agora foi dedicada a programas financeiros: na própria CNO, na área petroquímica (esteve na OPP, participou dos primeiros passos para a aquisição da Copene e assumiu a controladoria da Unidade Poliolefinas da Braskem) e na Odebrecht S.A. Dez anos depois de seu ingresso, retornou à CNO. “Não era mais a empresa que eu havia deixado. Quando voltei, 70% de seu faturamento estava no exterior e 30% no Brasil; antes, era o inverso”, lembra Carla. Após participar da reorganização societária da CNO (trabalho que reestruturou os ativos e investimentos entre mais 32 informa pelos 2 3 forem ados líderes” Carla Barreto: “Quando olho para trás, agradeço por ter trabalhado com líderes que sempre me incentivaram e me tiraram da zona de conforto” 33 de 100 pessoas jurídicas da empresa e que permtiu a nossa cultura empresarial, continue a nos levar a constituição da OOG, OR e Foz do Brasil), Carla adiante, independentemente de nosso porte, diver- foi para a área de Planejamento da Odebrecht S.A. sificação e complexidade. Precisamos garantir, em Há um ano, ela procurou seu líder, André Amaro, e todos os âmbitos, a presença de líderes educado- solicitou: “Quero trabalhar com a agenda de Pesso- res integrados à nossa cultura e comprometidos as”. Para quem havia lidado sempre com Finanças, com a formação de novas gerações de líderes. Para o pedido poderia ter soado estranho. André, no en- a Organização, essa agenda é estratégica. tanto, sabia que estava diante de alguém que busca desafios, e lhe ofereceu o programa de Pessoas e OI – O que está sendo feito para garantir Organização da Odebrecht S.A. Para Carla, mãe de crescimento com integração cultural? dois filhos, Rafael e Júlia, casada com Jayme Fon- Carla – O importante é garantir aderência à nossa seca, Responsável por Finanças na CNO), uma mu- cultura. Sempre buscamos identificar o jovem na lher que gosta de ler e estudar, viajar com a família universidade e construir com ele um plano de vida e praticar ioga, ela se encontra no lugar certo neste e carreira. Essa dinâmica prossegue, mas estamos momento da Odebre- sendo desafiados pelo cht: “Nosso maior de- crescimento acelera- safio está relacionado aos temas que envolvem pessoas”. Odebrecht Informa – Por que, depois de uma carreira sólida na área de Finanças, você decidiu ir para a agenda de Pessoas? Carla Barreto – Foi o resultado do trabalho de apoio a Marcelo “Ninguém substitui o líder educador. Ele é o eixo de formação e desenvolvimento das pessoas. Quando olho para trás, agradeço por ter trabalhado com líderes que sempre me incentivaram e, sobretudo, me tiraram da zona de conforto” do. O boom de infraestrutura no Brasil e em outros países nos surpreendeu. Inten- sificamos a busca de jovens, trouxemos de volta ex-integrantes que haviam se aposentado ou mesmo saído da Organização precocemente. Finalmente, estamos a- cessando o mercado Odebrecht na consoli- e mobilizando líderes dação da Visão 2020, maduros. Precisamos do qual tive a oportunidade de participar. Esse tra- assegurar que esses líderes se integrem rapida- balho, intenso e estratégico, permitiu-me dialogar mente à nossa cultura. Reforçar o papel do líder com Marcelo e líderes da Organização e ter uma educador é crucial, porque as iniciativas para ace- nova perspectiva dos desafios para a próxima dé- lerar a integração de pessoas não serão corporati- cada. Entendi, naquele período de muitos debates, vas. Pelo contrário, dependerão sempre da relação que a Organização estava bem resolvida na área de líder-liderado. Há algumas iniciativas em anda- Finanças e que o nosso maior desafio estaria na mento, mas acredito que ainda precisamos avan- agenda de Pessoas. Foi esse desafio que me cha- çar muito. mou a atenção, e me mobilizei nessa direção. OI – O que significa aderir à cultura Odebrecht? 34 OI – Por que a agenda de Pessoas se tornou Carla – Cultura é a prática de valores e princípios. decisiva? Sem serem praticados, valores e princípios não Carla – Há cinco anos éramos 40 mil integrantes; formam cultura, são letra morta, palavras ao ven- hoje, somos 120 mil, e com evidentes perspectivas to, significantes sem significado. Nosso desafio é de crescimento. É uma evolução avassaladora. Pre- fomentar a prática empresarial vinculada a nossos cisamos assegurar que o que nos trouxe até aqui, valores e princípios. Isso requer disciplina, peda- informa gogia da presença, líderes educadores e proces- nossa universidade são os canteiros de obras, as sos. A cultura tem de permear tudo o que fazemos. unidades industriais, as usinas, as plataformas Qualquer ação tem de refletir a nossa cultura. E de petróleo. Aí fomos formados, aí formaremos as os líderes são a base de tudo isso. Lembro sem- próximas gerações. Essa é a verdadeira Universi- pre da mensagem de Dr. Norberto Odebrecht no dade Odebrecht, da qual nós somos os professores. encontro que fizemos para iniciar a construção da Educação pelo Trabalho, esse é o nosso caminho, e Visão 2020: “Esses princípios, conceitos e valores não há outro”. Ou seja, estudar é muito importante, de nada valerão se não forem praticados, perma- não há dúvida. Mas é no aprendizado do dia a dia nentemente, pelos líderes da Organização”. que se formam os líderes. OI – Qual exatamente o papel dos líderes nes- OI – Qual o papel da holding Odebrecht S.A. se proecesso? nesse trabalho de formação de líderes? Carla – O desenvolvimento de nossos integrantes Carla – Somos guardiões da prática de nossa cul- depende de líderes educadores. Quando olho para tura e procuramos dar unidade às ações. Fomen- trás, agradeço por ter tamos a visão de uma trabalhado com líderes Organização compro- que sempre me incentivaram e, sobretudo, me tiraram da zona de conforto. Devo muito a eles. Gostaria de citar Hélio Guimarães, Ney Silva, Luiz Mendonça, Carlos Fadigas, Paulo Cesena e, mas recentemente, André Amaro, que me deram exemplo e me desafiaram. Não existe fórmula. A educação se dá pelo “Há cinco anos éramos 40 mil integrantes; hoje somos 120 mil, com evidentes perspectivas de crescimento. É uma evolução avassaladora. Precisamos garantir que o que nos trouxe até aqui, a nossa cultura empresarial, continue a nos levar adiante” metida com a transformação. Consoli- damos políticas, mas olhamos para cada negócio como único e, ao mesmo tempo, integrado ao conjunto. Estimulamos transversalidade, a a mobilização de forças sinérgicas para a antecipação e o atendimento das demandas de nossos clientes. trabalho, no dia a dia. O Mas fazemos tudo isso que existe é a visão e na linha [nas opera- ções das empresas o comprometimento de um líder educador com a formação de sua equipe. com os clientes] e para a linha. Nossa agenda de Pessoas e Organização só tem sentido se for ofere- OI – E a educação para o trabalho? cida, compartilhada e exercida pela linha. Carla – Reforça, mas não substitui. Vou contar uma história. Durante aqueles debates para a OI – Quem é, para você, o Parceiro Odebrecht? formulação de nossa Visão 2020, foi solicitado a Carla – Uma pessoa de conhecimento, aderente à Marcelo Odebrecht a criação de uma Universidade nossa cultura. É preciso que tenha capacidade de Odebrecht, uma universidade corporativa nos mol- se comunicar e humildade, porque guardar para si des de tantas que existem por aí. Havia certa ex- o saber de nada serve; o saber precisa ser com- pectativa de que Marcelo encampasse a ideia. partilhado. O Parceiro Odebrecht é também uma Eu não esqueço das palavras dele quando comen- pessoa que faz as coisas acontecerem e que tem tou o assunto diante de todos e recusou a proposta: muita garra. Alguém que gosta de educar e formar “Vocês querem o quê? Que eu construa um prédio pessoas, que tem a ambição de ser um verdadeiro com salas de aula para formar pessoas? Nunca. A líder educador. informa 35 Relatos inspirad texto Rodrigo Vilar E sta reportagem apresenta o exemplo de seis integrantes da Odebrecht que iniciaram suas carreiras na Organização ainda jovens e construíram histórias emblemáticas de aprendizado, realizações e crescimento. Os líderes empresariais Carlos Fadigas (Braskem), Benedicto Júnior (Odebrecht Infraestrutura) e Euzenando Azevedo (Odebrecht Venezuela), e os conselheiros Luiz Villar, Renato Baiardi e Pedro Novis têm trajetórias distintas, mas todas elas marcadas pela completa e, por isso, simbólica comunhão com os valores e princípios da Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO). Da sala de aula para um grande desafio empresarial Carlos Fadigas, recém-formado no curso de Administração de Empresas, tinha 22 anos quando começou a trabalhar, em 1992, na Odebrecht Química, como analista de investimentos, em Salvador. “Éramos um grupo muito pequeno na holding de petroquímica , pois tínhamos apenas participações minoritárias em algumas empresas”, relembra. No entanto, exatamente nesse período, teve início a privatização do setor e a Odebrecht – com a liderança de Alvaro Cunha – adquiriu o controle de duas empresas petroquímicas, a PPH e a Poliolefinas. Era o início da atuação da Odebrecht como operadora na área química. Com a nova etapa, Fadigas mudou-se para São Paulo, onde assumiu o Programa de Planejamento da recém-criada OPP. Em pouco tempo, o jovem administrador saía da sala de aula da faculdade para assumir um importante desafio empresarial, que lhe permitiu participar, como assessor, de reuniões da qual participavam Emílio Odebrecht (na época Diretor-Presidente da Odebrecht S.A. e hoje Presidente do Conselho de Administração da empresa), Gilberto Sá (então Diretor Financeiro da holding e hoje integrante de seu Conselho de Administração) e Alvaro Cunha (então Presidente da OPP). “A discussão nesses encontros era sobre qual deve- 36 Líderes empresariais e conselheiros falam de momentos, desafios e apredizados especialmente significativos em sua trajetória na Organização ria ser a estrutura empresarial do setor petroquímico no Brasil: se a segunda geração iria comprar as empresas de primeira geração; se nós teríamos dois players nacionais e três internacionais; se o setor seria dominado por empresas nacionais; qual seria o papel do BNDES... Enfim, estava na mesa onde o futuro do setor químico brasileiro estava sendo construído”, recorda Fadigas. Segundo ele, seu início de carreira é um exemplo prático de como a Organização, de um jeito muito sincero e próprio, confia e delega responsabilidade aos seus integrantes. “Depois disso, você não consegue mais pensar pequeno. Acabei me condicionando a enxergar o todo, sempre.” Nessa fase, assim como nas seguintes, Fadigas contou com o apoio de líderes. “O Alvaro Cunha sempre foi educador e, apesar de não me reportar diretamente a ele, tinha uma interação muito forte com ele.” Para ilustrar, Fadigas conta uma passagem, quando identificou alguns fatores de risco que considerava importantes e fez uma apresentação para expor a situação ao Conselho da área Petroquímica. Caprichou no detalhamento, mas deixou de lado as soluções. Naquele momento, ouviu de Alvaro Cunha e nunca mais esqueceu: “Você quer que a gente fique surpreso, espantado? Mas o que deve ser feito, qual é a solução? Nunca mais apareça aqui com um problema e sem uma sugestão de solução.” A lição foi passada em tom amistoso e com uma dose de humor, mas a mensagem era clara. “Esse é outro traço importante de líderes com quem trabalhei. Bom humor e, ores sobretudo, otimismo.” Alguns anos depois, conviveu com Marcelo Odebrecht, na época Vice-Presidente de Investimentos da área Petroquímica e hoje Diretor-Presidente da Odebrecht S.A. Em 2002, Marcelo convidou Fadigas para trabalhar na área financeira da Construtora Norberto Odebrecht (CNO), onde passou a ser Diretor em 2004. “Sempre me chamou a atenção no Marcelo o seu otimismo. Essa é uma característica muito forte e um ensinamento que trago sempre comigo. Ser empresário é acreditar. Antes de construir, você precisa acreditar”, enfatiza. Emílio Odebrecht