Ano X • nº 194
Junho de 2011
R$ 5,90
em poucas palavras
Que bom, então, que essa nossa triste sina parece estar
definitivamente encerrada. Vem aí o 1º Festival de Ópera
de Brasília, uma série de dois concertos e duas óperas –
Cavalleria rusticana e Pagliacci – que vão mobilizar mais de
140 músicos e um batalhão de cenógrafos, figurinistas, costureiros e profissionais responsáveis por mover a máquina
dos grandes espetáculos. O projeto é dedicado ao maestro
Sílvio Barbato, ex-regente da orquestra, que morreu há
exatos dois anos no acidente com o avião da Air France
sobre o Oceano Atlântico. Leia na página 26 nossa matéria
de capa com os detalhes da temporada de ópera.
Destacamos ainda mais três atrações deste mês que
reforçam a vocação da cidade para receber espetáculos internacionais: a Mostra Internacional de Teatro, no CCBB
(página 30), o Disney on ice, no Ginásio Nilson Nelson
(página 29), e o show de John Pizzarelli no Centro de Convenções, bem no Dia dos Namorados (página 25).
Por falar nisso, claro que não poderíamos deixar de
sugerir um roteiro caprichado de duas dúzias de lugares para
curtir o 12 de junho, estrategicamente posicionado num
domingo. Leia, na página 6, a matéria Cuide bem do seu amor
e escolha a forma de brindar a data com ele (ou ela) no
domingo ou durante todo o fim de semana, por que não?
Há ainda novidades na área gastronômica: a inauguração de uma hamburguería que se propõe a fazer sanduíches mais saudáveis, de um restaurante japonês no Pontão,
sem contar a reestruturação do Babel, vendido para o chef
Diego Koppe. Por último, não deixe de ler as dicas que o
“embaixador do churrasco”, Mauro Abreu de Camargo, em
Brasília para participar da Expotchê, dá ao colunista Luiz
Recena, em Garfadas & Goles (página 16). Trilegal.
Boa leitura e até julho.
Telmo Ximenes
Bem disse o maestro Cláudio Cohen, regente da
Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro,
ao repórter Alexandre Marino: “Nosso teatro foi planejado
para nascer grande como Brasília, e configurado para que a
cidade possa receber espetáculos à altura das grandes capitais do mundo – Nova York, Paris, Londres”. Isso só não
aconteceu, segundo ele, porque não houve vontade política
para que nosso contexto cultural se mantivesse em patamar
elevado. Afinal, acrescentou o maestro, “temos o teatro,
temos a orquestra sinfônica, escolas de música e artistas de
grande qualidade”.
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águanaboca
O Piqueo del amor é o prato criado pelo chef David
Lechtig, do El Paso Texas, para o Dia dos Namorados
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picadinho
pão&vinho
garfadas&goles
dia&noite
brasiliensedecoração
galeriadearte
graves&agudos
queespetáculo
luzcâmeraação
Maria Teresa Fernandes
Editora
ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda | SHS, Ed. Brasil 21, Bloco E, Sala 1208 – CEP 70322-915 – Tel: 3964.0207
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Roberto Ferreira, sobre foto de Rodrigo Oliveira| Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Reportagem Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre
dos Santos Franco, Ana Cristina Vilela, Beth Almeida, Bruno Henrique Peres, Eduardo Oliveira, Guilherme Guedes, Heitor Menezes, Lúcia Leão, Luiz
Recena, Quentin Geenen de Saint Maur, Reynaldo Domingos Ferreira, Sérgio Moriconi, Silio Boccanera, Súsan Faria e Vicente Sá | Fotografia Eduardo
Oliveira, Rodrigo Oliveira e Sérgio Amaral | Para anunciar Ronaldo Cerqueira (8217.8474) | Assinaturas (3964.0207) | Impressão Teixeira Gráfica e
Editora | Tiragem 10.000 exemplares.
www.roteirobrasilia.com.br
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Divulgação
água na boca
Cuide bem
do seu amor
Pizza retangular da Vila Milagro
Um roteiro dos melhores lugares para
curtir o dia (ou a noite) dos namorados
Por Beth Almeida
N
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amorados, maridos e esposas,
amantes, namoridos, companheiros, ficantes, seja lá que nome ou formato tenham as relações ao longo do tempo, o fato é que o amor e o romance estão sempre na moda. E o dia 12
de junho inspira o cenário ideal para comemorar o prazer de estar junto. Para essa
data, todos querem oferecer algo especial
a seu par perfeito. Seja um presente, um
passeio diferente ou um jantar romântico
a dois. Neste ano, o calendário propicia
um luxo a mais aos apaixonados: a data
cai num domingo, fazendo com que a comemoração possa se estender por todo o
fim de semana, com um jantar romântico
como grand finale do idílio amoroso.
Pensando nisso, os restaurantes da cidade preparam cardápios e promoções especiais para a data. E é claro que não podem faltar ingredientes afrodisíacos. Que,
aliás, são a tônica de vários restaurantes,
entre eles os do Terraço Shopping. O La
Cuccina Carpe Diem D’Itália, por exem-
plo, sugere um ravioli de maçã com queijo cremoso e aromatizado com canela e
mel. No Grande Muralha, o toque afrodisíaco fica por conta do camarão apimentado refogado ao gengibre, pimenta e pimentões. Já a Confraria do Camarão sugere o crustáceo imerso em molho de leite
de coco, abacaxi em cubos e pimenta dedo-de-moça.
O Ilê (209 Sul) também entrou no clima de Afrodite, a deusa do amor dos gregos, com pratos como os camarões no
abacaxi com creme afrodisíaco, acompanhado de arroz de castanha de baru. Entre
as cinco opções de pratos principais oferecidos pela casa para a comemoração, há
ainda um risoto de camarão, com “morangos do amor ao suco suave de laranja”.
O chef Paulo Maurício elaborou ainda
cinco entradas, todas de frutos do mar,
com exceção do blinis de bujú com carne
seca. Para harmonizar com a refeição, recomenda espumantes como o Miolo Millesimé, o Don Giovani Moscatel (“que
exala o romântico aroma das flores de jasmim”) e o Cava Cristalino Rosé (“de cor
insinuante, da cor do amor”).
No El Paso Texas, que no dia 12 estará todo decorado com corações, a refeição
dos apaixonados será um passeio gastronômico pela América Latina. O Piqueo
Del Amor, concebido pelo chef David Leichtig, conta com delícias como ceviche,
guacamole com coquetel de camarões e leche de tigre, entre outros sabores. “O leche de tigre é um caldo de peixe temperado com gengibre e outras especiarias, altamente estimulante e muito apreciado pelos peruanos em grandes festas e baladas”, explica Lechtig.
Outra opção de sabores andinos é o
Taypá (QI 17 do Lago Sul), que recentemente recebeu do governo do Peru o título de melhor restaurante peruano no Brasil. O chef Marco Espinoza criou uma sobremesa especialmente para a data: a Pareja Ideal, mousse de chocolates branco e ao
leite recheada de praliné e nozes e amendoim, com frutas vermelhas e amêndoas
fatiadas crocantes. A promoção fica por
conta das duas taças de espumante para
os casais que pedirem a sobremesa e uma
caixa de alfajores para os que comparecerem ao restaurante na data.
O Gero, do Shopping Iguatemi, também oferece brinde aos casais que escolherem o Menu Degli Innamorati elaborado pelo chef Salvatore Loi, composto
Divulgação
de couvert, salada de queijo de cabra com
pera de entrada, um gnocchi di patate ripieni di ossobuco com um filetto di pargo
com tortinho di champignon e duas sobremesas.
Para quem quer namorar contemplando a vista do Lago Sul, uma opção é o Bier
Fass do Pontão, que sugere para a data
um tornedor ao molho de frutas vermelhas, acompanhado de risoto de queijo
brie. Outra opção é o Dom Francisco da
Asbac, mas somente para quem quiser comemorar com antecedência, porque essa
é a única casa da rede que não abre no domingo à noite. Para este ano a rede, composta por outras quatro casas, planejou toda uma semana em homenagem aos enamorados, que vai do dia 6 ao dia 12, mas
somente para o jantar. Francisco Ansiliero e sua filha Giuliana criaram dois pratos
especiais para esses dias: um bife angosto
grelhado, acompanhado de batatas rústicas, e um filé de monkfish ao azeite de ervas, acompanhado de aspargos grelhados.
Para o brinde, o espumante espanhol Cava Cristalino, brut ou demi-sec.
Quem entrar no clima de curtir a data
já na véspera pode optar ainda pelo
Nippon (403 e 207 Sul), que especialmente no dia 11 atenderá no sistema de rodízio e presenteará os casais com duas taças
de espumante. Como as duas casas têm
serviços de rodízio diferenciados, é bom
consultar o cardápio no ato da reserva.
Também para o jantar da véspera, o
Oliver, do Clube de Golfe, preparou um
cardápio com três opções de entrada, quatro de pratos principais e três sobremesas.
Assim, a refeição pode começar, por
exemplo, com um ceviche de salmão com
chips de mandioca, continuar com uma
lagosta ao molho de champanhe e risoto
de limão siciliano terminar com um brownie de chocolate com sorvete de menta.
Como prato principal a casa oferece ainda
um cordeiro com farofa de ervas, um filé
ao molho de geleia de morango e pimenta
e um risoto de alcachofra com tomate cereja. Como brinde aos namorados, a pro-
O "dueto da sensualidade" será servido nos restaurantes do chef Dudu Camargo
gramação especial fica por conta do Love
Beatles Trio Cover, que tocará no Oliver
de sábado e domingo.
Já no Parrilla Madrid (408 Sul), a entrada para o jantar será um consumé de
cogumelos shitake crocantes, que podem
ser seguidos por uma lagosta com manteiga de ervas, um filé à Malbec (grelhado na
parrilla, ao molho de vinho, com batatas
bravas) ou uma costeleta de cordeiro marinada com tomate confitado. De sobremesa, creme fredo de doce de leite argentino.
Novidades também no cardápio do
Chopp Time Street (413 Sul), que aproveita a data para lançar um menu de pratos duplos. São dez opções de carnes,
frango, peixe ou vegetariana. Entre os destaques, o Principe Albert, um filé mignon
à dorê com molho branco, cebola, tomate
e champignon, acompanhado de arroz de
brócolis e batata palha. Para acompanhar,
uma bebida mais despojada, mas que é especialidade da casa: o chope, em suas
mais diversas variações – escuro, fantástico, ferrugem e baby.
Os que curtem juntinhos a culinária
regional nordestina podem aproveitar a
data para experimentar o risoto nordestino (com carne de sol) do Severina (201
Sul). O restaurante serve a iguaria durante
todo o mês de junho e aproveita a data para lançar também uma nova sobremesa: o
bolo de rolo com recheio de chocolate
meio amargo. Também especializado em
comida regional, o Fulô do Sertão (404
Norte) receberá os pombinhos com duas
taças de vinho, rosa e cartão para que escrevam suas declarações de amor e em seguida curtam um jantar à luz de velas, no
dia 11, ou um almoço no dia 12. Para a
noite, a sugestão da casa é o “jantar elegante”, um tour pelo que há de melhor na
cozinha nordestina, como a charque gratinada com queijo de coalho.
Já no Giappa, do ParkShopping, o cardápio especial dos namorados estará disponível ao longo de todo o fim de semana
e reúne as três especialidades da casa: culinárias japonesa, italiana e brasileira. A entrada são rolinhos dyo tipicamente japoneses, seguidos de lagostines grelhados ao
gengibre acompanhados de risoto e, para
finalizar, a brasileiríssima cartola.
No Belini Il Ristorante (113 Sul), o
chef Renato Ialenti elaborou cardápio especial para a noite do dia 11, com delícias
como o risoto de presunto parma com
abóbora e queijo parmesão ou o filé mig-
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Divulgação
água na boca
especial para o fim de semana dos namorados, com duas opções para degustação a
dois, os apaixonados poderão também
personalizar o fundo sonoro do romance,
a partir do cardápio musical da casa, com
mais de duas mil músicas. Cada casal poderá escolher uma sequência de quatro
canções para serem tocadas enquanto saboreiam as delícias escolhidas. É só escolher o repertório e deixar a vida os levar...
La Cuccina Carpe Diem D’Italia
Terraço Shopping (3363.1777)
Grande Muralha
Terraço Shopping (3233.3532)
Confraria do Camarão
Terraço Shopping (3234.7350)
Ilê
209 Sul (9994.1503)
El Paso Texas
Lagostines grelhados
non recheado com cogumelos porcini ao
perfume de trufas negras, acompanhado
de risoto de parmesão. O Belini é opção
também para quem quer comemorar já
no início do domingo com o brunch tradicional da casa, que no dia 12 optará pela inevitável taça de espumante, cortesia
da casa.
O chef Dudu Camargo também elaborou cardápios especiais em homenagem
aos namorados, servidos no almoço e no
jantar. No DaNoi, do Hotel Golden Tulip, o toque afrodisíaco está no cuscuz
marroquino com frutas secas, castanhas,
canela e pimenta dedo-de-moça, uma das
opções de entrada. São três as sugestões
de prato principal, entre elas um filé ao
molho de chocolate com pimenta acompanhado de risoto de frutas vermelhas, e
duas alternativas de sobremesa. Para o
Dudu Camargo Bar e Restaurante (104
Sul), o Your’s (QI 11 do Lago Sul) e a
Cantina Italiana Unanimità (409 Sul) o
chef elaborou um cardápio com o sugestivo nome de “dueto da sensualidade”: camarão grelhado passado na farinha de
amêndoas com molho de queijo brie e
gengibre e dados de filé grelhado com calda de ostra e molho de sorvete de chocolate meio amargo com pimenta dedo-de-
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Terraço Shopping (3233.5197)
moça, ambos acompanhados de risoto
de frutas vermelhas e couli de manjericão. As três casas terão horário especial
no dia 12, das 12 às 24 horas.
