UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE AS RELAÇÕES SUPERVISOR EDUCACIONAL / PROFESSOR Por: Helen Oliveira Silva Lombardi Orientador Prof. Fernando Gouvêa Rio de Janeiro 2009 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE AS RELAÇÕES SUPERVISOR EDUCACIONAL / PROFESSOR 3 Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial especialista em para obtenção Administração Escolar. Por: Helen Oliveira Silva Lombardi do e grau de Supervisão 4 AGRADECIMENTOS A Deus pela fé que me conduz em todo o caminhar da vida e aos meus pais, Salvador e Neusa, que sempre me ensinaram os verdadeiros valores da vida e me ajudaram nos momentos de dificuldades quando do início desta busca profissional. pelo aperfeiçoamento 5 A todos os colegas do curso pela convivência durante todo o ano e ao professor contribuição trabalho. Fernando na Gouvêa realização pela deste 6 DEDICATÓRIA Dedico em especial ao meu filho Alexandre que, quando pensava em desistir, o seu sorriso me dava forças para continuar e lutar por uma educação melhor e ao meu marido Antonio pelo estímulo nos momentos difíceis e pela paciência que teve durante todo esse processo de aperfeiçoamento profissional. 7 RESUMO Diante de uma sociedade moderna, que se volta progressivamente para um mundo globalizado, é preciso atualização constante e consciente das práticas educacionais. Neste contexto, urge uma transformação num tempo presente que busque alianças a serem agentes e sabedores de sua historicidade. Quando se fala em transformação, esta não visa apenas ao futuro, mas sim, o conhecimento do passado para se chegar ao presente, tempo este, que deve ser encarado com os seus aspectos positivos e negativos. Sendo assim, sabe-se que o supervisor educacional é uma figura essencial para a transformação e atualização para o que se almeja. Por isso, resolveu-se buscar esclarecimento da verdadeira função do supervisor e do professor, juntando não só as propostas atuais, mas também analisando e mantendo de forma presente o estudo das antigas propostas, para que não fiquem esquecidas diante de uma historicidade administrativa e pedagógica. Palavras – chave: práticas pedagógicas, supervisor educacional, história da educação. 8 METODOLOGIA O trabalho monográfico foi elaborado partindo de pesquisas bibliográficas, documentais e experiências vivenciadas na Supervisão do Colégio João Lyra Filho, onde a interação que existe entre a Supervisão, a Direção e os professores serviu para desmistificar a idéia antiga de que o supervisor seja “fiscal” da prática educacional e que sua ação se baseia apenas na inspeção. Visitas a sites foram realizadas no intuito de colher alguns materiais de autores que se preocupam com o assunto. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................10 CAPÍTULO I - CONCEITUANDO A SUPERVISÃO ESCOLAR......................12 1.1 – Evolução e surgimento.................................................................................12 1.2 - Surgimento no Brasil....................................................................................14 1.3 – Conceito.........................................................................................................17 CAPÍTULO II – A VISÃO ATUAL DA SUPERVISÃO ESCOLAR.....................20 CAPÍTULO III – O TRABALHO EM CONJUNTO DO SUPERVISOR EDUCACIONAL COM O PROFESSOR....................................29 3.1- O papel da Supervisão Educacional na formação continuada do professor...............................................................................................34 CONCLUSÃO ........................................................................................................37 BIBLIOGRAFIA..................................................................................................... ..38 FOLHA DE AVALIAÇÃO......................................................................................39 ANEXOS............................................................................................................... ..40 10 INTRODUÇÃO O trabalho em questão vem ao encontro do esclarecimento do que é supervisionar e a relação do supervisor educacional com os professores no processo pedagógico, tentando desmistificar a idéia de que o supervisor é o fiscal deste processo e que todo o trabalho realizado por ele seja no intuito de inspecionar os professores e que atuando em parceria promove a eficiência e a eficácia do sistema educacional. Os professores raramente estão abertos ou capacitados a uma interferência no seu trabalho. Desde seus tempos de criança e de adolescência tiveram o entendimento de ser o supervisor educacional uma pessoa que representava a autoridade e que se encontrava numa posição superior a dos professores. Ele determinava e impunha as ações aos professores. Isto gerava uma cadeia de submissões, onde o supervisor decretava sua autoridade aos docentes e estes por sua vez, aos discentes. Nessa concepção, os professores têm a idéia de que os supervisores não ajudam no processo educacional e humano, mas controlam de forma negativa o processo: impondo, reprimindo e atrapalhando o direito de expressão de cada um dentro do seu trabalho. Os docentes devem trabalhar dentro de uma democracia, sabendo de suas responsabilidades como o introdutor de uma cultura e também de seus direitos e deveres como membros de uma instituição com objetivos a serem alcançados. Para isto é necessário, antes de tudo, que haja o respeito humano e o profissional. 11 A tarefa do supervisor é orientar, caminhar com os professores e alunos, detectar e solucionar eventuais situações no decorrer do período escolar e estabelecer metas para o melhor funcionamento escolar e educativo. Diante desse breve esboço, o presente projeto tem como objetivo geral analisar a função do supervisor educacional, a sua importância e, especificamente, abordar a atuação do supervisor como um parceiro dos professores no processo pedagógico. 