também foi uma importante referência na sua formação. Chamava a atenção de Fadigas a dinâmica de pensamento e ação, além do jeito cativante de liderar. “Dr. Emílio, de uma forma muito pessoal e carismática, sempre provoca as pessoas a irem cada vez mais longe, pensar cada vez maior. Assim como com Alvaro Cunha, minha relação com ele era de inspiração.” Aos 41 anos, Líder Empresarial da Braskem, Fadigas afirma: “Sempre acreditei no poder de realização das pessoas, que somos plenamente responsáveis pela construção do nosso destino, e que precisamos saber o que queremos”. Para ele, a confiança, a delegação planejada e a parceria desenvolvem e fortalecem esse tipo de sentimento nas pessoas. “Hoje, olhando para esse passado recente, percebo que duas coisas foram muito importantes na minha trajetória: os líderes que tive e a aderência dos valores pessoais que recebi de meus pais com os da TEO”, enfatiza. O tempo e a presença dedicados pelos líderes Da petroquímica para a engenharia. Década de 1980. Aos 25 anos, Benedicto Barbosa da Silva Júnior ingressava na Odebrecht por meio da Companhia Brasileira de Projetos e Obras – CBPO. Essa história teve início graças a uma apresentação sobre o programa de trainee da empresa, realizada na Escola de Engenharia de Lins (SP), onde ele estudava. Na oportunidade, ficou impressionado com a forma como a CNO estruturava o crescimento e desenvolvimento dos seus integrantes. “Era para mim uma visão diferente de como se relacionar com as pessoas“, explica. De início, ficou seis meses no escritório central da empresa em Osasco (SP), no Setor de Orçamentos e Custos, apoiando a elaboração das propostas. Logo depois, foi para a Barragem dos Flores, um projeto de contenção de enchentes, no Maranhão. “Foi uma experiência bastante rica, que durou quatro anos. Ali percebi que tudo o que eu vi no escritório, no setor de proposta, se materializava dentro do canteiro.” Em três anos, Júnior, como é chamado pelos colegas de longa data, passou de trainee a diretor de contrato. “Passei por todas as áreas: primeiro comercial, depois equipamentos, produção e engenharia”. Para ele, foi o momento de assimilar uma visão abrangente do negócio, além de aprender a se relacionar e dar resultado como liderado ao mesmo tempo em que passava a liderar. “Esse crescimento se deve à minha vontade de trabalhar e aos meus líderes, que dedicaram tempo e presença para me formar. Tive a sorte de trabalhar com Pedro Novis, Renato Baiardi e Getúlio Giacóia. Agora tenho contato com o Marcelo Odebrecht, que complementa minha visão empresarial com seu arrojo.” Em meados de 1988, o jovem Benedicto foi para o Rio de Janeiro, de modo a assumir o setor comercial da Linha I do Metrô de Copacabana. “Saí de uma obra de R$ 100 milhões para uma de R$ 400 milhões, com grande complexidade, em área urbana e de alto risco, que requeria um relacionamento muito próximo com a comunidade.” Destacou-se e rapidamente assumiu novas e maiores responsabilidades. Em dois anos, chegava novamente a diretor de contrato. “Essa obra para mim foi um teste de fogo, na qual aprendi muito e me qualifiquei para desafios ainda maiores”, relata. Com o aprendizado adquirido, foi participar da construção da Usina Hidroelétrica de Xingó, na divisa de Sergipe com Alagoas, assumindo a Gerência de Administração Contratual. Então chegou o momento de partir para o mundo. Em 1993, aos 33 anos, seguiu para a China, onde trabalhou o mercado para a construção da Usina Hidrelétrica Tiangsianqiao, e, um ano depois, assumiu o mercado do Sudeste Asiático, como diretor executivo. “O prestador de serviço precisa ser humilde na sua essência. A experiência no exterior nos ajuda nesse sentido”, ensina. Hoje, como Líder Empresarial da Odebrecht Infraestrutura, ele se lembra disso o tempo todo. Para Benedicto, uma das coisas que atraem o jovem no modelo da Odebrecht é que, com base em um planejamento, a empresa delega, transferindo responsabilidade e autoridade no programa pactuado. “Quando o jovem se adapta, ele fica. Aqui, independentemente do nível hierárquico, as pessoas interagem para buscar o que é o certo. É importante que o integrante perceba que tem espaço para crescer e provoque seu líder para que as oportunidades sejam dadas. Não dá para ficar esperando.” informa 37 Sobre a importância de preparar as novas gerações, Benedicto diz que a formação de pessoas está na essência da empresa e que o papel mais nobre do líder não é o de buscar negócios diferenciados e sim o de transferir o que aprendeu para a geração que vai sucedê-lo. “Nós estamos conduzindo uma Organização que, na geração anterior à nossa, superou desafios que muitos acreditavam ser impossíveis. Então hoje, nós temos a responsabilidade de preparar os jovens que irão nos suceder e conduzir a Organização a um patamar ainda mais elevado e solidificado.” Convites que mudam uma vida Euzenando Azevedo, Líder Empresarial da Odebrecht Venezuela, lembra-se bem do dia que terminou sendo o mais decisivo para seu ingresso na então Construtora Norberto Odebrecht, há 35 anos. “Quase um ano e meio depois de me formar em Engenharia Civil, em Pernambuco, fui chamado pelo Gerente de Contrato Girleno Gadelha Cordeiro para uma entrevista no escritório da empresa em Recife”, conta. O encontro aconteceu no início da noite e correu bem. Porém, já no fim da conversa, ele foi surpreendido por Girleno: “Gostei da entrevista, mas só vai servir para algo se você for comigo amanhã para uma obra em Maceió. Você pode estar às 5 horas no aeroporto?” Aos 23 anos, de origem humilde e vindo de uma cidade com menos de 5 mil habitantes no interior de Pernambuco, Euzenando não conseguiu esconder o choque. Então veio a provocação de Girleno. “Se você quer assumir desafios na sua vida adulta, esse é o primeiro.” No dia seguinte, uma terça-feira, às 4 horas da manhã, lá estava Euzenando no Aeroporto dos Guararapes. “Evidente que na noite anterior não dormi, ansioso para saber o que ele queria comigo”, relata. Pegaram um avião rumo a Maceió. No caminho, conversaram sobre família e outros assuntos fora do âmbito profissional. Chegando ao destino, encaminharam-se a um terreno onde havia um barracão de madeira. Girleno pediu para o porteiro chamar o encarregado de obra e o encarregado administrativo financeiro. Para o espanto de Euzenando, ele foi apresentado à equipe da seguinte forma: “Este é o novo gerente de obra”. Assim começou a história de Euzenando na Odebrecht, trabalhando com Girleno Gadelha na equipe do DiretorSuperintendente, Murilo Martins. A obra era a construção de um edifício residencial para a Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil – Previ. A empreitada foi um sucesso e durou um ano e meio. “Já era casado, e minha esposa estava grávida de sete meses do nosso primeiro filho quando a obra estava terminada”, conta. Depois disso veio a construção de uma nova unidade das Lojas Americanas, também em Maceió. 38 informa Carlos Fadigas: líderes com otimismo Na sequência, após concluir alguns projetos na cidade, Murilo Martins – a quem Euzenando já estava ligado diretamente – convidou-o a assumir um programa em Fortaleza. “Aprendi com Murilo a enxergar o macro, mas sem perder os pontos focais, as pequenas particularidades, que podem fazer a diferença entre o êxito ou o fracasso”, diz. Em 1984, já como Gerente de Contrato e com 32 anos, identificou uma oportunidade para a empresa no Rio Grande do Norte. Com o sinal verde de seu líder, Euzenando ganhou ainda um reforço de peso. “Murilo colocou para me apoiar Laerte Rabello (falecido em 2000), então Responsável por Desenvolvimento de Negócios, que foi um grande professor e a quem eu devo toda a minha capacidade de relacionamento e negociação com cliente”, enfatiza. Juntos conquistaram o contrato do porto e seguiram acreditando no potencial do mercado potiguar. Reconhecido pelo desempenho, Euzenando assumiu também o desenvolvimento de negócios no Piauí e no Ceará. Em 1994, ele aceitou uma missão que mudaria sua vida e que lhe foi confiada pelo então Líder Empresarial Renato Baiardi: negociar, na Venezuela, a dívida de um contrato de construção de um grande centro comercial, o Centro Lago Mall, que havia sido interrompido com a extinção do Banco de Maracaibo. Após a operação, deveria encerrar as atividades da construtora no país. “Foi minha primeira viagem para fora do Brasil. Cheguei em Caracas no dia 23 de abril 1994, estava sozinho, mas tinha na minha bagagem o conhecimento que Laerte e Murilo tinham me passado”, relembra. Benedicto Júnior: preparação dos jovens Euzenando não tinha domínio algum da língua espanhola e passou a estudar o idioma e o país até oito horas por dia. Depois de um tempo conhecendo as particularidades locais e já falando espanhol, chegou à conclusão de que a Venezuela era uma terra promissora para a Odebrecht. Ele estava convencido de que a empresa podia não apenas encontrar uma forma de receber o que lhe era devido, mas também finalizar a obra do centro comercial. Demonstrou isso a seu líder Renato Baiardi e, a partir daí, sua missão seria a de ficar no país e desenvolver o mercado. “Recebemos todo o dinheiro devido e, mais adiante, passamos a conquistar contratos no interior do país e em Caracas, obras que contam a nossa história na Venezuela.” As obras no Metrô de Caracas, iniciadas em 1998, são um marco na atuação na Venezuela, pois garantiram a sobrevivência e possibilitaram o crescimento da Organização no país. Euzenando é grato àqueles que lhe apoiaram, indicaram caminhos e inspiraram seu estilo de liderança. “Se tive três grandes professores na minha vida, esses foram Murilo Martins, Laerte Rabello e Renato Martins. Com Baiardi eu tenho um sentimento de gratidão, pois mesmo sem ter tido convívio direto, ele acreditou na minha capacidade.” Em 2011, Euzenando completou 17 anos vivendo em Caracas, onde se considera integrado e feliz. “Consolidamos a atuação e estamos há um bom tempo entre os mercados mais importantes da Organização, atuando como uma empresa local que entende, respeita Euzenando Azevedo: motivação de iniciante e incentiva a cultura venezuelana”, sublinha. Ao olhar para trás, o engenheiro pernambucano considera-se realizado. “Em nenhum momento me questionei sobre aquela decisão de entrar no avião com Girleno Gadelha, em 1977, e ir para Maceió. Venho sempre trabalhar com aquela mesma motivação do primeiro dia.” Três companheiros de geração “A geração da qual faço parte é privilegiada, pois teve a oportunidade de conviver, no cotidiano, com o fundador da Organização e conceituador da TEO, Dr. Norberto”, explica Luiz Villar, integrante do Conselho de Administração da Odebrecht S.A. Junto com ele, fazem parte dessa mesma geração outros dois membros do Conselho: Renato Baiardi e Pedro Novis. Em 1969, ainda cursando a Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, Luiz Villar integrava um grupo de jovens engenheiros recrutados por Norberto Odebrecht e que teve a responsabilidade de absorver a experiência dos mestres de obras, muitos deles formados por Emílio Odebrecht, pai de Norberto, e que estavam chegando à idade de aposentadoria. Logo que começou a trabalhar, Villar percebeu que as atitudes e postura trazidas de casa, como o espírito de servir e a busca do autodesenvolvimento, tornaram natural seu alinhamento com a Organização. “Quando ingressei na empresa, ainda estagiário, encontrei o ambiente perfeito para fortalecer esses dois conceitos e praticar um terceiro, o da parceria. Mais tarde, vim a entender a com- informa 39 Renato Baiardi: patrimônio humano e filosofia pleta dimensão da parceria, que envolve também uma comunhão sobre valores e comportamentos.” Seu primeiro líder foi Alípio Lima, hoje Conselheiro Consultivo da Organização. Segundo Villar, Alípio sempre foi uma pessoa muito sensível e preocupada em desenvolver as pessoas. Suas conversas eram mais sobre comportamentos e valores que sobre