Os adeptos da vida saudável, ou que
querem experimentar a cozinha elaborada com ingredientes orgânicos, podem
aproveitar a data para conhecer o Bhumi
(113 Sul), que preparou uma seleção de
pratos para os dias 11 e 12, reunidos em
quatro opções de menu – um à base de
carne vermelha, outro à base de massa integral, um terceiro à base de peixe e mais
um vegetariano. A casa pensou também
naqueles que querem começar a comemoração no café da manhã, com duas opções especiais para essa refeição.
As pizzas e os crepes são a especialidade da Vila Milagro (116 Norte), mas o
chef Serja decidiu receber os apaixonados
com cardápio especial para o almoço do
domingo. São duas opções, uma de menu
bovino, tendo como prato principal um filé ao funghi com risoto italiano, e outra de
menu marítimo, estrelado por um salmão
ao forno com legumes. Tudo embalado
com música (romântica, provavelmente)
ao vivo e com promoção (desconto) para
os primeiros dez casais do dia.
No 4Doze Bistrô, além do cardápio
Taypá - Sabores del Peru
QI 17 do Lago Sul (3248.0403)
Gero
Iguatemi Shopping, térreo (3577-5520)
Bier Fass
Pontão do Lago Sul (3364.4041)
Dom Francisco
402 Sul (3224.1634) Asbac (3224.8429)
Academia de Tênis (3316.6285)
ParkShopping (3363.3079) Pátio Brasil
(3322.1071)
Nippon
403 Sul (3224.0430) 207 Sul (3244.2477)
Chopp Time Street
413 Sul (3542.0918)
Oliver
Clube de Golfe de Brasília (3323.5961)
Parrilla Madrid
408 Sul (3343.0698)
Severina
201 Sul (3224.6362)
Fulô do Sertão
404 Norte (3201.0129)
Giappa
ParkShopping (3234.7871)
Belini Il Ristorante
113 Sul (3345.0777)
DaNoi
Hotel Golden Tulip (3429.8100)
Dudu Camargo Bar Restaurante
303 Sul (3323.8082)
Your’s
QI 11 do Lago Sul (3248.0184)
Cantina Italiana Unanimità
408 Sul (3244.0666)
Bhumi
113 Sul (3345.0046)
Vila Milagro
116 Norte (3347.4116)
4Doze Bistrô
412 Sul (3345.4351)
Um japa nada
S
e você procura um sushi tradicional, este não é o seu lugar. Os fãs da
cozinha japonesa mais purista vão
estranhar o cardápio do Soho, restaurante
baiano que acaba de abrir suas portas em
Brasília. A culinária japonesa é só o ponto
de partida para as sofisticadas receitas servidas na casa, inaugurada no último dia 2
no Pontão do Lago Sul.
A primeira coisa que chama a atenção
é a ausência da alga em grande parte das
receitas. O chef paulista Alan Kumomoto
– com passagens pelo Soho Marina de
Salvador e Original Shundi de Brasília –
usa uma solução arquitetônica diferente
para enrolar cada sushi, seja em massa de
harumaki ou em alguma folha verde. Em
alguns rolls, o próprio peixe faz as vezes
da alga, enrolado em volta do arroz.
Assim são criados sushis como o Soho Maki (salmão maçaricado com brócolis, cream chease e molho levemente picante, seis peças a R$ 27,50), o Uramaki
Salmon Skin (pele de salmão frita, oito peças e R$ 14) e o Hot Roll (salmão, kani,
cebolinha e cream chease, oito peças a
R$ 29,50).
Mas o carro-chefe do Soho, pelo menos nas casas de Salvador e Fortaleza, são
as robatas. São 26 tipos de espetinhos grelhados, entre eles os de camarão, lula, polvo, shimeji, shitake, picanha, carré de carneiro e queijo coalho de búfala. Também
existem robatas doces, de banana da terra
e abacaxi.
Um prato peruano ganha uma versão
à moda oriental. O ceviche do Soho é feito com cubos dos mesmos peixes e frutos
do mar usados nos sushis, marinados no
limão e na laranja. O restaurante também
inova no gyoza, pastelzinho oriental normalmente recheado com carne suína. No
Soho, o recheio é de salmão, camarão e
shimeji. As saborosíssimas receitas com
polvo chamam a atenção. De tão macio, o
molusco até parece um pedaço de queijo.
Para quem não é muito afeito à gastronomia nipônica, a filial brasiliense já abre
as portas apresentando uma novidade: 12
opções de pratos baseados na culinária internacional. São saladas, massas, carnes,
peixes e camarão elaborados com a mesma sofisticação do resto do cardápio. Os
destaques são o bacalhau à moda da casa,
as costeletas de cordeiro no alecrim e o filé
ao molho de cogumelos. Para harmonizar, a casa oferece 150 rótulos de vinhos.
A vista para o lago, aliada ao belo projeto contemporâneo do arquiteto baiano
Adriano Mascarenhas, é a cereja do bolo.
Com 700 m², o Soho recebe confortavelmente até 200 pessoas: 100 na varanda,
40 no mezanino e 60 no salão principal.
Na decoração, destacam-se as esculturas
de Tonico Lages, feitas com madeira de árvore do cerrado destruída por queimada.
Fotos: Divulgação
convencional
Soho Restaurante
Pontão do Lago Sul (3364.3979).
De 3ª a domingo, das 12 às 2h.
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água na boca
Hambúrger saudável?
Three Burgers abre as portas prometendo combater o estigma
de junk food do sanduíche mais consumido no mundo inteiro
Texto e foto Akemi Nitahara
N
o recém-inaugurado Three Burguer, tudo é em três no cardápio.
Três tipos de hambúrguer, três
de sanduíches na baguete, três saladas e
três sobremesas. O conceito introduzido
pela chef Shirley Soares é ser enxuto, com
qualidade diferenciada. “Ao invés de fazer
um cardápio gigante, optamos por buscar
o que as pessoas realmente gostam em
matéria de hambúrguer”, explica.
Não se trata de uma lanchonete, mas
de um “restaurante de hambúrguer”, segundo Shirley. “A ideia é ser diferente das
outras hamburguerias. As pessoas buscam qualidade de vida e o hambúrguer
não é visto exatamente como uma comida
saudável”, admite Shirley, que desenvolveu a receita clássica americana com ingredientes nobres e pães especiais. Além do
pão tradicional, são oferecidas as opções
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de semi-integral (com vários grãos) e do
australiano escuro.
O hambúrguer padrão tem 170 gramas e é feito com fraldinha maturada ou
filé (R$ 20,90). O prime, com 200 gramas, recheado com shimeji e cream cheese,
sai por R$ 24,90. A terceira opção de
hambúrguer de carne é combinada com
peperone. Para os não carnívoros, ou
adeptos de uma alimentação mais light, a
pedida é o hambúrguer de shimeji com
shitake ou o de salmão defumado, ambos acompanhados de batata frita, com
a opção de troca por uma mini salada
caesar, além de um molho especial, que
pode ser o sugerido pela chef ou qualquer outro à escolha do freguês. São nove tipos de molhos, todos artesanais, como o de cebola teriyaki e o chutney de
abacaxi ou de tomate verde.
Para acompanhar, chope da Brahma
e drinks com vodka Absolut. Ou um dos
três sucos do cardápio: laranja tradicional, com blackberry ou de abacaxi. Para
finalizar, as sobremesas são o cheese cake
de frutas vermelhas, o brownie desenvolvido há dez anos pela chef ou cookies com
sorvete.
O conceito do projeto e da decoração
é do arquiteto George Zardo. E a arte, de
Nemm Soares, dono do vizinho Bendito
Suco, que também conta com os toques
de Shirley no cardápio. O salão e a “varanda” comportam 64 pessoas, mais quatro
lugares no balcão.
Há 15 anos no mercado, Shirley Soares estudou na Inglaterra e trabalha como
consultora de gastronomia. Acumulou
farta experiência em restaurantes como o
Quartier Bistrot, do Sudoeste, o Churchill, dos Hotéis Meliá, a pizzaria Donna
Achiropita, da 307 Norte, e a creperia
Voyage Gourmet, do Boulervard Shopping. Mas o Three Burgues é sua primeira casa própria, em sociedade com o filho Guilherme Soares, que vai gerenciar
o negócio. A chef também foi responsável pela dieta pessoal dos três últimos governadores do Distrito Federal – José
Roberto Arruda, Wilson Lima e Rogério
Rosso – e por eventos da residência oficial de Águas Claras.
O projeto está sendo desenvolvido
desde dezembro, e finalmente saiu do papel no início deste mês. Como promoção
de inauguração, a Three Burguer oferece
happy hour com chope em dose dupla.
Three Burguer
413 Norte – Bloco E (3033.3136)
Diariamente das 15h30 às 24h.
Fotos: Divulgação
Double cotte (medalhão
de filé envolto em pancetta)
Carpaccio de polvo
e camarão
Babel de novos sabores
O
nome continua o mesmo, mas é
só. No novo Babel, tudo o mais,
do cardápio à decoração, tem a
cara do chef Diego Koppe, um brasiliense
apaixonado por gastronomia desde os 12
anos e que, após longo aprendizado no
Brasil e no exterior, acaba de comprar
e reformular por completo o estrelado
restaurante comandado durante oito
anos por William Chen Yen, integrante
da Associação dos Restaurantes da Boa
Lembrança.
Embora bastante jovem (tem apenas
27 anos), Diego já exibe respeitável trajetória profissional, iniciada na década de
90 como auxiliar da chef Geovana Gastal em seu bufê e em seus cursos de culinária francesa. Muito aprendeu com o
chef Eduardo Camargo (pai de Dudu
Camargo, e um dos raros brasileiros diplomados pela célebre escola de culinária francesa Le Cordon Bleu), quando integrou a equipe do saudoso Via Vecchia
Ristorante. A partir daí, fez vários cursos
de especialização e em 2008 foi para a
Europa, formando-se em cozinha e enologia italiana pelo Italian Culinary Institute for Foreigners (ICIF).
Também estagiou durante cinco meses no restaurante Ca Vegia by Mussoni,
na Lombardia, o que explica a forte influência da cozinha italiana no cardápio
do novo Babel. “Mas também aprecio
muito as técnicas e sabores de outros países, principalmente da França e da Espanha”, admite o chef. Um destaque do
cardápio é o delicado carpaccio de polvo
e camarão – finas lâminas servidas com
fios de gelatina de Martini e molho de
camarão rosa (R$ 29). Entre as carnes,
brilha o double cotte, medalhão de filé envolto em pancetta, servido ao molho de
vinho tinto, com batatas ao murro e ovo
poché (R$ 49). Uma boa opção de sobremesa são as uvas congeladas no nitrogênio, ao molho de vinho branco (R$ 19).
Mas as mudanças não se limitaram
ao cardápio. A cozinha do restaurante
foi totalmente reformada e adaptada às
necessidades de Diego. “Preciso de um
espaço onde possa fazer tudo na casa, inclusive pães e massas”, ele explica. No andar superior, o salão foi dividido entre um
ambiente para eventos exclusivos de até
12 pessoas e um escritório. No térreo, os
50 lugares oferecidos estão separados entre o salão climatizado e a varanda.
Diego introduziu também algumas
novidades no serviço do restaurante. Na
chegada, os clientes são recepcionados
com o couvert do dia e uma jarra d’água,
oferecidos gratuitamente. Quem quiser
levar – e consumir ali – o vinho de sua
preferência não precisa pagar a “rolha”,
desde que o rótulo não esteja na carta
do restaurante. Finalmente, a mais original de todas as surpresas: antes de cada prato consumido o cliente ganha um
amuse-bouche, pequena porção que prepara o paladar do comensal para o que
virá a seguir.
Babel
215 Sul – Bloco A (3345.6042). De 2ª a
sábado, das 19 às 24h. Mais informações:
www.babelrestaurante.com.br.
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água na boca
A evolução do Piauí
A distribuidora de bebidas que virou point da moçada descolada
acaba de inaugurar, bem em frente, um bar e restaurante self-service
Texto e fotos Luiza Andrade
O
que começou em 1985 como
uma distribuidora de bebidas,
na 403 Sul, alguns anos depois o
empresário Francisco Agostinho Fernandes transformou em bar. Mas o negócio
cresceu e não parou por aí. Os irmãos
Maico, Matheus e Mariana, os três filhos
de “Seu Francisco”, resolveram criar uma
extensão do tradicional Piauí, com o mesmo nome do original. Bem em frente ao
bar e distribuidora do pai, o novo Piauí
se diferencia da matriz por sua estética
mais caprichada e por se transformar, na
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hora do almoço, em restaurante.
Maico, formado em Direito, diz que
sua vocação é mesmo administrar bares.
“Nós sempre trabalhamos junto com nosso pai. Foi daí que surgiu a ideia de abrir
esse novo Piauí”, relata, animado com o
movimento “além das expectativas” desde
a inauguração. Ele garante que a casa está
sempre cheia: “No começo da semana o
movimento é sempre um pouco menor
do que de quarta a sábado. Mas ficamos
surpresos porque não tivemos um só dia
vazio até hoje, e essa resposta é muito
boa, principalmente pelas novidades que
ainda virão”.
Um dos principais atrativos da casa
são os preços justos da cerveja, dos petiscos
e do bufê do almoço (R$ 22,90 o quilo).
Muito em breve o novo Piauí vai funcionar também à noite, só com os petiscos e
as porções que consagraram o pioneiro.
Para encarar o frio, a partir de agora será
oferecida também a possibilidade de degustar vinho em taça, informa Maico.
Outra novidade: as cervejas long neck e os
combos de vodca e energéticos, que não
são vendidos no bar do pai.
Além disso, às terças-feiras o bar oferece as cervejas Antarctica e Skol mais baratas, igualando-se, assim, ao preço da distribuidora. E nas quintas-feiras a promoção
vai agradar aos apreciadores da Original,
que também terá o preço reduzido. O publicitário Felipe Soares, de 31 anos, frequentador do velho e do novo Piauí, diz
que a casa não deixa a desejar e que está
garantida sua presença na happy hour das
terças e quintas-feiras, dias das promoções
de cerveja. “Achei muito bom esse novo
bar. O ambiente é moderno e confortável,
os preços são ótimos e a comida muito
gostosa. Se eu já gostava do trabalho deles
na distribuidora, agora então é que não
abro mão de vir aqui”, elogia.
