Portuários Informativo da Federação Nacional dos Portuários | FNP/CUT/CNTT | Agosto de 2012 | Edição nº 05 Trabalhador em transporte é prioridade, diz presidente da CUT e disse temer que a concessão de portos e aeroportos resulte em perda da qualidade de emprego. 4 e 5 Thinkstock Em entrevista ao Jornal dos Portuários, o presidente da CUT, Vagner Freitas, criticou condições de trabalho no setor Projeto de Lei reduz peso em atividades braçais 3 ACT 2011: vence data-base sem conclusão das negociações 6 Portuários fazem manifestação em defesa do Portus 7 Falta transparência no plano para os portos 8 Editorial 2 | Agosto | Jornal dos Portuários Ronaldo Barroso P ortuários continuam sem reposta para o dilema Portus. O fundo continua sob eminente ameaça de liquidação, como vem sendo dito nos diversos relatórios do interventor e em trabalhos técnicos. Apesar disso, patrocinadoras [companhias Docas] e o governo federal agem como se a conta não fosse deles. Mês passado, a Justiça Federal do Rio de Janeiro condenou a União em 1ª instância a pagar R$1,2 bilhão ao Instituto Portus, referente à retirada de patrocínio da extinta Portobrás. Uma importante vitória dos portuários pela qual a Federação Nacional dos Portuários (FNP) e sindicatos filiados muito lutaram. A decisão da justiça comprova o valor da dívida da União e reforça a credibilidade do trabalho atuarial do Instituto Portus. Nós, da FNP, consideramos esse mais um instrumento de pressão. Dessa maneira, a dívida deve ser negociada com urgência a fim de encontrar uma saída para dar continuidade ao pagamento dos benefícios. O Instituto também é credor de dívida de aproximadamente R$ 3 bilhões devido à inadimplência das companhias Docas, instituições que ao longo do processo nada fizeram no sentido de recuperar o fundo de pensão. Os trabalhadores portuários contribuem para o Portus mediante desconto em folha, há muitos anos, e não podem ser prejudicados por causa da inadimplência da Administração Pública. Os relatórios já comprovaram ser essa a única causa da atual situação do Portus; como divulgado em análises técnicas, inclusive desta instituição, o fundo já vem vendendo parte do patrimônio para honrar o pagamento de benefícios. A intervenção que iniciou em agosto de 2011 foi prorrogada até novembro deste ano e até o momento não trouxe fatos novos. O que se espera Federação Nacional dos Portuários (FNP) Sede Própria SDS – Edifício Venâncio IV Salas 210/212, Asa Sul 70.393.903, Brasília-DF CNPJ 33.922.451/0001-35 Fone (61) 3322 3146 Fax (61) 3323-5779 E-mail [email protected] Filiada a CUT/CNTT agora é uma solução definitiva, pois os recursos para pagar benefícios estão se extinguindo. A falta de decisões do governo agrava a situação do Portus. Do repasse de R$ 400 milhões prometido, ainda em 2009, pelo governo federal, apenas R$ 250 milhões foram repassados, embora, o aporte de recursos tenha sido aprovado por lei e seja urgente para que o fundo cumpra suas obrigações. Casa Civil, Secretaria de Portos (SEP), Superintendência Nacional da Previdência Complementar e Companhia Docas, sejam razoáveis e cheguem a um consenso sobre a dívida em tempo hábil para que seja possível a recuperação do Portus. Eduardo Guterra Presidente da Federação Nacional dos Portuários (FNP) Presidente Eduardo Guterra Vice-presidente Everandy dos Santos Secretário Geral Sergio Giannetto Diretor de Administração e Finanças José Renato de Rosa Jornalista responsável Adriana de Araújo_ RP 9707/DRT-DF Redação e edição Adriana de Araújo_ RP 9707/DRT-DF Diagramação Ronaldo Alves _ RP 5103/DRT-DF O Projeto reduz pela metade peso máximo em atividades braçais Comunicação PRT 14ª Região O Projeto de Lei altera o artigo 198 da CLT que estabelece em 60 kg peso máximo que o trabalhador poderá carregar individualmente Estivadores fazem transporte de cargas no porto do Jandir em Rondônia Projeto de Lei (5.746/05) do Senado Federal quer limitar o peso máximo que um trabalhador poderá carregar individualmente em trabalhos braçais para 30 quilos. O objetivo é evitar acidentes e garantir melhores condições de trabalho a categorias que atuam com atividade de carga e descarga, como os estivadores no setor portuário. Aprovado pela Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados, em abril deste