engenharia. Outra qualidade era a de facilitar o contato direto com Norberto Odebrecht, que dava seu apoio em questões mais complexas. “Lembro-me de que, aos 22 anos, eu estava à frente de um empreendimento importante para a Bahia e para a Organização: as obras civis da Usiba. Nessa época, fui chamado para ter uma primeira conversa com Dr. Norberto, após uma visita que fez às obras, sem a presença de Alípio. Não lembro mais o motivo, mas aconteceu de eu discordar dele, e Dr. Norberto não usou nem a autoridade do mais velho, nem do mais experiente, nem do dono da empresa, usou apenas sua paciência de educador. Não me recordo que tese prevaleceu, mas essa postura generosa e de permitir a contestação me marcou muito. Aprendi que criar o ‘clima’ é uma responsabilidade do líder-educador.” O início da vida profissional de outro jovem estudante de engenharia, Renato Baiardi, também foi de fácil adaptação. Baiardi tinha um primo que trabalhava na Odebrecht e, perante a família, o parente era o símbolo do profissional bem-sucedido. “Então minha mãe sempre dizia que eu tinha que trabalhar na mesma empresa. Como meu pai conhecia Dr. Norberto, 40 informa Luiz Villar: a completa dimensão da parceria não foi difícil entrar na Organização, em 1967, ainda como estudante.” Na época, para Baiardi, a empresa já era completamente diferenciada de todas as outras. Segundo ele, enquanto as demais construtoras eram fortes em equipamentos e patrimônio físico, a Odebrecht era forte em patrimônio humano e filosofia. Assim como o amigo Luiz Villar, com quem trabalhou em obras importantes, como o Aeroporto do Galeão e a Usina Nuclear de Angra I, Renato Baiardi teve, desde o início, uma contribuição bastante relevante de Norberto Odebrecht na sua formação. “Tive a felicidade de, nos primeiros 12 anos de carreira, conviver de maneira muito próxima com Norberto Odebrecht, na mesma época em que acontecia a conceituação e sistematização da nossa Tecnologia Empresarial”, relata. Baiardi lembra com carinho um dos seus primeiros encontros com o fundador, quando ouviu: “O importante não é quem está certo e sim o que é certo”. O jovem recém-chegado identificou-se com esse tipo de valor e viu a oportunidade de aprender e se desenvolver profissionalmente na empresa. “Já nessa época, Norberto não fazia distinção de idade para delegar desafios. E foi assim comigo porque recebi desafios que acreditava serem maiores que a minha capacidade, mas, ao mesmo tempo, tive mestres e encarregados experientes que me ajudaram muito”, salienta. Um dos primeiros encarregados, com quem trabalhou e de quem lembra com carinho é o técnico em engenharia mecânica Osmar Macedo, um dos criadores do Trio Elé- Pedro Novis: confiança, apoio e incentivo trico e falecido em 1997. “Era um grande profissional de serralheria e pessoa de grande valor. Lembro-me de que depois do expediente fazíamos uma roda para tocar violão e cavaquinho, que era o momento de descontração da turma da obra”, conta, sorridente. Quem também aproveitou ao máximo as oportunidades para absorver conhecimento com líderes históricos é Pedro Novis. Então estudante do 3º ano de Direito, ingressou na Odebrecht como estagiário, em 1968. “São 42 anos de trabalho. Fiz minha carreira e tive todas as oportunidades que você possa imaginar que um profissional de jovem a maduro pode ter”, afirma, com orgulho. Nessa trajetória, ele aponta dois períodos marcantes de sua contribuição: o primeiro, como Líder Empresarial da CBPO; e o segundo, como Diretor-Presidente da Odebrecht S.A., entre 2001 e 2008, quando foi sucedido por Marcelo Odebrecht. Segundo Novis, ainda como um jovem trainee ele encontrou na empresa um ambiente no qual três aspectos se destacavam: “o primeiro é o da confiança. Essa atitude genuína que permeia toda a Organização, de acreditar no potencial e na capacidade de realização das pessoas e delegar; o segundo é a visão desenvolvimentista, de crescer, contribuir e se renovar; o terceiro é um misto de visão de empresário com certa continuidade do que foi minha vida familiar. Eu venho de uma família de empresários e encontrei na Odebrecht a oportunidade de, mesmo não sendo o controlador, me comportar como se o empresário fosse”. Uma situação que, de acordo com Novis, mostra com perfeição a figura do líder provocando situações de desenvolvimento para o liderado aconteceu com Norberto Odebrecht. No início dos anos 70, na época em que atuava na área imobiliária, Pedro Novis conduzia um projeto que envolvia um plano diretor ambicioso, direcionado para a região do Iguatemi, em Salvador. Para viabilizá-lo, o jovem precisava adquirir um terreno de um milhão de m² ou 100 hectares, que era disputado por outros empresários. Foi então que, com Norberto Odebrecht em férias, Pedro Novis preparou uma oferta irrecusável e convenceu o proprietário a vender o terreno. “Ele aceitou, fechamos o negócio e fui providenciar, no auge dos meus 23 anos, a redação do contrato de compra e venda”, relata. O documento foi assinado, mas, logo depois, os concorrentes conseguiram identificar brechas e falhas, e convenceram o proprietário a rescindir o contrato, devolver o sinal e fechar o negócio com eles. “E assim aconteceu. Restava a mim comunicar ao Dr. Norberto que eu havia comprado, mas tinha perdido o terreno.” A partir daí, continuou com a missão de renegociar a área já em posse da concorrência. Depois de um alguns meses de difíceis negociações, fechou o negócio e conseguiu dar sequência aos planos. “E qual a moral dessa história?”, pergunta o próprio Pedro Novis. “Primeiramente, a delegação que me foi dada e que me levou a um erro. Tive que encontrar formas de superar esse erro e isso custou muito, pois tivemos que pagar um sobrepreço considerável. Mesmo assim, em nenhum momento, Dr. Norberto me questionou de forma depreciativa, me repreendeu ou se mostrou desgostoso pelo fato de a primeira tentativa ter sido frustrada.” Muito pelo contrário, ele diz, as palavras que ouviu foram de apoio e de incentivo. Para Novis, ficou o ensinamento da segurança e incentivo que um líder transmite e o efeito desses gestos no processo de educação de um jovem que está em busca da maturidade profissional. “Essa é uma atitude que nunca vi ninguém aqui dentro ter com tanta coragem e coerência como teve e tem Dr. Norberto, ao longo de sua vida”, diz. Para o colega Luiz Villar, o caso faz parte do Treinamento em Serviço. “Delegar tem essa necessidade. Tanto o líder quanto o liderado precisam ter coragem e entender que podem existir erros. Mesmo assim, temos o pleno entendimento de que se você aproxima a delegação de quem está prestando diretamente o serviço ao cliente, a decisão adotada sempre será a mais correta.” Renato Baiardi reforça a mensagem: “Os desafios estão cada vez mais complexos. O crescimento sustentável só se dará pela formação de novos e competentes empresários que entendam e pratiquem esses e outros ensinamentos da TEO”. informa 41 a compr do lid Eles passaram por experiências diversificadas e marcantes nos canteiros de obra, o que contribuiu de forma decisiva para sua formação como líderes 42 42 informa eensão sentido de erar Bruno (à esquerda) e Gilberto: atuação em diferentes programas e ambientes vem possibilitando a cada um deles oferecer uma contribuição qualificada para o crescimento da BPC texto Cláudio Lovato Filho fotos Ricardo de Sagebin M uito antes de descobrir o significado deste conceito, Bruno André Jimenez Medeiros já era uma pessoa do mundo. Nascido em Bruxelas, em 1973, filho de pai português e mãe espanhola, mudou-se com a família, aos 3 anos de idade, para Moçambique. Viveu em Maputo por 10 anos e, então, regressou à Bélgica, onde morou mais quatro anos. Depois disso, Portugal. Em Coimbra, em 2001, formou-se engenheiro civil. Naquele ano, ingressou no Programa Jovem Parceiro da Odebrecht – Bento Pedroso Construções (BPC). Mal sabia que sua vida de cidadão do planeta estava a ponto de ser retomada, agora com sua completa compreensão do que isso significava. Pela Odebrecht, depois de atuar em obras em Portugal, Bru- no foi para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e para Djibuti, na costa leste da África. Experiências decisivas para seu desenvolvimento pessoal e profissional. De volta a Portugal, assumiu, em maio de 2009, a liderança das obras do IC 32 – Subconcessão do Baixo Tejo, projeto viário na região metropolitana de Lisboa. informa 43 De Jovem Parceiro a Diretor de Obra, Bruno vem tendo, na Organização, uma trajetória capaz de inspirar os jovens que buscam aproveitar, da melhor forma possível, suas oportunidades de crescimento. Em setembro de 2001, Bruno estava com um posto de trabalho garantido em uma empresa espanhola. Ele já havia passado pelas entrevistas para ingresso no Programa Jovem Parceiro da Odebrecht, mas o chamado não vinha, e os espanhóis tinham pressa. Até que, quando se preparava para dar uma resposta positiva a eles, o telefone tocou. Era Ênio Silva, da Odebrecht, convidando-lhe para se integrar à equipe que participava da construção da Rodovia A-2, ligação entre Lisboa e o Algarve. “Era uma obra com logística complexa. Havia muitos desafios, e desafios são oportunidades”, diz Bruno. Ele era responsável por fundações e pilares. Morou dois anos no lhista e praticar a boa comunicação.” Outras obras vieram, como a Ferrovia Tunes-Faro e as concessões rodoviárias do norte (Aenor). Experiências que ajudaram a formar um líder. Em 2004, Bruno participou do foto: com meus líderes, aprendi o quanto é importante ser deta- Gisela Scheinpflug Alentejo, em um povoado chamado Almodovar. “Nessa obra, Marcos: “Não podemos ter medo de errar, pois a empresa precisa de pessoas de caráter e coragem” Programa de Desenvolvimento de Empresários (PDE). Foi seu primeiro contato com a Odebrecht fora de Portugal. Em Foram pessoas que me mostraram que, para ser líder de Salvador, interagiu diretamente com o fundador Norberto verdade, é preciso estar disponível e se dedicar à tarefa de Odebrecht e outros líderes históricos da Organização. ajudar as pessoas a se desenvolverem.” A oportunidade de atuar no exterior veio em 2006, em Emirados Árabes Unidos, transferiu-se para Djibuti. Ali, de “Somos responsáveis pelos que trabalham conosco” início, foi o responsável pela cravação de estacas nas obras Um dos líderes de Bruno foi Gilberto Vidal Ramos da Dubai, em uma obra rodoviária. Depois de um ano nos do Terminal de Contêineres de Doraleh, no Porto de Djibuti. Costa. Eles trabalharam juntos nas obras da Aenor. Da mes- Pouco tempo depois, tornou-se Responsável pela Produção ma forma que Bruno, Gilberto formou-se engenheiro civil de toda a obra do cais. Em Djibuti, Bruno teve sua primeira em Coimbra, onde nasceu, e ingressou na Odebrecht logo experiência em uma área diferente da de Produção: passou após a conclusão da faculdade, em 1990. Gilberto é hoje o a integrar e depois a liderar o Programa Comercial. “Foi Diretor de Contrato que lidera a construção da Hidrelétrica uma nova experiência profissional, uma boa mudança, para do Baixo Sabor, no interior do norte de Portugal. a qual eu havia criado as condições”, relata. versitário, Giberto teve seu primeiro contato com a filosofia Bruno é grato aos aprendizados que colheu e às oportunida- da Odebrecht. Lembra-se de que ficou fascinado. “Eu havia des que recebeu nesses 10 anos de trajetória na Odebrecht. tido contato anterior com o mercado, mas a Odebrecht era Para ele, nada é mais importante do que formar pessoas. diferente. A forma de gestão descentralizada, a delegação “Esse é o nosso desafio maior”, salienta. Sua equipe direta, planejada, o foco no cliente, enfim, a cultura empresarial, composta de seis gerentes, é jovem. O mais novo deles tem nada disso tinha a ver como o que eu já conhecia.” Gilberto chegou a Viana do Castelo, no norte de Portugal, 30 anos. 44 Quando ainda estava na fase de conclusão do curso uni- Hoje, depois de