PreviNE Segundo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos Boletim Informativo de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Região Nordeste maio de 2013 ano 2 - Edição nº 09 Cuidado com o combustível ! “É Full, Comandante?” Muito cuidado com essa pergunta! Mais do que abastecer a aeronave, deve-se atentar para os cuidados que envolvem a operação e armazenamento de combustíveis de aviação. Observando-se as cores das amostras de gasolina de aviação (AVGAS) na figura abaixo, qual estaria “apropriada” para utilização? Amostras de AVGAS Não é muito difícil perceber que a amostra mais escura está fora dos padrões normais de cor previstos para a AVGAS (verde ou azul). No entanto, foi retirada do filtro decantador de combustível de uma aeronave que, após realizar um reabastecimento, apresentou falha do motor em voo. O combustível estava contaminado! Lidar com combustíveis de avião requer cuidados especiais. Não é somente abastecer e pronto, o voo já está garantido! Da drenagem dos tanques ao abastecimento das aeronaves, passando pelo manuseio e armazenamento, o ideal é que os procedimentos previstos sejam cumpridos à risca. prevenção, iNvestIGAÇÃO, Cuidar da Aviação é a nossa obrigação!!! SERIPA II 1 PreviNE Segundo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos Boletim Informativo de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Região Nordeste maio de 2013 ano 2 - Edição nº 09 Prezado Comandante/Mantenedor: “O senhor tem se preocupado com a qualidade do combustível que utiliza? Tem realizado a drenagem diária do combustível conforme o previsto? Tem solicitado o teste do combustível antes do abastecimento? Com que frequência tem acompanhado os abastecimentos? Durante os abastecimentos e destanqueios verificou se a aeronave estava aterrada adequadamente?” Conforme dados divulgados pelo CENIPA, entre 2002 e 2011, acidentes aeronáuticos tipificados como falha de motor em voo representaram 23,2% do total das ocorrências aeronáuticas, no âmbito da aviação civil brasileira. Parte desse percentual de falha de motor em voo está relacionado a procedimentos de abastecimento mal sucedidos e utilização de combustíveis contaminados por água, microorganismos e outros. Diversas ocorrências de solo também estão relacionadas a condições inseguras envolvendo combustíveis de aviação. Durante os procedimentos de abastecimento e destanqueio de combustível, um aterramento incorreto e/ou falhas nos procedimentos de segurança poderão causar princípios de incêndio capazes de produzir danos às pessoas e aeronaves. Vidas humanas foram ceifadas e prejuízos altíssimos recaíram sobre operadores e proprietários de aeronaves simplesmente devido à ausência de cuidados básicos com o manuseio, armazenagem e procedimentos de abastecimento/destanqueio de combustíveis. Em março de 2008, uma aeronave SR22 CIRRUS (que utiliza gasolina de aviação), acidentou-se em decorrência de ter sido abastecida com 265 litros de querosene de aviação (JET A-1). Instantes após a decolagem do aeródromo de Jacarepaguá-RJ, a aeronave caiu vitimando as quatro pessoas que estavam a bordo. prevenção, iNvestIGAÇÃO, Cuidar da Aviação é a nossa obrigação!!! SERIPA II 2 PreviNE Segundo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos Boletim Informativo de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Região Nordeste maio de 2013 ano 2 - Edição nº 09 A aeronave foi abastecida com querosene (JET A-1) ao invés de gasolina de aviação (AVGAS) Fonte: CENIPA Numa outra ocorrência, em março de 2010, a não realização da drenagem do combustível antes do primeiro voo do dia contribuiu para que a aeronave apresentasse falha de motor em voo devido à presença de água no combustível. O piloto e o passageiro saíram ilesos e a aeronave ficou gravemente danificada. Aeronave acidentada. Fonte:CENIPA Presença de água no interior da válvula distribuidora de combustível (Aranha) A ocorrência envolvendo a aeronave EMB 202A, em 2011, dentre outros fatores, teve o inadequado armazenamento de combustível como fator contribuinte. O etanol utilizado pela aeronave não atendia às especificações da Agência Nacional do Petróleo (ANP). De acordo com o resultado encontrado após a análise do combustível, as amostras estavam “não conformes” para os aspectos de massa específica e teor alcoólico. O combustível estava sendo acondicionado em recipientes fora das especificações elencadas pela NBR 15216, a qual trata do armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis. prevenção, iNvestIGAÇÃO, Cuidar