Ano X • nº 194 Junho de 2011 R$ 5,90 em poucas palavras Que bom, então, que essa nossa triste sina parece estar definitivamente encerrada. Vem aí o 1º Festival de Ópera de Brasília, uma série de dois concertos e duas óperas – Cavalleria rusticana e Pagliacci – que vão mobilizar mais de 140 músicos e um batalhão de cenógrafos, figurinistas, costureiros e profissionais responsáveis por mover a máquina dos grandes espetáculos. O projeto é dedicado ao maestro Sílvio Barbato, ex-regente da orquestra, que morreu há exatos dois anos no acidente com o avião da Air France sobre o Oceano Atlântico. Leia na página 26 nossa matéria de capa com os detalhes da temporada de ópera. Destacamos ainda mais três atrações deste mês que reforçam a vocação da cidade para receber espetáculos internacionais: a Mostra Internacional de Teatro, no CCBB (página 30), o Disney on ice, no Ginásio Nilson Nelson (página 29), e o show de John Pizzarelli no Centro de Convenções, bem no Dia dos Namorados (página 25). Por falar nisso, claro que não poderíamos deixar de sugerir um roteiro caprichado de duas dúzias de lugares para curtir o 12 de junho, estrategicamente posicionado num domingo. Leia, na página 6, a matéria Cuide bem do seu amor e escolha a forma de brindar a data com ele (ou ela) no domingo ou durante todo o fim de semana, por que não? Há ainda novidades na área gastronômica: a inauguração de uma hamburguería que se propõe a fazer sanduíches mais saudáveis, de um restaurante japonês no Pontão, sem contar a reestruturação do Babel, vendido para o chef Diego Koppe. Por último, não deixe de ler as dicas que o “embaixador do churrasco”, Mauro Abreu de Camargo, em Brasília para participar da Expotchê, dá ao colunista Luiz Recena, em Garfadas & Goles (página 16). Trilegal. Boa leitura e até julho. Telmo Ximenes Bem disse o maestro Cláudio Cohen, regente da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, ao repórter Alexandre Marino: “Nosso teatro foi planejado para nascer grande como Brasília, e configurado para que a cidade possa receber espetáculos à altura das grandes capitais do mundo – Nova York, Paris, Londres”. Isso só não aconteceu, segundo ele, porque não houve vontade política para que nosso contexto cultural se mantivesse em patamar elevado. Afinal, acrescentou o maestro, “temos o teatro, temos a orquestra sinfônica, escolas de música e artistas de grande qualidade”. 6 águanaboca O Piqueo del amor é o prato criado pelo chef David Lechtig, do El Paso Texas, para o Dia dos Namorados 14 15 16 18 22 24 25 26 31 picadinho pão&vinho garfadas&goles dia&noite brasiliensedecoração galeriadearte graves&agudos queespetáculo luzcâmeraação Maria Teresa Fernandes Editora ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda | SHS, Ed. Brasil 21, Bloco E, Sala 1208 – CEP 70322-915 – Tel: 3964.0207 Fax: 3964.0207 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Redação [email protected] | Editora Maria Teresa Fernandes | Capa Carlos Roberto Ferreira, sobre foto de Rodrigo Oliveira| Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Reportagem Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Ana Cristina Vilela, Beth Almeida, Bruno Henrique Peres, Eduardo Oliveira, Guilherme Guedes, Heitor Menezes, Lúcia Leão, Luiz Recena, Quentin Geenen de Saint Maur, Reynaldo Domingos Ferreira, Sérgio Moriconi, Silio Boccanera, Súsan Faria e Vicente Sá | Fotografia Eduardo Oliveira, Rodrigo Oliveira e Sérgio Amaral | Para anunciar Ronaldo Cerqueira (8217.8474) | Assinaturas (3964.0207) | Impressão Teixeira Gráfica e Editora | Tiragem 10.000 exemplares. www.roteirobrasilia.com.br 5 Divulgação água na boca Cuide bem do seu amor Pizza retangular da Vila Milagro Um roteiro dos melhores lugares para curtir o dia (ou a noite) dos namorados Por Beth Almeida N 6 amorados, maridos e esposas, amantes, namoridos, companheiros, ficantes, seja lá que nome ou formato tenham as relações ao longo do tempo, o fato é que o amor e o romance estão sempre na moda. E o dia 12 de junho inspira o cenário ideal para comemorar o prazer de estar junto. Para essa data, todos querem oferecer algo especial a seu par perfeito. Seja um presente, um passeio diferente ou um jantar romântico a dois. Neste ano, o calendário propicia um luxo a mais aos apaixonados: a data cai num domingo, fazendo com que a comemoração possa se estender por todo o fim de semana, com um jantar romântico como grand finale do idílio amoroso. Pensando nisso, os restaurantes da cidade preparam cardápios e promoções especiais para a data. E é claro que não podem faltar ingredientes afrodisíacos. Que, aliás, são a tônica de vários restaurantes, entre eles os do Terraço Shopping. O La Cuccina Carpe Diem D’Itália, por exem- plo, sugere um ravioli de maçã com queijo cremoso e aromatizado com canela e mel. No Grande Muralha, o toque afrodisíaco fica por conta do camarão apimentado refogado ao gengibre, pimenta e pimentões. Já a Confraria do Camarão sugere o crustáceo imerso em molho de leite de coco, abacaxi em cubos e pimenta dedo-de-moça. O Ilê (209 Sul) também entrou no clima de Afrodite, a deusa do amor dos gregos, com pratos como os camarões no abacaxi com creme afrodisíaco, acompanhado de arroz de castanha de baru. Entre as cinco opções de pratos principais oferecidos pela casa para a comemoração, há ainda um risoto de camarão, com “morangos do amor ao suco suave de laranja”. O chef Paulo Maurício elaborou ainda cinco entradas, todas de frutos do mar, com exceção do blinis de bujú com carne seca. Para harmonizar com a refeição, recomenda espumantes como o Miolo Millesimé, o Don Giovani Moscatel (“que exala o romântico aroma das flores de jasmim”) e o Cava Cristalino Rosé (“de cor insinuante, da cor do amor”). No El Paso Texas, que no dia 12 estará todo decorado com corações, a refeição dos apaixonados será um passeio gastronômico pela América Latina. O Piqueo Del Amor, concebido pelo chef David Leichtig, conta com delícias como ceviche, guacamole com coquetel de camarões e leche de tigre, entre outros sabores. “O leche de tigre é um caldo de peixe temperado com gengibre e outras especiarias, altamente estimulante e muito apreciado pelos peruanos em grandes festas e baladas”, explica Lechtig. Outra opção de sabores andinos é o Taypá (QI 17 do Lago Sul), que recentemente recebeu do governo do Peru o título de melhor restaurante peruano no Brasil. O chef Marco Espinoza criou uma sobremesa especialmente para a data: a Pareja Ideal, mousse de chocolates branco e ao leite recheada de praliné e nozes e amendoim, com frutas vermelhas e amêndoas fatiadas crocantes. A promoção fica por conta das duas taças de espumante para os casais que pedirem a sobremesa e uma caixa de alfajores para os que comparecerem ao restaurante na data. O Gero, do Shopping Iguatemi, também oferece brinde aos casais que escolherem o Menu Degli Innamorati elaborado pelo chef Salvatore Loi, composto Divulgação de couvert, salada de queijo de cabra com pera de entrada, um gnocchi di patate ripieni di ossobuco com um filetto di pargo com tortinho di champignon e duas sobremesas. Para quem quer namorar contemplando a vista do Lago Sul, uma opção é o Bier Fass do Pontão, que sugere para a data um tornedor ao molho de frutas vermelhas, acompanhado de risoto de queijo brie. Outra opção é o Dom Francisco da Asbac, mas somente para quem quiser comemorar com antecedência, porque essa é a única casa da rede que não abre no domingo à noite. Para este ano a rede, composta por outras quatro casas, planejou toda uma semana em homenagem aos enamorados, que vai do dia 6 ao dia 12, mas somente para o jantar. Francisco Ansiliero e sua filha Giuliana criaram dois pratos especiais para esses dias: um bife angosto grelhado, acompanhado de batatas rústicas, e um filé de monkfish ao azeite de ervas, acompanhado de aspargos grelhados. Para o brinde, o espumante espanhol Cava Cristalino, brut ou demi-sec. Quem entrar no clima de curtir a data já na véspera pode optar ainda pelo Nippon (403 e 207 Sul), que especialmente no dia 11 atenderá no sistema de rodízio e presenteará os casais com duas taças de espumante. Como as duas casas têm serviços de rodízio diferenciados, é bom consultar o cardápio no ato da reserva. Também para o jantar da véspera, o Oliver, do Clube de Golfe, preparou um cardápio com três opções de entrada, quatro de pratos principais e três sobremesas. Assim, a refeição pode começar, por exemplo, com um ceviche de salmão com chips de mandioca, continuar com uma lagosta ao molho de champanhe e risoto de limão siciliano terminar com um brownie de chocolate com sorvete de menta. Como prato principal a casa oferece ainda um cordeiro com farofa de ervas, um filé ao molho de geleia de morango e pimenta e um risoto de alcachofra com tomate cereja. Como brinde aos namorados, a pro- O "dueto da sensualidade" será servido nos restaurantes do chef Dudu Camargo gramação especial fica por conta do Love Beatles Trio Cover, que tocará no Oliver de sábado e domingo. Já no Parrilla Madrid (408 Sul), a entrada para o jantar será um consumé de cogumelos shitake crocantes, que podem ser seguidos por uma lagosta com manteiga de ervas, um filé à Malbec (grelhado na parrilla, ao molho de vinho, com batatas bravas) ou uma costeleta de cordeiro marinada com tomate confitado. De sobremesa, creme fredo de doce de leite argentino. Novidades também no cardápio do Chopp Time Street (413 Sul), que aproveita a data para lançar um menu de pratos duplos. São dez opções de carnes, frango, peixe ou vegetariana. Entre os destaques, o Principe Albert, um filé mignon à dorê com molho branco, cebola, tomate e champignon, acompanhado de arroz de brócolis e batata palha. Para acompanhar, uma bebida mais despojada, mas que é especialidade da casa: o chope, em suas mais diversas variações – escuro, fantástico, ferrugem e baby. Os que curtem juntinhos a culinária regional nordestina podem aproveitar a data para experimentar o risoto nordestino (com carne de sol) do Severina (201 Sul). O restaurante serve a iguaria durante todo o mês de junho e aproveita a data para lançar também uma nova sobremesa: o bolo de rolo com recheio de chocolate meio amargo. Também especializado em comida regional, o Fulô do Sertão (404 Norte) receberá os pombinhos com duas taças de vinho, rosa e cartão para que escrevam suas declarações de amor e em seguida curtam um jantar à luz de velas, no dia 11, ou um almoço no dia 12. Para a noite, a sugestão da casa é o “jantar elegante”, um tour pelo que há de melhor na cozinha nordestina, como a charque gratinada com queijo de coalho. Já no Giappa, do ParkShopping, o cardápio especial dos namorados estará disponível ao longo de todo o fim de semana e reúne as três especialidades da casa: culinárias japonesa, italiana e brasileira. A entrada são rolinhos dyo tipicamente japoneses, seguidos de lagostines grelhados ao gengibre acompanhados de risoto e, para finalizar, a brasileiríssima cartola. No Belini Il Ristorante (113 Sul), o chef Renato Ialenti elaborou cardápio especial para a noite do dia 11, com delícias como o risoto de presunto parma com abóbora e queijo parmesão ou o filé mig- 7 Divulgação água na boca especial para o fim de semana dos namorados, com duas opções para degustação a dois, os apaixonados poderão também personalizar o fundo sonoro do romance, a partir do cardápio musical da casa, com mais de duas mil músicas. Cada casal poderá escolher uma sequência de quatro canções para serem tocadas enquanto saboreiam as delícias escolhidas. É só escolher o repertório e deixar a vida os levar... La Cuccina Carpe Diem D’Italia Terraço Shopping (3363.1777) Grande Muralha Terraço Shopping (3233.3532) Confraria do Camarão Terraço Shopping (3234.7350) Ilê 209 Sul (9994.1503) El Paso Texas Lagostines grelhados non recheado com cogumelos porcini ao perfume de trufas negras, acompanhado de risoto de parmesão. O Belini é opção também para quem quer comemorar já no início do domingo com o brunch tradicional da casa, que no dia 12 optará pela inevitável taça de espumante, cortesia da casa. O chef Dudu Camargo também elaborou cardápios especiais em homenagem aos namorados, servidos no almoço e no jantar. No DaNoi, do Hotel Golden Tulip, o toque afrodisíaco está no cuscuz marroquino com frutas secas, castanhas, canela e pimenta dedo-de-moça, uma das opções de entrada. São três as sugestões de prato principal, entre elas um filé ao molho de chocolate com pimenta acompanhado de risoto de frutas vermelhas, e duas alternativas de sobremesa. Para o Dudu Camargo Bar e Restaurante (104 Sul), o Your’s (QI 11 do Lago Sul) e a Cantina Italiana Unanimità (409 Sul) o chef elaborou um cardápio com o sugestivo nome de “dueto da sensualidade”: camarão grelhado passado na farinha de amêndoas com molho de queijo brie e gengibre e dados de filé grelhado com calda de ostra e molho de sorvete de chocolate meio amargo com pimenta dedo-de- 8 