1 2 PREFEITURA DE MONTES CLAROS SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DIRETORIA TÉCNICO-PEDAGÓGICA VI FEIRA MUNICIPAL DE LITERATURA LITERATURA SERTANEJA: VERSO, VIOLA E VIDA. MONTES CLAROS ABRIL/2012 3 PREFEITURA DE MONTES CLAROS SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DIRETORIA TÉCNICO-PEDAGÓGICA VI FEIRA MUNICIPAL DE LITERATURA COMISSÃO ORGANIZADORA Leonardo Rodrigues Vieira – Ensino Fundamental Analista de Conteúdo Curricular: Língua Portuguesa Thaís Lopes Vieira – Ensino Fundamental Analista de Educação Magdelene Soares de Freitas - Educação Infantil Psicopedagoga Maria Aparecida de Souza – Projetos e Programas Supervisora de Ensino Inailde Rodrigues Lima – Projetos e Programas Supervisora de Ensino MONTES CLAROS ABRIL/2012 4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 5 2. JUSTIFICATIVA........................................................................................................................... 7 3. OBJETIVOS ................................................................................................................................. 10 4. METODOLOGIA ........................................................................................................................ 11 5. ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS ................................................................................................... 13 5.1. Educação Infantil .................................................................................................................. 13 5.2. Ensino Fundamental: Anos Iniciais ..................................................................................... 16 5.3. Ensino Fundamental: Anos Finais ....................................................................................... 27 5.3.1. Artes ................................................................................................................................. 27 5.3.2. Ciências ............................................................................................................................ 32 5.3.3. Educação Física............................................................................................................... 33 5.3.4. Educação Religiosa ......................................................................................................... 44 5.3.5. Geografia ......................................................................................................................... 45 5.3.6. História ............................................................................................................................ 49 5.3.7. Língua Inglesa ................................................................................................................. 52 5.3.8. Língua Portuguesa e suas Literaturas .......................................................................... 57 5.3.9. Matemática ...................................................................................................................... 61 6. CRONOGRAMA ......................................................................................................................... 64 7. REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 65 5 1. INTRODUÇÃO Existem diversas formas, maneiras e instrumentos pelos quais é possível ao homem expressar seus pensamentos, suas ideias, convicções, ideologias, falar de sua realidade social, comunicar sobre seus conflitos existenciais, angústias, tristezas, bem como revelar sobre sua imaginação, felicidade, alegria, prazer, amor, entre outros sentimentos. Entre essas possibilidades que o ser humano dispõe para realizar sua comunicação como mundo, em especial lugar, encontrase a literatura. Uma conceituação acabada, com todos os seus limites prontamente estabelecidos acerca do que de fato venha a ser literatura, talvez ainda hoje não seja possível devido às diferentes acepções teóricas apresentadas pelos mais importantes estudiosos do assunto. Em linhas gerais, pode-se dizer que literatura refere-se a uma forma de manifestação artística, a qual se diferencia das outras pelo trato especial que sua matéria-prima, a palavra, adquire dentro das estruturas textuais produzidas. O artista, por assim dizer, hábil conhecedor do ofício da escrita é capaz de, a partir de recursos linguísticos, sejam eles sintáticos, semânticos, sejam estilísticos, dar aos textos características bem significativas, peculiares, as quais diferenciam seu trabalho das outras maneiras de se falar, representar ou imitar o mundo. Essas características dizem respeito, por exemplo, à subjetividade textual; ao cuidado estético com que as histórias são construídas; ao efeito emocional ocasionado no leitor; ao uso cuidadoso das figuras de linguagem, como as metáforas; à preferência pela linguagem conotativa, em detrimento da denotação; à ausência, muitas vezes, de uma preocupação utilitarista da linguagem, ou seja, a primeira preocupação da literatura decorre de sua função estética. Assim, nota-se que, muito além de procurar definir literatura, uma discussão mais profícua gira em torno de se estabelecer quais são os textos que podem ser classificados como literários ou não. É mais relevante preocupar-se com a definição de determinados parâmetros que possibilitem ao leitor e aos estudiosos definir com certa propriedade que estão sim diante de uma obra que foi concebida de um procedimento estético bem elaborado. Um exemplo bem evidente de que nem todo texto pode ser tido por literário é quando se avalia as produções jornalísticas, as quais possuem uma linguagem direta, não subjetiva, os fatos são narrados quase sempre na ordem cronológica, pois servem, em primeiro lugar, apenas para informar algo que está ou que já aconteceu. Ainda, podem ser citados como textos não literários, os pertencentes ao gênero publicitário, que têm uma função estritamente comercial, sendo sua finalidade convencer as pessoas a adquirem um produto ou uma ideia. A literatura, como manifestação artística, tem por finalidade recriar a realidade a partir da visão de determinado autor (o artista), com base em seus sentimentos, seus