12 CAPÍTULO I CONCEITUANDO A SUPERVISÃO ESCOLAR 1.1 – Evolução e surgimento A função supervisora acompanha a ação educativa desde suas origens, implicitamente. Na medida em que essa função vai sendo explicitada, a idéia de supervisão abre caminho para bem mais tarde se colocar a questão da ação supervisora como profissão, que exigirá uma formação específica. A Supervisão é um assunto muito antigo e ao longo dos anos ela vem se moldando. Entende-se a supervisão como “ação de velar sobre alguma coisa ou sobre alguém a fim de assegurar a regularidade de seu funcionamento ou de seu comportamento” (Foulquié, 1971:452). Com base nesta definição, nota-se que desde as comunidades primitivas, onde a educação era de forma diferenciada, estava presente a idéia da função supervisora que era exercida pelo ambiente, pelo meio, pelas relações e ações vitais desenvolvidas pela comunidade com a participação direta das crianças, as quais eram educadas sob o olhar constante dos adultos, que as protegiam e orientavam, ou seja, as supervisionavam. Na Antigüidade, surge a propriedade privada e a divisão dos homens em classes: a dos proprietários e a dos não – proprietários. A classe dos nãoproprietários ou dos escravos eram obrigados a trabalhar para si e para os seus senhores, que passaram, então, a dispor de tempo livre. Com essa divisão, a educação também se diferenciou, isto é, a classe dominante, por ter tempo livre, passa a se organizar na forma escolar, dando origem ao termo 13 escola – “deriva do grego e significa, etimologicamente, o lugar do ócio” - em contraposição da maioria, que são os escravos, que apenas trabalhavam. O mesmo fenômeno que caracterizou a sociedade antiga, também esteve presente na Idade Média, sendo que a única diferença era que a classe dos não – proprietários denominava - se servos. A função supervisora nestas épocas se fazia presente pela forma do controle, da fiscalização e da coação expressa nas práticas dos castigos físicos e punições. Na Grécia antiga, esta função passou a ser representada pelo pedagogo “aquele que conduz a criança ao local de aprendizagem”, que era um escravo que conduzia as crianças até o mestre do qual recebia lição. Depois, passou a significar o próprio educador, pois passou a se encarregar do ensino das crianças e tomar conta delas, isto é, vigiando, controlando, supervisionando, portanto, todos os seus atos. Na Época Moderna, há uma ruptura nas relações que prevaleciam na Idade Média, pois nessa época a troca determinava o consumo, surgindo assim a sociedade capitalista ou burguesa, onde as relações deixam de ser naturais para serem sociais. Essas transformações tiveram como conseqüência a exigência da generalização da escola, colocando-a na posição de forma principal e dominante de educação o que implicou na organização de forma institucionalizada. Com o processo de institucionalização generalizada da educação se começa a esboçar a idéia de supervisão educacional, o que vai se evidenciar na organização da instrução pública desde as suas manifestações religiosas até as amplas redes escolares instituídas no século atual. 1. 2 – Surgimento no Brasil No Brasil, a organização das atividades educativas inicia-se com a chegada dos primeiros jesuítas em 1549. No Plano de Ensino formulado pelo 14 padre Manuel da Nóbrega está presente a função supervisora, mas não se manifesta, ainda a idéia de supervisão, que só acontece após a sua morte em 1570 com o Plano Geral dos jesuítas adotado aqui, o Ratio Studiorum, cujas origens remontam às Constituições da Companhia de Jesus elaboradas por seu fundador, Inácio de Loyola. O Plano é constituído por um conjunto de regras cobrindo todas as atividades dos agentes diretamente ligados ao ensino, indo desde as regras do provincial, às do reitor, do prefeito de estudos, dos professores de modo geral e de cada matéria de ensino, passando pelas regras da prova escrita, da distribuição de prêmios, do bedel, chegando às regras dos alunos e concluindo com as regras das diversas academias. A função supervisora é destacada das demais funções educativas e representada na mente como uma tarefa específica para a qual, em conseqüência, é destinado um agente, também específico, distinto do reitor e dos professores, denominado prefeito dos estudos. Em 1759 foram instituídas as reformas pombalinas da instrução pública em decorrência da expulsão dos jesuítas e extinção de seu “sistema” de ensino. Nessas circunstâncias, a função supervisora concentrada na figura do prefeito dos estudos foi dissolvida. Com a lei de 15 de outubro de 1827 instituiu as escolas de primeiras letras “em todas as cidades, vilas e lugares populosos do Império” e que os estudos fossem realizados de acordo com o “método do Ensino Mútuo” ( Método Lancaster), onde o professor absorve as funções de docência e também de supervisão. Com efeito, ele instrui os monitores e supervisiona as suas atividades de ensino, assim como a aprendizagem dos alunos: Durante as horas de aula para as crianças, o papel do professor limitou-se à supervisão ativa de círculo em círculo, de mesa em mesa, cada círculo e cada mesa tendo à sua frente um monitor, aluno mais avançado, que ficava dirigindo. Fora destas horas, os monitores recebiam, diretamente dos 15 professores, uma instrução mais completa, e não era raro ver os mais inteligentes adquirirem a instrução primária superior (Almeida, 1989:60) A supervisão manteve a linha de inspecionar, reprimir e monitorar os alunos até o princípio do século XIX. Após esse período passou a estar mais voltada à eficiência do ensino, estabelecendo padrões de comportamento e critérios de aferição no rendimento escolar. Em 1931 com a Reforma Francisco Campos e a criação do Ministério de Educação da instituição Pública é que a supervisão começa a se organizar e pela primeira vez surge aqui no país, a supervisão com conotação de inspeção. Em 1942 com a Reforma Capanema faz-se um reforço à supervisão ampliando suas atividades; colocando a orientação pedagógica como função da inspeção. Dizia o 1º parágrafo do artigo 75: ”a inspeção far-se-á não somente