Terraço Shopping (3233.5197) moça, ambos acompanhados de risoto de frutas vermelhas e couli de manjericão. As três casas terão horário especial no dia 12, das 12 às 24 horas. Os adeptos da vida saudável, ou que querem experimentar a cozinha elaborada com ingredientes orgânicos, podem aproveitar a data para conhecer o Bhumi (113 Sul), que preparou uma seleção de pratos para os dias 11 e 12, reunidos em quatro opções de menu – um à base de carne vermelha, outro à base de massa integral, um terceiro à base de peixe e mais um vegetariano. A casa pensou também naqueles que querem começar a comemoração no café da manhã, com duas opções especiais para essa refeição. As pizzas e os crepes são a especialidade da Vila Milagro (116 Norte), mas o chef Serja decidiu receber os apaixonados com cardápio especial para o almoço do domingo. São duas opções, uma de menu bovino, tendo como prato principal um filé ao funghi com risoto italiano, e outra de menu marítimo, estrelado por um salmão ao forno com legumes. Tudo embalado com música (romântica, provavelmente) ao vivo e com promoção (desconto) para os primeiros dez casais do dia. No 4Doze Bistrô, além do cardápio Taypá - Sabores del Peru QI 17 do Lago Sul (3248.0403) Gero Iguatemi Shopping, térreo (3577-5520) Bier Fass Pontão do Lago Sul (3364.4041) Dom Francisco 402 Sul (3224.1634) Asbac (3224.8429) Academia de Tênis (3316.6285) ParkShopping (3363.3079) Pátio Brasil (3322.1071) Nippon 403 Sul (3224.0430) 207 Sul (3244.2477) Chopp Time Street 413 Sul (3542.0918) Oliver Clube de Golfe de Brasília (3323.5961) Parrilla Madrid 408 Sul (3343.0698) Severina 201 Sul (3224.6362) Fulô do Sertão 404 Norte (3201.0129) Giappa ParkShopping (3234.7871) Belini Il Ristorante 113 Sul (3345.0777) DaNoi Hotel Golden Tulip (3429.8100) Dudu Camargo Bar Restaurante 303 Sul (3323.8082) Your’s QI 11 do Lago Sul (3248.0184) Cantina Italiana Unanimità 408 Sul (3244.0666) Bhumi 113 Sul (3345.0046) Vila Milagro 116 Norte (3347.4116) 4Doze Bistrô 412 Sul (3345.4351) Um japa nada S e você procura um sushi tradicional, este não é o seu lugar. Os fãs da cozinha japonesa mais purista vão estranhar o cardápio do Soho, restaurante baiano que acaba de abrir suas portas em Brasília. A culinária japonesa é só o ponto de partida para as sofisticadas receitas servidas na casa, inaugurada no último dia 2 no Pontão do Lago Sul. A primeira coisa que chama a atenção é a ausência da alga em grande parte das receitas. O chef paulista Alan Kumomoto – com passagens pelo Soho Marina de Salvador e Original Shundi de Brasília – usa uma solução arquitetônica diferente para enrolar cada sushi, seja em massa de harumaki ou em alguma folha verde. Em alguns rolls, o próprio peixe faz as vezes da alga, enrolado em volta do arroz. Assim são criados sushis como o Soho Maki (salmão maçaricado com brócolis, cream chease e molho levemente picante, seis peças a R$ 27,50), o Uramaki Salmon Skin (pele de salmão frita, oito peças e R$ 14) e o Hot Roll (salmão, kani, cebolinha e cream chease, oito peças a R$ 29,50). Mas o carro-chefe do Soho, pelo menos nas casas de Salvador e Fortaleza, são as robatas. São 26 tipos de espetinhos grelhados, entre eles os de camarão, lula, polvo, shimeji, shitake, picanha, carré de carneiro e queijo coalho de búfala. Também existem robatas doces, de banana da terra e abacaxi. Um prato peruano ganha uma versão à moda oriental. O ceviche do Soho é feito com cubos dos mesmos peixes e frutos do mar usados nos sushis, marinados no limão e na laranja. O restaurante também inova no gyoza, pastelzinho oriental normalmente recheado com carne suína. No Soho, o recheio é de salmão, camarão e shimeji. As saborosíssimas receitas com polvo chamam a atenção. De tão macio, o molusco até parece um pedaço de queijo. Para quem não é muito afeito à gastronomia nipônica, a filial brasiliense já abre as portas apresentando uma novidade: 12 opções de pratos baseados na culinária internacional. São saladas, massas, carnes, peixes e camarão elaborados com a mesma sofisticação do resto do cardápio. Os destaques são o bacalhau à moda da casa, as costeletas de cordeiro no alecrim e o filé ao molho de cogumelos. Para harmonizar, a casa oferece 150 rótulos de vinhos. A vista para o lago, aliada ao belo projeto contemporâneo do arquiteto baiano Adriano Mascarenhas, é a cereja do bolo. Com 700 m², o Soho recebe confortavelmente até 200 pessoas: 100 na varanda, 40 no mezanino e 60 no salão principal. Na decoração, destacam-se as esculturas de Tonico Lages, feitas com madeira de árvore do cerrado destruída por queimada. Fotos: Divulgação convencional Soho Restaurante Pontão do Lago Sul (3364.3979). De 3ª a domingo, das 12 às 2h. 9 água na boca Hambúrger saudável? Three Burgers abre as portas prometendo combater o estigma de junk food do sanduíche mais consumido no mundo inteiro Texto e foto Akemi Nitahara N o recém-inaugurado Three Burguer, tudo é em três no cardápio. Três tipos de hambúrguer, três de sanduíches na baguete, três saladas e três sobremesas. O conceito introduzido pela chef Shirley Soares é ser enxuto, com qualidade diferenciada. “Ao invés de fazer um cardápio gigante, optamos por buscar o que as pessoas realmente gostam em matéria de hambúrguer”, explica. Não se trata de uma lanchonete, mas de um “restaurante de hambúrguer”, segundo Shirley. “A ideia é ser diferente das outras hamburguerias. As pessoas buscam qualidade de vida e o hambúrguer não é visto exatamente como uma comida saudável”, admite Shirley, que desenvolveu a receita clássica americana com ingredientes nobres e pães especiais. Além do pão tradicional, são oferecidas as opções 10 de semi-integral (com vários grãos) e do australiano escuro. O hambúrguer padrão tem 170 gramas e é feito com fraldinha maturada ou filé (R$ 20,90). O prime, com 200 gramas, recheado com shimeji e cream cheese, sai por R$ 24,90. A terceira opção de hambúrguer de carne é combinada com peperone. Para os não carnívoros, ou adeptos de uma alimentação mais light, a pedida é o hambúrguer de shimeji com shitake ou o de salmão defumado, ambos acompanhados de batata frita, com a opção de troca por uma mini salada caesar, além de um molho especial, que pode ser o sugerido pela chef ou qualquer outro à escolha do freguês. São nove tipos de molhos, todos artesanais, como o de cebola teriyaki e o chutney de abacaxi ou de tomate verde. Para acompanhar, chope da Brahma e drinks com vodka Absolut. Ou um dos três sucos do cardápio: laranja tradicional, com blackberry ou de abacaxi. Para finalizar, as sobremesas são o cheese cake de frutas vermelhas, o brownie desenvolvido há dez anos pela chef ou cookies com sorvete. O conceito do projeto e da decoração é do arquiteto George Zardo. E a arte, de Nemm Soares, dono do vizinho Bendito Suco, que também conta com os toques de Shirley no cardápio. O salão e a “varanda” comportam 64 pessoas, mais quatro lugares no balcão. Há 15 anos no mercado, Shirley Soares estudou na Inglaterra e trabalha como consultora de gastronomia. Acumulou farta experiência em restaurantes como o Quartier Bistrot, do Sudoeste, o Churchill, dos Hotéis Meliá, a pizzaria Donna Achiropita, da 307 Norte, e a creperia Voyage Gourmet, do Boulervard Shopping. Mas o Three Burgues é sua primeira casa própria, em sociedade com o filho Guilherme Soares, que vai gerenciar o negócio. A chef também foi responsável pela dieta pessoal dos três últimos governadores do Distrito Federal – José Roberto Arruda, Wilson Lima e Rogério Rosso – e por eventos da residência oficial de Águas Claras. O projeto está sendo desenvolvido desde dezembro, e finalmente saiu do papel no início deste mês. Como promoção de inauguração, a Three Burguer oferece happy hour com chope em dose dupla. Three Burguer 413 Norte – Bloco E (3033.3136) Diariamente das 15h30 às 24h. Fotos: Divulgação Double cotte (medalhão de filé envolto em pancetta) Carpaccio de polvo e camarão Babel de novos sabores O nome continua o mesmo, mas é só. No novo Babel, tudo o mais, do cardápio à decoração, tem a cara do chef Diego Koppe, um brasiliense apaixonado por gastronomia desde os 12 anos e que, após longo aprendizado no Brasil e no exterior, acaba de comprar e reformular por completo o estrelado restaurante comandado durante oito anos por William Chen Yen, integrante da Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança. Embora bastante jovem (tem apenas 27 anos), Diego já exibe respeitável trajetória profissional, iniciada na década de 90 como auxiliar da chef Geovana Gastal em seu bufê e em seus cursos de culinária francesa. Muito aprendeu com o chef Eduardo Camargo (pai de Dudu Camargo, e um dos raros brasileiros diplomados pela célebre escola de culinária francesa Le Cordon Bleu), quando integrou a equipe do saudoso Via Vecchia Ristorante. A partir daí, fez vários cursos de especialização e em 2008 foi para a Europa, formando-se em cozinha e enologia italiana pelo Italian Culinary Institute for Foreigners (ICIF). Também estagiou durante cinco meses no restaurante Ca Vegia by Mussoni, na Lombardia, o que explica a forte influência da cozinha italiana no cardápio do novo Babel. “Mas também aprecio muito as técnicas e sabores de outros países, principalmente da França e da Espanha”, admite o chef. Um destaque do cardápio é o delicado carpaccio de polvo e camarão – finas lâminas servidas com fios de gelatina de Martini e molho de camarão rosa (R$ 29). Entre as carnes, brilha o double cotte, medalhão de filé envolto em pancetta, servido ao molho de vinho tinto, com batatas ao murro e ovo poché (R$ 49). Uma boa opção de sobremesa são as uvas congeladas no nitrogênio, ao molho de vinho branco (R$ 19). Mas as mudanças não se limitaram ao cardápio. A cozinha do restaurante foi totalmente reformada e adaptada às necessidades de Diego. “Preciso de um espaço onde possa fazer tudo na casa, inclusive pães e massas”, ele explica. No andar superior, o salão foi dividido entre um ambiente para eventos exclusivos de até 12 pessoas e um escritório. No térreo, os 50 lugares oferecidos estão separados entre o salão climatizado e a varanda. Diego introduziu também algumas novidades no serviço do restaurante. Na chegada, os clientes são recepcionados com o couvert do dia e uma jarra d’água, oferecidos gratuitamente. Quem quiser levar – e consumir ali – o vinho de sua preferência não precisa pagar a “rolha”, desde que o rótulo não esteja na carta do restaurante. Finalmente, a mais original de todas as surpresas: antes de cada prato consumido o cliente ganha um amuse-bouche, pequena porção que prepara o paladar do comensal para o que virá a seguir. Babel 215 Sul – Bloco A (3345.6042). De 2ª a sábado, das 19 às 24h. Mais informações: www.babelrestaurante.com.br. 11 água na boca A evolução do Piauí A distribuidora de bebidas que virou point da moçada descolada acaba de inaugurar, bem em frente, um bar e restaurante self-service Texto e fotos Luiza Andrade O que começou em 1985 como uma distribuidora de bebidas, na 403 Sul, alguns anos depois o empresário Francisco Agostinho Fernandes transformou em bar. Mas o negócio cresceu e não parou por aí. Os irmãos Maico, Matheus e Mariana, os três filhos de “Seu Francisco”, resolveram criar uma extensão do tradicional Piauí, com o mesmo nome do original. Bem em frente ao bar e distribuidora do pai, o novo Piauí se diferencia da matriz por sua estética mais caprichada e por se transformar, na 12 hora do almoço, em restaurante. Maico, formado em Direito, diz que sua vocação é mesmo administrar bares. “Nós sempre trabalhamos junto com nosso pai. Foi daí que surgiu a ideia de abrir esse novo Piauí”, relata, animado com o movimento “além das expectativas” desde a inauguração. Ele garante que a casa está sempre cheia: “No começo da semana o movimento é sempre um pouco menor do que de quarta a sábado. Mas ficamos surpresos porque não tivemos um só dia vazio até hoje, e essa resposta é muito boa, principalmente pelas novidades que ainda virão”. Um dos principais atrativos da casa são os preços justos da cerveja, dos petiscos e do bufê do almoço (R$ 22,90 o quilo). Muito em breve o novo Piauí vai funcionar também à noite, só com os petiscos e as porções que consagraram o pioneiro. Para encarar o frio, a partir de agora será oferecida também a possibilidade de degustar vinho em taça, informa Maico. Outra novidade: as cervejas long neck e os combos de vodca e energéticos, que não são vendidos no bar do pai. Além disso, às terças-feiras o bar oferece as cervejas Antarctica e Skol mais baratas, igualando-se, assim, ao preço da distribuidora. E nas quintas-feiras a promoção vai agradar aos apreciadores da Original, que também terá o preço reduzido. O publicitário Felipe Soares, de 31 anos, frequentador do velho e do novo Piauí, diz que a casa não deixa a desejar e que está garantida sua presença na happy hour das terças e quintas-feiras, dias das promoções de cerveja. “Achei muito bom