pontos de vista e suas técnicas narrativas. O que difere a literatura das outras manifestações é a matériaprima: a palavra que transforma a linguagem utilizada e seus meios de expressão. Porém, não se pode pensar ingenuamente que literatura é um “texto” publicado em um “livro”, porque sabemos que nem todo texto e nem todo livro publicado são de caráter literário. Logo, o que definiria um texto “literário” de outro que não possui essa característica? Essa é uma questão que ainda gera discussão em diversos meios, pois não há um critério formal 6 para definir a literatura a não ser quando contrastada com as demais manifestações artísticas (evidenciando sua matéria-prima e o meio de divulgação) e textuais (evidenciando um texto literário de outro não literár io). [...] o que torna um texto literário é a função poética da linguagem que “ocorre quando a intenção do emissor está voltada para a própria mensagem, com as palavras carregadas de significado.” [...] não apenas o aspecto formal é significativo na composição de uma obra literária, como também o seu conteúdo.1 Afinal, a que serve então a literatura? Qual é sua finalidade primordial? Dificilmente, seria possível definir em poucas linhas a dimensão de propósitos abarcados por um trabalho literário, tendo em vista que nem os próprios escritores possuem a capacidade de, ao se dedicarem à escrita de um texto, delimitar qual sentido o leitor irá construir para determinada obra, pois esse tipo de ação depende de vários fatores, sobretudo, da maturidade de quem lê, do período histórico e social em que ele se encontra, da sua realidade de vida e da própria subjetividade do ser humano. Dessa maneira, o que se pode dizer de maneira bastante geral é que a literatura, em qualquer parte do mundo, tem a finalidade de: Ser um instrumento ficcional de conhecimento do mundo, utilizando-se ou não da verossilhança para tratar de diversas situações existentes, criando inúmeros personagens e localidades que se aproximam de maneira bem peculiar ao mundo real; Levar o homem a um processo de autoconhecimento, conhecimento do outro, bem como das relações que estabelecem; Proporcionar prazer às pessoas pelo simples ato da leitura, sem, contudo, ter a obrigação de instruir ou moralizar; Ser instrumento de formação e desenvolvimento intelectual. 1 NICOLA, 1998, p.24. 7 2. JUSTIFICATIVA A ideia de se realizar um evento que trate de literatura justifica-se pela necessidade de oferecer aos alunos do Sistema Municipal de Ensino o acesso a um tipo de conhecimento que é a eles de fundamental importância para a formação e o desenvolvimento da capacidade intelectual. A Feira Municipal de Literatura é concebida sob o propósito de fazer com que os alunos, por meio dos textos ficcionais, em prosa ou verso, possam conhecer melhor a realidade em que vivem; aperfeiçoar a capacidade de pensar e refletir sobre as situações do cotidiano; desenvolver o gosto pela leitura; ter contato com escritores clássicos da literatura brasileira, além dos contemporâneos; valorizar a literatura como forma de conhecimento de mundo; entre outros. A Prefeitura de Montes Claros contempla há vários anos os cidadãos montesclarenses com esse evento, que se originou da Praça da Matriz e aos poucos foi se ampliando, passando a ser realizado também em outros espaços públicos da cidade. A Secretaria Municipal de Educação tem estado à frente da Feira Literária desde suas primeiras edições, em meados de 1990. Trata-se de uma festa de literatura, que vai além dos muros da escola e que visa proporcionar aos amantes da leitura a apreciação da produção literária. Além disso, a Feira oferece oportunidade ao público leitor de conhecer obras de vários escritores, inclusive do município e região, ocasião em que muitos autores estão presentes como convidados para o evento. O contato direto do público com os autores consolida o processo de interação e democratização do ato de ler. A Feira Literária busca contemplar, na definição dos temas trabalhados, gêneros literários diversos, a vida e obra de vários escritores, desde os clássicos aos modernos. Na escolha de temas ou escritores, considera-se criteriosamente as possibilidades das diversas práticas pedagógicas, com foco amplo e direto nas questões literárias. O evento é aberto ao público, contendo atividades gratuitas para todas as faixas etárias, como apresentações literárias, musicais, exposições de trabalhos, lançamentos de obras, palestras, bate-papos com autores, minicursos, etc. Conta com a parceria de várias instituições, empresas, grupos e profissionais que apoiam a leitura como conquista da cidadania. A Feira teve as seguintes edições: 1) I Feira de Literatura na praça: leitura e prazer. Realizada na praça da matriz , no dia 4 de outubro de 2007, com uma abordagem voltada para os 150 anos de Montes Claros, no intuito de se resgatar a identidade cultural local, as manifestações artísticas urbanas e rurais; 2) II Feira Municipal de Literatura da Rede Municipal de Ensino. Aconteceu no ginásio Darcy Ribeiro, praça de esportes, em 24 de setembro de 2008, com temáticas livres. Houve exposição e apresentações de poemas, brincadeiras, releituras de textos, entre outros; 8 3) III Feira Municipal de Literatura. O tema esteve voltado para os 100 anos do escritor e historiador Hermes de Paula, sendo realizada nos dias 17, 18 e 19 de novembro de 2009, no ginásio Darcy Ribeiro, praça de esportes; 4) IV Feira Municipal de Literatura. Ocorreu nos dias 11 e 12 de novembro de 2010, com exposições dos trabalhos nas escolas municipais e culminância no hall da Prefeitura de Montes Claros. O tema contemplado foi o centenário do poeta e escritor Cândido Canela; 5) V Feira Literária. Aconteceu no estacionamento da Prefeitura de Montes Claros, no dia 1º de outubro de 2011, com o tema Viajando pelas Minas Gerais, redescobrindo e reinventando literatura. Contou com ampla estrutura de tendas para escolas exporem os trabalhos, palco para apresentações artísticas e dos alunos, além da realização de palestras, na sala Geraldo Freire, sobre literatura mineira com dois professores doutores da Universidade Estadual de Montes Claros. Neste ano, a