dois anos à frente da obra do Baixo Tejo, “A convivência com líderes de personalidades diferentes como trainee e integrante do Programa de Engenharia nas foi importante para a minha formação como líder e como obras de construção dos acessos à nova ponte sobre o Rio educador”, afirma Bruno. “Eles me deram exemplos fortes. Lima. Foram cerca de nove meses de uma experiência que informa marcou para sempre o jovem engenheiro. Depois disso, com Um fato no início da trajetória de Marcos na Odebrecht a conquista de grandes obras no Porto, mudou-se para lá, de pode ajudar a explicar por que ele está hoje em condições modo a assumir novos desafios. No início de 1995, tornou-se de superar os desafios que enfrenta em Moçambique. Em responsável pelas várias obras rodoviárias e ferroviárias na 1999, aos 24 anos, ele assumiu como engenheiro de produ- região do Porto, com destaque para a construção do Anel ção no projeto de Canalização do Rio Cabuçu de Cima, em Viário da cidade. “A construção de uma autoestrada dentro de Guarulhos (SP), uma obra realizada no meio de favelas por uma cidade é sempre uma obra de grande complexidade”, diz onde passaria o canal. “Eu estava em um momento em que Gilberto. Naquele mesmo ano, foi convidado a participar das o que mais importava era obter conhecimento. Eu tinha um comemorações dos 50 anos da Organização Odebrecht, em líder comprometido com a minha formação e dois mestres Salvador. “Foi um momento marcante”, ele relembra. de obra que tinham mais tempo de empresa que eu de ida- O período foi de muitos aprendizados para Gilberto. “O de. Eu disse a eles, em conversas particulares: ‘Mestre, não contato direto com o cliente me fez entender melhor a re- tenho experiência neste tipo de obra, mas estou aqui para lação acionista-cliente. Foi uma oportunidade que tive de apoiá-lo’. Depois disso, uma relação de confiança se con- mostrar aos nossos contratantes como a Odebrecht era di- solidou, a ponto de, cinco anos depois, eu levar um deles ferente e que iria apoiá-los e satisfazê-los em todas as suas comigo para Angola.” necessidades. Isso agregou muito à minha formação.” Marcos chegou a Angola em junho de 2003, para assumir Em 1998, já como Diretor de Contrato, Gilberto passou a Gerência de Produção nas obras do Condomínio Atlânti- a participar da fase embrionária da atuação da Odebrecht co Sul, em Luanda. “Encarar o desafio de ir para Angola foi em concessões rodoviárias em Portugal. Era uma época em a melhor decisão que eu poderia ter tomado no meu início que os governos começaram a investir fortemente em con- de carreira”, ele afirma. “Quando cheguei, o país vivia a fase cessões como forma de viabilizar economicamente grandes final dos conflitos armados e estava com sede de cresci- projetos. A participação de Gilberto nesse campo possibili- mento. A experiência em Angola me fez perceber como as tou-lhe ampliar a visão profissional e aprimorar-se como pessoas da Organização, com base em sua filosofia, se empresário. De forma semelhante ao que ocorreu com as adaptam a novos ambientes e situações, e fazem acontecer.” concessões, Gilberto também esteve presente nos primeiros Em 2005, Marcos participou do PDE, segundo ele “uma movimentos relacionados ao projeto do trem-bala Lisboa- experiência única, com uma energia excepcional por causa Madri. É uma atuação empresarial bastante diversificada, de toda a troca de experiências entre pessoas de diferentes ele admite – e comemora. “Precisamos mudar, as mudan- gerações”. Munido da experiência inicial em Guarulhos, dos ças são estimulantes”, enfatiza. “Temos de buscar sempre anos passados em Angola e do reforço do PDE, Marcos fez novos desafios e, sobretudo, jamais estar satisfeitos com os as malas e rumou para Moçambique. “É um orgulho fazer resultados que alcançamos.” parte de um projeto pioneiro e sentir o quanto ele é impor- A missão de formar pessoas é o que mais motiva Gil- tante para o progresso do país, ao gerar um impacto signi- berto. “É preciso conhecer as pessoas, conversar com elas, ficativo para uma região antes sem grandes investimentos.” dentro e fora do canteiro”, salienta. “Somos responsáveis pelas pessoas que trabalham conosco.” “Mestre, eu não tenho experiência” Convidado a deixar uma mensagem aos jovens que estão ingressando agora na Organização, diz: “Pode parecer óbvio, mas pratiquem a TEO. Entendam que a Organização parte do princípio da confiança no ser humano e, por isso, delega, De Portugal a Moçambique, para uma outra história de dando-nos liberdade para sempre irmos em busca do que é crescimento. Marcos Martins de Camargo, nascido em Ara- certo. Não podemos ter medo de errar, pois a empresa pre- çatuba (SP), formou-se em Engenharia Civil pela Fundação cisa de pessoas de caráter e coragem”. Gilberto Costa re- Armando Álvares Penteado (FAAP) em 1997, aos 23 anos. força: “Conheçam a Organização, identifiquem-se com seus Naquele mesmo ano, ingressou na Odebrecht como Jovem valores e dediquem-se a estar sempre insatisfeitos com os Parceiro. Desde 2009, ele é Gerente de Construção do Pro- resultados alcançados”. Bruno Medeiros finaliza: “Estejam jeto Carvão Moatize, no interior de Moçambique. “Desde o sempre prontos para mudar (e se mudar, acrescenta, de início desta obra, sabíamos que não seria fácil, pois, além de maneira bem-humorada). Obtenham conhecimento, sobre- estarmos entrando em um novo país, trabalhamos em uma tudo com a vivência cotidiana do trabalho e da vida e com o região remota, a 1.500 km da capital, Maputo.” contato com as pessoas”. informa 45 PERFIL PERFIL:Johann Gustavo Bremmer Silveira O dever (e o prazer) de se adaptar No exterior, ele ampliou seus horizontes. Hoje, em Nova Orleans, participa da realização de um sonho da comunidade texto Cláudio Lovato Filho foto Lia Lubambo G ustavo Silveira era engenhei- lhe ampliou os horizontes sobre a Or- reerguimento da cidade onde o jazz ro civil recém-formado pela ganização, o trabalho e a vida. Pouco nasceu. De início, Gustavo, sob a li- Universidade Católica de tempo depois, novamente a convite derança de Dimas Salvia, participou Salvador quando recebeu do Diretor de Paulo Suffredini, Gustavo lançou- da construção de dois levees (diques) de Contrato Paulo Suffredini o con- se a um novo e marcante desafio: que fazem parte do sistema de prote- vite para conhecer as obras da Bar- foi para o Iraque e o Kuait atender o ção de Nova Orleans. Na sequência, ragem de Seven Oaks, na Califórnia, Army Corps of Engineers, o mesmo a Odebrecht conquistou mais duas em 1998. E o que seria apenas um cliente de sua estreia profissional na obras na cidade, também relaciona- programa de trainee com duração de Califórnia. “Apesar de ter sido uma das ao sistema de proteção contra três meses tornou-se uma trajetória fase bastante conturbada para a re- enchentes e furacões. Ambas estão de 13 anos nos Estados Unidos. gião, sou profundamente grato por em andamento e, em uma delas, ter vivido a experiência de trabalhar Gustavo trabalha como Project Ma- no Oriente Médio”, diz Gustavo. nager (Gerente de Projeto), na equipe Depois do trabalho no condado californiano de San Bernardino, Gustavo transferiu-se para Miami, para inte- Um furacão o levaria de volta do Diretor de Contrato Rudy Armenta. grar a equipe da Odebrecht na cons- aos Estados Unidos. Em uma Nova “Devo muito aos desafios que te- trução do Performing Arts Center. Orleans devastada pela passagem do nho vivido no exterior”, diz Gustavo, Em 2006, ele participou da Programa Katrina, Gustavo juntou-se à equipe filho de pai mineiro e mãe baiana, de Desenvolvimento de Empresários da Odebrecht que contribuiu (e con- nascido há 36 anos no Rio de Janeiro (PDE), uma experiência poderosa que tinua a contribuir) para o completo e criado em Salvador. “A exposição a novos mercados e diferentes culturas fez com que meus horizontes se “Lidar com pessoas de diferentes nacionalidades, em distintas realidades contratuais, me tornou mais adaptável e preparado” abrissem. Lidar com pessoas de diferentes nacionalidades, em distintas realidades contratuais, tornou-me mais adaptável e preparado.” Nova Orleans tem proporcionado a Gustavo experiências pessoais e profissionais valiosas. Ali ele teve a oportunidade de trabalhar com o experiente mestre de obras Frank Doddi, um dos primeiros integrantes da Odebrecht nos Estados Unidos. “Ele 4646 informa se tornou um mentor e um amigo”, ning Village, a ser construído em empresa, confesso que fico muito diz Gustavo. um parque no centro de Nova Or- gratificado em termos pessoais.” A atuação na cidade também leans. Gustavo faz parte do comitê Ele completa: “Estamos ajudando o tem lhe permitido contribuir para que gere o projeto. Ele é respon- Estado da Louisiana e o Childrens’ a integração da empresa à comu- sável pela participação da Odebre- Museum a realizar um sonho”. nidade. Nesse sentido, um dos cht, que fornece suporte técnico de Uma contribuição que resulta, so- destaques é o relacionamento com design e construção, levantamento bretudo, em conquista de confiança o Louisiana Chidrens’ Museum, topográfco e estudo geotécnico. e integração à realidade local – ob- instituição pública que desenvolve “Vejo isso como um exemplo do tipo jetivos que fazem parte da filosofia um projeto para a criação de um de comprometimento social que te- da Organização Odebrecht e que centro de apoio e ensino familiar, mos com a comunidade ao nosso Gustavo aprendeu, ainda bastante uma iniciativa de inclusão social e redor. Fora os resultados tangíveis jovem, a ter como prioridades per- educacional chamada Early Lear- e intangíveis para a sociedade e a manentes em seu trabalho. informa informa 47 48 garra em campo 48 informa Coordenar equipes e transmitir a elas a ideia de que crescer depende de assumir desafios maiores: é o que fazem Johnny e Franyine em Puerto La Cruz e Caracas texto Ana Cecília Americano fotos Andrés Manner Johnny: satisfação em prestigiar, desafiar e acompanhar os liderados informa 49 E nquanto no sul da Venezuela Johnny Alberto Gamboa, 50 anos, é o Responsável pela Sala Técnica de Engenharia nas obras da Hidrelétrica Manuel Pilar (Tocoma), em um dos afluentes do Rio Orinoco, no norte do país, em Caracas, Franyine Alcala, 31 anos, lidera a Sala Técnica de Engenharia na construção do Metrô a Cabo de Mariche e do Trem Aéreo Bolivariano. Pela diferença de idade, poderia-se supor que am- “O que tenho a oferecer é a minha energia e a minha capacidade de ação” bos tivessem estilos diferentes de gestão. Mas os dois, Franyine apesar de serem de gerações distintas, comungam de uma mesma filosofia de trabalho e de vida: a Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO). São ávidos por novos desafios e participam de uma corrente de transmissão de conhecimento que forma novos líderes. Educador nato “Gamboa”, diz seu líder direto, o engenheiro Mauro Leite Martins, “é um líder-educador nato”. Engenheiro mecânico formado pela Universidade de Oriente, de Puerto de La Cruz, Gamboa traz na bagagem a experiência de quem já trabalhou no lançamento de tubulações para transporte de petróleo para a PDVSA, estatal de petróleo venezuelana, na construção de uma fábrica de cimento e nos projetos de duas pontes sobre o Rio Orinoco. 