pelo ponto de vista administrativo, mas ainda com o caráter de orientação pedagógica.” Mas ainda continua com a conotação de Inspeção. Somente em 1953 com a vinda do PABAEE ( Fundação João Pinheiro) Belo Horizonte, através do programa MEC/USAID é que se formaram os primeiros supervisores para trabalho junto às escolas primárias, chamadas naquela época de escolas elementares. Os supervisores que não se formavam por este programa iam para o exterior fazer pós-graduação em supervisão. Em 1968 fala-se sobre os especialistas da educação pela primeira vez. O supervisor é formado por uma faculdade com formação profissional em Orientação Educacional, Supervisão e Administração Escolar. Com a lei 5692/71 aboliu-se as reformas do ensino propostas na Reforma Capanema e é previsto no artigo 33 que a formação dos especialistas da educação poderia ser feita em curso superior de graduação, com duração plena, curta ou de pós- graduação. O projeto pedagógico que esta lei 16 carregava trazia a expectativas de grandes mudanças no campo educacional, por este motivo os especialistas passam a ser vistos como necessários e imprescindíveis aos sistemas. Contudo a lei só reforçou a divisão do trabalho do professor e do especialista seja na escola ou no sistema de ensino, ao invés de somar esforços para um melhor resultado dentro do processo. Já a lei 9394/96 mostra um caráter inovador uma vez que permite uma grande flexibilidade e dá grande importância ao profissional da educação e em seu artigo 64 coloca que: “... a formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica será feita em cursos de graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional”. Porém, em nenhum momento a lei fala explicitamente sobre as funções ou atribuições destes profissionais. Contudo sta lei oportunizou uma esperança de reforço para os profissionais da área. Além destas leis que marcam a história da formação do supervisor, outros movimentos contribuíram para a construção e enriquecimento desta função, como ENSES – Encontro Nacionais de Supervisores – que buscavam repensar a ação do supervisor para a melhor atuação dentro do contexto brasileiro que estavam em constante mudança. A função de supervisão foi se construindo ao longo dos anos através de conquistas por intermédio da legislação, por discussões e debates promovidos por grupos de supervisores que buscavam uma sistematização e aperfeiçoamento do trabalho desse profissional. 1.3 – CONCEITO A educação tem se preocupado com a formação de determinados tipos de homem, que variam de acordo com as exigências das diferentes épocas e que vem crescendo rapidamente nos últimos tempos. 17 Saviani ( 1983) coloca que do ponto de vista da educação, promover o homem significa: “... tornar o homem cada vez mais capaz de conhecer os elementos de sua situação para intervir nela transformando-a num sentido de uma ampliação de liberdade, da comunicação e colaboração entre os homens.” (p.23) O mesmo autor explica que a relação horizontal de homem a homem é possível pois a partir daí o homem pode reconhecer o valor do outro, a sua liberdade, sendo capaz de: “... transcender sua situação e as opções pessoais para se colocar no ponto de vista do outro, para se comunicar com o outro, para agir em comum com ele, para ver as coisas objetivamente como elas são.” (p.23). Conclui então, o mesmo autor, que a relação vertical do homem expressa uma situação de dominação, enquanto que na relação horizontal há uma relação de colaboração. Este, é, porém, um ponto muito importante na Supervisão uma vez que esta, quando analisada por quem se submete a ela, encontra características muito negativas, sendo uma das principais, a função fiscalizadora e autoritária, que durante muito tempo esteve presente no perfil do supervisor. Não há muitos materiais atuais que expliquem e exemplifiquem a função do supervisor; nas bibliografias mais antigas são observados materiais técnicos, onde se vê uma supervisão com exemplos de atuação a serem seguidos por profissionais da área. A visão do Supervisor era mais em função de assistência ao professor junto com os outros profissionais que também atuam dentro do processo e contribuir para a formação integral do educando, consistindo em liderar professores e demais pessoas implicadas no processo da educação para que melhorem o processo ensino – aprendizagem. O conceito de Supervisão passou por três fases distintas: fiscalizadora, construtiva e criadora. 18 A primeira fase se confundia com a inspeção escolar que se interessava mais pelo cumprimento das leis de ensino, condições do prédio, situação legal dos professores, cumprimentos de datas e prazos e atos escolares, como provas, transferências, matrículas, férias, documentação dos educandos, etc. A fase construtiva leva o supervisor a observar falhas na atuação do professor e promover cursos para que se sanassem estas dificuldades. ] A fase criativa fala de um trabalho cooperativo e democrático entre todos os envolvidos no processo, onde a supervisão se separa da inspeção para montar um serviço que tenha como objetivo o aperfeiçoamento de todo o processo ensino aprendizagem. De acordo com Nérici, a Supervisão pode ser exercida de forma autocrática, ou seja, caracterizada na emissão de ordens e controle no cumprimento das mesmas, o supervisor é visto como centro de solução para todas as dificuldades e s impões mediante autoridade e intimidação, não há a cooperação com o docente e tão pouco respeito as suas diferenças individuais, como também as do processo ensino aprendizagem. O supervisor é simplesmente impositor de sugestões didáticas. A outra forma é a democrática que se caracteriza num ambiente de compreensão, liberdade, respeito e criatividade. Aplicam-se normas de relações humanas aos integrantes do processo, respeito à individualidade e o supervisor é incentivador do diálogo e das discussões em bases democráticas para a cooperação de todos. Quando se fala das funções do supervisor, destaca-se de forma resumida, a ajuda aos professores para