agenda 21 agenda catarinense 21 catarinense O Desenvolvimento Sustentável em Santa Catarina Pior não é a exclusão social, A desigualdade de renda, A falta de qualificação das pessoas, A fome. Pior não é a violência, A falta de justiça, A degradação ambiental. Pior é a conivência com tudo isso. Pior é o silêncio dos que sabem. Quebre o silêncio! Documento Oficial O Desenvolvimento Sustentável em Santa Catarina Março de 2004 1° FASE COORDENAÇÃO Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente CARLOS HOLTHAUSEN e ROBSON ÁVILA WOLLF 2º FASE COORDENAÇÃO Secretário de Estado do Desenvolvimento Social, Urbano e Meio Ambiente - SDS BRAULIO CÉSAR DA ROCHA BARBOSA Diretor de Administração da SDS VITOR HUGO MEDEIROS COORDENAÇÃO TÉCNICA Gerente de Monitoramento Hídrico da Diretoria de Recursos Hídricos - SDS GIAMPAOLO B. MARCHESINI SUBCOORDENADOR TÉCNICO Gerente de Drenagem Urbana, Água e Esgoto da Diretoria de Saneamento - SDS MARCELL KARAM REVISÃO ÁLVARO JUNQUEIRA COMISSÃO EXECUTIVA AMPLIADA Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental Instituto LARUS – Pesquisa, Proteção e Educação Ambiental Associação Brasileira de Recursos Hídricos Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina Associação Catarinense de Aqüicultura Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina Associação Catarinense de Desenvolvimento Social Secretaria de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão Associação Cultural AÚ – Entidade Afro-brasileira Secretaria de Estado da Infra-Estrutura Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina Santa Catarina Turismo - SANTUR Secretaria de Estado de Agricultura e Política Rural Conselho Regional de Biologia Centro Universitário de Jaraguá do Sul Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social, Urbano e Meio Ambiente Companhia de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina Secretaria de Estado da Saúde Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia Secretaria de Estado da Educação e Inovação Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa do Cidadão Sociedade Catarinense de Direitos Humanos Federação das Indústrias de Santa Catarina Universidade do Extremo Sul Catarinense Federação das Associações Comerciais e Industriais de Santa Catarina Universidade Federal de Santa Catarina Fundação do Meio Ambiente - FATMA Universidade da Região de Joinville Fundação Municipal do Meio Ambiente - FLORAM Universidade do Oeste de Santa Catarina Fundação Nova Vida Universidade do Vale do Itajaí ASSUNTOS E INSTITUIÇÕES COORDENADORAS INFRA-ESTRUTURA E COOPERAÇÃO ENTRE AS REGIÕES DO ESTADO Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Integração ao Mercosul MUDANÇA DO PADRÃO DE CONSUMO E PRODUÇÃO Universidade do Oeste de Santa Catarina INDÚSTRIA Federação das Indústrias de Santa Catarina COMÉRCIO Federação das Associações Comerciais e Industriais de Santa Catarina SERVIÇOS Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina TURISMO Santa Catarina Turismo SA AGRICULTURA E PESCA Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e Agricultura CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO Universidade Federal de Santa Catarina DIREITOS HUMANOS Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania RESPEITO ÀS MINORIAS Sociedade Catarinense de Direitos Humanos PROTEÇÃO À INFÂNCIA, À ADOLESCÊNCIA E AO IDOSO Fundação Vida ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS Associação Catarinense de Aqüicultura AUTORIDADES LOCAIS Centro Universitário de Jaraguá do Sul MEIO AMBIENTE Fundação do Meio Ambiente QUALIDADE DO AR Universidade do Extremo Sul Catarinense QUALIDADE, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina RECURSOS NATURAIS E DIVERSIDADE BIOLÓGICA Conselho Regional de Biologia BIOTECNOLOGIA Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina RECURSOS HÍDRICOS Associação Brasileira de Recursos Hídricos INCLUSÃO E REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social e da Família RECURSOS FLORESTAIS Universidade da Região de Joinville DEMOGRAFIA E CIDADES Companhia de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina ECOSSISTEMAS Universidade do Vale do Itajaí SAÚDE Secretaria de Estado da Saúde PRODUTOS AGROQUÍMICOS Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO Secretaria de Estado da Educação e do Desporto RESÍDUOS SÓLIDOS E ESGOTOS Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental "Nossas terras estão ermas, e as poucas que temos roteado são mal cultivadas, porque o são por braços indolentes e forçados; nossas numerosas minas, por falta de trabalhadores ativos e instruídos, estão desconhecidas ou mal aproveitadas; nossas preciosas matas vão desaparecendo, vítimas do fogo e do machado da ignorância e do egoísmo; nossos montes e encostas vão-se escalvando diariamente, e com o andar do tempo faltarão as chuvas fecundantes, que favorecem a vegetação e alimentam nossas fontes e rios, sem o que o nosso belo Brasil, em menos de dois séculos, ficará reduzido aos páramos e desertos da Líbia. Virá então esse dia, terrível e fatal, em que a ultrajada natureza se ache vingada de tantos erros e crimes cometidos". Este texto foi escrito em 1823 por um dos primeiros ecologistas do mundo, o nosso patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva, um homem muito à frente de seu tempo. À frente até de alguns altos dirigentes que, em pleno século 21, ainda não alcançaram a profundidade das suas idéias oitocentistas. Infelizmente, contra todas as evidências da gravidade do problema ambiental, ainda há líderes mundiais que preferem procurar água em Marte a comprometer-se com o Protocolo de Kioto e com a água da Terra. Como se fosse possível construir um cosmoduto para trazer água marciana depois de esgotadas as nossas reservas! A palavra japonesa JIJI é a junção de dois ideogramas. Separados, significam tempo e ocasião; juntos, representam o conceito de movimento do mundo, tendência de desenvolvimento mundial. Para os gregos antigos, a arte de agir no momento certo era chamada de KAIRÓS – o sentido de ocasião, que é a marca dos grandes líderes. Fiéis à herança de José Bonifácio, atentos às tendências de desenvolvimento mundial e conscientes de que a hora de agir é esta, estamos publicando e disponibilizando este árduo e profícuo trabalho, iniciado em 5 de junho de 2000 e agora concluído. Que esta Agenda 21 Catarinense desminta a profecia do nosso patriarca, sendo um divisor de águas e um marco no desenvolvimento sustentado deste Estado, talhado para ser exemplo e paradigma em todos os setores. Luiz Henrique da Silveira Governador do Estado de Santa Catarina Num tempo em que importantes líderes mundiais agem como Epimeteu, o imprudente irmão de Prometeu que abriu a caixa de Pandora, mais do que nunca são importantes as ações afirmativas em sentido contrário. Com o lançamento deste Documento Oficial da Agenda 21 Catarinense, estamos fazendo a nossa parte, dando a resposta que nos é possível, mas, ainda assim, maiúscula e afirmativa, contra a imprudência dos insensatos e arrogantes. Mais do que nunca é fundamental revelar a insustentável mediocridade dos impérios que se recusam a enxergar um universo cada vez mais pluriverso, interdependente, holístico. Um recado que, há exatos 150 anos, o grande Chefe Seatle já havia dado a outro insensato de igual jaez. Comemorando a coincidência desse sesquicentenário, parece oportuno reproduzir as mais importantes passagens dessa que é uma das mais belas peças da oratória ambientalista. “Todas as coisas compartilham o mesmo sopro”. “Há uma ligação em tudo.O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra”. “O homem não tramou o tecido da vida: ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo”. “Sabemos que o homem branco (...) rapta da terra aquilo que seria de seus filhos” (...) “Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto”. “Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. É o fim da vida e o início da sobrevivência”. Felizmente, o ser humano tem uma natureza quântica, capaz de gerar sempre novas oportunidades e alternativas. Mas o tempo histórico corre contra nós, numa contagem regressiva acelerada. Ou assumimos a nossa responsabilidade de guardiões do equilíbrio sistêmico, estabelecendo uma relação benfazeja com a natureza, ou a degradação das relações socioambientais acarretarão mais e mais pobreza, marginalidade, exclusão e guerras pelo domínio de recursos cada vez mais escassos. Com este documento, estamos cumprindo o nosso papel de despertar consciências e fomentar grupos que elaborem alternativas e acumulem energia para que, se ou quando a crise chegar, existam propostas que permitam desviar a humanidade de um colapso civilizatório. Bráulio César da Rocha Barbosa Secretário de Estado do Desenvolvimento Social, Urbano e Meio Ambiente O objetivo fundamental, primordial da Agenda 21 é a obtenção da sustentabilidade planetária, o mais depressa possível. Contudo o que significa esta tal sustentabilidade, o que é esse paradigma chamado Desenvolvimento Sustentável? Sabemos que é algo que ainda estamos construindo, dentro das pessoas e através da busca da compreensão do que é nosso planeta. Necessitamos ter uma visão sistêmica, unitária para nos aproximarmos desta possibilidade e assim mantermos as chances de sobrevivência na Terra. A Agenda 21 Catarinense é o nosso plano para a busca desse objetivo, embora não se configure numa receita pronta, que pode ser utilizada em todos os casos e em todos os momentos, nela temos um rumo, a determinação de que precisamos discutir permanentemente o desenvolvimento sustentável que nos cabe. Também não temos certeza que esta seja a garantia da sobrevivência do planeta e da vida sobre ele. Por mais otimistas que sejamos não podemos garantir que o Desenvolvimento Sustentável se configure na verdadeira fórmula para a salvação da Terra, mas é o que temos agora e, até que tenhamos algo melhor, deve ser a nossa luta. A Agenda 21 será efetiva quando todos os indivíduos estiverem devidamente sensibilizados com a filosofia do Desenvolvimento Sustentável, e trabalharem em uníssono para garantir a vida sobre a Terra. É uma utopia, pode ser, mas também é a nossa luta. Neste sentido, precisamos trabalhar difundindo a idéia do Desenvolvimento Sustentável para que cada município a adote, cada bairro, cada instituição, e assim aumentemos as possibilidades de que esta filosofia sensibilize o maior número possível de cidadãos. Aqui está, um documento discutido e elaborado numa parceria entre sociedade e governo e que almejamos que se torne um balizador das políticas públicas. Giampaolo B. Marchesini Coordenador técnico da Agenda 21 Catarinense SUMÁRIO Introdução..............................................................................................................14 O Estado de Santa Catarina....................................................................................16 Apresentação do Processo......................................................................................18 Objetivos da Agenda 21 Catarinense.......................................................................19 Mecanismos de Implementação..............................................................................19 SEÇÃO A Sustentabilidade do Desenvolvimento.................................................................21 INFRA-ESTRUTURA E COOPERAÇÃO ENTRE AS REGIÕES DO ESTADO...............22 MUDANÇA DO PADRÃO DE CONSUMO E PRODUÇÃO.........................................26 INDÚSTRIA.............................................................................................................29 COMÉRCIO............................................................................................................33 SERVIÇOS..............................................................................................................36 TURISMO...............................................................................................................40 AGRICULTURA E PESCA.......................................................................................44 CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO...................................................................47 BIOTECNOLOGIA...................................................................................................51 SEÇÃO B Sustentabilidade Social e Político-Institucional..................................................55 INCLUSÃO E REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS......................................56 DEMOGRAFIA E CIDADES.....................................................................................60 SAÚDE.....................................................................................................................64 EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO....................................................................69 DIREITOS HUMANOS.............................................................................................74 RESPEITO ÀS MINORIAS.......................................................................................77 PROTEÇÃO À INFÂNCIA, À ADOLESCÊNCIA E AO IDOSO.....................................80 ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS...........................................................83 AUTORIDADES LOCAIS.........................................................................................86 SEÇÃO C Sustentabilidade Geo-Ambiental..........................................................................89 MEIO AMBIENTE.....................................................................................................90 QUALIDADE DO AR.................................................................................................93 QUALIDADE, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO...........................................................96 RECURSOS NATURAIS E DIVERSIDADE BIOLOGICA............................................99 RECURSOS HÍDRICOS..........................................................................................102 RECURSOS FLORESTAIS......................................................................................105 ECOSSISTEMAS....................................................................................................108 PRODUTOS AGROQUÍMICOS..............................................................................111 RESÍDUOS SÓLIDOS E ESGOTOS.........................................................................114 Participantes do Processo......................................................................................117 INTRODUÇÃO ANO Em sua caminhada sobre Terra, o ser humano sempre dependeu dos “recursos naturais” que ela oferece. Desde a ação de alimentar-se até a ação da mais alta tecnologia. O ser humano demorou muito tempo até chegar ao desenvolvimento que atingiu hoje. E todo esse desenvolvimento está diretamente vinculado à utilização dos recursos que encontra em seu meio ambiente. Por um longo período, não houve grande preocupação com a destruição e/ ou reposição desses recursos. A preocupação aberta com estas questões aparece somente nas últimas décadas, muito após a Revolução Industrial, chegando hoje, quase ao desespero. Como Resultado de toda esta exploração, no século XX, teve início grande movimento na tentativa de reverter ou minimizar o quadro de degradação. Este fato levou a sociedade a repensar seu comportamento e a buscar soluções para continuar se desenvolvendo sem destruir o ambiente. Alguns momentos foram importantes nesta caminhada, como por exemplo: 1869 1872 1947 1952 1962 1965 1966 1968 1968 1972 1972 1973 1974 1975 1975 1976 14 ACONTECIMENTOS SÉCULO XIX Ernst Haeckel, propõe o vocábulo “ecologia” para os estudos das relações entre as espécies e seu ambiente Criação do primeiro parque nacional do mundo “Yellowstone”, USA SÉCULO XX Funda-se na Suíça a UICN- União Internacional para a Conservação da Natureza Acidente de poluição do ar em Londres provoca a morte de 1600 pessoas Anos 60 Publicação da “Primavera Silenciosa” por Rachel Carlson É utilizada a expressão “Educação Ambiental” (Enviromental Education) na “Conferência de Educação” da Universidade de Keele, Grã-Bretanha Pacto Internacional sobre os Direitos Humanos Assembléia Geral da ONU Fundação do Clube de Roma Manifestações de Maio de 68 na França Anos 70 Publicação do Relatório “Os Limites do Crescimento” Clube de Roma Conferência de Estocolmo - Discussão do Desenvolvimento e Ambiente, Conceito de Ecodesenvolvimento. Recomendação 96 Educação e Meio Ambiente Registro Mundial de Programas em Educação Ambiental -USA Seminário de Educação Ambiental em Jammi, Finlândia Reconhece a Educação Ambiental como educação integral e permanente Congresso de Belgrado - Carta de Belgrado estabelece as metas e princípios da Educação Ambiental Programa Internacional de Educação Ambiental - PIEA Reunião Subregional de Educação Ambiental para o ensino Secundário Chosica Peru. Questões ambientais na América Latina estão ligadas às necessidades de sobrevivência e aos direitos humanos. 1976 1977 1979 1980 1980 1980 1987 1987 1988 1989 1989 1990 1990 1991 1992 Congresso de Educação Ambiental Brasarville, África, reconhece que a pobreza é o maior problema ambiental. Conferência de Tbilisi - Geórgia, estabelece os princípios orientadores da Educação Ambiental e remarca seu caráter interdisciplinar, critico, ético e transformador. Encontro Regional de Educação Ambiental para América Latina em San José, Costa Rica. Anos 80 Seminário Regional Europeu sobre Educação Ambiental, para Europa e América do Norte. Assinala a importância do intercâmbio de informações e experiências. Seminário Regional sobre Educação Ambiental nos Estados Árabes, Manama, Bahrein. UNESCO _ PNUMA. Primeira Conferência Asiática sobre Educação Ambiental, em Nova Delhi, Índia Divulgação do Relatório da Comissão Brundtland, Nosso Futuro Comum. Congresso Internacional da UNESCO - PNUMA sobre Educação e Formação Ambiental - Moscou. Realiza a avaliação dos avanços desde Tbilisi , reafirma os princípios de Educação Ambiental e assinala a importância e necessidade da pesquisa, e da formação em Educação Ambiental. Declaração de Caracas. ORPAL - PNUMA, Sobre Gestão Ambiental em América Denuncia a necessidade de mudar o modelo de desenvolvimento. Primeiro Seminário sobre materiais para a Educação Ambienta. ORLEAC - UNESCO - PIEA. Santiago, Chile. Declaração de HAIA, preparatório da RIO 92, aponta a importância da cooperação internacional nas questões ambientais. 1993 1993 1994 1994 1995 1995 1995 1996 1997 1997 1997 ONU Declara o ano 1990 Ano Internacional do Meio Ambiente. Reuniões preparatórias da Rio 92. Conferencia sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, UNCED, Rio/92 - Criação da Agenda 21 Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis FORUN das ONG’s - compromissos da sociedade civil com a Educação Ambiental e o Meio Ambiente. Carta Brasileira de Educação Ambiental. Aponta as necessidades de capacitação na área. MEC. Congresso Sul-americano continuidade Eco/92 Argentina Conferência dos Direitos Humanos. Viena. Conferência Mundial da População. Cairo I Congresso Ibero Americano de Educação Ambiental. Guadalajara, México. Conferência para o Desenvolvimento Social. Copenhague Criação de um ambiente econômico-político-socialcultural e jurídico que permita o desenvolvimento social. Conferência Mundial da Mulher / Pequim Conferência Mundial do Clima. Berlim Conferência Habitat II Istambul. II Congresso Ibero-americano de EA . Junho Guadalajara, México. Conferência sobre Educação Ambiental em Nova Delhi. Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Conscientização Pública para a Sustentabilidade,Thessaloniki, Grécia. Como resultado da Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em 1992, cinco documentos foram elaborados, dentre os quais a Agenda 21, onde os países membros comprometem-se em pautar suas políticas econômicas, sociais e ambientais pelo princípio do desenvolvimento sustentável. É portanto com este compromisso que o Documento Oficial da Agenda 21 de Santa Catarina foi elaborado. Daqui para frente a luta é pela sua plena implementação, num processo contínuo. Anos 90 Conferência Mundial sobre Ensino para Todos, Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem, Jomtien, Tailândia. Destaca o conceito de Analfabetismo Ambiental 15 O ESTADO DE SANTA CATARINA A efetiva ocupação do território catarinense - hoje com 95.483 Km_ - foi iniciada pelos vicentinos em São Francisco do Sul, no ano de 1658. Depois foi a vez de Florianópolis, no ano de 1673, e de Laguna, no ano de 1682. No século seguinte, foram os açorianos, que continuaram a colonização do nosso litoral, marcando fortemente a história e a cultura catarinenses. Posteriormente, como conseqüência dos caminhos de vaqueiros, foi a vez da ocupação do planalto catarinense, com Lages, no ano de 1766, vindo em seguida São Joaquim, Curitibanos e Mafra, todos ligados ao ciclo do gado. A colonização européia, iniciada no século XIX, logo após a nossa independência - com os colonos alemães se estabelecendo em São Pedro de Alcântara, próximo ao litoral de Florianópolis - consolida-se a partir de 1850, com o povoamento imigrante ao longo dos vales dos rios Itajaí-Açú, Itajaí-Mirim e Itapocú, dando origem às cidades de Blumenau, Brusque e Joinville. Em 1836, são os italianos que aportam em Santa Ca- 16 za o solo para produção de culturas diversificadas e de subsistência. A pesca, principalmente artesanal, tem seu peso na formação da economia regional, mas o turismo se consolidado como a atividade mais importante. A colonização bem sucedida e organizada, nas regiões do Vale do Itajaí e Nordeste, resultaram em grandes centros urbanos, com um parque industrial diversificado, onde predominam os ramos metalmecânico, têxtil e plástico. Na região Sul do Estado, são as atividades ligadas à extração do carvão mineral e à produção de revestimentos cerâmicos, e, mais recente, também, as indústrias de confecções têxteis e calçadistas. No Planalto Catarinense, mantendo forte ligação com as suas origens econômicas, localizam-se a criação de bovinos e a extração de madeira e erva-mate.Também, recentemente, estão as lavouras de frutas e os ramos industriais de madeira, mobiliário, papel e celulose. Do Meio Oeste ao Extremo Oeste a atividade principal é a agroindústria, com o abate e processamento de matérias-primas de origem animal - suínos e aves – atividade apoiada pelas lavouras, com a forte produção de grãos. O Estado de Santa Catarina tem 293 municípios, espalhados por 10 regiões hidrográficas, um vasto planalto e duas serras - Geral e a do Mar. Originalmente, cobria-se pela Mata Atlântica, está posto sobre a esponja do aqüífero Guarani, desfruta de extenso litoral com dunas, restingas e belas praias, tocando quase 10,6 mil km2 de área oceânica. Santa Catarina, com o seu expressivo patrimônio natural, com sua riqueza étnica, necessita e merece um forte e definido processo de balizamento do desenvolvimento e da conservação ambiental. Santa Catarina necessita e merece uma forte e respeitada Agenda 21. tarina, estabelecendo-se no interior a partir de 1875 e desenvolvendo as cidades de São João Batista, Rodeio, Ascurra e Nova Veneza no sul do Estado. O meio oeste catarinense tem seu território definido e colonizado a partir da implantação da ferrovia São Paulo – Rio Grande, em 1910, marca forte da região, juntamente com a sua celebrada Guerra do Contestado, de cunho político-religioso. Atualmente, a população residente do Estado de Santa Catarina está em torno de 5,5 milhões de habitantes e vem crescendo a uma taxa média próxima de 1,4% ao ano, com uma densidade demográfica de 51,0 habitantes/km2. Com médias concentrações populacionais urbanas, o Estado catarinense tem bem distribuída a população por todo o seu território. Apenas oito cidades alcançam mais de 100 mil habitantes, e as nossas três maiores cidades - Florianópolis, Joinville e Blumenau – não atingem os 500 mil habitantes cada uma. O Estado de Santa Catarina ocupa a sétima posição na formação do Produto Interno Bruto Brasileiro.A renda per capita dos catarinenses está acima de R$ 6 mil, e o nosso crescimento econômico vem se mantendo superior à média brasileira. Pela diversidade e riqueza de seu patrimônio natural, pela estrutura fundiária - onde predomina a pequena propriedade familiar rural - pela forma de ocupação territorial e pela rica formação étnica, o Estado de Santa Catarina foi ao longo dos anos forjando um modelo próprio e diferenciado de socioeconomia. Suas modernas atividades econômicas trazem a estrutura da antiga ocupação e colonização. O litoral catarinense, com uma estrutura minifundiária, utili- 17 APRESENTAÇÃO DO PROCESSO Iniciado no dia 5 de junho de 2000 com a assinatura do Protocolo de Intenções pelo Governo do Estado de Santa Catarina e representantes da iniciativa privada e do Terceiro Setor , o processo de construção da Agenda 21 Catarinense continuou, sem interrupções, até o dia 10 de outubro de 2002, ocasião em que 170 representantes da sociedade organizada catarinense, reunidos no 1º Seminário Estadual, aprovaram o Documento Preliminar da Agenda 21 Catarinense. Este documento traz a síntese de 1.600 propostas e estratégias obtidas em 10 seminários regionais, realizados entre os dias 7 de fevereiro e 18 de julho de 2002, nas regiões hidrográficas do estado de Santa Catarina, com a presença de mais de 1.200 pessoas. Todas essas propostas foram sistematizadas num documento preliminar, no Seminário Estadual de outubro de 2002. A partir daí, este documento preliminar da Agenda 21 Catarinense foi distribuído para todo o Estado (5.000 exemplares), para que novamente fosse analisado e recebêssemos novas sugestões. Feito isto obtivemos o documento oficial no 2º Seminário Estadual, em outubro de 2003. O processo da Agenda 21 Catarinense, cujo objetivo é balizar o desenvolvimento sustentável no estado, também deseja despertar soluções novas a problemas antigos, como, por exemplo, o persistente desemprego. No Brasil, e na maior parte dos países, uma faixa expressiva da população mantêm-se permanentemente excluída do trabalho. Pela posição adotada há mais de 200 anos, após a Revolução Industrial, com o aumento da produção usando as regras e valores do mercado, a solução para o pleno emprego tem ficado cada vez mais distante. O número de excluídos continua a subir devido à crescente automação da produção e dos serviços e pelo sofisticado desenvolvimento tecnológico. Discutir estes fatos, e propor uma valorização das pessoas que estão ou desejam estar fora das regras e valores do mercado, pode ser a novidade a ser implementada em Santa Catarina. Na Europa, a sociedade começa a pagar, literalmente, para as pessoas se manterem ocupadas fora do mercado, valorizando atividades não competitivas, mas socialmente interessantes. Neste documento são discutidos 27 assuntos, que vão desde o comércio e a indústria, passando pela educação e o respeito às minorias, até a ciência, tecnologia e inovação, entre outros. Cada um deles descreve os desafios, obstáculos e premissas da sua respectiva sustentabilidade. Em seguida, são apresentadas estratégia e propostas de cada assunto, cuja implementação ficará a cargo daqueles que tenham responsabilidade e dignidade em suas ações cotidianas. COORDENAÇÃO DA COMISSÃO EXECUTIVA AMPLIADA Fone (48) 229-3790 Fax(48)229-3782 e-mail: [email protected] 18 OBJETIVOS DA AGENDA 21 CATARINENSE MECANISMOS DE IMPLEMENTAÇÃO Objetivo Geral A Agenda 21 Catarinense é um documento elaborado em consenso pela sociedade organizada do Estado de Santa Catarina. A sua implementação deve ficar sob a responsabilidade desta mesma sociedade. Parceiro da iniciativa privada e do terceiro setor no processo de elaboração da Agenda 21 Catarinense, o poder executivo do Estado, juntamente com o legislativo e o judiciário, deverá ser também o agente que desencadeará o processo de implementação com esses mesmos agentes. Os mecanismos de implementação das estratégias e propostas da Agenda 21 Catarinense devem ser construídos a partir de uma decisiva posição governamental, que poderá criar a Comissão Permanente da Agenda 21 Catarinense e de Desenvolvimento Sustentável do Estado de Santa Catarina. Os que assumirem a tarefa de implementação devem, a cada estratégia e a cada proposta, fazer um projeto de implementação, definindo, entre outras variáveis, os atores a serem envolvidos, as ações com suas respectivas metas que devem ser materializadas em ordem prioritária, o volume de recursos necessários com origem e destinos claros, além de prazos para alcançar as metas estipuladas. Precedendo a implementação propriamente dita, fazse necessário um trabalho de divulgação e conscientização da sociedade organizada e da população em geral. Durante o processo de implementação, seria recomendável a criação de um Selo de Desenvolvimento Sustentável, credenciando as instituições participantes da implementação com o mérito do processo e implicando indiretamente o consumidor final. Oferecer diretrizes para o desenvolvimento sustentável do Estado de Santa Catarina, visando satisfazer as necessidades da população. Objetivos Específicos Realizar diagnóstico socioeconômico e ambiental, visando a proposição de ações dentro de estratégias que envolvam o setor público, o setor privado e o terceiro setor de organização social. Formular propostas que visem incluir a população catarinense no rumo da tecnologia da informação, para que não fique à margem da era do conhecimento, o século XXI. Superar a fase do crescimento econômico com degradação ambiental, pela utilização mais eficiente das matérias-primas e dos insumos produtivos. Encaminhar modificações no padrão de consumos das pessoas, concomitantemente a mudanças no padrão de produção e de prestação de serviços. Superar as condições negativas do mercado privatista, fazendo dele um fator capaz de promover, também, o desenvolvimento humano, distribuindo renda, socializando o conhecimento e erradicando a pobreza. Valorizar a proteção ambiental pela sustentabilidade dos ecossistemas. Fazer da justiça social e da democracia metas permanentes. 