50 Mauro Martins resume: “Gamboa treina e prepara as equipe que detalha as especificações de dutos, arma- pessoas com muita paciência e faz questão de repassar ções, formas, pré-moldados, parte elétrica, carpintaria a cultura da empresa à sua equipe”. Também sabe ser e outros serviços que norteiam os colegas no campo de firme na cobrança de resultados. Mas é no nível do rela- trabalho. cionamento pessoal com Gamboa que Martins reserva o A hidrelétrica, também conhecida como Tocoma, é maior elogio: “Ele é o meu irmão venezuelano”. A parce- um investimento de US$ 2 bilhões e deverá converter a ria dos dois teve início nos projetos da segunda e terceira força do Rio Caroní em 2.160 MW. A obra é realizada por pontes sobre o Orinoco e agora segue em Tocoma. um consórcio de três empresas – Odebrecht, Impregilo Os dois engenheiros alimentam uma admiração mú- (Itália) e Vincler (Venezuela). Johnny Gamboa é um dos tua. O venezuelano, que eventualmente substitui Martins profissionais da Odebrecht que faz a interface com in- na Engenharia da hidrelétrica, faz questão de se referir tegrantes das outras duas empresas, administrando as ao líder com afeto. “Aprendi com ele técnicas de enge- diferenças culturais. nharia e condução dos negócios. Mas, o mais importan- Com a equipe, algumas rotinas tornam os resultados te, é que ele me mostrou como enfrentar situações de mais eficientes. “Tenho reuniões diárias com meu líder vida”, conta, referindo-se, sobretudo, ao relacionamento e meus liderados”, diz. E semanais com o seu Diretor de com colegas, liderados e líderes. “Sigo seu exemplo”, Contrato, José Carlos Prober. Um calculista avaliado por assegura Gamboa, com orgulho. Mauro Martins como excepcional, Gamboa dedica 40% À frente de uma equipe de 33 pessoas, Gamboa tem do seu tempo a coordenar sua equipe. “Tenho líderes a responsabilidade de manter o ritmo da obra. Ele e sua intermediários que também coordenam suas equipes”, equipe elaboraram os planos e desenhos para a execu- diz. Ele admira as novidades no processo de formação ção da obra, na qual o trabalho é realizado sem inter- de seus jovens liderados, que dominam ferramentas rupções, 24 horas por dia, sete dias por semana. É sua sofisticadas de computação. “Quando me formei, tinha informa de fazer todos os cálculos à mão. Hoje, um cálculo que dade da Sala Técnica. Hoje acho que ele me enganou”, demorava três dias é feito em três horas”, exemplifica. afirma, rindo. Para ela, o que mais pesa na sua função Em seu entendimento, todos os integrantes de sua não é o trabalho em si, mas a noção da responsabili- equipe devem saber fazer um pouco de tudo: calcular, dade que o envolve. Por exemplo, o projeto de Mariche especificar, identificar materiais, desenhar. Para ele, – que normalmente levaria dois anos e meio para ser uma das prioridades cotidianas é ouvir e identificar as concluído – deverá ser entregue em menos da metade necessidades e expectativas da equipe. “Procuro ver o desse tempo. potencial de cada integrante, ampliar suas habilidades, Segundo Antonio Luiz Souza, Responsável por Enge- mas reafirmar seu conhecimento específico”, diz Gam- nharia nas obras do Metrô a Cabo, Franyine, à frente de boa. Ele destaca a importância de prestigiar o liderado um time de 15 pessoas, tem um perfil estruturado tanto dando a ele oportunidades crescentes de realizar – sem- por sua boa formação acadêmica quanto pelo aprendiza- pre com acompanhamento. do adquirido nos projetos das pontes sobre o Rio Orinoco. “Ela começou como estagiária e logo se destacou”, Complexidade “desmistificada” conta. Souza salienta, entre as qualidades da jovem en- Foi o que ocorreu com Franyine Alcala. Ela fazia parte genheira, a organização, a motivação e a humildade. da equipe de Gamboa na construção da Terceira Ponte “O que realmente tenho a oferecer é a minha energia sobre o Rio Orinoco. “Com ele, aprendi a me organizar, e a capacidade de ação”, diz ela. “Sou a primeira que pois me delegou muita responsabilidade”, lembra-se a chega, a última que sai”, garante, de bom humor. Franyi- jovem, elogiando a paciência do antigo líder. ne procura conhecer o que falta para cada um de seus Franyine, hoje com oito anos de Odebrecht, diverte- liderados e descobrir soluções para suas carências. E se ao dizer que o que Gamboa executava lhe parecia ressalta sempre aos seus liderados a importância social fácil. “Ao me preparar, ele desmistificava a complexi- das obras para os venezuelanos. informa 51 a arte ouvir e buscar o certo A jovem Luisa Carrión Rojas tinha aca- nha formação com o trabalho diário e por meio do contato bado de se graduar em Engenharia com integrantes mais experientes. Também procuro me Ambiental, em agosto de 2003, quando aperfeiçoar com cursos de especialização, com o apoio da ingressou no projeto da Rodovia Tingo empresa. Já cursei um MBA de Gestão Ambiental na Uni- María-Aguaytia, executada pela Odebre- versidade de São Paulo e atualmente faço Especialização cht Peru na região de Ucayali. “Eu era uma das poucas em Segurança, também na USP”, relata. mulheres do canteiro”, lembra. Apesar de estar longe da Em agosto de 2009, Edson Lemos, então Responsável família e, pela primeira vez, atuando em uma obra, Luisa Administrativo e Financeiro da Odebrecht Peru, convidou- adaptou-se rapidamente. a para liderar a equipe de Saúde, Segurança do Trabalho e “Conheci a Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO) Meio Ambiente (SSTMA). Um novo desafio assumido com e percebi que seus principais valores eram os mesmos o entusiasmo natural de Luisa. “A empresa nos dá muitas que eu tinha na minha casa: confiança e respeito”, conta. oportunidades. Não temos limites para crescer.” A peruana de sorriso fácil recorda-se, com carinho, dos Hoje, ela lidera uma equipe de quatro pessoas e primeiros líderes: o chileno Lyonel Laulié e o brasileiro coordena o trabalho de nove gerentes de SSTMA nos Daniel Vilar: “Eles me ensinaram que a TEO é uma filo- contratos. “Estabelecemos um caminho único com sofia de vida”. comunicação, respeito e confiança. Assim como a Luisa passou por muitos projetos no país – pelas IIRSAs Sul e Norte (rodovias) e pelos portos de Callao e Bayovar. “Quando entrei na empresa, complementei mi- TEO, consideramos a segurança, a saúde e o meio ambiente nossos valores”, explica. Adaptação rápida A cultura organizacional também foi um dos fatores para a rápida adaptação do baiano Nelson Bulhões, quando ele trocou Salvador por Lima. Desde 1995, Nelson mantinha contato com a Odebrecht atuando em empresas parceiras: “Sempre admirei a cultura da Organização”. Em 2006, ele recebeu um convite para liderar a 52 equipe de Finanças no Peru. “Encontrei um ambiente de confiança, disciplina, respeito e ética, no qual o espírito de servir está sempre presente.” No início deste ano, Nelson tornou-se Responsável Administrativo e Financeiro da Odebrecht no Peru, substituindo seu líder Edson Lemos, que passou a liderar o Pro- grama de Pessoas e Organização da Odebrecht América Latina e Angola. Nelson preparou-se para os novos desa- Luisa: confiança e respeito fios com cursos de capacitação e por meio da delegação planejada do líder. “Edson me ensinou a ouvir e a buscar sempre o certo, a influenciar e ser influenciado”, salienta. 52 informa 2 de Luísa e Nelson procuram transmitir a suas equipes os conhecimentos e sentimentos que lhes foram passados por seus líderes texto Fabiana Cabral fotos Geraldo Pestalozzi Luisa e Nelson são exemplos de integrantes da Odebrecht Peru que se aperfeiçoam por meio da Educação pelo Trabalho – contato com líderes e aprendizado diário e da Educação para o Trabalho – cursos de especialização voltados às suas áreas. “O desenvolvimento de pessoas depende também do crescimento da empresa. Quando juntamos o nosso conceito de formar integrantes com o crescimento organizacional, o processo fica mais dinâmico”, pontua Jorge Barata, Diretor-Superintendente da Odebrecht no país. Segundo ele, a superação de desafios e as oportunidades, acompanhadas da prática da TEO, são os principais elementos motivadores para o desenvolvimento profissional. Nelson: fortalecimento da prática da TEO A cultura fortemente presente No Peru, a disseminação e a prática da TEO são es- trodução à Cultura e dos que realizaram o programa há timuladas em todos os contratos desde o início da atu- alguns anos. “Reunimos os profissionais para novos cur- ação da Odebrecht no país, em 1979, ano de estreia da sos sobre a TEO”, informa. Organização fora do Brasil. “Nossa cultura é o elo entre Cursos de desenvolvimento voltados às áreas de Fi- profissionais de diferentes nacionalidades e tradições”, nanças, Custos e Pessoas e Organização, e programas comenta Barata. de Desenvolvimento de Carreira e de Formação de Novos Com o aumento do número de projetos e, consequen- Encarregados também são oportunidades de aprimora- temente, de integrantes, a partir de 2004, os programas mento oferecidas aos integrantes. “Contamos com par- de cultura foram intensificados. “Tínhamos 90% de pro- cerias de universidades e de outras instituições de ensino fissionais novos. Precisávamos fazer com que os 10% técnico. Baseados na Visão 2020, o nosso objetivo é cres- com mais tempo de empresa os influenciassem em rela- cer como empresa e estimular o crescimento dos profis- ção à nossa cultura”, conta Barata. sionais”, complementa Liliana. Cursos para a difusão da cultura foram criados, como Na liderança de suas equipes, Luisa e Nelson preocu- o Programa Ativadores da TEO e o de Introdução à Cul- pam-se em manter com os liderados a mesma relação tura para os novos integrantes. O tema foi incluído, ain- que tiveram e ainda têm com seus líderes. Luisa acredita da, em outros treinamentos, como no Programa Líderes que para a equipe gerar bons resultados é preciso que Capatazes – destinado aos encarregados das obras – e o líder acompanhe de perto o desenvolvimento de cada no Programa de Desenvolvimento em Contratos (PDEC) - integrante. “Sempre os incentivo a participarem de pro- voltado aos Responsáveis por Programa. gramas de capacitação e especialização”, exemplifica. Liliana Vértiz, Responsável por Pessoas e Organização Nelson completa: “Procuramos fortalecer a prática da no Peru, afirma que, anualmente, sua equipe realiza o TEO em nosso relacionamento, influenciando e sendo in- levantamento de integrantes que não passaram pelo In- fluenciados, na busca da superação de desafios”. informa 53 aprendiza 54 U que começaram texto João Marcondes fotos Lívia Aquino m adolescente de 15 anos faz uma viagem legação com responsabilidade e respeito. Mas, sobretudo, de férias para fora do Brasil. Ele visita seu ele transmitia a ideia de que é preciso ter mérito para con- pai, que reside na Cidade do México. Da quistar alguma coisa”, recorda-se Guilherme, que, hoje capital, viajam duas horas de avião até Los com 36 anos, é Diretor Operacional da Foz do Brasil no Moches. Depois pegam um carro e en- Projeto Aquapolo, em São Paulo. frentam três horas de estrada rumo a uma região de al- Parceria entre a Foz do Brasil e a Sabesp, o Aquapolo titude e semiárida. Uma pequena vila aproxima-se. Tudo destaca-se pela inovação. Utiliza água tratada dos esgo- modesto: um supermercado, barzinhos e casinhas. Os tos do ABC paulista para reúso industrial. De modo a lide- dois atravessam os tapumes, e um novo mundo revela- rar um projeto como esse, Guilherme passou por várias se: tudo é superlativo naquela obra. O maquinário, o nú- etapas dentro da empresa e teve vários líderes, a começar mero de trabalhadores, as escavações. pelo pai, em casa. Guilherme Paschoal não sabia que ali já estava dando Seu primeiro líder na empresa marcou-o pela os primeiros passos de imersão na cultura Odebrecht e experiência de vida e pelas realizações. Guilherme, na própria Organização, a qual estimula a integração das que ingressara na Organização em 1998, conheceu-o famílias com o ambiente de trabalho. O pai, o engenheiro quando tinha 23 anos e morava no interior da Bahia, Carlos Armando Guedes Paschoal, integrante da Organi- próximo a Eunápolis, onde participava da construção zação desde 1988, levara-o para conhecer a obra da Bar- da Hidrelétrica de Itapebi. Durante a implantação do ragem de Los Huites, no Rio Fuerte, Estado de Sinaloa, canteiro principal, Guilherme morou em um posto de até hoje lembrada pelos recordes em lançamento de con- gasolina, que servia como restaurante e dormitório, creto. Em Los Huites, chegaram a ser lançados 248 mil junto com outros jovens profissionais. “Aprendi muito m de concreto em um único mês. nesse