a melhor compreensão dos objetivos da educação, do papel da escola, dos problemas e necessidades dos educandos; o exercício de liderança de sentido democrático promovendo o aperfeiçoamento profissional da escola e suas atividades; a cooperação de seu pessoal, estimulando o desenvolvimento dos professores; o estabelecimento de fortes laços entre os professores; a distribuição de tarefas mais adequadas a cada professor para que desenvolvam suas capacidades 19 em direções mais promissoras, ajuda na aquisição de competência didática por parte do professor; ajuda aos principiantes a se adequarem à profissão; segundo os objetivos, avaliação dos resultados de cada professor ; ajuda dos diagnósticos dos resultados dos alunos e plano de superação das dificuldades dos mesmos; interpretação do programa de ensino para a comunidade a fim de que esta colabore com a escola; encaminhamento ao público dos problemas da escola para que ajudem com sugestões; proteção do corpo docente contra exigências descabidas. Analisando os conceitos de supervisão percebe-se que há muito tempo supera os moldes do autoritarismo, adotando pontos de atuação burocráticos e também pedagógicos baseados num relacionamento mais cooperativo, flexível, integrado e principalmente atuando juntamente com o professor sendo o mediador dentro da escola e dando autonomia para desenvolver o seu trabalho. CAPÍTULO II A VISÃO ATUAL DA SUPERVISÃO ESCOLAR A supervisão apresenta, ou deve apresentar atualmente, uma visão mais ampla como o próprio nome a caracteriza, mas na realidade, 20 durante todo o decorrer de sua história esta visão esteve muito limitada a um trabalho fiscalizador e autoritário. Hoje se busca uma supervisão que seja baseada na cooperação, na integração, na participação e na flexibilidade, adotando, o supervisor, uma postura de problematizador do empenho docente. Todo o resultado deve partir do trabalho da parceria entre supervisor e professor e de todos os envolvidos no processo; levando –os a indagar, refletir e criticar com a finalidade de buscar soluções e encaminhar um trabalho que dê resultados positivos para que se chegue aos objetivos propostos. Lück (1998) apresenta uma proposta de trabalho integrado, explicando que a escola deve ser vista com uma visão sistêmica aberta, ou seja, local onde há um grupo de mútua influência trabalhando com fim na educação e para que haja um mínimo conflito entre os integrantes do processo, fator comum causado pela divisão de tarefas, é essencial uma integração de todos os participantes deste processo. A autora comenta que os cursos de formação de professores se preocupam mais com os conhecimentos das áreas e procedimentos, do que com os conhecimentos dos processos de desenvolvimento humano e de aprendizagem. Não enfatizam também o estudo da compreensão das influências do meio sócio-econômico-cultural sobre o educando, as diferenças individuais e as habilidades de manter um bom relacionamento. Estes cursos não levam os alunos a saber comunicar-se, a resolver problemas de sala de aula, a estimular os alunos. Não procuram desenvolver formas de desempenho adequado, de trabalho cooperativo e produtivo de acordo com os interesses e as necessidades do educando. E conforme afirmava Rockfeller (1958) citado por Lück (1998), “nenhum sistema educacional será melhor que a qualidade e habilidade de seus professores” 21 (p.49), mostrando claramente a necessidade em se ter um profissional realmente preparado para atuar de forma mais eficiente no sistema. O professor é a figura central para a eficácia do processo educacional, pois para que a escola se torne um lugar agradável e significativo para os alunos é primordial haver um bom relacionamento entre professoraluno, uma vez que não são os métodos, os procedimentos e nem as atividades extra-classe que farão o processo mais significativo para o aluno. Sendo o professor a figura chave, é preciso promover o desenvolvimento desse profissional orientando e assistindo-o. Nesse momento, a equipe técnico-pedagógica, da qual faz parte o supervisor, que deve ter o apoio da direção não apenas assumindo parte burocrática de sua função, mas também apoiando o pedagógico, promovendo um sistema de ação integrada e cooperativa, estimulando a inovação e a comunicação clara e aberta entre todos os membros do processo, para que se chegue aos objetivos propostos entra em ação. O supervisor escolar apresenta um papel de liderança mais voltado para métodos, técnicas e conteúdos, que ao do sentido do processo educativo. Lück (1998) coloca que: “o papel do supervisor escolar se constitui, em última análise, na somatória de esforços e ações desencadeados com o sentido de promover a melhoria do processo ensino-aprendizagem”.(p.20) Para o supervisor, o objetivo do seu trabalho é a melhoria no processo, mas para que isso ocorra sua atuação deve estar voltada para o desenvolvimento do professor, buscando orientá-lo e assisti-lo proporcionandolhe oportunidades de desenvolvimento. Busca-se modificar ou melhorar nos materiais, métodos, técnicas e procedimentos, nos programas curriculares, na avaliação, na recuperação e outros, para que o processo ensino-aprendizagem flua melhor, no entanto, esquece-se de quem está diretamente voltado para este processo, o professor. 22 A supervisão começou a pensar na melhoria do desempenho do professor, ou seja, no desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes há pouco tempo, pois a falta de assistência ao professor é uma das causas do problema no processo educativo. Sendo este um ponto onde o supervisor pode atuar, assistindo de forma sistemática ao profissional. Toda atividade do supervisor deve estar centrada num procedimento integrado de trabalho onde todos os responsáveis pelo processo, pautados por atitudes, direções e objetivos comuns, tracem metas para garantir esta unidade integrada e integradora. Para que se estabeleça realmente um trabalho integrado, Lck (1998) sugere a consultoria para que se invista no desenvolvimento da escola através do desenvolvimento dos recursos humanos, partindo da valorização dos conhecimentos, atitudes e habilidades pré-existentes do professor, atuando no desenvolvimento da capacidade de desempenho do pessoal durante a resolução de problemas, com a finalidade de tornar o profissional mais apto a resolver outros problemas subseqüentes. Assim define-se consultoria como: Processo pelo qual se partilha com outra pessoa ou grupo de pessoas, em caráter de mutualidade,informações, idéias, opiniões sobre determinada problemática, promovendo seu entendimento e permitindo o envolvimento das pessoas a ela relacionadas, com o fim de gerar bases objetivas para tomada de decisões e medidas eficientes a respeito.