19 SEÇÃO A Sustentabilidade do Desenvolvimento 21 1 INFRA-ESTRUTURA E COOPERAÇÃO ENTRE AS REGIÕES DO ESTADO Desafios Integrar o planejamento dos sistemas viários regionais, buscando tecnologias adequadas de pavimentação que minimizem a agressão ao meio ambiente. A construção da sustentabilidade é particularmente complexa e difícil na gestão da infraestrutura e da cooperação entre as regiões do estado de Santa Catarina. São muitos os atores envolvidos, desde os governos federal, estaduais e municipais, os empresários, as universidades, até as organizações não-governamentais. Os interesses dos representantes da sociedade organizada são, na maioria das vezes, conflitantes e até mesmo contraditórios.A tudo isso, deve-se agregar a diversidade de cenários econômicos e sociais ao longo dos 95.442,9 km2 do território catarinense. A construção do desenvolvimento sustentável - que passa pela implementação da infraestrutura e da cooperação entre as diversas regiões – alicerçada no crescimento econômico e na integração político-social da população, exige mudanças na ótica das autoridades que detêm o poder decisório e na cultura das pessoas envolvidas com a questão. O desafio, assim colocado, exige a implantação de infra-estrutura de transportes, energia e comunicação, visando à modernização e à integração das regiões catarinenses, bem como a abertura de novos eixos de desenvolvimento, para a redução das desigualdades regionais e a ocupação de espaços geográficos. Exige, ainda, a busca de recursos e a superação de disputas políticas, onde quase sempre são desprezados os componentes da integração regional e da cooperação entre municípios. As Associações de Municípios, que funcionam de maneira técnica, suprapartidária e contribuem para a implantação de Regiões Metropolitanas e Agências de Desenvolvimento Regional, têm o desafio de sair da visão particular para a da expansão coletiva, possibilitando a participação integrada de todas as regiões no processo de desenvolvimento do Estado. Para as agências reguladoras setoriais, o desafio é induzir investimentos do setor público e privado para projetos de infra-estrutura que ajudem a eliminar as desigualdades regionais, favorecendo comunidades menos desenvolvidas. Nos setores de energia e de comunicações, os marcos regulatórios acham-se muito mais 22 avançados e desenvolvidos, estando já implantados e em operação, mas nem sempre foram concebidos considerando as questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável. O desafio fica por conta da necessidade de incluir estudos prévios de uma agenda específica para a formulação e aperfeiçoamento do marco regulatório dos diversos setores e atores envolvidos, levando em conta a sustentabilidade, a cooperação e integração entre as regiões do Estado. Premissas Parceria no planejamento, na operação e na fiscalização dos serviços de infra-estrutura, envolvendo todos os atores sociais - agentes econômicos e instituições diversas – é a premissa básica, pois pressupõe a articulação entre os rumos das políticas macroeconômicas. A definição dos eixos de desenvolvimento, como a malha viária, projetos energéticos, de telecomunicações, de transporte intermodal, rodoviário, ferroviário, fluvial, portos e demais ações infra-estruturais, envolvendo as representações locais e comunitárias - que serão direta ou indiretamente afetadas por essas macrodecisões - é outra premissa. O fortalecimento dos municípios deve ser buscado para os objetivos da sustentabilidade, que só podem ser alcançados mediante a participação da ação local em todas as decisões que envolvem a utilização de bens e serviços econômicos e de recursos naturais. A ampliação da responsabilidade ecológica, a capacidade dos atores sociais de identificar a interdependência entre os fenômenos e aceitar os princípios de co-responsabilidade na gestão dos recursos e dos ecossistemas compartilhados, como ar, oceanos, florestas e bacias hidrográficas. A busca da eficiência energética, implicando a redução dos níveis de desperdícios no consumo, sobretudo de combustíveis fósseis, e a busca de diminuição significativa na produção e no uso de produtos não-recicláveis. Gerar condições de financiamento para iniciativas locais na concepção e na implantação de pequenos projetos de infra-estrutura, que representem economia de energia, uso de fontes novas e renováveis, com menor nível de agressão ao meio ambiente e de utilização de recursos naturais. Essas premissas recomendam a ampliação e o fortalecimento da ação local, com ênfase na participação da sociedade civil em todas as circunstâncias que envolvam o interesse público e a sustentabilidade das políticas públicas, em especial no que se refere à infra-estrutura e à integração. Obstáculos A inexistência de política de longo e médio prazos para balizar o planejamento e a implantação da infra-estrutura, visando a cooperação entre as regiões. 23 A não participação do governo estadual na formulação dos marcos regulatórios da infraestrutura, que poderia contribuir para uma política estadual consistente, visando à integração e cooperação entre as regiões. Inexistência de metodologias que possibilitem a adoção de decisões integradas de política energética, ambiental e econômica, com vistas ao desenvolvimento sustentável, considerando avaliações de impacto ambiental. Insuficiência de pesquisas, desenvolvimento, transferência e uso de tecnologias e práticas para sistemas energéticos ambientalmente saudáveis, inclusive sistemas energéticos novos e renováveis. Recursos reduzidos para investimento na modernização da infra-estrutura, visando uma maior cooperação e integração entre as regiões. Dificuldades na realização de parcerias envolvendo atores sociais, agentes econômicos e instituições diversas, com coordenação mais articulada para a administração dos conflitos e contradições. Além da crise econômica, a inexistência de comprometimento dos diversos segmentos da sociedade com as discussões, visando às fases de planejamento, operação e fiscalização dos serviços de infra-estrutura. Estratégia O planejamento da infra-estrutura física e de serviços no Estado de Santa Catarina, bem como sua expansão e melhoramento, deve levar em consideração o objetivo prioritário de integrar fisicamente as diversas regiões do Estado, fortalecendo a produção, o comércio e os serviços locais, tornando-os competitivos no relacionamento com os demais estados da federação e com os outros países. Propostas Criar um banco de dados, inclusive pela via do geoprocessamento, visando sustentar as ações de planejamento, implantação e gestão de obras e serviços. Fazer com que a concepção, planejamento, implantação e operação de projetos sejam compatíveis com a potencialidade e fragilidade do meio físico, levando em conta o zoneamento ecológico-econômico do território de implantação dos mesmos. Recuperar e ampliar a infra-estrutura de transporte ferroviário para escoamento da produção catarinense, fazendo a sua integração com o transporte rodoviário e hidroviário, interligando o Estado aos seus vizinhos e a região Oeste aos portos catarinenses. 24 Viabilizar projetos de ligação ferroviária entre o Atlântico e o Pacifico, atendendo às demandas de logística de transporte de carga e passageiros. Integrar o planejamento dos sistemas viários regionais, buscando tecnologias adequadas de pavimentação que minimizem a agressão ao meio ambiente. Estabelecer políticas e estratégias que possibilitem a universalização do acesso às tecnologias de informação, como internet, telefonia, televisão e rádio. Implantar malha aeroviária no Estado, instalando novos aeroportos, ampliando e melhorando os existentes e internacionalizando os localizados na fronteira, visando a integração do Estado com os países do Cone Sul. 25 2 MUDANÇA DO PADRÃO DE CONSUMO E PRODUÇÃO Desafios Incentivar a produção de bens e a oferta de serviços ambientalmente sustentáveis, de forma a gerar mudança no comportamento da sociedade de consumo. Alterar o padrão de consumo e de produção é, talvez, o maior desafio da sustentabilidade do sistema produtivo capitalista e, por conseqüência, da saúde ambiental do planeta como um todo. O desperdício, motivado pela insaciabilidade do consumo humano individualizado e pela acomodação ao lucro fácil e sem responsabilidade social dos empreendimentos produtivos, deve ser enfrentado pela sociedade organizada como forma de reverter a degradação ambiental dos ecossistemas da Terra. O sistema capitalista, que predomina na sociedade moderna, seguidamente analisado em diagnósticos que indicam a insustentabilidade de seus processos produtivos, pela utilização excessiva de recursos naturais ou pelo uso de recursos escassos, tais como água e energia, e pela geração de dejetos - especialmente resíduos tóxicos - compromete a qualidade do ambiente e deve ser reformulado, procurando eliminar o custo ambiental da produção, através do desenvolvimento de tecnologias alternativas. Alterar os padrões de produção e de consumo social e ambientalmente insustentáveis, quer em nível local, nacional ou internacional, incorporando e adotando propostas sustentáveis, com diretrizes de planejamento e gestão ambiental, deve ser o caminho a ser seguido pelos catarinenses. O desafio deste assunto - Mudança no padrão de consumo e produção – inclui a proposição de políticas de estímulo e promoção ao consumo sustentável e às transformações no sistema produtivo, nos mais variados ramos da atividade econômica, objetivando a redução das desigualdades sociais e assimilando uma ética que contemple a responsabilidade ambiental do cidadão produtor e consumidor. Premissas O consumo sustentável tem com premissa básica a utilização da natureza para satisfazer as necessidades da população e promover o desenvolvimento humano por meio de serviços e produtos que econo- 26 mizem, na maior medida possível, os recursos naturais, que evitem a produção de dejetos e a emissão de poluentes, que assegurem o equilíbrio do ecossistema e as condições de vida às gerações futuras. Utilizar de forma definitiva a pesquisa científica, geradora de inovação tecnológica, desenvolvida nas universidades e organismos públicos e privados, promovendo um grande esforço no aumento da produção do conhecimento científico e tecnológico – processos e produtos – e transferindo-os aos setores produtivos do Estado, é outra premissa geradora de mudanças. Fazer crescer a incipiente - para não dizer inexistente - contribuição da iniciativa privada ao financiamento de atividades de investigação científica, de base tecnológica e de inovação. A incorporação de tecnologias sustentáveis aos processos produtivos, do ponto de vista social e ambiental, é um aspecto fundamental da sociedade ecológica. Para tanto, é necessário um compromisso de reciprocidade entre setores produtivos - indústrias, empresas comerciais, prestadoras de serviços, empreendimentos de socioeconomia - tais como cooperativas e associações - e as universidades e centros de pesquisa, a fim de encontrar soluções para os problemas de sustentabilidade dos processos produtivos e, sobretudo, favorecer a equidade social. Fazer do direito à informação uma das premissas do consumo sustentável, uma vez que a informação favorece a tomada de consciência do consumidor sobre as conseqüências do consumo que não adota critérios. Ao decidir-se pela utilização de um produto ou serviço, o consumidor tem direito de saber qual é sua origem, conhecer o processo de produção – matéria-prima e outros recursos naturais utilizados, geração de rejeitos e resíduos tóxicos -, as características da mãode-obra - situações de risco ao trabalhador, penosidade, trabalho infantil, insalubridade e garantia de direitos sociais - e a destinação dos dejetos após o consumo - embalagens e descartes. Obstáculos Um dos obstáculos à mudança é o predomínio de tecnologias antigas, ultrapassadas, insustentáveis nos processos produtivos, aliado ao pouco investimento em pesquisas para se desenvolver novas tecnologias. Outro obstáculo é o baixo índice de transferência de tecnologia dos centros de pesquisa ao setor produtivo. A forte desigualdade social e a falta de políticas de distribuição de renda, aliado à insuficiência de políticas públicas que favoreçam o desenvolvimento humano e social. A falta de informação, consciência ecológica e organização dos consumidores, assim como o pouco controle dos efeitos ambientais de produtos e processos. A prevalência dos interesses econômicos imediatos e desconsideração dos custos ambientais dos processos produtivos. 27 A exclusão social relacionada com padrões de consumo, além daquela operada pela concentração de renda, produzidas, ambas, pela massificação do consumo, que não respeita as diferenças pessoais e culturais, é outro importante obstáculo à mudança. A pressão da mídia para o consumismo, que afeta psicológica e economicamente as famílias, interferindo na saúde das pessoas. Estratégia A mudança do padrão de consumo e produção será alcançada através do convencimento via informação, num processo de conscientização de médio e longo prazos - sobre os benefícios aos empreendedores e sobre o reconhecimento social dos consumidores que alteram a postura, selecionando produtos e serviços sustentáveis. Propostas Adequar a legislação, fazendo avançar o direito do consumidor, de forma a incentivar o consumo sustentável, propiciando às pessoas o efetivo controle da qualidade dos produtos e dos serviços ofertados. Incluir noções de consumo e produção sustentável como tema transversal nas escolas de educação básica e profissional. Incentivar a produção de bens e a oferta de serviços ambientalmente sustentáveis, de forma a gerar mudança no comportamento da sociedade de consumo. Incentivar as empresas para que desenvolvam tecnologias limpas, agregando valor ambiental ao produto final. Incentivar o consumo de produtos certificados, através de campanhas educativas. 28 3 INDÚSTRIA Desafios Fortalecer a vocação industrial empreendedora, valorizando as potencialidades regionais e incentivando a criação de incubadoras empresariais. O maior desafio enfrentado hoje pelas empresas industriais é de como manter e melhorar a sua vantagem competitiva em mercados cada vez mais globalizados e, concomitantemente, atender aos princípios do desenvolvimento sustentável. Para atingir uma vantagem competitiva global, a administração da empresa deve olhar além das soluções de curto prazo, focadas apenas no lucro e na diminuição de custos, comprometendose com uma visão menos reducionista e cartesiana do meio onde opera, incluindo as variáveis sócioambientais como parte do seu planejamento estratégico. Ter empresas rentáveis e prósperas, com proprietários e investidores satisfeitos, mantendo os empregos gerados e a economia em crescimento, implica em balancear as considerações econômicas e ambientais em bases locais, nacionais e globais. O modo como as organizações respondem a esses desafios terá um grande impacto nas suas operações. Se elas optarem por serem ambientalmente responsáveis, serão provavelmente mais atrativas aos olhos dos investidores e agentes de financiamento. Encontrarão uma maior aceitação de seus produtos e serviços e obterão maior apoio comunitário e governamental. Como resultado, tornar-se-ão empresas de vida longa e crescimento econômico ajustado às novas demandas da sociedade. Negligenciar o meio ambiente significa um risco de ficar desatualizado no contexto do mercado, que hoje tende a identificar muito mais a conduta e o comportamento da empresa face às exigências ambientais do que a exclusividade da marca, muitas vezes histórica e desatrelada das mudanças em curso. Esse descuido, normalmente, leva a mídia a promover publicidade negativa e os agentes governamentais a negarem ou retirarem licenças ambientais e outros requisitos legais de funcionamento. Agregue-se, ainda, à lista, o desgaste de repercussões negativas provenientes de multas e processos penais, caros ao caixa e à imagem da organização. Basicamente, as organizações dispõem de quatro formas de responder aos desafios do de- 29 senvolvimento sustentável e da busca da vantagem competitiva: A primeira é agir sobre as questões de natureza ambiental de forma reativa, ou seja, quando os problemas ocorrem. A segunda é cumprir com as exigências legais. A terceira é praticar uma gestão ambiental consistente, em que as ações são tomadas depois de considerados seus impactos no meio ambiente. A quarta é perseguir o desenvolvimento sustentável, isto é, adotar ações que tragam efeitos benéficos de longo prazo à economia, ao meio ambiente e à sociedade. As organizações que adotarem as duas últimas estratégias serão capazes não apenas de prevenir problemas antes que estes ocorram. Poderão, também, encontrar novas oportunidades para atender um mercado em crescimento para os produtos e serviços ambientalmente corretos e identificar formas de diminuir custos por meio da revitalização do processo industrial, reduzindo o consumo de água e energia e melhorando a utilização dos recursos naturais. Tudo isso as auxiliará a competir de forma mais efetiva no mercado e aumentar o seu lucro potencial. Organizações que se contentem somente com as duas primeiras estratégias poderão se encontrar em um mercado cada vez menor, correndo sério risco de serem ultrapassadas pelos competidores ambientalmente responsáveis. Premissas Para contribuir com o sucesso do desenvolvimento sustentável industrial, deve ser considerada a utilização de recursos naturais não-renováveis a um ritmo estabelecido em função da disponibilidade de recursos alternativos, utilização de recursos renováveis a taxas limitadas à sua capacidade de regeneração natural ou artificial, disposição e dispersão dos resíduos industriais limitadas de acordo com a capacidade de assimilação dos ecossistemas, de modo a prevenir impactos irreversíveis nos sistemas fundamentais de manutenção da vida. A aplicação do enfoque preventivo, que pressupõe a adoção de medidas que permitam prevenir a degradação ambiental e eliminar suas causas, afastando assim a ameaça de deterioração grave ou irreversível. A concepção de procedimentos para prevenir acidentes, reduzindo-se, desta forma, os riscos e as perdas potenciais associadas a acidentes e situações de emergência ambientais. A prevenção da poluição na fonte, isto é, minimizar os danos ambientais causados nos processos de fabricação e produção, ao invés de tratá-los uma vez já gerados. A minimização do consumo de recursos naturais e também dos resíduos gerados por unidade de 30 produção, assegurando, assim, uma utilização eficiente dos meios de produção e dos recursos naturais. A certeza de que todos os setores da sociedade tenham a possibilidade de participar do processo de industrialização, beneficiar-se da riqueza gerada por meio das atividades industriais e aplicar os mesmos princípios de eqüidade às pessoas de ambos os sexos e para as gerações presente e futuras. Obstáculos As principais barreiras enfrentadas para alcançar o desenvolvimento sustentável industrial pleno incluem lacunas ou insuficiência em termos de informação, escassez de infra-estrutura científica, tecnológica e de inovação. Entre as carências de informação cabe citar a limitação dos dados disponíveis sobre a natureza e magnitude da degradação ambiental - indicadores confiáveis sobre o esgotamento dos recursos naturais, contaminação do ar, da água e do solo. As pequenas e médias empresas possuem acesso limitado à informação e carecem de pessoal qualificado e do capital necessários para utilizar processos de produção mais limpa. Outro obstáculo é a dificuldade de compreensão das causas imediatas e fundamentais da degradação ambiental e, portanto, dos meios para a sua remediação, bem como a precária quantificação das perdas econômicas resultantes da degradação ambiental. A insuficiência de capacidade institucional, especialmente a aptidão para executar e coordenar os programas, assim como a escassez de pessoal qualificado, geram graves problemas no âmbito governamental. A indústria, mesmo quando realmente está engajada no investimento em tecnologias limpas, depara-se com limitações financeiras. A escassez de capital e o seu elevado custo, devido à taxa de juros, podem impedir a adoção ou importação destas tecnologias, mesmo quando estas são plenamente justificáveis do ponto de vista econômico. Como parte da globalização, inúmeros requisitos ambientais estão em definição, acarretando custos associados ao produto, processo ou instalação. Trata-se de um evento transformador, que exige consciência e intensa participação dos setores produtivos e demais segmentos da sociedade. Nesse processo, deve considerar-se que as medidas de conservação ambiental podem gerar para o mercado, intencional ou inadvertidamente, efeitos semelhantes às barreiras não-tarifárias, podendo comprometer o nosso desenvolvimento. Por outro lado, a inserção da variável ambiental na produção pode também sinalizar oportunidades para produtos ecologicamente adequados, nicho no qual Santa Catarina pode posicionar-se de forma bastante promissora, principalmente por sua peculiar biodiversidade, riqueza mineral e cultural. 31 Estratégia Fundamentar a atuação dos empreendedores industriais catarinenses, no sentido de aumentar a produção e exportação de bens, com responsabilidade social e ambiental, adotando cada vez mais rapidamente os avanços científicos, tecnológicos e de inovação obtidos pelas instituições de pesquisas estaduais, nacionais e estrangeiras. Propostas Fazer a reforma tributária, promovendo a diminuição de tributos e o aumento da base tributária. Estimular a utilização de recursos disponíveis do setor público e privado para o incentivo à pesquisa de tecnologias e inovações, aproximando os centros de pesquisas das empresas interessadas, visando aumentar a qualidade dos produtos catarinenses e o respeito ao ambiente, para atender as exigências do mercado globalizado. Criar linhas de crédito diferenciado para aquisição de tecnologias limpas e de equipamentos antipoluentes, principalmente para as micros, pequenas e médias empresas. Rever as políticas públicas de qualificação profissional, com a participação das instituições profissionais, com ênfase no desenvolvimento da conscientização ambiental e da responsabilidade social. Fortalecer a vocação industrial empreendedora, valorizando as potencialidades regionais e incentivando a criação de incubadoras empresariais. Implantar uma dinâmica maior ao processo de obtenção de licenciamento ambiental, desburocratizando as etapas e unificando os sistemas de inspeção e certificação de produtos. Estimular e apoiar a adequada gestão dos recursos naturais, dos dejetos, rejeitos e resíduos junto aos fornecedores de matéria-prima e prestadores de serviços, abrangendo toda a cadeia produtiva da indústria catarinense. 32 4 COMÉRCIO Desafios Orientar o consumidor sobre os efeitos colaterais indesejáveis da utilização dos produtos disponibilizados no mercado, mostrando as vantagens de produtos ambientalmente certificados. No mundo moderno, as inter-relações de mercado devem ser processadas com clareza e rapidez, tornando cada vez mais impessoal o tratamento que se dispensa ao consumidor, como se verifica atualmente com o comércio eletrônico. O comércio é o setor que mais emprega e mais gera impostos em Santa Catarina. Com a agilidade imposta pelas novas tecnologias de comunicação e com a competição agressiva da globalização, o desafio do comércio é obter, cada vez mais, competitividade e busca de tecnologias operacionais mais eficientes e criativas, fazendo com que o consumidor tenha maior satisfação na sua aquisição. Outro desafio é desenvolver um esforço de parceria entre fornecedores e estabelecimentos comerciais, para ultrapassar as dificuldades de acesso aos mercados, criando os meios e oportunidades para melhorar as condições de vida do cidadão catarinense. Também, desenvolver boas condições de trabalho aos empregados do comércio e praticar preços justos ao consumidor são desafios permanentes. O comércio tem um papel relevante no desestímulo e na eliminação de produtos ambientalmente e socialmente incorretos, através de ações efetivas que dificultem a comercialização destes produtos, obrigando a indústria a promover melhorias ambientais, que, por sua vez, economizam insumos, racionalizam o processo produtivo, com aproveitamento de resíduos, levando o produto final a ganhar em competitividade. As regulações e normas ambientais, exigidas pelo mercado internacional, têm o desafio de serem vistas pelo empreendedor do comércio como valioso instrumento de promoção e de estímulo à competitividade dos bens vendidos. Premissas O desenvolvimento empresarial do setor terciário, de forma específica o comércio de bens, está vinculado a que se progrida no caminho da modernidade, criando nas empresas a necessida- 33 de de aprimoramento, pela utilização de tecnologia e inovação disponíveis no mercado. Tornar o setor maduro, seja ele grande, médio, pequeno ou micro, para a compreensão das novas técnicas e adoção de novos mecanismos de aperfeiçoamento das atividades. Deixar de lado formas empíricas de administrar, reportando-se, ainda que de forma simples, a um processo de gerenciamento adequado, formalizado em processo de continuidade da atividade, a fim de não haver perecimento precoce, como ocorre com muita freqüência. A vida empresarial deverá ser sustentada por mecanismos que permitam detectar as tendências a serem seguidas pelo segmento. A interação harmoniosa entre o comércio e o meio ambiente deve ser outra premissa, adotando estratégias de desenvolvimento sustentável. As considerações ambientais devem ser consideradas especialmente na forma com as empresas catarinenses nutrem suas relações com os consumidores, fornecedores, empregados, investidores, comunidades locais e meios de comunicação Obstáculos Os altos juros praticados pelos agentes financeiros são inibidores de um crescimento orgânico, especialmente daqueles empreendimentos considerados pequenos, que não podem suportar ônus financeiro em suas atividades empresariais. Na ordem conjuntural, a carga tributária nacional é muita alta se cotejada com a de outros países, como também os encargos de natureza social que incidem sobre a folha de pagamento. Dificuldade no aprimoramento dos métodos e processos aplicados na consecução dos negócios empresariais, para que se possam alcançar melhores resultados. A falta de cultura dos consumidores por produtos inofensivos ao meio ambiente também representa obstáculo ao desenvolvimento de uma consciência empresarial com relação à necessidade de ações efetivas de interação harmoniosa entre o comércio e o desenvolvimento sustentável. Poucos são os empresários que têm visão do papel relevante do comércio no desestímulo e eliminação da fabricação de produtos que sejam ambientalmente não recomendáveis e socialmente inconvenientes. A inexistência de parceria entre fornecedores e estabelecimentos comerciais dificulta a dinâmica de acesso aos mercados de produtos ambientalmente corretos e impõe barreiras às empresas que vêem as regulações e normas ambientais como custos operacionais e não como investimentos. 34 Estratégia Obter o crescimento do volume de bens comercializados, fazendo com que esse crescimento seja exercitado pela oferta diversificada e de qualidade, com a diminuição da carga tributária estadual sobre produtos básicos, concomitante ao aumento da carga tributária sobre produtos supérfluos, simplificando as operações de fiscalização de tributos e valorizando o empreendedor ambientalmente consciente. Propostas Fomentar a criação de empresas de comércio exterior que comercializem, preferencialmente, produtos de fontes renováveis. Buscar mecanismos de planejamento para avaliar o mercado e orientar a implantação de novas empresas comerciais, envolvendo o poder público, as entidades representativas do comércio e as instituições de capacitação. Orientar o consumidor sobre os efeitos colaterais indesejáveis da utilização dos produtos disponibilizados no mercado, mostrando as vantagens de produtos ambientalmente certificados. Rever a carga tributária das micros, pequenas e médias empresas comerciais, no sentido de estimular o seu desenvolvimento sustentável, possibilitando a criação de mecanismos de proteção ao setor. 35 5 SERVIÇOS Desafios Disponibilizar programa de capacitação profissional que atenda às novas demandas do mercado globalizado. Nas últimas décadas, o crescimento do setor de serviços tem sido acentuado na maioria dos países, inclusive aqueles em desenvolvimento, pois a base de demanda desse setor repousa em pessoas com necessidades e recursos financeiros disponíveis. Segundo o IBGE, o setor de serviços representa 58,3% do PIB brasileiro, absorvendo 57,2% da mão-de-obra disponível no mercado. Em Santa Catarina, este setor responde por 40,1% do pessoal ocupado no mercado de trabalho, sendo que o comércio e indústrias catarinenses ocupam, juntos, 59,9%. O setor ainda é composto por 37,7% de empresas formais, enquanto o comércio responde por 43% e a indústria, por 19,3%. Ocorre que o setor de serviços tem absorvido grande parte dos trabalhadores que migram de outros setores, especialmente o industrial. Isso se deve ao fato de que países em desenvolvimento, ao implantarem a inovação tecnológica e a gestão moderna em suas empresas, acabam excluindo uma boa parte dos trabalhadores com baixa qualificação profissional e escolaridade. Outros fatores, ainda, contribuem para o aumento desse contingente de pessoas disponíveis para o mercado de trabalho, como o crescimento vegetativo da população, a ampliação da expectativa de vida e a redução da mortalidade infantil. Entretanto, tais fatores também levam à busca de mais serviços para serem produzidos e consumidos, ocasionando o crescimento do setor de serviços como um todo. O grande desafio deste setor nos países em desenvolvimento será, com certeza, ajudar a vencer o desemprego. É de se prever, nos próximos anos, uma situação caracterizada pelo aumento do desemprego industrial e público. Em compensação, haverá grande aumento do setor de serviços. Ocorre que é sobretudo nessas atividades que se concentra grande parte da informalização observada na população ativa. Ao se analisar o mercado informal no Estado, o setor de serviços concentra 51% das empresas, seguido pelo comércio com 42% e a indústria com 7%. Por outro lado, a alta taxa de desempre- 36 go para as camadas da população com baixa escolaridade, que migram para o setor de serviço e o mercado informal, ameaça seu desenvolvimento devido à baixa qualidade do serviço ofertado. Serviços não podem ser estocados, geralmente são produzidos e consumidos ao mesmo tempo. Isso pode significar que não existe uma segunda chance para causar uma boa impressão ao cliente. Serviços são intangíveis, isto é, são experiências que o cliente vivencia, enquanto os produtos são coisas que podem ser possuídas. Além disso, há a necessidade da presença do cliente ou um bem de sua propriedade para que o serviço possa ser efetivamente prestado. Com isso, o trabalhador acaba se tornando o recurso mais importante para o sucesso da organização. A qualidade do serviço prestado, com vistas a atender as necessidades e expectativas dos clientes, traduz-se numa forma de gestão que, em primeiro lugar, valorize a qualificação das pessoas, ofereça serviços personalizados, agregando valor. A empresa do setor de serviços que buscar o aprimoramento desses spectos terá como resultado maior fidelização de clientes. Portanto, a qualidade é um importante elemento para definir um serviço ofertado. E é com base nesse critério que um consumidor estabelece a diferenciação entre uma empresa e seus concorrentes. Em mercados altamente competitivos, onde existe uma grande quantidade de fornecedores, os clientes terão maiores opções, aumentando em muito o seu nível de exigência. Dessa forma, a qualidade dos serviços prestados (e isso pressupõe, entre outras coisas, mão-de-obra capacitada e qualificada) é ferramenta imprescindível para agregação de valor, permitindo a sua sustentabilidade. Analisando-se o porte das empresas brasileiras atuantes no setor de serviços encontramos a seguinte divisão: microempresas = 87,18%; empresas de pequeno porte = 10,25%; empresas de médio porte = 1,24%; e empresas de grande porte = 1,33. O setor de serviços em Santa Catarina é composto por 98,8% de micro e pequenas empresas, absorvendo 46,9% da mão-de-obra formal. Percebe-se, dessa forma, que as micros e pequenas empresas são de fundamental importância para a consolidação do setor de serviços. Significa dizer que o desenvolvimento desse setor deverá estar voltado para a solução de questões como a dificuldade de acesso ao crédito, falta de gestão empresarial, produtos e serviços com baixo valor agregado e, até mesmo, a falta de políticas públicas adequadas. Esses tornam-se os desafios para o setor de serviços e também para aqueles que necessitam de financiamento para iniciar seu próprio negócio. Premissas A globalização do comércio, a abertura generalizada dos mercados, a aceleração do progresso tecnológico e a intensificação da competitividade exigem do Estado e dos agentes econômicos uma mudança substancial de atitude e alterações profundas na cultura empresarial. 