Localizado na 402 Sul, o Bar & SelfService Piauí oferece serviço de manobrista todos os dias da semana. O bufê do
almoço começa às 11h30 e termina às 15
horas. O churrasco feito na hora é um
dos carros-chefes do variado bufê. E faz
parte dos planos dos proprietários incrementar o jantar com pratos executivos.
André Borges
Para quem curte assistir aos jogos de
futebol fora de casa, Maico informa que
agora o bar está sintonizado nas séries A e
B do Campeonato Brasileiro, e ainda dá
uma dica do que pedir para acompanhar
a imprescindível cerveja gelada: “A porção de carne de sol com mandioca e o filé
a palito são a grande pedida. Mas recomendo experimentarem também a asinha
de frango recheada, que é uma novidade
no cardápio”.
Maico e os irmãos prometem ainda
mais novidades. Para quem já era adepto
do bar e distribuidora de “Seu Francisco”, há agora essa versão melhorada do
outro lado da rua. Com a mesma tradição da família, em um ambiente maior e
com o toque que faltava. No almoço ou
na happy hour, a novidade tem tudo para
agradar aos que não dispensam uma gelada a preço justo e tira-gostos que combinam com um bom papo de mesa de bar.
Bar & Self-Service Piauí
402 Sul – Bloco B (3543.7353)
Diariamente, bufê das 11h30 às 15h;
domingo, 3ª e 4ª feira, bar das 15 à 1h; 5ª,
6ª e sábado, bar das 15 às 2h.
Carne de Kobe
no Parrilla Madrid
E
la é conhecida no mundo inteiro
como a mais macia e suculenta de
todas as carnes bovinas. Extraída
pelos japoneses do gado da raça Wagyu, a
carne de Kobe, presente nos cardápios
dos melhores restaurantes do mundo, desembarcou no início deste mês no Parrilla
Madrid. São dois cortes – bistec passion e
sete da palheta – que vêm se juntar ao bife
ancho, ao bife de tira e a outras carnes nobres preparadas ao estilo argentino pelo
restaurante da 408 Sul.
“A principal característica dos Kobe
Beef é a existência equilibrada de finas camadas de gordura em toda a carne, o que
chamamos de marmoreio. Ele é o responsável pelo sabor, pela maciez e suculência
do corte. Durante o cozimento, a gordura
derrete e deixa a iguaria espetacularmente
deliciosa”, garante Rodrigo Freire, sócio
do restaurante. Outra característica da carne é que, apesar do alto teor de gordura,
não é prejudicial à saúde.
Os criadores japoneses explicam que,
quando o animal está relaxado, produz
uma carne de melhor qualidade. Por isso,
algumas fazendas criam o gado Wagyu ao
som de música clássica. A alimentação
dos animais é à base de mistura de grãos e
cerveja, o que faz com que tenham mais
fome e engordem mais.
A bistec passion (R$ 99,90) tem 600g
e serve duas ou até três pessoas, dependendo de seu apetite. Já a sete de palheta
(R$ 51,90) tem 300g e serve uma ou duas
pessoas. “Por serem carnes de alto padrão, os cortes exigem um pouco mais de
cuidado no preparo. Essa exigência faz
com que sejam encontradas somente em
restaurantes mais refinados”, explica Rodrigo Freire.
Parrilla Madrid
408 Sul – Bloco D (3443.0698)
De 2ª a 5ª feira, das 12 às 15h; 6ª e sábado,
das 12 à 1h; domingo, das 12 às 17h.
13
picadinho
Foi esse o comentário bem-humorado
postado no Facebook pelo jornalista Ricardo
Jarrão após ler a notícia de que uma equipe
inglesa do Discovery Channel esteve em
Brasília para conhecer os sorvetes de frutas
regionais fabricados pela Sorbê. Eles estão
percorrendo algumas capitais brasileiras
para produzir um programa sobre nossa
gastronomia, que será exibido na Europa e
nos Estados Unidos em outubro. Segundo
Rita Medeiros, proprietária da Sorbê, os
gringos provaram vários sabores, mas se
amarraram, mesmo, nos de pequi, buriti,
araçá, cajá-manga e... cagaita, é claro.
Picolé personalizado
Outra sorveteria – a Gula
Gelada – acaba de lançar o
Specialito, um picolé que
permite ao cliente escolher
o sabor do sorvete, a
cobertura e o confeito.
Alguns sabores disponíveis: coco, framboesa,
graviola, groselha, milho
verde, açaí, pistache,
chocolate, tiramisú,
paçoquinha, petit suisse,
brigadeiro e chantilly. As
coberturas de chocolate são
servidas quentes nas versões
branco, ao leite, meio amargo
e com castanha. Para finalizar, o toque
especial dos confeitos: chocolate grandulado, mix de granulado colorido, coco flocado
e castanha de caju.
Mudanças na Quituart
A simpática feirinha de gastronomia do
Lago Norte (canteiro central da QI-9) está
com algumas boas novidades. Uma delas é
a Taberna do Infante, que até recentemente
funcionava na 408 Norte. Quem quiser
saborear as delícias de bacalhau do chef
português Jorge Santos poderá ir à sua
taberna nas noites de sexta e aos sábados
e domingos, das 10 às 18 horas. Já o
14
Promoção de aniversário
Las Paellas, de Weymer Quintas, cedeu
seu espaço ao Las Parrillas, de culinária
argentina. Weymer agora comanda o
café do Mercado Cobogó (704/705 Norte),
onde seus quitutes andam fazendo grande
sucesso.
O restaurante peruano Taypá - Sabores
del Peru está comemorando seu primeiro
aniversário com um concurso que dará uma
viagem para Lima com acompanhante. Até
o próximo dia 14, os clientes da casa que
responderem à pergunta “Qual a sua receita
para uma viagem perfeita ao Peru?” estarão
concorrendo a uma viagem com passagem
Brasília/Lima/Brasília, transfer, hospedagem,
city tour e show de dança típica com jantar.
O autor da melhor resposta será anunciado
no dia 15, quando o restaurante completa
um ano. Nesse dia, os clientes receberão
um pisco sour de boas-vindas.
Bar Bottarga
Brasília acaba de ganhar um bar de luxo,
cuja estrela principal é uma das mais
famosas vodcas do mundo, a holandesa
Ketel One. Localizado no Espaço Maria
Tereza, na QI 5 do Lago Sul, o Bar Bottarga
tem decoração moderna mas com toques
clássicos, acompanhando a identidade visual
da vodca, um das preferidas dos bartenders
no mundo inteiro. Compõem o bar dois
lounges, um balcão com oito lugares e
“sala blue” da Johnnie Walker. Os drinques
serão sugeridos pela Diageo, líder mundial
na produção de bebidas alcoólicas Premium,
responsável também pelo treinamento da
equipe. A Ketel One é destilada pela família
Nolet em Schiedam, na Holanda, com
processo de fabricação artesanal e quantidades limitadas, para preservar sua qualidade.
Sua chegada a Brasília acontece poucos
meses após o lançamento oficial no Brasil –
dia 15 de fevereiro, em São Paulo.
Anarriê! O restaurante Severina (201 Sul) oferecerá
nos meses de junho e julho um serviço
completo para festas juninas que inclui dos
quitutes – canjica, cachorro quente, bolo
de milho, escondidinho, paçoca de pilão –
à decoração. Dispondo de um espaço
decorado a caráter, com capacidade para
300 pessoas, a casa oferece bufê completo
de comidas típicas e bebidas ao preço de
R$ 35 por pessoa. Também é possível levar
a estrutura do Severina para outros locais,
como empresas, clubes e casas.
Festival de Inverno
Vem aí, de 13 de junho a 13 de julho de
2011, a quarta edição do Festival de Inverno
do Pontão do Lago Sul, que pouco a pouco
vai se tornando uma tradição no calendário
gastronômico da cidade. Participam todos
os restaurantes e bares do Pontão: Bargaço,
BierFass, Café Antiquário, Cervejaria Devassa,
Mormaii Surf Bar e o recém-inaugurado
japonês Soho. Cada casa terá um menu
desenvolvido especialmente para o inverno,
composto de entrada, prato principal e
sobremesa, ao preço de R$ 39,90 (almoço
e jantar). O Bargaço, por exemplo, terá de
entrada o bolinho de aipim com camarão,
de prato principal o filé de peixe grelhado
com molho de frutos do mar e de sobremesa
o manjar de coco com calda de ameixa.
Sucesso na Inglaterra
Fotos: Divulgação
“Globalizaram a cagaita”
Menos de dois anos após seu lançamento, o
vinho Alísios, elaborado especialmente para
os consumidores ingleses pela Seival Estate,
projeto da Miolo Wine Group na campanha
gaúcha, recebeu seu primeiro
prêmio. O Alísios Pinot Grigio/
Riesling 2010 levou a medalha de
bronze no The International Wine
Challenge 2011, em Londres.
O Alísios desembarcou pela
primeira vez na Inglaterra em
novembro de 2009. Desde
então, mais de 80.000 garrafas
já foram exportadas para o país.
A expectativa, após o prêmio,
é de um aumento de 30% nas
vendas.
PÃO & VINHO
ALEXANDRE FRANCO
pao&[email protected]
Feiras individuais
Como já tive oportunidade de escrever anteriormente,
inclusive na última coluna, sobre a Expovinis, a maior feira
de vinhos da América Latina, várias importadoras deixaram
de participar dessa grande exposição conjunta dos importadores e produtores nacionais e optaram pela realização de
“voos-solo”, ou seja, passaram a realizar feiras individuais,
nas quais a estrela que brilha é única.
Quando esse movimento teve início, seu objetivo era
o mesmo da Expovinis, ou seja, divulgar os vinhos e seus
produtores, bem como seus preços aos consumidores, que
poderiam então realizar suas compras devidamente informados sobre cada vinho. Todavia, esses eventos foram
ganhando maior dimensão e uma vertente puramente
comercial, que fizeram com que as importadoras visassem
ao lucro direto e imediato derivado das próprias feiras.
Nada contra o lucro, mas isso fez com que o valor dos
convites para os consumidores frequentarem as feiras tenha se elevado para a casa dos R$ 200, o que, na minha
opinião, é caro. Deveriam custar, no máximo, a metade
desse valor. Quando lembramos que há poucos anos muitas dessas feiras eram gratuitas, ao menos para os clientes
habituais das importadoras, no mínimo temos saudade.
De qualquer forma, a “feira de vinho” como conceito
é, me parece, uma boa ideia, em especial para os consumidores cotidianos de vinho, que podem, assim, experimentar os novos para só comprá-los com a certeza de que
vão se satisfazer. No mês passado, a Vinci Vinhos realizou
sua feira em São Paulo, no Hotel Grand Hyatt, e lá estive,
como sempre. Foram mais de 50 produtores, representando 12 países, com mais de 250 rótulos, entre brancos, rosés, tintos, espumantes e doces.
Na impossibilidade de comentar todos os vinhos que
degustei, escolhi um de cada tipo. Entre os brancos, cha-
mou-me muito a atenção o Alto Adige Sauvignon Blanc
Lahn 2009, da San Michele Appiano, que se apresentou
maravilhosamente típico, com aromas explosivos a maracujá e algo de pêssego, com boca fresca, de acidez marcante, mas bem integrada aos 14% de álcool. Um vinho
acima dos 90 pontos por US$ 56,50.
Dos rosés, fiquei com o Rosados 2009, da Quinta do
Mondego, um corte de Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro, Jaen e Baga da região do Dão, que se apresentou
bem estruturado, de cor rubi clara mas intensa, aromas a
frutas vermelhas e leve toque mentolado, boca de ótima
acidez e agradável mineralidade. Um vinho muito gastronômico na casa dos 88 pontos, pelo preço de US$ 23,50.
Dos tintos, gostei muito do Robertson Phanto Ridge
Pinotage 2007, da sul-africana Robertson Winery, um
varietal com notas tostadas claras e toque de defumado
no meio de frutas vermelhas maduras. Boca de corpo médio a quase pleno, sedoso, com doce de boca agradável
em mais frutas vermelhas. Com 14% de álcool, um vinho
dos seus 89 pontos pelo ótimo preço de US$ 37,50.
Em matéria de espumantes, mais uma vez fiquei com
o champanhe Brut Souverin, da Maison Henriot, com aromas de panificação e algumas frutas secas, além de amêndoas e nozes. Muito bom em boca, com ótimo perlage,
muito seco e bem estruturado. Acima dos 90 pontos,
por US$ 122,90.
Para a sobremesa, o imperdível húngaro Tokaji
Hétszolo 3 Puttonyos 2003, do Domaine Hétszolo com
aromas farmacêuticos e toque verde, mas ainda com toque de mel, frutas passas e cítricos. Em boca é fantástico,
com acidez cortante a bem equilibrada e textura sedosa
com toque de mel de laranjeira. Na casa dos 90 pontos,
pelo preço de US$ 99,50 a garrafa de 500ml.
15
GARFADAS & GOLES
Luiz Recena
Sobre carnes, gaúchos e outros temas
[email protected]
“Em mi tierra, um asado no es de nadie, es de todos”. Acho triste traduzir os idiomas de dois vizinhos que há cinco séculos insistem
em não se comunicar direito, enquanto fazem os maiores sacrifícios para macaquear idiomas distantes. Mas lá vai: “Na minha terra,
um churrasco não é de ninguém, é de todos”. A frase resume a filosofia do Pampa, uma região de bons campos em boa parte da
Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul. Resume, também, costume de um tempo pretérito, de uma solidariedade pura, que ainda
não era moeda de troca para programas políticos e/ou organizações não governamentais. Dizia que, na solidão do Pampa, o visitante
inesperado ganhava sempre um pedaço de carne junto ao braseiro. E é esse pensar coletivo, agregador, que fez do churrasco moderno uma celebração entre amigos e transformou as casas do ramo em templos dedicados aos prazeres da carne. Da carne assada. Para homenagear mais uma edição da Expotchê, nossa Roteiro conversou com uma das estrelas da festa, Mauro Abreu de Camargo, que chega a Brasília precedido pelo título de “embaixador do churrasco”. Seguem os principais trechos:
16
O que é ser embaixador do churrasco?
