C6 CIDADES/METRÓPOLE %HermesFileInfo:C-6:20050621: TERÇA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2005 ● O ESTADO DE S.PAULO Com fim das blitze, camelôs voltam com tudo ao centro Frio na véspera do inverno, após outono de muito calor Ambulantes retomaram postos após ofensiva da Prefeitura, no início do ano; São 2 mil irregulares CLIMA ROBSON FERNANDJES/AE COMÉRCIO Laura Diniz Ações concentradas de fiscais da Prefeitura e da Guarda Civil Metropolitana (GCM) no início do ano afastaram muitos camelôsdocentrodacapital.Nãobastou.Os ambulantesvoltaram. A região central não chegou a ficar sem eles, mas a redução tinhasidonotadapelosquecirculam por ali e, principalmente, pelos comerciantes. Na gestão José Serra, a GCM e os ambulantes entraram em confronto no centro por cinco vezes, em blitze feitas para a retirada de camelôs irregulares. Agora, comerciantes e pedestres assistemà retomada de espaços nas Ruas Direita, 15 de Novembro, Quintino Bocaiúva São Bento e outras. Vêem o comércioambulantecontinuarfirme e forte nas Ruas Conselheiro Crispiniano e Dom José de Barros e na Praça Ramos. Isso sem falar da boa e velha 25 de Março, sempre cheia. Segundo o subprefeito da Sé e secretário de Serviços, Andrea Matarazzo, 1.100 pessoas têm registro de ambulante no centro, mas 2 mil trabalham sem regulamentação. Ele prometeu fiscalizar “duramente os camelôs,porquepiratariaecontrabandotiram empregos – não dão empregos”. Na Ladeira da Memória, ao lado da Estação Anhangabaú dometrô,asbancaspermaneceram fechadas por cerca de dez dias, há uns três meses. “Vieram com ordem de busca e apreensão e fecharam todas as lojas”, disse um ambulante que não quis se identificar. “Com o tempo,osquenãoestavamregulares tomaram as providências necessárias para não ter mais problemas”, completou. Na Rua 15 de Novembro, a retirada estratégica dos camelôs ocorreu há um mês. “Muitos colegas não vieram por alguns diasapósumabatida,mas jáme acostumei. Bati recorde de perda de mercadorias. Já pegaram minhas coisas mais de cem vezes”, diz um ambulante que faz ponto ali há 13 anos. Segundo ele, com a ausência de muitos habitués, outros ambulantes chegaram e ganharam espaço. Outrosabrirammãodasbarracas e expõem as mercadorias em plásticos enormes espalhados pelo chão, para facilitar a fuga.Outrosadaptaramosmanjadoscarrinhosdesupermercado e se aproveitam das rodinhas na hora de fugir da fiscalização. Mais criativos ainda, algunsvendedoresdeCDsmontaram um caixote de madeira com rodinhas e alto-falante. O vendedor Paulo de França, de uma loja na 15 de Novembro, crê que os ambulantes atraem a malandragem. “Vem gente tentar comprar com cartão roubado e bater carteira de cliente”, afirmou. O presidente da ONG Viva o Centro, Marco Antonio Ramos deAlmeida,vaialém.“Camelôé problema de crime organizado”, diz. “Eles não roubam, mas vendem produtos piratas, contrabandeados e até cargas roubadas.”Segundoele,apósaretirada dos ambulantes da Praça da Sé, houve uma queda de 60% FOTOS TIAGO QUEIROZ/AE VENTANIA JEITINHO – Seqüência de fotos mostra como, para burlar fiscalização, ambulantes põem mercadoria sobre caixotes e fogem sem deixar rastro; outra forma bastante usada pelos camelôs é colocar os produtos dentro de carrinhos de supermercadO: à noite, barracas montadas nas ocorrências policiais. O ex-comandante da GCM Maximino Fernandes Filho defende que a Prefeitura pare de emitir autorizações para camelôs. “Não se pode permitir mais ambulantes na rua. Eles devem ir para shoppings populares.” Para o presidente da Confederação Nacional do Comércio Ambulante, Armando Alves dosSantos,háespaço na cidade para esse tipo de atividade. De acordocomele,osshoppingspopulares não oferecem infra-estrutura adequada. “No do Parque D. Pedro, criado há dez anos,faltaluz,coberturaesegurança.” ● FEIRA LIVRE FRASES Áreas do centro com maior concentração de camelôs ❝ Camelô é problema de crime organizado❜❜ Metrô São Bento Rua D. José de Barros Praça Ramos de Azevedo Rua Conselheiro Crispiniano Metrô Anhangabaú Rua Direita Rua 25 de março Rua 15 de Novembro ❝ Não é tirando as pessoas das ruas que vai organizar. Organizar é dar condições de trabalho❜❜ SÉ ARMANDO ALVES DOS SANTOS, PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO AMBULANTE Sé Rua Quintino Bocaiúva MARCOANTONIO RAMOS DE ALMEIDA, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO VIVAO CENTRO ArtEstado Bom Retiro, fashion até debaixo d’água Nem a chuva impediu desfile da produção de 26 grifes em passarela montada na Rua Carmo Cintra HÉLVIO ROMERO/AE MODA Luciana Garbin A chuva atrapalhou um pouco. Mesmo assim, pelo