37 É importante nessa atual conjuntura, marcada por profundas transformações na estrutura produtiva e nas relações de produção, a alternativa oferecida pelas micros e pequenas empresas do setor de serviços, especialmente quanto à geração de empregos, contribuindo significativamente para desconcentrar a renda, bem como absorver amplos contingentes migratórios liberados por outros setores da economia. E, ante o acelerado processo de automação industrial, que a cada ano elimina centenas de milhares de postos de trabalho, viabiliza a reciclagem de trabalhadores, oferecendo-lhes novas perspectivas de progresso. Entretanto, o problema não se restringe somente ao desemprego ou a quantidade de trabalho disponível, mas está intimamente ligado à qualidade dos postos de trabalho. Essa é uma das conseqüências da informalidade, entendida como a soma dos autônomos, dos empregados sem carteira e dos não-remunerados. Nenhum segmento contribuiu mais para a pobreza brasileira do que o setor informal. Cerca de 51,3% dos pobres estão em famílias chefiadas por informais. Os chefes desempregados contribuem com apenas 5,4%. Isto quer dizer que o grande gerador de pobres não é o desemprego, mas a informalidade. Pessoas que têm trabalho, mas não ganham o suficiente para sustentar suas famílias. O desenvolvimento sustentável vai muito além do crescimento econômico, embora este seja um pré-requisito fundamental para seu alcance. Inclui dimensões como liberdade de expressão e direito às diversas formas de dignidade nas relações sociais, associadas a um mínimo de acesso a bens e serviços disponíveis a outros grupos populacionais ou a outros membros de seu grupo. O descompasso no setor econômico está entre o crescimento da produtividade e do emprego. Essa arritmia constitui uma das mais importantes questões das economias em processo de inserção competitiva globalizada. Aumentar a produtividade para ganhar competitividade e elevar o nível e a qualidade dos empregos gerados. Só a sustentabilidade do desenvolvimento econômico pode assegurar o alcance simultâneo desses dois objetivos. Obstáculos Embora unanimemente considerado um dos pilares de sustentação do setor de serviços, em função de seu número, abrangência e capilaridade, o segmento das micros e pequenas empresas ainda carece de estudos e levantamento sistemático de dados e informações que permitam conhecer com precisão todo o seu diversificado universo. Com o conhecimento existente, não é difícil detectar os problemas enfrentados pelo setor de serviços. A informalidade, agregando o heterogêneo grupo de trabalhadores autônomos (aqueles que não têm simultaneamente nem patrão nem empregados, de acordo com a definição usual dada pelas pesquisas domiciliares do IBGE), lado a lado com os empregados sem carteira e os sem- 38 remuneração, talvez esconda mais do que revele, contribuindo para a produção de empregos de baixa qualidade. A própria estrutura de custos e benefícios associados à legislação trabalhista e previdenciária levam à informalidade como modalidade de evasão fiscal. Nesse aspecto, a burocracia e os custos que ela acarreta são fatores preponderantes para inibir o processo de constituição e legalização de empresas no Brasil e em Santa Catarina. O que se observa é a permanente exacerbação de obrigações, centralismo e autoritarismo, que são impostos ao empreendedor de serviços que queira iniciar um negócio ou sair do chamado mercado informal. A baixa capacitação da mão-de-obra, bem como sua alta rotatividade, principalmente nas micro e pequenas empresas, também constituem-se num obstáculo, sendo essa qualificação essencial para que ocorra o aumento da produtividade da economia. A taxa de mortalidade das micros e pequenas empresas no primeiro ano de atividade, inclusive do setor de serviços, é de até 61%. No segundo ano, esse número eleva-se para até 68%, passando para até 73% no terceiro período do empreendimento, segundo pesquisa de mortalidade realizada pelo SEBRAE. Cabe ainda salientar que o acesso ao crédito do sistema financeiro tradicional tem sido uma dificuldade também para empresas do setor. As razões dessa exclusão se devem à cultura dos bancos de enfatizar o financiamento para grandes investimentos, em detrimento dos pequenos empreendimentos. Estratégia Organizar as atividades do setor de serviços, objetivando aumentar a sua competitividade, com ênfase na qualificação de seus trabalhadores, na revisão da legislação e na viabilização financeira dos negócios. Propostas Mobilizar recursos e viabilizar créditos, assistência técnica e gerencial, especialmente às micro, pequenas e médias empresas, formais ou informais, às cooperativas e outras formas associativas de produção de serviços. Desburocratizar os processos de constituição e legalização de empresas, fazendo com que o registro de empresas seja unificado, tornando-os simultâneos nos níveis federal, estadual e municipal, apresentando apenas um único conjunto de documentos. Disponibilizar programa de capacitação profissional que atenda às novas demandas do mercado globalizado. 39 6 TURISMO Desafios Elaborar um plano estadual de desenvolvimento integrado de turismo sustentável, pautado na realidade de cada região, com projetos operacionais exeqüíveis, levando em conta a diversidade ambiental e étnico-cultural do Estado. Turismo é essencialmente uma atividade humana e apresenta uma íntima ligação com o meio ambiente. Este segmento tem apresentado os melhores índices de emprego e trabalho, fazendo o crescimento econômico de regiões pobres e alcançado melhorias na distribuição de renda. Quando bem planejado, o turismo atende às necessidades ambientais. Nos últimos tempos, a atividade turística em geral vem passando por uma grande transformação, oriunda da constatação de que o chamado turismo de massa tem provocado o super dimensionamento dos equipamentos receptivos, sem proporcionar a rentabilidade econômica esperada e deixando um prejuízo incalculável para o meio ambiente natural, bem como danos culturais para as comunidades locais. Uma vez que o meio ambiente constitui a chamada “matéria- prima” da atividade turística, o grande desafio está exclusivamente ligado à sua conservação. Chegar ao equilíbrio entre as necessidades econômicas e um desenvolvimento turístico, que prime pela valorização da vida, através da valorização das comunidades envolvidas e da conservação do meio ambiente, não é um trabalho fácil, uma vez que tal ideal depende de iniciativas conjuntas entre instituições privadas e poder público. Essas iniciativas só serão viáveis se norteadas por um planejamento da atividade, desenvolvido não só pelo trade turístico e pelos órgão públicos ligados ao turismo, mas que envolva também as comunidades locais. O potencial turístico do Estado de Santa Catarina se explica pela diversidade cultural e de ecossistema presentes nas diferentes regiões de seu território. Em contrapartida, fica claro, diante do desafio global da atividade turística, que o Estado necessita de medidas que busquem o amplo desenvolvimento do turismo, buscando não apenas o crescimento econômico, mas que tenham como objetivo principal a preservação dessas belezas naturais e a qualidade de vida da população. 40 Premissas Sendo o desenvolvimento sustentável aquele que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de satisfação das gerações futuras, a sua incorporação pela atividade turística exige que se leve em conta os danos ecológicos, a interferência na cultura local e as necessidades econômicas de longo prazo. As premissas para o desenvolvimento sustentável do turismo têm as seguintes dimensões: sustentabilidade social, na qual o turismo deve buscar a criação de empregos que permitam uma renda adequada para a satisfação das necessidades básicas; sustentabilidade econômica, com investimentos públicos e privados em manejo eficiente de recursos e criatividade, com a participação das empresas nos custos ambientais; sustentabilidade ecológica, que leva o turismo a se desenvolver em harmonia com o meio ambiente, respeitando os ciclos ecológicos dos ecossistemas; sustentabilidade espacial, com melhor distribuição territorial do desenvolvimento do turismo, evitando a sazonalidade e as concentrações em determinadas regiões; sustentabilidade cultural, conduzindo o turismo a buscar no seu planejamento soluções para cada local e cultura em particular. Para que isso ocorra é primordial o planejamento holístico e a criação de estratégias visando preservar processos ecológicos essenciais, proteger o patrimônio humano e a biodiversidade, buscar um tipo de crescimento que permita a produtividade sustentável a médio e longo prazos para as gerações futuras. O Turismo é o segmento que apresenta os melhores índices de emprego e trabalho, com as maiores possibilidades de distribuição de renda, a possibilidade de desenvolvimento e crescimento econômico das regiões mais pobres e, se bem planejado, é aquele que melhor cuida do meio ambiente. Planejamento turístico não se refere, especificamente, à divulgação e ao crescimento do setor. Deve ser integrado a processos participativos mais amplos, a fim de promover determinadas metas de melhorias. Desenvolvimento do turismo deve ser parte das estratégias de planejamento sustentável de uma região, estado ou nação. Esse planejamento, para que consiga os maiores benefícios possíveis, deve envolver a população local, o governo e o trade turístico. Obstáculos A dificuldade de materialização de parcerias, visando ações conjuntas entre o setor público e a iniciativa privada, tem sido o maior obstáculo ao desenvolvimento turístico em Santa Catarina. Os interesses econômicos de curto prazo, sobrepostos à conservação ambiental e ao desen- 41 volvimento sóciocultural local, são outros obstáculo ao desenvolvimento sustentável, à rentabilidade de longo prazo e a um duradouro ciclo de vida dos produtos turísticos. Outro obstáculo pode ser relacionado ao excesso de produtos turísticos disponíveis no mercado global. A reprodução de modelos de destinações turísticas concorrentes aumenta o problema inerente ao próprio produto turístico, que é o fato de este ser facilmente substituível. A falta de identidade e de desenvolvimento do produto turístico Santa Catarina, de forma diferenciada, cria a característica do Estado ser ‘mais uma opção’ em termos de turismo dentro do território nacional. Soma-se à diversidade de destinos a serem visitados a questão climática, que causa grande impacto no fluxo de turistas para Santa Catarina, prejudicando a atividade turística por meio de sua própria sazonalidade, já que a grande demanda ocorre durante a temporada de verão, consumindo o produto ‘sol e mar’, que encontra um alto grau de concorrência no turismo em âmbito nacional. A falta de integração entre poder público e iniciativa privada, em conjunto com o excesso de oferta da indústria turística brasileira, dificulta a criação de roteiros turísticos integrados entre cidades localizadas em um mesmo entorno, que seriam ideais para o desenvolvimento turístico sustentado, uma vez que esse tipo de posicionamento no mercado possibilita a distribuição de turistas por diversos atrativos, espalhados por municípios diferentes e próximos, amenizando o impacto ambiental em uma só localidade e promovendo distribuição da renda. Estratégia Tratar o turismo como variável do desenvolvimento econômico, planejando o seu crescimento de médio e longo prazos, em parceria entre o poder publico e a iniciativa privada, envolvendo a sociedade organizada local, qualificando o trabalhador e capacitando o empreendedor, incentivando alternativas de superação da sazonalidade e usando a marca Santa Catarina. Propostas Sensibilizar a sociedade organizada para a vocação turística do Estado, divulgando inventário turístico e mapas de produtos turísticos. Elaborar um plano estadual de desenvolvimento integrado de turismo sustentável, pautado na realidade de cada região, com projetos operacionais exeqüíveis, levando em conta a diversidade ambiental e étnico-cultural do Estado. Criar identidade regional – marca - para facilitar a divulgação e incentivar o turismo, tendo 42 como foco a história local. Promover parcerias entre as instituições ligadas ao setor turístico, visando à educação continuada, capacitação e treinamento da mão-de-obra envolvida com o turismo. Incentivar a iniciativa privada a investir em equipamentos e atrativos turísticos, disponibilizando crédito financeiro desburocratizado e com juros baixos para o turismo rural e ecoturismo. Incentivar os municípios a um melhor gerenciamento de seu potencial turístico, estimulando o turismo durante todo o ano. Desenvolver na comunidade, por meio da educação ambiental, programas de sensibilização para a manutenção da qualidade do meio local. 43 7 AGRICULTURA E PESCA Desafios Possibilitar a participação da sociedade na definição das políticas agrícola e de pesca, para desenvolver a cadeia produtiva, incentivando a diversificação de produtos e uso de tecnologias sustentáveis. A agricultura, segundo dados do Instituto Cepa, tem crescido em valores absolutos, mas está perdendo posição relativa. Caiu de 18,5% do PIB, em 1985, para 12,8%, em 1997. A pecuária catarinense cresceu 7,4% em 1999, principalmente devido à expansão da avicultura, que apresentou um crescimento da ordem de 10%. Dentre os fatores que estimularam a atividade estão as exportações, beneficiadas pela desvalorização cambial, ampliação do mercado interno, melhor aproveitamento da capacidade ociosa e do aumento da produtividade. Já o crescimento da suinocultura foi decorrente do amadurecimento dos investimentos realizados, à ampliação do rebanho e ao aumento da produtividade. A bovinocultura está, progressivamente, perdendo espaço para as lavouras, embora a atividade leiteira continue crescendo e seus atores tenham investido em um sistema produtivo mais eficiente. Em 1999, os grãos apresentaram um crescimento abaixo da expectativa, devido a problemas climáticos, e as frutas apresentaram um bom desempenho. A rizicultura e a produção de banana têm destaque nacional pela crescente produtividade e qualidade resultantes dos investimentos tecnológicos realizados. Os dados acima demonstram o potencial da agricultura catarinense, baseada na agricultura familiar e diversificada. No entanto, eles não refletem a situação econômico-financeira individual dos produtores rurais. Forma-se, assim, o desafio de conciliar o bom desempenho global do setor com o aumento da renda do produtor individualizado, reduzindo, principalmente, a falta de apoio ao desenvolvimento da agricultura familiar. Na pesca, o desafio é manter as atividades artesanais, que propiciam renda, ainda que mínima, às famílias de aglomerados habitacionais isolados. Outro desafio é preservar o nível de disponibilidade do pescado em mares costeiros, apoiando as atividades de mais larga escala em mar aberto. 44 Premissas Desenvolver a agricultura familiar para enfrentar os desafios da sustentabilidade agrícola, fazendo com que sirva de instrumento de inclusão social e redução das desigualdades sociais. Preservar o modelo catarinense de agricultura familiar, com acesso ao desenvolvimento de tecnologias e práticas de produção agrícola que aumentem a produtividade, evitem a degradação ambiental e aumentem a diversidade biológica. Estimular a reestruturação do sistema de planejamento, implementação e monitoramento de programas e planos para a obtenção da ampliação da base genética das principais culturas. Ampliar a diversidade genética disponível aos produtores, fortalecendo a capacidade de desenvolver novas culturas e variedades que sejam adaptadas a ambientes locais. Explorar e promover o uso de culturas sub-utilizadas e capazes de promover a expansão territorial da diversidade genética e a redução da vulnerabilidade das culturas. A agricultura catarinense deve ser baseada no fomento a práticas agrícolas sustentáveis, como o policultivo - fusão da produção animal e vegetal, rotação de culturas, consorciação, práticas de conservação e recuperação de solos, adubação verde, adubação orgânica, valorização dos dejetos e resíduos do meio rural e sua transformação em energia e fertilizante, plantio direto sem herbicidas, uso de biofertilizantes, manejo integrado e controle biológico de pragas. A conservação e recuperação dos solos devem ser incorporadas à cultura do agricultor catarinense de forma que a adoção de práticas de manejo do solo e de nutrição de plantas dêem ênfase à reciclagem de resíduos para o aumento de biomassa, crescendo a atividade biológica, a manutenção da água, da estrutura do solo, da retenção de nutrientes. Promover a capacitação cientifica tecnológica e cultural das famílias rurais, com ênfase na agricultura familiar. Obstáculos Pouco envolvimento dos produtores rurais no estabelecimento da política agrícola catarinense, deixando o setor sem linhas de créditos especiais para o plantio, investimentos em tecnologia e manejo sustentável. Inexistência de estratégias para fortalecimento da competitividade da agricultura familiar. Falta de mecanismos que proporcionem a agregação de valor à agricultura catarinense e à produção orgânica e suas variações, como a agroecologia e a permacultura, dificultando a comercialização dos produtos da agropecuária catarinense. As difíceis condições de acesso do produtor rural ao tratamento da sua saúde e de seus 45 familiares, que têm impedido a melhoria da qualidade de vida no campo e dificultado o aumento da produtividade do setor. Inexistência de estratégia eficiente para ampliar a base genética das principais culturas e para fortalecer a capacidade de desenvolver variedades adaptadas à região e reduzir a vulnerabilidade das culturas de modo geral. Estratégia Fazer com que o setor primário da economia do Estado - agricultura, pecuária, suinocultura, avicultura, piscicultura, carcinicultura, apicultura, fruticultura, floricultura e as atividades extrativas do carvão e das florestas –, setor por excelência desenvolvido a partir da propriedade minifundiária e do trabalho familiar rural, cresça cada vez mais organizado em sistemas associativistas, cooperativistas e de agrupamento da produção, implementando e fomentando a ciência, tecnologia e inovação disponíveis, visando atender à demanda local e de exportação, com sustentabilidade ambiental. Propostas Integrar os mecanismos que agregam valor e otimizam a comercialização de produtos agropecuários e do mar, incluindo a certificação de produtos agroecológicos, orgânicos, artesanais e agroindustriais. Tornar expressivo, no meio rural, o acesso à formação profissional formal e informal, ao conhecimento ecológico, à sustentabilidade agrícola, à educação ambiental e à capacitação gerencial. Possibilitar a participação da sociedade na definição das políticas agrícola e de pesca, para desenvolver a cadeia produtiva, incentivando a diversificação de produtos e uso de tecnologias sustentáveis. Fomentar a formação, implantação e divulgação de agroindústrias associativas nas microrregiões por aptidão produtiva, criando, inclusive, equipes nos municípios que assessorem desde o estudo de mercado até a comercialização. Fomentar o desenvolvimento da oceanografia pesqueira e da tecnologia de pesca, da biotecnologia marinha e das tecnologias de base biológica, ampliando o mercado para os produtos catarinenses e a oferta de empregos. Fomentar a melhoria do manejo e gestão das atividades agropecuárias, com a valorização dos dejetos e sua transformação em energia e fertilizantes, agregando valor à propriedade rural com a recuperação e a preservação ambiental. 46 8 CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO Desafios Incentivar a pesquisa e desenvolvimento da química fina matéria-prima para as indústrias farmacêutica e de defensivos agrícolas praticamente inexistente no país. Para se ter a dimensão dos desafios em Ciência, Tecnologia e Inovação, é preciso compreender o significado destes termos. Etimologicamente, ciência significa sabedoria, conhecimento. Com os extraordinários avanços científicos, é necessário refletir sobre uma nova compreensão da ciência, mudando a maneira fragmentada de analisar o universo, a natureza, os recursos naturais, o ser humano e a sociedade, para um modelo sistêmico, onde os sistemas biológico, físico-químico e social-humano interajam entre si de forma relacional, sendo intrainter-dependentes. A tecnologia é conceituada como o conjunto ordenado de todos os conhecimentos científicos, empíricos, intuitivos e gerenciais requeridos para desenhar, produzir, distribuir, comercializar e utilizar bens e serviços. Inclui tanto conhecimentos teóricos como práticos, meios físicos, know-how, métodos e procedimentos produtivos, gerenciais e organizacionais. Da inovação tecnológica pode-se dizer que envolve aspectos de criação e concepção de idéias, buscando sua interação social, estimulando e objetivando o conceito de valor por meio da agregação, de modo a gerar um incremento e um diferencial competitivo para o seu ambiente. Os desafios para se construir e desenvolver Ciência, Tecnologia e Inovação baseada na sustentabilidade multidimensional e capaz de gerar benefícios relevantes para a sociedade, são: - construir uma Ciência,Tecnologia e Inovação que considere, conjuntamente, as dimensões de sustentabilidade, com base nas potencialidades regionais, protegendo o meio ambiente, melhorando a qualidade de vida das pessoas de todas as classes e garantindo o bem-estar da sociedade. - substituir o sistema de aprendizado tecnológico passivo ou mimético por um sistema ativo - dialógico, ref lexivo, em rede -, de modo a estabelecer um sistema de inovação tecnológica. Promover uma estratégia competitiva para o desenvolvimento regional sustentável, com 47 melhoria da produtividade e das condições econômicas, sociais e ambientais de todos os atores envolvidos nas várias cadeias produtivas. Aprimorar e fortalecer os mecanismos de transferência de tecnologia da academia para o setor produtivo, assim como estabelecer processos de interação criativa entre empresários, pesquisadores, educadores e educandos. Estimular o desenvolvimento de uma ciência-cidadã, que busque diminuir as desigualdades sociais e amplie a inclusão social das pessoas desfavorecidas da sociedade. Promover a interação da Ciência, Tecnologia e Inovação com a sociedade, não considerando-as como independentes e isoladas. Assumirem - empresários, cientistas, pesquisadores, educadores, técnicos, governantes, políticos, formadores de opinião e tomadores de decisão - a co-responsabilidade e o comprometimento socioambiental com a Ciência, Tecnologia e Inovação. Premissas Sustentabilidade multidimensional do desenvolvimento e da sociedade, considerando aspectos sociais, ecológicos, econômicos, espaciais, culturais, políticos e institucionais. Concepção sistêmica - não-fragmentada - e dinâmica do meio ambiente, entendido como sendo o conjunto das intra-inter-relações entre os sistemas físico-químico, biológico e social-humano, ou seja, a interação ser humano/sociedade/natureza. Solidariedade com as gerações presentes – sincrônica - e futuras - diacrônica. Co-responsabilidade e comprometimento socioambiental com a Ciência, Tecnologia e Inovação da parte de empresários, cientistas, pesquisadores, técnicos, educadores e governantes, voltados para o bem comum humano e da natureza. Ética multidimensional, comprometida com o direito à vida, direitos humanos, democracia, liberdade, fraternidade, solidariedade, justiça e paz. Compreensão da não-neutralidade axiológica da Ciência, Tecnologia e Inovação, entendendo-as como não isentas de valor. Educação como base do desenvolvimento. Obstáculos O principal obstáculo a ser vencido para se alcançar a sustentabilidade está focado na desarticulação dos setores de Ciência,Tecnologia e Inovação em relação ao compromisso de assegurar a manutenção de um estilo de desenvolvimento e de sociedade sustentáveis. 48 Desvinculação entre a cultura tecnológica e a cultura humanística, com amplo predomínio da primeira e marginalização desta última. Forte ênfase na disciplinariedade - fragmentação dos saberes - e fraca capacitação, mobilização e planejamento de atividades voltadas para a multi, inter e transdisciplinaridade - religação e complementação dos saberes. Manutenção e reprodução de sistema de aprendizado tecnológico passivo ou mimético. Fraco entrosamento e comunicação entre as instituições de pesquisa e o setor produtivo. Predomínio de um sistema de competitividade baseado em baixos salários e na degradação ambiental. Descomprometimento das empresas, órgãos, instituições, produtores e consumidores geradores de resíduos com relação à proteção ambiental. Estratégia Promover, estimular e difundir a Ciência, Tecnologia e Informação, através de qualificação das pessoas, em todos os níveis, de modo a garantir o fomento à pesquisa e ao desenvolvimento regional, envolvendo a sociedade organizada, levando em consideração as dimensões de sustentabilidade. Propostas Estabelecer uma política estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação que contemple a sustentabilidade multidimensional e a inclusão social, através de: - incentivo à responsabilidade socioambiental por parte de pesquisadores, cientistas, técnicos, empresas públicas e privadas e comunidade local, buscando o bem comum humano e da natureza, pautados na ética - estratégias que estimulem organismos públicos e privados a investirem em pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos ambientalmente corretos - transformações institucionais, superando os desafios, integrando a pesquisa aos sistemas produtivos e ao cotidiano da sociedade catarinense através de redes de difusão - inclusão nos currículos do ensino fundamental, médio, de graduação e pós-graduação de temas sobre Ciência, Tecnologia e Sociedade Estimular os arranjos institucionais para promoção dos sistemas locais de inovação, como incubadoras de empresas, centros de inovação, parques tecnológicos e pólos de desenvolvimento regional, buscando a sinergia dos agentes na superação dos gargalos tecnológicos 49 das cadeias produtivas. Estimular pesquisas focadas na superação de doenças endêmicas, no manejo sustentável da biodiversidade e sua preservação, nas questões de biotecnologia e recursos genéticos e na viabilidade técnica e econômica de fontes alternativas de energia, eólica, solar e biomassa. Otimizar a cooperação internacional, facilitando o acesso dos pesquisadores aos principais centros de excelência. Incentivar a pesquisa e desenvolvimento da química fina - matéria-prima para as indústrias farmacêutica e de defensivos agrícolas - praticamente inexistente no país. Fomentar o desenvolvimento tecnológico e pesquisa em aqüicultura. Incentivar e desenvolver tecnologias voltadas à produção agro-ecológica e orgânica. 