ano, o PL está em análise na casa. A proposta altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que estabelece em 60 quilos o limite máximo de peso. Para o engenheiro de medicina e segurança do trabalho, Paulo Costa que atua como perito no setor portuário, o PL vem corrigir um atraso histórico. A proposta ainda adapta a lei ao que já vem sendo seguido; na atividade de carga e descargas de congelados, por exemplo, os volumes são de 30 kg. “Creio que atualmente trabalhadores poderão sair lesionados caso tenham que se submeter transportar 60 kg individualmente”, disse Paulo. O Engenheiro lembra, porém, que em alguns casos os próprios trabalhadores se submetem a pesos excessivos por questões de competitividade ou necessidade. “Há algum tempo existia a figura do saqueiro no Porto de Paranaguá [PR], que carregava as sacas de café com o peso de 60 kg e sempre neste meio alguns se titulando como os mais fortes da equipe transportavam dois por vez ou até três sacas de café, um esforço desumano para aqueles trabalhadores que ganhavam por “pegas” de sacas na cabeça”, relatou Costa. O atual limite de peso contraria inclusive OIT, que por meio da Convenção 127 (Art.3) e Recomendação 128 (Art.14), desde 1967 já recomendava a redução de peso que o trabalhador deve carregar individualmente, o mais rápido possível, em atividades que este seja superior a 55 quilos. Segundo o médico Carlos Campos, presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), o peso máximo que pode ser transportado por uma pessoa sem prejudicar a saúde vai depender do biótipo físico dela. De acordo com o médico, no entanto, há consenso científico que a melhor solução para avaliar se as demandas de levantar ou carregar peso são excessivas é considerar conceitos biomecânicos, (esforço muscular, por exemplo, levar em conta o esforço da coluna lombar) fisiológicos e psicofísicos. Após avaliação desses três critérios, estudo do Instituto Nacional de Saúde e Segurança (NIOSH) americano, realizado com homens e mulheres com intuito de prevenir lesões, chegou ao resultado aproximado de 23 kg como peso máximo recomendável. Esse valor pode variar dependendo da preparação física, idade, gênero e tempo de exposição à atividade. Além do peso, o médico destaca que tem que ser observado nos deslocamentos de cargas: a postura, não curvar a coluna ao levantar a carga, evitar transportá-la longe do eixo do corpo, distribuir simetricamente o peso e posicionar os braços junto ao corpo. O médico disse ao Jornal dos Portuários que a doença mais comum decorrente do manuseio de cargas de peso excessivo ou da postura inadequada é a lesão da coluna vertebral. Além disso, se não realizada com segurança a movimentação de cargas pode causar acidentes graves. Em entrevista a Agência Câmara de Notícias, a deputada Flávia Morais (PDT-GO), relatora do PL na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, defendeu a aprovação do texto. Ela argumentou que as máquinas atuais substituem o esforço humano e dispensam a necessidade do limite de 60 quilos. Se aprovada a medida, as empresas terão um ano para se adaptar. 3 | Agosto | Jornal dos Portuários Saúde do Trabalhador Dino Santos Destaque Condições de trabalho no setor de transporte é prioridade para CUT 4 | Agosto | Jornal dos Portuários E leito, em julho deste ano, para presidir a Central Única dos Trabalhadores (CUT) pelos próximos três anos, o bancário paulista Vagner Freitas, 46 anos, teme que a possível concessão dos portos e aeroportos públicos à iniciativa privada resulte em perda da qualidade dos empregos. Entrevistado pelo Jornal dos Portuários, Freitas citou o que aconteceu no setor elétrico, onde, após as concessões, houve precarização na prestação de serviço e nas condições de trabalho, para justificar seu temor. Primeiro bancário a assumir a direção da CUT, Freitas afirmou que o setor de transportes é prioritário para a central sindical. Ao destacar a importância do setor para a economia brasileira, criticou as condições a que está sujeita a maioria dos trabalhadores, com jornadas de trabalho excessivas e baixos salários. O novo presidente da CUT disse apostar na expansão da base representativa da central para unificar a luta dos trabalhadores. Ele ainda destacou a atuação da Federação Nacional dos