esse novo bar. O ambiente é moderno e confortável, os preços são ótimos e a comida muito gostosa. Se eu já gostava do trabalho deles na distribuidora, agora então é que não abro mão de vir aqui”, elogia. Localizado na 402 Sul, o Bar & SelfService Piauí oferece serviço de manobrista todos os dias da semana. O bufê do almoço começa às 11h30 e termina às 15 horas. O churrasco feito na hora é um dos carros-chefes do variado bufê. E faz parte dos planos dos proprietários incrementar o jantar com pratos executivos. André Borges Para quem curte assistir aos jogos de futebol fora de casa, Maico informa que agora o bar está sintonizado nas séries A e B do Campeonato Brasileiro, e ainda dá uma dica do que pedir para acompanhar a imprescindível cerveja gelada: “A porção de carne de sol com mandioca e o filé a palito são a grande pedida. Mas recomendo experimentarem também a asinha de frango recheada, que é uma novidade no cardápio”. Maico e os irmãos prometem ainda mais novidades. Para quem já era adepto do bar e distribuidora de “Seu Francisco”, há agora essa versão melhorada do outro lado da rua. Com a mesma tradição da família, em um ambiente maior e com o toque que faltava. No almoço ou na happy hour, a novidade tem tudo para agradar aos que não dispensam uma gelada a preço justo e tira-gostos que combinam com um bom papo de mesa de bar. Bar & Self-Service Piauí 402 Sul – Bloco B (3543.7353) Diariamente, bufê das 11h30 às 15h; domingo, 3ª e 4ª feira, bar das 15 à 1h; 5ª, 6ª e sábado, bar das 15 às 2h. Carne de Kobe no Parrilla Madrid E la é conhecida no mundo inteiro como a mais macia e suculenta de todas as carnes bovinas. Extraída pelos japoneses do gado da raça Wagyu, a carne de Kobe, presente nos cardápios dos melhores restaurantes do mundo, desembarcou no início deste mês no Parrilla Madrid. São dois cortes – bistec passion e sete da palheta – que vêm se juntar ao bife ancho, ao bife de tira e a outras carnes nobres preparadas ao estilo argentino pelo restaurante da 408 Sul. “A principal característica dos Kobe Beef é a existência equilibrada de finas camadas de gordura em toda a carne, o que chamamos de marmoreio. Ele é o responsável pelo sabor, pela maciez e suculência do corte. Durante o cozimento, a gordura derrete e deixa a iguaria espetacularmente deliciosa”, garante Rodrigo Freire, sócio do restaurante. Outra característica da carne é que, apesar do alto teor de gordura, não é prejudicial à saúde. Os criadores japoneses explicam que, quando o animal está relaxado, produz uma carne de melhor qualidade. Por isso, algumas fazendas criam o gado Wagyu ao som de música clássica. A alimentação dos animais é à base de mistura de grãos e cerveja, o que faz com que tenham mais fome e engordem mais. A bistec passion (R$ 99,90) tem 600g e serve duas ou até três pessoas, dependendo de seu apetite. Já a sete de palheta (R$ 51,90) tem 300g e serve uma ou duas pessoas. “Por serem carnes de alto padrão, os cortes exigem um pouco mais de cuidado no preparo. Essa exigência faz com que sejam encontradas somente em restaurantes mais refinados”, explica Rodrigo Freire. Parrilla Madrid 408 Sul – Bloco D (3443.0698) De 2ª a 5ª feira, das 12 às 15h; 6ª e sábado, das 12 à 1h; domingo, das 12 às 17h. 13 picadinho Foi esse o comentário bem-humorado postado no Facebook pelo jornalista Ricardo Jarrão após ler a notícia de que uma equipe inglesa do Discovery Channel esteve em Brasília para conhecer os sorvetes de frutas regionais fabricados pela Sorbê. Eles estão percorrendo algumas capitais brasileiras para produzir um programa sobre nossa gastronomia, que será exibido na Europa e nos Estados Unidos em outubro. Segundo Rita Medeiros, proprietária da Sorbê, os gringos provaram vários sabores, mas se amarraram, mesmo, nos de pequi, buriti, araçá, cajá-manga e... cagaita, é claro. Picolé personalizado Outra sorveteria – a Gula Gelada – acaba de lançar o Specialito, um picolé que permite ao cliente escolher o sabor do sorvete, a cobertura e o confeito. Alguns sabores disponíveis: coco, framboesa, graviola, groselha, milho verde, açaí, pistache, chocolate, tiramisú, paçoquinha, petit suisse, brigadeiro e chantilly. As coberturas de chocolate são servidas quentes nas versões branco, ao leite, meio amargo e com castanha. Para finalizar, o toque especial dos confeitos: chocolate grandulado, mix de granulado colorido, coco flocado e castanha de caju. Mudanças na Quituart A simpática feirinha de gastronomia do Lago Norte (canteiro central da QI-9) está com algumas boas novidades. Uma delas é a Taberna do Infante, que até recentemente funcionava na 408 Norte. Quem quiser saborear as delícias de bacalhau do chef português Jorge Santos poderá ir à sua taberna nas noites de sexta e aos sábados e domingos, das 10 às 18 horas. Já o 14 Promoção de aniversário Las Paellas, de Weymer Quintas, cedeu seu espaço ao Las Parrillas, de culinária argentina. Weymer agora comanda o café do Mercado Cobogó (704/705 Norte), onde seus quitutes andam fazendo grande sucesso. O restaurante peruano Taypá - Sabores del Peru está comemorando seu primeiro aniversário com um concurso que dará uma viagem para Lima com acompanhante. Até o próximo dia 14, os clientes da casa que responderem à pergunta “Qual a sua receita para uma viagem perfeita ao Peru?” estarão concorrendo a uma viagem com passagem Brasília/Lima/Brasília, transfer, hospedagem, city tour e show de dança típica com jantar. O autor da melhor resposta será anunciado no dia 15, quando o restaurante completa um ano. Nesse dia, os clientes receberão um pisco sour de boas-vindas. Bar Bottarga Brasília acaba de ganhar um bar de luxo, cuja estrela principal é uma das mais famosas vodcas do mundo, a holandesa Ketel One. Localizado no Espaço Maria Tereza, na QI 5 do Lago Sul, o Bar Bottarga tem decoração moderna mas com toques clássicos, acompanhando a identidade visual da vodca, um das preferidas dos bartenders no mundo inteiro. Compõem o bar dois lounges, um balcão com oito lugares e “sala blue” da Johnnie Walker. Os drinques serão sugeridos pela Diageo, líder mundial na produção de bebidas alcoólicas Premium, responsável também pelo treinamento da equipe. A Ketel One é destilada pela família Nolet em Schiedam, na Holanda, com processo de fabricação artesanal e quantidades limitadas, para preservar sua qualidade. Sua chegada a Brasília acontece poucos meses após o lançamento oficial no Brasil – dia 15 de fevereiro, em São Paulo. Anarriê! O restaurante Severina (201 Sul) oferecerá nos meses de junho e julho um serviço completo para festas juninas que inclui dos quitutes – canjica, cachorro quente, bolo de milho, escondidinho, paçoca de pilão – à decoração. Dispondo de um espaço decorado a caráter, com capacidade para 300 pessoas, a casa oferece bufê completo de comidas típicas e bebidas ao preço de R$ 35 por pessoa. Também é possível levar a estrutura do Severina para outros locais, como empresas, clubes e casas. Festival de Inverno Vem aí, de 13 de junho a 13 de julho de 2011, a quarta edição do Festival de Inverno do Pontão do Lago Sul, que pouco a pouco vai se tornando uma tradição no calendário gastronômico da cidade. Participam todos os restaurantes e bares do Pontão: Bargaço, BierFass, Café Antiquário, Cervejaria Devassa, Mormaii Surf Bar e o recém-inaugurado japonês Soho. Cada casa terá um menu desenvolvido especialmente para o inverno, composto de entrada, prato principal e sobremesa, ao preço de R$ 39,90 (almoço e jantar). O Bargaço, por exemplo, terá de entrada o bolinho de aipim com camarão, de prato principal o filé de peixe grelhado com molho de frutos do mar e de sobremesa o manjar de coco com calda de ameixa. Sucesso na Inglaterra Fotos: Divulgação “Globalizaram a cagaita” Menos de dois anos após seu lançamento, o vinho Alísios, elaborado especialmente para os consumidores ingleses pela Seival Estate, projeto da Miolo Wine Group na campanha gaúcha, recebeu seu primeiro prêmio. O Alísios Pinot Grigio/ Riesling 2010 levou a medalha de bronze no The International Wine Challenge 2011, em Londres. O Alísios desembarcou pela primeira vez na Inglaterra em novembro de 2009. Desde então, mais de 80.000 garrafas já foram exportadas para o país. A expectativa, após o prêmio, é de um aumento de 30% nas vendas. PÃO & VINHO ALEXANDRE FRANCO pao&[email protected] Feiras individuais Como já tive oportunidade de escrever anteriormente, inclusive na última coluna, sobre a Expovinis, a maior feira de vinhos da América Latina, várias importadoras deixaram de participar dessa grande exposição conjunta dos importadores e produtores nacionais e optaram pela realização de “voos-solo”, ou seja, passaram a realizar feiras individuais, nas quais a estrela que brilha é única. Quando esse movimento teve início, seu objetivo era o mesmo da Expovinis, ou seja, divulgar os vinhos e seus produtores, bem como seus preços aos consumidores, que poderiam então realizar suas compras devidamente informados sobre cada vinho. Todavia, esses eventos foram ganhando maior dimensão e uma vertente puramente comercial, que fizeram com que as importadoras visassem ao lucro direto e imediato derivado das próprias feiras. Nada contra o lucro, mas isso fez com que o valor dos convites para os consumidores frequentarem as feiras tenha se elevado para a casa dos R$ 200, o que, na minha opinião, é caro. Deveriam custar, no máximo, a metade desse valor. Quando lembramos que há poucos anos muitas dessas feiras eram gratuitas, ao menos para os clientes habituais das importadoras, no mínimo temos saudade. De qualquer forma, a “feira de vinho” como conceito é, me parece, uma boa ideia, em especial para os consumidores cotidianos de vinho, que podem, assim, experimentar os novos para só comprá-los com a certeza de que vão se satisfazer. No mês passado, a Vinci Vinhos realizou sua feira em São Paulo, no Hotel Grand Hyatt, e lá estive, como sempre. Foram mais de 50 produtores, representando 12 países, com mais de 250 rótulos, entre brancos, rosés, tintos, espumantes e doces. Na impossibilidade de comentar todos os vinhos que degustei, escolhi um de cada tipo. Entre os brancos, cha- mou-me muito a atenção o Alto Adige Sauvignon Blanc Lahn 2009, da San Michele Appiano, que se apresentou maravilhosamente típico, com aromas explosivos a maracujá e algo de pêssego, com boca fresca, de acidez marcante, mas bem integrada aos 14% de álcool. Um vinho acima dos 90 pontos por US$ 56,50. Dos rosés, fiquei com o Rosados 2009, da Quinta do Mondego, um corte de Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro, Jaen e Baga da região do Dão, que se apresentou bem estruturado, de cor rubi clara mas intensa, aromas a frutas vermelhas e leve toque mentolado, boca de ótima acidez e agradável mineralidade. Um vinho muito gastronômico na casa dos 88 pontos, pelo preço de US$ 23,50. Dos tintos, gostei muito do Robertson Phanto Ridge Pinotage 2007, da sul-africana Robertson Winery, um varietal com notas tostadas claras e toque de defumado no meio de frutas vermelhas maduras. Boca de corpo médio a quase pleno, sedoso, com doce de boca agradável em mais frutas vermelhas. Com 14% de álcool, um vinho dos seus 89 pontos pelo ótimo preço de US$ 37,50. Em matéria de espumantes, mais uma vez fiquei com o champanhe Brut Souverin, da Maison Henriot, com aromas de panificação e algumas frutas secas, além de amêndoas e nozes. Muito bom em boca, com ótimo perlage, muito seco e bem estruturado. Acima dos 90 pontos, por US$ 122,90. Para a sobremesa, o imperdível húngaro Tokaji Hétszolo 3 Puttonyos 2003, do Domaine Hétszolo com aromas farmacêuticos e toque verde, mas ainda com toque de mel, frutas passas e cítricos. Em boca é fantástico, com acidez cortante a bem equilibrada e textura sedosa com toque de mel de laranjeira. Na casa dos 90 pontos, pelo preço de US$ 99,50 a garrafa de 500ml. 15 GARFADAS & GOLES Luiz Recena Sobre carnes, gaúchos e outros temas [email protected] “Em mi tierra, um asado no es de nadie, es de todos”. Acho triste traduzir os idiomas de dois vizinhos que há cinco séculos insistem em não se comunicar direito, enquanto fazem os maiores sacrifícios para macaquear idiomas distantes. Mas lá vai: “Na minha terra, um churrasco não é de ninguém, é de todos”. A frase resume a filosofia do Pampa, uma região de bons campos em boa parte da Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul. Resume, também, costume de um tempo pretérito, de uma solidariedade pura, que ainda não era moeda de troca para programas políticos e/ou organizações não governamentais. Dizia que, na solidão do Pampa, o visitante inesperado ganhava sempre um pedaço de carne junto ao braseiro. E é esse pensar coletivo, agregador, que fez do churrasco moderno uma celebração entre amigos e transformou as casas do ramo em templos dedicados aos prazeres da carne. Da carne assada. Para homenagear mais uma edição da Expotchê, nossa Roteiro conversou com uma das