(Lück, 1998, p.37) O processo educacional deve estar voltado para o desenvolvimento do aluno por isso a consultoria está voltada para os professores, diretores e pais, pois são estes que trabalharão para o bom resultado no processo ensino-aprendizagem. Além de mostrar um relacionamento de igualdade entre os colegas, onde todos assumem uma posição horizontal, tem como objetivo a utilização de conhecimentos e 23 habilidades, onde o consultor não é apenas um mero transmissor de conhecimentos ou habilidade, é um esforço de todos com a finalidade de que o consultante incorpore os conhecimentos e habilidades de forma que ele possa estar relativamente auto-suficiente. O papel do supervisor neste trabalho de consultoria, não é do de fornecer idéias e soluções ou assumir tarefas de preparo de avaliações para o professor ou fazer qualquer atividade que tenha por fim levar o professor a mudar de atitudes ou procedimentos. Deve sim, o supervisor, promover mudanças no comportamento do professor, para que haja a aquisição de novas habilidades, o desenvolvimento de novas idéias, perspectivas e opiniões. Isto porque não são os métodos e técnicas pré –estabelecidas que levarão qualidade no processo ensino-aprendizagem, mas sim a mudança no comportamento professor-aluno. As fases da consultoria de forma resumida são: 1) Necessidade de mudança – nesta fase as pessoas precisam querer mudar e saber de sua importância para isto ocorra, sentindo-se responsável sobre a questão. 2) Relacionamento positivo entre consultor e consultante deve ser baseada na abertura para novas idéias, confiança nos sentimentos, na capacidade e na responsabilidade do outro, mutualidade para que se evite que alguém domine o processo, expectativas realísticas estabelecidas através de objetivos passíveis de serem realizados, recompensa que os resultados serão relacionamento. de positivos devido ao bom 24 3) Classificação e diagnóstico do problema – identifica se o problema é real ou correlato, juntando e analisando informações sobre o mesmo. 4) Análise de alternativas de ação e estabelecimento de objetivos levanta-se todas as sugestões possíveis para solucionar o problema e depois analisá-las uma a uma levando em consideração todos os recursos disponíveis para cada sugestão. 5) Transformação das idéias geradoras em um plano de ação levanta-se as estratégias de ação e atividades que serão usadas para se chegar aos objetivos propostos. 6) Implantação de novas formas de ação e desempenho - as ações serão acompanhadas pelo consultor que ficará como apoio assistindo o consultante a analisar e interpretar suas ações, tirando conclusões sobre as que estão dando resultados e as que não estão. 7) Generalização e estabilização de um novo nível de funcionamento - o consultante passa a adquirir habilidades, conhecimentos e atitudes que podem ser empregados em outras situações. 8) Encerramento de um ciclo do processo de consultoria utiliza-se um novo nível de funcionamento, pois os 25 resultados foram positivos, parte-se então, para a solução de outros problemas advindos da solução do primeiro, uma vez que o processo é cíclico. A função supervisora destacada por LücK (1998) aparece de certa forma na visão de Pereira (1981) que diz ser a Supervisão Educacional capaz de permanente realimentação do sistema de ensino, garantindo sua circularidade. “É a ação de ver todo o processo de maneira global, orientando-o dentro das alternativas existentes para o seu aperfeiçoamento.” (p.17) A integração é um meio da supervisão, como também de todos aqueles que pertencem ao processo, manter uma constante revisão para que o processo flua da melhor maneira, estando sempre em stand by , ou seja, na espera de eventualidades surgidas no decorrer de todo o trabalho. A visão de que tudo muda, mas a escola continua a mesma, acabou, pois os sistemas escolares precisam estar abertos as inovações, para que possa se ajustar as novas faces da realidade. Sendo o papel da supervisão, procurar a melhoria de qualidade do produto final é necessário fazer o diagnóstico das necessidades e expectativas da unidade escolar, e buscar o inter-relacionamento com todos os níveis envolvidos no processo, visão esta sugerida por Pereira. Para Vasconcellos (2002), quando se fala de mudança indispensáveis da prática pedagógica, são necessárias condições objetivas e subjetivas ( entendidas como entrelaçadas e não dicotomizadas numa distintividade categórica), mesmo sabendo que essas condições para o trabalho não seja só da supervisão, mas também dela. 26 Quando se fala de mudança da prática de sala de aula para educadores, não há uma adesão imediata; ao contrário, manifesta-se amiúde uma certa resistência, comentários que deixam transparecer nas entrelinhas descrença ou desânimo. É comum encontrarmos situações em que, de um lado, estão os técnicos a defender, e, de outro, os professore s fazendo de tudo para se livrarem das tais novas propostas... A supervisão é capacitada nas três dimensões básicas de formação humana: conceitual, procedimental e atitudinal, para dar conta deste grande desafio da prática pedagógica. Em relação à dimensão atitudinal, provavelmente é uma das mais difíceis de serem trabalhadas, pois envolve valores, interesses, sentimentos, disposição interior e convicções; devemos nos aproximar com bastante coragem e rigor. Muitas vezes encaramos o professor como se fosse um indivíduo perverso. Se não conseguimos um grau mínimo de empatia, estaremos estabelecendo uma ruptura no relacionamento peal colocação do estigma: o professor é autoritário, é descompromissado, etc..., ao invés de buscar compreender, entender que ele eventualmente está tendo algumas práticas autoritárias. Criticamos o professor que rotula o aluno e, de repente, podemos estar agindo de forma semelhante com ele... O supervisor não pode queimar a relação com os docentes. Toda relação humana autêntica se baseia na crença da possibilidade do outro, de que ninguém é melhor ou superior a ninguém. Confiar no professor pode mudar sua visão e postura em relação à prática pedagógica. A dimensão procedimental é relativo ao saber-fazer , encontrar caminhos para concretizar aquilo que se busca, como métodos, técnicas, procedimentos, habilidades. 