Portuários (FNP), da Jornal dos Portuários: A CUT reúne trabalhadores dos mais diversos setores. Como alinhar os interesses de todos, unificando a luta de classe? Vagner Freitas: O papel da Central Única dos Trabalhadores (CUT) é justamente unificar a luta de classe. Pois a defesa específica dos interesses de cada categoria já é feita pelos sindicatos e associações representantes dos trabalhadores. A CUT tem como função transformar as reivindicações de cada categoria em pauta de todos os trabalhadores. Uma coisa é a reivindicação que é feita em cada setor de emprego, salário, ou seja, a negociação feita com o patrão. Outra questão é nos organizarmos enquanto classe para defender nossos interesses e mudar o Brasil a partir da nossa visão. Hoje, a CUT representa 48% dos trabalhadores filiados a alguma central sindical. Para unificar as bandeiras de luta dos trabalhadores nosso objetivo, nos próximos três anos, é aumentar o número de sindicatos filiados a CUT e, acima de tudo, mais trabalhadores associados a esses sindicatos. Acreditamos que o sindicalismo representativo, que é o que a CUT pratica, só acontece com a participação do trabalhador. JP: O senhor foi diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, membro da diretoria da Federação dos Bancários do Estado de São Paulo e presidiu a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf). O que levará desta experiência para a presidência da CUT? VG: Há uma experiência no setor financeiro, bastante importante, que é o contrato coletivo nacional de trabalho, uma aspiração de todas as categorias “cutistas”. Hoje, a campanha salarial dos bancários cobre todo Brasil, ou seja, o regramento da categoria é igual em todos os estados, tanto faz se é no banco público ou privado. Esse é o único setor que Vagner Freitas, presidente da CUT Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes (CNTT) e dos sindicatos dos trabalhadores em transporte na defesa dos direitos da categoria. tem esse tipo de negociação. Queremos expandir essa conquista dos bancários a outros ramos da CUT. JP: Quais os desafios para o fortalecimento do movimento sindical? VG: O Brasil vive um bom momento econômico, oportuno para o crescimento da classe trabalhadora. Devemos aproveitar a expansão econômica para obter vantagens para os trabalhadores. Quando havia a ditadura não tínhamos direito civis e sociais, portanto não havia negociação. Depois veio o governo neoliberal, com a economia em crise. Agora, o Brasil está crescendo e ofertando emprego, então é o momento de termos nossas reivindicações atendidas. Precisamos reduzir a jornada de trabalho para 40 horas, fazer com que as políticas públicas cheguem a toda à sociedade, equilibrar a relação capital x trabalho e melhorar a participação do salário no PIB. Ou seja, fa- Destaque JP: Como o senhor avalia as condições de trabalho no setor de transporte? VG: O trabalhador do setor de transporte é prioritário para a CUT. Tenho dito isso a CNTT [Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte] e ao Guterra [Eduardo Guterra, presidente da Federação Nacional dos Portuários] que é o representante desse ramo na diretoria executiva nacional da CUT. Temos que organizar os trabalhadores, mas primeiro é preciso organizar o setor. Falta investimento em infraestrutura e transporte para alavancar o desenvolvimento social e econômico. Claro que para isso é necessário valorizar os trabalhadores em transporte com contratação coletiva, direitos respeitados, o que, infelizmente, não acontece. Hoje, o setor é desregulado, com alta rotatividade de mão de obra, salários baixos e condições de trabalho precárias. Temos a luta da CNTT/CUT e sindicatos que tem conseguido vitórias como a regulamentação da profissão dos rodoviários, mas ainda é preciso avançar mais para que o desenvolvimento econômico chegue ao trabalhador e a trabalhadora em transporte. JP: Como o senhor avalia o processo de concessão no setor de transporte, iniciado no setor aéreo e que, agora, pelo que se fala, será estendido para o setor portuário? VG: O governo é pouco criativo e vai pelo caminho mais simples. Essas parcerias público-privada é uma das formas de resolver o problema da falta de investimentos, mas existem Guterra é eleito secretário adjunto de saúde da CUT O