estrelas da festa, Mauro Abreu de Camargo, que chega a Brasília precedido pelo título de “embaixador do churrasco”. Seguem os principais trechos: 16 O que é ser embaixador do churrasco? A proposta é divulgar e manter acesa essa tradição, para que cada vez mais pessoas tenham acesso aos conhecimentos que desvendam o melhor churrasco. Esse trabalho é desenvolvido por meio de pesquisas, cursos, palestras, workshops, consultorias e matérias na imprensa e no site www.embaixadordochurrasco.com.br. É realizado só no Brasil, ou já existem experiências no exterior? Onde e como? O projeto está no seu terceiro ano, e a sua primeira missão internacional está sendo a implementação da primeira churrascaria gaúcha de alto padrão em Teerã. Estarei no Irã durante dez dias no final de junho e 35 dias nos meses de setembro e outubro de 2011. No Brasil, farei 16 palestrasshow com três mil participantes, 32 workshops e 45 cursos de churrasco, cada um com 920 participantes, e 11 participações em feiras e congressos. Quais as melhores carnes para churrasco? Entre as bovinas, costela, picanha, entrecôte, fraldinha, maçã do peito, maminha e alcatra. Das ovinas, as melhores são a paleta, a costela, o espinhaço e o pernil. Das suínas, a costela, o lombo e a sobrepaleta. Das carnes de frango, a coxa, a sobrecoxa, a coxinha da asa e o coração. Deve-se assar sempre a peça de carne inteira ou é aceitável fatiá-la, como fazem com a picanha, por exemplo, as churrascarias adeptas do espeto corrido? O churrasco não é só suculência, obtida com mais intensidade quanto menos cortarmos a peça de carne. Também devemos levar em conta aspectos visuais como, por exemplo, a picanha em medalhões. É também ritual e entretenimento, como o boi assado na goleira, no couro, inteiro, costelão oito horas, entre outros. Existe uma história básica, aceita pela maioria, sobre a origem do churrasco? A origem está atrelada ao surgimento do fogo na pré-história. O churrasco é antropológico, é o ritual gastronômico que mais aproxima as pessoas desde sua origem até os dias de hoje. Sem dúvida, quem o aprimorou e o deixou famoso foram os gaúchos. Jogo rápido O pingue-pongue a seguir é uma pequena provocação, mas tem uma singela explicação, pois dizem os gaúchos mais antigos que, motivados por uma ou outra resposta, gerações e gerações foram à luta, nas infindáveis revoluções e entreveros daqueles tempos imemoriais. Gordura para cima ou para baixo? Ou para cima e para baixo, alternadamente? Para cima e para baixo, alternadamente. Dá mais sabor e levanta menos labareda. Esse é o ganho da churrasqueira com espetos giratórios. Sal no início, no meio (após selada a carne) ou só no final? Vale a preferência do churrasqueiro. Se colocado no início, o sal penetrará mais no interior da carne, que ficará menos suculenta; se colocarmos o sal após selarmos a carne, ela ficará mais suculenta, mas o sal não chegará a atingir seu interior. Gostaria de deixar uma dica: não salgue a carne bovina com muita antecedência, pois o sal favorece sua desidratação. E não esfregue o sal grosso na carne; apenas espalhe à vontade sobre a superfície. Carvão ou lenha? O carvão é mais prático. Mas algumas le- nhas dão um toque especial ao paladar. Espeto de pau ou de metal? E a grelha, quando? A tradição do gaúcho é o espeto de pau. Com a evolução, passamos para o de metal, que podemos esquentar bem antes de espetar a carne para selar seu interior. Quanto menos cortarmos ou furarmos a carne, melhor. Por isso, a grelha tem seu valor, nos possibilita fazer uma costela janela, uma picanha ou uma fraldinha com uma suculência sem igual. No chão ou na churrasqueira? No chão é tradição, origem e ritual. Na churrasqueira é mais prático e mais fácil de domar a caloria, para utilizarmos a nosso favor. A carne entra no fogo alto ou espera ele baixar? Depende do corte. Os cortes mais macios, como a picanha, o entrecôte, a fraldinha e a maminha, vão no fogo forte. Mas a labareda nunca pode encostar na carne. Já a costela bovina, os ovinos e suínos devem ficar mais distantes do fogo. Gaúchos cada vez mais mineiros... Como vimos, nosso especialista subiu no muro. O que é bom, pois assim os gaúchos e churrasqueiros em geral não ganham motivos para guerras e pelejas. E as questões podem continuar estimulando discussões enquanto esperamos a carne, bebendo uma gelada ou um vinho, ou uma caipira, ou outros tragos de lei. E é bom, ainda, para incentivar mineiros, capixabas, nortistas, nordestinos e outras nacionalidades a fazer seus churrascos e, assim, se sentirem um pouquinho gaúchos. Bem-vindos! Salud! Fotos: Elder Galvão Paella de bacalhau Receita do gourmet Carlos Guerra, do restaurante Oliver (para 12 pessoas) INGREDIENTES • 250ml de azeite de oliva extra-virgem • 250g de dentes de alho com casca • 300g de pimentão vermelho picado • 150g de pimentão em tiras (para decorar) • 2 latas de tomate pelatti italiano • 150g de cebola picada • 300g de batata inglesa cortada em cubos pequenos • 600g de arroz parboilizado • 2kg de bacalhau dessalgado • 100g de azeitonas pretas (para decorar) • 20g de salsa picada (para decorar) • 1 envelope de Paellero Carmencita (tempero à base de açafrão) • 1 envelope de açafrão espanhol • 40g de caldo de legumes em tablete MODO DE PREPARO Limpe o bacalhau e separe as aparas para o caldo. Reserve. Em uma frigideira, frite o bacalhau com azeite até desmanchar em pétalas. Reserve. Coloque em 3 litros de água fervendo as aparas, o caldo de legumes, o açafrão espanhol, o tempero paellero e o conteúdo de uma lata de tomate pelatti, previamente refogado em um pouco de azeite. Deixe ferver por 30 minutos e coe. Reserve o caldo. Em uma paellera grande, aqueça o azeite e refogue o alho com casca em fogo brando. Acrescente o pimentão picado, a cebola, a outra lata de tomate pelatti e a batata crua. Deixe cozinhar por 30 minutos. Acrescente o arroz e o bacalhau em pétalas. Distribua os ingredientes de forma homogênea na paellera. Decore com os pimentões em tiras, as azeitonas e a salsinha. Acrescente o caldo até cobrir o bacalhau e deixe cozinhar por 25 minutos, até o arroz obter o ponto desejado. Se precisar, acrescente mais caldo. Quando secar, sirva quente. Tempo de preparo: 60 minutos. 17 Divulgação DIA E NOITE extramuros Desdobramentos modernos é o nome da exposição que pretende contar a história da modernidade no Brasil. A proposta partiu de Wagner Barja, diretor do Museu Nacional da República e curador da mostra em cartaz na Câmara dos Deputados até 31 de julho. São 38 trabalhos de 18 artistas provenientes do acervo do Museu da República e também de coleções particulares. Entre os artistas com obras na mostra estão Alfredo Volpi, Antonio Bandeira, Anita Malfatti, Candido Portinari, Di Cavalcanti, Djanira, Rebolo, Guignard, Heitor dos Prazeres e Burle Marx. Barja destaca o período entre 1914 e 1936, no qual se registrou o fenômeno da figuração nas artes plásticas do país, período que trouxe para o centro um personagem principal: o homem brasileiro, como próprio emblema da nossa identidade cultural. A mostra faz parte do programa Extramuros do Museu Nacional e inicia parceria com a Câmara Federal, por meio de seu projeto Gabinete de Arte. Desdobramentos modernos pode ser visitada somente nos finais de semana e feriados, no gabinete do presidente da Câmara, Marco Maia, das 9h30 às 17h30. Entrada franca. Vitor Schietti 18 anaturezadaspessoas Em 2009, o artista plástico brasiliense Darlan Rosa expôs suas esferas bem no centro financeiro de Toronto. Durante meses, a instalação Zero Gravity foi vista por milhares de canadenses que frequentam o Brookfield Place. Agora, o trabalho de Darlan pode ser visto na galeria da Casa Thoms Jefferson, juntamente com pinturas digitais e esculturas de pequenos formatos especialmente criadas para a exposição. Segundo a curadora Cristina Rosa, “o artista utiliza um software de animação 3D para a elaboração da realidade imaginada dentro do mundo dos computadores, ou realidade virtual. Dentro desse ambiente digital, o artista gera uma série de instruções matemáticas que, uma vez lidas por outra máquina, produzem os objetos materiais com os quais ele faz arte”. Até o dia 25, de segunda a sexta, das 9 às 21h, e sábado, das 9 às 12h. Entrada franca. Cândido Portinari, Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Van Gogh, Edward Munch, Claude Monet e Paul Cézanne. Reproduções de trabalhos desses e de outros artistas plásticos ficarão expostas no Museu Itinerante Rabobank, que estará instalado no Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul) até 15 de julho. A mostra A natureza das pessoas apresenta 40 pinturas, fotos e documentação de instalações espalhadas por grandes museus do mundo que mostram a visão dos artistas sobre a relação entre ser humano e natureza. Brasília está representada por Naura Timm e Cathleen Sidki. O Museu Itinerante Rabobank 2011 estreou em Cuiabá (MT), passou por Chapadão do Sul (RS) e seguirá depois para Ribeirão Preto e São Paulo. Diariamente, das 9 às 21h. Entrada franca. pénaestrada Durante quatro meses, o fotógrafo brasiliense Vitor Schietti “desbravou” o território americano. O resultado dessa experiência foi registrado em mais de onze mil imagens de cidades como Nova York, São Francisco e Los Angeles, como também de estradas que atravessam desertos, parques e reservas milenares. A viagem começou em agosto passado e terminou em fevereiro deste ano, período em que Schietti estudou cinema na New York Film Academy, em Los Angeles, onde residiu durante quatro meses. Agora, o registro da viagem pode ser visto na exposição Jornada americana, até 18 de junho na Galeria Objeto Encontrado (102 Norte, Bloco B). De acordo com o artista plástico Ralph Gehre, curador da mostra, “o domínio técnico de Schietti se evidencia na cor – definindo um tom específico para cada um de seus grandes assuntos – e no manejo entre a luz e a escuridão que a imagem deve conter”. De segunda a sexta, das 10 às 19h, e sábado, das 10 às 18h. Entrada franca. Divulgação Divulgação esferasnathomas Divulgação Divulgação cinemaambiental A Cidade de Goiás – ou Goiás Velho, como preferem chamar ainda os saudosistas – será palco da 13ª edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, o Fica, de 14 a 19 de junho. Além dos 30 filmes participantes da Mostra Competitiva, o festival terá na programação shows com Maria Rita, o cantor francês Manu Chao e Rita Lee. Na Mostra do Cinema Brasileiro, o grande homenageado é Arnaldo Jabor, que, junto com Cacá Dieges, vem ao festival para um debate sobre o cinema brasileiro. No Fórum Ambiental, está confirmada a presença da ambientalista Marina Silva e do índio Benki Pinhanta Ashaninka, que vão discutir os avanços de desafios da conferência Rio + 20. Cursos e oficinas de meio ambiente vão ensinar artesanato, construções sustentáveis, aproveitamento alimentar de frutos do Cerrado, cultivo de plantas, recuperação de nascentes e gestão de resíduos sólidos. A Cidade de Goiás fica a 290 km de Brasília. Confira a programação completa em www.fica.art.br No meio do rio, entre as árvores – documentário de Jorge Bodanzky rodado em comunidades ribeirinhas do Alto Solimões, na Amazônia – é um dos selecionados para o FICA asensibilidadedenaomi “Meus filmes frequentemente atravessam a barreira que existe entre o documentário e a ficção. E é isso que me proporciona o encontro com a magia do cinema”, reconhece a jovem cineasta japonesa Naomi Kawase, cuja obra premiada está na mostra que o CCBB apresenta até o dia 12. “O tom pessoal, com traços ensaísticos, que ela confere a seus filmes vem sublinhar a força subjetiva de suas imagens”, afirma a curadora Carla Maia, dando como exemplos dessa relação temas marcantes da biografia de Kawase, como a busca pelo pai (nas produções Em seus braços e Céu, vento, fogo, água e terra) e a relação com a mãe de criação (O sol poente, Caracol e Tarachime). A programação inclui 30 filmes de uma cineasta que toca com muita sensibilidade em temas cotidianos como vida, morte, família, amor, solidão, e é pouco conhecida no Brasil. Entrada franca. Informações: 3310.7087. cinemaengajado Divulgação Estão abertas as inscrições para diretores de países da América do Sul que tenham produções recentes com temas ligados aos Direitos Humanos e queiram participar da 6ª Mostra Cinema e Direitos Humanos, a ser realizada nos meses de outubro e novembro próximos. Não há restrição quanto à duração ou gênero das produções, mas os interessados devem enviar, até o dia 30 de junho, cópias em DVD acompanhadas de sinopse, foto, ficha técnica e contato para www.cinedireitoshumanos.org.br. Realizada pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, a mostra não é competitiva; no entanto, os filmes melhor votados pelo público receberão o Prêmio-Exibição TV Brasil nas categorias curta, média e longa-metragem. Com curadoria de Francisco Cesar Filho, a programação vai selecionar filmes contemporâneos, como aconteceu em 2010, quando Abutres (foto) e o ator Ricardo Darin foram homenageados. Os resultados serão divulgados até o dia 31 de outubro de 2011, no mesmo portal. Divulgação passadoalimpo Minúsculos assassinatos e alguns copos de leite. Esse é o nome da peça que está em cartaz no teatro do Brasília Shopping até o dia 26. Baseado no primeiro romance homônimo da escritora paulistana Fal Azevedo, o espetáculo é protagonizado pela atriz gaúcha Thaís Strieder e dirigido pelo brasiliense Arthur Tadeu Curado. Conta a história de Alma, personagem marcada por perdas irremediáveis e feridas abertas, em sua tentativa de passar a limpo seu passado e entender o presente. Questões delicadas, como gravidez indesejada, a difícil convivência com a mãe distante, os homens com quem dividiu a cama e o exercício de sua arte plástica, fazem Alma emocionar a plateia sem cair na vala da pieguice, segundo explica o diretor da peça. Sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 19h. Ingressos a R$ 20. 