A proposta é divulgar e manter acesa essa
tradição, para que cada vez mais pessoas
tenham acesso aos conhecimentos que
desvendam o melhor churrasco. Esse
trabalho é desenvolvido por meio de
pesquisas, cursos, palestras, workshops,
consultorias e matérias na imprensa e no
site www.embaixadordochurrasco.com.br.
É realizado só no Brasil, ou já existem
experiências no exterior? Onde e como?
O projeto está no seu terceiro ano, e a sua
primeira missão internacional está sendo
a implementação da primeira churrascaria
gaúcha de alto padrão em Teerã. Estarei
no Irã durante dez dias no final de junho
e 35 dias nos meses de setembro e outubro de 2011. No Brasil, farei 16 palestrasshow com três mil participantes, 32
workshops e 45 cursos de churrasco, cada
um com 920 participantes, e 11 participações em feiras e congressos.
Quais as melhores carnes para churrasco?
Entre as bovinas, costela, picanha, entrecôte, fraldinha, maçã do peito, maminha
e alcatra. Das ovinas, as melhores são a
paleta, a costela, o espinhaço e o pernil.
Das suínas, a costela, o lombo e a sobrepaleta. Das carnes de frango, a coxa, a
sobrecoxa, a coxinha da asa e o coração.
Deve-se assar sempre a peça de carne inteira ou é aceitável fatiá-la, como fazem
com a picanha, por exemplo, as churrascarias adeptas do espeto corrido?
O churrasco não é só suculência, obtida
com mais intensidade quanto menos cortarmos a peça de carne. Também devemos levar em conta aspectos visuais como, por exemplo, a picanha em medalhões. É também ritual e entretenimento,
como o boi assado na goleira, no couro,
inteiro, costelão oito horas, entre outros.
Existe uma história básica, aceita pela
maioria, sobre a origem do churrasco?
A origem está atrelada ao surgimento do
fogo na pré-história. O churrasco é antropológico, é o ritual gastronômico que
mais aproxima as pessoas desde sua
origem até os dias de hoje. Sem dúvida,
quem o aprimorou e o deixou famoso
foram os gaúchos.
Jogo rápido
O pingue-pongue a seguir é uma pequena provocação, mas tem uma singela explicação, pois dizem os gaúchos mais antigos que, motivados por uma ou outra
resposta, gerações e gerações foram à luta, nas infindáveis revoluções e entreveros daqueles tempos imemoriais.
Gordura para cima ou para baixo? Ou
para cima e para baixo, alternadamente?
Para cima e para baixo, alternadamente.
Dá mais sabor e levanta menos labareda.
Esse é o ganho da churrasqueira com
espetos giratórios.
Sal no início, no meio (após selada a
carne) ou só no final?
Vale a preferência do churrasqueiro. Se
colocado no início, o sal penetrará mais
no interior da carne, que ficará menos
suculenta; se colocarmos o sal após selarmos a carne, ela ficará mais suculenta,
mas o sal não chegará a atingir seu interior. Gostaria de deixar uma dica: não salgue a carne bovina com muita antecedência, pois o sal favorece sua desidratação. E
não esfregue o sal grosso na carne; apenas
espalhe à vontade sobre a superfície.
Carvão ou lenha?
O carvão é mais prático. Mas algumas le-
nhas dão um toque especial ao paladar.
Espeto de pau ou de metal? E a grelha,
quando?
A tradição do gaúcho é o espeto de pau.
Com a evolução, passamos para o de
metal, que podemos esquentar bem antes de espetar a carne para selar seu interior. Quanto menos cortarmos ou furarmos a carne, melhor. Por isso, a grelha
tem seu valor, nos possibilita fazer uma
costela janela, uma picanha ou uma fraldinha com uma suculência sem igual.
No chão ou na churrasqueira?
No chão é tradição, origem e ritual. Na
churrasqueira é mais prático e mais fácil
de domar a caloria, para utilizarmos a
nosso favor.
A carne entra no fogo alto ou espera ele
baixar?
Depende do corte. Os cortes mais macios,
como a picanha, o entrecôte, a fraldinha
e a maminha, vão no fogo forte. Mas a
labareda nunca pode encostar na carne.
Já a costela bovina, os ovinos e suínos
devem ficar mais distantes do fogo.
Gaúchos cada vez
mais mineiros...
Como vimos, nosso especialista subiu
no muro. O que é bom, pois assim os
gaúchos e churrasqueiros em geral não
ganham motivos para guerras e pelejas.
E as questões podem continuar estimulando discussões enquanto esperamos a
carne, bebendo uma gelada ou um vinho,
ou uma caipira, ou outros tragos de lei.
E é bom, ainda, para incentivar mineiros, capixabas, nortistas, nordestinos e
outras nacionalidades a fazer seus churrascos e, assim, se sentirem um pouquinho gaúchos. Bem-vindos! Salud!
Fotos: Elder Galvão
Paella de bacalhau
Receita do gourmet Carlos Guerra, do restaurante Oliver (para 12 pessoas)
INGREDIENTES
• 250ml de azeite de oliva extra-virgem
• 250g de dentes de alho com casca
• 300g de pimentão vermelho picado
• 150g de pimentão em tiras (para decorar)
• 2 latas de tomate pelatti italiano
• 150g de cebola picada
• 300g de batata inglesa cortada em cubos pequenos
• 600g de arroz parboilizado
• 2kg de bacalhau dessalgado
• 100g de azeitonas pretas (para decorar)
• 20g de salsa picada (para decorar)
• 1 envelope de Paellero Carmencita (tempero à base de açafrão)
• 1 envelope de açafrão espanhol
• 40g de caldo de legumes em tablete
MODO DE PREPARO
Limpe o bacalhau e separe as aparas para o caldo. Reserve. Em uma
frigideira, frite o bacalhau com azeite até desmanchar em pétalas. Reserve.
Coloque em 3 litros de água fervendo as aparas, o caldo de legumes,
o açafrão espanhol, o tempero paellero e o conteúdo de uma lata de
tomate pelatti, previamente refogado em um pouco de azeite. Deixe ferver
por 30 minutos e coe. Reserve o caldo. Em uma paellera grande, aqueça o
azeite e refogue o alho com casca em fogo brando. Acrescente o pimentão
picado, a cebola, a outra lata de tomate pelatti e a batata crua. Deixe
cozinhar por 30 minutos. Acrescente o arroz e o bacalhau em pétalas.
Distribua os ingredientes de forma homogênea na paellera. Decore com
os pimentões em tiras, as azeitonas e a salsinha. Acrescente o caldo
até cobrir o bacalhau e deixe cozinhar por 25 minutos, até o arroz obter o
ponto desejado. Se precisar, acrescente mais caldo. Quando secar, sirva
quente. Tempo de preparo: 60 minutos.
17
Divulgação
DIA E NOITE
extramuros
Desdobramentos modernos é o nome da exposição que pretende contar
a história da modernidade no Brasil. A proposta partiu de Wagner Barja,
diretor do Museu Nacional da República e curador da mostra em cartaz
na Câmara dos Deputados até 31 de julho. São 38 trabalhos de 18
artistas provenientes do acervo do Museu da República e também de
coleções particulares. Entre os artistas com obras na mostra estão
Alfredo Volpi, Antonio Bandeira, Anita Malfatti, Candido Portinari,
Di Cavalcanti, Djanira, Rebolo, Guignard, Heitor dos Prazeres e Burle
Marx. Barja destaca o período entre 1914 e 1936, no qual se registrou o
fenômeno da figuração nas artes plásticas do país, período que trouxe para o centro um personagem principal: o homem brasileiro,
como próprio emblema da nossa identidade cultural. A mostra faz parte do programa Extramuros do Museu Nacional e inicia parceria
com a Câmara Federal, por meio de seu projeto Gabinete de Arte. Desdobramentos modernos pode ser visitada somente nos finais de
semana e feriados, no gabinete do presidente da Câmara, Marco Maia, das 9h30 às 17h30. Entrada franca.
Vitor Schietti
18
anaturezadaspessoas
Em 2009, o artista plástico brasiliense Darlan Rosa expôs suas esferas
bem no centro financeiro de Toronto. Durante meses, a instalação
Zero Gravity foi
vista por milhares
de canadenses
que frequentam
o Brookfield Place.
Agora, o trabalho de
Darlan pode ser visto
na galeria da Casa
Thoms Jefferson,
juntamente com
pinturas digitais
e esculturas de
pequenos formatos
especialmente criadas para a exposição. Segundo a curadora Cristina
Rosa, “o artista utiliza um software de animação 3D para a elaboração
da realidade imaginada dentro do mundo dos computadores, ou realidade virtual. Dentro desse ambiente digital, o artista gera uma série
de instruções matemáticas que, uma vez lidas por outra máquina,
produzem os objetos materiais com os quais ele faz arte”. Até o dia 25,
de segunda a sexta, das 9 às 21h, e sábado, das 9 às 12h. Entrada franca.
Cândido Portinari, Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Van
Gogh, Edward Munch, Claude Monet e Paul Cézanne.
Reproduções de trabalhos desses e de outros artistas
plásticos ficarão expostas no Museu Itinerante Rabobank,
que estará instalado no Espaço Cultural Renato Russo
(508 Sul) até 15 de julho. A mostra A natureza das
pessoas apresenta 40 pinturas, fotos e documentação de
instalações espalhadas por grandes museus do mundo
que mostram a visão dos artistas sobre a relação entre ser
humano e natureza. Brasília está representada por Naura
Timm e Cathleen
Sidki. O Museu
Itinerante Rabobank
2011 estreou em
Cuiabá (MT),
passou por Chapadão
do Sul (RS) e seguirá
depois para Ribeirão
Preto e São Paulo.
Diariamente,
das 9 às 21h.
Entrada franca.
pénaestrada
Durante quatro meses, o fotógrafo brasiliense Vitor Schietti “desbravou” o território americano. O resultado dessa experiência foi registrado em mais de onze mil imagens de cidades
como Nova York, São Francisco e Los Angeles, como também de estradas que atravessam
desertos, parques e reservas milenares. A viagem começou em agosto passado e terminou
em fevereiro deste ano, período em que Schietti estudou cinema na New York Film Academy,
em Los Angeles, onde residiu durante quatro meses. Agora, o registro da viagem pode
ser visto na exposição Jornada americana, até 18 de junho na Galeria Objeto Encontrado
(102 Norte, Bloco B). De acordo com o artista plástico Ralph Gehre, curador da mostra,
“o domínio técnico de Schietti se evidencia na cor – definindo um tom específico para cada
um de seus grandes assuntos – e no manejo entre a luz e a escuridão que a imagem deve
conter”. De segunda a sexta, das 10 às 19h, e sábado, das 10 às 18h. Entrada franca.
Divulgação
Divulgação
esferasnathomas
Divulgação
Divulgação
cinemaambiental
A Cidade de Goiás – ou Goiás Velho, como preferem chamar ainda os saudosistas – será
palco da 13ª edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, o Fica, de
14 a 19 de junho. Além dos 30 filmes participantes da Mostra Competitiva, o festival
terá na programação shows com Maria Rita, o cantor francês Manu Chao e Rita Lee.
Na Mostra do Cinema Brasileiro, o grande homenageado é Arnaldo Jabor, que, junto
com Cacá Dieges, vem ao festival para um debate sobre o cinema brasileiro. No Fórum
Ambiental, está confirmada a presença da ambientalista Marina Silva e do índio Benki
Pinhanta Ashaninka, que vão discutir os avanços de desafios da conferência Rio + 20.
Cursos e oficinas de meio ambiente vão ensinar artesanato, construções sustentáveis,
aproveitamento alimentar de frutos do Cerrado, cultivo de plantas, recuperação de
nascentes e gestão de resíduos sólidos. A Cidade de Goiás fica a 290 km de Brasília.
Confira a programação completa em www.fica.art.br
No meio do rio, entre as árvores – documentário
de Jorge Bodanzky rodado em comunidades
ribeirinhas do Alto Solimões, na Amazônia –
é um dos selecionados para o FICA
asensibilidadedenaomi
“Meus filmes frequentemente atravessam a barreira que existe entre o documentário e a
ficção. E é isso que me proporciona o encontro com a magia do cinema”, reconhece a jovem
cineasta japonesa Naomi Kawase, cuja obra premiada está na mostra que o CCBB apresenta
até o dia 12. “O tom pessoal, com traços ensaísticos, que ela confere a seus filmes vem
sublinhar a força subjetiva de suas imagens”, afirma a curadora Carla Maia, dando como
exemplos dessa relação temas marcantes da biografia de Kawase, como a busca pelo pai
(nas produções Em seus braços e Céu, vento, fogo, água e terra) e a relação com a mãe de
criação (O sol poente, Caracol e Tarachime). A programação inclui 30 filmes de uma
cineasta que toca com muita sensibilidade em temas cotidianos como vida, morte, família,
amor, solidão, e é pouco conhecida no Brasil. Entrada franca. Informações: 3310.7087.
cinemaengajado
Divulgação
Estão abertas as inscrições para diretores de países da América do Sul que tenham produções recentes com
temas ligados aos Direitos Humanos e queiram participar da 6ª Mostra
Cinema e Direitos Humanos, a ser realizada nos meses de outubro e
novembro próximos. Não há restrição quanto à duração ou gênero das
produções, mas os interessados devem enviar, até o dia 30 de junho, cópias
em DVD acompanhadas de sinopse, foto, ficha técnica e contato para
www.cinedireitoshumanos.org.br. Realizada pela Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República, a mostra não é competitiva; no
entanto, os filmes melhor votados pelo público receberão o Prêmio-Exibição
TV Brasil nas categorias curta, média e longa-metragem. Com curadoria de
Francisco Cesar Filho, a programação vai selecionar filmes contemporâneos,
como aconteceu em 2010, quando Abutres (foto) e o ator Ricardo Darin
foram homenageados. Os resultados serão divulgados até o dia 31 de outubro de 2011, no mesmo portal.