50 9 BIOTECNOLOGIA Desafios Exigir dos órgãos públicos a fiscalização das atividades na área biotecnológica, assegurando que os produtos gerados levem em consideração a saúde, o meio ambiente e a qualidade de vida, com a criação de um programa estadual para o desenvolvimento e difusão da biotecnologia. O cenário de fusões de empresas transnacionais envolvidas com transgênicos, está transformando o negócio agrícola, que era relativamente livre e desorganizado, em um oligopólio, onde o agricultor poderá perder sua última liberdade - o controle sobre as sementes - ficando dependente de todos os insumos agrícolas. Isto acarretará uma maior dependência dos agricultores, especialmente dos pequenos produtores, ao sistema internacional de commodities. A dependência dos agricultores para com estes cultivares inclui, em casos como milho, algodão e soja Roudup Ready, o uso de herbicida com formulação específica, geralmente vendido pelo proprietário da semente. O desafio ao estado de Santa Catarina, diante de tais circunstâncias, é aumentar os investimentos em educação e em ciência e tecnologia, para não se tornar cativo de outros estados brasileiros e de países do primeiro mundo. Os produtos transgênicos englobam microrganismos, animais e plantas. Devido às peculiaridades e aos diferentes usos e tecnologias de produção, eles se encontram em distintas situações. Outros microrganismos mais eficientes na fermentação alcoólica, na produção de queijos ou mesmo para degradar poluentes já foram desenvolvidos e estão sendo utilizados em outros países. Vacinas estão sendo produzidas por microrganismos transgênicos A transgenia em animais domésticos está ainda incipiente. Contudo, em países como a Austrália, já há rebanhos de animais transgênicos de cujo leite é excretado um ou mais produtos de importância farmacológica (hormônios e proteínas). Com a purificação destes produtos do leite, espera-se riscos reduzidos para a espécie humana e mesmo ao ambiente. Já os animais transformados com genes humanos destinados à produção de órgãos para xenotransplantes, como é o caso de suínos, estão sendo alvo de inúmeras discussões, não só do ponto de vista ético, mas também biológico. Neste campo específico, o desafio ainda é o de acompanhar esse desenvolvimento e, tam- 51 bém, investir em pesquisa para tornar-se capaz de absorver o progresso alcançado e proteger sua população de eventuais efeitos colaterais. Premissas A natureza interdisciplinar da biotecnologia é o resultado direto das inter-relações existentes entre uma grande variedade de fenômenos relacionados às áreas de microbiologia, engenharia química, bioquímica, química e biologia molecular. O cultivo de plantas transgênicas e o consumo humano e animal dos produtos derivados destas plantas é um evento recente, revestindo-se de interesse, impactos e conflitos múltiplos, constituindo-se num dos temas que predominam nas discussões científicas, éticas, sociais, econômicas e políticas neste início de século XXI. A humanidade contemporânea cultiva ou colhe para o consumo apenas cerca de 7 mil plantas, de um total de cerca de 30 mil plantas comestíveis conhecidas. Mais da metade do aporte de energia alimentar do mundo vem exclusivamente de três cereais: trigo, arroz e milho. A perda da diversidade genética ameaça a segurança alimentar da humanidade, submetida aos riscos de novas pragas agrícolas, capazes de abalar amplos sistemas de colheita, antes de se descobrirem os remédios. O impacto social no Terceiro Mundo pode ser ainda mais devastador, se considerarmos a possibilidade de transposição espacial das unidades produtivas de produtos tropicais de grande aceitação nos mercados industrializados. Diante de tal cenário, diversas questões emergem no debate sobre uma política de Ciência e Tecnologia comprometida com a sustentabilidade agrícola. A primeira, refere-se à capacidade do poder público de regulamentar o uso das sementes geneticamente modificadas, legitimadas pelo mercado global. A segunda questão é a ausência de qualquer posição definida pela comunidade científica e tecnológica a respeito da introdução das sementes geneticamente modificadas, num quadro em que é urgente que a sociedade venha a ser informada sobre os riscos potenciais da incorporação de semente transgênica na agricultura, nos ecossistemas e na saúde dos consumidores. As premissas, assim propostas, materializam-se na abordagem e no aprofundamento de alguns aspectos mais relevantes sobre o tema, envolvendo a questão da segurança alimentar dos produtos transgênicos utilizados como alimentos, os aspectos econômicos e sociais, possíveis conflitos e a necessidade do aperfeiçoamento do arcabouço legal. Desta forma, a premissa básica é a adoção do princípio da precaução, que se constitui numa alternativa de proteção à vida. 52 Obstáculos Embora as biotecnologias tenham avançado enormemente nos últimos anos, ainda não podemos afirmar que dominamos completamente estas tecnologias. Mesmo os melhores testes e controles que hoje estão disponíveis não podem detectar todas as possíveis inconveniências, pois ainda não se sabe como fazer todas as perguntas necessárias para desenvolver os testes e controles. A principal ameaça à espécie humana decorre de possíveis efeitos provocados pelo consumo de alimentos oriundos de plantas transgênicas. Já para o ambiente, um conjunto de efeitos pode alterar em diferentes graus um ecossistema. A expectativa da maioria dos cientistas é a de que a maioria dos produtos transgênicos não cause mal à saúde humana e cause um impacto reduzido no ambiente. Contudo, alguns poderão ser prejudiciais, como foi o caso das plantas que receberam um gene da castanha do Pará, o que provocou um aumento da alergenicidade. Portanto, o impacto de um transgene no ambiente e na saúde humana deve ser criteriosamente avaliado, via análise de risco, antes do cultivo e consumo em massa. Como risco é tecnicamente a probabilidade de um evento danoso multiplicado pelo dano causado, se o dano é grande, mesmo uma baixa probabilidade pode significar um risco inaceitável. A ameaça à diversidade biológica decorre da liberação de Organismo Geneticamente Modificado (OGM) devido às propriedades do transgene ou de sua transferência e expressão em outras espécies. A adição de um novo genótipo num ecossistema pode proporcionar vários efeitos indesejáveis, como causar danos a espécies não-alvo - como o deslocamento ou eliminação de espécies não domesticadas -, contaminar o solo ou os mananciais de água - com toxinas -, disseminar genes para outros organismos - gerando superpragas ou plantas daninhas e poluição genética - e afetar a reciclagem de nutrientes e energia. Estratégia Fazer da biotecnologia o caminho científico capaz de moldar as expectativas humanas de duração da vida e de solução para as questões ligadas à saúde, ao meio ambiente e à carência alimentar, tanto para as atuais como para as futuras gerações, tomando precauções para proteger os ecossistemas e as pessoas de efeitos colaterais indesejáveis, levando em consideração a sustentabilidade da biosfera. 53 Propostas Conduzir a engenharia genética, visando a transformação de plantas, animais e microrganismos, isolando genes de interesse para a saúde humana, agricultura e indústria. Desenvolver uma agropecuária mais saudável através de: a) seleção de plantas mais eficientes na absorção de nutrientes, na defesa contra patogenos e pragas e com melhor qualidade nutricional; b) vacinas e defensivos naturais para o controle de endo e ectoparasitas nos animais domésticos, bem como outros insumos que aumentem a sustentabilidade do sistema produtivo; c) criação de bioinseticidas e outros produtos naturais para o controle de pragas e doenças das plantas. Estimular pesquisas, visando o desenvolvimento de produtos industriais a partir de plantas, utilizando seus compostos secundários para o desenvolvimento das indústrias bio e petroquímicas. Promover pesquisas com microorganismos geneticamente modificados, visando usá-los na produção de proteínas, hormônios de crescimento, interferons, vacinas, na fermentação láctea e na degradação de poluentes. Exigir dos órgãos públicos a fiscalização das atividades na área biotecnológica, assegurando que os produtos gerados levem em consideração a saúde, o meio ambiente e a qualidade de vida, com a criação de um programa estadual para o desenvolvimento e difusão da biotecnologia. Incentivar, nas instituições de pesquisa e ensino, a criação de bancos de germoplasma, visando a conservação da biodiversidade, evitando a erosão genética. 54 SEÇÃO B Sustentabilidade Social e Político-Institucional 55 1 INCLUSÃO E REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS Desafios Identificar e cadastrar pessoas e comunidades carentes para integrá-las ao meio social da cidade. O principal desafio a ser vencido para a promoção da inclusão social é a construção de uma sociedade mais igualitária, com uma repartição democrática dos benefícios e prejuízos das atividades socioeconômicas. Os últimos dois séculos produziram mais ciência, tecnologia e inovações do que em toda a história da humanidade. Isso, de fato, melhorou a qualidade de vida das pessoas, contudo, esse benefício atingiu somente uma pequena parte da população e elevou muito a concentração de renda. Nesta perspectiva, o desafio é o de desenhar uma nova configuração de sustentabilidade como interface entre as políticas econômicas e sociais, atendendo a determinação da Constituição Federal de 1988, que introduziu uma nova forma de gestão a partir da descentralização técnico-política, administrativa e financeira. Mais ainda, procurar, com uma mudança de perspectiva, a superação do atual modelo reducionista, incluindo a precaução, a participação social e a cooperação, elaborando um novo modelo decisório, um novo modelo de sociedade. Implementar este marco como princípio básico da afirmação de instâncias deliberativas de co-gestão e participação de todos os setores da sociedade na formulação, implementação e controle social das políticas públicas, pode vir a ser um poderoso instrumento para a redução das desigualdades sociais. Face ao grande volume de demandas sociais, às crises fiscal e econômica, além da política do estado mínimo, o Estado, nas condições atuais, já não responde adequadamente à sociedade. Portanto, a participação social, ou seja, a ampliação da interlocução do poder público com a sociedade, em suas várias formas de organização, pode sinalizar uma nova forma de busca de soluções para as questões socioeconômicas e ambientais. A inclusão, para a redução das desigualdades sociais, tem como último desafio a integração 56 de políticas, rompendo com as práticas comuns de soluções pontuais, ou programas periódicos, passando a ser colocada como parâmetro determinante de programas, projetos e ações da sociedade organizada como um todo, isto é, como objetivo de governos, da iniciativa privada e do terceiro setor, visando resolver os problemas políticos, sociais, ambientais e econômicos, com vistas à elevação efetiva da qualidade de vida da população em geral. Premissas A sociedade brasileira, ao longo de seu processo histórico, caracterizou-se pela passagem da economia agroexportadora colonial para uma nova ordem econômica industrial tardia, incorporando alguns segmentos da sociedade à cidadania, mas reafirmando as desigualdades sociais. O desenvolvimento industrial resultou em mudanças não muito significativas na configuração da pirâmide social, aumentando as discrepâncias regionais. A premissa da desigualdade social brasileira pode ser construída conjugando-se a herança histórica com novos paradigmas do desenvolvimento. Os preconceitos e a desqualificação social, expressas nas relações interétnicas, de gênero ou classe social, que atingem negros, índios, mulheres, trabalhadores rurais, pescadores, sem teto, sem terra, populações de rua, crianças e adolescentes em situação de risco, portadores de necessidades especiais, homossexuais e imigrantes, são fruto de classificações politicamente produzidas e socialmente excludentes. A solução do estado de pobreza não deve ser buscada pelo atendimento às necessidades individuais, mas pelo crescente apoio a iniciativas coletivas de organização. Por esse caminho, espera-se o resgate das condições materiais e a criação de mecanismos de participação, com o desenvolvimento do saber profissional, da mobilização e da organização social. Na atual conjuntura nacional e internacional, não basta a criação de estratégias de geração de renda, sem que se dê, através de programas bem estruturados, administrativa e financeiramente, as condições para o sucesso do empreendimento, num mercado cada vez mais competitivo e marcado pelas exigências de qualidade ambiental dos produtos elaborados. A sociedade mundial está se defrontando com o fenômeno do desemprego estrutural. A indústria e o setor público estão criando cada vez menor número de empregos estáveis e o sistema produtivo não tem oferecido à força de trabalho oportunidades suficientes de inserção em atividades permanentes. A forte competição econômica internacional, aliada à especulação financeira, delineada a partir da década de 80, incorporou ao crescimento novas tecnologias de produção, novas formas de gestão e organização do trabalho, adequadas a um mercado globalizado. A reestruturação tecnológica e organizacional em andamento nos setores produtivos e de serviços elimina postos de 57 trabalho, reduzindo custos e maximizando lucros, ao mesmo tempo em que requer trabalhadores multifuncionais com maior grau de qualificação. No estado de Santa Catarina, onde grande parte da população economicamente ativa está inserida no setor informal e um expressivo número de famílias vive em situação de vulnerabilidade social, é mister o desenvolvimento de ações locais que integrem os diferentes setores, do público ao terceiro setor, visando transformar esta realidade de exclusão, a partir do pressuposto do desenvolvimento sustentável como instrumento de afirmação da cidadania. Obstáculos Limitação de políticas sociais de geração de renda, que priorizem e fortaleçam iniciativas coletivas e venham a atender às demandas de natureza social e do mercado, com aproveitamento e preservação dos recursos naturais. Dificuldades culturais – cultura da centralização -, que impedem o crescimento e desenvolvimento da educação, inviabilizando a organização social e a participação nas decisões de construção de uma política de desenvolvimento sustentável. Modelo centralizador de renda. Indefinição de propostas e políticas públicas, a partir de áreas centrais que incluam questões relacionadas com o desenvolvimento humano, tais como: sustentabilidade regionalizada, gestão dos recursos naturais e ambientais, planos diretores, constituição dos direitos do cidadão, qualidade de vida. Práticas assistencialistas, clientelísticas que favorecem grupos e interesses específicos. Estratégia Adotar políticas públicas - consensadas entre as partes interessadas - que tenham o claro objetivo de aumentar o número de pessoas ocupadas na economia formal, informal e alternativa, pela promoção da educação formal, não formal e informal, favorecendo iniciativas do empreendedor individual ou associado. Propostas Estabelecer parcerias para implementação de ações e programas de inclusão social e combate à pobreza, gerando trabalho e renda, buscando a construção da cidadania e o desenvolvimento social. 58 Desenvolver, a partir do conhecimento da realidade local, políticas públicas de geração de renda que priorizem e fortaleçam iniciativas coletivas e individuais e venham atender às demandas de natureza social e do mercado, com aproveitamento dos recursos naturais de forma sustentável, estimulando a criação de cooperativas setoriais. Identificar e cadastrar pessoas e comunidades carentes para integrá-las ao meio social da cidade. Exigir do setor público a inclusão social, via políticas públicas de saneamento básico - abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto, lixo e drenagem urbana - e de habitação popular. Facilitar o acesso aos serviços básicos de saúde, educação e habitação, para atender as reais necessidades locais. Fazer com que o planejamento urbano contemple o desenvolvimento de projetos, criando espaços públicos para cultura, lazer e esporte nos bairros e periferias. 59 2 DEMOGRAFIA E CIDADES Desafios Fazer com que as cidades promovam o desenvolvimento descentralizado, de forma homogênea, aproximando o local de moradia das pessoas dos serviços e das oportunidades de trabalho, objetivando superar as diferenças bairro/ centro e rural/urbana. Pensar a sustentabilidade como processo é um desafio que exige a presença e a aplicação de critérios, onde se reconheçam valores, atitudes, institucionalidades, instrumentos e ações sustentáveis. Proceder ao fortalecimento de paradigmas da sustentabilidade e sua pertinência para lidar com a especificidade da cidade. Fazer crescer a necessidade de selecionar critérios, estratégias e indicadores para ancorar a formulação, monitorar a implementação e avaliar os resultados das políticas urbanas em bases sustentáveis. A discussão sobre quais estratégias devem ser consideradas prioritárias não pode deixar de remeter aos objetivos macro do desenvolvimento sustentável em qualquer das escalas consideradas - nacional, estadual ou local. As dimensões em que se dá o processo de construção social do desenvolvimento sustentável aparecem ora isoladas ora de forma combinada nas várias dinâmicas. O desafio completa-se ao se introduzir a sustentabilidade ecológica para implementação. Base física do processo de crescimento, ela tem como objetivos a conservação e o uso racional do estoque de recursos naturais, incorporados às atividades produtivas. A sustentabilidade ambiental, que é relacionada à capacidade de suporte dos ecossistemas, com sua possibilidade de absorver ou se recuperar das agressões derivadas da ação humana - ação antrópica -, implicando um equilíbrio entre as taxas de emissão e/ou produção de resíduos e as taxas de absorção e/ou regeneração da base natural de recursos. A sustentabilidade demográfica, que revela os limites da capacidade de suporte de determinado território e de sua base de recursos, implica em cotejar os cenários ou tendências de crescimento econômico com as taxas demográficas, sua composição etária e os contingentes de população economicamente ativa esperados. A sustentabilidade institucional, traduzida pela necessidade de criar e fortalecer engenharias institucionais e/ou instituições cujo desenho e aparato já levem em conta critérios de sustentabilidade. 60 A sustentabilidade ecológica e ambiental é desafiada pelos limites de consumo, e isto está diretamente condicionado ao quantitativo e à dinâmica demográfica, ao mesmo tempo em que se relaciona ao modo de vida urbano, em suas qualidades e quantidades, cuja cultura de consumo glamuriza valores não compatíveis com a capacidade de fornecimento da natureza. A sustentabilidade demográfica apresenta um desafio de origem que requer pensar a questão sob diversas óticas, inclusive a ética religiosa. Por fim, o desafio da sustentabilidade institucional remete ao papel do Estado e demais instituições associadas, no tocante a pensar e buscar soluções de base e operacionais para os problemas presentes na sociedade. Premissas A primeira premissa é crescer sem destruir. O desenvolvimento sustentável implica no crescimento de emprego, produtividade, nível de renda, capital - produtivo, humano e social -, informação, conhecimento e educação, bem como na diminuição da contaminação, desperdício e pobreza, estabelecendo o postulado da indissociabilidade entre a problemática social e a problemática ambiental urbana. A segunda premissa trata de incentivar a inovação e a disseminação das boas práticas, tornando concreta a utopia das cidades sustentáveis, deixando em segundo plano as estratégias mitigadoras. Equilibrar a inovação com a valorização das práticas urbanas que apresentem componentes de sustentabilidade. O fortalecimento da democracia é a terceira premissa. Sem democracia não há sustentabilidade. O fortalecimento de todos os meios democráticos, principalmente aqueles afetos à gestão urbana. Essa recomendação tem duplo efeito: o de desenvolver a cidadania ativa e o de aperfeiçoar instituições. A gestão integrada e participativa. Essa premissa depende radicalmente da reestruturação significativa dos sistemas de gestão, de modo a permitir o planejamento intersetorial e a implementação de programas conjuntos. A gestão participativa, além de propiciar o aporte de recursos técnicos, institucionais e financeiros dos demais setores - mercado, setor público não-governamental e comunitário -, amplia a responsabilidade ecológica da sociedade. A afirmação da eficácia da ação local para promover desenvolvimento, preservar os recursos naturais e a manutenção da qualidade de vida das comunidades urbanas. Essa afirmação passa pelo princípio da autonomia e da descentralização das instâncias decisórias e dos serviços, fortalecendo a localidade e a gestão comunitária. Outra premissa da demografia e das cidades refere-se à necessidade de mudança de enfoque 61 nas políticas de desenvolvimento e de conservação do ambiente urbano, sobretudo no que concerne aos assentamentos informais ou irregulares e às atividades industriais. Essa mudança deve ser operada com a substituição paulatina dos instrumentos punitivos pelos instrumentos de incentivo, sempre que for cabível. A última premissa trata da informação para a tomada de decisão, onde o conhecimento e a informação são chaves para aumentar a consciência da população sobre as questões relativas à demografia e cidades. Obstáculos O comportamento demográfico do estado de Santa Catarina continua revelando taxas acima dos padrões das áreas desenvolvidas, contribuindo para promover desacertos verticais e horizontais nos processos sociais que se dão no espaço, incluindo a acentuação da problemática urbana – falta de infra-estrutura básica, drenagem e saneamento ambiental, resíduos sólidos, falta de emprego e renda, transporte e trânsito, carência acentuada nas áreas de saúde e habitação e gestão urbana. A sustentabilidade das cidades é também dificultada pela migração de trabalhadores/agricultores rurais, criando em suas periferias verdadeiros bairros ilegais cuja população é apenas desruralizada e não propriamente urbanizada, isto é, não desfrutando de todos os direitos da cidadania. A competição pela criação de empregos industriais tem levado prefeituras a renunciarem à cobrança de impostos, agravando seu desequilíbrio orçamentário e impedindo-as de realizar expansões de infra-estrutura e custeio de serviços essenciais, no campo da saúde, do saneamento e da educação. As cidades pequenas têm sofrido perda de população por migração em virtude de seu atraso comparativo, de carências da rede de ensino, dos escassos serviços de saúde oferecidos, do pouco apoio ao desenvolvimento da agricultura familiar e da inexistência de empregos rurais nãoagrícolas. Estratégia Propiciar informações sobre a situação social, econômica, cultural e ambiental à sociedade organizada do estado de Santa Catarina, admitindo que a cidade é o lugar de convergência natural dos grupos humanos, no qual deve ser exercitada a condição plena de democracia, de igualdade relativa e de liberdade com responsabilidade, regulado o uso e a ocupação do solo, promovendo o ordenamento do território. 62 Propostas Utilizar novas figuras jurídicas, tais como a urbanização consorciada e as modalidades de transferência do potencial construtivo, visando à disponibilização de terra urbana para habitações de interesse social. Promover a regularização fundiária de áreas e assentamentos informais e de loteamentos irregulares, assegurando a função social da propriedade, as condições de sustentabilidade social, econômica e ambiental da habitação e o direito de acesso à moradia adequada para todos. Promover a descentralização das políticas públicas ambientais e urbanas conduzidas no Estado, acompanhando a delegação de funções da necessária transferência de recursos, considerando que compete ao município a gestão democrática da cidade sustentável. Estabelecer base de dados, de intercâmbio e de acesso a informações sobre todos os municípios do Estado, com geo-processamento nos níveis estadual e municipal para a produção de mapas e cadastros fundiários e ambientais municipais e microrregionais. Fazer com que as cidades promovam o desenvolvimento descentralizado, de forma homogênea, aproximando o local de moradia das pessoas dos serviços e das oportunidades de trabalho, objetivando superar as diferenças bairro/centro e rural/urbana. Fazer com que as cidades garantam a mobilidade das pessoas e dos produtos, de forma segura e humanizada, priorizando o pedestre e o transporte coletivo com qualidade, garantindo as condições estruturais dos espaços e dos instrumentos e equipamentos urbanos. Garantir, no plano diretor, espaços públicos e privados para a prática de atividades esportivas e de lazer; buscando a melhoria da qualidade de vida. 63 3 SAÚDE Desafios Efetivar um planejamento integrado para a melhoria da gestão e mudança de visão, focando-a na implementação de centros de assistência básica eficientes – Postos de Saúde com serviços de qualidade. O maior desafio da Saúde é a prática de seus preceitos fundamentais, definidos na legislação nacional e na Constituição do estado de Santa Catarina – artigo 153 e parágrafo único -, que define a saúde como “direito de todos e dever do Estado”, garantida mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. O direito à saúde implica os seguintes princípios fundamentais: I - Trabalho digno, educação, alimentação, saneamento, moradia, transporte e lazer; II - Informação sobre o risco de doença e morte, bem como a promoção e recuperação da saúde. No que se refere ao atendimento da população, um dos desafios é a formação de centros de referência, especialmente no meio rural, com recursos técnicos e de pessoal que ofereçam resolutividade aos problemas de média e de alta complexidade para a população catarinense. Porém, o maior de todos os desafios ainda se refere à implementação de centros de assistência básica eficientes, ou seja, Postos de Saúde eficientes, para se romper com o problema da cultura médica atual. Tornar auto-sustentáveis os hospitais que atendam aproximadamente 85% da clientela pelo Sistema Único de Saúde, é outra questão de difícil solução. O estado de Santa Catarina, atualmente com uma população de 5.028.339 habitantes e uma densidade demográfica de 51,95 hab/km_, tem necessidade de crescimento de sua estrutura física para atender de forma pública e gratuita as pessoas que demandam proteção e cura de suas doenças. A sua rede hospitalar, pública e privada, carece de equipamentos modernos especializados, medicamentos e de pessoal mais bem treinado. O sistema de descentralização, com as regionais de saúde, embora promissor, com suas unidades de tratamento, tem o desafio de fazer crescer a quantidade de unidades hospitalares, postos de atendimento, laboratórios, desenvolver programas preventivos, aumentar o número de médicos especialistas, principalmente no interior, fazer crescer o número de leitos, manter a fun- 64 cionalidade dos serviços, destinando recursos financeiros compatíveis com as necessidades. Há ainda, como um dos maiores desafios, o de se investir na construção de uma rede básica capaz de mudar a visão das pessoas, migrando da idéia de assistencialismo para a da promoção da saúde. Cabe refletir, também, sobre a formação de um número cada vez maior de médicos especialistas, que acabam aprendendo que o paciente não é a soma das várias partes que o compõem. Planejar e implementar programas de educação preventiva para a saúde e de atendimento familiar, com médicos e enfermeiros qualificados, procurando desenvolver uma medicina preventiva em mais larga escala para diminuir a medicina curativa, além de manter a vigilância epidemiológica. Nesse contexto, o paradigma de vigilância em saúde requer um modelo de atenção para o SUS que se apóie nos princípios da universalidade, integralidade, eqüidade e descentralização das ações de saúde, bem como o controle social. Baseados nesses princípios, os serviços de saúde devem se organizar de forma a garantir o acolhimento dos usuários e promover a vigilância em saúde, instituindo novas práticas de atenção à saúde e readequação de seus processos de trabalho. Em relação à vigilância laboratorial, apresentam-se como desafios: a reestruturação da rede de laboratórios de saúde Pública, coordenada pelo LACEN, e a estruturação da Rede Estadual de Laboratórios de Saúde Pública. Premissas O desenvolvimento do plano regional de investimentos terá que levar em consideração a igualdade no atendimento da população desassistida em média e alta complexidade, visando garantir uma substancial melhoria da sua saúde. Há, também, que se repensar a possibilidade de investir num novo modelo de gestão, que priorize os investimentos na promoção da saúde, ou seja, na implementação de centros de assistência básica eficientes – Postos de Saúde com serviços de qualidade. Seguir os preceitos constitucionais que asseguram a toda a população do estado de Santa Catarina o acesso aos serviços de saúde, visando à melhoria da sua qualidade de vida. A saúde preventiva deve ser a base que pode promover alterações significativas no comportamento do tratamento universal e igualitário. A efetivação de uma Rede de Laboratórios deve ser estruturada no âmbito estadual, de forma hierarquizada e regionalizada, atendendo à demanda de exames de média e de alta complexidade, vinculados à biologia médica, bem como de produtos e meio ambiente (água de consumo humano), possibilitando respostas efetivas às ações de vigilância em saúde. 65 Obstáculos Os parcos recursos para atender de forma igualitária e para suprir de equipamentos e pessoal especializado e preparado para o atendimento geral da população, sempre foi, e continua sendo, o principal obstáculo ao pleno atendimento da saúde dos catarinenses. Baixos salários e pagamentos inadequados aos profissionais da saúde, relativamente às consultas e procedimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde, dificuldades técnicas e financeiras para qualificação de profissionais da saúde, dificuldades de aplicabilidade de princípios de humanização. Segundo dados da ouvidoria da Secretaria de Estado da Saúde, a população tem utilizado o sistema para obter informações referentes aos serviços de Saúde, mas não tem capacidade de analisar melhor os serviços por falta de estudos. Num mundo cada vez mais globalizado, o acesso democrático e universal à informação é o primeiro obstáculo a ser vencido pelo setor. Citamos também outros obstáculos, como: pessoas não qualificadas nos hospitais de pequeno porte, falta de recursos financeiros, falta de recursos materiais, falta de manutenção da rede de saúde, inexistência de política salarial, dificuldades gerenciais, burocracia dos serviços e do atendimento humano nos hospitais e falta de programas de saúde preventiva. Ainda em relação à implementação do SUS, percebe-se que este tem se deparado com muitos problemas e, devido a isso, muitas vezes se apresenta de forma fragmentada. Várias são as razões para tais dificuldades. Em relação à rede LACEN, identificamos como obstáculos: o sucateamento da rede, a não informatização da rede de laboratórios, a ausência de autonomia e a fragilidade das ações de controle e avaliação do Sistema de Saúde, especificamente da rede de laboratórios LACEN. Em síntese, dos vários obstáculos dois são considerados os maiores ao sucesso da saúde: a falta de recursos financeiros e a falta de um planejamento adequado e sensato, em todos os níveis. Acreditamos que o SUS é, de todos os sistemas de saúde no Brasil e no mundo, o mais audacioso e próximo do ideal, quando garante o acesso universal e gratuito. Porém, carece de falta planejamento e integração das ações para vir a ser um serviço de qualidade. Estratégia A melhoria no nível de saúde da população do estado de Santa Catarina só será alcançada por programas e ações que visem a prevenção das doenças e das situações epidemiológicas em geral, adotando o princípio de que o pré-natal e a alimentação da gestante, entre outras ações, dão início ao processo de vida saudável do adulto, e de que a educação e a assistência direta à família 66 são as vias mais rápidas e seguras de obter resultados positivos neste setor. Para responder ao modelo de atenção proposto pelo SUS deve-se enfrentar as atuais necessidades da rede LACEN, quais sejam: a) Em relação ao sucateamento da rede, deve-se traçar estratégias que visem a possibilidade de construção, reforma e ampliação dos laboratórios; a aquisição de equipamentos; a contratação de serviços de manutenção preventiva e corretiva; a implementação de um sistema de qualidade; a contratação de recursos humanos qualificados; a implementação de um processo de educação permanente; a implantação de um Plano de Cargos, Carreira e Salários; e a implantação de um Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos nos Serviços de Saúde. b) Quanto à não informatização da Rede, as estratégias são: implantação de um programa de informatização; definição de áreas de investimentos e financiamentos; capacitação de pessoal; e adequação de espaço físico. c) Em relação à ausência de autonomia, as estratégias deveriam ser: sensibilização dos gestores, visando a criação de um ambiente propício à discussão; discussão, elaboração e aprovação de lei específica; criação de dotação orçamentária; estabelecimento de critérios de descentralização orçamentária; estruturação do LACEN em relação ao modelo de gestão proposto; e capacitação de pessoal. Um das estratégias prioritárias é a efetivação de planejamento integrado, visando a melhoria da gestão e a mudança de visão voltada à implementação de centros de assistência básica eficientes – Postos de Saúde -, com serviços de qualidade. Propostas Desenvolver os programas de pré-natal em melhores condições, treinando nos municípios as pessoas envolvidas, e promover uma melhor articulação entre as instâncias que cuidam da bolsa alimentação. Dotar os hospitais públicos de equipamentos, principalmente na área de assistência ventilatória, salas cirúrgicas e diagnósticos por imagem. Planejar e construir casa de apoio para pais e acompanhantes de crianças e adolescentes hospitalizados e recuperar o ambiente da região de abrangência hospitalar, fazendo com que sejam construídos parques ecológicos e de diversões nas proximidades. Planejar a política pública de saúde a partir de programas de vigilância epidemiológica e sanitária, com pleno controle de doenças transmissíveis, protegendo os grupos vulneráveis, como mulheres, crianças, idosos e pobres, e priorizando a saúde preventiva, atendimento familiar e saúde no trabalho. 