tempo. Especialmente a esquecer o passado, 3 “Meu pai já praticava a TEO (Tecnologia Empresarial Odebrecht) em casa. Passava valores como confiança, de- 54 Guilherme, Sérgio, Ticiana e Pedro iniciaram cedo seu contato com os princípios da TEO informa viver o presente, aprendendo o máximo possível, e pensar no futuro”, ele conta. dos em casa Pedro: desenvolvimento da liderança O líder foi Clóvis Danúbio, um técnico especiali- Ainda na infância, passou a entender a necessidade de zado de longa trajetória na Organização. Gaúcho, de respeitar o meio ambiente e o ser humano. Seu pai é bió- formação militar, transmitiu a Guilherme suas pas- logo, e a mãe, psicóloga. sagens na universidade da vida, como os seis meses que passou na selva colombiana. Paulistano do bairro da Aclimação, Trentini vive desde 2002 em Salvador, como Diretor Operacional da Cetrel Lu- “Ele foi um líder natural, apesar de eu ser o engenhei- mina, empresa ligada à Foz do Brasil. Simpático, de estilo ro e ele o técnico”, diz Guilherme. “Trabalhávamos com conciliador e muito bom ouvinte, Sérgio demonstra que a explosões subterrâneas, túneis, e ele tinha grande habi- liderança, em seu caso, surge como algo muito natural. lidade em logística e administração, sabia o que era uma obra e eu ainda não.” Ele está à frente de um time de 130 pessoas, com enormes desafios ambientais, como tratamento de Guilherme levou de Clóvis ensinamentos para resíduos da Petrobras e fiscalização da qualidade do toda a vida dentro da Organização. Os aprendizados solo. “A liderança tem de ser uma ascendência natu- e as experiências compartilhadas em Itapebi acom- ral, nunca imposta”, opina. “É preciso saber ouvir as panharam-no na vida pessoal (na contínua formação pessoas e admitir erros.” de seus valores) e na vida profissional (que incluí- O espírito para o desafio e para o empresariamen- ram quatro anos no exterior durante seus 13 anos to são características de Trentini. Como estudante na Odebrecht). “A vida em movimento, com desafios universitário ou já como geólogo, sua diversão era constantes, foi algo que sempre desejei.” escalar montanhas ou explorar cavernas. “Tem que Saber ouvir e admitir erros Assim como Guilherme, Sérgio Trentini, 39 anos, tam- ter pedra no meio”, brinca. Formar uma relação simbiótica, orgânica com o meio ambiente, não foi difícil. “Preciso estar perto da natureza, sempre.” bém teve desde cedo, em casa, uma importante fator de Para dirigir a Cetrel Lumina, sua escola foi a própria incentivo para o encaminhamento da vida profissional. Odebrecht. Na experiência de um ano em Mossoró, no informa 55 Pedro é Diretor de Controladoria da Foz do Brasil. Tem 19 anos de Organização, nove dos quais passados em Angola. Ele entrou na Odebrecht em 1992, também por influência caseira. O pai, chamado Pedro como ele, há muitos anos trabalhava na empresa. A família Sá, aliás, é tradicional nas frentes de atuação da Odebrecht. Pedro tem tio, primos e um irmão como colegas de Odebrecht. Em 1997, aos 25 anos, o administrador Pedro foi lançado no maior desafio de sua vida: mudar-se para Angola e atuar no projeto de infraestrutura do bairro Luanda Sul, a primeira PPP (parceria público-privada) em Angola, liderada pela Odebrecht, que tinha como sócia a empresa Prado Valladares. “Fiquei com certo receio diante dessa proposta de mudança”, admite. Sentindo-se apoiado, Pedro encheu-se de brio e partiu para a nova missão. “Tudo o que é novo é bom”, teoriza. Acolhido na família Odebrecht em Angola, “Aprendi o espírito de servir, de olhar para o outro” Ticiana sentiu-se bem, motivado e desenvolveu sua liderança. Pedro Sá ficou três anos no projeto. Voltou ao Brasil e, em seguida, já casado, foi morar no Peru. Mais uma experiência de expatriação e absorção de uma nova cultura. Angola, entretanto, voltaria à sua vida. Em novembro Rio Grande do Norte (em um projeto de tratamento de de 2004, retornou ao país, dessa vez como diretor, para resíduos para a Petrobras), Guilherme contou com a lide- morar no bairro que ajudara a construir. rança e ensinamentos de Maurício Prado, um líder marcante em sua trajetória. “É um cliente (Petrobras) muito rigoroso, em um contrato complexo e cheio de minúcias. Você tem de saber negociar, ser flexível, lidar com pessoas. E meu líder foi essencial nesse processo”, diz. Da mesma forma que Guilherme, Sérgio Trentini participou do PDE (Programa de Desenvolvimento de Empresários), em que mergulhou na cultura da Odebrecht e tomou consciência do porte da Organização. “Estabelecemos relações com gente que trabalha em todas as partes do mundo. Dos Estados Unidos a Angola, de Djibuti ao Peru. Sem contar o contato com os líderes históricos da Organização”, destaca. A abertura para o novo Você sente falta de ir ao cinema. Abre o jornal, procura uma sessão. Mas há algo errado. Não há nenhum filme em cartaz. Pior, não há cinema onde você mora. O que fazer? Para muitos, a solução poderia ser simplesmente ligar a televisão. No caso do soteropolitano Pedro Sá, essa solução não o atendia plenamente. 56 informa Seus dois filhos, Julia e Pedro, passaram os primeiros anos de vida em Luanda. “O país estava muito melhor, já desenvolvido, com várias opções. Para as crianças foi muito bom já no início da vida sentir a realidade da África.” Ainda faltava o cinema, e Pedro viu a construção de um shopping (O Belas Shopping, o primeiro de Angola) com salas de exibição, fruto do seu trabalho e do de seus companheiros brasileiros e angolanos. Servir em vez de ser servido Tal pai tal filho? No caso de Ticiana Marianetti, 40 anos, é tal pai, tal filha. Desde criança, a menina interessava-se por números e pelo trabalho do pai, o engenheiro civil Piero Marianetti, integrante da Odebrecht “da época do Dr. Norberto”. Ticiana não titubeou e partiu para a faculdade de Engenharia Civil, tal qual o pai. Neta de italianos da Lombardia e da Toscana, ela tinha sede de entrar na grande família Odebrecht. E não demorou muito. Em 1993, já era estagiária. Em seus primeiros anos na Organização, ainda na sua Bahia natal, trabalhou em projetos sociais “A vida com desafios constantes foi algo que sempre desejei” Guilherme apoiando as obras de Irmã Dulce, da Fundação José Silveira e no Mosteiro de São Bento, sob a supervisão do fundador Norberto Odebrecht. “Ali aprendi o espí- rito de servir, de olhar para o outro”, salienta Ticiana. Em 1998, ela partiu para fazer uma especialização (MBA) na Universidade Berkeley, na Califórnia, nos Esta- foto: márcio lima dos Unidos. Especializou-se em Project Finance (projetos voltados para o equacionamento financeiro de empreendimentos como concessões e parcerias público-privadas). Queria trazer sua capacitação para a Odebrecht. Depois de algumas experiências profissionais nos Estados Unidos e na Europa, Ticiana finalmente retornou à casa em 2006, pela Bento Pedroso Construções (BPC), em Portugal. Em 2008, começou a participar dos trabalhos para a criação do que viria a ser a Foz do Brasil. Era a chance de trabalhar em uma área de grande visibilidade (meio ambiente) e de aplicar o objeto de seus estudos na Califórnia. Motivação de sobra. Hoje, como Diretora Financeira da Foz do Brasil, Ticiana exerce papel de liderança na empresa. Ela enfatiza a “É preciso saber ouvir as pessoas e admitir erros” Sérgio importância dos aprendizados da época das obras sociais, pelas quais iniciou sua trajetória na Odebrecht. “Ter participado da reforma do Mosteiro foi inesquecível”, diz. “Aquilo me ensinou que tanto os cidadãos quanto as empresas têm um papel na sociedade. E que o líder tem que servir, e não ser servido.” informa 57 58 A primeira Diretora de Contrato da OR, ela assume com entusiasmo seu papel como formadora de pessoas Jovem, desbravadora, educadora texto Domitila Carbonari fotos Yan Vadaru 58 informa A mais nova Diretora de Contrato da liana, que participou do Programa de Introdução à Odebrecht Realizações Imobiliárias Cultura no primeira ano de existência da iniciativa. (OR) tem um jeito firme, jovem e fe- “Conhecer a Tecnologia Empresarial Odebrecht minino. Juliana Mesquita Monteiro (TEO) foi importante para o meu amadurecimento Gamba, 32 anos, é a primeira mulher profissional e também para que eu revisitasse valo- a ocupar esse cargo na empresa e é também a mais jovem entre os diretores de incorporação. res familiares”, relata. Enquanto esteve à frente do Alpha Square, Ju- Juliana nasceu em Cachoeiro de Itapemirim (ES) liana assumiu, em 2008, o cargo de Responsável e cresceu em Vitória, onde concluiu o Ensino Médio. por Centro de Resultado (RCR). Participou, nesse Filha de mãe arquiteta e pai engenheiro, sempre mesmo ano, do Programa de Desenvolvimento de desejou seguir os passos de sua família. Mudou-se Empresários (PDE), no qual teve a oportunidade de para o Rio de Janeiro, estudou Engenharia Civil e aprender com as experiências de líderes maduros e formou-se em 2002. Em seguida, transferiu-se para de se relacionar com pessoas de diferentes negócios São Paulo, onde vive até hoje. na Organização. A partir daí, com mais maturidade A entrada na OR ocorreu em um momento em que e confiança, desenvolveu novos projetos, como o Al- Juliana ansiava por novos desafios. “A empresa me pha Park, também parte do complexo Alpha Square, encantou, pois era relativamente nova na área imobi- e o The One, edifício de lajes corporativas em um dos liária e, assim, eu teria a oportunidade não apenas de bairros mais valorizados de São Paulo, seu primeiro acompanhar seu crescimento, que era promissor, mas empreeendimento empresarial na OR. também de me envolver em todas as etapas de um de- Em janeiro de 2011, Juliana obteve o grande re- senvolvimento imobiliário. Nas outras empresas em que conhecimento de suas conquistas: foi promovida a trabalhei, eu era responsável por apenas uma etapa do Diretora de Contrato, tornando-se a primeira mulher processo de incorporação”, ela relembra. a assumir essa função na OR. Ela faz parte da equipe Juliana ingressou na OR atuando como Respon- de Paulo Melo, Diretor de Incorporação da Regional sável por Programa (RP), quando ainda tinha 27 Centro-Sul, e enfrentará este ano seu primeiro tes- anos. Acompanhou desde o início o desenvolvimento te de fogo, lançando empreendimentos residenciais do Alpha Square, primeiro megaempreendimento da nos bairros Paraíso e Vila Mariana, ambos em São OR em Alphaville (SP). “Cheguei no momento certo, Paulo. porque ainda estávamos realizando os estudos para Fora do cotidiano de trabalho, ela participa do aquisição do terreno”, diz. Ela teve atuação central MBA Executivo Odebrecht, no Insper (Instituto de En- em todas as etapas de evolução desse empreendi- sino e Pesquisa), e tem como parte de sua rotina a mento, da concepção do produto e aprovação do pro- prática de exercícios físicos. Apesar de suas grandes jeto à criação da estratégia de marketing e de vendas responsabilidades, Juliana encara esse desafio com e o acompanhamento de resultados. naturalidade e não deixa de viver com prazer sua vida “Meu líder sempre foi presente, e isso fez muita pessoal. Adora sair com o marido e amigos, e, sem- diferença para a minha formação como empresária”, pre que pode, viaja para Vitória e mata a saudade dos destaca. O Alpha Square foi para ela um aprendizado pais e irmãos. do que, na prática, é a Cultura Odebrecht. “Logo que Ser a única mulher em uma equipe formada por lançamos o projeto, eu senti na pele o significado do setes homens não parece ser um bicho de sete ca- espírito de servir. Estávamos todos empenhados em beças para ela. “As mulheres estão enfrentando e oferecer o melhor produto aos nossos clientes.” superando novos desafios na sociedade”, ela diz. Re- Redescoberta dos valores familiares Integrar-se totalmente à Cultura Odebrecht passou a ser, então, uma meta fundamental para Ju- fletindo sobre a posição que ocupa, Juliana tem convicção de que presenciou um importante movimento de crescimento