Divulgação
passadoalimpo
Minúsculos assassinatos e alguns copos de leite. Esse é o nome da peça que está em cartaz no teatro do
Brasília Shopping até o dia 26. Baseado no primeiro romance homônimo da escritora paulistana Fal
Azevedo, o espetáculo é protagonizado pela atriz gaúcha Thaís Strieder e dirigido pelo brasiliense Arthur
Tadeu Curado. Conta a história de Alma, personagem marcada por perdas irremediáveis e feridas abertas,
em sua tentativa de passar a limpo seu passado e entender o presente. Questões delicadas, como gravidez
indesejada, a difícil convivência com a mãe distante, os homens com quem dividiu a cama e o exercício de
sua arte plástica, fazem Alma emocionar a plateia sem cair na vala da pieguice, segundo explica o diretor
da peça. Sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 19h. Ingressos a R$ 20.
19
Divulgação
DIA E NOITE
temfandangonoparque
Diego Bresani
Um veleiro do Século XIX traz a bordo um
cientista que o capitão só chama de filósofo.
A rota da viagem, uma volta ao mundo iniciada
na Inglaterra, inclui o Brasil e a Oceania. Ela
é decisiva para o naturalista Charles Darwin
apresentar ao mundo uma nova teoria para a
evolução do homem e das espécies vivas no livro
A origem das espécies, tema da peça Canto dos
canários, em cartaz no Teatro Goldoni (208/209
Sul) até o dia 26. Escrita por Murilo Dias César
e adaptada por Leo Sykes, a peça relata os
costumes dos locais por onde Darwin passou,
a política colonialista, a época escravagista
e as doenças tropicais tão comuns na época.
Realizada pelo Núcleo de Arte e Cultura, pode
ser vista aos sábados, às 21h, e domingos, às
20h. Ingressos a R$ 20 e R$ 10. No mesmo
local está montada a exposição Navegando
com Darwin, composta de 12 painéis que
trazem uma visão geral sobre a vida do
cientista inglês. Reservas: 3443.0606.
varrendoalua
Esse é o nome do segundo CD da jovem intérprete Roberta
Campos, que se apresenta dias 10 e 11, às 21h, no Teatro
Oi Brasília. Determinada a ser “feliz por completo”,
a cantora, compositora e instrumentalista autodidata
saiu em 2004 de Caetanópolis, a 96 km de Belo
Horizonte, para tentar carreira em São Paulo. Sozinha
Roberta produziu seu primeiro CD (Para aquelas
perguntas tortas) em 2008, que foi bem recebido pela
crítica. Poesia, leveza, músicas e letras que surgem do dia
a dia, tudo é fonte de inspiração para ela, que se apresenta
às vésperas do dia dos namorados. O show faz parte do Projeto Encantadoras, da
Caixa Seguros, e custa R$ 25. Informações em www.teatrobrasilia.com.br.
angelaroro
Dias 17 e 18, é a cantora carioca quem encerra a
programação do primeiro semestre do Projeto
Encantadoras, também no palco do Teatro
Oi Brasília. Ela apresenta seu show Samba e jazz,
com repertório que inclui sambas compostos por
Ari Barroso e Dorival Caymmi e grandes clássicos
do jazz. Enquanto prepara o lançamento dos DVDs
com todos os programas apresentados no Canal
Brasil, Ângela lançou CD pelo selo Discobertas,
com 18 músicas que interpretou na abertura
do programa em versões descompromissadas
de voz e piano. Informações: 3424.7169 e www.teatrobrasilia.com.br.
palhaçosnainternet
20
Quem diria! O velho e bom circo arranjou um maneira de entrar na rede! Até 26 de junho, crianças
e adultos poderão assistir a apresentações circenses ao vivo e na internet. O projeto Me vê no circo
acontece aos domingos, a partir das 15h, no Teatro Eva Herz (Livraria Cultura do Shopping
Iguatemi Brasília). Enquanto divertem o público do teatro, os artistas da cidade podem ser vistos
também pelos internautas que acessarem o site www.mever.com.br. E que têm a possibilidade de interagir com os palhaços por meio do chat e enquetes. Os ingressos para quem quiser assistir pessoalmente
podem ser retirados gratuitamente a partir do meio dia do domingo no serviço de concierge do shopping.
Levindo Carneiro
darwinnogoldoni
Carolina Bitencourt
Até 12 de junho, os gaúchos que se prezam – e até os não gaúchos – terão bons motivos
para ir à Expotchê, em sua 19ª edição. Mais de 300 expositores dos setores de vestuário,
calçados, alimentos e móveis estarão espalhados pelos 35 mil m2 do Pavilhão Expobrasília,
no Parque da Cidade, para atender a um público que terá como atrações principais shows,
praças temáticas de produção de vinho, café, chocolate, pão e moda, além de mostras literárias. O destaque das oficinas gastronômicas será o “embaixador” do churrasco gaúcho,
Mauro Abreu de Camargo, que antecipa suas dicas com exclusividade ao colunista Luiz
Recena (leia na página 16). Na programação musical, uma das atrações principais é o show
da banda gaúcha Fresno (foto), que se apresenta dia 10, às 21h. De segunda a sexta, das
16h às 23h, e aos sábados e domingos, das 11 às 23h. Nos dias úteis, entrada gratuita até as
18h. Depois desse horário e nos fins de semana, ingressos a R$ 12 e R$ 6. Programação completa em www.expotche.com.br.
José Brasil
Leonardo Aversa
árvoremetálica
O talento de Deborah Colker foi buscar em Tathiana, clássico da literatura
mundial escrito pelo russo Puchkin (1799/1837), inspiração para seu mais
novo espetáculo. Embora o livro tenha sido escrito e ambientado na Rússia
do início do Século XIX, a coreógrafa e bailarina explica que “uma das
razões de seu perene vigor e atualidade é transcender as barreiras de
tempo e espaço”. O cenário do espetáculo de dança contemporânea
é composto por uma grande árvore metálica, em cujos ramos Púchkin e
seus personagens desenvolvem seus sonhos e angústias. A trilha sonora,
embora marcada pela predominância de compositores russos, faz
coexistirem autores de diversos períodos, do romantismo de Tchaikovsky (1840/1893) ao modernismo de Stravinsky (1882/1971) –
e as partituras desses grandes mestres do passado passam pelo filtro contemporâneo das colagens e remixagens do compositor
brasleiro Berna Ceppas. Dias 11 e 12, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. Ingressos a R$ 90 e R$ 45. Informações: 3325.6256.
novocd
Será dia 16, num pocket show,
o lançamento do terceiro álbum do
cantor e compositor Eduardo Rangel.
Os dois primeiros foram gravados ao
vivo e seu mais novo trabalho foi feito
no estúdio, com produção e arranjos
de Leo Brandão, pianista requisitado
por Ivan Lins e outros artistas. Das
13 faixas, a única que não é de sua
autoria é Minha alma, de Marcello
Yuca e O Rappa. O lançamento será
na praça entre o Armazém do Brás
e o 2º Clichê, na 107 Norte.
Informações: 3347.4735.
Divulgação
2012estáaí
Quem tem projetos culturais em teatro, dança, música, artes plásticas, artesanato e festivais tem até o dia 10 para se candidatar ao Programa de Ocupação
dos Espaços da Caixa Cultural, que vai selecionar os 330 inscritos para compor
a agenda de março de 2012 a fevereiro de 2013 em Brasília, Curitiba, Rio de
Janeiro, Salvador e São Paulo. O valor máximo de patrocínio por projeto será
de R$ 300 mil. Três editais que tratam da seleção podem ser acessados em
www.caixa.gov.br/caixacultural, onde são feitas as inscrições. As dúvidas podem
ser esclarecidas pelo telefone 0800.727.0241, de segunda a sábado, das 8 às 20h.
hablasespañol?
Sábado, 18 de junho, é comemorado o Dia do Espanhol, língua falada por mais de
500 milhões de pessoas. Para marcar a data, os Institutos Cervantes de todo o
mundo abrem suas portas para a festa El dia E. A sede de Brasília (707/907 Sul)
tem programação que começa ao meio-dia, com o projeto Conta-contos (foto)
e prossegue com música caribenha e o II Festival de Gastronomia HispanoAmericana, das 13 às 16h. Logo depois, será a vez do tango, um gênero muito em
moda por aqui. Às 22 horas, a apoteose será marcada pelo show do cubano Emilio
Valdes e do pianista gaúcho Tonda Pecoits, com sua banda de salsa e latin jazz,
no Caribeño (Setor de Clubes Sul). Paralelamente, a Embaixada da Venezuela
promove a Mostra de Cinema Hispano-Americano até o dia 10, com exibições
sempre às 19 horas e entrada franca. Confira a programação em http://brasilia.cervantes.es. Informações: 3242.0603.
Divulgação
Simone Portellada
suamatasuacasa
A Mata Atlântica, um dos mais importantes ecossistemas brasileiros,
é protagonista de uma exposição que há 25 anos a ONG SOS Mata
Atlântica apresenta para conscientizar os brasileiros da necessidade
de preservá-la. Pela primeira vez em Brasília, cidade que não é
incluída no ecossistema, a mostra Sua mata, sua casa está no
Conjunto Nacional até o dia 28, com atrações gratuitas e ferramentas
interativas e tecnológicas. Destaque da exposição é o bike repórter
Sérgio Camargo “Dart”, que está percorrendo a cidade com o objetivo de coletar dados sobre a região. Os visitantes podem revelar suas
expectativas em relação ao meio ambiente por meio de depoimentos
que são colocados numa Árvore dos Desejos construída com garrafas PET e embalagens de
achocolatado. De segunda a sábado, das 10 às 22h. Domingo, das 12 às 20h. Entrada franca.
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brasiliense de coração
A melhor
amiga de JK
Por Vicente Sá
Q
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uando veio para Brasília,
Vera Brant talvez não soubesse o quanto esta cidade
marcaria sua vida e o quanto ela marcaria a vida desta cidade. Mas o encontro estava marcado e ninguém foge mesmo de seu destino. Portanto,
foi assim que a mineira de Diamantina, que havia estudado em Belo
Horizonte e trabalhado como servidora do Ministério da Educação no
Rio de Janeiro, aqui chegou pelas
mãos de um amigo de infância,
Darcy Ribeiro. Veio para trabalhar
não na construção, mas na invenção da Universidade de Brasília.
Em 1960, a cidade era um formigueiro humano no meio da poeira.
Quem não se assombraria com o
turbilhão que era o nascimento de
uma capítal no meio do nada? Ela.
Mesmo sendo uma mulher jovem,
Vera soube manter o foco do olhar,
enxergando menos os problemas e
mais a importância da grande obra.
E assim pôde discernir quem eram
os verdadeiros construtores de Brasília.
“A alma da cidade foi plasmada por milhares de operários que, com coragem e determinação, deixaram para trás suas
famílias, seus amigos, suas terras, para acompanhar o sonho de
um brasileiro ousado e idealista. Só quem assistiu à chegada dessa multidão de homens descendo dos caminhões, no meio do
cerrado, sem saber o que aconteceria nas horas seguintes, entende o que eu estou dizendo”, depõe Vera.
Os quatros primeiros anos de Brasília foram de muito trabalho, mas também de muitas alegrias. Sempre ao lado de Darcy,
ela pôde ver uma universidade verdadeiramente brasileira nascer
no coração de um país que lutava para se afirmar. Com o golpe
militar de 1964, o horizonte escureceu. Darcy teve que sair do
Brasil, Vera foi demitida da universidade, outros amigos foram
presos, a liberdade se reduziu a um quase nada. E aí a fibra e a
força de Vera Brant mostrariam o seu lado de mãe de Brasília,
cidade que ela viu nascer e
ajudou a dar os primeiros
passos. É nesse momento
que surge a empresária e
também a maior aliada
não só da Capital da República, mas também de todos aqueles que ainda traziam o orgulho do sonho
de JK no peito. Em torno de
Vera formou-se um grupo
de pessoas cassadas ou de alguma forma perseguidas pelo governo militar. Uma
oposição à moda mineira.
Numa cidade nova, com
escassez de moradias, a imobiliária de Vera Brant cresceu e
se firmou como uma das mais
importantes. Deputados e senadores, quando chegavam a
Brasília, iam direto procurar
Vera para conseguir bons apartamentos. “Aí eu perguntava se
ele era da Arena ou do MDB.
Se fosse do MDB eu alugava; se
fosse da Arena, que morasse
embaixo da ponte”, brinca.
Mulher de forte personalidade, Vera foi deixando crescer
na cidade um leque de histórias sobre sua ingerência na
vida política do país. Uma delas é sobre a saudade que JK tinha
de Brasília. Sabe-se que os militares haviam proibido que Juscelino voltasse à cidade. Até negaram um pouso de emergência ao
avião em que ele, certa vez, sobrevoava a cidade, e que teve problemas mecânicos. O piloto foi obrigado a se dirigir até uma fazenda de Goiás e lá pousar o avião, correndo o risco de sofrer um
grave acidente. Mas Vera, que, mesmo fazendo uma oposição silenciosa e firme ao regime militar, era muito bem relacionada
nos meios políticos, arranjou um jeito de fazer com que JK viesse
num voo de carreira a Brasília sem que os militares o incomodassem. Ofereceu uma festa a JK, regada a muitos amigos, que durou quase até o nascer do sol. De madrugada, o ex-presidente se
emocionou ao ver as luzes de sua Brasília e nunca esqueceu esse
Fotos: Divulgação
gesto de Vera.
Outra história em que sua ligação com
Juscelino é demonstrada em toda a sua dimensão é a da morte dele. Quinze dias antes, várias pessoas telefonaram para a casa
de Vera dizendo que estava circulando
um boato de que JK teria morrido num
acidente na estrada Rio-São Paulo. Vera
telefonou para um posto de gasolina próximo à fazenda e pediu ao funcionário
do posto que a atendeu que fosse verificar
se Juscelino estava lá. O rapaz ligou de volta confirmando a presença de JK na fazenda e Vera ligou para os jornais e desfez o
boato. Quinze dias depois, JK morreu da
mesma forma. Para Vera, não foi coincidência, mas sim um teste. Os autores do
boato queriam verificar se haveria uma
comoção nacional com a morte do expresidente.