67 Suprir a carência de especialistas em determinadas doenças, fato comum a várias regiões do Estado, visando o atendimento à domicílio, além do tratamento em instituições de saúde ou outros centros e implantar o transporte aéreo em caso de urgência. Desenvolver a medicina natural alternativa, coordenada por universidades ou especialistas da comunidade, usando plantas medicinais cultivadas pelas comunidades interessadas. Fazer investimentos na área médica para atendimento neurológico, exames oftalmológicos e de atendimento fonoaudiológico, dentário, psicólógico - itinerante e gratuito - para crianças e adolescentes em idade escolar. Desenvolver programas de educação com vistas à melhoria da higiene pessoal. Estabelecer um diagnóstico (avaliação do atual modelo do Sistema de Saúde) sobre as reais necessidades da rede LACEN e, a partir daí, criar e implementar um novo modelo de gestão integrada para a prestação de serviços de qualidade à população catarinense. Realizar estudos epidemiológicos e de demanda reprimida (diagnóstico da real situação da saúde no estado), visando orientar o planejamento das ações. Efetivar um planejamento integrado para a melhoria da gestão e mudança de visão, focando-a na implementação de centros de assistência básica eficientes – Postos de Saúde com serviços de qualidade. Estimular a formação de médicos generalistas, em detrimento dos especialistas, otimizando os recursos públicos. Priorizar o atendimento à rede de assistência básica junto aos municípios. Integrar as ações do meio acadêmico (universidades em geral, especialmente as públicas) com a SES – Secretaria de Estado da Saúde, para efetivação de programas de capacitação e formação de profissionais para atendimento no setor de saúde pública. 68 4 EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO Desafios Possibilitar, até o ano de 2004, o acesso das escolas às novas tecnologias, inclusive sua informatização, com multimídia e internet, inclusive com dotação orçamentária para a sua manutenção, porque precisamos investir numa escola pública de qualidade, aumentando, dessa maneira, as vagas para toda a clientela existente. A educação e a qualificação não são apenas necessidades econômicas, mas constituem-se, também, em direitos fundamentais e inalienáveis do ser humano. Este direito pode ser garantido pela educação formal, em todos os níveis de ensino, e pela educação não formal e informal, com base nos princípios éticos de liberdade, igualdade, diversidade, participação, tolerância e solidariedade. Investir na educação das pessoas, tornando-as capazes de exprimir, afirmar e desenvolver o seu potencial humano - feito de individualidade, construtividade, criatividade, sentido de responsabilidade, de comunidade e de solidariedade – é o desafio permanente que perpassa o conjunto de significados sobre a realidade, capaz de permitir a responsabilidade de uns pelos outros. Enquanto desafio, há que se pensar na idéia de construção da educação para um futuro sustentável com base em um novo modelo de planejamento transdisciplinar, a ser aplicado à área da educação formal e não formal, que levará em conta a capacidade de Ser, Conviver, Conhecer e Fazer. Para isso, é necessário formar e capacitar professores, ter escolas em boas condições ambientais para todos, criar uma didática de alta qualidade, ter materiais adequados para os alunos, construir uma abordagem contemporânea para a educação na visão de sustentabilidade, ter um currículo conectado aos desafios dos novos tempos, estabelecer uma conexão adequada entre escola e vida e garantir um processo que assegure o acesso das pessoas. Com a crise do atual paradigma educacional, há que se aliar à educação para um futuro sustentável a idéia de construção de uma cultura para a sustentabilidade. A problemática socioeconômica e ambiental e a falta de perspectiva dos jovens em relação à educação e ao futuro são fatores concorrentes para a não solução dos problemas existenciais desta geração, criando um cenário de desesperança, redundante em alienação e violência. Reforça-se, neste contexto, o desafio da educação de adultos e da educação não formal, tão importantes quanto a educação formal na promoção da compreensão e na conscientização sobre a idéia de sustentabilidade. 69 O desafio da conquista do desenvolvimento sustentável neste século exige mudanças significativas de valores, crenças e atitudes. Diante de nossa diversidade cultural, faz-se necessário estabelecer o diálogo entre os saberes populares, os saberes tradicionais e os saberes científicos, visando a mudança de cultura em direção ao desenvolvimento sustentável. Aliado à idéia da educação para um futuro sustentável e da construção de uma cultura para a sustentabilidade, o desporto, nesta dimensão, tem como desafio fazer com que seja visto como uma ação de forte potencial social, econômico, político, educacional, ambiental, cultural, agregador e possibilitador da participação de todos, independente de cor, raça, política partidária, religião, sexo ou idade. Cada componente dos sistemas esportivos deve assumir suas responsabilidades e incorporar idéias, princípios e valores essenciais à melhoria da qualidade de vida e do processo de desenvolvimento esportivo catarinense, na visão de sustentabilidade. O universo que envolve o desporto, do aprender a pensar sistemicamente, a reelaborar fins e objetivos, a redefinir conhecimentos, a interagir com outras áreas que tenham como objeto o desenvolvimento humano, cria possibilidades de se ter metodologias efetivas que garantam o atendimento das necessidades e aspirações da população catarinense. A visão de sustentabilidade do desporto encontra amparo na necessidade de mudança do enfoque tradicional do desporto de rendimento em direção ao de lazer esportivo e de recreação, com a destinação de espaços públicos e privados para sua prática, visando a sua preservação. Neste século, o desafio do Desenvolvimento Sustentável em relação à Cultura é valorizar as manifestações culturais e facilitar o acesso das pessoas aos eventos culturais. Premissas A estruturação de um novo paradigma da sustentabilidade, que associe a idéia de se constituir a escola como um dos agentes de desenvolvimento sustentável, possibilitando o enfrentamento pedagógico das novas implicações epistêmicas e metodológicas, que permitem a incorporação da idéia de rede, de valorização das diferenças, de identificação do padrão que liga, de planejamento de ações conjuntas e de formulação de estratégias qualificadas com as pessoas, passando, também, pela idéia da construção da individualidade no Ser, Conviver, Conhecer e Fazer. Isso será alcançado pela abertura da escola formal em direção à sociedade civil, abertura em direção à produção de um novo conhecimento, abertura em direção à redefinição de valores que regem a sua própria existência, abertura em direção à meta da universalidade e abertura em direção ao espaço-tempo cibernético. A idéia inovadora, ao trazer consigo a incerteza e o medo de romper com velhas estruturas, requer a adoção dos princípios de distinguir, e não de separar ou disjuntar; de associar e interligar, 70 e não de reduzir ou isolar; de complexificar, e não de simplificar, pois estes são necessários para a compreensão da educação para um futuro sustentável, da cultura para a sustentabilidade, do desporto na visão da sustentabilidade. Refletir sobre a educação, como um movimento tão complexo, onde ainda não há consenso sobre sua episteme, é a principal premissa da educação. Neste sentido, é necessário envolver todos os setores da sociedade no planejamento de uma educação que atenda às suas aspirações e necessidades, visando a solução da problemática contemporânea que afeta seu cotidiano. Para a cultura, a premissa básica é a de inserir - através do diálogo entre os saberes populares, os saberes tradicionais e os saberes científicos - os movimentos, atividades e ações da cultura popular num contexto mais amplo, onde possa obter apoio da sociedade organizada para a sua valorização como postura identificatória de grupos tradicionais. No desporto, há que se repensar a postura da mídia, visando alcançar o desejo das populações locais, com a prática do desporto, recreação e lazer esportivo e a sua utilização como ferramenta de agregação sócio-ambiental. Para a cultura, outra das premissas básicas é a de torná-la integrante ativa do processo de formação das pessoas, inserindo-a no contexto das atividades valorizadas como proposta profissional. Obstáculos Um dos obstáculos à educação de qualidade está na ausência de formação humana nos currículos de cursos superiores. A baixa auto-estima dos profissionais da educação é, de modo geral, outro obstáculo, que se sustenta permanentemente na ausência de capacitação inicial e na falta de identidade cultural com a escola onde atuam. A necessidade de capacitação dos gestores escolares com formação humana, para melhor qualificação no tratamento das relações interpessoais de trabalho com as comunidades escolares, e as escolas sem identidade cultural, impossibilitando o diálogo entre os saberes populares, tradicionais e científicos. As condições ambientais inadequadas nas escolas constituem outro obstáculo, assim como a didática inadequada às exigências de mudanças do novo paradigma e à mudança de foco no planejamento integrado para revisão dos currículos escolares, além da falta de livros, softwares, programas e outros materiais pedagógicos. Dificuldade de acesso e de permanência de 100% das pessoas nas escolas de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação Profissional, Educação de Jovens e Adultos e Ensino Superior. A exclusão dos alunos das escolas por questões econômicas em detrimento de 71 uma educação de qualidade é outro dos grandes obstáculos. Na cultura, um dos maiores obstáculos é a falta de investimento e de reconhecimento do valor de suas manifestações para ajudar na solução de problemas sociais. Quanto ao desporto, o obstáculo maior é a indefinição de políticas públicas claras de esporte, recreação e lazer esportivo, a falta de estrutura física e de gestão e políticas de preparação de talentos que atuam no segmento esportivo. Estratégia A estratégia para o sucesso da cultura no Estado de Santa Catarina deve basear-se na sua adoção como elemento formador do caráter e integrante indispensável ao resgate da dignidade. O sucesso da educação, da cultura e do desporto, no estado de Santa Catarina, só será alcançando em conjunto com a sociedade organizada, diminuindo gradualmente os entraves de ordem legal e burocrática ao desenvolvimento de ações e atividades voltadas aos propósitos, anseios e desejos de saber e de realização pessoal dos catarinenses, promovendo o aumento do índice de escolaridade da população em todos os níveis de ensino formal e informal e implementando o apoio financeiro à cultura, ao desporto, ao lazer esportivo e à recreação. Propostas Implementar um Programa Institucional de Avaliação, mediante a criação de um Comitê de Avaliação, paritário - governo, setor privado e terceiro setor -, para inovar a administração e a formação dos profissionais da Educação em todos o níveis de ensino, objetivando a formação continuada, voltada à abordagem contemporânea na visão da sustentabilidade, onde o currículo passa a se conectar aos desafios dos novos tempos, de forma a cumprir a base legal da Educação, disposta na Lei Nº 9.394/1996 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação - e Lei Nº 9.597/1999 - Lei da Política Nacional de Educação Ambiental. Integrar a escola à comunidade, facilitando a convivência dos pais com esta instituição, incentivando a iniciativa privada na formação de parcerias com o poder público, visando o apoio a projetos educacionais, de cultura e de desporto, como também o desenvolvimento de Cursos de Educação Profissional que atendam às necessidades locais. Adequar as escolas às condições ergonômicas ideais, analisando e resolvendo os problemas de espaço e de estrutura física, de mobiliário e equipamentos. Democratizar o ensino e a informação pela descentralização regional das universidades públicas e privadas e pela disseminação do ensino à distância, flexibilizando a participação do 72 aluno na escolha de disciplinas que deseja cursar. Valorizar e revitalizar, via municípios, as manifestações da cultura popular, de preservação do patrimônio histórico-cultural e ambiental, garantindo, também, espaços públicos e privados para o lazer e a prática desportiva. Possibilitar, até o ano de 2004, o acesso das escolas às novas tecnologias, inclusive sua informatização, com multimídia e internet, inclusive com dotação orçamentária para a sua manutenção, porque precisamos investir numa escola pública de qualidade, aumentando, dessa maneira, as vagas para toda a clientela existente. Cumprir o disposto na Lei 9.795/1999 no que tange à abertura de espaço para projetos interdisciplinares e seu investimento na Educação Ambiental para escolas públicas. Fazer com que, até o ano de 2004, 10% das matrículas nas redes de ensino privadas sejam garantidas para estudantes de baixa renda ou sem renda mensal. Implantar programas de formação, reciclagem e adequação de talentos para a devida atuação nos segmentos do setor desportivo, referindo-se principalmente à recreação e lazer, com o estabelecimento de políticas públicas definidas. O sucesso da cultura depende da inclusão de conhecimentos relativos a ela nos currículos escolares dos cursos superiores e sua regulamentação como área ativa de desempenho profissional. 73 5 DIREITOS HUMANOS Conhecimento da Situação Existente Erradicar da administração estadual as normas discriminatórias ou que caracterizem abuso de poder do Estado contra os cidadãos, desburocratizando o serviço público de modo geral e criando mecanismos externos de controle do Poder Judiciário, evitando a morosidade de suas ações. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 10 de dezembro de 1948, pela Assembléia Geral das Nações Unidas, é um marco histórico na defesa da dignidade. Nela estão expostos os princípios de Direitos Humanos como proteção, tolerância, respeito, dignidade, austeridade, amor, paz, solidariedade, entre outros, prevendo a proteção dos direitos individuais e coletivos, civis, políticos, econômicos, sociais e culturais. Esses princípios foram protegidos pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º. Os princípios de Direitos Humanos se destinam a todas as pessoas, independentemente de nacionalidade, idade, cor, sexo, opção sexual ou qualquer outra forma que possa gerar discriminação. Na Agenda 21 Catarinense, com o intuito de trabalhar de forma mais específica diversos temas, foi realizada a seguinte divisão: Direitos Humanos, Respeito às Minorias, Crianças, Adolescentes e Idosos. O que não significa dizer que os dois últimos não dizem respeito aos Direitos Humanos, até porque meio ambiente também é Direito Humano. Deste modo, ao assunto denominado Direitos Humanos ficou reservada a questão relacionada à conscientização para a cultura dos Direitos Humanos e a propagação dos conceitos relativos a estes, aos direitos relativos à documentação básica necessária às atividades da vida civil e segurança pública. Como parte de um contexto nacional, o estado de Santa Catarina vive a plenitude da democracia e das liberdades constitucionais. No entanto, muitas conquistas ainda estão por ser obtidas, no sentido da cidadania e da diminuição do desrespeito aos direitos das pessoas. A burocracia estatal é um dos problemas a ser enfrentado, a morosidade da justiça e as dificuldades inerentes à pobreza, que discriminam as pessoas na obtenção de seus direitos, como também a falta de escolaridade e informação da população. 74 Desafios Os Direitos Humanos têm como principal desafio à realização de sua plenitude a cooperação entre pessoas e instituições. Outro desafio está na educação da população, pois sem ela até o entendimento do que seja Direito fica prejudicado. A discriminação e a igualdade de direitos também têm que ser enfrentados para a plenitude dos direitos humanos. A informação das pessoas sobre os seus direitos tem de ser desenvolvida. Desenvolvimento da capacidade institucional é outra questão que merece consideração. A participação, de forma articulada, do terceiro setor, voluntariado e entidades de ensino, dentre outras, na busca de soluções e, acima de tudo, ações, é outro desafio. Estratégia A plenitude dos Direitos Humanos, no estado de Santa Catarina, será alcançada pela divulgação, de forma sistemática, dos direitos e deveres das pessoas, pelo fortalecimento das instituições encarregadas de assegurar a democracia, a liberdade e a cidadania, dando dinâmica e rapidez às ações do Poder Judiciário, e pelo crescimento da educação sistemática, em todos os níveis, da população, sem discriminação econômica. Propostas Erradicar da administração estadual as normas discriminatórias ou que caracterizem abuso de poder do Estado contra os cidadãos, desburocratizando o serviço público de modo geral e criando mecanismos externos de controle do Poder Judiciário, evitando a morosidade de suas ações. Criar um Fundo Estadual de Contribuições Voluntárias, com o objetivo de viabilizar a execução de projetos comunitários voltados à democracia, à liberdade, à cidadania, à proteção dos Direitos Humanos e à difusão da informação para acesso aos direitos civis, políticos, sociais e culturais. Criar a Agência Reguladora dos Serviços Públicos Outorgados e Delegados, com ampla participação dos segmentos sociais, com o objetivo básico de regulamentar os serviços e a defesa do consumidor. Elaborar e implementar programa estadual de combate à violência contra a mulher e criar Casas de Abrigo voltadas às mulheres vítimas de violência. 75 Garantir programas de combate ao racismo de classe, de gênero, da inteligência e à xenofobia. Viabilizar parcerias entre o Estado e o setor privado, com participação de organizações não-governamentais e lideranças da comunidade, visando atender às necessidades da população sobre educação, violência, exploração sexual infantil e juvenil, drogas, gravidez precoce e delinqüência. Reavaliar a legislação trabalhista na questão do emprego para menores, abrindo a possibilidade de, pela ocupação do menor, recuperar a sua auto-estima e promover a sua inserção social. 76 6 RESPEITO ÀS MINORIAS Conhecimento da Situação Existente Assegurar aos povos indígenas o direito à educação escolar que reconheça e respeite seus sistemas educativos, processos e metodologias próprios de aprendizagem, suas línguas e conhecimentos tradicionais. A organização dos chamados grupos menos favorecidos tem por finalidade proporcionar união, força política e de articulação aos mesmos. A identificação de grupos de mulheres, afrodescendentes, pessoas com orientações sexuais distintas do modelo hegemônico - como homossexuais, bissexuais e transexuais -, portadores de necessidades especiais, índios, presos e egressos do sistema prisional - que sofrem pressões e discriminações muito similares -, formam sua organização de reivindicação de respeito. Em Santa Catarina, informações de 1996 dão conta de que 49,98% da população são de mulheres e que 15,53% dos chefes de família são mulheres. O nível de escolaridade da população é baixo e o número de pessoas sem instrução é maior entre as mulheres. Em contrapartida, são as mulheres que mais freqüentam os cursos de alfabetização de adulto. O analfabetismo entre os afro-descendentes brasileiros chega a ser o dobro do observado entre os brancos.A expectativa de vida da população branca é de 65 anos e a da população negra é de 59 anos. O acesso de afro-descendentes ao trabalho é mais limitado, com salários menores e discriminação no processo de seleção. Os homossexuais, bissexuais, transgêneros e transexuais, muitas vezes têm de esconder a sua preferência sexual para não sofrerem represálias. Em relação às mulheres, elas recebem menos do que os homens exercendo a mesma função. Entre índios e egressos do sistema prisional há discriminação tanto nas escolas, quanto no trabalho. Há alguns programas de educação para os presos, mas são incipientes e não os preparam para o mercado de trabalho. A mulher, apesar de uma certa relação de igualdade no âmbito familiar, ainda sofre de violência doméstica. O aumento de denúncias pode demonstrar uma mudança de postura diante dessa situação. Apesar de ter o direito de votar e ser votada, a representação política da mulher ainda é ínfima. Outros segmentos da sociedade, antes excluídos inclusive das reclamações, passam a se 77 organizar através de grupos, associações de bairros e movimentos. É o caso dos moradores de favelas e bairros pobres e dos trabalhadores rurais. Com essa organização, suas reivindicações tomam corpo, coerência, determinação e publicidade. A luta da trabalhadora rural é reconhecida, a legislação de punição ao racismo e a discussão de ações afirmativas são exercitadas. Desde a Constituição de 1988, a luta pelos Direitos Humanos e o reconhecimento dos grupos minoritários consolidou-se entre nós, privilegiando o princípio da igualdade entre todas as pessoas, independente de raça, credo, cor, idade e sexo. Aqui, os conceitos de igualdade material e formal tornam-se importantes. A igualdade formal diz respeito a uma igualdade absoluta, onde não são observadas diferenças naturais, culturais e sociais de cada ser humano. Todos devem ser tratados igualmente. Essa é uma visão ultrapassada do direito de igualdade, enraizado nos princípios de igualdade idealizados pela Revolução Francesa. Já a igualdade material, protegida pela Constituição e por todos os estudiosos do Direito, diz respeito à máxima de tratar desigualmente os desiguais e respeitar as diferenças. Desafios Apesar das mudanças ocorridas nos últimos anos, é importante que se assuma a discriminação existente, para que haja realmente a adoção de políticas públicas no sentido de minimizar as desigualdades sociais, raciais e sexuais. O racismo e a discriminação são manifestações de uma sociedade que hierarquiza em função de diferenças sociais, de cor e outras. O racismo, não raro, se manifesta escondido, camuflado pela infundada crença de que, na verdade, o único problema existente é o econômico, ou seja, que o afro-descendente não tem possibilidade de ascensão social ou reconhecimento na sociedade simplesmente em virtude de ser pobre, e não em decorrência de sua raça. A discriminação pode ser direta ou indireta. A primeira diz respeito a atos expressos, regras claras. Ocorrem através de proibições e distinções ou tratamento desigual. A segunda se manifesta quando o ato de discriminar não é expresso através de palavras, mas de atos. É conhecido como racismo velado ou racismo cordial. O racismo velado é a forma mais comum de racismo entre nós, e a mais difícil de combater, uma vez que, por não ser expresso, se torna, na prática, mais complicado de caracterizar ou tipificar. O que a sociedade precisa é de uma verdadeira modificação da cultura de discriminação que ainda vivemos. E isso passa por processos de conscientização, com políticas públicas que envolvam todos os setores da sociedade, fomentando o princípio da igualdade e propiciando a luta pelo exercício da cidadania. 78 Estratégia O respeito aos grupos minoritários, no estado de Santa Catarina, será alcançado pelo pleno exercício da cidadania e pela oferta de oportunidades iguais na educação e na economia, pautadas na liberdade dos empreendedores, exercitada com responsabilidade social, a partir da idéia de que o desrespeito existe e não pode mais ser tolerado. Propostas Criar conselho de direitos representativos das minorias sociais e grupos de situação mais vulnerável, como mulheres, crianças, idosos, portadores de necessidades especiais e homossexuais. Assegurar aos povos indígenas o direito à educação escolar que reconheça e respeite seus sistemas educativos, processos e metodologias próprios de aprendizagem, suas línguas e conhecimentos tradicionais. Promover a adequação arquitetônica nas construções urbanas e nos meios de transporte coletivos para o uso confortável das pessoas portadoras de necessidades especiais. Garantir o exercício dos direitos sexuais reprodutivos e contraceptivos das mulheres por meio de ações integradas no âmbito do governo e da sociedade civil. Estabelecer centros especializados para o atendimento das pessoas portadoras de necessidades especiais. Garantir o atendimento clínico, terapêutico e de exames clínicos complementares das pessoas em situação prisional. Criar programas e campanhas que visem o combate à violência contra a mulher, a criança e o adolescente. 79 7 PROTEÇÃO À INFÂNCIA, À ADOLESCÊNCIA E AO IDOSO Conhecimento da Situação Existente Elaborar plano estadual e incentivar a elaboração de planos municipais de proteção aos direitos da criança e do adolescente, por meio de parcerias entre o setor público, o setor privado e o terceiro setor da organização social catarinense. Inúmeras pesquisas e denúncias vêm demonstrando o aumento, nos últimos anos, de crianças e adolescentes inseridos na prostituição infantil, explorados no trabalho, vítimas de abuso sexual, de violência doméstica e de drogas. Até pouco tempo, as políticas públicas para enfrentar essa problemática situavam-se em uma dimensão específica e pontual, com ações dirigidas a crianças nos primeiros anos de vida, visando o desenvolvimento em múltiplas dimensões de saúde, nutrição e educação e dos aspectos emocionais, cognitivos, sociais e intelectuais. A sobrevivência e os cuidados infantis adquirem diferentes formatos, segundo os padrões culturais das comunidades onde vivem as crianças. Há algumas características comuns que contribuem decisivamente para o desenvolvimento da criança. Entre elas estão o ambiente familiar, os estímulos que essas crianças recebem ao longo dos anos, a idade e a escolaridade dos pais, o aleitamento materno e as vacinas. Saídas desta fase, algumas crianças passam a conviver com uma realidade social dramática, que impõe a tarefa árdua e injusta do trabalho infantil. O combate à exploração do trabalho infantil no mundo vem sendo conduzido pela utilização de dois instrumentos básicos: as leis trabalhistas e a educação. Dentro do aspecto legal, o Estatuto da Criança e do Adolescente tem como base três princípios fundamentais: descentralização, participação e mobilização. Na estratégia de descentralização está a criação dos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e dos Conselhos Tutelares em níveis municipal, estadual e federal, que têm a função de formular e controlar a implementação das políticas sociais voltadas para a proteção da criança e do adolescente. A Constituição brasileira estabelece que “é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, 80 à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão e que o Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do adolescente”. Na questão do idoso, está demonstrado o forte crescimento no número de pessoas com mais de 65 anos. Em 1996, eles já eram 5,4% do total da população do país. Estamos passando por um processo de transição do que diz respeito às faixas etárias, com mais de 8,4 milhões de idosos brasileiros. As razões para esse crescimento encontram-se na queda da taxa de fecundidade da população brasileira e na redução da mortalidade. Assim como no País, o estado de Santa Catarina tem um povo caminhando para a maturidade. Sua população aos poucos está envelhecendo, resultado do declínio da mortalidade e da natalidade, com um aumento da faixa etária superior a 65 anos e uma diminuição relativa da faixa etária jovem, de pessoas com menos de 20 anos. O envelhecimento populacional é uma realidade. Em Santa Catarina, o número de pessoas idosas cresce aceleradamente. Em 1999, o total da população do Estado com mais de 65 anos foi estimado pelo IBGE em 384.298 pessoas. Para o estado de Santa Catarina, a Política Estadual do Idoso - Lei Estadual nº11.436, de 07 de junho de 1999 - veio reconhecer a importância deste segmento populacional, pois definiu princípios, diretrizes e responsabilidades assegurando direitos sociais aos mesmos. Assim, as ações voltadas a essa parcela da população devem cumprir o que preconiza a Política Nacional do Idoso e envolver as organizações governamentais e não-governamentais com atuação no Estado, no sentido de oferecer uma forma digna de vida a todos os idosos, implementado programas que realmente atendam suas necessidades biopsicossociais e espirituais. Desafios Não cumprimento da legislação existente, falta de articulação interinstitucional e assistencialismo, são os principais desafios. Não disponibilidade de informações precisas, atualizadas e desagregadas por setores, regiões e grupos sociais específicos. Conferir prioridade ao aumento de capacidades e à mudança de mentalidades, tanto no nível do Estado como da sociedade civil, orientando-se pelos princípios da dignidade. Conjugar esforços nas mais distintas escalas e com os objetivos mais diversos, em uma permanente aprendizagem, parece ser a única via para combater a indiferença e alcançar os significados profundos dos valores presentes nos conceitos de democracia, tolerância, solidarie- 81 dade e compromisso individual e social. Implementação do Sistema de Informações que permita a divulgação da política, dos serviços oferecidos, dos planos e programas em cada nível de governo. Estratégia A proteção da criança, do adolescente e do idoso, dar-se-á, no estado de Santa Catarina, através da responsabilidade social da população economicamente ativa organizada, a partir da solidariedade, voluntariedade e racionalidade econômica, social e de segurança. Propostas Elaborar plano estadual e incentivar a elaboração de planos municipais de proteção aos direitos da criança e do adolescente, por meio de parcerias entre o setor público, o setor privado e o terceiro setor da organização social catarinense. Manter e aprimorar programas de capacitação de profissionais encarregados da execução da política de promoção e defesa de direitos da criança e do adolescente. Incentivar programas de integração da criança e do adolescente à família e à comunidade e de guarda, tutela e adoção de crianças e adolescentes, órfãos ou abandonados. Priorizar programas que privilegiem a aplicação de medidas sócioeducativas não privativas de liberdade para adolescentes autores de ato infracional. Desenvolver e apoiar programas de escolarização e atividades laborativas para pessoas idosas, de eliminação da discriminação nos locais de trabalho e de inserção dessas pessoas no mercado de trabalho. Apoiar a criação e o funcionamento de centros de convivência para pessoas idosas, garantindo a assistência preferencial médica e odontológica e fornecimento de remédios aos carentes. Ampliar e divulgar os programas de erradicação do trabalho infantil e dos programas pelo fim da violência doméstica. 