19 Divulgação DIA E NOITE temfandangonoparque Diego Bresani Um veleiro do Século XIX traz a bordo um cientista que o capitão só chama de filósofo. A rota da viagem, uma volta ao mundo iniciada na Inglaterra, inclui o Brasil e a Oceania. Ela é decisiva para o naturalista Charles Darwin apresentar ao mundo uma nova teoria para a evolução do homem e das espécies vivas no livro A origem das espécies, tema da peça Canto dos canários, em cartaz no Teatro Goldoni (208/209 Sul) até o dia 26. Escrita por Murilo Dias César e adaptada por Leo Sykes, a peça relata os costumes dos locais por onde Darwin passou, a política colonialista, a época escravagista e as doenças tropicais tão comuns na época. Realizada pelo Núcleo de Arte e Cultura, pode ser vista aos sábados, às 21h, e domingos, às 20h. Ingressos a R$ 20 e R$ 10. No mesmo local está montada a exposição Navegando com Darwin, composta de 12 painéis que trazem uma visão geral sobre a vida do cientista inglês. Reservas: 3443.0606. varrendoalua Esse é o nome do segundo CD da jovem intérprete Roberta Campos, que se apresenta dias 10 e 11, às 21h, no Teatro Oi Brasília. Determinada a ser “feliz por completo”, a cantora, compositora e instrumentalista autodidata saiu em 2004 de Caetanópolis, a 96 km de Belo Horizonte, para tentar carreira em São Paulo. Sozinha Roberta produziu seu primeiro CD (Para aquelas perguntas tortas) em 2008, que foi bem recebido pela crítica. Poesia, leveza, músicas e letras que surgem do dia a dia, tudo é fonte de inspiração para ela, que se apresenta às vésperas do dia dos namorados. O show faz parte do Projeto Encantadoras, da Caixa Seguros, e custa R$ 25. Informações em www.teatrobrasilia.com.br. angelaroro Dias 17 e 18, é a cantora carioca quem encerra a programação do primeiro semestre do Projeto Encantadoras, também no palco do Teatro Oi Brasília. Ela apresenta seu show Samba e jazz, com repertório que inclui sambas compostos por Ari Barroso e Dorival Caymmi e grandes clássicos do jazz. Enquanto prepara o lançamento dos DVDs com todos os programas apresentados no Canal Brasil, Ângela lançou CD pelo selo Discobertas, com 18 músicas que interpretou na abertura do programa em versões descompromissadas de voz e piano. Informações: 3424.7169 e www.teatrobrasilia.com.br. palhaçosnainternet 20 Quem diria! O velho e bom circo arranjou um maneira de entrar na rede! Até 26 de junho, crianças e adultos poderão assistir a apresentações circenses ao vivo e na internet. O projeto Me vê no circo acontece aos domingos, a partir das 15h, no Teatro Eva Herz (Livraria Cultura do Shopping Iguatemi Brasília). Enquanto divertem o público do teatro, os artistas da cidade podem ser vistos também pelos internautas que acessarem o site www.mever.com.br. E que têm a possibilidade de interagir com os palhaços por meio do chat e enquetes. Os ingressos para quem quiser assistir pessoalmente podem ser retirados gratuitamente a partir do meio dia do domingo no serviço de concierge do shopping. Levindo Carneiro darwinnogoldoni Carolina Bitencourt Até 12 de junho, os gaúchos que se prezam – e até os não gaúchos – terão bons motivos para ir à Expotchê, em sua 19ª edição. Mais de 300 expositores dos setores de vestuário, calçados, alimentos e móveis estarão espalhados pelos 35 mil m2 do Pavilhão Expobrasília, no Parque da Cidade, para atender a um público que terá como atrações principais shows, praças temáticas de produção de vinho, café, chocolate, pão e moda, além de mostras literárias. O destaque das oficinas gastronômicas será o “embaixador” do churrasco gaúcho, Mauro Abreu de Camargo, que antecipa suas dicas com exclusividade ao colunista Luiz Recena (leia na página 16). Na programação musical, uma das atrações principais é o show da banda gaúcha Fresno (foto), que se apresenta dia 10, às 21h. De segunda a sexta, das 16h às 23h, e aos sábados e domingos, das 11 às 23h. Nos dias úteis, entrada gratuita até as 18h. Depois desse horário e nos fins de semana, ingressos a R$ 12 e R$ 6. Programação completa em www.expotche.com.br. José Brasil Leonardo Aversa árvoremetálica O talento de Deborah Colker foi buscar em Tathiana, clássico da literatura mundial escrito pelo russo Puchkin (1799/1837), inspiração para seu mais novo espetáculo. Embora o livro tenha sido escrito e ambientado na Rússia do início do Século XIX, a coreógrafa e bailarina explica que “uma das razões de seu perene vigor e atualidade é transcender as barreiras de tempo e espaço”. O cenário do espetáculo de dança contemporânea é composto por uma grande árvore metálica, em cujos ramos Púchkin e seus personagens desenvolvem seus sonhos e angústias. A trilha sonora, embora marcada pela predominância de compositores russos, faz coexistirem autores de diversos períodos, do romantismo de Tchaikovsky (1840/1893) ao modernismo de Stravinsky (1882/1971) – e as partituras desses grandes mestres do passado passam pelo filtro contemporâneo das colagens e remixagens do compositor brasleiro Berna Ceppas. Dias 11 e 12, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. Ingressos a R$ 90 e R$ 45. Informações: 3325.6256. novocd Será dia 16, num pocket show, o lançamento do terceiro álbum do cantor e compositor Eduardo Rangel. Os dois primeiros foram gravados ao vivo e seu mais novo trabalho foi feito no estúdio, com produção e arranjos de Leo Brandão, pianista requisitado por Ivan Lins e outros artistas. Das 13 faixas, a única que não é de sua autoria é Minha alma, de Marcello Yuca e O Rappa. O lançamento será na praça entre o Armazém do Brás e o 2º Clichê, na 107 Norte. Informações: 3347.4735. Divulgação 2012estáaí Quem tem projetos culturais em teatro, dança, música, artes plásticas, artesanato e festivais tem até o dia 10 para se candidatar ao Programa de Ocupação dos Espaços da Caixa Cultural, que vai selecionar os 330 inscritos para compor a agenda de março de 2012 a fevereiro de 2013 em Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. O valor máximo de patrocínio por projeto será de R$ 300 mil. Três editais que tratam da seleção podem ser acessados em www.caixa.gov.br/caixacultural, onde são feitas as inscrições. As dúvidas podem ser esclarecidas pelo telefone 0800.727.0241, de segunda a sábado, das 8 às 20h. hablasespañol? Sábado, 18 de junho, é comemorado o Dia do Espanhol, língua falada por mais de 500 milhões de pessoas. Para marcar a data, os Institutos Cervantes de todo o mundo abrem suas portas para a festa El dia E. A sede de Brasília (707/907 Sul) tem programação que começa ao meio-dia, com o projeto Conta-contos (foto) e prossegue com música caribenha e o II Festival de Gastronomia HispanoAmericana, das 13 às 16h. Logo depois, será a vez do tango, um gênero muito em moda por aqui. Às 22 horas, a apoteose será marcada pelo show do cubano Emilio Valdes e do pianista gaúcho Tonda Pecoits, com sua banda de salsa e latin jazz, no Caribeño (Setor de Clubes Sul). Paralelamente, a Embaixada da Venezuela promove a Mostra de Cinema Hispano-Americano até o dia 10, com exibições sempre às 19 horas e entrada franca. Confira a programação em http://brasilia.cervantes.es. Informações: 3242.0603. Divulgação Simone Portellada suamatasuacasa A Mata Atlântica, um dos mais importantes ecossistemas brasileiros, é protagonista de uma exposição que há 25 anos a ONG SOS Mata Atlântica apresenta para conscientizar os brasileiros da necessidade de preservá-la. Pela primeira vez em Brasília, cidade que não é incluída no ecossistema, a mostra Sua mata, sua casa está no Conjunto Nacional até o dia 28, com atrações gratuitas e ferramentas interativas e tecnológicas. Destaque da exposição é o bike repórter Sérgio Camargo “Dart”, que está percorrendo a cidade com o objetivo de coletar dados sobre a região. Os visitantes podem revelar suas expectativas em relação ao meio ambiente por meio de depoimentos que são colocados numa Árvore dos Desejos construída com garrafas PET e embalagens de achocolatado. De segunda a sábado, das 10 às 22h. Domingo, das 12 às 20h. Entrada franca. 21 brasiliense de coração A melhor amiga de JK Por Vicente Sá Q 22 uando veio para Brasília, Vera Brant talvez não soubesse o quanto esta cidade marcaria sua vida e o quanto ela marcaria a vida desta cidade. Mas o encontro estava marcado e ninguém foge mesmo de seu destino. Portanto, foi assim que a mineira de Diamantina, que havia estudado em Belo Horizonte e trabalhado como servidora do Ministério da Educação no Rio de Janeiro, aqui chegou pelas mãos de um amigo de infância, Darcy Ribeiro. Veio para trabalhar não na construção, mas na invenção da Universidade de Brasília. Em 1960, a cidade era um formigueiro humano no meio da poeira. Quem não se assombraria com o turbilhão que era o nascimento de uma capítal no meio do nada? Ela. Mesmo sendo uma mulher jovem, Vera soube manter o foco do olhar, enxergando menos os problemas e mais a importância da grande obra. E assim pôde discernir quem eram os verdadeiros construtores de Brasília. “A alma da cidade foi plasmada por milhares de operários que, com coragem e determinação, deixaram para trás suas famílias, seus amigos, suas terras, para acompanhar o sonho de um brasileiro ousado e idealista. Só quem assistiu à chegada dessa multidão de homens descendo dos caminhões, no meio do cerrado, sem saber o que aconteceria nas horas seguintes, entende o que eu estou dizendo”, depõe Vera. Os quatros primeiros anos de Brasília foram de muito trabalho, mas também de muitas alegrias. Sempre ao lado de Darcy, ela pôde ver uma universidade verdadeiramente brasileira nascer no coração de um país que lutava para se afirmar. Com o golpe militar de 1964, o horizonte escureceu. Darcy teve que sair do Brasil, Vera foi demitida da universidade, outros amigos foram presos, a liberdade se reduziu a um quase nada. E aí a fibra e a força de Vera Brant mostrariam o seu lado de mãe de Brasília, cidade que ela viu nascer e ajudou a dar os primeiros passos. É nesse momento que surge a empresária e também a maior aliada não só da Capital da República, mas também de todos aqueles que ainda traziam o orgulho do sonho de JK no peito. Em torno de Vera formou-se um grupo de pessoas cassadas ou de alguma forma perseguidas pelo governo militar. Uma oposição à moda mineira. Numa cidade nova, com escassez de moradias, a imobiliária de Vera Brant cresceu e se firmou como uma das mais importantes. Deputados e senadores, quando chegavam a Brasília, iam direto procurar Vera para conseguir bons apartamentos. “Aí eu perguntava se ele era da Arena ou do MDB. Se fosse do MDB eu alugava; se fosse da Arena, que morasse embaixo da ponte”, brinca. Mulher de forte personalidade, Vera foi deixando crescer na cidade um leque de histórias sobre sua ingerência na vida política do país. Uma delas é sobre a saudade que JK tinha de Brasília. Sabe-se que os militares haviam proibido que Juscelino voltasse à cidade. Até negaram um pouso de emergência ao avião em que ele, certa vez, sobrevoava a cidade, e que teve problemas mecânicos. O piloto foi obrigado a se dirigir até uma fazenda de Goiás e lá pousar o avião, correndo o risco de sofrer um grave acidente. Mas Vera, que, mesmo fazendo uma oposição silenciosa e firme ao regime militar, era muito bem relacionada nos meios políticos, arranjou um jeito de fazer com que JK viesse num voo de carreira a Brasília sem que os militares o incomodassem. Ofereceu uma festa a JK, regada a muitos amigos, que durou quase até o nascer do sol. De madrugada, o ex-presidente se emocionou ao ver as luzes de sua Brasília e nunca esqueceu esse Fotos: Divulgação gesto de Vera. Outra história em que sua ligação com Juscelino é demonstrada em toda a sua dimensão é a da morte dele. Quinze dias antes, várias pessoas telefonaram para a casa de Vera dizendo que estava circulando um boato de que JK teria morrido num acidente na estrada Rio-São Paulo. Vera telefonou para um posto de gasolina