temática escolhida foi Literatura Sertaneja: verso, vida e viola, em função da riqueza e da importância que as obras literárias que tratam do sertão têm para a região nortemineira, principalmente, por construírem de modo bem significativo a identidade do povo que nele vive, retratarem de maneira verossímil nossa realidade social, nossa cultura, os hábitos alimentares, costumes, crendices e religiosidade, transporem para as páginas nosso modo de falar, etc. O Regionalismo na literatura brasileira surgiu ainda no século XIX, dentro do Romantismo, nas obras de José de Alencar, de Bernardo Guimarães, de Franklin de Távora, as quais queriam retratar, mesmo que de maneira meio idealizada e artificial, a realidade de determinadas regiões do nosso país, em um verdadeiro processo de busca pela construção da identidade nacional. No entanto, a literatura regionalista ganha força com o movimento Modernista, a partir de 1930, em que, influenciados de certo modo por esse regionalismo romântico e pelo Realismo do século XIX, os romancistas passaram a tratar das questões sociais, principalmente na região nordeste, denunciando e retratando a seca, a miséria, a exploração e a opressão vivenciadas por seus personagens. São autores significativos dessa fase: Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, José Lins do Rego, Jorge Amado, entre outros. Nesse sentido, pode-se considerar a Literatura Sertaneja como uma vertente, um desdobramento do regionalismo, sendo classificada como um tipo de literatura que trata, exclusivamente, de escrever sobre tudo que há no ambiente do sertão brasileiro, preocupando em caracterizá-lo e construir sua identidade. Um pouco mais adiante na história da Literatura Sertaneja, encontra-se aquele que foi capaz talvez de reinventá-la, criando por meio de seus personagens e obras uma espécie de sertão universal, com novo significado e bem diferente de autores com Graciliano e Rachel. Guimarães Rosa criou um sertão imaginário por meio de sua linguagem inovadora, permeada pelos neologismos. Tratou dos mais diversos conflitos do ser humano, os quais não fogem nem mesmo o homem sertanejo, tais como o medo, o amor e a sedução. 9 Em ensaio crítico sobre Corpo de Baile, o professor Ivan Teixeira afirma que o livro talvez seja o mais enigmático da literatura brasileira. As novelas que o compõem formam um sofisticado conjunto de logogrifos, em que a charada é alçada à condição de revelação poética ou experimento metafísico. Na abertura do livro, intitulada Campo Geral, Guimarães Rosa se detém na investigação da intimidade de uma família isolada no sertão, destacando-se a figura do menino Miguelim e o seu desajuste em relação ao grupo familiar.Campo Geral surge como uma fábula do despertar do autoconhecimento e da apreensão do mundo exterior; e o conjunto das novelas surge como passeio cósmico pela geografia rosiana, que retoma a idéia básica de toda a obra do escritor: o universo está no sertão, e os homens são influenciados pelos astros.2 Por que verso, vida e viola? A escolha dessas três palavras que compõem o tema da feira está diretamente ligada à proposta de um trabalho voltado para o que se tem de mais rico e abrangente nos textos literários que relatam a vida no sertão. Verso remete-se à palavra propriamente dita, pois o trabalho com a literatura de forma alguma pode prescindir do texto escrito, pois é sua matéria-prima. Dessa maneira, quer-se com o evento levar os alunos a valorizarem o livro como instrumento de conhecimento. Vida traz à tona a realidade vivenciada pelo homem do sertão, o qual se identifica com o retrato social construído na ficção. Essa palavra representa o desejo de que os leitores possam entender melhor o ambiente em vivem, valorizar seus costumes, desconstruir estereótipos sobre o sertão. Por fim, viola retoma uma das mais importantes características do sertão brasileiro, ou seja, a sua musicalidade. Não se pode pensar em sertão sem levar em consideração que nossa música também faz parte da construção de nossa identidade, pois representa bem aquilo que somos. 2 JUNIOR, 2002. 10 3. OBJETIVOS GERAL: Proporcionar à comunidade escolar o contato com a literatura e seus elementos, a fim de divulgar e valorizar o trabalho literário, tendo em vista seu valor cultural, artístico, social e histórico. ESPECÍFICOS: Despertar o gosto e apreciação pela arte literária; Incentivar a leitura de textos literários como fonte de prazer, bem como atividade crítica; Valorizar e conhecer o livro e os elementos que o compõem; Valorizar a escrita como forma de registro da cultura dos povos; Divulgar e valorizar a literatura brasileira, sobretudo, a de Minas Gerais e a norte-mineira. 11 4. METODOLOGIA Nesta VI edição da Feira Municipal de Literatura, o tema Literatura Sertaneja: verso, vida e viola foi sugerido pela comissão do evento e aprovado por diretores e supervisores educacionais. Assim, iniciou-se a elaboração deste projeto. Para tanto, foram necessárias pesquisas em relação ao tema e às obras literárias correspondentes, contato com professores, pesquisadores, autores e editoras. Também houve a necessidade de produzir uma arte visual que representasse a temática da feira e transmitisse a ideia a ser desenvolvida no decorrer do trabalho. Importantes obras literárias da nossa antologia, representantes da Literatura Sertaneja, foram selecionadas e estão sendo sugeridas às Escolas para serem trabalhadas pelos docentes em sala de aula. Essa seleção abrange textos que atendem à faixa etária dos estudantes de cada modalidade de ensino atendida pelo Sistema Municipal de Educação de Montes Claros. Foram prestigiados grandes clássicos da nossa literatura como Grande Sertão Veredas de João Guimarães Rosa, Os Sertões de Euclides da Cunha, Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto; obras da literatura infanto-juvenil como A Bordadeira de Histórias de Ana Raquel e Rogério Andrade Barbosa, Imagens do Sertão de Cristina Porto, Severino Faz Chover de Ana Maria Machado; poesias da literatura de cordel como Cordel de Téo Azevedo, Cordel Adolescente, Oh Xente! de Silvia Orthof, entre outras. Pensando na importância da literatura como valor