82 8 ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS Conhecimento da Situação Existente Fortalecer as organizações nãogovernamentais com gerenciamento profissional, definindo a missão, metas e objetivos a serem atingidos por cada uma delas, de forma que o esforço do voluntariado possa ser recompensado com a divulgação de resultados. O Estado, cada vez mais, perde a sua capacidade de atender às necessidades da população e de atuar em todos os setores de interesse público. A presença e a ação efetiva do Terceiro Setor, com as organizações da sociedade civil de interesse público, as organizações não-governamentais e demais formas associativistas do setor, pode ajudar nas tarefas onde seja própria a sua presença, fazendo o trabalho considerado socialmente relevante. No País existem em torno de 250 mil organizações da sociedade civil de interesse público, que empregam aproximadamente 1,5 milhão de pessoas. As organizações da sociedade civil de interesse público reivindicam igualdade social, melhoria do meio ambiente e crescimento cultural. Elas representam a necessidade de participação da sociedade organizada no processo de evolução do Estado moderno. As entidades do Terceiro Setor, organizações não-governamentais, associações, fundações, entidades de assistência social atuam na educação, saúde, esporte, meio ambiente, cultura, ciência e tecnologia. A diversidade de objetivos faz com que as instituições do Terceiro Setor tenham as mais diversas características, espelhando exatamente a diversidade de necessidades da sociedade. Com espontaneidade e diversidade, com suas estruturas ágeis e flexíveis, com capacidade de improvisação e resposta rápida, as organizações não-governamentais são modernas, não necessariamente inseridas em modelos pré- determinados, por isso mesmo não têm obrigação de integrar e hierarquizar uma visão sistêmica pré-definida. A imensa maioria das organizações do Terceiro Setor desenvolve um trabalho sério e não usa dinheiro público. Muitas se mantêm pela solidariedade do povo, pelo dinamismo da sociedade organizada, obtendo financiamentos de projetos em parceria com empresas, Estado e instituições não-governamentais internacionais, além de captação de recursos via comercialização de produtos, serviços e parcerias com administradoras de cartão de crédito. 83 A existência das organizações da sociedade civil de interesse público é uma realidade cuja base sólida de participação social deve alavancar novos rumos para a grande distância existente entre o Estado e a sociedade. Desafios Existem ainda obstáculos burocráticos de toda ordem ao reconhecimento institucional, dificultando a celebração e execução de convênios e abolindo ou reduzindo incentivos, dos quais sempre foram, e continuam sendo, beneficiárias muito mais as empresas do mercado do que as entidades sem fins lucrativos. A descontinuidade das políticas públicas e a ausência de mecanismos claros para que o Estado possa contratar com transparência os serviços das organizações não-governamentais, se somam com a desconfiança, por parte dos órgãos governamentais, quanto à legitimidade e competência das entidades. A renúncia fiscal, as imunidades e isenções tributárias se revelam insustentáveis e apenas paliativos para o desenvolvimento do Terceiro Setor. São necessárias novas fontes de financiamentos que impulsionem os projetos de Interesse público. Por não dependerem dos investimentos advindos do Estado, as organizações da sociedade civil de interesse público ligadas à preservação ambiental se instalaram e cresceram com investimentos externos, criando uma visão externa dos problemas nacionais, dificultando soluções permanentes. A ineficiência e morosidade dos órgãos públicos criam a impressão de que as organizações não-governamentais, como entidades novas, são revolucionárias e contra o governo, criando uma falsa idéia de competição e não de parceria. Estratégia O fortalecimento das organizações não-governamentais, no estado de Santa Catarina, será alcançado pela delegação de responsabilidades ao Terceiro Setor na execução de tarefas consideradas socialmente interessantes pela população e para as quais o Estado tenha dificuldades de atendimento. Propostas Fortalecer as organizações não-governamentais com gerenciamento profissional, definindo a missão, metas e objetivos a serem atingidos por cada uma delas, de forma que o esforço do voluntariado possa ser recompensado com a divulgação de resultados. 84 Dar credibilidade ao setor pela boa utilização dos recursos obtidos, divulgando resultados e o andamento dos projetos, demonstrando capacidade de planejamento e de ação na consecução de seus objetivos. Valorizar as organizações não-governamentais, via parceria com o poder público e com a iniciativa privada, disponibilizando recursos financeiros e de infra-estrutura para realizar ações consideradas socialmente relevantes. Repassar recursos públicos e privados às organizações não-governamentais, com menor burocracia, instituindo a prestação de contas baseada, prioritariamente, nos resultados alcançados. 85 9 AUTORIDADES LOCAIS Conhecimento da Situação Existente Estabelecer mecanismos permanentes - com a participação da população interessada para a avaliação das autoridades locais a partir das ações que desenvolveram no município e na região. O crescimento econômico sem limites passou a consumir uma quantidade cada vez maior dos recursos finitos da natureza, produzindo uma degradação nunca dantes vista, causando problemas sociais e prejudicando a qualidade de vida das pessoas. As questões ambientais passaram, assim, a ser uma das grandes preocupações da sociedade. Cabe-nos reconhecer, então, que o ser humano, na sua luta diária pela sobrevivência, é o maior transformador do meio ambiente. Essa atual conjuntura de crescimento desenfreado, juntamente com impactos sociais e ambientais enormes, faz emergir uma pressão da sociedade por mudanças nos conceitos e práticas em curso. Em alguns lugares, esse fato é mais explícito, já em outros é praticamente inexistente, pois essa mudança implica em participação de todos os setores da sociedade, sendo que o governo deve ser um incentivador deste processo de mudança e, por conseguinte, deve atuar em consonância com a comunidade. Com o agravamento dos problemas sociais, ambientais e econômicos, como o aumento da pobreza e a aglomeração urbana, emerge da sociedade uma forte demanda por mudança nos modelos ultrapassados de gestão local. Por isso, é de suma importância o incentivo para o fortalecimento do município, porque isso se traduz em potencial de atendimento mais democrático e de melhor qualidade às demandas da sociedade, o que reflete em uma melhora nas condições ambientais locais e, conseqüentemente, nacionais. Assim, os desafios da gestão pública sustentável devem ser encarados de maneira sistêmica e com análises e estudos conduzidos de forma a contemplar todos os segmentos, atores e instrumentos que participam do processo. Dentro desse escopo, este Assunto dedicado às autoridades locais tem como objetivo discutir as diversas formas e arranjos institucionais, governamentais, não-governamentais e priva- 86 dos, para dar maior agilidade e efetividade ao processo de desenvolvimento local sustentável, já que o antigo modelo de gestão, além de ultrapassado, não se enquadra com os princípios básicos da Agenda 21. Dessa forma, é preciso romper com as práticas mal sucedidas do passado, quando a administração do município era responsabilidade exclusiva do prefeito e sua coalizão. Hoje, é mais que uma necessidade fomentar a participação de todas as camadas da sociedade no processo decisório de planejamento e de gestão do município. Desafios Atualmente, o setor público municipal, com poucas exceções, mantém-se impermeável às inovações políticas, econômicas, sociais e organizacionais, contribuindo, preponderantemente, para um quadro de falência gerencial do setor público em que se faz urgente uma renovação. Nos municípios catarinenses, com raras exceções, percebe-se uma demasiada centralização das decisões que afetam a todos. As Prefeituras Municipais, Câmaras de Vereadores, suas Secretarias, Fundações e Autarquias agem, quase que exclusivamente, conforme os interesses da coalizão dominante, deixando de lado sua função primordial de prestar serviços à coletividade. As empresas e organizações, quando necessitam de apoio local para crescer e se desenvolver e, conseqüentemente, ajudarem o crescimento do município, ficam à mercê do gosto pessoal das pessoas que integram os cargos principais dos órgãos públicos. Já as organizações civis não-governamentais, sem fins lucrativos, como as associações de moradores, associações de causas específicas, como meio ambiente e consumidores, funcionam graças ao heroísmo de algumas pessoas ou aos parcos recursos conseguidos principalmente na iniciativa privada. Há que se ressaltar, ainda, o papel importantíssimo da imprensa local. É interessante perceber que esta tem uma atuação múltipla, tanto na função de informar a sociedade dos atos, ações e intenções do poder executivo local, quanto o inverso: denunciar as falhas do executivo através de verificações, denúncias, reportagens e outras ações que acabam sendo uma forte maneira de pressionar a administração municipal a tomar alguma atitude. Estratégia A participação e o fortalecimento da dimensão local só será alcançado através da conscientização das autoridades e representantes da sociedade organizada local a respeito de suas respectivas responsabilidades comunitárias comuns, emanadas dos cargos ou posições sociais que ocupam. 87 Propostas Criar uma estrutura orgânica de base municipal – fórum de desenvolvimento sustentável com a participação dos diversos segmentos representativos da comunidade local, com atribuições relacionadas aos compromissos com a Agenda 21, para estabelecer procedimentos e políticas integradas em benefício local. Promover a capacitação dos gestores públicos, com a participação dos partidos políticos, incluindo candidatos a cargos eletivos, visando prepará-los para a administração, com ênfase nas necessidades locais e na preocupação com o meio ambiente. Estabelecer mecanismos permanentes - com a participação da população interessada - para a avaliação das autoridades locais a partir das ações que desenvolveram no município e na região. Fomentar a organização da sociedade através da criação de instituições que possam incrementar as organizações existentes, como Comitês, Fóruns e Associações, para dar sustentabilidade ao processo de construção de uma sociedade calcada nos princípios do Desenvolvimento Sustentável. 88 SEÇÃO C Sustentabilidade Geo-Ambiental 89 1 MEIO AMBIENTE Desafios Divulgar informações e promover a discussão com a sociedade sobre a correlação existente entre a escassez de recursos naturais, as condições de vida das pessoas e o crescimento populacional. A questão ambiental, entendida em todas as suas dimensões – cultural, social, política, econômica, geográfica e espacial - tem uma abrangência imensurável, pois todos os seres vivos do nosso sistema são agentes ativos na interação com o meio ambiente. Uma das principais preocupações nessa questão está no saneamento básico, que é também um dos grandes exemplos em que variáveis como desenvolvimento, saúde e meio ambiente se entrelaçam. Esse desafio, em nosso Estado, deve engendrar soluções à forte contaminação dos recursos hídricos pelos efluentes industriais, dejetos animais, agrotóxicos e mineração do carvão. Deve, também, resolver as questões da falta de tratamento de esgoto doméstico, do desmatamento e da erosão do solo, além da crescente urbanização desordenada, com ocupações irregulares em todo o litoral. Durante muitos anos, o Estado foi vítima de diversos tipos de degradação, acumulando cicatrizes que precisam ser recuperadas. A extração de carvão, no Sul, resultou em 4.700 hectares degradados. A retirada de argila, pedras e outros tipos de mineração, resultou em áreas abandonadas, tomadas por processos erosivos, sem nenhum tipo de recuperação. A utilização incorreta e desenfreada de agroquímicos é responsável pela contaminação, com substâncias tóxicas, de boa parte dos cursos d’água no Estado. Os recursos hídricos, incluídas as águas subterrâneas, estão ameaçados por diversos tipos de degradação, desde o consumo exagerado, a retirada de mata ciliar, a interferência nos cursos dos rios e o desmatamento. Outro desafio é a poluição atmosférica, graças ao atual sistema de transporte de carga e passageiros e ao descuido do sistema produtivo. Os maiores problemas de poluição atmosférica estão concentrados no Sul do Estado, com a mineração, ou em locais onde existem atividades industriais como olarias, celulose, curtume, fecularia e indústrias alimentícias. A ocupação e utilização incorreta e exaustiva do solo estão gerando problemas como terras 90 improdutivas, erosão e enchentes. Estamos dando pequenos passos em direção a uma cultura orgânica. Numa época em que se discute a utilização de transgênicos, a agricultura orgânica está conquistando espaço, mas ainda tem pequeno alcance. Implantar unidades de conservação, com a devida regularização fundiária, a proteção de recursos e sua utilização na educação ambiental e em pesquisas, são outros desafios, uma vez que somente 4,36% da área do Estado está protegida legalmente. Premissas A palavra de ordem deste século é gestão ambiental. Para que isto ocorra de forma ampla e completa, algumas premissas são fundamentais em busca deste objetivo. A mudança no padrão de consumo e de produção, a partir da conscientização dos empreendedores e de toda a população catarinense, é uma delas. Também é fundamental proporcionar conhecimento à sociedade sobre a realidade ambiental do Estado, ampliando o volume e a qualidade da informação sobre os problemas e potenciais dos recursos naturais. Somente com o fortalecimento de parcerias, ações e responsabilidades compartilhadas entre os diversos agentes envolvidos no processo e os diversos níveis de governo, será possível a realização e a consolidação dos avanços necessários. Avançar significativamente na conservação ambiental tem também como premissa a resolução das questões sociais, visto que o ser humano é parte integrante e importante no complexo sistema ambiental. O planejamento populacional deve ser outra premissa da sustentabilidade, uma vez que a capacidade dos recursos naturais é limitada e a qualidade de vida do ser humano se impõe por essa variável. Obstáculos Existe uma grande dificuldade no cumprimento da legislação ambiental, que é exemplar mas pouco observada. A função da legislação será positiva quando a sociedade estiver informada, sensibilizada para a causa ambiental e consciente de seus deveres e direitos como elemento integrante do meio ambiente. Paralelo a isto, existe também a dificuldade na aplicação de penas e recuperação de danos causados ao meio ambiente, em ações autuadas pela fiscalização dos órgãos ambientais. Outro obstáculo é a falta de recursos para a recuperação do que foi degradado, para o 91 controle da poluição e para as ações visando a conservação do meio ambiente. Também necessitam de maior investimento os órgãos ambientais dos diversos níveis governamentais e as organizações não-governamentais. Existe um grande déficit de profissionais com capacitação para trabalhar na área ambiental, seja no governo, nas empresas privadas ou em organizações não-governamentais. Estratégia A sustentabilidade do meio ambiente, em Santa Catarina, será alcançada pela interação entre desenvolvimento e conservação ambiental, através da divulgação de informações que permitam a tomada de decisão, de ações de conservação e da educação ambiental, buscando a recuperação e a racionalização no uso dos recursos naturais e a melhoria na qualidade de vida da população em geral. Propostas Incentivar a descentralização da gestão das ações voltadas à proteção ao meio ambiente, ampliando localmente a atuação dos órgãos federais e estaduais, romovendo a co-gestão com os municípios em trabalhos de fiscalização, educação, licenciamento, pesquisa e monitoramento ambiental, condicionada à criação de uma política municipal de meio ambiente, conselhos municipais de meio ambiente e uma estrutura técnica adequada. Divulgar informações e promover a discussão com a sociedade sobre a correlação existente entre a escassez de recursos naturais, as condições de vida das pessoas e o crescimento populacional. Assegurar que os programas e projetos públicos e privados de ação local, antes de serem implementados, passem por uma discussão com a comunidade, e prevaleça o respeito ao zoneamento ecológico-econômico. Implantar a educação ambiental formal e não-formal, dando atenção a conteúdos sobre os ecossistemas catarinenses. Fortalecer institucionalmente os órgãos do poder público executores da política ambiental, dando-lhes maior capacidade operacional e autonomia. 92 2 QUALIDADE DO AR Desafios Promover melhorias nos laboratórios do Estado com a intenção de identificar e monitorar a situação da qualidade do ar nas regiões do Estado, capacitando recursos humanos das entidades dedicadas à fiscalização. As emissões atmosféricas geram problemas em diferentes escalas, desde a local, com as concentrações de monóxido de carbono, provenientes do tráfego junto às estradas congestionadas, até a escala global, com a grande poluição da industrialização dos países desenvolvidos. Em relação à qualidade do ar, o desafio é mantê-lo em níveis aceitáveis para a comunidade local e não permitir que gere alterações climáticas que se traduzam, entre muitos outros efeitos, no aquecimento global do planeta, com todas as repercussões daí resultantes. Monitorar e determinar o valor da poluição em cada escala, além de tomar as providências necessárias para a sua diminuição, é o desafio prático da questão. Isso implica em acompanhar os meios de transportes rodoviários - que se constituem na maior fonte de poluição do ar nas cidades -, as fábricas e outras fontes estacionárias de queima de combustíveis, principalmente de origem fóssil - que representam grande parcela da emissão dos poluentes atmosféricos. As fontes de poluição lançam diversos tipos de poluentes na atmosfera. Os mais comuns, em grandes áreas urbanas, são o monóxido de carbono, hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio, oxidantes fotoquímicos, óxidos de enxofre e material particulado. A poluição do ar é a causa de um conjunto de problemas ambientais e danos à saúde humana. O desafio, dentro do território catarinense, onde existem alguns pontos críticos no que diz respeito à qualidade do ar, é controlar as emissões provenientes das queimadas provocadas por agricultores, das atividades industriais - principalmente das olarias - e da produção de energia que usa a fonte térmica, e, também, dos automóveis, que são fontes constantes de emissão de poluentes do ar. Controlar e monitorar a extração de argila para produção de elementos cerâmicos, que tem nessas atividades uma contínua fonte sem controle de emissão de poluentes atmosféricos, através das chaminés das muitas olarias instaladas. Controlar e monitorar as indústrias de papel e celulose 93 e serrarias, que provocam queima de restos a céu aberto. A mineração tem causado uma forte degradação ambiental e poluição atmosférica. Premissas A integração entre as diversas regiões do Estado, no sentido de acompanhar as condições da poluição atmosférica locais, é uma premissa importante do processo. Levar os agentes que atuam na área a promover melhorias da capacitação institucional. A sustentabilidade da qualidade do ar passa pela definição e convenção de critérios de atuação e fiscalização. O uso racional de energia está na base da sustentabilidade, assim como o uso de tecnologias limpas de produção em todos os níveis da indústria. Promover a descentralização das atividades econômicas, sejam industriais ou de serviços. Tornar efetiva a participação do terceiro setor e da sociedade civil organizada no controle e monitoramento da qualidade do ar. As possíveis soluções a qualquer questão ambiental passam pela promoção da educação ambiental da população em geral. Obstáculos à Falta de investimento governamental na área ambiental, seja no que se refere à infra-estrutura ou a recursos humanos capacitados para trabalhar a questão da qualidade do ar. Não há integração entre os vários setores e atores envolvidos na questão, como o Estado, as universidades e as empresas. Inexistência de programa estadual que coloque como prioridade a conservação e a melhoria da qualidade do ar. De modo geral, a população não está suficientemente esclarecida sobre os danos causados pela poluição atmosférica ao ambiente natural ou construído e à saúde do ser humano. Desconhecimento dos benefícios econômicos e sociais quando do investimento em sistemas de controle de poluentes atmosféricos. Falta de legislação específica e não cumprimento à legislação existente sobre o assunto, principalmente no que se refere à emissão de poluentes. 94 Estratégia Fazer incluir a qualidade do ar na determinação do Índice de Desenvolvimento Humano do Estado de Santa Catarina. Propostas Implementar o monitoramento da qualidade do ar no âmbito local e regional, com indicação de procedimentos de automonitoramento de unidades industriais, coletando informações de forma sistematizada e divulgando dados, inclusive, via internet. Promover sistemas de transportes coletivos multimodais mais eficientes e menos poluentes, limitando o trânsito de veículos nos centros urbanos, incentivando a construção e utilização de ciclovias. Promover melhorias nos laboratórios do Estado com a intenção de identificar e monitorar a situação da qualidade do ar nas regiões do Estado, capacitando recursos humanos das entidades dedicadas à fiscalização. Promover discussão pública para a proposição de políticas e correspondente legislação sobre a emissão de poluentes aéreos, visando a cobrança pelo uso da atmosfera para a diluição e facilitando o tratamento dos efluentes aéreos danosos ou poluentes. 95 3 QUALIDADE, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO Desafios Viabilizar a recuperação total de áreas degradadas, com especial atenção à exploração do solo e subsolo, tornando-as novamente produtivas, numa ação do Estado com a participação da iniciativa privada, comunidades locais e instituições de pesquisa e ensino. Os espaços disponíveis para o uso comum estão tornando-se cada vez mais escassos e perdendo a capacidade de oferecer serviços com qualidade. Assim, a retomada do uso e ocupação adequados do solo, para produzir um menor desgaste dos mananciais, córregos, vegetação, flora e fauna concretiza e materializa o desafio da sustentabilidade. Na prática, o problema do inadequado uso e ocupação do solo reflete a ausência de um planejamento continuado e da adoção de um zoneamento econômico-ecológico. As instituições e as políticas públicas têm o desafio de implementá-los - com seus mecanismos de desenvolvimento sustentável - tanto nos centros urbanos como no meio rural. Dentro das cidades, o instrumento mais conhecido que determina o uso das áreas urbanas é o plano diretor. Antes, ele era obrigatório para cidades com mais de 20.000 habitantes mas, agora, com a Lei 10.257 - o Estatuto da Cidade -, passou a valer também para cidades integrantes de região metropolitana, cidades de interesse turístico e cidades que contenham atividades de alto impacto ambiental. Assim, temos de forma plena os desafios trazidos pelas diretrizes constantes no plano diretor e por sua implementação, que incluem normas para o adensamento, expansão territorial e definição de zonas de uso do solo e redes de infra-estrutura. Nas áreas rurais, a questão tem se tornado mais complexa, na medida em que os agroquímicos foram impostos como solução não natural ao problema de esgotamento do solo e de eliminação de ervas indesejáveis e de pragas. Para o sucesso da sustentabilidade, as atividades agropecuárias e extrativas do setor primário, que normalmente são desenvolvidas longe da vigilância da população urbana, dependem - no que se refere à qualidade, uso e ocupação do solo - do preparo técnico e da conscientização, tanto do produtor como dos profissionais ligados ao setor, que têm o desafio de procurar o equilíbrio entre a capacidade da natureza e os interesse de produtividade e lucro impostos pelo mercado. 96 Premissas As políticas de gestão do uso e ocupação do solo catarinense deverão ser implementadas de modo integrado, multidisciplinar e cooperativo, visando simultaneamente a execução de ações descentralizadas e a garantia da participação de todos os atores sociais públicos e privados no processo. A participação das comunidades interessadas deverá ser promovida e estimulada pelo Estado, conduzindo as políticas públicas no sentido da integração regional. O combate ao desregrado uso dos recursos naturais passa pela difusão eficiente e eficaz das técnicas para uma produção sustentável, da agricultura e de todas as atividades produtivas, com uso do solo de forma adequado. Dar maior importância à produção agrícola no nível do estabelecimento agropecuário, como forma de expor a relação direta que existe entre a vegetação, a água, o ar, a flora, a fauna, o solo, o relevo, o clima e a produção. Obstáculos Normalmente, as orientações do plano diretor da cidade não são cumpridas, e, muitas vezes, ele torna-se um documento distante da realidade, seja por ser elaborado apenas para cumprir as exigências legais, por conveniências e desrespeito às suas normas ou por outros interesses que não o bem-estar comum. No que diz respeito ao zoneamento, sua fundamentação está contida na gestão do espaço urbano, baseada na idéia de eleger os usos possíveis para determinadas áreas da cidade. A cidade é dividida em zonas conforme as atividades, quais sejam: zonas industriais, comerciais, residenciais, institucionais e em zonas mistas, que combinam tipologias diferentes de uso e afetam diretamente o mercado imobiliário. No espaço rural, a área agricultável do Estado e o baixo custo da mão-de-obra rural induzem a uma despreocupação política em eqüalizar o uso das terras com as necessidades sociais. O uso do solo na agricultura não se dá em sua totalidade, de maneira sustentável, tanto ecológica como economicamente. E a atividade agrícola está sendo exercida também em áreas de grande diversidade biológica ou de preservação permanente. A inexistência de zoneamentos agroecológicos no meio rural induz ao desrespeito das características e culturas de cada região. 97 Estratégia Colocar em prática um gerenciamento racional do território catarinense - integrando espaços e fomentando atividades que não atentem contra a qualidade de vida dos moradores -, utilizar o conhecimento científico e tecnológico disponíveis e aplicar as ferramentas do plano diretor zoneamento ecológico-econômico e zoneamento agroecológico. Propostas Criar incentivos para o produtor rural, de modo a estimular as práticas de proteção do solo, o uso de produtos biológicos ou de controle integrado, de acordo com as normas de produção ecológica ou orgânica de alimentos, visando a redução dos impactos ambientais da atividade agrícola. Elaborar e implementar o zoneamento econômico-ecológico em todo o Estado, com o objetivo de definir uma política territorial. Viabilizar a recuperação total de áreas degradadas, com especial atenção à exploração do solo e subsolo, tornando-as novamente produtivas, numa ação do Estado com a participação da iniciativa privada, comunidades locais e instituições de pesquisa e ensino. Estimular a diversificação de culturas agrícolas e criar alternativas de reconversão econômica, como forma de preservação do solo. Conscientizar a população sobre a importância da aplicação das técnicas de proteção e preparo do solo e sobre o uso dos produtos ecologicamente corretos. 