da OR e hoje tem consciência de seu papel como líder na formação de pessoas. informa 59 minha meu ofício, meu lar Arisson: “Muitos duvidavam das novas técnicas que apliquei” 60 informa 60 terra, D esde criança, Arisson Santos mantinha uma grande ligação com a natureza. Montado a cavalo, gostava de percorrer quilômetros e criar animais de pequeno porte. A relação com a terra havia nascido em seu sangue. Morador da comunidade de Gendiba, município de Presidente Tancredo Neves (BA), o jovem, que hoje tem 18 anos, escolheu para a vida o trabalho com a agricultura. “Tenho orgulho de ser produtor rural”, assegura. A trajetória direcionada para o campo ganhou ainda mais força em 2008, quando Arisson ingressou na Casa Familiar Rural de Presidente Tancredo Neves (CFRPTN) – unidade de ensino ligada ao Programa de Desen- Arisson dos Santos sempre teve a paixão pela natureza correndo nas veias. Hoje faz o que mais gosta: é produtor rural volvimento Integrado e Sustentável do Mosaico de Áreas de Proteção Ambiental do Baixo Sul da Bahia (PDIS), instituído pela Fundação Odebrecht. Durante os três anos de formação na Casa, Arisson desenvolveu dois projetos educativo-produtivos: o primeiro na propriedade da família, espaço correspondente a um hectare de terra; e o segundo em terras de parentes, em uma área de dois hectares. O plantio de mandioca e banana lhe rendeu, entre 2008 e 2009, cerca de R$ 14 mil. Os insumos necessários para o cultivo foram fornecidos para Arisson com o apoio do programa Tributo ao texto Gabriela Vasconcellos fotos Artur Ikishima Futuro – que apoia iniciativas certificadas pela Fundação Odebrecht por meio de destinações de Imposto de Renda dos integrantes da Organização Odebrecht. O lucro é sempre reinvestido na plantação seguinte. “Muitos duvidavam das novas técnicas que apliquei, mas tive um bom resultado e consegui ter lucro”, conta Arisson, que cursou, na Casa, a habilitação técnica em Agropecuária. Sua formação teve como base a Pedagogia da Alternância: uma semana em regime de internato, com aulas na sala e no campo, e duas semanas em sua propriedade, aplicando os novos conhecimentos, sob o acompanhamento e a orientação de monitores especializados. Arisson e seus colegas aprenderam sobre administração rural, cooperativismo, manejo de solos, irrigação, drenagens, além dos mais diversos cultivos. Foi em 2010 que o produtor descobriu o quanto poderia evoluir contando com o apoio da família. E a vida começou a mudar. Arisson firmou uma parceria com seu pai, o agricultor Antônio Santos, e juntos compraram um terreno de, aproximadamente, 10 hectares. Quase metade da área já foi preenchida com a cultura da banana – o que equivale a cerca de quatro campos e meio informa 61 Arisson com os pais: sonho construído em família de futebol. Com isso, a renda dobrou e a previsão é de Ele só irá crescer, não sei onde vai parar. É um exemplo conquistar R$ 27 mil até o fim deste ano. “Agora a gente a ser seguido”, afirma Araújo. pensa grande. Foi uma ousadia. É preciso sempre dizer que somos capazes”, garante Antônio. Adquirir o novo terreno não foi fácil. Antônio, que ha- cidade incentivando jovens a permanecerem no campo. via abandonado a agricultura para trabalhar como vigi- “Quero que eles me ultrapassem. Só posso crescer se a lante noturno, foi influenciado pelos resultados do filho a minha comunidade também se desenvolver, por isso re- retornar para a atividade no campo. “É incrível construir passo os meus conhecimentos. Assim, meu vizinho pro- um sonho com meu pai”, conta o novo empresário rural. duz com qualidade e o vizinho dele também”, explica o Unidos, eles cuidam da plantação todos os dias e fazem produtor que é ainda poeta e multiplicador dos Círculos planos para o futuro. “Vamos melhorar a produtividade de Leitura – projeto também ligado ao PDIS que estimu- e expandir a área”, diz Arisson, animado. Para sua mãe, la a leitura, a compreensão de textos, o estudo de clás- Nadia Santos, tudo mudou. “Não tínhamos lugar para sicos da literatura e contribui para o desenvolvimento de plantar nem adubo. Agora o dinheiro sobra até para ar- novos líderes. rumar a casa”, comemora. 62 É com grande empolgação que após a jornada de trabalho, Arisson percorre escolas municipais de sua O jovem Arisson quer mais. “Vou dar continuidade De acordo com Quionei Araújo, monitor da CFR-PTN a minha formação cursando uma faculdade”, garante. que acompanhou Arisson, o que o difere é a capacidade “Após chegar a um desafio, precisamos planejar outros. de não se intimidar com problemas. “A mão cheia de ca- É disso que o ser humano é feito. O limite é além do limi- los, o sol de meio-dia na cabeça e o sorriso é mantido. te. Sempre crescendo!” informa Mãos que dão forma à cidadania Meriane é estudante, artesã e se prepara para fazer parte de uma cooperativa M texto Gabriela Vasconcellos foto Artur Ikishima eriane da Conceição aprendeu o ofício de artesã com a sua mãe, Maria da Conceição. Moradoras da comunidade quilombola de Lagoa Santa, no município de Ituberá (BA), elas se reúnem todas as noites para dar forma a cestas, bolsas, bandejas, luminárias, entre outras peças, a partir da fibra de piaçava. Contribuem, assim, para ampliar a renda da família, que vive da agricultura. Mãe e filha já comemoram os resultados dessa união. “Juntas, conseguimos construir uma nova moradia. Se não fosse o artesanato, ainda estaríamos na casa de taipa. Hoje temos uma casa feita de tijolos e com três quartos”, comemora Maria, associada da Cooperativa das Produtoras e Produtores Rurais da Área de Proteção Ambiental do Pratigi (Cooprap). Meriane, de 17 anos, diz que, quando tiver a idade mínima necessária (18 anos), também entrará na Cooprap. “Fazer artesanato é como cuidar de uma planta. Vejo nascer e crescer, cada dia um movimento diferente”, conta Meriane, que está cursando o Ensino Médio e concluiu em 2010 a qualificação em Sistemas Agroflorestais oferecida pela Casa Familiar Agroflorestal (Cfaf), onde também teve acesso a cursos que contribuíram para aprimorar o ofício de artesã. “O que mais me marcou foi o conhecimento. Aprendi muito”, garante. A decisão de Meriane de entrar na Cfaf foi inspirada em seu irmão André Carlos da Conceição, que já havia passado pela Casa. Ele hoje cursa Administração de Empresas e atua na área financeira e contábil do Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul da Bahia (Ides), instituição que, como a Cooprap e a Cfaf, também integra o PDIS. “Assim como ele, quero ser autora da minha própria história”, diz Meriane. Para André Carlos, os jovens tornam-se protagonistas quando lhes são apresentadas oportunidades. “Somos capazes de olhar o mundo com Meriane: “Quero ser autora da minha própria história” uma visão diferente”, afirma. informa 63 Dario de Freitas foto: Márcio Lima Luiz Roberto Chagas (2008): com 42 anos de atuação na Odebrecht, é Responsável pelo Apoio Funcional de Engenharia. Atua com as equipes de Produção dos contratos e na elaboração de propostas. É autor do livro Engenharia da Construção – Obras de Grande Porte, um dos títulos de referência do Programa Jovem Construtor foto: Sérgio Leão: consolidação da cultura de sustentabilidade o sa potencializado Prêmio Conhecer para Servir destaca a atuação de integrantes que contribuem para a disseminação de experiências e soluções na Organização 64 texto Thereza Martins 64 informa B ill, Danilo, Jacques, Luiz Roberto e Sérgio. Cinco engenheiros, todos com mais de 50 anos, experiência reconhecida em suas especialidades e trajetória consolidada na Odebrecht. Os cinco têm em comum, também, a disponibilidade para colocar, com humildade e simplicidade, seu conhecimento a serviço da Organização, e a habilidade de orientar equipes, fortalecer um ambiente de colaboração e compartilhar o que sabem com colegas, mesmo que de outras áreas, e abrir espaço em suas agendas para apoiá-los na busca de soluções. Pelo perfil e pela atuação, eles foram homenageados com o prêmio Conhecer para Servir, criado em 2006 e atribuído uma vez por ano a um integrante. “O objetivo do prêmio é reconhecer exemplos de comportamento e sinalizar posturas valorizadas pela Organização”, afirma Olindina Dominguez, Responsável pelo Ciaden (Conhecimento e Informação para Apoiar o Desenvolvimento de Negócios), programa que coordena a iniciativa. “São integrantes que extrapolam suas funções, servindo a outros ambientes.” As indicações são avaliadas pelos líderes das empresas de Engenharia e Construção da Odebrecht e o Vice-Presidente de Operações, Paulo Lacerda, que ouvem diretoressuperintendentes, diretores de contrato e integrantes da Organização Dinâmica e validadas por uma comissão julgadora. A cerimônia de entrega ocorre em dezembro, nos eventos de fim de ano, em Sauípe (BA). O papel do líder André Valentim foto: Andrés Manner foto: aber Bill Marques (vencedor em 2006): há 32 anos na Odebrecht, é Responsável pelo Programa de Tecnologia de Materiais de Construção. Com base no Rio de Janeiro, atua em todas as empresas de Engenharia e Construção da Odebrecht, apoiando as equipes dos contratos e prospectando novas tecnologias e materiais para os projetos da Organização Danilo Abdanur: compartilhamento de aprendizados foto: Dario de Freitas Jacques Raigorodsky (2007): com 30 anos na Organização, é Responsável por Processos Construtivos P&D&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação). Participa da Comunidade de Conhecimento de Infraestrutura Marítima e do Programa Jovens Técnicos O mineiro Sérgio Leão, Responsável por Sustentabili- Metrô de Los Teques, na Venezuela, mineiro como Sérgio dade na Odebrecht, foi o ganhador da edição 2010 do Co- Leão, trabalha na Odebrecht desde 1983, ano em que se nhecer para Servir. Engenheiro civil e sanitarista, ele fez formou pela Universidade Federal de Ouro Preto. Ele foi o carreira acadêmica e foi consultor de meio ambiente antes ganhador do Conhecer para Servir em 2009. de iniciar sua atuação na Organização, em 1992. Como engenheiro de minas, atuou em obras subterrâ- Segundo ele, o papel do líder é decisivo no desempenho neas e de túneis, em escavações de galerias para projetos dos integrantes. “Tive a sorte de contar com líderes que de mineração e em obras civis de metrôs e hidrelétricas no me mostraram como uma área de apoio se encaixa na es- Brasil e em outros países da América Latina, nos Estados trutura dos negócios de engenharia, o que foi importante Unidos, em Angola e na África do Sul. para a consolidação da cultura e da estrutura de sustentabilidade da Odebrecht.” “Devo meu desenvolvimento profissional à prática da Educação pelo Trabalho, à convivência com especialistas Sérgio Leão destaca os princípios da Tecnologia Em- internacionais e a leituras técnicas que sempre fiz. Acho presarial Odebrecht (TEO) como base para o desenvolvi- que é meu dever compartilhar o que aprendi com os co- mento do espírito de servir ao cliente, além de serem um legas”, afirma. incentivo à criatividade dos integrantes, à liberdade para Danilo é líder da Comunidade de Conhecimento de apresentar propostas, à autonomia e à responsabilidade. Transporte sobre Trilhos (trens e metrôs). As comunidades À frente de uma equipe composta de 11 pessoas, Sérgio de conhecimento coordenam e possibilitam a transferên- Leão vê o conhecimento como um processo dinâmico de cia do conhecimento gerado nos diferentes ambientes da troca de experiências, do esforço individual e da humildade Organização. Delas participam integrantes com experiên- de estar sempre aberto para aprender coisas novas. cia em tipos específicos de projeto (usinas hidrelétricas, Educação pelo Trabalho Danilo Abdanur, Gerente de Produção nas obras do rodovias, portos e aeroportos, entre outros), interesses comuns e dispostos a compartilhar seus aprendizados e inovações. informa 65 ARGUMENTO Maturidade Os Seres Humanos devem fazer de suas Vidas algo extraordinário, revestido de