A Oficina “O lixo conta nossa História” e suas raízes.
O Centro Histórico-Cultural Santa Casa oferece a oficina “O lixo conta nossa
História”, atividade cultural sócio-educativa concebida por Amanda Mensch Eltz e
Renata Dariva Costa para as festividades da 13ª Semana dos Museus, evento
promovido pelo IBRAM (Instituto Nacional dos Museus), em parceria com o ICOM
(International Council of Museums). Na edição de 2015, o tema da Semana foi “Museu
para uma sociedade sustentável”, como vemos na citação:
“O tema Museus para uma sociedade sustentável reconhece o
papel dos museus no crescimento do interesse do público em
uma sociedade que desperdice menos, seja mais cooperativa e
que utilize seus recursos respeitando os sistemas vivos”
(IBRAM, 2015).
Ao analisarmos este fragmento do texto pensamos em desenvolver uma oficina
que tivesse como objetivo refletir, a partir da materialidade dos objetos, a cultura
social e urbana de Porto Alegre em diferentes tempos históricos. Assim, relacionando
os vestígios do passado, oriundos das lixeiras arqueológicas, com os da atualidade, é
possível, a partir de indagações, evidenciar os modos de produção, os usos e descartes
dos objetos, os hábitos, fazeres e práticas da população, bem como observar as
relações dessa sociedade com o meio ambiente.
Para falar que objetos são esses, é necessário explicar o que é a Arqueologia,
como foi esse processo e qual importância destes artefatos do sítio arqueológico da
Santa Casa para o desenvolvimento da oficina. A Arqueologia Histórica tem como fonte
de pesquisa os artefatos e seu contexto, as edificações e suas estruturas e os
documentos escritos e iconográficos. Os fragmentos arqueológicos, encontrados na
escavação do sítio arqueológico (RS.JA-29) do Centro Histórico-Cultural Santa Casa
(CHCSC), em 2005 e 2006, evidenciam a importância dos vestígios da cultura material
humana como um patrimônio que, no passado, foi descartado e hoje é fonte de
pesquisa de uma determinada época.
FIGURA 05: Escavação da Lixeira Arqueológica (pátio -04) – Foto: Arquivo
Fotográfico CHCSC.
O intuito inicial das escavações era encontrar vestígios da fortificação
Farroupilha (1835-1945) ou vestígios do cemitério de escravos e indigentes, que,
segundo fontes historiográficas, localizavam-se próximo à região onde hoje é o CHCSC.
Não encontrando esses vestígios, a equipe responsável pela escavação se deparou com
outra fonte material: o lixo do Hospital e da Comunidade, produzido entre fins do
século XIX a metade do século XX, vestígios arqueológicos que mostram a importância
da materialidade como fonte. O então “lixo” é hoje uma das manifestações culturais
dos sujeitos em seu tempo, destacando a produção, os usos, os descartes, os hábitos,
os fazeres, as práticas do dia a dia, entre outros. Desta forma, as fontes materiais
encontradas nas cidades esclarecem aspectos de um determinado contexto do
cotidiano de uma comunidade.
FIGURA 06: Escavação da Lixeira Arqueológica (pátio -04) – Garrafa de bebida
alcoólica – Foto: Arquivo Fotográfico CHCSC.
O projeto arqueológico do CHCSC revelou um patrimônio cultural material,
como objetos da antiga botica, resquícios alimentares e diversos elementos utilizados
nos fazeres, práticas e ofícios, que corroboram para a análise de distintos aspectos da
utilização destes objetos e hábitos do dia a dia, como higiene, alimentação e os
variados processos de transformação da ciência no Hospital e na Comunidade.
No intuito de abordar assuntos atuais, que envolvam o meio ambiente, o
descarte correto do lixo e a sustentabilidade, a oficina propõe relacionar objetos do
passado, encontrados na lixeira arqueológica, com objetos da atualidade. Comparando
as lixeiras arqueológicas (sítio RS.JA-29) com as de nossas casas hoje podemos verificar
mudanças, em especial na materialidade, na produção e nos usos dos objetos.
FIGURA 07: Dinâmica de analise dos artefatos encontrados na escavação da
lixeira Arqueológica – Foto: Arquivo Fotográfico CHCSC.
Atualmente, em nossas lixeiras, encontramos produtos orgânicos a não
orgânicos. Este último passou por um processo de industrialização e observamos que o
plástico é a principal matéria constitutiva dos objetos hoje. Essa observação leva à
reflexão sobre o que ocasionou essas mudanças. O que, em nossa sociedade, se
transformou, resultando na criação ou mudança dos bens de consumo? Seriam os
hábitos diários, as práticas de trabalho? Essas e outras indagações são norteadoras da
oficina o “lixo conta a nossa história”.
A oficina enquadra-se em diversos parâmetros previstos pelo PNEM (Programa
Nacional de Educação Museal), como a valorização do patrimônio e do meio ambiente.
Pelos Parâmetros Curriculares Nacionais busca-se, desta forma, através do conceito
lúdico-pedagógico, a promoção da preservação do patrimônio material humano, da
cidadania, da sensibilidade e do comprometimento com o meio ambiente. A oficina
tem duração de 90 minutos e é direcionada a grupos escolares (crianças entre 06 a 13
anos).
Objetivo Geral:
Refletir, a partir da materialidade dos objetos e dos fragmentos, sobre a cultura
e a sociedade de Porto Alegre, através das relações entre os vestígios do passado e da
atualidade, destacando a produção, os usos, os descartes, os hábitos, os fazeres, as
práticas, a sustentabilidade e o meio ambiente.
Objetivos específicos:

Conceituar patrimônio, história e memória, através dos achados arqueológicos
do lixo urbano e hospitalar;

Evidenciar a história da Santa Casa de Misericórdia e da cidade de Porto Alegre,
por meio do patrimônio material, encontrado na lixeira hospitalar do sítio
arqueológico (RS.JA-29);

Relacionar os vestígios do sítio arqueológico da Santa Casa de Misericórdia de
Porto Alegre, datados entre 1890 e 1960, com cultura material do presente.

Refletir sobre a produção, usos e descarte da cultura material (plástico, vidro,
papel, etc.), sustentabilidade e o meio ambiente, na atualidade.

Discutir sobre o descarte do lixo no passado e na atualidade, apontando as
relações do que é lixo, e quais relações ele tece com o meio ambiente.
Metodologia:

Os alunos serão recepcionados na Sala de Ação Educativa, onde será realizada
uma breve apresentação do processo arqueológico, realizado no sítio RS.JA-29
da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Outros tópicos também serão
abordados, tais como os conceitos de memória, patrimônio e cultura
material/imaterial, descarte de lixo e meio ambiente. Para esta atividade
utiliza-se recurso de data-show.

Após a apresentação, os alunos serão convidados a observar, manusear e
analisar objetos arqueológicos do sitio RS.JA-29, além de objetos atuais. Neste
momento, eles serão indagados sobre as estruturas materiais, os usos e
descarte dos objetos do passado – vestígios arqueológicos – e na atualidade.

Seguidamente, os alunos serão convidados a conhecer a exposição
“Fragmentos de uma história de todos nós” Em especial o módulo que retrata o
processo arqueológico realizado no CHCSC. Serão apresentados alguns objetos
e seus contextos ao longo do percurso, que auxiliarão na compreensão desta
sociedade e sua cultura do passado.

Após, os alunos retornarão à Sala de Ação Educativa, momento que retoma-se
alguns apontamentos a partir de perguntas. Na sequência, aplica-se uma
atividade individual, em que o aluno descreverá suas experiências durante a
oficina, através de um desenho, texto, poema, etc.
Local: Centro Histórico-Cultural Santa Casa – Sala de Ação Educativa/ exposição de
longa duração.
Data de realização das Oficinas:
Turmas fechadas, sob agendamento
Carga horária: 90 minutos
Publico: alunos da Educação Básica – Ensino Fundametal, Médio e EJA
Vagas: 45 alunos por turma
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