98 4 RECURSOS NATURAIS E DIVERSIDADE BIOLÓGICA Desafios Implementar política pública visando a sistematização de informações sobre estudos e pesquisas dos recursos naturais e da diversidade biológica do Estado de Santa Catarina, com monitoramento e indicação de manejo sustentável, envolvendo as comunidades locais. Biodiversidade é um termo utilizado para definir a variabilidade de organismos vivos, incluindo os micro e os macroscópicos, abrangendo flora e fauna, diversidade de populações, diversidade de espécies, variedade de comunidades. Abrange, também, as funções ecológicas ou o desempenho dos organismos em seu habitat. A sua sustentabilidade envolve, assim, a totalidade dos seres vivos, incluindo desde recursos genéticos ou propriedades e funções bioquímicas de seus componentes, até aqueles que se manifestam na forma de integrantes de uma paisagem natural ou construída. Os desafios da sustentabilidade dos recursos naturais e da diversidade biológica começam pela associação entre tanta riqueza de diferentes espécies biológicas, a abundância relativa – equitabilidade e complementaridades biológicas - e as relações das espécies com os diferentes habitats. Acompanhar as espécies identificadas - estimadas entre 5 e 100 milhões – é apenas uma das difíceis questões, até porque 50 a 60% delas se encontram nas florestas tropicais. Indiretamente, também é um desafio deter as atuais taxas persistentes de desmatamento, que, segundo estimativas, conduzirão, ao desaparecimento de 6 a 8% das espécies existentes nos próximos 25 anos. No caso dos recursos naturais, aos quais estão ligados pelo menos 40% da economia mundial e 80% das necessidades das populações humanas, o problema é ainda maior. Promover a sustentabilidade das principais atividades ligadas à exploração e uso de recursos naturais, como as atividades agropecuária, pesqueira e florestal, constitui-se a base para o desenvolvimento de estratégias de conservação. A biodiversidade é fundamental para o equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas. Além de seu valor intrínseco - por sua importância na função que desempenha em seu habitat –, destaca-se também seu potencial genético – biodiversidade, diversidade de genes, adaptação ao ambiente e mudanças ambientais, naturais ou provocadas -, bem como seu valor social, econômico, científico, 99 educacional, cultural e recreacional. Em meio à megadiversidade do nosso país, que possui entre 15 e 20% do número total de espécies da Terra, a abordagem da biodiversidade no Estado de Santa Catarina tem o desafio de qualificar os diferentes grandes ecossistemas ou ambientes que se fazem presentes no Estado e localizar, em termos de monitoramento, seus recursos naturais, visando o desenvolvimento sustentável. Premissas A premissa mais importante da sustentabilidade dos recursos naturais e da diversidade biológica traça sua estrada na construção do saber, isto é, conscientizando toda a população catarinense sobre os recursos naturais disponíveis, para que ela reconheça e valoriza a biodiversidade do seu Estado. A tomada de decisão pelos diversos atores sociais deve partir do princípio de que só a elaboração de estudos e pesquisas da biodiversidade regional e dos recursos naturais permitirá e facilitará a sustentabilidade desejada. Disseminar informações, propiciando o seu acesso facilitado, trará maior participação de todos os setores da sociedade na gestão dos recursos naturais, com especial atenção às comunidades locais. Descentralização das ações é outra premissa a ser observada para a sustentabilidade dos recursos naturais e para a proteção da biodiversidade. Obstáculos As plataformas continentais ocupam 7% dos oceanos e são responsáveis por aproximadamente 90% de todo o pescado consumido. As maiores ameaças são os detritos industriais, portuários e urbanos, os agrotóxicos e a pesca em excesso e fora de época, além do despejo de efluentes. Em Santa Catarina, o espaço entre o mar e as terras continentais, com uma variedade de ecossistemas diferentes, tem manguezais, baías, enseadas, restingas, praias, dunas, costões, ilhas, lagoas, lagunas e banhados. Aos manguezais, às praias e às dunas estão reservados obstáculos à sustentabilidade com aterros e ocupações para fins urbanísticos, implantação de sistemas viários, áreas de lazer, acúmulo de detritos orgânicos e extração de areia para construção civil. Quanto às lagoas, lagunas e banhados, os obstáculos são as ocupações nas suas margens, os atracadouros e a movimentação de lanchas, barcos e similares; despejo de efluentes e agrotóxicos, 100 modificações no curso natural das águas de drenagem, eliminação da vegetação palustre e matas ciliares, poluição por atividades de mineração - carvão, fecularias, cerâmicas e olarias -, acidez das águas e despejo de efluentes domésticos nas áreas urbanizadas. Nos campos naturais e restingas litorâneas, os obstáculos à sustentabilidade são a grande pressão de urbanização e a ameaça da contaminação biológica, notadamente por gramíneas exóticas e por Pinnus spp. Para a sustentabilidade das florestas, os obstáculos são as atividades madeireiras e o extrativismo de outros produtos vegetais, a substituição das florestas naturais pela atividade agropastoril, silvicultura em plantios homogêneos, principalmente de espécies exóticas. Estratégia Por intermédio da informação, reconhecer e valorizar os recursos naturais e a diversidade biológica do estado de Santa Catarina, fazendo levantamentos e estudos em bases técnico-científicas, diagnosticando as condições existentes, propondo o uso e o manejo sustentáveis, propiciando alternativas econômicas para a população dependente e fomentando a pesquisa. Propostas Investir na fiscalização da bio-pirataria e no controle da contaminação biológica, a fim de evitar a perda de espécies que compõem o patrimônio genético natural, reestruturar os sistemas de fiscalização e licenciamento ambiental, de forma que estejam presentes em todas as regiões do Estado. Implementar política pública visando a sistematização de informações sobre estudos e pesquisas dos recursos naturais e da diversidade biológica do Estado de Santa Catarina, com monitoramento e indicação de manejo sustentável, envolvendo as comunidades locais. Estimular a pesquisa integrada, por instituições catarinenses, na área de plantas medicinais, incentivando-as a patentear procedimentos de análise e produtos obtidos a partir de espécies nativas. Instituir o princípio do conservador/recebedor para áreas de vegetação conservada ou reflorestada com espécies nativas, excetuando-se as áreas de reserva legal e de preservação permanente previstas em lei. 101 5 RECURSOS HÍDRICOS Desafios Elaborar o Plano Estadual de Recursos Hídricos, com a necessária participação da sociedade, tendo como meta maior a implantação paulatina de um Sistema de Gestão e Gerenciamento em todas as bacias hidrográficas do Estado. O estado de Santa Catarina possui duas grandes vertentes hidrográficas. A vertente do interior, que é composta pelo trecho catarinense dos formadores e afluentes da bacia do rio Uruguai, e o trecho catarinenses dos afluentes da bacia do rio Iguaçu, que drenam para o Oeste, indo desaguar na bacia do Prata. A outra é a vertente do litoral, que é composta por todas as bacias que drenam para o oceano Atlântico Em razão dessas variáveis, os desafios da sustentabilidade dos recursos hídricos apresentam-se regionalizados e envolvem as atividades econômicas de cada local. No Sul, o desafio da sustentabilidade envolve a exploração mineral, em função das jazidas de carvão, caulim e argila. No Litoral Centro, a cultura diversificada e de subsistência, a pesca e um novo empreendimento voltado à geração de tecnologia de ponta, como informática, telecomunicações, mecânica de precisão e automação. No Vale do Itajaí, são as atividades do ramo têxtil e vestuário, calçados e artefatos de tecidos. Na região Nordeste, um parque industrial diversificado, com predominância do complexo eletro-metal-mecânico e as indústrias de material de transporte e de matérias plásticas. No Planalto Norte e Serrano, são as atividades econômicas vinculadas à criação de bovinos, à extração de madeiras e celulose, as lavouras de produção extensiva e a fruticultura. No Oeste, a agricultura e o complexo agro-industrial, com o abate de suínos e aves. Essas atividades do desenvolvimento resultam em fortes impactos aos recursos hídricos do Estado, colocando em cheque tanto a questão ambiental das fontes, quanto a capacidade de sobrevivência da indústria ou outras atividades diretamente conectadas à quantidade de água captada, distribuída e consumida. Esse desafio exige uma postura mais sustentável por todos os atores da sociedade e o desenvolvimento deve fazer com que os processos produtivos contabilizem nos preços os custos ambientais. A poluição provocada pela atividade industrial e a contaminação de corpos d’água por 102 agrotóxicos, muitas vezes aliada à escassez geográfica ou sazonal, resultam na emergência de problemas para atendimento das mais elementares necessidades de abastecimento humano. Estes são os desafios para a sociedade catarinense, desafios que devem motivar políticas voltadas ao uso e conservação da água, demonstrando o caráter estratégico da questão. Premissas A água é um bem finito e vulnerável, e é exatamente por isso que sua gestão, com princípios básicos, instrumentos e formas de organização social, deve ser compartilhada. O estudo Bacias Hidrográficas do Estado de Santa Catarina - Diagnóstico Geral -, realizado pelo Estado em 1997, faz uma ampla abordagem regional que permite fornecer subsídios aos diferentes segmentos da sociedade, ampliando a visão dos principais problemas que afetam as bacias hidrográficas catarinenses, assim como das suas potencialidades. As premissas daquele estudo e o maior aprofundamento das diferentes variáveis são os elementos que permitirão a mobilização e institucionalização de fóruns de participação comunitária, onde os diversos agentes sociais poderão analisar e discutir as alternativas para o melhor aproveitamento dos recursos hídricos disponíveis e as soluções para os conflitos existentes, de forma a compatibilizar atividades que sejam economicamente viáveis, socialmente justas e ecologicamente sadias. Obstáculos O componente recursos hídricos está entre os que apresentam maiores deficiências para a sustentabilidade, em que pese o inegável esforço de alguns órgãos e entidades que atuam no Estado, responsáveis pelo considerável arcabouço legal existente e pela estrutura político-institucional em fase de implementação. A exemplo de outros estados da federação, sente-se a necessidade de uma maior sensibilização e comprometimento político para um encaminhamento efetivo e de resultados no trato destas questões. Os obstáculos à sustentabilidade dos recursos hídricos em Santa Catarina estão ligados à insuficiência ou dificuldade de acesso a dados e informações para se promover uma adequada avaliação dos recursos hídricos, à inexistência de práticas efetivas de gestão de usos múltiplos e integrados dos recursos hídricos, à insuficiência de base legal para assegurar a gestão descentralizada, ao manejo inadequado do solo na agricultura, à distribuição injusta dos custos sociais associados ao uso intensivo da água, à participação incipiente da sociedade na gestão, com excessiva 103 dependência das ações de governos, à escassez de água, natural ou causada pelo uso intensivo do recurso hídrico, à disseminação de uma cultura da abundância dos recursos hídricos e à ocorrência de enchentes periódicas. Estratégia A sustentabilidade dos recursos hídricos no estado de Santa Catarina será alcançada pela conscientização da população consumidora – pessoas físicas e jurídicas - , através de programas e projetos implementados via comitês de bacias hidrográficas, a partir da responsabilidade do Estado sobre a qualidade e uso da água. Propostas Elaborar o Plano Estadual de Recursos Hídricos, com a necessária participação da sociedade, tendo como meta maior a implantação paulatina de um Sistema de Gestão e Gerenciamento em todas as bacias hidrográficas do Estado. Implementar medidas estruturais e não estruturais de proteção às comunidades sujeitas a enchentes periódicas, com a finalidade de controlar e amenizar os efeitos das cheias em áreas ribeirinhas. Desenvolver estudos e pesquisas em regiões onde a situação da disponibilidade de água superficial foi identificada como crítica e extremamente crítica, com o objetivo de buscar alternativas viáveis de abastecimento. Adotar medidas, em parceria com os municípios, visando à conservação das áreas ocupadas pelos mananciais destinados ao abastecimento urbano, mediante consórcios intermunicipais. Desenvolver programas de incentivo à proteção dos recursos hídricos, superficiais e subterrâneos, pelo uso racional da água, desestimulando o desperdício, promovendo a pesquisa e divulgando o reuso das águas. 104 6 RECURSOS FLORESTAIS Desafios Promover o aproveitamento de resíduos e subprodutos da exploração dos recursos florestais, buscando novos mercados e identificando novos produtos derivados desse aproveitamento. Se incluirmos na estatística as árvores de todos os portes, a Mata Atlântica, em Santa Catarina, está reduzida a não mais do que 17% da floresta original. No entanto, nos últimos anos os desmatamentos vêm diminuindo no Estado pela ação de fiscalização e pela conscientização da população envolvida. O desafio da sustentabilidade dos recursos f lorestais está voltado ao trabalho e à pesquisa para a transformação ecológica das f lorestas, considerando uma política ambiental e de reservas orientada para o futuro. O objetivo é o cultivo de florestas para exploração econômica, que atendam às expectativas da sociedade nas questões ecológicas, econômicas e de conservação ambiental. O Estado de Santa Catarina apresenta três formações florestais, que são caracterizadas como Floresta Ombrófila Densa - que recobre as áreas próximas do litoral Atlântico -, Floresta Ombrófila Mista - que é a mata de araucária, com área de abrangência desde os planaltos norte e sul até a região extremo Oeste - e Floresta Estacional Decidual - que é a mata do rio Uruguai, com abrangência numa faixa considerável junto ao rio Uruguai. Desde que a legislação federal considerou o estado de Santa Catarina dentro do domínio da Mata Atlântica, impedindo até mesmo o desenvolvimento sustentável, o maior desafio vem sendo no sentido de discutir critérios para a alteração da legislação em vigor. Fortalecer e aumentar a aptidão humana, bem como os conhecimentos especializados e o fortalecimento institucional, para formular e implementar - com eficácia - políticas, planos, programas, pesquisas e protestos sobre manejo, conservação e desenvolvimento sustentável de todos os tipos de florestas e de recursos derivados das florestas, bem como de outras das quais se possam extrair benefícios florestais. 105 Premissas Balizar o desenvolvimento pela sustentabilidade dos recursos florestais, definindo sua importância relativa e sua importância absoluta para a qualidade de vida das populações locais. Obter um planejamento com informações precisas que leve a uma atividade econômica adequada ao lugar, de forma sustentável e favorável ao meio ambiente. Avaliar as conseqüências ecológicas e econômicas a partir de diferentes estratégias de transformação e exploração dos recursos florestais. Promover discussões legais com foco na sustentabilidade das florestas e na qualidade de vida das pessoas, permitindo o desenvolvimento sustentável. Promover ações no sentido de obter uma oferta adequada de espécies exóticas, utilizando áreas que a legislação ambiental permita, reduzindo a pressão para o corte de espécies nativas, mesmo que sejam de manejo sustentado. Enquadrariam neste contexto o Pinus (taeda e eliotis), o Eucalipto e outras espécies a determinar, bem como, a bracatinga, esta uma espécie nativa, mas com potencial de reflorestamento, principalmente para o uso energético. Promover ações objetivando melhorar a produtividade e qualidade destas florestas, reduzindo a necessidade de ampliação das áreas plantadas. Promover ações para estimular a certificação de florestas exóticas. Promover cursos profissionalizantes na área florestal. Identificar áreas de conservação e proteção ambiental. Obstáculos A falta de informações científicas para assegurar, a longo prazo, o desempenho da floresta como provedora de matéria-prima, protetora do solo e da água, mantedora da biodiversidade e depósito de carbono. A dificuldade de entendimento entre as posições teóricas e práticas dos grupos sociais interessados. A falta de alternativas econômicas para populações inteiras que dependem de suas atividades tradicionais para o sustento de famílias, principalmente as rurais. Estratégia Usar de forma sustentável os recursos florestais do estado de Santa Catarina, seja pela interação entre a preservação das florestas, com o objetivo de regulação do clima – precipitação 106 pluviométrica, abastecimento de mananciais e aqüíferos, manutenção da umidade do ar e do solo e retenção do gás carbônico –, seja pelo seu uso econômico, com manejo adequado e com a consciência ambiental da população interessada. Realizar atividades favoráveis ao equilíbrio entre os ciclos biogeoquímicos, evitando problemas ambientais como destruição da camada de ozônio, efeito estufa e chuva ácida. Propostas Desenvolver programas e projetos de novos materiais estruturados de madeira, como pequenas peças de madeira para a engenharia de construção e materiais à base de fibras de madeira. Promover o aproveitamento de resíduos e subprodutos da exploração dos recursos florestais, buscando novos mercados e identificando novos produtos derivados desse aproveitamento. Fazer com que novos métodos sejam utilizados para fabricação econômica de casas, a partir de matérias-primas e elementos de madeira padronizáveis, como sistemas de construção modulares e de técnicas inovadoras de encaixe, além da pré-fabricação industrial de componentes para a construção. Incentivar o reflorestamento com espécies nativas, em especial nas áreas degradadas identificadas em cada município. Realizar atividades favoráveis ao equilíbrio entre os ciclos biogeoquímicos, evitando problemas ambientais como destruição da camada de ozônio, efeito estufa e chuva ácida. 107 7 ECOSSISTEMAS Desafios Implantar, efetivamente, as unidades de conservação já existentes, através de mecanismos como regularização fundiária, planos de manejo, programa de uso público, e criar novas áreas protegidas, formando corredores ecológicos no Estado para a conservação da biodiversidade. Compatibilizar o desenvolvimento econômico e a conservação dos recursos naturais renováveis e não-renováveis existentes nos 95.000 km2 do território catarinense é um grande desafio para este século, especialmente ao ser considerada a importância que o estado de Santa Catarina possui no contexto biogeográfico regional e nacional. Tal tarefa exige comprometimento, responsabilidade e participação efetiva dos mais diversos atores governamentais e não-governamentais envolvidos nas tomadas de decisões, que levam à sustentabilidade dos mais diversos ecossistemas situados ao longo do território catarinense. Não tem sido fácil a integração dos mais diversos atores sociais - governamentais e não-governamentais - em torno desta questão tão importante, especialmente se for considerada a pouca estrutura existente no Estado para implementar de fato as Unidades de Conservação existentes. Em Santa Catarina, houve uma significativa diminuição dos remanescentes de vegetação, podendo ser inferido que isso propiciou uma redução considerável da fauna associada a estes ecossistemas. Vários foram os fatores que levaram a este intenso processo de perda de ecossistemas, tanto no interior, como no litoral de Santa Catarina. Vale destacar o exemplo da porção centro-norte, onde o processo de urbanização, orientado pela especulação imobiliária, foi responsável pela perda significativa de importantes ecossistemas situados na zona costeira, com um processo quase irreversível de recuperação dos mesmos. O verdadeiro desafio desta questão passa por questões de natureza política, legal, técnica e, sobretudo, institucional. Para que se possa alcançar a conservação plena destes ambientes, o desafio político nas tomadas de decisões requer mudança de ética e de postura dos envolvidos. São poucas as áreas que ainda se encontram inalteradas, de forma que se possa legar às gerações futuras ambientes ainda com características similares às encontradas no período inicial de ocupação. Apesar da legislação incidir sobre Áreas de Preservação Permanente ou Unidades de Con- 108 servação existentes, estas se apresentam, por vezes, ineficientes quanto ao processo de monitoramento e fiscalização. Desta forma, tal processo gera problemas gravíssimos, que vão da falta de políticas adequadas às reais necessidades de conservação dos ecossistemas, até a postergação do diagnóstico e sua respectiva análise. Premissas A questão central da conservação da biodiversidade e seu uso sustentável está na possibilidade de implementar meios de gestão ou manejo que garantam a continuidade de espécies, formas genéticas e ecossistemas. A realidade tem mostrado que, quando os meios de ação são bem manejados, podem, de fato, servir como ferramenta para a conservação da natureza. A gestão dos ecossistemas somente poderá ser implementada com a participação dos diferentes atores sociais, que, direta ou indiretamente, atuam no processo de utilização dos recursos naturais. Para a efetivação dessa participação, é preciso que as informações derivadas do exercício da gestão possam ser adaptadas aos diferentes públicos a que se destinam, criando as condições de comunicação necessárias ao entendimento dos objetivos da gestão pretendida. Descentralizar decisões e ações no âmbito da gestão de recursos naturais, é outra premissa para criar espaços de oportunidade, visando solucionar os problemas equacionados local e regionalmente. Trata-se de permitir que agentes governamentais locais, com poder de decisão, assumam, em conjunto com os agentes sociais, a construção de uma pauta de atividades que leve à gestão sustentável dos recursos naturais. Outra premissa é a capacitação de multiplicadores de idéias e ideais, que possam ser a base de uma mudança comportamental de curto, médio e longo prazos nas mais diversas localidades, tenham elas características naturais, rurais, periféricas às áreas urbanas ou mesmo naquelas eminentemente urbanas. Deve ainda ser acrescentado que tais paisagens possuem, atualmente, uma ampla distribuição, tanto nas áreas costeiras como no interior, e que as instituições que ali atuam possuem, antes de tudo, um importante compromisso em relação às comunidades que ali residem, de forma que as mesmas possam utilizar os recursos naturais renováveis e não-renováveis de maneira segura e duradoura por meio de técnicas adequadas de manejo, dentro de princípios legais. Obstáculos Informações sobre o estado atual dos ecossistemas no Estado de Santa Catarina estão dispersas. A questão institucional é importante, pois a falta de integração inter e intra-institucional 109 passa a ser um grande entrave para o entendimento da realidade. Os baixos salários dos técnicos que trabalham nos órgãos ambientais, o que gera desinteresse no desenvolvimento das atividades a eles destinadas, especialmente no que tange à fiscalização, e mesmo nos setores que exigem uma análise detalhada de estudos de impactos ambientais e de planejamento. Sob o ponto de vista inter-institucional, a falta de integração passa a ser um problema difícil de ser solucionado, devido à inexistência de cursos de capacitação que possam dar uma visão de unidade ao processo. A execução dos planos de gestão estabelecidos nas mais diversas políticas ambientais existentes - Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, Política Nacional de Meio Ambiente, Sistema Nacional de Unidades de Conservação, Política Nacional de Recursos Hídricos - torna-se problemática, pois não existe uma política efetiva de planejamento, mas apenas demandas dos problemas que chegam nas mais diversas instituições que trabalham com as questões ambientais. Estratégia Respeitar as relações econômicas, sociais e culturais das populações inseridas em ecossistemas ou deles dependentes, visando dar consistência às políticas públicas de criação de unidades de conservação, conciliando os interesses regionais, nacionais e globais com os interesses das comunidades residentes ou dependentes, promovendo a utilização dos recursos naturais renováveis e não-renováveis, de forma segura e duradoura, por meio de técnicas adequadas de manejo. Propostas Implantar, efetivamente, as unidades de conservação já existentes, através de mecanismos como regularização fundiária, planos de manejo, programa de uso público, e criar novas áreas protegidas, formando corredores ecológicos no Estado para a conservação da biodiversidade; Elaborar programas que visem à implantação de corredores ecológicos e áreas-tampão entre unidades de conservação e áreas de proteção permanentes. Promover o mapeamento, de acordo com a legislação ambiental, em escala municipal, com o objetivo de demarcar as áreas de preservação permanente, estimulando os municípios a reconhecerem os ecossistemas em seus territórios, valorizando e protegendo as áreas úmidas, tipo banhado e mata ciliar. Preservar e recuperar os ecossistemas, em especial os lagunares, existentes nas regiões hidrográficas catarinenses. 110 8 PRODUTOS AGROQUÍMICOS Desafios Responsabilizar os fabricantes e estabelecimentos que comercializam produtos agroquímicos pela informação, dada ou não, ao usuário a respeito dos danos que os mesmos causam à natureza e à saúde da população, bem como sobre os meios de proteção. O uso de produtos agroquímicos na agricultura surgiu da necessidade de melhorar a produtividade do setor. A produtividade foi, de fato, aumentada, mas as conseqüências negativas do uso dos agroquímicos vão desde a produção de alimentos com baixo valor nutricional, até a sua alta toxidade, que causa diversas doenças como câncer e alergias. Entre deixar de usar os agroquímicos e desenvolver uma produção orgânica, aparece o desafio de manter a produtividade crescente em um produto considerado melhor para a saúde. A baixa produtividade da produção orgânica eleva os preços aos consumidores finais, deixando-a restrita às classes de maior poder aquisitivo. Promover um esforço conjunto entre a indústria de produtos fitossanitários, engenheiros agrônomos e técnicos rurais, no intuito de trabalhar intensivamente na educação dos agricultores e trabalhadores rurais, ensinando-os a identificar a presença de insetos, fungos, plantas daninhas, bem como orientando-os quanto ao uso dos produtos agroquímicos, é um dos muitos desafios a serem enfrentados pelo setor. Essa educação deve envolver todas as pessoas do ciclo produtivo na agricultura, desde o pessoal da tomada de decisão e supervisão, como proprietários, técnicos, orientadores, administradores, até os familiares e vizinhos daqueles que manipulam e aplicam o produto. Por outro lado, se o objetivo for eliminar o uso dos agroquímicos – e sabe-se que essa não é uma tarefa fácil –, torna-se essencial que, inicialmente, os riscos da aplicação sejam reduzidos e, concomitantemente, sejam efetivadas ações, calcadas na educação, buscando a total substituição desses produtos por práticas sustentáveis de produção. A minimização dos impactos causados pelo uso de agroquímicos, juntamente com a busca de alternativas de produção mais saudáveis, deve ser a ênfase das produções agrícolas no estado de Santa Catarina, pois só com uma visão de longo prazo e objetivando a sustentabilidade é que será possível compatibilizar a questão produtiva e econômica com a social e ambiental. 111 Premissas Ao reconhecer a necessidade do uso dos produtos agroquímicos, deve-se explicitar a precaução, promovendo o seu uso de forma correta e segura, tanto para obtenção de melhores resultados econômicos, como para evitar intoxicação humana, animal e ambiental. Promover a agricultura sustentável, sem agressão ao ambiente, mantendo o controle permanente do uso dos produtos fitossanitários, através dos registrados pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento, aprovados pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. A educação ambiental deve ser a base da alteração do uso dos agroquímicos, difundindo desde as culturas que podem ser protegidas, até os cuidados a serem observados na proteção da saúde de aplicadores e na preservação do meio ambiente. Ênfase em pesquisas que objetivam alternativas sustentáveis de produção e fluxo de informações e trocas de experiências. Obstáculos Os obstáculos à sustentabilidade na questão dos agroquímicos vão desde a falta de um estudo da real necessidade ou não da aplicação dos produtos, a facilidade de receitar os produtos, a pouca fiscalização na venda, o uso incorreto dos equipamentos de proteção individual e de manuseio, até o descuido na destinação final das embalagens. Falta de sistemas aperfeiçoados ou alternativos para monitoramento e controle de pragas e doenças, visando a eliminar ou reduzir as pulverizações preventivas tradicionais com agrotóxicos. Os programas disponíveis em nível nacional - Protocolo Verde ou Programa Nacional para a Racionalização do Uso de Agrotóxicos - não têm alcançado o Estado. Não se tem dado um destino adequado às embalagens vazias de agrotóxicos, e o uso de agrotóxicos perigosos não têm recebido das autoridades a implementação de medidas de caráter técnico, administrativo, financeiro e legal para induzir a substituição dos mesmos por produtos químicos mais seguros. Estratégia Substituir progressivamente o uso dos produtos agroquímicos, promovendo alternativas capazes de manter a produtividade agrícola e de fornecer soluções às demais questões do setor. 112 Propostas Poder público manter o controle efetivo das quantidades de produtos agrotóxicos estocados e comercializados em Santa Catarina, inclusive fiscalizando às indústrias fabricantes, visando bloquear o lançamento de produtos que ainda não estejam devidamente registrados e impedir a comercialização de agrotóxicos que estejam proibidos em outros estados da Federação ou em outros países. Promover ampla e permanente campanha publicitária educativa de âmbito estadual, envolvendo as entidades de classe e instituições governamentais e não-governamentais, incentivando a utilização do Receituário Agronômico, tanto pelos profissionais da área, como pelos produtores, com enfoque para as comunidades rurais, a fim de alertá-las sobre os perigos da contaminação humana e ambiental, devido ao uso de agrotóxicos, destacando a necessidade da tríplice lavagem e reciclagem de embalagens. Desenvolver centros de pesquisa que busquem a substituição de produtos agroquímicos por produtos ecologicamente corretos, instituir e aportar recursos financeiros, tecnológicos e humanos, com o objetivo de viabilizar a pesquisa de defensivos biológicos naturais e estimular a agricultura orgânica ou agroecológica e outras alternativas para substituição do uso de agroquímicos. Responsabilizar os governos municipal e estadual pela fiscalização, recolhimento e estocagem de embalagens de agrotóxicos, ficando os fabricantes e estabelecimentos comerciais responsáveis por administrar o destino adequado das mesmas. Responsabilizar os fabricantes e estabelecimentos que comercializam produtos agroquímicos pela informação, dada ou não, ao usuário a respeito dos danos que os mesmos causam à natureza e à saúde da população, bem como sobre os meios de proteção. Implantar selo de avaliação da qualidade dos produtos alimentares, com processo e sistema de inspeção, controle e vigilância permanente. 