cultural, artístico, social e histórico as ações previstas para a VI Feira Municipal de Literatura vêm incentivar a leitura e a apreciação da arte literária, bem como divulgar e valorizar a literatura brasileira, sobretudo, a de Minas Gerais e a norte-mineira. Ao explorar a temática desse evento, as escolas, os educadores, educandos e comunidade, terão a oportunidade de perceber a literatura como ferramenta de reflexão e disseminação da arte e dos valores de um povo. Assim, a literatura serve como fomento à pesquisa e ao pensamento crítico dentro da sala de aula. Para tanto, as escolas receberão documentos de orientações didáticas e suportes pedagógicos, que as apoiarão nesse trabalho. As Orientações didáticas atenderão da Educação infantil ao 9º ano do Ensino Fundamental. Serão apresentadas em uma abordagem interdisciplinar, de modo que todas as áreas do conhecimento possam desenvolver a temática da Feira. Além desse suporte documental, serão oferecidos aos professores palestras e minicursos referentes ao trabalho com a Literatura Regionalista (especificamente com a Literatura Sertaneja), para que estejam preparados e embasados para o desenvolvimento dessa temática junto aos seus alunos. O trabalho pedagógico nas escolas referentes à Feira Literária será acompanhado através de reuniões mensais realizadas com os supervisores e diretores, procurando promover um diálogo constante e um canal de trocas de ideias e experiências. Os resultados finais das atividades desenvolvidas nas escolas serão expostos na culminância do trabalho pedagógico com a realização da VI Feira Municipal de Literatura. Em um espaço aberto e adequado, de fácil acesso à comunidade montesclarense, serão dispostas tendas, nas quais as escolas envolvidas estarão organizadas por nucleação. Haverá, ainda, tendas que receberão os escritores e suas obras, editoras e suas divulgações, entre outros. Ainda, será montada uma tenda 12 escura, em que serão projetados filmes, documentários, curtas-metragens sobre as obras contempladas pelo evento. Em um palco central, os alunos, educadores e artistas locais participarão de variadas apresentações artísticas. Dessa forma, espera-se proporcionar aos nossos estudantes a oportunidade de desenvolver uma educação literária pertinente ao seu período de formação, e, ainda, oferecer à população de Montes Claros o contato com a Literatura Sertaneja e seus elementos, a fim de divulgar e valorizar o trabalho literário da nossa região. 13 5. ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS Seguem algumas orientações didáticas, a fim de auxiliar professores e supervisores no planejamento de todas as ações previstas para a VI Feira Municipal de Literatura. 5.1 EDUCAÇÃO INFANTIL Diversidade cultural: diálogo entre cultura e educação na escola O termo diversidade diz respeito à variedade e convivência de ideias, características ou elementos diferentes entre si, em determinado assunto, situação ou ambiente, sendo que cultura (do latim cultura, cultivar o solo, cuidar) é um termo com várias acepções, em diferentes níveis de profundidade e diferente especificidade. São práticas e ações sociais que seguem um padrão determinado no espaço/tempo. Refere-se a crenças, comportamentos, valores, instituições, regras morais que permeiam e “preenchem” a sociedade. Dessa forma, a diversidade cultural pode ser entendida como diferenças culturais que existem entre o ser humano, havendo, assim, várias manifestações culturais, tais como: a linguagem, danças, vestuário e outras tradições, como a organização da sociedade. Assim, é fundamental que as instituições educativas construam uma ponte entre o conhecimento estabelecido, o patrimônio cultural da humanidade e o conhecimento cultural presente na localidade que vivem e no seu entorno. As instituições de Educação Infantil se constituem como espaço privilegiado de vivências e manifestações culturais, onde, através de práticas educativas que sejam significativas, crianças e adultos têm a possibilidade de ampliar seu universo cultural. Segundo Kramer (2006), a experiência cultural contribui na formação de crianças, jovens e adultos, resgatando trajetórias e relatos, provocando a discussão de valores, crenças, a reflexão crítica que é produzida e que nos reproduz, e suscita o repensar do sentido da vida, da sociedade e do papel de cada um de nós. Dessa maneira, é imprescindível que o trabalho com a “cultura” seja de forma interdisciplinar no ambiente escolar, propiciando a abordagem desse saber que é produzido por todos. De acordo com Kramer (...) o conhecimento das raízes culturais, das tradições, das experiências e da história de cada grupo é conquista fundamental na construção da identidade.3 Assim, o educador tem papel fundamental em desvendar essa riqueza que é a diversidade cultural, sendo necessário que crianças e adultos aprendam com a sua cultura e a arte, com os textos, com as histórias e com a experiência acumulada. Nessa perspectiva, percebemos a 3 KRAMER, 2006, p.14. 14 importância do desenvolvimento do trabalho voltado para a vertente cultural, como experiência que enriquecerá a prática pedagógica das instituições que atendem à Educação Infantil em Montes Claros. Será uma oportunidade para proporcionar às crianças o contato com o acervo cultural brasileiro, bem como da região na qual ela está inserida, desmistificando, respeitando e colaborando para a valorização e perpetuação da cultura local. Dessa forma, para que haja o diálogo com a VI Feira Literária, sugere-se que o trabalho a ser desenvolvido no 2º trimestre, cujo tema é Diversidade Cultural: do Catopé ao Pequi, perpasse pela temática Literatura sertaneja: verso, vida e viola. Elencamos alguns livros de Literatura infantil, a fim de incentivar que cada instituição trabalhe um ou mais exemplares. Lembrando que o objetivo primordial é a literatura trabalhada para a fruição, despertando o encantamento pelo universo cultural. ITEM 01 02 16 17 18 19 20 LIVRO Diversidade Boca em boca- História de todos os cantos Brincadeira de roda Brasil Menino Boneco Maluco e outras brincadeiras O reino das plantas- Uma viagem pelo mundo da Botan companhia 500 anos Luana a