da Aviação é a nossa obrigação!!! SERIPA II 3 PreviNE Segundo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos Boletim Informativo de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Região Nordeste maio de 2013 ano 2 - Edição nº 09 Aeronave após a ocorrência. Fonte: CENIPA Em detalhe, os recipientes utilizados para armazenamento do etanol. Outro aspecto relacionado à operação com combustíveis é a eletricidade estática. Um exemplo disso foi o incêndio ocorrido, em 2011, envolvendo uma aeronave Sêneca. Ao realizar destanqueio do combustível, no interior do hangar, devido à atmosfera favorável e falhas nos procedimentos de aterramento e segurança, a aeronave incendiou-se quase que completamente. Neste evento, houve apenas danos materiais. Estado da aeronave após o incêndio Fonte: CENIPA Para detalhes técnicos envolvendo combustíveis de aviação, devem ser consultadas as legislações NBR 15216 e NBR 13310, que tratam sobre o armazenamento de líquidos inflamáveis, combustíveis e das características dos caminhões tanques de abastecimento, respectivamente. Aliado a isso, temos ainda as Fichas de Informação e Segurança de Produto Químico (FISPQ) que complementam as informações sobre controle de qualidade dos produtos químicos, dentre eles os combustíveis de aviação. Vale a pena consultar! prevenção, iNvestIGAÇÃO, Cuidar da Aviação é a nossa obrigação!!! SERIPA II 4 PreviNE Segundo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos Boletim Informativo de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Região Nordeste maio de 2013 ano 2 - Edição nº 09 ALGUMAS DICAS ENVOLVENDO COMBUSTÍVEIS DE AVIAÇÃO 1 – Não fumar no interior de hangares ou durante destanqueios e/ou abastecimentos de aeronaves. 2 - Verificar com frequência o estado da borracha de vedação dos bocais de abastecimento dos tanques. Caso estejam ressecadas ou danificadas poderão contribuir para a entrada de água nos tanques. 3 - Realizar a drenagem diária do combustível utilizando recipiente transparente, conforme especificado pelo fabricante da aeronave. Observar se há presença de água no fundo do recipiente. Se constatar a presença de água, sujidades ou limo, submeter a amostra à análise. 4 – Solicitar ao abastecedor o teste para comprovação da qualidade do combustível. 5 – Acompanhar os abastecimentos. 6 – Durante abastecimentos e destanqueios, atentar para o correto aterramento a fim de que sejam evitados princípios de incêndio devido à eletricidade estática. 7 – Utilizar EPI / EPC e portar extintor de incêndio (adequado e em condições de uso) durante abastecimentos e destanqueios de combustíveis. 8 – Não utilizar ou reutilizar combustível destanqueado. Referência: http://www.cenipa.aer.mil.br/ - acessado em 05/04/2013 prevenção, iNvestIGAÇÃO, Cuidar da Aviação é a nossa obrigação!!! SERIPA II 5 PreviNE Segundo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos Boletim Informativo de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Região Nordeste maio de 2013 ano 2 - Edição nº 09 PREVENÇÃO DE ACIDENTES AERONÁUTICOS É DESTAQUE EM SALVADOR Mais de 70 profissionais da aviação civil e militar participaram da Jornada de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos em Salvador – BA, ocorrida nos dias 12 e 13 de abril. O ciclo de palestras sobre segurança de voo promovido pelo Segundo Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – SERIPA II – foi realizado no auditório da INFRAERO do Aeroporto Internacional de Salvador. Para elevar o nível de segurança de todas as atividades relacionadas à aviação, foram enfatizados o panorama estatístico da segurança de voo no âmbito da aviação civil, as ferramentas gerenciais de prevenção de acidentes aeronáuticos, a importância da comunicação nas corporações e a doutrina de manutenção. A jornada contou com a presença de diversos representantes de companhias de táxi-aéreo, escolas de formação de aeronautas e operadores aeropoliciais, como também de aviadores e controladores de tráfego aéreo do Comando da Aeronáutica. A equipe do SERIPA II também realizou palestras para 110 cadetes da Academia de Polícia Militar da Bahia. Aos futuros oficiais foi apresentado o funcionamento do SIPAER, que enfatizou os procedimentos de ação inicial de investigação de acidentes aeronáuticos e procurou esclarecer a importância da ação coordenada entre a polícia militar e os investigadores do Comando da Aeronáutica no cenário de um acidente. prevenção, iNvestIGAÇÃO, Cuidar da Aviação é a nossa obrigação!!! SERIPA II 6