próximo à fazenda e pediu ao funcionário do posto que a atendeu que fosse verificar se Juscelino estava lá. O rapaz ligou de volta confirmando a presença de JK na fazenda e Vera ligou para os jornais e desfez o boato. Quinze dias depois, JK morreu da mesma forma. Para Vera, não foi coincidência, mas sim um teste. Os autores do boato queriam verificar se haveria uma comoção nacional com a morte do expresidente. Enquanto a cidade ia crescendo e pegando corpo de moça, as festas promovidas por Vera reuniam algumas das pessoas mais cultas e interessantes de Brasília e do Brasil. Por sua casa passaram Ciro dos Anjos, Gustavo Capanema, Rubem Braga e Fernando Sabino, além de amigos mais chegados como Oscar Niemeyer, Athos Bulcão, José Aparecido e Alfredo O amigo Darcy Ribeiro, que a trouxe para Brasília. Ceschiatti. Seu apego aos amigos era tanto que chegou a construir uma casa de hóspedes para manter mais próximos de- la os que se sentiam sós em Brasília. Colecionadora de boas companhias, Vera conheceu Carlos Drummond de Andrade numa visita a Darcy Ribeiro, que convalescia de uma operação no Rio. Daí nasceu uma amizade de encontros e cartas que durou mais de uma década e virou livro. Por essas e outras, vir a Brasília e não conhecer Vera Brant era um sensabor. Era na casa dela que a vida de Brasília acontecia. Acrescente a isso os livros que ela escreveu e que tiveram boa acolhida de crítica e até tradução para outras línguas e pode-se entender porque foi criada uma aura quase mística em torno de sua personalidade. Com o passar do tempo, o fim da ditadura, a volta ao estado de direito e ao bom festejar, o espaço de Vera aumentou ainda mais na cidade. Novos amigos, artistas, intelectuais e, por que não dizer, súditos, foram se rendendo ao seu modo sincero de ser. Sua casa continua sendo ponto de referência cultural da Capital da República. Agora, quando a cidade acaba de comemorar seus 51 anos de vida,Vera estende seus olhos por este céu de mar e se deixa balançar numa rede de lembranças que ela mesma teceu. 23 galeria de arte Arte por toda a cidade Os belgas Geert Vermeire e Stephan van Biesen instalarão um grande varal no lago do Parque Olhos D’Água, com foto que propõe um jogo de ilusão de ótica. E Nelson Felix vai provar que Brasília tem esquinas, “plantando” vasos de dormideiras em cada ponto final dos eixos que cortam o Plano Piloto. Aberto Brasília é um projeto do Centro Cultural Banco do Brasil, cujas instalações, no Setor de Clubes Esportivos Sul, também serão palco de várias intervenções artísticas, além de uma exposição com a contextualização histórica da obra dos artistas participantes. No dia seguinte à abertura, 21 de junho, haverá um debate com o curador e vários artistas, no auditório do CCBB, a partir das 19h30. Aberto Brasília U 24 m visitante desavisado que andar pelas ruas do Plano Piloto no período de 20 de junho a 21 de agosto pode se espantar ao topar com bolas de futebol instaladas em locais de difícil acesso, grandes fotografias no gramado da Esplanada dos Ministérios e árvores de dinheiro no Setor Comercial Sul. Estas e outras intervenções artísticas estarão espalhadas pela cidade como parte do projeto Aberto Brasília, que vai exibir ao ar livre obras de alguns dos mais prestigiados artistas da cena contemporânea brasileira. Vai ser possível ver, por exemplo, um OFNI – Objeto Flutuante Não-Identificado – em pleno Lago Paranoá, carcaças de automóveis coloridas “plantadas” na Esplanada dos Ministérios, fichas policiais de estudantes presos na década de 70 em grandes fotografias nas calçadas da Universidade de Brasília e muito mais. A arte vai ocupar a cidade. Sob curadoria de Wagner Barja, estarão reunidos artistas como Cildo Meireles, Nelson Felix, Guto Lacaz e Paulo Bruscky, além de convidados estrangeiros (entre eles o espanhol Fernando Baena e o coletivo The Milena Principle, da Bélgica) e artistas brasilienses que conceberam trabalhos especialmente para a exposição. No total, 18 artistas que atuam internacionalmente vão injetar invenção nos espaços públicos da Capital. As obras propõem abordagens críticas e divertidas. Cildo Meireles, por exemplo, criou um Buraco para jogar políticos desonestos, com uma fotografia multicor que ficará exposta na Rodoviária do Plano Piloto. Em Bumpit! 16bit Miracle, o francês Bertrand Planes irá simular a aparição miraculosa de uma imagem de Nossa Senhora, projetada com quatro metros de altura. Fotos divulgação De 20/6 a 21/8 no CCBB e áreas públicas da cidade. No CCBB, de 3ª a domingo, das 9 às 21h, com entrada franca. graves & agudos Biscoito fino Na noite dos namorados, John Pizzarelli canta Duke Ellington O ano segue pródigo em atrações musicais internacionais que fazem uma parada neste quadrante federal. Nem tantos (artistas) quanto achamos que poderiam ter vindo (U2 e Paul McCartney estão na lista), mas também nada pouco, até agora, para uma capital carente de poesia e alta música que não fique restrita aos chamados espaços nobres. Tudo bem, o guitarrista, cantor e compositor norte-americano John Pizzarelli não é exatamente um produto para as massas, mas basta o anúncio de que volta a tocar em Brasília (em mais uma de suas voltas ao Brasil) neste domingo, 12, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, para que sua legião de admiradores abra um largo sorriso e pense cá com o cartão de crédito: “Esse vale a pena”. Em sua terceira visita a Brasília, Pizzarelli chega a bordo de Rockin’ in rhythm: a tribute to Duke Ellington, o mais recente trabalho de uma extensa discografia iniciada na segunda metade dos anos 80. Como o títu- lo indica, desta vez a atenção do músico, que morre de amores pelo Brasil (leia-se Bossa Nova, Tom Jobim e Rio de Janeiro), volta-se para um gigante da música americana, o inigualável Edward Kennedy “Duke” Ellington (1899-1974), ainda hoje insuperável em se tratando de jazz arranjado e tocado por big bands. Atenção para este detalhe: John Pizzarelli não vem com uma big band para executar as peças de Duke Ellington. Até aqui é um mistério como vai ser na estrada sem os arranjos de sopros assinados por Don Sebesky. O repertório do grande maestro faz parte do programa, mas em execuções de quarteto que conta, além de Pizzarelli, com a presença do time que o acompanha faz uma data: Larry Fuller (piano), Tony Tedesco (bateria) e o irmão Martin Pizzarelli (contrabaixo). E se, para muitos, um roteiro calcado em Duke Ellington é sofisticação e jazz puro demais, John Pizzarelli sabe jogar para a plateia, exibin- do seu lado entertainer e mestre das gemas pop. Sabe como é, o cara é talentoso, charmoso, tem aquela voz e tal. Daí que, se cantar Nat King Cole, Beatles, James Taylor ou a versão bilíngue de Garota de Ipanema, em português irrepreensível, tal qual demonstrada no CD Bossa Nova (2004), um abraço. Aos que quiserem adicionar um aperitivo extra-musical, basta se dar conta de que 12 de junho é Dia dos Namorados (véspera de Santo Antônio, o casamenteiro, segundo o calendário cristão). E, assim sendo, temos aquela combinação de fatores: John Pizzarelli + jazz de alto nível + clima romântico + aquele dia especial = motel. Não, igual a Centro de Convenções Ulysses Guimarães, pois a oportunidade é de ouro. A alcova, antes ou depois. Rockin’ in rhythm: a tribute to Duke Ellington 12/6, às 20h, no Auditório Master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Ingressos (meia): R$ 45 (balcão superior); R$ 75 (plateia), R$ 90 (vip lateral) e R$ 100 (plateia vip). Vendas na Fnac (ParkShopping), nas lojas Free Corner (Gilberto Salomão, Brasília Shopping e Sudoeste) e pelo site www.ingressorapido. com.br. Classificação indicativa: 14 anos. Divulgação Por Heitor Menezes 25 que espetáculo Até que enfim! 1º Festival de Ópera de Brasília, principal atração da cidade em junho, sinaliza uma nova política cultural Por Alexandre Marino fotos rodrigo oliveira O O maestro Cláudio Cohen prepara a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional para a abertura do festival mês de junho marca o início da seca e, se depender do maestro Cláudio Cohen, regente da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, a chegada de um novo tempo para Brasília. A realização, este mês, do 1º Festival de Ópera de Brasília simboliza, segundo ele, essa mudança. Para o maestro, a criação de um evento de grande dimensão dentro do calendário cultural do DF corrige uma distorção que se deve, acima de tudo, à falta de vontade política. Cohen fará a direção geral do festival, que prestará homenagem ao também maestro Sílvio Barbato, ex-regente da orquestra, morto em 2009 no acidente do avião da Air France. O festival terá duas grandes óperas – Pagliacci, de Leoncavallo, e Cavalleria rusticana, de Petro Mascagni – e oferecerá ao público dois concertos, o primeiro nesta terça-feira, dia 7, com árias, trios e quartetos, além do Réquiem, do compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart. Sob a regência do maestro Cláudio Cohen, nada menos de 140 músicos, entre os quais alguns nomes importantes do cenário na- Cavalleria rusticana Ópera de Pietro Mascagni em um só ato, estreou em 17 de maio de 1890 no Teatro Costanzi, em Roma. É dividida em duas partes. Parte I - É domingo de Páscoa num povoado da Sicília. Os moradores estão na igreja próxima à taberna de Mamma Lucia, mãe de Turiddu. Santuzza, companheira de Turiddu, pergunta a Mamma Lucia se sabe onde ele está. Ela responde que o filho foi comprar vinho para a taberna. Chega Alfio, marido de Lola, e solicita uma taça de vinho a Mamma Lucia, e ela lhe responde que Turiddu foi buscar. Alfio não entende, porque viu Turiddu próximo de sua casa. Santuz26 za revela seu sofrimento a Mamma Lucia, pois desconfia que Turiddu a está traindo com Lola, mulher de Alfio. Mamma Lucia, confusa, entra na igreja para assistir a Missa de Páscoa, enquanto Santuzza espera por Turiddu. Chega Turiddu, e Santuzza lhe suplica que não a abandone, mas ele ão lhe dá ouvidos. Enquanto os dois discutem, Lola chega e troca ironias com Santuzza. Turiddu vai atrás de Lola na igreja. Logo em seguida aparece Alfio, a quem Santuzza revela suas suspeitas. Alfio, furioso, jura vingança. Parte II - Sai o povo da igreja, terminada a missa. Vão, então, à taberna de Mamma Lucia comemorar. Turiddu é encarregado de servir aos demais. Alfio aparece e recusa o vi- nho, insinuando a traição, ao dizer que seu copo estaria envenenado. Turiddu, então, o desafia para um duelo, desferindo-lhe uma mordida no lóbulo da orelha. Antes de enfrentar Alfio, já pressentindo o desfecho, Turiddu roga a Mamma Lucia que cuide de Santuzza. Turiddu vai ao encontro de Alfio, fora da vila. Pouco depois, aparece uma mulher em desespero, avisando Mamma Lucia de que seu filho Turiddu foi morto no duelo. Intérpretes - Turiddu: Martin Muehle (SP) e Jean Nardoto (DF); Santuzza: Janette Dornellas (DF) e Chris Dantas (DF); Alfio: Sebastião Teixeira (SP) e Gustavo Rocha (SP); Lola: Najda Lopes (DF) e Andrea Maulaz (DF); Mamma Lucia: Clara Figueiroa (DF) O cenógrafo Raul Belém (à esquerda) supervisiona a montagem dos cenários cional, mas especialmente de Brasília, dentro da proposta de desenvolver um novo mercado local e abrir espaço a grandes talentos da cidade. Cohen, que estudou na Escola de Música de Brasília, lembra que o Teatro Nacional, onde acontecerão todos os espetáculos previstos no festival, foi planejado para nascer grande como Brasília e configurado para que a cidade possa receber espetáculos à altura das grandes capitais do mundo – Nova York, Paris, Londres. “Isso só não acontece porque não havia vontade política para que nosso contexto cultural se mantenha em patamar elevado. Temos o teatro, a orquestra sinfônica, escolas de música e artistas de grande qualidade”, afirma. Para o maestro, o que falta em Brasília é efervescência cultural, que pode ser estimulada por políticas específicas. A promoção do festival, segundo ele, é prova de que a Secretaria de Cultura se move nesse sentido. “As temporadas de ópera em São Paulo não têm mais que quatro títulos”, observa. “Ao criar um festival dentro de nosso calendário, desenvolvemos nosso Mariza de Macedo-Soares coordena a produção dos figurinos mercado, abrimos a possibilidade de surgimento de novos talentos e criamos empregos não só para artistas, mas também para figurinistas, cenógrafos, costureiras.” Alguns desses artistas são a soprano Lívia Bergo, a contralto Valdenora Pereira e o tenor Francisco Bento, crias da cidade, solistas do concerto Mozart junto com o baixo Thoroh de Souza, que começou a carreira em Brasília e vive atualmente em São Paulo. A ópera Pagliacci, programada para os dias 17 e 18, terá Juremir Vieira, brasileiro que vive atualmente na Suíça, e Hélenes Lopes, de Goiás. Também participarão o alemão Tobias Hagge e os brasilienses Gautemberg Amaral, Gandhia Brandão e Érika Kalina. O diretor de cena é Francisco Mayrink, de Minas Gerais, e