menina que viu o Brasil neném Paisagens Brasileiras Alegria alegria as mais belas canções n. infância Lendas da Amazônia... E assim até hoje Lampião e Maria Bonita Lendas dos buracos do céuColeção Lendas da Amazônia Luiz Lua A história de Chico Mendes para crianças Festas de Agosto Por dentro dos Cerrados Crianças do Mundo Diversidade Folclore para crianças 21 Severino Faz Chover Ângela Martins Ferreira Nilson Moulina Adele Ciboul Núria Roca Zezé Colares Yonne Silveira Ana Maria Machado 22 A Rendeira Boralheira Socorro Acioli Positivo 23 Dona Feia Anderson de Oliveira Abacatte 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 AUTOR (A) Tatiana Belinicy Salesiana EDITORA Quinteto Salesiana Denise Rochael Fatima Miguez Elias José Formato DCL Projeto Eduardo Pirozzi Companhia Regina Renno Aroldo Macedo FTD FTD Fátima Miguez Carlos Felipe DCL Leitura Flavia Savary Salesiana Liliana Iacocca Estela Leonardos Ática Vila Rica Dimensão Fatima Reis Dimensão Prumo LDTA Studio Nobel Salamandra Ibep Jr. Imprensa UniversitáriaUnimontes Salamandra 15 23 O menino Sinhô vida e música de Hermeto Pascoal para crianças Edmiriam Módolo Villaça Ática 24 O mamulengo molega Hardy Guedes Base editorial 25 O surfista e o sertanejo encontro do mar com o sertão Ricardo Dreguer Moderna 26 O boi leição Stela Barbieri e Fernando Vilela Scipione 27 João boboca ou João sabido Rosane Pamplona Ionit Zilberman Brinque-Book Como trabalhar Diversidade cultural: do catopé ao pequi e Literatura sertaneja: verso, vida e viola? O trabalho com a temática diversidade cultural na educação infantil propõe uma discussão não só com os pequeninos, mas também com toda a escola sobre a identidade cultural desses e as várias culturas existentes em nosso país, no âmbito individual, social e coletivo, buscando entrelaçar as diversas linhas do conhecimento de maneira interdisciplinar. Trabalhar com Literatura Infantil proporciona o desenvolvimento de várias habilidades e competências na faixa etária infantil. Sendo assim, com a variedade literária e tudo que traduz cultura, pode-se explorar a heterogeneidade na e da escola, sobre a diversidade existente, buscando as origens da cultura no entorno das instituições infantis, seu contexto histórico, e outras culturas que estão inseridas, como: comidas típicas, costumes, danças, lendas e religião, explorando as diversidades regionais e locais. Com isso, é importante trabalhar objetivando formar cidadãos que sejam críticos e autônomos, que participam do processo social, conscientes de seus direitos e deveres na sociedade, com base no respeito mútuo, fortalecendo e realizando o movimento cultural tão importante e necessário a construção do saber cultural. A cultura brasileira também se faz presente nas nossas raízes e devemos então propiciar às crianças pequenas a descoberta das muitas culturas que fazem parte do nosso povo, para que se fortaleça o sentimento de valorização dos nossos costumes. Assim, temos que perceber e sentir como as temáticas estão próximas. Sentir que o sertanejo faz parte da cultura montesclarense, que a viola, como bem cultural de característica marcante nas manifestações populares, precisa ser valorizada, assim como os costumes, brincadeiras, cantigas, comidas e festas... Tudo isso é a vida simples do povo norte-mineiro, que se mistura com a terra, com prática e o aconchego da educação infantil. Então se aventure professor e viaje pelo Brasil até chegar aqui à Princesa do Norte e, quando chegar, mergulhe na nossa terra, descubra os bichos, os frutos, os versos, as cantigas, construa brinquedos e faça com que seu aluno, mesmo pequeno, encante-se pela nossa terra. 16 5.2 ENSINO FUNDAMENTAL: ANOS INICIAIS A LITERATURA O trabalho com a temática da VI Feira Literária Literatura Sertaneja: verso, vida e viola, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, permitirá às crianças um maior contato com a Literatura, além de propiciar o conhecimento e a apreciação da arte literária da nossa região. Favorece, também, o trabalho com importantes conteúdos da Proposta Curricular, como a leitura, escrita e a compreensão textual. É o momento mais propício para provocar situações que despertem na criança o entusiasmo pela leitura e pelo mundo letrado. A literatura, como uma expressão artística, é a arte das palavras. Como uma manifestação de sentimentos, sensações, impressões e como a expressão lírica de um artista da palavra e do desenho, ela provoca deleite e traz um trabalho poético com as palavras, com as figuras de linguagem e com as imagens.4 A Literatura promove, através do próprio ato de ler, uma série de ações na mente do leitor. Por meio delas, ele extrai informações, faz inferências e amplia o vocabulário. Assim, o trabalho com a Literatura na sala de aula deverá permitir aos alunos: Desenvolver o pensamento letrado, no sentido da apropriação cada vez maior e mais abrangente da linguagem escrita dos textos literários; Ampliar e aperfeiçoar a compreensão leitora e as possibilidades de estabelecimento de relações e construção de sentidos; Utilizar a leitura como fonte de prazer e informação, ampliando o repertório dos alunos com diferentes gêneros de textos, autores e ilustradores, iniciando a construção de uma história de leitor; Narrar histórias lidas ou ouvidas, considerando a temporalidade e a causalidade; Familiarizar-se com a escrita por meio do manuseio de livros e da vivência de diversas situações nas quais seu uso se faça necessário; Interpretar textos lidos e ouvidos, organizando informações sobre o assunto em questão – O Sertão; Externar se gostou ou não do que foi lido e se concordou ou não através da crítica literária; 4 PARREIRAS, 2009, p.22. 