113 9 RESÍDUOS SÓLIDOS E ESGOTO Desafios Estabelecer como prioridade para os governos estadual e municipal o investimento em obras que diminuam ou solucionem os problemas de saneamento básico, incluído o tratamento de esgotos domésticos, pela implantação de rede de coleta e tratamento de esgotos em todos os municípios do Estado. A construção da sustentabilidade é particularmente complexa e difícil na gestão dos resíduos sólidos e do esgoto sanitário, principalmente por causa da multiplicidade de atores envolvidos, muitas vezes com interesses conflitantes ou contraditórios, que necessariamente necessitam ser conjugados. Complexo, ainda, pela diversidade de situações e cenários ao longo dos 95.442,9 km2 de terras catarinenses. O caminho para obtenção do desenvolvimento sustentável exige mudanças tanto no tratamento destas questões quanto na cultura associada, não bastando a existência de serviços bem organizados. Atualmente, quando a média de produção de resíduos domésticos já é de um quilo por habitante/dia, impõe-se a adoção de políticas que induzam à redução da produção de lixo e à reciclagem ou reutilização dos materiais descartados. É indispensável a promoção do depósito e tratamento ambientalmente saudáveis dos resíduos não recicláveis. Há também a necessidade de se equacionar o tratamento dos ciclos completos dos vários produtos, dando destino correto tanto aos resíduos industriais, perigosos ou não, como às embalagens e ao descarte dos produtos em si ao fim de sua vida útil, seja por obsolescência, deterioração ou esgotamento, com responsabilidades definidas para cada fase. Não se pode deixar de lado a urgente necessidade de ampliação do alcance dos serviços que se ocupam dos resíduos. Paralelamente, deve ser estudado o ajustamento das normas técnicas e legais, de maneira a estimular as boas práticas e restringir os procedimentos que levem ao desperdício, seja nos processos industriais, seja no uso dos produtos. A otimização dos processos leva, adicionalmente, ao melhor encaminhamento da questão dos resíduos, a baixar o consumo dos recursos naturais, a emissão de poluentes e a utilização de energia, fundamentais para o desenvolvimento sustentável. A adequação das políticas de destinação de resíduos industriais, inclusive dos resíduos tóxicos, 114 desafia administradores públicos e privados e exige soluções imediatas e mediatas, ao lado de procedimentos que incrementem o processo de adequação e certificação ambiental das indústrias. Premissas A dimensão das intervenções antrópicas na natureza é cada dia maior e os seus efeitos ultrapassam as fronteiras conhecidas. É fundamental que todos reconheçam que meio ambiente e desenvolvimento não se opõem, ao contrário, estão inevitavelmente interligados. O desenvolvimento não se mantém se a base dos recursos ambientais se deteriora. A necessidade de pensar em infra-estrutura de saneamento, tendo em vista o desenvolvimento sustentável, fica evidente em face da sua importância para a qualidade do meio ambiente e das ameaças que sua ausência causa tanto ao meio quanto à saúde humana. O comprometimento da qualidade das águas, subterrâneas ou superficiais, seja de rios, lagos ou do mar, termina por chegar às casas. Esse comprometimento está ligado diretamente ao tratamento dado aos resíduos sólidos e efluentes líquidos e pelo modo como a população e suas instituições desenvolvem suas atividades. Os perigos são claros quando se verifica a presença do chorume, líquido escuro, viscoso e altamente tóxico, resultado da decomposição do lixo, e o lançamento dos esgotos sanitários sem tratamento, que se infiltram no solo e chegam às águas subsuperficiais. Os locais inadequados de lançamento de esgotos ou depósito impróprios de resíduos sólidos são áreas de risco para a saúde pública, porque provocam, além de mau cheiro e aspecto desagradável, a proliferação de insetos transmissores de doenças e são focos de disseminação de patogenias. Obstáculos Inexistência de política pública estadual para o saneamento e indefinição de responsabilidades pelo destino dos resíduos sólidos – tratados, atualmente, sem discriminação de origem ou classificação. A busca de soluções individualizadas, aliada às dificuldades técnicas e operacionais para o tratamento da grande diversidade dos resíduos sólidos e dos efluentes líquidos. Ausência de estímulos ou incentivos a práticas adequadas de tratamento dos resíduos sólidos e efluentes líquidos, com recursos reduzidos para investimento no setor. Segmentação dos procedimentos para tratamento do tema e inexistência de articulação entre os diversos atores envolvidos, com uma multiplicidade de atores no processo, gerando conflitos e contradições. 115 Estratégia As soluções sobre resíduos sólidos e esgoto sanitário passam pela implementação de ações públicas e privadas no sentido de aumentar a renda das famílias, eliminar a pobreza e a exclusão social, concomitante ao desenvolvimento da capacidade de gestão da esfera pública e da criação de parcerias com a população interessada. Propostas Implementar política pública municipal de gerenciamento de resíduos sólidos, incentivando a coleta seletiva, a reciclagem, a compostagem e a geração de energia elétrica a partir do metano, com a disposição final em aterros sanitários regionalizados, fiscalização eficiente, criação de consórcios intermunicipais e dando destino adequado aos resíduos tóxicos e ao lixo hospitalar de clinicas médicas e de laboratórios. Instituir a co-responsabilidade entre produtores, consumidores e prestadores de serviços na gestão de resíduos sólidos, estabelecendo mecanismos financeiros e operacionais adequados, visando a reduzir significativamente a quantidade de lixo produzido nas cidades, levando o setor produtivo e a população a desperdiçar menos, consumir somente o necessário e reutilizar materiais que atualmente são jogados fora. Estabelecer como prioridade para os governos estadual e municipal o investimento em obras que diminuam ou solucionem os problemas de saneamento básico, incluído o tratamento de esgotos domésticos, pela implantação de rede de coleta e tratamento de esgotos em todos os municípios do Estado. Criar uma política fiscal diferenciada para as empresas que diminuírem o volume de embalagens no seu produto final ou implementarem programas de recolhimento de embalagens. Regulamentar a coleta e destino das pilhas, baterias, pneus e outros produtos nocivos ao ambiente, responsabilizando os revendedores, fabricantes e consumidores. Incentivar as prefeituras a instituir política de cobrança de imposto diferenciada, usando como medida o bairro e levando em consideração o percentual de coleta e reciclagem de lixo, proporcional à produção média por pessoa. Incentivar a implantação da coleta seletiva pela estruturação de cooperativas ou associações de catadores de material reciclável em todos os municípios do Estado. Incentivar a redução da utilização dos corpos d’água como destino final das águas servidas, por meio de tratamento e reuso. 116 117 PARTICIPANTES DO PROCESSO A Notícia MARIELLA LOPEZ Agência de Desenvolvimento da Serra Catarinense ISABEL BAGGIO Agenda 21 de Florianópolis CÉSAR GOUVÊA LYDIA BEZ FONTANA Agenda 21 de Jaraguá do Sul MANOEL INÁCIO CAMILO CARREIRA Agenda 21 de São José JANETE ALDA DE MIRANDA Associação Beneficente Amigos pela Vida/Chapecó ANDRÉ LUIZ ALVES Associação de Preservação e Equilíbrio do Meio Ambiente de Santa Catarina APREMA/SC NELSON LUIX WENDEL Associação de Ensino de Santa Catarina - ASSESC JOÃO PAULO BITENCOURT DE FREITAS Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES/SC NILCEANE APARECIDA JUNCKES COSTA CARLOS BIANCO ELIANA BITENCOURT BERTOLDO DA SILVA COSTA Associação Brasileira de Recursos Hídricos – ABRH CIRO LOUREIRO DA ROCHA CESAR AUGUSTO POMPÊO HÉCTOR RAÚL MUÑÕZ ESPINOSA Associação Catarinense de Aqüicultura – ACAq PAULO DE TARSO R. RODRIGUES MATIAS GUILHERME BOLL RENARDO F. G. SCHREIBER Associação Sul Catarinense em Prol do Meio Ambiente – ACTA DANIEL TRENTO DO NASCIMENTO HELTON NATALI Associação de Proteção à Maternidade e Infância ASPASIO CAMARGO Assembléia Legislativa de Santa Catarina - ALESC IDELVINO FURLANETTO SOLON SOARES SCHEUKA DZIEDZIC MARIA LUÊS CATALANO PAULO R. DALMOLIN JOÃO KARAM Associação dos Municípios do Alto Vale do Itajaí MARISTELA MACEDO POLGA Agência de Desenvolvimento da Serra Catarinense - ADSC CARLOS EDUARDO LIZ Associação dos Municípios de Entre Rios MARCOS AURÉLIO LAZZARETTI ORSO Associação Empresarial da Região Metropolitana de Florianópolis - Aemflo/ CDL – São José LUCI MASIERO ODÍLIO GUAREZI Associação Catarinense para o Desenvolvimento Social – ACADES GIOVANI AMBONI DANIEL TRENTO DO NASCIMENTO Associação Portuguesa de Mulheres Juristas - APMJ ELY L. DE CAMARGO ALCIDES ANDRADE Associação Comercial e Industrial de Jaraguá do Sul INÁCIO CARREIRA Ar – Consultoria e Saneamento Ltda. FÁBIO RIBEIRO DE SOUZA Associação Comercial e Industrial de Florianópolis PAULO R. OROFINO Associação de Municípios do Nordeste de Santa Catarina - AMUNESC JOÃO GERALDO BERNARDES Associação Cultural AÚ – Entidade Afrobrasileira – ACAU LOURIVAL FERNANDO ALVES LEITE DRAUZIO PEZZONI ANNUNCIATO Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense JOBSON MARTINHO Associação Amigos da Natureza do Extremo Oeste Catarinense AZIZ ABOU HATEN Associação do Movimento Ecológico de Capivari TOMAZ MARCIANO VIEIRA Associação Amigos da Galheta – AGAL AFFONSO ALLES Associação dos Aposentados da UFSC ADY VIEIRA FILHO Associação Brasileira de Restaurantes e Empresas de Entretenimento ABRASEL/SC LUCIANO BARTOLOMEU JOSÉ ARI SUNDFELD Associação dos Moradores de Cacupé AMOCAPE RICARDO LEVI Associação Rádio Comunitária Campeche - ARCC UBIRATAN MATTOS Associação Civil Floripa é 10! ALCIDES ANDRADE 118 Autônomos MATHEUS CHEDID ROGÉRIO RISTOW ADILES MARIA ROMERO IBARRA Autônomo/Petrobras/SIX/SMS ANDRÉ LUIS DA SILVA KAZMIERSKI Boehme Brasil Consulting GERHARD ERICH BOEHME Brasfumo Ltda. - Rio do Sul ROBERTO FREDERICO CAYE Bmrv – Corretora de Seguros Ltda. ROGÉRIO BRAVO Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE/SC ADRIANO ROGÉRIO GOEDERT MARLENE APARECIDA KERBER ADRIANO FIAMONCINI ROSANA FRANÇA CRISTIANO N. GONÇALVES Bini/Xanxerê ELISANGELA Câmara de Desenvolvimento do Comércio Exterior HANS KRESS Câmara de Integração do Mercosul/ Balneário Camboriú MARIELA ZINGONI Câmara Municipal de Vereadores de Papanduva LUIZ MIKACOVIA Câmara Municipal de Vereadores de Belmonte BÁRBARA TERNUS Câmara Municipal de Vereadores de São José TELMO PEDRO VIEIRA Câmara de Vereadores VALDEMIRO MARCON DA SILVA PEDRO LORENZETTI Casa Chico Mendes CRISTIANE FABRÍCIO Conselho Comunitário do Morro do Horácio CIRILO P. DA SILVA Caixa Econômica Federal JOANA DARC AMBONI VILSON LUIZ Conselho Estadual de Desportos EMANUEL MARTINS LEILA CRISTIANE MACHADO JOAQUIM ARANTES DE BEM ADALIR PECOS BORSATTI ERIBERTO FLEICHMAMM HERCÍLIO PARAGUASSÚ DE FREITAS LUCIANO HOSTINS PAULO HENRIQUE XAVIER DE SOUZA Centro de Transformação Pessoal e Artística. SILVIA BARRETO SCHMIDT Comissão Cívica de Proteção das Linhas de Água - Ccpla ODIRLEI LÁZARE Centrais Elétricas de Santa Catarina – CELESC JOSÉ N. BENEDET GILBERTO PEREIRA SCHIRLEY MARIA DA SILVA VICENTE IMPALÉA NETO Coordenadoria de Gestão Ambiental CGA/UFSC LUIZ CARLOS PEREIRA Clube Engenharia HAMILTON SCHAGFER Comitê de Gerenciamento da Lagoa da Conceição AUGUSTO LUIZ GONZAGA Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Cubatão SALOMÃO MATTOS SOBRINHO Comitê Camboriú PATRÍCIA ZEMMERMANN WEGNER Centro Universitário de Jaraguá do Sul – UNERJ GENÉSIO VEGINI SÍLVIA HELENA OLITTA M. FIGUEIREDO Congresso Internacional de Turismo Fluvial no Mercosul OSCAR VILAS BOAS MARIA DE LURDES CAPPONI Conselho Estadual da Saúde MARIA ISABEL VARGAS DA CUNHA Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural JOSÉ FELIX DA SILVA NETO Coordenadoria Regional da Educação – 2° CRE JAIME PALADINI Conselho Regional de Biologia – CRBio/SC DANILO DA SILVA FUNK BELONI PAULI MARTERER ANDRÉIA A. DOS SANTOS FRANCISCO ANTÔNIO DA SILVA FILHO Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA/SC ERIBERTO BUCHMANN CRISTINA GERBER Consultora Autônoma MARIA GORETE HOFFMANN Companhia de Água e Saneamento de Santa Catarina – CASAN GIOVANI DURIBON FREITAS CARLOS PEREIRA Caixa Econômica Federal de Joinville MÁRCIO AUGUSTO ALVES BONFIM SOARES Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina - CIDASC/São José SÉRGIO DELATORRE Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina - CIDASC/Tubarão HELDER TISCOSKI Ciocca, PCC - Consultoria PAULO CÉSAR CIOCCA Centro Integrado de Informações de Recursos Ambientais de Santa Catarina CIRAM/UFSC SÉRGIO LUIZ ZAMPIERI Colégio Agrícola de Camboriú FERNANDO KESKE MARIA OLANDINA MACHADO Centro de Estudos Sociais - CES/SC OSVALDO O. MACIEL Coordenadoria Regional de Educação – 1ª CRE ALICE MARY SOUZA DE RIDK Caixa Econômica Federal de Florianópolis ELIANE KRAEMER PINHEIRO ROSANGELA REGINA KOETTKER Cohab/SC MAISA P. CORDOVA MANOEL CASTER Centro Acadêmico de Engenharia Mecânica - CAME/UFSC RICARDO MOREL HARTMANN Consórcio Lambari - AMAUC ROBERTO KURTZ PEREIRA NÁDIA GREZZANA MASCELANI Companhia de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina – CODESC ANA MARIA COUTINHO CAIRO BUENO DE OLIVEIRA HELENA MARIA C. DE SOUZA JAIME JOSÉ MOURA RICARDO COLIN SCHROEDER RONALDO CUNHA RUBÉNS FANGIER FILHO Centro de Ciências Agrárias - CCA/ UFSC ELVYS TAFFAREL RENATOGUARDINI ELZA MARIA MEINERT Companhia de Desenvolvimento da Capital – COMCAP FLÁVIA VIEIRA GUIMARÃES OROFINO NARA LÚCIA L. BITTENCOURT Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de SC. – CIDASC NELSON JACOMEL JÚNIOR MANIX CLÓVIS GOULART DEBEM JÚLIO FORTES MATOS PLINIO SMIDERLE Centro de Ciências Biológicas - CCB/ UFSC MÁRCIA C. STRAPAZZON MAIULA FIGUEIREDO S. JESUS C. E. São Miguel ANA MARIA ALVES RIBAS Centro Integrado de Ciências da Região Sul de Santa Catarina - CINCRES JAIME PALADINI CELENA SURIGAM VOLPATO 119 Conselho Regional de Serviço Social MARIA ISABEL VARGAS DA CUNHA Destino Azul/Florianópolis EDUARDO MOREIRA LUZ FLÁVIO JARDIM Diretoria de Vigilância Sanitária - DVS ANTÔNIO ANSELMO GRANZOTTO DE CAMPOS Diretório Acadêmico da Única MARIA JÚLIA LEITE HULMANN Engenho GUSTAVO TAKASE GONÇALVES Embrapa Suínos e Aves - Concórdia CLÁUDIO ROCHA DE MIRANDA Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SC. – EPAGRI ZENÓRIO PIANA JOÃO AFONSO ZANINI NETO NELSO FIGUEIRÓ EDUARDO DE SOUZA SUELY LEWENTHAL CARRIÃO Epagri/Chapecó MÁRCIO ANTÔNIO DE MELLO Epagri/Ituporanga PEDRO BOFF Epagri/Lages MÁRIO VIDOR Epagri/São Miguel do Oeste NESTOR LUIZ BREDA Epagri – Tunápolis ADENOR VICENTE WENDLING Epagri/Regional de Florianópolis MARTA ELIZABETH CORREIA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA/SC ANTÔNIO L. GUIDONI Embrapa/Concórdia SIMONE ANHAIA MELO Escola de Novos Empreendedores da Ufsc FLÁVIO DE MORI Escola de Educação Básica Alto Forquilhas/São José KATYA SOUZA Escola Superior de Administração e Gerência - ESAG CARLOS GABRIEL EGGERT BOEHS Fórum de Desenvolvimento Alto Uruguai Catarinense ARI DAL VESCO Escola de Educação Básica São Ludgero CLEUNICE G. MESQUITA MÁRCIA REBELO Fórum de Desenvolvimento Alto Vale MARISTELA MACEDO POLGA Fórum de Desenvolvimento AMERIOS MARCOS ORSO Escola de Educação Básica São Miguel/ Florianópolis ANA MARIA ALVES RIBAS Fórum de Desenvolvimento da Região do Meio Oeste Catarinense FÁTIMA M. FRANZ HERMES Escola de Educação Fundamental Passo Fundo MÁRCIO JOSÉ FRANCISCO Fórum de Desenvolvimento Regional da Foz do Rio Itajaí MARCUS POLETTE Escola de Educação Fundamental José Marcolino Eckert JEAN MARCUS SALVADOR Fórum de Desenvolvimento Regional do Médio Vale do Itajaí JOSÉ CONSTANTINO SOMMER Fundação Municipal de Meio Ambiente FAEMA/Blumenau ELIAS JÕAO DE MELO Fórum Catarinense de Desenvolvimento NELSON CASAROTTO FILHO MARLENE APARECIDA FURTADO KERBER ROSANA FRANÇA EMERSON SOUTO Faculdade Estácio de Sá – FAES MIRELA BEREWDT P. DA LUZ Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas de Santa Cantarina - FAMPESC HERCÍLIO BATHKE VIEIRA Federação das Associações Comerciais e Industriais de SC. – FACISC GILSON S. ZIMMERMANN JAIR SILVEIRA Federação Catarinense de Municípios – FECAM CELSO VEDANA ALCIDES MONTOVANI Federação do Comércio de Santa Catarina – FECOMÉRCIO MARIA TERESA O. HEINZEN Faculdade Energia de Administração e Negócios - FEAN LUIZ CARLOS BRASIL FILHO FABIO DONIAK Escola de Educação Básica Frederico Hardt LOURIVAL INÁCIO DE OLIVEIRA Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de SC. – FETAESC CARLOS SAMPAIO Escola de Educação Básica Santa Rita/ São Miguel do Oeste JOÃO CARLOS HANAUER Fórum de Desenvolvimento do Extremo Sul Catarinense JOBSON MARTINHO Federação das Indústrias de Santa Catarina – FIESC ÉDIO LAUDELINO DA LUZ LUÍS HENRIQUE CÂNDIDO DA SILVA ULISSES ROGÉRIO DE A. ARRUDA EGÍDIO A. MARTORAN Fundação do Meio Ambiente – FATMA JACÓ ANDERLE AMANDA L. DA SILVA ANGELA D. B. DARIVA ANGELA MARIA C. MARTINI 120 CINTHIA M. DA SILVA ZANUZZI GRACIELI M. R. LARA KARLA GRAZIOTTIN LUCIANA CARVALHO LUCIANE DUSI MARINA FUNILE NINA BUBCHLE OLÍNIA BORTOLOSO ORDILEI PAULO LÁZARE PRISALLA GUEZ MOREIRA SHIGUEKO TEREZINHA I. FUKAHORI SUZANA MARIA TRIEBEN Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis – FLORAM ELIZABETH AMIN VIECELI ELISA NELI HEHN HAROLDO NUNES DA SILVA VIANEI JOÃO BONOTO JÚNIOR ROBERTA DOS ANJOS JIBSON JOSÉ ALVES ROBERTO VIEIRA CELSO OLIVEIRA JEFERSON ANDERSON CLEUSA WÖRNER LEITE RODRIGO DOS SANTOS PEREIRA EDUARDO TAVARES FRANCISCO COLARES AYRES TEIXEIRA HIVRUBOTON SAGAIS CAMILE MANSUR PIMPÃO Fórum de Desenvolvimento do Extremo Sul Catarinense JOBSON MARTINHO Fundação Catarinense de Pesquisas Ambientais/Curitibanos ELISEU CAMARGO MARTINS Fundação Ecológica e Zoobotânica de Brusque FABRÍCIO ULBER Fundação Nova Vida VILBERTO GIANESINI Fundação CERTI ANDRÉ RIBAS PEREIRA RAUL VALENTIM DA SILVA Fundação Municipal do Meio Ambiente de Blumenau - FAEMA JOSÉ CONSTANTINO SOMMER ANDRÉ LUIS SEDLACESC Fundação Municipal do Meio Ambiente de Itajaí - FAMAI JOÃO GUILHERME WEGNER DA CUNHA ADRIANA HELENA RAMOS DOS SANTOS Fundação Municipal do Meio Ambiente de Joinville - FUNDEMA JÚLIO ADELAIDO SERPA MARIA CRISTINA M. DA SILVA Fundação Pró Florianópolis UBIRATAN DE MATTOS SALDANHA Fundação Universitária Regional de Blumenau - FURB LUCIANO SANTOS Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária - FAPEUL/UFSC THAMARA VIANNA FRANÇA Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina no Trabalho Fundacentro FLÁVIA BRASCA Fundação de Ciência e Tecnologia de Santa Catarina – FUNCITEC NELMA BALDIN SANDRA BAMPI NEWTON GONÇALVES Fundação Universidade Federal do Rio Grande - FURG LIA J. PRELLVITZ Grupo Executivo Estadual de Planejamento de Santa Catarina - GEP/ SC RONALDO P. CUNHA Gerai-Florianópolis AZENIR NILZA INOCÊNCIO Grupo Condor/Abelardo Luz VALDECIR LUIZ TESTON Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN CINTIA CHAMAS Sócios da Natureza - ONG JULIANA VAMERLATI Grupo Ecológico Ativista Sul Catarinense - GEASC JAIME PALADINI Igaras Papéis e Embalagens SA JOHNNY R. JORDAN Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/ SC JOAQUIM ARANTES DE BEM Grupo Pau Campeche JEFERSON ROSSI Iguatemi Ltda. PAULO MENDES GOULART Pastoral da Criança de Florianópolis ELZA T. DOS SANTOS Guia Litoral Sul CESAR LEANDRO MACIEL Infocus - Florianópolis CRISTIANE GRAHL LUZ PSDB Jovem/Florianópolis NIELSEN UBIRATÃ Instituto AutuPoiésis UDSON DIAS DE OLIVEIRA Jr. RICARDO CALLADO Instituto Luterano de Educação e Cultura/Joinville MURIEL B. SZYMCZAK Partido Verde/Florianópolis - PV STÊNIO VIEIRA Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina - ICEPA/SC DJALMA GUIMARÃES JOSÉ MARIA PAUL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE ADELINO DOS SANTOS NETO Instituto Tancredo Neves – FITAN/SC ALCIONE VERGIL Perdigão – Agroindustrial SA SANDRO HANSEN Instituto Treinar de Educação e Tecnologia CRISTIANE FERNANDES MATANO Jornal Folha do Vale das Termas PAULO LUIS CORDEIRO Mark Travel Operadora Ltda. ANDRÉ CARVALHO Polícia Militar de Santa Catarina/ Concórdia ENOIR ANTÔNIO BEDIN Polícia Militar de Santa Catarina/Caçador GIOVANI BERNART Profill - Engenharia e Ambiente LUCIANA VIEIRA Instituto Euvaldo Lodi – IEL/SC MARQUES RAFAEL OLIVEIRA Movimento em Defesa da Ecologia e do Meio Ambiente – AGRIAS ANDRESA D’AVILA DA CUNHA Instituto de Pesquisa, Educação e Desenvolvimento do Cooperativismo de Santa Catarina - IDESC JULIO A. FIGUEIREDO Ministério Público do Estado de Santa Catarina PATRÍCIA MARTINS CÉLIA VIEIRA DA SILVA MAFRA Programa UniSol/UFSC ALEX REGES CARNIEL Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina – IHGSC AUGUSTO CÉSAR ZEFERINO NEREU DO VALLE PEREIRA Movimento Campeche a Limpo LIÉGE CARDOSO CASTELANI Propague Serviços Comunicação Ltda Florianópolis BERNADETE WAGNER PERREIRA RAMOS Instituto de Avaliações e Perícias de Engenharia de Santa Catarina - IBAPE/SC BERNARDO J.D. TASSO Instituto LARUS – Pesquisa, Proteção e Educação Ambiental ROSEMY NASCIMENTO ALCIDES DUTRA Novas Técnicas de Asfaltos Ltda - Nta FERNANDO JOSÉ CAMACHO Nuovo Design Ltda. ALEXANDRE B. WINSINTAINER Núcleo de Estudos Jurídicos e Sociais da Criança e do Adolescente/UFSC ANDRÉ VIEIRA CUSTÓDIO 121 Programa Iberê LUIZ CARLOS BRASIL SÍLVIA VALDEZ Pomar Floripa GUILHERME CARLOS DE SOUZA WANDERLEI CARDOSO Prefeitura Municipal de Agrolândia ANNA MARIA PITSCH Prefeitura Municipal de Antônio Carlos ROSILDA HELENA FELTRIN Prefeitura Municipal de Anita Garibaldi ROBERTO VIENCELLI Prefeitura Municipal de Celso Ramos MANOEL MARCELO DA CUNHA Prefeitura Municipal de Ita EULER ALTAIR VACCARI Prefeitura Municipal de Palhoça MARCOS DE FARIA VIEIRA DA SILVA Prefeitura Municipal de Armazém EVARISTO NASCIMENTO Prefeitura Municipal de Cocal do Sul CARLOS ROSSO NETTO Prefeitura Municipal de Palmeira JANIR CARDOSO DA SILVA Prefeitura Municipal de Arroio Trinta MICHEL JÚNIOR SERINGHELLI Prefeitura Municipal de Correia Pinto VERA LÚCIA ANDRADE DA SILVA Prefeitura Municipal de Itajaí JOÃO GUILHERME WEGNER DA CUNHA AMARILDO MADEIRA Prefeitura Municipal de Anitápolis MARCO ANTÔNIO MEDEIROS JÚNIOR Prefeitura Municipal de Criciúma REGINA FREITAS FERNANDES Prefeitura Municipal de Itapoá LUIZ FERNANDO MEDEIROS CLÁUDIA A. DUARTE Prefeitura Municipal de Paraíso CLAUDIR FRANCISCO SOCHA Prefeitura Municipal de Araquari MARVIN DE BRUNS Prefeitura Municipal de Cunha Porã MÁRCIA R. M. BERGAMINI Prefeitura Municipal de Ituporanga EDSON LUCKMANN Prefeitura Municipal de Petrolândia MARCELO DE TOFOL Prefeitura Municipal de Balneário Arroio Silva VALDENIR F.C. MACEDO SANDRA FABRÍCIA CÂNDIDO TEODORO Prefeitura Municipal de Corupá ERNESTO FELIPE BLUNK Prefeitura Municipal de Jaguaruna JEFFERSON SILVA GARCIA Prefeitura Municipal de Piçarras FRANCISCO DE ASSIS TEIXEIRA RÚBENS BATISTA PEREIRA Prefeitura Municipal de Florianópolis ELIZABETH AMIN VIECELI Prefeitura Municipal de Jaraguá do Sul ROBIN HENRIQUE PASOLD Prefeitura Municipal de Bela Vista do Toldo MARILENE WITTLICH Prefeitura Municipal de Forquilhinha WALTER TISCOSKI MAGALI M.R. FELTRIN Prefeitura Municipal de Joaçaba SÍLVIO FIEDLER Prefeitura Municipal de Bom Jardim da Serra ALINE GASPERIN Prefeitura Municipal de Gaspar ALDO AVOSANI Prefeitura Municipal de Bom Retiro ÉDSON LUIZ ROSAR Prefeitura Municipal de Grão Pará ANTÔNIO GERALDO ALBERTON FAUST Prefeitura Municipal de Bombinhas RAFAEL LUIZ PEREIRA DA SILVA JOSÉ EMILIANO REBELO NETO Prefeitura Municipal de Imbuia VALDORI STEINHEUSER Prefeitura Municipal de Brusque JORGE LUÍZ BONAMENTE Prefeitura Municipal de Biguaçu RAFAEL FERNANDES DA SILVA Prefeitura Municipal de Joinville GIAMPAOLO BARBOSA MARCHESINI Prefeitura Municipal de Lages JOAQUIM GOULART JÚNIOR ANA CLARICE GRANZOTTO Prefeitura Municipal de Lindóia do Sul MARINÊS RIBEIRO PERONDI Prefeitura Municipal de Lontras ROBERTO FERRARI Prefeitura Municipal de Ibirubá RUDINÉIA CERVIERI DÜRR Prefeitura Municipal de Imbituba WAGNER NASCIMENTO DOS SANTOS Prefeitura Municipal de Bocaina do Sul JOSÉ MÁRCIO LEHMANN Prefeitura Municipal de Ipira DANILO SCHROEDER ROQUE DE SIMAS Prefeitura Municipal de Campo Erê NELSON TRESOLDI Prefeitura Municipal de Irani MARGARIDA GAZONI ZENARO Prefeitura Municipal de Capivari de Baixo PEDRO DA SILVA Prefeitura Municipal de Irineópolis HILÁRIO FRANCISCO BOESING Prefeitura Municipal de Pinhalzinho HONORINO DALAPASSA AMÂNCIO JOÃO SILVEIRA Prefeitura Municipal de Pinheiro Preto DELCIO BRESSAN Prefeitura Municipal de Ponte Alta ELISEU CAMARGO MARTINS Prefeitura Municipal de Presidente Nereu ROBSON LUIZ POLMANN Prefeitura Municipal de Rio dos Cedros PEDRO CLAUDINO DOS SANTOS JÚNIOR Prefeitura Municipal de Major Gercino CÉSAR ALOIZIO PIAZZA Prefeitura Municipal de Santo Amaro da Imperatriz ELIANE FERREIRA BROERING Prefeitura Municipal de Maracajá ELISANDRA TRESHER Prefeitura Municipal de São Bento do Sul JOÃO ADILSON LENCZUK Prefeitura Municipal de Meleiro DAIZE MATA DA BAIT DESTRO Prefeitura Municipal de São Francisco do Sul MANOEL PATRUNI Prefeitura Municipal de Morro Grande SERGIANE BIFF CLELIO DANIEL OLIVO CRISTIANE TONETTO BLÉSSIMO 122 Prefeitura Municipal de Papanduva GENÉSIO VILMAR VIEIRA Prefeitura Municipal de São João do Sul ÉDSON BORBA MARTINS Prefeitura Municipal de São José TELMO PEDRO VIEIRA Privado ERNESTO OSCAR REYES Prefeitura Municipal de Seara RENATO TUMELERO Polícia Federal JOSÉ CARLOS NEDEZ FAGUNDES Prefeitura Municipal de São José do Cedro JOÃO CARLOS ANZOLIN Projeto Resgate MÁRIO SANT’ANA Prefeitura Municipal de Sombrio JEANE MARTINS JOÃO Prefeitura Municipal de Timbó SANDRO FRITZ Prefeitura Municipal de Timbó Grande LUIZ HENRIQUE PIONEZZER Prefeitura Municipal de Treviso INÉSIO DE LORENZI Prefeitura Municipal de Tubarão GILSONI MENDONÇA LUNARDI Prefeitura Municipal de Urussanga EMÍLIO DELA BRUNA Prefeitura Municipal de Witmarsum ROBERT LANG Prefeitura Municipal de Videira MARIA ANGÉLICA VANZ Prefeitura Municipal de Vitor Meireles IVANOR BOING Prefeitura Municipal de Xavantina OSMAR DERVANOSKI Prefeitura DIANA DA SILVA Prefeitura ISABEL C. S.LUCKINA Prefeitura HEITOR BENIGNO ERBS Psicopedagoga Autônoma TERESA CRISTINA ARANTES Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano SINTRAM ZOÊ BITTENCOURT BERGLER Sócios da Natureza - Araranguá TADEU SANTOS ALEXSANDRA ASSIS Somar Ambiental de Palhoça ELIZABETH ALBRECHT Santa Catarina Turismo SA – SANTUR JOSÉ ARCINO SILVA MARIA TEREZA BÜCHELE GILMAR BALDISSERA Secretaria de Desenvolvimento Regional de Blumenau DALVA DA SILVA ASSINI ELSON CAMPOS FERREIRA Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Integração Mercosul – SDE NEY VIANA ALBUQUERQUE TÂNIA REGINA SANTIAGO DA COSTA PAULO HEYSE CÁTIA JACÓBUS HANS KRESS DANILO SILVIO AURICH JOSÉ NAZARENO ROSA ANDRÉA SANDEWLOOK LUIZ A. DE O. HORN ANDRÉA SANDRINI NANDE DANIEL BECK FRANCIELE DACAS FRANZMANN Secretaria de Estado de Desenvolvimento do Oeste – SDO ALCIBIADES SANTOS JOHNI LUCAS DA SILVA JEFERSON DA COSTA DANNUS ROBSON ADRIANO DA SILVA Secretaria de Estado dos Transportes e Obras – STO ADILSON LUIS BROGNOLI NELSON CALDEIRAS JÚNIOR Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania – SJC CARLOS ALBERTO DA SILVA IREMAR DOS SANTOS NUNES ROSA ANGELA SILVA RIBAS MARINHO Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente – SDM FELIPE FELISBINO JOÃO BITTENCOURT FILHO CARLOS HOLTHAUSEN ROBSON ÁVILA WOLFF ODILON EDUARDO SALLES MACIEL JEFFERSON DE ABREU ISA DE OLIVEIRA ROCHA JORGE REBOLLO SQUERA GUILHERME XAVIER DE MIRANDA JÚNIOR LAURA SELIGMAN ANDERSON FRONHOLZ MARIO ALTAMIRO VIEIRA ALANO GILMAR DE FARIAS Secretaria do Desenvolvimento Social, Urbano e Meio Ambiente – SDS CLÁUDIO CANESCHI GIAMPAOLO B. MARCHESINI ROSA BEATRIZ PINHEIRO HIRONILDO P. FILHO MÁRCIA SONCINI JOSÉ ANSELMO LOIVA TROMBINI LUZ MARINA STRADIOTTO STECKERT JUSSARA SILVA MARCELL KARAM Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social e da Família – SDF TÂNIA DE FÁTIMA HENCHEN JOSÉ EMANUEL BERRETTA DE ANDRADE JERÔNIMO LUIZ DUARTE MAIA BERNADETE BOEHME VALTER LOPES EVANIR DÁRIO 123 Secretaria de Estado da Saúde – SES LIZETE CONTIN MARCOS A. MOURA LILIAN MARIA B. WALTORTT ASSUNÇÃO LUIZ AFONSO PEREIRA ATHAYDE FILHO WAGNER GOMES DE CARVALHO Secretaria de Estado da Educação e do Desporto – SED MÁRCIA MARGARIDA BRATTI MYRNA SWOBODA MURIALDO MARIA DE FÁTIMA DAL-RI SINARA LUIZA TROINA MARASLIS JORGE CHIERIGHINI JORGE FERNANDO DOS ANJOS CARDOSO NELSON LEILA MARIA ROMANO DOLORES KLEIN FÁTIMA CECHINEL MARIA HELENA GOMES CÁSSIA REGINA CÂNDIDO ISMÉNIA DE FÁTIMA VIEIRA AZENIR NILZA INOCÊNCIO MANOEL CELSO LOPES Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e Agricultura – SDA HUGO GOSMANN NELSO FIGUEIRÓ SÉRGIO PINHEIRO Programa Nacional de Municipalização do Turismo – PNMT/Sena DANIELA MÜLLER Serviço de Apoio à Pequena e Média Empresa Brasileira – SEBRAE/SC RICARDO MONGUILLOTTI DE BRITO ELIANA DA ROSA ALVES MÁRIO CÉSAR GESSER JANUÁRIO R. SERPA FILHO CARLOS A. CARREIRÃO Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC EDUARDO DE OLIVEIRA NOSSE MARCOS BIANCHINI NÁDIA ZIM ALEXANDRE MARCOS CADORIN Tecnologus JOSÉ MÁRIO FAGUNDES BADO Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC AGDA CRISTINA PEREIRA DOS SANTOS ALINE FRANÇA DE ABREU ALVINO PETERSOM ARIOVALDO BOLZAN BERNADETE R. STEINWANDTER CARL DUFOUR CARLOS JIN W. DE MORAES CLAUDETE MEDEIROS DENISE APARECIDA BUNN ELIZABETE S. FLAUSINO FELIPE GUSTAVO TRENNEPOHL GABRIELA DE L. H. RESES GIORGIA F. ALVES HARRYSSON LUIZ DA SILVA ISABELA PENA VIANA DE OLIVEIRA JOÃO MARIA LIMA JÚLIA LINS BITTENCOURT JÚLIO FELIPE ZSEREMETA KATIA VIVIANE MOTTA MARTINS LUCIANA LOPES XAVIER LUIZ TEIXEIRA DO VALE PEREIRA MÁRCIO ANTÔNIO NOGUEIRA ANDRADE MARIA LUIZA LOPES DE OLIVEIRA ORLANDO FERREIRA DA CUNHA NETO PEDRO CARLOS SCHININI RAFAEL LUIZ DA COSTA RITA DE CÁSSIA DUTRA RÓGER VIGLEY GIRARDI SUELI AMÁLIA DE ANDRADE VANEIDE GOMES VIVIANE APARECIDA TODESCHINI TV Assembléia Legislativa MAURO RIBAS MARCELO BING Universidade do Planalto Catarinense – UNIPLAC LUIZ CARLOS PFLEGER Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Senac MARIA TERESA O. HEINZEN Sindicato dos Terapeutas - SINTE DIRLENE I.D. VOLPATO MARIA DÉLCIA DARIO COLLE Sinte/Criciúma SUSETE RAMOS MELO Sociedade Catarinense de Direitos Humanos – SCDH CLAUDIA RIBAS MARINHO MÁRCIA REGINA BATISTA Sociedade Sul Americana de Estudos da Terra ANTÔNIO HENRIQUE ROMAN Setur/Florianópolis MONIQUE CRISTINE DUARTE Tigre/Joinville BÁRBARA Transportadora Brasileira – Gasoduto Bolívia-Brasil AS - TBG ARNO DUARTE FILHO Tecdig Web Programmer/Itajaí JEAN CARLOS SESTREM Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC SILVANA WINCKLER GILMAR JORGE WAKULICZ VOLNEI DE MOURA FÃO Unoesc/Xanxerê MARTA MOLINETTI Unoesc/São Miguel do Oeste ENIO DAL BOSCO Unoesc/Videira MARLEN ERIKA CARIS Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE ELZIRA M. B. MUNHOZ MAGALI CURY CECATO MARZELY GORGES FARIAS PAULO DOS SANTOS PIRES TARCÍSIO POSSAMAI Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI MARCUS POLETTE ANTÔNIO CARLOS DE NOVAES E SILVA LUIZ EDUARDO CARVALHO BONILHA ROSIMARI DA S. ZANONI ARTUR H. GOMES SILVA RODRIGO PEREIRA MEDEIROS ANDRÉA KARLA PEREIRA JULIANO ROBERTO PAVAN FRANCELISE PANTOJA DIEHL Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC SÔNIA PEREIRA LAUS LORENA TAVARES ISMAEL FRANCISCO DE SOUZA Universidade do Sul do Estado de Santa Catarina – UNISUL GERALDO MILIOLI SILAS MATIAS AZEVEDO LILIANE MONFARDINI FERNANDES DE LUCENA TV Floripa AUGUSTO SISSON 124 Universidade do Contestado/Concórdia UnC ELISETE ANA BARP GAUER ARLENE PAZ DE OLIVEIRA ARI DAL VESCO NÁDIA GREZZANA MASCELANI Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI/São José SÉRGIO LUÍS BOEIRA ANDRÉA KARLA PEREIRA GUILHERME DOS SANTOS UDSON DIAS DE OLIVEIRA JÚNIOR LETÍCIA UBA DA SILVEIRA DAVID VARGAS MAERLY CRISTINE SCHAEFFER FERTIG União dos Moradores e Amigos da Quadra 6 - Umaq-6 ROGÉRIO DE QUEIROZ Vivendo o Ambiente ELIZABETE ALBRECHT Voluntários Pela Verdade Ambiental – Itajaí FERNANDA DE SALLES CAVEDON Vk – Consulting ANDRÉ LUIZ GONÇALVES VIDEIRA Produção 126