Enquanto a cidade ia crescendo e pegando corpo de moça, as festas promovidas por Vera reuniam algumas das pessoas
mais cultas e interessantes de Brasília e do
Brasil. Por sua casa passaram Ciro dos
Anjos, Gustavo Capanema, Rubem Braga e Fernando Sabino, além de amigos
mais chegados como Oscar Niemeyer,
Athos Bulcão, José Aparecido e Alfredo
O amigo Darcy Ribeiro, que a trouxe para Brasília.
Ceschiatti. Seu apego aos amigos era tanto que chegou a construir uma casa de
hóspedes para manter mais próximos de-
la os que se sentiam sós em Brasília.
Colecionadora de boas companhias,
Vera conheceu Carlos Drummond de
Andrade numa visita a Darcy Ribeiro, que
convalescia de uma operação no Rio. Daí
nasceu uma amizade de encontros e cartas
que durou mais de uma década e virou livro. Por essas e outras, vir a Brasília e não
conhecer Vera Brant era um sensabor.
Era na casa dela que a vida de Brasília
acontecia. Acrescente a isso os livros que
ela escreveu e que tiveram boa acolhida de
crítica e até tradução para outras línguas e
pode-se entender porque foi criada uma
aura quase mística em torno de sua personalidade.
Com o passar do tempo, o fim da ditadura, a volta ao estado de direito e ao
bom festejar, o espaço de Vera aumentou ainda mais na cidade. Novos amigos,
artistas, intelectuais e, por que não dizer,
súditos, foram se rendendo ao seu modo
sincero de ser. Sua casa continua sendo
ponto de referência cultural da Capital
da República. Agora, quando a cidade
acaba de comemorar seus 51 anos de
vida,Vera estende seus olhos por este céu
de mar e se deixa balançar numa rede de
lembranças que ela mesma teceu.
23
galeria de arte
Arte por
toda a cidade
Os belgas Geert Vermeire e Stephan van
Biesen instalarão um grande varal no lago
do Parque Olhos D’Água, com foto que
propõe um jogo de ilusão de ótica. E Nelson Felix vai provar que Brasília tem esquinas, “plantando” vasos de dormideiras
em cada ponto final dos eixos que cortam
o Plano Piloto.
Aberto Brasília é um projeto do Centro
Cultural Banco do Brasil, cujas instalações, no Setor de Clubes Esportivos Sul,
também serão palco de várias intervenções artísticas, além de uma exposição
com a contextualização histórica da obra
dos artistas participantes. No dia seguinte
à abertura, 21 de junho, haverá um debate
com o curador e vários artistas, no auditório do CCBB, a partir das 19h30.
Aberto Brasília
U
24
m visitante desavisado que andar pelas ruas do Plano Piloto
no período de 20 de junho a 21
de agosto pode se espantar ao topar com
bolas de futebol instaladas em locais de difícil acesso, grandes fotografias no gramado da Esplanada dos Ministérios e árvores
de dinheiro no Setor Comercial Sul. Estas e outras intervenções artísticas estarão
espalhadas pela cidade como parte do
projeto Aberto Brasília, que vai exibir ao ar
livre obras de alguns dos mais prestigiados
artistas da cena contemporânea brasileira.
Vai ser possível ver, por exemplo, um
OFNI – Objeto Flutuante Não-Identificado – em pleno Lago Paranoá, carcaças de
automóveis coloridas “plantadas” na Esplanada dos Ministérios, fichas policiais
de estudantes presos na década de 70 em
grandes fotografias nas calçadas da Universidade de Brasília e muito mais. A arte
vai ocupar a cidade.
Sob curadoria de Wagner Barja, estarão reunidos artistas como Cildo Meireles, Nelson Felix, Guto Lacaz e Paulo
Bruscky, além de convidados estrangeiros
(entre eles o espanhol Fernando Baena e
o coletivo The Milena Principle, da Bélgica) e artistas brasilienses que conceberam
trabalhos especialmente para a exposição.
No total, 18 artistas que atuam internacionalmente vão injetar invenção nos espaços públicos da Capital.
As obras propõem abordagens críticas
e divertidas. Cildo Meireles, por exemplo,
criou um Buraco para jogar políticos desonestos, com uma fotografia multicor que ficará exposta na Rodoviária do Plano Piloto. Em Bumpit! 16bit Miracle, o francês
Bertrand Planes irá simular a aparição miraculosa de uma imagem de Nossa Senhora, projetada com quatro metros de altura.
Fotos divulgação
De 20/6 a 21/8 no CCBB e áreas públicas da
cidade. No CCBB, de 3ª a domingo, das 9 às
21h, com entrada franca.
graves & agudos
Biscoito fino
Na noite dos namorados, John Pizzarelli canta Duke Ellington
O
ano segue pródigo em atrações
musicais internacionais que fazem uma parada neste quadrante
federal. Nem tantos (artistas) quanto achamos que poderiam ter vindo (U2 e Paul
McCartney estão na lista), mas também
nada pouco, até agora, para uma capital carente de poesia e alta música que não fique
restrita aos chamados espaços nobres.
Tudo bem, o guitarrista, cantor e
compositor norte-americano John Pizzarelli não é exatamente um produto para
as massas, mas basta o anúncio de que
volta a tocar em Brasília (em mais uma de
suas voltas ao Brasil) neste domingo, 12,
no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, para que sua legião de admiradores abra um largo sorriso e pense cá
com o cartão de crédito: “Esse vale
a pena”.
Em sua terceira visita a Brasília,
Pizzarelli chega a bordo de Rockin’
in rhythm: a tribute to Duke Ellington, o mais recente trabalho de uma
extensa discografia iniciada na segunda metade dos anos 80. Como o títu-
lo indica, desta vez a atenção do músico,
que morre de amores pelo Brasil (leia-se
Bossa Nova, Tom Jobim e Rio de Janeiro), volta-se para um gigante da música
americana, o inigualável Edward Kennedy
“Duke” Ellington (1899-1974), ainda hoje insuperável em se tratando de jazz arranjado e tocado por big bands.
Atenção para este detalhe: John Pizzarelli não vem com uma big band para executar as peças de Duke Ellington. Até aqui
é um mistério como vai ser na estrada sem
os arranjos de sopros assinados por Don
Sebesky. O repertório do grande maestro
faz parte do programa, mas em execuções
de quarteto que conta, além de Pizzarelli,
com a presença do time que o acompanha
faz uma data: Larry Fuller (piano), Tony
Tedesco (bateria) e o irmão
Martin Pizzarelli (contrabaixo).
E se, para muitos,
um roteiro calcado
em Duke Ellington é
sofisticação e jazz puro demais, John Pizzarelli sabe jogar para a plateia, exibin-
do seu lado entertainer e mestre das gemas
pop. Sabe como é, o cara é talentoso, charmoso, tem aquela voz e tal. Daí que, se
cantar Nat King Cole, Beatles, James
Taylor ou a versão bilíngue de Garota de
Ipanema, em português irrepreensível, tal
qual demonstrada no CD Bossa Nova
(2004), um abraço.
Aos que quiserem adicionar um aperitivo extra-musical, basta se dar conta de
que 12 de junho é Dia dos Namorados
(véspera de Santo Antônio, o casamenteiro, segundo o calendário cristão). E, assim
sendo, temos aquela combinação de fatores: John Pizzarelli + jazz de alto nível + clima romântico + aquele dia especial = motel. Não, igual a Centro de Convenções
Ulysses Guimarães, pois a oportunidade
é de ouro. A alcova, antes ou depois.
Rockin’ in rhythm: a tribute
to Duke Ellington
12/6, às 20h, no Auditório Master do
Centro de Convenções Ulysses Guimarães.
Ingressos (meia): R$ 45 (balcão superior);
R$ 75 (plateia), R$ 90 (vip lateral) e
R$ 100 (plateia vip). Vendas na Fnac
(ParkShopping), nas lojas Free Corner
(Gilberto Salomão, Brasília Shopping e
Sudoeste) e pelo site www.ingressorapido.
com.br. Classificação indicativa: 14 anos.
Divulgação
Por Heitor Menezes
25
que espetáculo
Até que enfim!
1º Festival de Ópera de Brasília, principal atração da
cidade em junho, sinaliza uma nova política cultural
Por Alexandre Marino
fotos rodrigo oliveira
O
O maestro Cláudio Cohen prepara a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional para a abertura do festival
mês de junho marca o início da
seca e, se depender do maestro
Cláudio Cohen, regente da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, a
chegada de um novo tempo para Brasília.
A realização, este mês, do 1º Festival de
Ópera de Brasília simboliza, segundo ele,
essa mudança. Para o maestro, a criação
de um evento de grande dimensão dentro
do calendário cultural do DF corrige uma
distorção que se deve, acima de tudo, à falta de vontade política. Cohen fará a direção geral do festival, que prestará homenagem ao também maestro Sílvio Barbato,
ex-regente da orquestra, morto em 2009
no acidente do avião da Air France.
O festival terá duas grandes óperas –
Pagliacci, de Leoncavallo, e Cavalleria rusticana, de Petro Mascagni – e oferecerá ao
público dois concertos, o primeiro nesta
terça-feira, dia 7, com árias, trios e quartetos, além do Réquiem, do compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart. Sob a
regência do maestro Cláudio Cohen, nada menos de 140 músicos, entre os quais
alguns nomes importantes do cenário na-
Cavalleria rusticana
Ópera de Pietro Mascagni em um só ato,
estreou em 17 de maio de 1890 no Teatro Costanzi, em Roma. É dividida em
duas partes.
Parte I - É domingo de Páscoa num povoado da Sicília. Os moradores estão na igreja
próxima à taberna de Mamma Lucia, mãe
de Turiddu. Santuzza, companheira de Turiddu, pergunta a Mamma Lucia se sabe
onde ele está. Ela responde que o filho foi
comprar vinho para a taberna. Chega Alfio,
marido de Lola, e solicita uma taça de vinho
a Mamma Lucia, e ela lhe responde que Turiddu foi buscar. Alfio não entende, porque
viu Turiddu próximo de sua casa. Santuz26
za revela seu sofrimento a Mamma Lucia, pois
desconfia que Turiddu a está traindo com Lola,
mulher de Alfio. Mamma Lucia, confusa, entra na igreja para assistir a Missa de Páscoa,
enquanto Santuzza espera por Turiddu. Chega Turiddu, e Santuzza lhe suplica que não
a abandone, mas ele ão lhe dá ouvidos. Enquanto os dois discutem, Lola chega e troca
ironias com Santuzza. Turiddu vai atrás de Lola na igreja. Logo em seguida aparece Alfio, a
quem Santuzza revela suas suspeitas. Alfio, furioso, jura vingança.
Parte II - Sai o povo da igreja, terminada a
missa. Vão, então, à taberna de Mamma Lucia comemorar. Turiddu é encarregado de
servir aos demais. Alfio aparece e recusa o vi-
nho, insinuando a traição, ao dizer que seu
copo estaria envenenado. Turiddu, então, o
desafia para um duelo, desferindo-lhe uma
mordida no lóbulo da orelha. Antes de enfrentar Alfio, já pressentindo o desfecho,
Turiddu roga a Mamma Lucia que cuide de
Santuzza. Turiddu vai ao encontro de Alfio,
fora da vila. Pouco depois, aparece uma mulher em desespero, avisando Mamma Lucia
de que seu filho Turiddu foi morto no duelo.
Intérpretes - Turiddu: Martin Muehle
(SP) e Jean Nardoto (DF); Santuzza: Janette Dornellas (DF) e Chris Dantas (DF); Alfio:
Sebastião Teixeira (SP) e Gustavo Rocha (SP);
Lola: Najda Lopes (DF) e Andrea Maulaz (DF);
Mamma Lucia: Clara Figueiroa (DF)
O cenógrafo Raul Belém (à esquerda) supervisiona a montagem dos cenários
cional, mas especialmente de Brasília,
dentro da proposta de desenvolver um
novo mercado local e abrir espaço a grandes talentos da cidade.
Cohen, que estudou na Escola de Música de Brasília, lembra que o Teatro Nacional, onde acontecerão todos os espetáculos previstos no festival, foi planejado
para nascer grande como Brasília e configurado para que a cidade possa receber espetáculos à altura das grandes capitais do
mundo – Nova York, Paris, Londres. “Isso só não acontece porque não havia vontade política para que nosso contexto cultural se mantenha em patamar elevado.
Temos o teatro, a orquestra sinfônica, escolas de música e artistas de grande qualidade”, afirma.
Para o maestro, o que falta em Brasília
é efervescência cultural, que pode ser estimulada por políticas específicas. A promoção do festival, segundo ele, é prova de
que a Secretaria de Cultura se move nesse
sentido. “As temporadas de ópera em São
Paulo não têm mais que quatro títulos”,
observa. “Ao criar um festival dentro de
nosso calendário, desenvolvemos nosso
Mariza de Macedo-Soares coordena a produção dos figurinos
mercado, abrimos a possibilidade de surgimento de novos talentos e criamos empregos não só para artistas, mas também
para figurinistas, cenógrafos, costureiras.”
Alguns desses artistas são a soprano
Lívia Bergo, a contralto Valdenora Pereira
e o tenor Francisco Bento, crias da cidade,
solistas do concerto Mozart junto com o
baixo Thoroh de Souza, que começou a
carreira em Brasília e vive atualmente em
São Paulo.
A ópera Pagliacci, programada para os
dias 17 e 18, terá Juremir Vieira, brasileiro
que vive atualmente na Suíça, e Hélenes
Lopes, de Goiás. Também participarão o
alemão Tobias Hagge e os brasilienses
Gautemberg Amaral, Gandhia Brandão e
Érika Kalina. O diretor de cena é Francisco Mayrink, de Minas Gerais, e o maestro
é Emílio de César, também de Brasília.