17 Discutir a história (o começo e o fim), o ritmo, as personagens, a capa e a encadernação, a paginação, o tipo e o tamanho das letras e o formato do livro; Entrar na aventura com os personagens, comentar o enredo, conhecer mais sobre o autor e a temática do Sertão. A COMPREENSÃO LEITORA De acordo com a Proposta Curricular do Sistema Municipal de Montes Claros para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, o trabalho com a compreensão leitora pode e deve ser iniciado antes mesmo que as crianças consigam a decodificar as palavras. Na leitura em voz alta, quando o professor comenta ou discute com seus alunos os conteúdos e usos dos textos lidos, ele contribui para o desenvolvimento da capacidade de compreensão. Essa capacidade precisa ser aprendida, exercitada e ampliada em diversas atividades contínuas com os alunos. Por exemplo, nos textos narrativos, ao acabar de ler, o aluno deve saber dizer: Quem fez o que; Quando; Como; Onde; Por quê. Os alunos podem, através da leitura das obras que exploram o Sertão brasileiro, partilharem sua emoção e sua compreensão, avaliando de maneira crítica e afetiva o conteúdo da obra lida, fazendo extrapolações, isto é, projetando o sentido do texto e da Literatura Sertaneja para outras vivências, outras realidades. Esse é um importante aprendizado - afetivo e atitudinal - que leva os alunos a descobrirem que os livros podem falar da nossa vida, podem ter utilidade e relevância para nós. Um dos componentes da capacidade de ler com compreensão presentes na Proposta Curricular é a estratégia de ler com envolvimento, prevendo o que o texto ainda vai dizer e verificando se as previsões se confirmam ou não. Esse levantamento de hipóteses pode começar antes da leitura e percorrer todo o processo, levando os alunos a produzirem o indispensável “fio da meada”, que permite ao leitor compreender o texto. Outra importante habilidade é a capacidade de se posicionar diante da história, expressando suas opiniões. Desenvolver a oratória da criança, levando-a a se manifestar criticamente em relação aos temas abordados nas obras trabalhadas, formando opinião a respeito das diferentes leituras que se faz do Sertão brasileiro, sua gente e sua cultura. 18 O OBJETO LIVRO É importante que na sala de aula o professor trabalhe com as crianças o suporte no qual o texto explorado está sendo apresentado “Naturalmente, para que a leitura oral de histórias atinja os objetivos, não basta que a história seja lida. É necessário que o objeto portador da história seja analisado com as crianças[...]”5 Conhecer o objeto livro, descobrir que as marcas na página escondem significados, que os livros têm autor, ilustrador, editor, tem capa, resenha, etc., são importantes habilidades para a formação de um aluno leitor. O professor deverá ser o orientador que analisará o livro junto com a criança, levando-a a opinar criticamente a respeito: Do objeto-livro: a capa, (bonita? Feia? Atraente?), o título, a encadernação, a ilustração, o tipo e o tamanho das letras, etc.; Em relação à história: se boa, se interessante, se boba, se é condizente com a realidade do sertão e do sertanejo. E o tema: como foi sentido? E o final da história? E os personagens? Etc... Explorar a capa: sem ler o título do livro (perguntar se eles sabem do que se trata a história e por quê); Relacionar o título com a ilustração da capa; Relacionar a ilustração da capa e a história; Identificar e explicitar as relações entre o texto e seu título. A formação que é oferecida aos professores enfatiza muito o valor da palavra e do texto escrito. No caso da literatura para crianças se caracteriza pelo conjunto do que é composto: textos, desenhos e projeto gráfico. Então, não há como fechar os olhos à ilustração. São linguagens diferentes dentro de um livro.6 O contato da criança deverá acontecer não somente com o texto, mas, com o objeto livro. Assim, o professor possibilitará a construção de uma relação mais próxima entre a criança e o livro. Outros aspectos importantes a serem trabalhados com as crianças, como parte da apropriação dos componentes dos livros, é a resenha ou sinopse que aparece, geralmente, na orelha ou na contracapa do livro e a referência bibliográfica. O professor poderá orientar as crianças, primeiramente explicando e mostrando o que é uma resenha ou uma sinopse, qual sua função no livro e suas características. Depois, ajudá-las a produzir resenhas ou sinopses dos livros trabalhados na sala de aula, auxiliando-as com perguntas, tais como: por que este livro deve ser lido? Em que ele nos ajuda? Quais pessoas gostariam de lêlo? E assim por diante... 5 SOARES, 2009. 6 PARREIRAS, 2009, p.89. 19 Ao trabalhar com a referência bibliográfica, o que se pretende é mostrar as crianças qual a sua importância e a sua utilidade. Também, para que perceba que cada livro tem um autor que o escreve, uma editora que o publica, em um determinado tempo e espaço. Para tanto, não é preciso que a criança estude a estrutura científica de uma referência bibliográfica. O professor poderá abordá-la em sala de aula de maneira mais simples e mais próxima da criança, de acordo com suas possibilidades e progressões. (anexo modelo de ficha que pode ser trabalhada no primeiro ciclo dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental). A HISTÓRIA As obras literárias que serão trabalhadas na sala de aula trarão fortemente a marca do sertão e do povo sertanejo impressas em suas páginas. O professor, ao construir o clima propício para a leitura da obra (tanto pelos alunos como pelo próprio professor), deverá diagnosticar os conhecimentos prévios ou hipóteses dos alunos sobre o tema em questão. Para as crianças que ainda não adquiriram o sistema de escrita e não conseguem ler com autonomia é importante que a leitura do livro seja feita pelo professor e não apenas “contada a história”, pois, a leitura da história, em vez da “contação”, é fundamental para que as crianças ouçam, e se apropriem da linguagem escrita, antes mesmo de estarem alfabetizadas e poderem elas próprias ler. Discutir o enredo, apreciar a história, buscar seus significados, trabalhando a compreensão leitora e os elementos do livro são os próximos passos. A partir daí, do debate sobre a história, o professor deverá conduzir o aluno a contextualizar a obra em um tempo, espaço e cultura em um trabalho interdisciplinar. Assim, a obra permitirá que sejam abordados conteúdos referentes ao sertão como: Tempo: atual ou passado; Espaço: localização, clima, vegetação, etc.; Cultura: comida, música, dança, trajes, sotaque, costumes, artesanato, etc.; Explorar a linguagem do sertanejo: semelhanças e diferenças com