significado especial A produtiva lgumas das tendências prenunciadas para o Futuro apontam, felizmente, para a mudança de um fato indiscutível: o de que as Sociedades Ocidentais, em contraste com as Orientais, reservam papel pouco nobre às Pessoas de idade avançada. Tais tendências são evidenciadas: • na Prioridade crescente dos temas da Saúde e do Meio Ambiente, reflexo da necessidade do Ser Humano de conviver melhor consigo mesmo, com seus Semelhantes e com a Natureza; • no envelhecimento das populações, devido à redução das taxas de Natalidade e ao aumento progressivo da expectativa média de Vida; • nos Custos, cada vez maiores, que esse envelhecimento representa, em termos de Previdência e de tratamento dos Idosos. Apontam para a mesma direção Tendências mais genéricas, como a globalização da Economia e a revolução da Informática, graças às quais o Conhecimento Produtivo se destaca como o principal fator competitivo de países e Organizações Empresariais. Vivendo mais e melhor, em uma Sociedade que solicita, crescentemente, o seu Conhecimento acumulado, o Idoso valoriza-se cada vez mais, embora a maioria dos brasileiros dessa idade esteja hoje distante de uma Velhice digna. O problema vivenciado pela maior parte dos Aposentados, em todo o Mundo, é o hiato que surge em suas Vidas após a Aposentadoria. A sensação de vazio, de desamparo, de inutilidade, faz com que percam o ânimo e a alegria de viver. Muitas Empresas contribuem para isso ao afastar seus Empregados justamente quando eles estão em sua fase mais Produtiva e Sábia. Esse procedimento acaba produzindo um prejuízo incalculável e invisível, pois a Empresa alija uma Pessoa cujos Conhecimentos, que ela própria ajudou a adquirir, 66 informa possuem valor inestimável. Ao agir assim, tais Empresas seguem padrões fixados durante a Revolução Industrial, segundo os quais o que contava era a força muscular e não o intelecto. Dessa forma, induzem seus Integrantes a uma Vida improdutiva. Ocorre que vivemos hoje na Sociedade pósindustrial, na qual o que importa é o poder do cérebro e não o dos músculos. Na linha reta que une os Clientes e os Acionistas de uma Empresa, existem Seres Humanos de três Gerações: a Primeira é composta por Jovens que, por meio da Educação pelo Trabalho, irão desenvolver a Sabedoria necessária para aplicar o Conhecimento adquirido; a Segunda é formada por Pessoas amadurecidas que ocupam posição de Liderança e que dominam o Conhecimento aplicado, indispensável ao Sucesso de seus Negócios; a Terceira Geração é formada por Pessoas experimentadas pela Vida, que devem ser realizadas enquanto Cidadãos e envelhecer de maneira produtiva e digna. Esses Seres Humanos privilegiados são portadores de um imenso Saber, que deve ser canalizado aos mais Jovens mediante a prática da Liderança e pela disponibilidade de tempo, pela presença e pelo exemplo. Disse Sócrates que «para indivíduos prudentes e bem preparados, a velhice não constitui peso algum». Saúde física e mental, portanto, serão frutos do nosso viver cotidiano. A constante preocupação com nosso nível de Qualidade de Vida determinará o grau de higidez que teremos na Terceira Idade. A Visão da Vida como um TODO será, certamente, resultante da Visão prazerosa com que passaremos a ver o Trabalho, que nos dignifica e confere sentido maior à própria Vida. Se o Ser Humano conseguir, pelo Trabalho, acumular seu capital intelectual, será útil ao seu Semelhante, deixando de cumprir mera obrigação para fazer algo sadio e realizador. Para quem é dotado do Espírito de Servir, o Trabalho é também uma forma contínua de prazer. Consequentemente, a ampliação do período da Vida Produtiva será, mais e mais, uma reivindicação daqueles para os quais Servir ao Próximo é antes um Direito do que um Dever. É imprescindível que os Líderes, situados normalmente na Geração intermediária, apoiem os Jovens na formulação de Planos de Vida e Carreira de longo prazo, os quais devem ter Propósitos ambiciosos, pois o que satisfaz o Idoso de hoje dificilmente satisfará o de amanhã. E, certamente, só poderão cumprir esses Planos se preservarem sua Saúde. Essa constatação abre campo novo e vasto para que os Seres Humanos, ao se tornar mais amadurecidos, assumam crescente responsabilidade na Educação e no Desenvolvimento de novas Gerações, visando a: • oferecer inestimáveis contribuições ao Futuro das Organizações; • transferir sua Sabedoria aos mais Jovens, orientando-os para a Vida; • encontrar uma Tarefa desafiante, prazerosa e realizadora, capaz de dignificá-los perante a Comunidade, e • fazer de sua vida algo, de fato, extraordinário, revestido de um significado especial. ADENDOS ATUAIS, DO AUTOR, AO ARTIGO MATURIDADE PRODUTIVA: • CORREÇÕES • EVOLUÇÕES O termo Competitivo (fator competitivo) já não faz Continuo propugnando um necessário e equilibrado parte do meu repertório empresarial. Usei o mesmo alinhamento sistêmico entre: Conhecimento, Comu- circunscrito ao propósito do uso construtivo das for- nicação e Informação, conforme publicado em Docu- ças de cada um para neutralização das fraquezas, na mento recente, intitulado «Século XXI – Era do Conhe- busca de Resultados impactantes. cimento e da Comunicação» cujo conteúdo pode ser Todavia, deixei de usá-lo diante de sua interpreta- sintetizado na afirmação a seguir: ção como mecanismo de confronto, no qual o Sucesso • a Comunicação é o veículo do Conhecimento só cabe ao Vencedor, resultando no necessário fra- que ordena os Procedimentos corretos, para os casso da outra Parte. quais são requeridas Informações qualificadas, Essa posição vem sendo cada vez mais fortalecida pela minha convicção de que todos precisam e devem instrumentalizadas pela Informática, com exatos ganhar, em função de suas efetivas contribuições, no dos pela SUSTENTABILIDADE. conteúdos e frequências, coerentes com os exigi- jogo do ganha-ganha, fundamental à Sustentabilidade, em todos os seus Âmbitos e focos. • CONFIRMAÇÕES A importância do Conhecimento e da Experiência, possibilitados pela idade, em todo o Mundo se evidencia e cresce frente à maior preocupação da Humanidade relativa ao desequilíbrio da Vida Planetária, recomendando e exigindo novos perfis de entendimento corporativo e conciliador entre os Seres Humanos, Norberto Odebrecht Presidente de Honra da Odebrecht S.A. invocando sobretudo a SOLIDARIEDADE. Nessas condições, avolumam-se e se qualificam Este artigo, de autoria de Norberto Odebrecht, as necessárias contribuições do Conhecimento e da fundador da Organização Odebrecht, foi original- Experiência. mente publicado no jornal Folha de S. Paulo, na O que se mostra necessário são construtivos ajustes e adaptações dessas contribuições às limitações seção “Tendências e Debates”, em 1995. Para esta edição de Odebrecht Informa, o autor fez impostas pela idade, possíveis de serem otimizadas uma leitura crítica do artigo e propôs algumas re- com as ricas e indispensáveis contribuições pautadas visões, em razão do tempo decorrido desde a pri- no Conhecimento, na Experiência, na Dedicação e no meira publicação. Foram mantidos os destaques Comprometimento. gráficos indicados por ele. informa 67 GENTE A experiência de estar no mundo Azziray e os valores que pratica em sua vida pessoal e profissional André e o bem que faz o convívio com culturas diferentes foto: A Holanda Cavalcanti A TEO no trabalho e em família Andrés Manner dministrador de empresas com MBA em Finanças Empresariais, o carioca André Borges Gomes passou 15 de seus 35 anos de vida em empresas foto: da Organização Odebrecht. Começou como estagiário no Programa de Finanças da Odebrecht S.A., atuou na OPP N ascida em Maracaibo, na Venezuela, Azziray Petroquímica, depois na Braskem e, em 2003, passou a in- Priscila Isea González é filha de Yarizza González, tegrar a Odebrecht Administradora e Corretora de Seguros uma das primeiras integrantes da Odebrecht no país, (OCS). Apoiou operações nos Emirados Árabes Unidos e atualmente Responsável por Relações Sindicais e com morou três anos em Abu Dhabi. Hoje é Gerente de Seguros a Comunidade no Projeto de Soja da empresa no Es- e Garantias da OCS em Angola – país ao qual, com sua es- tado de Anzoátegui. “Cresci sob os princípios da Tec- posa Fizú e seu filho Rodrigo, está plenamente integrado. nologia Empresarial Odebrecht (TEO) e assim também “O conhecimento de novas culturas leva ao crescimento formo meus filhos. Eles observam a mim e a avó tra- profissional, pessoal e familiar”, afirma. Em Abu Dhabi, An- balhando e vivendo com amor, dedicação, honestida- dré assistiu à transformação de um país desértico produtor de, responsabilidade e humildade”, diz. Azziray integra de petróleo em um dos destinos turísticos mais procurados a equipe do Programa de Administração e Finanças do planeta. “Vi que um povo determinado é capaz de mudar da Odebrecht no Projeto El Dilúvio-Palmar, em Ma- seu destino e sei que isso está acontecendo também entre racaibo, projeto de irrigação que está transformando os angolanos.” uma região com graves problemas socioeconômicos. “Tenho paixão por meu país e pela Organização Odebrecht. Trabalhamos para que os problemas sejam solucionados da melhor maneira”, afirma. A Orgulho compartilhado paulista Anelisa Cantieri diz que a Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO) está em seu sangue, pois cresceu nos canteiros de obra de barragens em que seu pai trabalhou pelo Brasil afora. “Experimentei o orgulho compartilhado em casa, o que me levou a seguir os passos de meu pai, meu maior incentivador”, diz. Foi estagiária nas Anelisa, o incentivo em casa e a construção de uma carreira obras das hidrelétricas de Cana Brava, em Goiás, e Capim 2010, assumiu o Programa de Meio Ambiente, em apoio ao Branco, em Minas Gerais. Fez um curso técnico de Meio seu líder Nelson Alves, Gestor do Negócio Meio Ambiente. Ambiente e passou a atuar na gestão ambiental no cantei- “A experiência aqui em Santo Antônio tem me construído ro de Capim Branco, perto de Uberlândia, onde concluiu a como profissional. Desenvolvemos projetos sustentáveis, faculdade de Engenharia de Produção. Em 2009, foi tra- ambientalmente corretos e socialmente justos, referências balhar na Hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia e, em para outros empreendimentos e comunidades.” 68 informa Próxima edição: Inovação e Tecnologia RESPONSáVEL POR COMuNICAçãO EMPRESARIAL NA CONSTRuTORA NORBERTO ODEBREChT S.A. Márcio Polidoro Fundada em 1944, a Odebrecht é uma organização brasileira composta de negócios diversificados, com atuação e padrão de qualidade globais. Seus 120 mil integrantes estão presentes nas três Américas, na África, na Ásia e na Europa. RESPONSáVEL POR PROGRAMAS EDITORIAIS NA CONSTRuTORA NORBERTO ODEBREChT S.A. Karolina Gutiez COORDENADORES NAS áREAS DE NEGóCIOS Nelson Letaif Química e Petroquímica | Andressa Saurin Etanol e Açúcar | Bárbara Nitto óleo e Gás | Daelcio Freitas Engenharia Ambiental | Sergio Kertész Realizações Imobiliárias | Coordenadora na Fundação Odebrecht Vivian Barbosa COORDENAçãO EDITORIAL Versal Editores Editor José Enrique Barreiro Editor Executivo Cláudio Lovato Filho Arte e Produção Gráfica Rogério Nunes Projeto Gráfico e Ilustrações Rico Lins Editora de Fotografia Holanda Cavalcanti Tiragem 7.300 exemplares • Pré-impressão e Impressão Pancrom Redação: Rio de Janeiro (55) 21 2239-1778 São Paulo (55) 11 3641-4743 email: [email protected] Holanda Cavalcanti foto: “A confiança no potencial do ser humano e em sua vontade de desenvolver-se é o fundamento das concepções filosóficas da Organização Odebrecht. O ser humano é a origem e o fim de todas as ações na sociedade, e seu trabalho, o meio primordial de sobrevivência, crescimento e perpetuidade da espécie. O trabalho deve ser simultaneamente um dever e um direito, pois é por meio do trabalho produtivo que o ser humano se liberta e se humaniza” TEO [Tecnologia Empresarial Odebrecht] 70 informa