27 O que muda a realidade é a prática; precisamos chegar a ela. É preciso transformar idéias em ações concretas, para assim, dialeticamente, transformar a própria consciência, enraizando o lampejo inicial que provocou a ação, bem como a alterando-o de acordo com o movimento do real. Existem diferentes visões sobre educação, ensino, aprendizagem, planejamento, projeto político –pedagógico,etc., tanto na concepção quanto na execução. Cabe à supervisão buscar clareza conceitual, conhecer, discernir e elaborar a síntese pessoal, bem como favorecer a coletiva. O supervisor deve revelar inteligência no trato das questões; saber argumentar, não ficar preso aos aspectos formais, mas buscar a lógica interna, a pertinência daquilo que está em pauta. É o que chamamos de dimensão conceitual. Além das condições subjetivas, as condições objetivas também são importantes, uma vez que o supervisor é um ser concreto atuando num contexto também concreto. Devemos destacar: • Comprometer-se com a busca de melhores condições de trabalho na escola, tanto do ponto de vista pedagógico, quanto comunitário e adminsitrativo; • Conquistar o espaço de trabalho coletivo constante na escola; • Ter espaço para fazer acompanhamento individual e sistemático do professor; • Biblioteca pedagógica na escola, para facilitar acesso do professor a livros, revistas, vídeos voltados para sua formação; 28 • Ter presente que o trabalho coletivo pode se dar em diferentes e articulados níveis: interior da escola, comunidade, etc. • Organizar grupos de estudo, independentemente da escola, com educadores interessados; • Empenhar-se interna e externamente à escola para diminuir a rotatividade dos professores; • Lutar pela continuidade crítica das políticas educacionais. Diante do exposto, o supervisor deve procurar realizar um trabalho de orientação pedagógica junto aos professores, procurando criar situações de discussão para que os professores possam rever sua prática pedagógica e seu papel no contexto escolar, analisando o que pode ser feito para melhorar. CAPÍTULO III 29 O TRABALHO EM CONJUNTO DO SUPERVISOR EDUCACIONAL COM O PROFESSOR Para que se haja um trabalho harmonioso, é indispensável a aceitação do supervisor por parte dos professores. É uma tarefa de conscientização, pois todo o sucesso educativo dependerá deste relacionamento, juntamente com trocas de idéias e experiências. Como ninguém consegue se educar sozinho neste mundo, pois a educação não se dá somente por via assistemática e por ser, também falha para a total socialização de ser humano, mas que não é adquirida sem o auxílio dos que vivem ao seu redor, assim também é o trabalho dos docentes em relação ao supervisor educacional, pois para que a educação tenha resultados positivos, é necessário que todos trabalhem em conjunto. O desenvolvimento dos alunos depende exclusivamente do entrosamento, da confiança, da troca de experiências e de ajuda mútua entre docentes e discentes. Partindo desse princípio, é criada uma “cadeia de conhecimentos”. Sabendo que os professores se entrosam para obterem um bom rendimento educativo, e que sem o mesmo isto não se dá, de fato, da mesma forma para haver sempre este bom entrosamento pessoal, profissional e educativo, o professor precisa e deve se apoiar em alguém do seu meio, e ninguém melhor que o supervisor educacional. Uma das grandes virtudes que se aponta hoje para a função supervisora é a sensibilidade, a capacidade de estar aberta, perceber o outro, reconhecer suas demandas, suas lacunas, bem como o seu potencial, seu valor. Tal sensibilidade leva ao cuidado de não generalizar, pois as generalizações apagam as diferenças, tendendo a ser injustas; conseguir ver os nuances, a diversidade do espectro, e preservar as diferenças, combinando-as. Ser sensível é ser capaz de ver os sinais mais tímidos ou sutis; não apagar a chama que ainda fumega. Ter a capacidade de identificar e valorizar as 30 práticas novas que estão acontecendo. A sensibilidade dá uma certa leveza ao tão desafiador trabalho de formação, sobretudo quando consideramos a necessidade de desconstruir conceitos, hábitos e atitudes já enraizadas. Para que aconteça a aproximação destes profissionais é válido que se promova a mesma, através de reuniões semanais, quinzenais ou até mesmo mensais para que assim ocorra o entrosamento não só de professores individualmente com o supervisor, mas de toda a equipe técnica – pedagógica. O grupo tem que reconhecer suas afinidades. O imaginário do professor está muito marcado pelo individual: é cada uma na sua sala de aula, na sua lida, no seu trabalho. O isolamento favorece o desajuste do professor face às mudanças que vêm ocorrendo na escola e na sociedade. Trabalhadores que não se comunicam horizontalmente, para a reflexão de sua prática profissional, tendem a uma visão parcial, truncada, do processo de trabalho, perdendo a possibilidade de controle sobre este processo (Muramoto, 1991p.41). Devemos considerar que o trabalho do professor tem uma dimensão essencialmente coletiva: não é o único que atua na escola e o que faz não é para si, já que presta um serviço à