menos 2 mil pessoas, segundo os organizadores, curtiram ontem o primeiro dia de desfiles do Bom Retiro Fashion Business. Em 15 metros de passarela montados na Rua Carmo Cintra, entre as Ruas José Paulino e Aimorés, os modelos – 24 mulherese6homens–desfilaramtendências das estações primave- A temperatura despencou ontem no Estado, no último dia do outonomaisquente em30anos. Os termômetros, que desde o dia 11marcavam máximas de26 graus, passaram a indicar 19,8. Além do frio, houve temporal em várias regiões paulistas. Na capital, ocorreram alagamentos no centro e nas zonas sul e norte, após 23 dias de estiagem. Na cidade de Macaé, no norte fluminense,umaforterajadade vento causou destruição. OfriodevecontinuarnoEstado de São Paulo até quinta-feira.Depoisdisso,osolvoltaaaparecer no interior. No leste, que incluiaGrandeSão Paulo,ameteorologia espera aberturas esparsasdesol. Para hoje,a previsão é de mínima de 14 e máxima de 18 graus na capital, com maior sensação de frio por causado vento. Em Camposdo Jordão, a temperatura deve variar de 11 a 15 graus e, em Santos, de 19 a 22 graus. A passagem do outono para oinvernoocorreuàs3h46dehoje. Foi o instante em que o sol estava no ponto mais ao norte do Hemisfério Norte. Assim como no outono, os meteorologistas esperam que a nova estação tenha temperaturas acima do normal. Até anteontem, por exemplo, havia banhistas aproveitandoaspraiasdolitoralnorte de São Paulo, que registrou alta de até 4 graus nas temperaturas no outono. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet),asmédiasmínimasemáximas de junho serão de 12,1 e 22 graus, no Mirante de Santana. Em julho, as temperaturas ficam entre 11,4 e 22 graus e, em agosto, entre 12,4 e 23,6 graus. Já o índice de chuvas deve seguir os níveis históricos. A região de Campinas também enfrentou frio e chuva. A temperatura baixou entre 7 e 8 graus e choveu pouco mais da metade da média histórica de junho: o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) registrou 19,2 milímetros. A média é de 34 milímetros. O frio intenso também atingiu o Sul do País. Em Bagé, os campos foram cobertos pela geada. Os termômetros marcaram 3,4 graus. Em Porto Alegre, a mínima foi de 10 graus. ra-verão em vários estilos. De linhasmaisesportivasàsclássicas, de peças anos 70 aos jeans, acessórios e lançamentos da moda praia. Tudo produzido e vendidopor 26 grifes do bairro. Até quinta-feira, clientes e pedestres poderão conferir gratuitamente criações e produções disponíveis nas araras e prateleiras da região em quatro desfiles por dia – às 10, 12, 14 e 16 horas. “Todos os dias repetiremos as mesmas grifes com os mesmas modelos, mas em horários diferentes, para dar chance a que todos assistam”, afirmou a coordenadora do evento, Kelly Cristina Lopes. De acordo com Kelly, por causa do mau tempo, o público do primeiro dia ficou abaixo das estimativas, que variavam de 2.500 a 3.000 espectadores. Mas, hoje e amanhã, a expectativaédequeele aumente.“Nosso objetivo maior é atrair clientes de atacado, que vêm mais ao Bom Retiro às terças e quartas-feiras. “Esses devem ser os dias mais quentes.” Para proteger os modelos Uma forte chuva, acompanhada por uma violenta rajada de vento,causoualagamentos,derrubou árvores e destelhou casas em Macaé. Oito helicópteros que estavam no aeroporto da cidade tombaram, informou a Defesa Civil Estadual. Ontemà noite,o órgãoainda trabalhava no levantamento dos estragos, mas não havia registro de desalojados ou desabrigados. Duas pessoas ficaram feridas em uma das casas atingidas. Mais cedo, a Defesa Civil alertara para o risco de chuva forte e rajadas de vento no município, ocasionadas pelo deslocamento de uma frente fria associada a áreas de instabilidade que atuam no leste e no nordeste de São Paulo. Na capital, não foram registrados prejuízos até as 22 horas. ● CacauFogaça,SilvanaGuaiume,José Maria Tomazela, Simone Menocchi, Elder Ogliari e Rodrigo Morais da chuva, 360 metros do quarteirãodosdesfilesforamcobertos. Com investimentos de R$ 200 mil, o trecho que estará fechado para o tráfego até o fim do evento também ganhou telão, lounge com DJ e bar para convidados. CULTURA GRÁTIS – Público não paga para assistir aos desfiles até quinta-feira O Bom Retiro Fashion Business foi organizado por lojistas dobairro para, além de incentivar novos negócios, firmar a marca da região como núcleo atacadista de moda. Ogrupotambémquervalorizar a cultura do Bom Retiro e passar a marcar presença no calendário fashion nacional. “Nossaidéiaérepeti-loduasvezes por ano, acompanhando as estaçõesprimavera-verãoeoutono-inverno”, diz Kelly. ●