o maestro é Emílio de César, também de Brasília. Nos dias 23 e 24 será apresentada a ópera Cavalleria rusticana, com direção de Francisco Frias e regência de Cláudio Cohen. O paulista Martin Muehle e os brasilienses Jean Nardoto, Janette Dornellas e Chris Dantas estão nos papéis principais. O ator e figurinista Theodoro Cachrane, vencedor do Prêmio Shell 2011 de melhor figurino, estreia no mundo da ópera com grande expectativa. “É um trabalho que tem outra dimensão e grandiosidade”, afirma ele. A coordenação da produção de figurinos é de Mariza de Macedo-Soares. O arquiteto e cenógrafo mineiro Raul Belém, professor do Palácio das Artes de Belo Horizonte, assina todos os cenários. Esse é um projeto de grande importância para uma cidade que busca reencontrar o caminho de sua riqueza cultural. Será encerrado no dia 28, com um concerto de gala na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. Os brasilienses esperam que corresponda às expectativas e abra caminho para novos eventos, em todas as linguagens artísticas. Brasília tem artistas de sobra. E um público carente, que já esperou demais. va ao local do encontro. Canio, um homem passional e violento, avança sobre os dois, mas o amante foge e a trupe impede que ele agrida Nedda. Eles tem que se preparar para o espetáculo daquela noite. Sozinho em cena e desesperado com a traição da mulher, Canio canta, então, uma das mais belas árias de tenor, Vesti la giubba, na qual expressa seu destino trágico: desempenhar o papel de palhaço e fazer rir quando está de coração partido. O espetáculo começa e, ironicamente, Nedda desempenha o papel de uma colombina que trai o marido com um arlequim. O que era para ser uma comédia transforma-se em drama, quando Canio, o palhaço traído, entra em cena e coloca todo seu sofrimento no texto de seu personagem, até que, não mais conseguindo se controlar, esfaqueia Nedda. Vendo a amante agonizante, Silvio sobe ao palco para defendê-la. Neste momento, Canio avança sobre ele e também o esfaqueia. O enredo da ópera foi inspirado numa história verdadeira acontecida na Itália. Intérpretes - Canio: Juremir Vieira (Suiça) e Hélenes Lopes (Goiânia); Nedda: Gandhia Brandão (DF) e Érika Kalina (DF); Tonio: Tobias Hagge (Alemanha) e Gutemberg Amaral (DF); Silvio: Marlon Maia (DF) e Hermógenes Correia (DF); Peppe: Roney Calazans (DF). 1º Festival de Ópera de Brasília De 7 a 28/6 na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Cláudio Santoro, com entrada franca. Réquiem – 7/6, às 21h. Pagliacci – 17 e 18/6, às 20h. Cavalleria rusticana – 23 e 24/6, às 20h. Concerto de Encerramento – 28/6, às 20h. Pagliacci Ópera de Ruggero Leoncavallo, representada pela primeira vez no Teatro dal Verme de Milão, em 21 de maio de 1892, com direção de Arturo Toscanini. Começa com um prólogo cantado em frente à cortina por Tonio, que faz o papel de um dos palhaços da companhia itinerante de circo liderada por Canio. Tonio é apaixonado por Nedda, esposa de Canio. Ele tenta seduzi-la, mas ela o rechaça. Tonio então descobre que Nedda está traindo Canio com Silvio, um aldeão da cidade onde a trupe de palhaços se encontra. Para vingar-se, após presenciar um encontro entre Nedda e seu amante, Tonio procura o patrão e o le- 27 que espetáculo Mágica e hipnose no teatro medieval Por Ana Cristina Vilela fotos rodrigo oliveira V 28 enham, venham, hoje tem teatro na feira! Tem farsa, tem sátira, tem auto. Burla? Também tem. Cheguem mais, senhores e senhoras! Há trovadores e poesias na praça. Venha o povo, venha a nobreza. Venha o clero exorcizar seus demônios! Venham rir. Neste nosso Século XII a vida está nas ruas, está nas feiras, está nas praças... Ah!... e nas tabernas. Como poderia esquecer nossas tabernas? Vinho, riso, dança, música... porque estamos na Idade Média. Sim, estamos, não estamos? Ou seria um engano, uma farsa, uma burla do Século XXI representada em Brasília, na 203 Norte, porque lá é Mittelalter (Idade Média, em alemão). Bar e taberna, boa cerveja, boa comida, música e dança medievais e – creiam! – mágica e hipnose, porque é necessário inovar, reinventar. É assim que o Mittelalter tem atraído o mais variado público. O clero, entretanto, ainda não foi visto por lá. Nem a nobreza. Mas pode-se virar nobre, ou padre, se quiser, sob a hipnose de Bruno Tricari- co, odontólogo e hipnólogo, adepto da técnica em seu consultório. A apresentação acontece ao lado do paraibano Eduardo Rocha, que, apesar de formado em Engenharia Civil e em Administração, dedica-se ao ilusionismo há mais de dez anos – desde os 14 anos. Ed Rocha, como é conhecido, veio para Brasília trabalhar em suas áreas de formação. Mas eis que a vida também é uma burla, um teatro. Desde 2009 ele se dedica exclusivamente ao ilusionismo. Atualmente faz ações corporativas em grandes empresas, com palestras motivacionais que integram mágica e humor. Ed e o macapaense Bruno, que começou a estudar hipnose clínica em 2003, conheceram-se numa conferência de mágica há cerca de três anos. Tornaram-se amigos e, recentemente, montaram o Hipnomagic, que não deixa de ser um teatro. Sim, um teatro medieval, uma burla. Afinal, o que é real de fato, o que é verdade e o que é mentira? E pior: até que ponto somos sugestionáveis? A apresentação começa com mágica nas mesas, close-ups que incitam o público e preparam o espírito para o que vem depois: a hipnose. Ed e Bruno fisgam a aten- ção, instigam, brincam e, claro, provocam o riso, a dúvida, o questionamento: há mesmo a hipnose? A técnica é mesmo possível em ambiente tão profano, com música, bebida e barulho? É assim tão simples quanto parece? O moço realmente comeu cebola pensando que era maçã? Ele realmente sentiu-se preso numa torre de pedra? Nada disso importa, ao final, até porque não teremos as repostas. A taberna, no subsolo, tem decoração típica, suas Hipnomagic Toda 4ª feira, a partir das 20h, no Espaço Cultural e Taberna Mittelalter – 203 Norte – Bloco C (3039.1803), aberto de 3ª a sábado, a partir das 19h, com programação variada. Entrada: R$ 10. Mais informações: www.wix.com/mittelalter/site#. Divulgação enormes mesas de madeira rústica são divididas com desconhecidos, as paredes são de pedra. O espaço é comum, como nas praças (claro que agora, no Século XXI, paga-se para entrar), as pessoas encantam-se com as mágicas, temem o desconhecido, veem-se no lugar daquele que se prontifica a ser hipnotizado, riem, pensam... Estaria mesmo ele sob hipnose? Às vezes, temos certeza que sim; em outras, a dúvida. É mágica, é hipnose. É teatro. Como nos autos, há um fim moral, uma reflexão: “Queremos passar uma mensagem, romper limites, fazer com que as pessoas vejam o mundo sob uma ótica diferente; queremos gerar uma internalização, apresentar a mágica não como lazer, mas como arte”, explica Ed. Para nossos artistas, cada apresentação é distinta da outra, sempre muda, até porque o público muda: “A resposta individual é diferente”. Ed é quem provoca, quem prepara a entrada de Bruno, para quem tudo depende da aceitação da pessoa: “O que aceita ser hipnotizado é a moral da pessoa; se isso não acontecer, veremos somente mágica”. Além do riso e da reflexão, está-se à mesa, longas mesas pesadas que convidam à comensalidade, e aí pode-se escolher entre salsichas alemãs, caldos, javali, avestruz, filé, eisbein, goulash, kassler, risotos, salmão, croquetes... Para acompanhar, chope, boa cerveja, hidromel... Mas um aviso aos iniciantes: cuidado com a Fada Verde! A Disney vem aí O dólar em baixa tem encurtado bastante a distância entre o Brasil e os Estados Unidos, mas se a grana ainda está curta para levar a criançada para a Disney, a Disney vem até elas. Em uma hora e 40 minutos de espetáculo, os pequenos vão poder sentir um pouco do clima do parque temático em Disney on ice – Aventuras em Walt Disney World. Personagens clássicos, como Mickey e Pato Donald, heróis da era Pixar, como Woody e Buzz Lightyear, e até os fanfarrões piratas do Caribe vão conviver no show de patinação que toma conta do Ginásio Nilson Nelson entre 16 e 19 de junho. Nada menos que 37 patinadores, de 13 nacionalidades, são responsáveis por dar vida aos personagens que ficaram marcados no imaginário de tantas gerações. A trama começa quando a família superpoderosa de Os incríveis tenta passar férias normais no Disney World. Como era de se esperar, a tentativa acaba frustrada quando seus poderes começam a se manifestar. A partir de então, uma série de acontecimentos cômicos se desenrola, tendo como pano de fundo algumas das atrações mais famosas do parque. A Mansão Mal Assombrada, por exemplo, é tomada por assustadores fantasmas, desenhados pela luz negra. O sofisticado sistema de iluminação criado por Peter Morse também é protagonista em outros momentos. Para reproduzir a exuberância verde da floresta tropical do Jungle cruise, são usadas impressões de folhas no chão de gelo. O contraste de lâmpadas fluorescentes e pastéis dá o tom no Mad tea party, onde Alice, o Chapeleiro Louco e todos os seus amigos vão girar e se divertir nas xícaras. Todos os elementos do show foram inspirados na diversão que os parques proporcionam, remontando a atmosfera nostálgica da Disney na década de 1960. Isso se torna claro desde a abertura do espetáculo, ao som de um clássico da Motown. Para manter o espírito sessentista, a figurinista Scott Lane inspirou-se em suas memórias de infância na hora de desenhar as roupas dos personagens. A coreógrafa Cindy Stuart combinou experiência e muitas horas de pesquisa nos parques, estudando o comportamento dos visitantes e dos funcionários para identificar a forma como eles interagiam uns com os outros. A diretora Patty Vincent também investigou a fundo o universo do Walt Disney World para reproduzir até os detalhes mais sutis do parque. “Estar lá me transformou em uma criança de novo, e eu queria oferecer a todos essa mesma sensação deliciosa”, revela. Disney on ice – Aventuras em Walt Disney World De 16 a 19/6, no Ginásio Nilson Nelson. Horários: dia 16, às 15 e 20h; dia 17, às 20h; dia 18, às 15 e 19h; e dia 19, às 11 e 15h. Classificação indicativa: livre (menores de 12 anos só acompanhados). Ingressos (meia): de 4ª, 5ª e 6ª feira; de R$ 30 a R$ 170; sábado e domingo, de R$ 40 a R$ 190. 29 Maria Sábado que espetáculo seu nome é ousadia Junho é mês de bons espetáculos contemporâneos no CCBB O Petri Virtanen s atores entram em cena e começam um jogo teatral visível ao espectador, revelando os truques de iluminação, a troca de personagens e outros segredos de bastidores sem, contudo, prejudicar a ficção. É, ao mesmo tempo, “um malabarismo de atores e uma 30 Keskusteluja, a montagem finlandesa, dias 18 e 19 Amar, a peça da estreia, do argentino Alejandro Catalán Joana Linda Teatro, Persona, de Ingmar Bergman, na versão teatral do português João Canijo obra”, nas palavras do próprio criador do espetáculo, o argentino Alejandro Catalán, uma referência quando se fala de teatro contemporâneo na América Latina. É sua peça Amar, definida como uma experiência de teatro crua e real, que vai abrir a Mostra Internacional de Teatro 2001 (MIT) nesta quinta-feira, 9, no Teatro do CCBB. Até 26 de junho, não só ela como também montagens da Alemanha, Finlândia e Portugal se revezam na temporada que é fruto de parceria com o Festival de Teatro Internacional de Londrina (FILO), o mais antigo e um dos mais tradicionais do país. Em comum, o fato de todas as montagens da mostra serem marcadas pela diversidade, ousadia e invenção. Na segunda semana, a programação da MIT prevê dose dupla, com uma produção do Teatro Turim, de Portugal, e a WHS (Ville Walo & Kalle Hakkarainen), da Finlândia. A companhia portuguesa vem com a adaptação de um clássico da cinematografia sueca, Persona, de Ingmar Bergman. A versão teatral, dirigida pelo cineasta João Canijo, intercala trechos do filme com cenas ao vivo. Co- mo numa partitura, a história vai sendo construída pelo conjunto de atrizes, do teatro e do cinema. Já a arte dos finlandeses Ville Walo e Kalle Hakkarainen mistura teatro, dança, ilusionismo e malabarismo no espetáculo Kekusteluka (Discussões). Eles apresentam sua versão para o fenômeno da incomunicabilidade contemporânea. O MIT termina com a Familie Floez, da Alemanha, que traz o seu Teatro Delusio, caracterizado pela utilização de máscaras que, combinadas ao trabalho corporal dos atores, constroem diferentes jogos teatrais. Em cena, o mundo do teatro a partir da visão de três técnicos que atuam nos bastidores. A mostra acontece simultaneamente em Brasília e São Paulo e tem curadoria de Luiz Bertipaglia, diretor do FILO. Mostra Internacional de Teatro 2001 Amar (Argentina) – 9 e 10/6, às 21h; 11/6, às 18h30 e 21h; e 12/6, às 21h. Persona (Portugal) – 16 e 17/6, às 21h. Kekusteluja (Finlândia) – 18 e 19/6, às 21h. Teatro Delusio (Alemanha) – 23, 24 e 25/6, às 21h; e 26/6, às 16h. Ingressos a R$ 15 e R$ 7,50. Mais informações: 3310.7087. Divulgação