Nos dias 23 e 24 será apresentada a
ópera Cavalleria rusticana, com direção
de Francisco Frias e regência de Cláudio
Cohen. O paulista Martin Muehle e os
brasilienses Jean Nardoto, Janette Dornellas e Chris Dantas estão nos papéis
principais.
O ator e figurinista Theodoro Cachrane, vencedor do Prêmio Shell 2011 de melhor figurino, estreia no mundo da ópera
com grande expectativa. “É um trabalho
que tem outra dimensão e grandiosidade”,
afirma ele. A coordenação da produção de
figurinos é de Mariza de Macedo-Soares.
O arquiteto e cenógrafo mineiro Raul Belém, professor do Palácio das Artes de Belo Horizonte, assina todos os cenários.
Esse é um projeto de grande importância para uma cidade que busca reencontrar
o caminho de sua riqueza cultural. Será encerrado no dia 28, com um concerto de gala na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional.
Os brasilienses esperam que corresponda
às expectativas e abra caminho para novos
eventos, em todas as linguagens artísticas.
Brasília tem artistas de sobra. E um público carente, que já esperou demais.
va ao local do encontro. Canio, um homem
passional e violento, avança sobre os dois,
mas o amante foge e a trupe impede que
ele agrida Nedda. Eles tem que se preparar
para o espetáculo daquela noite. Sozinho
em cena e desesperado com a traição da
mulher, Canio canta, então, uma das mais
belas árias de tenor, Vesti la giubba, na qual
expressa seu destino trágico: desempenhar
o papel de palhaço e fazer rir quando está de coração partido. O espetáculo começa
e, ironicamente, Nedda desempenha o papel de uma colombina que trai o marido
com um arlequim. O que era para ser uma
comédia transforma-se em drama, quando Canio, o palhaço traído, entra em cena
e coloca todo seu sofrimento no texto
de seu personagem, até que, não mais
conseguindo se controlar, esfaqueia Nedda. Vendo a amante agonizante, Silvio
sobe ao palco para defendê-la. Neste momento, Canio avança sobre ele
e também o esfaqueia. O enredo da
ópera foi inspirado numa história verdadeira acontecida na Itália.
Intérpretes - Canio: Juremir Vieira (Suiça) e Hélenes Lopes (Goiânia); Nedda:
Gandhia Brandão (DF) e Érika Kalina (DF);
Tonio: Tobias Hagge (Alemanha) e Gutemberg Amaral (DF); Silvio: Marlon Maia
(DF) e Hermógenes Correia (DF); Peppe:
Roney Calazans (DF).
1º Festival de Ópera de Brasília
De 7 a 28/6 na Sala Villa-Lobos do
Teatro Nacional Cláudio Santoro,
com entrada franca.
Réquiem – 7/6, às 21h.
Pagliacci – 17 e 18/6, às 20h.
Cavalleria rusticana – 23 e 24/6, às 20h.
Concerto de Encerramento – 28/6, às 20h.
Pagliacci
Ópera de Ruggero Leoncavallo, representada
pela primeira vez no Teatro dal Verme de Milão, em 21 de maio de 1892, com direção de
Arturo Toscanini.
Começa com um prólogo cantado em frente à cortina por Tonio, que faz o papel de
um dos palhaços da companhia itinerante
de circo liderada por Canio. Tonio é apaixonado por Nedda, esposa de Canio. Ele tenta
seduzi-la, mas ela o rechaça. Tonio então
descobre que Nedda está traindo Canio
com Silvio, um aldeão da cidade onde a trupe de palhaços se encontra. Para vingar-se,
após presenciar um encontro entre Nedda e
seu amante, Tonio procura o patrão e o le-
27
que espetáculo
Mágica e hipnose
no teatro medieval
Por Ana Cristina Vilela
fotos rodrigo oliveira
V
28
enham, venham, hoje tem teatro
na feira! Tem farsa, tem sátira,
tem auto. Burla? Também tem.
Cheguem mais, senhores e senhoras! Há
trovadores e poesias na praça. Venha o
povo, venha a nobreza. Venha o clero
exorcizar seus demônios! Venham rir.
Neste nosso Século XII a vida está nas ruas,
está nas feiras, está nas praças... Ah!... e
nas tabernas. Como poderia esquecer
nossas tabernas? Vinho, riso, dança, música... porque estamos na Idade Média.
Sim, estamos, não estamos? Ou seria
um engano, uma farsa, uma burla do Século XXI representada em Brasília, na
203 Norte, porque lá é Mittelalter (Idade
Média, em alemão). Bar e taberna, boa
cerveja, boa comida, música e dança medievais e – creiam! – mágica e hipnose,
porque é necessário inovar, reinventar.
É assim que o Mittelalter tem atraído
o mais variado público. O clero, entretanto, ainda não foi visto por lá. Nem a nobreza. Mas pode-se virar nobre, ou padre,
se quiser, sob a hipnose de Bruno Tricari-
co, odontólogo e hipnólogo, adepto da
técnica em seu consultório. A apresentação acontece ao lado do paraibano Eduardo Rocha, que, apesar de formado em
Engenharia Civil e em Administração,
dedica-se ao ilusionismo há mais de dez
anos – desde os 14 anos.
Ed Rocha, como é conhecido, veio para
Brasília trabalhar em suas áreas de formação. Mas eis que a vida também é uma burla, um teatro. Desde 2009 ele se dedica exclusivamente ao ilusionismo. Atualmente
faz ações corporativas em grandes empresas, com palestras motivacionais que integram mágica e humor. Ed e o macapaense
Bruno, que começou a estudar hipnose clínica em 2003, conheceram-se numa conferência de mágica há cerca de três anos. Tornaram-se amigos e, recentemente, montaram o Hipnomagic, que não deixa de ser
um teatro. Sim, um teatro medieval, uma
burla. Afinal, o que é real de fato, o que é
verdade e o que é mentira? E pior: até que
ponto somos sugestionáveis?
A apresentação começa com mágica
nas mesas, close-ups que incitam o público
e preparam o espírito para o que vem depois: a hipnose. Ed e Bruno fisgam a aten-
ção, instigam, brincam e, claro, provocam
o riso, a dúvida, o questionamento: há mesmo a hipnose? A técnica é mesmo possível
em ambiente tão profano, com música, bebida e barulho? É assim tão simples quanto
parece? O moço realmente comeu cebola
pensando que era maçã? Ele realmente sentiu-se preso numa torre de pedra?
Nada disso importa, ao final, até porque não teremos as repostas. A taberna,
no subsolo, tem decoração típica, suas
Hipnomagic
Toda 4ª feira, a partir das 20h, no Espaço
Cultural e Taberna Mittelalter – 203 Norte –
Bloco C (3039.1803), aberto de 3ª a sábado,
a partir das 19h, com programação variada.
Entrada: R$ 10. Mais informações:
www.wix.com/mittelalter/site#.
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enormes mesas de madeira rústica são divididas com desconhecidos, as paredes
são de pedra. O espaço é comum, como
nas praças (claro que agora, no Século
XXI, paga-se para entrar), as pessoas encantam-se com as mágicas, temem o desconhecido, veem-se no lugar daquele que se
prontifica a ser hipnotizado, riem, pensam... Estaria mesmo ele sob hipnose? Às
vezes, temos certeza que sim; em outras, a
dúvida. É mágica, é hipnose. É teatro.
Como nos autos, há um fim moral,
uma reflexão: “Queremos passar uma
mensagem, romper limites, fazer com que
as pessoas vejam o mundo sob uma ótica
diferente; queremos gerar uma internalização, apresentar a mágica não como lazer,
mas como arte”, explica Ed. Para nossos
artistas, cada apresentação é distinta da outra, sempre muda, até porque o público
muda: “A resposta individual é diferente”.
Ed é quem provoca, quem prepara a entrada de Bruno, para quem tudo depende da
aceitação da pessoa: “O que aceita ser hipnotizado é a moral da pessoa; se isso não
acontecer, veremos somente mágica”.
Além do riso e da reflexão, está-se à
mesa, longas mesas pesadas que convidam à comensalidade, e aí pode-se escolher entre salsichas alemãs, caldos, javali,
avestruz, filé, eisbein, goulash, kassler, risotos, salmão, croquetes... Para acompanhar, chope, boa cerveja, hidromel... Mas
um aviso aos iniciantes: cuidado com a Fada Verde!
A Disney vem aí
O
dólar em baixa tem encurtado
bastante a distância entre o Brasil e os Estados Unidos, mas se a
grana ainda está curta para levar a criançada para a Disney, a Disney vem até elas.
Em uma hora e 40 minutos de espetáculo,
os pequenos vão poder sentir um pouco
do clima do parque temático em Disney on
ice – Aventuras em Walt Disney World. Personagens clássicos, como Mickey e Pato
Donald, heróis da era Pixar, como Woody e Buzz Lightyear, e até os fanfarrões
piratas do Caribe vão conviver no show
de patinação que toma conta do Ginásio
Nilson Nelson entre 16 e 19 de junho.
Nada menos que 37 patinadores, de
13 nacionalidades, são responsáveis por
dar vida aos personagens que ficaram marcados no imaginário de tantas gerações. A
trama começa quando a família superpoderosa de Os incríveis tenta passar férias
normais no Disney World. Como era de
se esperar, a tentativa acaba frustrada
quando seus poderes começam a se manifestar. A partir de então, uma série de
acontecimentos cômicos se desenrola, tendo como pano de fundo algumas das atrações mais famosas do parque.
A Mansão Mal Assombrada, por
exemplo, é tomada por assustadores fantasmas, desenhados pela luz negra. O sofisticado sistema de iluminação criado
por Peter Morse também é protagonista
em outros momentos. Para reproduzir a
exuberância verde da floresta tropical do
Jungle cruise, são usadas impressões de folhas no chão de gelo. O contraste de lâmpadas fluorescentes e pastéis dá o tom no
Mad tea party, onde Alice, o Chapeleiro
Louco e todos os seus amigos vão girar e
se divertir nas xícaras.
Todos os elementos do show foram
inspirados na diversão que os parques proporcionam, remontando a atmosfera nostálgica da Disney na década de 1960. Isso
se torna claro desde a abertura do espetáculo, ao som de um clássico da Motown.
Para manter o espírito sessentista, a figurinista Scott Lane inspirou-se em suas memórias de infância na hora de desenhar as
roupas dos personagens.
A coreógrafa Cindy Stuart combinou
experiência e muitas horas de pesquisa
nos parques, estudando o comportamento dos visitantes e dos funcionários para
identificar a forma como eles interagiam
uns com os outros. A diretora Patty Vincent também investigou a fundo o universo do Walt Disney World para reproduzir
até os detalhes mais sutis do parque. “Estar lá me transformou em uma criança de
novo, e eu queria oferecer a todos essa
mesma sensação deliciosa”, revela.
Disney on ice – Aventuras
em Walt Disney World
De 16 a 19/6, no Ginásio Nilson Nelson.
Horários: dia 16, às 15 e 20h; dia 17, às
20h; dia 18, às 15 e 19h; e dia 19, às 11 e
15h. Classificação indicativa: livre (menores
de 12 anos só acompanhados). Ingressos
(meia): de 4ª, 5ª e 6ª feira; de R$ 30 a R$
170; sábado e domingo, de R$ 40 a R$ 190.
29
Maria Sábado
que espetáculo
seu nome
é ousadia
Junho é mês de
bons espetáculos
contemporâneos no CCBB
O
Petri Virtanen
s atores entram em cena e começam um jogo teatral visível ao espectador, revelando os truques
de iluminação, a troca de personagens e
outros segredos de bastidores sem, contudo, prejudicar a ficção. É, ao mesmo tempo, “um malabarismo de atores e uma
30
Keskusteluja, a montagem finlandesa, dias 18 e 19
Amar, a peça da estreia, do argentino Alejandro Catalán
Joana Linda
Teatro,
Persona, de Ingmar Bergman, na versão teatral do português João Canijo
obra”, nas palavras do próprio criador do
espetáculo, o argentino Alejandro Catalán, uma referência quando se fala de teatro contemporâneo na América Latina.
É sua peça Amar, definida como uma
experiência de teatro crua e real, que vai
abrir a Mostra Internacional de Teatro
2001 (MIT) nesta quinta-feira, 9, no Teatro do CCBB. Até 26 de junho, não só
ela como também montagens da Alemanha, Finlândia e Portugal se revezam na
temporada que é fruto de parceria com o
Festival de Teatro Internacional de Londrina (FILO), o mais antigo e um dos
mais tradicionais do país. Em comum, o
fato de todas as montagens da mostra serem marcadas pela diversidade, ousadia e
invenção.
Na segunda semana, a programação
da MIT prevê dose dupla, com uma produção do Teatro Turim, de Portugal, e a
WHS (Ville Walo & Kalle Hakkarainen), da Finlândia. A companhia portuguesa vem com a adaptação de um clássico da cinematografia sueca, Persona, de
Ingmar Bergman. A versão teatral, dirigida pelo cineasta João Canijo, intercala
trechos do filme com cenas ao vivo. Co-
mo numa partitura, a história vai sendo
construída pelo conjunto de atrizes, do teatro e do cinema. Já a arte dos finlandeses
Ville Walo e Kalle Hakkarainen mistura
teatro, dança, ilusionismo e malabarismo
no espe­táculo Kekusteluka (Discussões).
Eles apre­­­sentam sua versão para o fenômeno da incomunicabilidade contemporânea.
O MIT termina com a Familie Floez,
da Alemanha, que traz o seu Teatro Delusio, caracterizado pela utilização de máscaras que, combinadas ao trabalho corporal
dos atores, constroem diferentes jogos teatrais. Em cena, o mundo do teatro a partir da visão de três técnicos que atuam
nos bastidores. A mostra acontece simultaneamente em Brasília e São Paulo e tem
curadoria de Luiz Bertipaglia, diretor do
FILO.
Mostra Internacional de Teatro 2001
Amar (Argentina) – 9 e 10/6, às 21h;
11/6, às 18h30 e 21h; e 12/6, às 21h.
Persona (Portugal) – 16 e 17/6, às 21h.