presidente da Federação Nacional dos Portuários (FNP), Eduardo Guterra, agora é secretário adjunto de saúde da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Eleito, recentemente, durante o 11º CONCUT, realizado no mês passado, Guterra é o primeiro representante do setor de transporte e portuário a integrar a diretoria executiva nacional da CUT. Guterra, que também é vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte (CNTT), milita há 22 anos na CUT. Na central, Guterra vai apresentar propostas que integre a categoria e buscar apoio da diretoria da CUT para as causas dos trabalhadores em transporte, como o modelo de concessão dos portos públicos e o combate às práticas antissindicais nos setores ferroviário e rodoviário, além da aposentadoria especial para rodoviários. JP: Quais são as suas propostas como secretário adjunto de saúde da CUT? EG: Durante os próximos três anos tentaremos encaminhar, em comum acordo com os sindicatos e a diretoria da central, proposta de interesse de todas as categorias, em especial dos trabalhadores em transporte e portuários. Agora é momento de buscar conhecer os projetos da Secretaria de Saúde da CUT e saber da secretária Junéia Martins Batista como podemos colaborar. Além disso, tentar incluir na pauta de luta da central projetos que priorizem a saúde e segurança dos trabalhadores em transporte como a aposentadoria especial. Outro objetivo é buscar, outras. O governo diz que não é privatização e sim concessão, mas é preciso discutir isso com a sociedade e com os trabalhadores. Eu tenho receio em relação, por exemplo, a essas concessões que foram feitas nos aeroportos. Não adianta soluções paliativas. É necessário investimento em estrutura nos portos e aeroportos e investimento nos trabalhadores. O governo não aloca recurso corretamente para isso e quer pegar recursos da iniciativa privada. Nossa junto a Secretaria de Saúde da CUT, debater a criação de norma regulamentadora específica para os trabalhadores rodoviários, com base na legislação que regula a profissão. Esse também é um espaço de combate para lutarmos contra as práticas antissindicais nos setores ferroviário e rodoviário, além de discutir o modelo de concessão dos portos públicos. Com apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte (CNTT), da Federação Nacional dos Portuários (FNP) e dos sindicatos filiados ampliaremos a discussão sobre a importância de participar da diretoria da CUT para o fortalecimento do movimento sindical. preocupação é que a iniciativa privada não tem compromisso com a qualidade do serviço prestado e do emprego, mas sim com a rentabilidade. Se o governo vai investir no setor é preciso exigir qualidade na prestação do serviço, melhor remuneração, qualificação para os trabalhadores. O histórico brasileiro não é esse. Basta ver o setor elétrico, onde houve precarização do serviço e das condições de trabalho. Por isso que nós combatemos esse tipo de política. 5 | Agosto | Jornal dos Portuários zer com que nos próximos anos haja uma classe trabalhadora estruturada para que em tempos de recessão e crise econômica – ou mesmo de não haver um governo democrático, popular e representativo, como o da presidenta Dilma Rousseff – a classe esteja fortalecida para defender seus interesses. Acordo Coletivo ACT 2011: data-base vence e negociações ainda não foram concluídas A data-base (2011/2012) encerrou no último dia 1º de junho, mas até agora portuários do Pará e Rio Grande do Norte não tiveram o acordo coletivo assinado Arquivo Sindiporto 6 | Agosto | Jornal dos Portuários A data-base relativa ao período 2011/2012 encerrou-se no último dia 1º de junho, quando, na prática, portuários e a diretoria das companhias Docas estaduais deveriam começar a negociar a data base 2012/2013. Apesar disso, em vários estados, conflitos em relação à margem de reajuste salarial, pagamento de hora extra e benefícios sociais continuam impedindo a conclusão das negociações iniciadas há mais de um ano, provocando perdas financeiras para os trabalhadores. Enquanto no Pará e no Rio Grande do Norte os portuários das companhias Docas continuam esperando a assinatura do acordo coletivo 2011/2012, no Rio de Janeiro e em Santos o ACT é cumprido parcialmente e a categoria aguarda por decisões da Justiça sobre