luz câmera ação Não me abandone jamais Por Reynaldo Domingos Ferreira U m triângulo amoroso que se forma entre pessoas anormais, desenvolvidas em laboratório para servir a um objetivo no campo científico, é o tema abordado por Não me abandone jamais, de Mark Romanek, que exagera na dose do melodrama para impor sua insegura narrativa. O roteiro, de Alex Garland, é baseado no best-seller de título homônimo, de Kazuo Ishiguro, escritor japonês residente na Inglaterra, autor também do romance Vestígios do dia, adaptado ao cinema por James Ivory (1993). O argumento, de cunho futurista, não só adverte sobre experiências científicas com seres humanos como igualmente alerta sobre o perigo de que, para efetivá-las, se adotem medidas coercitivas de estados totalitários. Uma legenda aparece na tela, indicando que o ano de 1952 foi o marco de uma grande descoberta na medicina capaz de propiciar ao homem condições de viver mais de cem anos. Surge logo a figura de Kathy H (Carey Mulligan), a narradora de 28 anos que, na retrospecção, reconstitui seus tempos de infância, na década de 70, passados numa escola Haisham de disciplina rígida, dirigida por Miss Emily (Charlotte Rampling). Entre os colegas, Kathy (Isobel Meikle-Small) tem dois amigos: Tommy (Char- lie Rowe) e Ruth (Ella Purnell). Apesar de ficarem sabendo da banalidade de seus destinos, já que, como cobaias, foram programados para morrer ainda jovens, de acordo com a indiscrição de uma professora, Miss Lucy (Sally Hawkins), logo demitida, os três amigos não têm como evitar que o amor surja entre eles. Assim, já adultos, enquanto Kathy, em segredo, se apaixona por Tommy (Andrew Garfield), este inicia um relacionamento afetivo com Ruth (Keira Knightley). A psicose da bondade, digna das heroínas dos romances ditos “cor-de-rosa”, se apodera então de Kathy de forma irreparável. Ela, para deixar os dois amantes à vontade, parte numa missão assistencial que lhe vai propiciar, como benefício, o adiamento de sua morte. É sobre essa tônica da dualidade – amor e morte – que Romanek, ex-assistente de Brian De Palma e diretor de vídeos musicais, baseia grande parte de sua lenta narrativa, relegando, dessa forma, o contexto de ficção científica. Para caracterizar sua opção pela love story, que provoca turbilhões de lágrimas na plateia, Romanek usa e abusa da trilha sonora. Rachel Portman selecionou temas musicais açucarados para contrastar com a melancolia em que, aos poucos, mergulham os protagonistas, principalmente Tommy e Ruth, os quais, ao longo do tempo, se desgastaram, como é natural entre os humanos, no relacionamento amoroso. Apesar disso, Tommy, já debilitado, insiste em ser feliz, durante o pouco tempo que lhe resta, ao lado de Kathy. O que segura o interesse do espectador até o final é, sem dúvida, o trabalho dos atores. Carey Mulligan (Educação) representa Kathy, dando-lhe as características de inocência e de superação. A atriz imprime na personagem a compreensão de que a amizade prevalece sobre o amor, isto é, resiste mais, segundo deixa transparecer na cena final. Andrew Garfield (Rede social) parece convicto de que, como Tommy, pintor de quadros, cabe a ele ser mais humano que os outros, ou melhor, mais dedicado a expressar sua crença na existência da alma. De todos os atores, Keira Knightley (Orgulho e preconceito), como Ruth, é a menos compromissada. Por isso, apresenta a face sempre rígida. E Charlotte Rampling (O porteiro da noite), como Miss Emily, assume a máscara tétrica e sombria do totalitarismo. Não me abandone jamais (Never let me go) EUA/Reino Unido/2010, 103 min. Direção: Mark Romanek. Roteiro: Alex Garland, com base no romance Never let me go, de Kazuo Ishiguro. Com Carey Mulligan, Andrew Garfield, Keira Knightley, Charlotte Rampling, Sally Hawkins, Isobel MeikleSmall, Charlie Rowe, Ella Purnell e Natalie Richard. 31 luz câmera ação De olho no futuro Por Sérgio Moriconi P 32 ercebido há mais de uma década como anacrônico e decadente pelos mais importantes profissionais da área, o Festival de Cinema de Brasília resolveu reagir e anunciou para este ano uma série de novidades que visam a restituir-lhe a importância que já teve no passado. A intenção, entre várias outras, é, sem dúvida, esta. Mas a amplitude das novidades é tal que não se pode considerar o novo projeto apenas uma tentativa de sair da mesmice e ostracismo em que se havia mergulhado. O novo festival tem também a ambição de ser, no plano local, um festival de toda Brasília, não apenas do Plano Piloto. Pela primeira vez, as chamadas sessões nobres de sua principal mostra competitiva vão acontecer simultaneamente nas cidades satélites de Sobradinho, Ceilândia e Taguatinga. As novidades, porém, são muitas. Curiosamente, quando anunciadas, na primeira semana de maio, provocaram rea ções contraditórias entre entidades da classe cinematográfica, embora parte das novidades tenha se originado de sugestões delas próprias e assumidas pela comissão curadora que se reuniu sob a coordenação do produtor e ex-diretor da extinta Fundação Cultural do DF, Nilson Rodrigues. A comissão curadora já era, em si, uma novidade. A queixa das entidades se devia ao fato de se sentirem excluídas da comissão. Mas isso é uma outra história. Entre outras coisas, o trabalho resultante definiu uma nova data para o festival, antecipando-o para o pe-ríodo de 26 de setembro a 3 de outubro, evitando, assim, ficar à mercê das sobras de outros festivais brasileiros. Ao abandonar a obrigatoriedade da bitola 35mm para sua principal mostra competitiva, o Festival de Brasília, a partir de agora, se adequa à realidade da pro- dução cinematográfica mundial. Suas mostras competitivas não excluirão nenhum tipo de suporte, podendo as produções selecionadas serem exibidas no seu formato original de captação. Isso quer dizer que uma obra em digital, ou mesmo super-8, por exemplo, poderá concorrer em iguais condições com uma filmada em 35mm. A comissão curadora resolveu também criar uma mostra competitiva para filmes de animação, reconhecendo, assim, o enorme crescimento, em quantidade e qualidade, desse segmento no mercado brasileiro. Um aspecto fundamental é que, em ambos os casos, foi abolido o dogma do ineditismo para a seleção dos filmes em competição, restringindo a regra apenas para obras que tenham conquistado prêmios principais em outros festivais. Antes restrito a míseros seis filmes em sua competição oficial, acrescidos de dois ou três em sessões especiais, o novo Festival de Brasília terá agora quatro novas im- lgação Fotos: Divu O mais tradicional festival do país aposta na mudança para voltar a ser a principal referência da produção cinematográfica brasileira portantes mostras paralelas: Mosaico, Primeiros Filmes, Filmes Para Celular e Festivalzinho. A primeira vai proporcionar ao público de Brasília tomar conhecimento da diversidade da produção brasileira do ano, podendo, portanto, ter acesso antecipadamente a obras que só vão atingir o mercado muitos meses depois e também a realizações independentes que jamais chegarão às salas de exibição comerciais. Iniciativa inédita no Brasil, a mostra Primeiros Filmes pode trazer a Brasília os futuros grandes nomes do cinema brasileiro. Emulando, entre outros, o Festival de Cannes, a intenção da curadoria foi justamente resgatar para o Festival de Brasília o espaço privilegiado para o novo. As mostras de filmes para celular e o Festivalzinho se enquadram nessa mesma perspectiva de futuro. De uns tempos para cá, muita gente argumentava que o impasse conceitual do festival estava emblematicamente me- taforizado nas ruínas de seu templo sagrado, o Cine Brasília. Fisicamente degradada, essa magnífica e incomparável sala de cinema projetada por Oscar Niemeyer foi palco de edições memoráveis do primeiro festival de cinema brasileiro deste país. Isso mesmo! O Festival de Brasília é o primeiro do gênero. Para quem não conhece a história, o festival e o espírito que o norteou só podem ser inteiramente compreendidos se historicamente contextualizados: em pleno ano do golpe militar (1964), o professor Pompeu de Souza pediu a Paulo Emílio Salles Gomes, o maior teórico do cinema brasileiro, que desse um curso de “apreciação cinematográfica”, com exibições de clássicos nacionais na Escola-Parque da 307/308 Sul. O sucesso fez Paulo Emílio propor à Fundação Cultural do DF a realização de uma Semana do Cinema Brasileiro. A mostra aconteceu no ano seguinte e contou em sua programação com filmes como A falecida, de Leon Hirzman, O menino de engenho, de Walter Lima Jr., A hora e a vez de Augusto Matraga, de Roberto Santos, e São Paulo S.A., de Luis Sérgio Person. Estávamos em plena ebulição do Cinema Novo, movimento que mudou a história do nosso cinema. A segunda Semana do Cinema Brasileiro, em 1966, tinha o mesmo nível, com obras-primas como O padre e a moça, de Joaquim Pedro de Andrade, Todas as mulheres do mundo, de Domingos de Oliveira, e A grande cidade, de Cacá Diegues. Foi no ano seguinte, 1967, que a Semana ganhou o status atual, chamando-se III Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e abrindo espaço para a produção engajada dos cinemanovistas, assim como para a dissidência igualmente radical dos chamados marginais. Agora em 2011, quatro décadas e meia depois, o que se espera é que o Festival de Brasília deixe de ser “marginal” e reassuma o seu glorioso protagonismo. 33 Divulgação luz câmera ação Chuva Por Reynaldo Domingos Ferreira É 34 pouco o que acontece de novo, enquanto se desenrola o inesperado e inusitado encontro de dois seres solitários nas alagadas ruas de Buenos Aires, em Chuva, de Paula Hernández, premiada pela melhor direção no Festival de Heidelbelg de 2008, na Alemanha. Desde os instantes iniciais, percebese que, sob o mesmo argumento, vários outros filmes já foram vistos. A diferença que marca o trabalho de Hernández – também autora do roteiro – se observa principalmente na hábil utilização da imagem para definir as características das personagens, particularmente as de Alma (Valeria Bertuccelli), que, ainda sob o impacto da ruptura de uma longa relação amorosa, decide morar no próprio carro. Em vista disso, nas primeiras sequências, sob muita chuva, Alma entra num supermercado para comprar produtos de higiene e utilizar o banheiro. Aos poucos, pelo procedimento subjetivo da narrativa, por meio da composição de planos, a ansiedade da personagem começa a aflorar. Ela sai do carro para comprar cigarro. Num engarrafamento, Alma é surpreendida quando um indivíduo, Roberto (Ernesto Alterio), entra abruptamente no carro, pedindo-lhe que não se apavore, pois nada de mal lhe vai acontecer. Refeita do espanto, ela observa que ele está muito tenso e exibe um corte na mão direita. Oferece-lhe então água quente da garrafa térmica e um sabonete para lavar o ferimento e evitar que infeccione. Embora Roberto não esteja disposto a revelar o que lhe aconteceu, ele se identifica como um engenheiro que vive em Madri, ausente da Argentina há mais de 30 anos. Da conversa corriqueira que mantêm, enquanto a chuva continua a cair torrencialmente, emerge o conhecimento dela de que ele é casado, tem uma filha e acaba de perder o pai, um músico que vivia sozinho, em Buenos Aires, sem ter qualquer contato com a família. O jogo de sedução entre ambos prossegue – depois que ela o deixa no hotel, vai a uma festa na casa de uma amiga e, na manhã seguinte, o procura para tomarem café –, tendo como constantes bátegas de chuva sobre o para-brisa do carro que, na verdade, funcionam como metáfora de uma cortina que os protagonistas querem fazer descer, como no palco, sobre as figuras – ele, o pai; ela, o amante – que despacharam de suas vidas. Sobre essa expressividade da chuva, no trabalho de Hernández, vale a pena observar a qualidade da fotografia de Guillermo Nieto, premiado em Gramado, que, por sua tonalidade, confere sentido plástico aos universos pessoais de Alma e de Roberto, que se querem comunicar, mesmo que seja por momentos fortuitos. Outro elemento importante para a sustentação da narrativa é a trilha sonora de Sebastián Escofet, tão apropriada que, embora de natureza não jazzística, faz lembrar, em termos de funcionalidade, a de Collateral, de Michael Mann. Os atores estão irrepreensíveis. Como Alma, Valeria Bertuccelli expõe, com muito preparo técnico, a fragilidade em que se encontra sua personagem, sentindo-se inferiorizada por não ter lugar na “felicidade familiar” que Roberto lhe quer fazer crer que ele vive em Madri. Ernesto Alterio, por sua vez, sabe demonstrar, com discrição, a dualidade de sentimentos que leva Roberto a ser, ao mesmo tempo, pragmático e sonhador. Ou também sedutor. Chuva (Lluvia) Argentina/2008, 110 min. Roteiro e direção: Paula Hernández. Com Valeria Bertuccelli e Ernesto Alterio. Em cartaz no Brasil três anos após seu lançamento comercial. Em Brasília, está sendo exibido apenas no Arco Íris Liberty 1. 35