comunidade. Além disto, o sujeito isolado, lutando por uma nova idéia, não vai muito longe. A reunião é fundamental para despertar e/ou enraizar a nova postura educativa. Na medida em que possibilita a unidade entre o sujeito da ação e o da reflexão, este espaço é revolucionário. Devemos nos empenhar para consegui-lo, pois desta forma há condições para se criar na escola uma nova prática pedagógica e um novo relacionamento. O testemunho dos professores que já vivenciam esta dinâmica de reuniões é claro: “A partir do momento que tivemos o horário coletivo semanal, foi possível desenvolver vários projetos”. Alguns professores encontram dentro de si atitudes, estímulos para a promoção do projeto educativo, outros têm idéias, lêem a respeito, mas nada fazem. Alguns nada têm a oferecer se a equipe pedagógica não estimular e outros têm muitas experiências; estudam sobre o assunto e querem transformar o ambiente escolar, mas não sabem como e quando explicar seus 31 conhecimentos e tem até alguns que não passam aos seus colegas docentes suas idéias. É nesse sentido que se faz importante a presença do supervisor, que sabendo o que tem em mãos, informação, vontade, curiosidade, boa vontade, conhecimento, egoísmo na transmissão de conhecimentos e idéias e experiências dos docentes, analisará como atuará trocando idéias, trabalhando toda essa bagagem em prol do desenvolvimento contínuo e funcional da aprendizagem. Através de tudo o que obtiver dos docentes recorrerá juntamente aos seus conhecimentos pedagógicos e teóricos, para então se montar uma, duas ou várias trajetórias a serem seguidas de acordo com as situações e solicitações.Com todo esse material em mãos, o supervisor educacional trabalhará em grupo ou individualmente como quiser e onde houver a carência de orientação; estimulando, orientando e capacitando esses profissionais a darem continuidade às atividades didático – pedagógicas e removendo dificuldades que sempre ocorrem no decorrer de um processo educativo, isto de ambas as partes: dos docentes e discentes. Há aquelas pessoas que se fecham para trabalho em grupo (docentes) e outras que centralizam suas idéias e experiências somente dentro de sua classe; não querendo expor seu trabalho. Isto, não quer dizer que acontece só quando o professor tem sucesso no seu ambiente; há casos que o trabalho não está sendo bem feito, não está havendo um bom desenvolvimento e muito menos transformações no sentido educativo, e mesmo assim o docente se fecha junto aos seus alunos deixando-os sofrerem pelo seu egoísmo, falta de vontade ou timidez de se aceitar com dificuldades junto a equipe pedagógica da escola. Para isso, entra novamente a ação do supervisor. No caso, como psicólogo; onde irá detectar se o mau desenvolvimento do profissional dos docentes se dá por fatores pessoais internos ou até mesmo externos a escola. 32 Todo esse trabalho de remoção de dificuldades no processo educativo deve ser harmoniosamente trabalhado com os professores. É nesta hora que o supervisor com toda a sua empatia fará notória a sua presença e o seu trabalho ao lado desses profissionais. Toda equipe docente deve, mesmo em salas diferentes trabalhar com os mesmos propósitos, e é o supervisor juntamente com o orientador quem conduzirão o processo. É difícil, mas este profissional tem que “lançar mão” de todas as estratégias possíveis para chamar estes docentes a participação mútua e a conscientização da eficácia do mesmo com a equipe técnico-pedagógica. Isto pode ser feita através de entrevistas, conversas informais, observação de quadros expositivos na sala dos professores, circulares destinadas aos mesmos com relatos de técnicas e ocorrências educativas positivas e até mesmo negativas, para que o supervisor educacional possa conhecer mais profundamente o interesse e a bagagem dos docentes que dispõem em equipe. Estas ocorrências podem ser externas ao ambiente escolar em que estão inseridos até mesmo internas, questionários de sugestões e avaliação da equipe e do seu trabalho, ou seja, da funcionalidade. É imprescindível que o supervisor não sufoque as iniciativas dos professores. A ação do supervisor quando não é bem dirigida, pode ser fonte de insegurança, de frustração, que conduza o professor a um trabalho de baixa qualidade. Ao contrário, quando o supervisor se preocupa com o problema, tem em vista a necessidade de o professor desenvolver: autoconceito positivo, satisfação profissional; (Eurides, 1976, p.152) autoconfiança. 33 O supervisor diante dos problemas deve mostrar confiança, manifestar aceitação, simpatia para que se promova o auto-conceito positivo. A satisfação vem junto com o reconhecimento do supervisor frente aos trabalhos apresentados. Já a autoconfiança decorre da liberdade de ação dada aos docentes reconhecendo suas limitações e méritos. É preciso trabalhar essa nova imagem e verdadeira função do supervisor, esquecendo aquela visão do passado em que era reconhecido como líder do ensino e como erradamente é definido em alguns livros, e passando a conceber e “sentir” que sua tarefa dentro da instituição de ensino caminha junto a própria realização e satisfação dos professores. O sucesso do trabalho do supervisor e, conseqüentemente da administração escolar e dos docentes, depende da organização humana. Todo o seu desenvolvimento intelectual, social e emocional se dá como conseqüência desta organização. O supervisor deve planejar suas ações, comunicar, mudar e implementar a supervisão no grupo, deixando os docentes opinarem, participarem de seu planejamento de forma consciente do que é, e como será melhor para o amplo desenvolvimento educacional. As ações devem ser planejadas e testadas para a observação de sua funcionalidade e a comunicação caminha antes, durante e pós projeto, quando se vê a mudança ocasionada pela integração de toda a equipe técnico-pedagógica da instituição. 