cláusulas não aceitas pelas empresas. Em negociação entre o Sindicato dos Portuários (Sindiporto/PA) e a Companhia Docas do Pará (CDP), mediada pela Superintendência Regional do Trabalho (SERET/PA), os portuários abriram mão de auxílio creche, auxilio educação e auxilio deficiência – benefícios já concedidos a trabalhadores de outras companhias Docas – para fechar acordo. A negociação, no entanto, não foi aprovada pelo Ministério do Planejamento, que ainda informou em ofício encaminhado a CDP a proibição de incluir benefícios ao ACT ou estender os benefícios já concedidos a outros trabalhadores. O sindicato representante dos trabalhadores entrou na Justiça exigindo o comprimento da negociação. O Tribunal Regional do Trabalho do Pará negou o pedido, a categoria recorreu da decisão. Além disso, o presidente do Sindiporto, Carlos Rocha, informou ao Jornal dos Portuários que a instituição também vai entrar com pedido de dissídio coletivo. “Nunca houve um desrespeito como esse com a categoria”, enfatizou Rocha. No Rio Grande do Norte, o sindicato exige a igualdade dos benefícios como horas-extras, adicional noturno, adicional por tempo de serviço entre trabalhadores novos e antigos, Portuários do Pará em paralisação em defesa do ACT no início deste ano único impasse que impede o fechamento do acordo. No Rio de Janeiro, houve acordo parcial. Além da igualdade de benefícios, o sindicato ainda pede na Justiça a inclusão do repasse de recursos para o serviço médico oferecido pelo sindicato, reajuste do vale refeição e licença paternidade de cinco dias úteis, excluindo domingos e feriados. Em Santos, sentença do Tribunal Regional de São Paulo (TRT-SP) assegura o cumprimento de algumas cláusulas do ACT 2011, mas a Codesp recorreu da decisão e aguarda-se o julgamento pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). Os trabalhadores também recorreram para assegurar o auxílio educação, já que o TRT-SP não se manifestou sobre o benefício. No Espírito Santo, Ceará e Bahia os acordos coletivos 2011/2012 já foram assinados. De acordo com o presidente da Federação Nacional dos Portuários (FNP), Eduardo Guterra, a entidade tem defendido, junto ao governo federal, mais autonomia para as companhias Docas a fim de que essas empresas tenham liberdade para negociar com os trabalhadores, sem que as propostas sejam vetadas pelo Ministério do Planejamento. Portus Portuários da Bahia em manifestação em defesa do Portus o último dia 9, sindicatos filiados à Federação Nacional dos Portuários (FNP) e associações de participantes fizeram manifestações públicas, em vários estados, em defesa do Portus (Instituto de Seguridade Social). O ato faz parte de calendário de mobilização lançado pela Federação Nacional dos Portuários em junho deste ano, em reunião com os sindicatos filiados em Brasília. As mobilizações ocorreram simul- taneamente na Bahia, Pará, Espírito Santo, Rio Janeiro e Recife em frente às companhias Docas. O Portus, previdência complementar dos portuários vinculados a Administração Pública Indireta, é credor de dívida de aproximadamente R$ 4 bilhões, sendo que R$ 1,2 bilhão é devido pela União como sucessora da extinta Portobrás e o restante pelas empresas patrocinadoras. Em 2009, o governo federal apro- N vou o repasse de R$ 400 milhões para permitir a continuidade do pagamento de benefícios, mas apenas R$ 250 milhões foram repassados. O Portus está sob intervenção desde agosto de 2011. No último dia 13, a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) publicou portaria que prorroga a intervenção por mais 105 dias, a contar do dia 18, as prorrogações anteriores foram de 180 dias. Estradas não têm estrutura adequada à Lei que determina descanso para caminhoneiros por meio eletrônico. Agora é regra um descanso de 11 horas, a cada 24 horas, podendo ser fracionado em 9 horas mais 2 horas, no mesmo dia, com descanso semanal de 35 horas; intervalo mínimo de 1 hora para refeição e de 30 minutos para descanso a cada 4 horas de trabalho. Guterra, no entanto, aponta que a legislação deve vir acompanhada de melhorias nas estradas e investimentos por parte do governo e dos empresários, só assim ela proporcionaThinkstock A Lei 12. 