Kekusteluja (Finlândia) – 18 e 19/6, às 21h.
Teatro Delusio (Alemanha) – 23, 24 e 25/6,
às 21h; e 26/6, às 16h.
Ingressos a R$ 15 e R$ 7,50.
Mais informações: 3310.7087.
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luz câmera ação
Não me abandone jamais
Por Reynaldo Domingos Ferreira
U
m triângulo amoroso que se forma entre pessoas anormais, desenvolvidas em laboratório para
servir a um objetivo no campo científico, é
o tema abordado por Não me abandone jamais, de Mark Romanek, que exagera na
dose do melodrama para impor sua insegura narrativa. O roteiro, de Alex Garland, é baseado no best-seller de título homônimo, de Kazuo Ishiguro, escritor japonês residente na Inglaterra, autor também
do romance Vestígios do dia, adaptado ao
cinema por James Ivory (1993). O argumento, de cunho futurista, não só adverte
sobre experiências científicas com seres
humanos como igualmente alerta sobre o
perigo de que, para efetivá-las, se adotem
medidas coercitivas de estados totalitários.
Uma legenda aparece na tela, indicando que o ano de 1952 foi o marco de uma
grande descoberta na medicina capaz de
propiciar ao homem condições de viver
mais de cem anos. Surge logo a figura de
Kathy H (Carey Mulligan), a narradora de
28 anos que, na retrospecção, reconstitui
seus tempos de infância, na década de 70,
passados numa escola Haisham de disciplina rígida, dirigida por Miss Emily
(Charlotte Rampling).
Entre os colegas, Kathy (Isobel Meikle-Small) tem dois amigos: Tommy (Char-
lie Rowe) e Ruth (Ella Purnell). Apesar de
ficarem sabendo da banalidade de seus
destinos, já que, como cobaias, foram programados para morrer ainda jovens, de
acordo com a indiscrição de uma professora, Miss Lucy (Sally Hawkins), logo demitida, os três amigos não têm como evitar que o amor surja entre eles. Assim, já
adultos, enquanto Kathy, em segredo, se
apaixona por Tommy (Andrew Garfield),
este inicia um relacionamento afetivo com
Ruth (Keira Knightley).
A psicose da bondade, digna das
heroí­­nas dos romances ditos “cor-de-rosa”, se apodera então de Kathy de forma
irreparável. Ela, para deixar os dois amantes à vontade, parte numa missão assistencial que lhe vai propiciar, como benefício,
o adiamento de sua morte. É sobre essa tônica da dualidade – amor e morte – que
Romanek, ex-assistente de Brian De Palma e diretor de vídeos musicais, baseia
grande parte de sua lenta narrativa, relegando, dessa forma, o contexto de ficção
científica.
Para caracterizar sua opção pela love
story, que provoca turbilhões de lágrimas
na plateia, Romanek usa e abusa da trilha
sonora. Rachel Portman selecionou temas
musicais açucarados para contrastar com
a melancolia em que, aos poucos, mergulham os protagonistas, principalmente
Tommy e Ruth, os quais, ao longo do
tempo, se desgastaram, como é natural entre os humanos, no relacionamento amoroso. Apesar disso, Tommy, já debilitado,
insiste em ser feliz, durante o pouco tempo que lhe resta, ao lado de Kathy.
O que segura o interesse do espectador até o final é, sem dúvida, o trabalho
dos atores. Carey Mulligan (Educação) representa Kathy, dando-lhe as características de inocência e de superação. A atriz
imprime na personagem a compreensão
de que a amizade prevalece sobre o amor,
isto é, resiste mais, segundo deixa transparecer na cena final. Andrew Garfield
(Rede social) parece convicto de que, como
Tommy, pintor de quadros, cabe a ele ser
mais humano que os outros, ou melhor,
mais dedicado a expressar sua crença na
existência da alma. De todos os atores,
Keira Knightley (Orgulho e preconceito), como Ruth, é a menos compromissada. Por
isso, apresenta a face sempre rígida. E
Charlotte Rampling (O porteiro da noite),
como Miss Emily, assume a máscara tétrica e sombria do totalitarismo.
Não me abandone jamais
(Never let me go)
EUA/Reino Unido/2010, 103 min. Direção:
Mark Romanek. Roteiro: Alex Garland,
com base no romance Never let me go,
de Kazuo Ishiguro. Com Carey Mulligan,
Andrew Garfield, Keira Knightley, Charlotte
Rampling, Sally Hawkins, Isobel MeikleSmall, Charlie Rowe, Ella Purnell e Natalie
Richard.
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luz câmera ação
De olho no futuro
Por Sérgio Moriconi
P
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ercebido há mais de uma década
como anacrônico e decadente pelos mais importantes profissionais
da área, o Festival de Cinema de Brasília
resolveu reagir e anunciou para este ano
uma série de novidades que visam a restituir-lhe a importância que já teve no passado. A intenção, entre várias outras, é,
sem dúvida, esta. Mas a amplitude das novidades é tal que não se pode considerar o
novo projeto apenas uma tentativa de sair
da mesmice e ostracismo em que se havia
mergulhado. O novo festival tem também
a ambição de ser, no plano local, um
festival de toda Brasília, não apenas do
Plano Piloto. Pela primeira vez, as chamadas sessões nobres de sua principal
mostra competitiva vão acontecer simultaneamente nas cidades satélites de Sobradinho, Ceilândia e Taguatinga. As novidades, porém, são muitas.
Curiosamente, quando anunciadas, na
primeira semana de maio, provocaram
rea ções contraditórias entre entidades da
classe cinematográfica, embora parte das
novidades tenha se originado de sugestões delas próprias e assumidas pela comissão curadora que se reuniu sob a coordenação do produtor e ex-diretor da extinta Fundação Cultural do DF, Nilson
Rodrigues. A comissão curadora já era,
em si, uma novidade. A queixa das entidades se devia ao fato de se sentirem excluídas da comissão. Mas isso é uma outra história. Entre outras coisas, o trabalho resultante definiu uma nova data para
o festival, antecipando-o para o pe-ríodo
de 26 de setembro a 3 de outubro, evitando, assim, ficar à mercê das sobras de outros festivais brasileiros.
Ao abandonar a obrigatoriedade da
bitola 35mm para sua principal mostra
competitiva, o Festival de Brasília, a partir de agora, se adequa à realidade da pro-
dução cinematográfica mundial. Suas mostras competitivas não excluirão nenhum tipo de suporte, podendo as produções selecionadas serem exibidas no seu formato
original de captação. Isso quer dizer que
uma obra em digital, ou mesmo super-8,
por exemplo, poderá concorrer em iguais
condições com uma filmada em 35mm. A
comissão curadora resolveu também criar
uma mostra competitiva para filmes de animação, reconhecendo, assim, o enorme
crescimento, em quantidade e qualidade,
desse segmento no mercado brasileiro. Um
aspecto fundamental é que, em ambos os
casos, foi abolido o dogma do ineditismo
para a seleção dos filmes em competição,
restringindo a regra apenas para obras que
tenham conquistado prêmios principais
em outros festivais.
Antes restrito a míseros seis filmes em
sua competição oficial, acrescidos de dois
ou três em sessões especiais, o novo Festival de Brasília terá agora quatro novas im-
lgação
Fotos: Divu
O mais tradicional festival do país aposta na mudança para voltar
a ser a principal referência da produção cinematográfica brasileira
portantes mostras paralelas: Mosaico, Primeiros Filmes, Filmes Para Celular e Festivalzinho. A primeira vai proporcionar
ao público de Brasília tomar conhecimento da diversidade da produção brasileira
do ano, podendo, portanto, ter acesso antecipadamente a obras que só vão atingir
o mercado muitos meses depois e também a realizações independentes que jamais chegarão às salas de exibição comerciais. Iniciativa inédita no Brasil, a mostra
Primeiros Filmes pode trazer a Brasília os
futuros grandes nomes do cinema brasileiro. Emulando, entre outros, o Festival
de Cannes, a intenção da curadoria foi
justamente resgatar para o Festival de Brasília o espaço privilegiado para o novo. As
mostras de filmes para celular e o Festivalzinho se enquadram nessa mesma perspectiva de futuro.
De uns tempos para cá, muita gente
argumentava que o impasse conceitual
do festival estava emblematicamente me-
taforizado nas ruínas de seu templo sagrado, o Cine Brasília. Fisicamente degradada, essa magnífica e incomparável sala de
cinema projetada por Oscar Niemeyer foi
palco de edições memoráveis do primeiro festival de cinema brasileiro deste país.
Isso mesmo! O Festival de Brasília é o primeiro do gênero. Para quem não conhece a história, o festival e o espírito que o
norteou só podem ser inteiramente compreendidos se historicamente contextualizados: em pleno ano do golpe militar
(1964), o professor Pompeu de Souza pediu a Paulo Emílio Salles Gomes, o maior
teórico do cinema brasileiro, que desse
um curso de “apreciação cinematográfica”, com exibições de clássicos nacionais
na Escola-Parque da 307/308 Sul.
O sucesso fez Paulo Emílio propor à
Fundação Cultural do DF a realização de
uma Semana do Cinema Brasileiro. A
mostra aconteceu no ano seguinte e contou em sua programação com filmes como
A falecida, de Leon Hirzman, O menino de
engenho, de Walter Lima Jr., A hora e a vez
de Augusto Matraga, de Roberto Santos, e
São Paulo S.A., de Luis Sérgio Person. Estávamos em plena ebulição do Cinema
Novo, movimento que mudou a história
do nosso cinema. A segunda Semana do
Cinema Brasileiro, em 1966, tinha o
mesmo nível, com obras-primas como
O padre e a moça, de Joaquim Pedro de
Andrade, Todas as mulheres do mundo, de
Domingos de Oliveira, e A grande cidade,
de Cacá Diegues. Foi no ano seguinte,
1967, que a Semana ganhou o status atual,
chamando-se III Festival de Brasília do
Cinema Brasileiro e abrindo espaço para
a produção engajada dos cinemanovistas,
assim como para a dissidência igualmente radical dos chamados marginais. Agora
em 2011, quatro décadas e meia depois,
o que se espera é que o Festival de Brasília deixe de ser “marginal” e reassuma o
seu glorioso protagonismo.
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Divulgação
luz câmera ação
Chuva
Por Reynaldo Domingos Ferreira
É
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pouco o que acontece de novo, enquanto se desenrola o inesperado
e inusitado encontro de dois seres
solitários nas alagadas ruas de Buenos
Aires, em Chuva, de Paula Hernández,
premiada pela melhor direção no Festival de Heidelbelg de 2008, na Alemanha. Desde os instantes iniciais, percebese que, sob o mesmo argumento, vários
outros filmes já foram vistos.
A diferença que marca o trabalho de
Hernández – também autora do roteiro –
se observa principalmente na hábil utilização da imagem para definir as características das personagens, particularmente as
de Alma (Valeria Bertuccelli), que, ainda
sob o impacto da ruptura de uma longa
relação amorosa, decide morar no próprio
carro.
Em vista disso, nas primeiras sequências, sob muita chuva, Alma entra num
supermercado para comprar produtos de
higiene e utilizar o banheiro. Aos poucos,
pelo procedimento subjetivo da narrativa,
por meio da composição de planos, a ansiedade da personagem começa a aflorar.
Ela sai do carro para comprar cigarro.
Num engarrafamento, Alma é surpreendida quando um indivíduo, Roberto
(Ernesto Alterio), entra abruptamente no
carro, pedindo-lhe que não se apavore,
pois nada de mal lhe vai acontecer. Refeita
do espanto, ela observa que ele está muito
tenso e exibe um corte na mão direita.
Oferece-lhe então água quente da garrafa
térmica e um sabonete para lavar o ferimento e evitar que infeccione.
Embora Roberto não esteja disposto a
revelar o que lhe aconteceu, ele se identifica como um engenheiro que vive em Madri, ausente da Argentina há mais de 30
anos. Da conversa corriqueira que mantêm, enquanto a chuva continua a cair
torrencialmente, emerge o conhecimento dela de que ele é casado, tem uma filha e acaba de perder o pai, um músico
que vivia sozinho, em Buenos Aires, sem
ter qualquer contato com a família.
O jogo de sedução entre ambos prossegue – depois que ela o deixa no hotel,
vai a uma festa na casa de uma amiga e, na
manhã seguinte, o procura para tomarem
café –, tendo como constantes bátegas de
chuva sobre o para-brisa do carro que, na
verdade, funcionam como metáfora de
uma cortina que os protagonistas querem
fazer descer, como no palco, sobre as figuras – ele, o pai; ela, o amante – que despacharam de suas vidas.
Sobre essa expressividade da chuva,
no trabalho de Hernández, vale a pena
observar a qualidade da fotografia de Guillermo Nieto, premiado em Gramado,
que, por sua tonalidade, confere sentido
plástico aos universos pessoais de Alma e
de Roberto, que se querem comunicar,
mesmo que seja por momentos fortuitos.
Outro elemento importante para a sustentação da narrativa é a trilha sonora de
Sebastián Escofet, tão apropriada que,
embora de natureza não jazzística, faz
lembrar, em termos de funcionalidade, a
de Collateral, de Michael Mann.
Os atores estão irrepreensíveis. Como
Alma, Valeria Bertuccelli expõe, com
muito preparo técnico, a fragilidade em
que se encontra sua personagem, sentindo-se inferiorizada por não ter lugar na
“felicidade familiar” que Roberto lhe quer
fazer crer que ele vive em Madri. Ernesto
Alterio, por sua vez, sabe demonstrar,
com discrição, a dualidade de sentimentos que leva Roberto a ser, ao mesmo tempo, pragmático e sonhador. Ou também
sedutor.
Chuva (Lluvia)
Argentina/2008, 110 min. Roteiro e direção:
Paula Hernández. Com Valeria Bertuccelli
e Ernesto Alterio. Em cartaz no Brasil três
anos após seu lançamento comercial. Em
Brasília, está sendo exibido apenas no Arco
Íris Liberty 1.
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R$ 5,90 - Roteiro Brasília