3.1 O papel da supervisão educacional na formação dos professores A ação supervisora, muitas vezes entendida como assessoria (interna ou externa), constitui a melhor solução para o trabalho, assumindo a 34 responsabilidade pela formação continuada dos professores e, em certos momentos, de toda a equipe escolar. Sabendo-se que o sucesso do trabalho do supervisor com os docentes dependem da organização humana, é necessário que os docentes estejam preparados para isto, ou seja, a prática de uma formação continuada para que haja um desenvolvimento dentro e fora de sala de aula positivamente. Alguns docentes consideram que não há necessidade de um curso de “reciclagem”; o que aprenderam na época da faculdade é o suficiente para a sua prática. Porém não podemos esquecer que para melhores resultados é necessário, muitas das vezes, um aprimoramento ou uma simples troca de idéias com outros profissionais de outras instituições, o que resultam em busca por melhoria no aprendizado do próprio aluno. A tarefa do professor é extremamente importante e complexa: deve estar preparado para exercê-la, ou melhor, considerando que a prática é dinâmica e aberta, e que o professor não se propõe a realizar uma atividade mecânica e repetitiva, dever estar constantemente se qualificando para exercêla. Tal qualificação,portanto, não se dá necessariamente a priori: pode se dar antes, durante e após a prática. Mesmo quem saiu dos melhores centros universitários sabe que não domina tudo o que a atividade educativa exige tendo necessidade de aprimoramento contínuo. O professor também é um pesquisador: toda pesquisa tem origem num problema que o sujeito se coloca; ora, como sabemos, os desafios do cotidiano escolar são graves por demais; portanto, para enfrentá-los com competência, o educador precisa estar sempre estudando, lendo, buscando... A escola não pode ser vista apenas como local de trabalho; deve ser ao mesmo tempo espaço de formação. É preciso investir prioritariamente na formação permanente e em serviço do professor, para que possa ter melhor compreensão do processo educacional, postura e métodos de trabalho mais apropriados. O trabalho coletivo constante é uma estratégia decisiva para isto. 35 Os estudos sobre a formação docente têm revelado que a grande referência para um professor em início de carreira são os colegas: tratam-se daqueles saberes que são passados informalmente, diante das dificuldades que o neófito vai expressando e os mais experientes vão dando “dicas”. O problema é que essas dicas ficam por aí; não sendo tematizadas e discutidas, dois problemas ocorrem: a) são perdidas do ponto de vista de uma possível socialização e sistematização; b) podem conter equívocos que vão dificultar o processo de mudança da prática do professor e da escola. Para que realmente aconteça estas mudanças é necessário que se faça a reunião periódica como já foi citado anteriormente. A reunião é um espaço privilegiado para o resgate do saber de mediação do professor, qual seja, a mediação que o docente faz entre os saberes das ciências de referência com as quais trabalha e os saberes pedagógicos. Todavia, o saber do professor tem também outra referência: sua prática refletida, que vai além do modelo clássico Teoria – Prática, no qual o professor, durante sua formação, aprenderia conceitos gerais e abstratos que trataria depois de traduzir em práticas concretas. Objetivamente, existe um saber do professor acumulado na sua experiência que precisa ser resgatado. Muitas vezes, este saber morre com ele, pois não oportunidade para ser elaborado, partilhado. Na reflexão coletiva sobre a prática, o professor tem a possibilidade de tomar consciência deste saber que possui, mas que comumente não se apercebe. O diálogo entre professores é fundamental para consolidar saberes emergentes da prática profissional (Nóvoa, 1992 p.26). Negar este espaço de trabalho na escola é contribuir para o desperdício da cultura pedagógica desenvolvida, para a mera justaposição de saberes e para 36 o reforço da dicotomia teoria – prática, além de ser uma forma de negar o saber do professor. O professor deve estar sempre se atualizando para que sua prática pedagógica também possa estar atualizada. CONCLUSÃO Na história da educação brasileira, as preocupações que dizem respeito à supervisão escolar estiveram na maioria das vezes relacionada à articulação do sistema nacional de ensino e aos vários órgãos que o compõem. A supervisão escolar esteve por muito tempo atrelada a gestão escolar, pois se 37 entendia que a função de supervisor fosse apenas para inspecionar o trabalho do professor. Com o passar do tempo, a supervisão escolar ganhou uma nova dimensão, mais dinâmica e com maior potencial de eficácia a longo prazo: a melhoria do desempenho do professor, isto é, o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes dos mesmo em relação ao processo ensino-aprendizagem, desmistificando a idéia antiga de que a supervisão seja fiscal do trabalho do professor. O papel do supervisor escolar se constitui na somatória de esforços e ações desencadeados com o sentido de promover a melhoria do processo de ensino-aprendizagem, por isso que ele vem recebendo uma formação baseada num modelo voltada para o controle da produtividade do ensino, no qual sua tarefa na escola se baseia na fiscalização da eficiência da tarefa educativa, não se resumindo às tarefas burocráticas, tornando-se assim um agente de transformações na escola. BIBLIOGRAFIA FERREIRA, Naura Syria Carapeto ( ORG). Supervisão educacional para uma escola de qualidade: da formação à ação. 3.ed., São Paulo : Cortez, 2002. 38 LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia: Alternativa, 2004. LÜCK, Heloísa. Ação Integrada, Administração, Supervisão e Orientação Educacional, 25. ed., Petrópolis, RJ : Vozes, 2007. VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. 9. ed., São Paulo : Libertad editora, 2008. FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes – Instituto A Vez do Mestre Título da Monografia: As relações supervisor educacional / professor Autor: Helen Oliveira Silva Lombardi 39 Data da entrega: 07/02/09 Avaliado por: Conceito: ANEXOS