a linguagem da criança. PEQUENOS AUTORES É importante que os alunos vivenciem o processo de construção de um livro desde a elaboração da história à sua composição e todos os elementos que ele contém. Essa atividade será de grande valia às turmas de alfabetização, pois, permitirá aos estudantes refletirem sobre a produção escrita, revisar, reescrever, reconstruir suas ideias demonstrando sua evolução no processo de formação do Leitor/Escritor. O professor poderá conduzir esse momento através das seguintes propostas: As próprias crianças produzirão um livro de literatura, começando pela construção da história (que poderá ser feita coletivamente com as turmas dos primeiros anos), definindo quem serão os personagens (suas características específicas enquanto 20 literatura sertaneja), o tipo de história (se romance, se aventura, terror, etc), o que acontecerá? Como começa? E depois? E como termina? Corrigir e interpretar a história, discutindo e revendo o enredo; Organizar a história no formato do livro definindo as páginas e ilustrando-o (discutir as ilustrações para que representem o sertão); Escolher o título da história e elaborar a capa; Fazer a crítica literária, a resenha e a referência bibliográfica do livro. AVALIAÇÃO A avaliação deve ser feita durante todo o processo, pois dela dependem os passos seguintes e os ajustes necessários. Ela deve servir para oferecer indícios de como anda a evolução da classe, suas aprendizagens, seus interesses. O professor poderá conduzir a avaliação a partir das seguintes considerações: Houve envolvimento e interesse? Aprendizagem e aquisição de conhecimentos? Houve mudanças na forma de pensar e agir das crianças? Os objetivos do planejamento foram alcançados? 21 ANEXO: 1 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA AUTOR: LIVRO: EDITORA: CAPA (DESENHO): ANO: 22 ANEXO: 2 Ler por prazer no ritmo do cordel7 Se você nunca pensou em apresentar literatura de cordel aos seus alunos, por considerála pobre ou popular demais, saiba que está cometendo um erro de avaliação. Primeiro, porque popular não é sinônimo de má qualidade. Depois, porque esse gênero literário é riquíssimo, tanto na forma como no conteúdo. Tão rico que muitos especialistas costumam considerá-lo como uma ferramenta excepcional para desenvolver na garotada o comportamento leitor. O que faz da poesia de cordel um instrumento capaz de estimular o hábito da leitura são características que costumam encantar as crianças, entre elas a musicalidade das rimas, a temática, que geralmente remete à cultura nordestina, e as metáforas, que abrem caminho para boas discussões. Já que é assim, por que não usar o cordel para ampliar o repertório da turma? A revista NOVA ESCOLA foi ouvir quem entende do assunto para elucidar algumas dúvidas sobre como trabalhar com a leitura desse tipo de texto. A melhor maneira de ler a poesia de cordel para os alunos em sala de sala: O ideal é que você prepare a leitura com antecedência para dar o devido destaque ao ritmo e à musicalidade proporcionados pelas rimas. Treine a entonação, lembrando sempre de que é recitando de modo expressivo que os cordelistas atraem compradores para os seus folhetos. O professor deve atuar como modelo de leitor, questionando as intenções do autor ao escolher determinadas expressões e ajudando na construção. Informe-se sobre a história e a estrutura poética. Se contar com os recursos necessários, reproduza gravações de cordel em sala de aula. Assim, os alunos terão referências da relação entre o texto e a oralidade típica do gênero. Como os estudantes devem fazer a leitura: Ler em voz alta é bom, já que o cordel está fundamentado na oralidade. “Pedir que os alunos levem cordéis para casa e leiam para seus pais é uma boa maneira de aproximá-los do gênero”, diz Hélder Pinheiro, professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Depois de ler, o que discutir com as crianças: Regionalismos, metáforas e palavras que fogem à grafia-padrão, por exemplo. Fatos históricos e aspectos culturais referentes à narrativa também devem ser abordados. Se você intercalar a leitura de cordéis com a de outros gêneros literários, discuta as diferenças entre eles. 7 Cyntia Calhado ([email protected]). Disponível em www.novaescola.org.br 23 De que forma explicar palavras fora do padrão: Os desvios ortográficos típicos do cordel têm origem na estreita relação do gênero com a linguagem oral. Explique que, nesse contexto, eles não são considerados erros, mas traços da fala coloquial e da cultura popular que refletem o ambiente no qual o cordel foi criado. Como abordar regionalismos e metáforas: Esses elementos refletem o diálogo do sertanejo com suas crenças e seus dilemas cotidianos. É fundamental, portanto, que você estude os cordéis que serão lidos para ajudar seus alunos a compreendê-los. Preparar um glossário de termos regionais pode ajudar bastante. Os critérios na hora de selecionar os textos que serão lidos: Algumas poesias de cordel têm linguagem chula ou pornográfica. Outros narram histórias violentas. “Na hora de escolher as que serão lidas em sala de aula, é preciso descartar aquelas que apresentem temática inapropriada”, diz a professora Ana Cristina Adão, que trabalha a leitura de cordéis com uma turma de 4º ano na CEIEF Aracy Nogueira Guimarães em Limeira, a 150 quilômetros de São Paulo. Ana sugere que, levando em conta a experiência das crianças, sejam selecionados textos que tratem, por exemplo, de lendas, festas regionais, acontecimentos históricos ou simplesmente fatos cotidianos. Trabalhar o cordel no início da alfabetização: “A métrica e a rima despertam a curiosidade das crianças”, afirma Carlos Alberto de Assis Cavalcanti, mestre em Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Apresentá-las ao gênero por meio de cordéis mais curtos, como os escritos em quadras (estrofes de quatro versos) ou sextilhas (de seis) é a melhor estratégia. Não fragmente o cordel. Durante o processo de alfabetização, é importante que os pequenos compreendam o texto em sua integralidade. ANEXO: 3 OBRAS DA LITERATURA INFANTO-JUVENIL COM TEMÁTICA SERTANEJA SEVERINO FAZ CHOVER: Severino morava numa terra muito