619 que regula a profissão de motorista, em vigor desde o último dia 31 de julho, é uma conquista para a categoria, mas falta estrutura nas estradas para que motoristas de caminhão cumpram as determinações da lei, avalia o presidente da Federação Nacional dos Portuários (FNP) e vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte (CNTT), Eduardo Guterra. Aprovada, no dia 30 de abril, para regular e disciplinar a jornada de trabalho e o tempo de direção do motorista profissional, a Lei provocou manifestações de caminhoneiros em todo o país. Segundo Guterra, a legislação trouxe avanços nas condições de trabalho do profissional rodoviário entre eles, o controle da jornada de trabalho, rá condições de trabalho dignas aos motoristas. “O governo precisa agir e assumir compromissos para que os trabalhadores tenham condições de descansar em lugares seguros, limpos e não tenham que pagar por isso”, enfatizou Guterra. O presidente da FNP também criticou a omissão da Lei em relação a reivindicações antigas da categoria como, o adicional de insalubridade e a aposentadoria especial aos 25 anos de trabalho. 7 | Agosto | Jornal dos Portuários Arquivo Suport/BA Portuários realizam manifestação nacional em defesa do Portus Falta transparência no plano de logística para os portos “Tem que haver mais diálogo no processo, sob pena de haver prejuízos, principalmente aos trabalhadores”, Rui Mendes, presidente do Sindiporg. 8 | Agosto | Jornal dos Portuários Portuários querem saber quais serão os impactos do Plano Nacional de Logística Portuária para trabalhadores dos portos públicos P ortuários cobram transparência do governo federal na condução do Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP), que vem sendo elaborado pela Secretaria de Portos desde 2010. A categoria teme que modificações na gestão dos portos delegados a estados e municípios, previstas no plano prejudique os trabalhadores. Segundo a Secretaria de Portos (SEP), o PNLP tem como objetivo construir um modelo eficiente de gestão que reduza os custos para os usuários do sistema portuário brasileiro. De acordo com o diretor do Departamento de Sistemas de Informações Portuárias da SEP, Luis Cláudio Montenegro, as ações previstas no plano envolvem toda a política do setor para os próximos 18 anos como, infraestrutura, gestão, meio ambiente, economia, logística portuária. Montenegro informou ao Jornal dos Portuários que o PNLP contou com ampla participação de especialistas do setor e participação intensa de toda a comunidade portuária, como trabalhadores. Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nos Serviços Portu- ários de Rio Grande (Sindiporg), Rui Mendes, acredita ser preciso mais transparência na condução do PNLP. “Tem que haver mais diálogo no processo, sob pena de haver prejuízos, principalmente aos trabalhadores”, disse Mendes. Informações divulgadas na imprensa dão conta que o PNLP aponta para três direções: leilão para concessão de novos portos públicos à iniciativa privada, licitação dos 98 terminais de uso privativo (também já se fala em renovação dos contratos desses terminais) e renegociação dos contratos de delegação de 16 portos da União, administrados por governos estaduais e municipais. Divulga-se ainda a transformação das superintendências responsáveis pela administração dos portos delegados em empresas estatais de economia mista, mesmo formato das companhias Docas A Federação Nacional dos Portuários (FNP) vem se mobilizando com intuito de esclarecer junto ao governo federal quais serão os impactos de possíveis mudanças de gestão para os trabalhadores portuários. Com esse objetivo, FNP e Sindiporg aguardam audiência com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, para obter mais esclarecimento sobre o assunto. Ao Jornal dos Portuários, o diretor da SEP afirmou que as ações do PNLP não devem ser tratadas como mudanças e sim como aprimoramento. Montenegro, porém, não chegou a detalhar quais seriam as ações e o impacto delas para a categoria portuária. Mendes acredita que o Plano Nacional de Logística do Setor Portuário e as possíveis modificações, previstas por ele, devem ser debatidos de forma ampla com os que fazem parte do setor. “É necessário que a SEP promova uma Audiência Pública sobre o assunto com todos os atores do processo portuário”, disse ele. Fátima Maier de Melo Infraestrutura portuária