seca, muito árida e por isso mesmo muito triste. Tudo lá estava murcho, menos magia e a esperança de um garoto, que percebeu desde cedo que com disposição, união e boa vontade, o mundo pode se tornar muito melhor. Este texto de Ana Maria Machado é uma lição de confiança na capacidade que todos temos de resolver os problemas do dia-a-dia. Pois, através da arte, da criatividade, da magia e de muita brincadeira, Severino e seus amigos conseguiram o que parecia impossível: fazer chover! Autora: Ana Maria Machado 24 A RENDEIRA BORRALHEIRA: a vida na pequena Santa Rita é um tédio na maior parte do ano. Em todo mês de junho, entretanto, sempre acontece uma grande festa que transforma a cidade e todas as garotas se animam com os preparativos do concurso da Rainha do Milho. Rosalina é uma rendeira que nunca participou do concurso e que sonha em dançar nessa tão animada festa. Ambientada no Nordeste brasileiro, essa envolvente narrativa recria a história da Gata Borralheira. Autora: Socorro Acioli ARMANDO E O MONSTRO DA GARRAFA: Nesta aventura em cordel, o leitor conhecerá a saga de um rapaz chamado Armando, esperto e sem talento, que busca a feitiçaria para conseguir fama de bom repentista e violeiro. Mas o sucesso inicial logo se acaba; seu criado-diabinho, submisso e preso na garrafa, se solta e reverte a situação, fazendo Armando cantar versos grosseiros e maledicentes. Armando se reerguerá depois da triste experiência? Autor: Fábio Sombra O SURFISTA E O SERTANEJO: esta série tem como objetivo mostrar a grande diversidade cultural existente em nosso país. Em cada livro, os personagens precisam se mudar para uma cidade brasileira distante e de costumes bem diferentes. Os encontros e desencontros advindos dessa mudança brusca permitem abordar as diferenças no modo de vida dos habitantes de cada região: alimentação, brincadeiras, expressões linguísticas, festas, tradições... Após um ano, cada personagem leva um grande amigo para conhecer sua cidade natal. Só que essa história quem vai contar é o leitor. Autor: Ricardo Dreguer DONA FEIA: Dona Feia vivia num casebre rodeado de milharal. Os habitantes do povoado chamavam-na de bruxa, velha e louca. Certo dia, um caixeiro-viajante conhece Dona Feia e seu ofício - ela fazia lindas bonecas de palha. Encantado, ele as levou para vender. Tempos depois, retorna com sorrisos e grande pedido. O povoado, que padecia com seca avassaladora, descobre que fazendo bonecas pode driblar a seca, Dona Feia, de bruxa vira fada, e sem os preconceitos ganha novo nome - Dona Fia. A fiandeira mais famosa do sertão. Autor: Anderson de Oliveira CORDEL: este volume da ´Biblioteca de Cordel´ traz a produção literária de Téo Azevedo, autor de quinhentas histórias de cordel, além de catorze livros sobre cultura popular brasileira. Autor: Téo Azevedo 25 A BORDADEIRA DE HISTÓRIAS: À beira do Rio São Francisco - o velho Chico -, crianças contam histórias que contaram as avós das avós de agora: o amor da Sereia dos cabelos de ouro, as estripulias do endiabrado Romãozinho, o encontro com o caboclod'água, o senhor das profundezas... Que ninguém duvide delas: muita gente garante que tudo aconteceu ali mesmo, e o velho Chico é a grande testemunha... Autor: Ana Raquel e Rogério Andrade Barbosa JOÃO BOBOCA OU SABIDO?: Maria pede para o marido João ir ao mercado trocar a vaquinha malhada por alguma coisa boa para o casal. No caminho, João troca a vaca magrinha por uma cabrita bem tratada, a cabrita por um ganso gordo e bem emplumado, o ganso por um frango gordinho, o frango por um passarinho que um dia poderia ser um bom cantor e, por fim, troca o passarinho por um saco de cocô de galinha. Quando chega ao mercado, João encontra um vizinho, também chamado João, que caçoa de suas trocas pouco inteligentes. Afoito para também tirar proveito da ingenuidade do caipira, o vizinho decide fazer uma aposta que mudaria para sempre a vida de João. João não é a pessoa mais esperta do mundo quando o assunto é comprar, vender e trocar. De coração puro e com ingenuidade saindo pelos poros, ele acredita cegamente nas pessoas e no amor ao próximo. Essas características podem ser catastróficas no mundo dos negócios, mas nesta divertida história o leitor vai perceber que aqueles que parecem bobinhos são justamente os que conhecem a verdadeira sabedoria de viver. Autor: Rosane Pamplona e Ionit Zilberman SAUDADES DO RIO MAR: neste e em cada livro da coleção Caminhos do São Francisco, a personagem Jaciobá se depara com um Brasil que muitos ignoram e nos relata impressões emocionadas sobre as pessoas que conhece, as paisagens marcantes que percorre e a dura situação social que testemunha. Autor: Cristina Porto IMAGENS DO SERTÃO: a autora retrata sua viagem feita a Pão de Açúcar, localizada às margens do rio São Francisco, divisa entre os estados de Alagoas e Sergipe. "Foi assim que enveredei por estradas com paisagens das mais diversas; foi assim que me tornei uma brasileira que está começando a conhecer o Brasil real, mas já sente um orgulho imenso em fazer parte dessa gente forte e valente, que não se deixa dobrar em sua dignidade e, mesmo na mais extrema miséria, mostra um coração que esbanja fé, amor e solidariedade." Autor: Cristina Porto 26 O ROMANCE DO VAQUEIRO VOADOR: texto poético em forma de cordel que conta a história de um vaqueiro que vai trabalhar na construção de Brasília, a exemplo de muitos brasileiros esperançosos por uma vida melhor. Mas a construção da capital não poderia ser o caminho para um vaqueiro que ama o campo e seus animais. Com delicadeza e sensibilidade, o autor recria um importante momento da história de Brasília. Autor: João Bosco Bezerra Bonfim O BOI LEIÇÃO: um fazendeiro aceita o desafio de seu amigo e resolve pôr à prova seu fiel vaqueiro. Disposto a vencer a aposta a qualquer custo, o amigo pede à sua filha que seduza o peão e o faça trair o fazendeiro. Quem será que vai vencer o desafio? Autor: Stela Barbieri e Fernando Vilela O MENINO SINHÔ: o livro traça a trajetória de vida músico Hermeto Pascoal, buscando na sua infância e nos costumes de sua terra natal - o agreste alagoano valores, influências e pensamentos que contribuíram para sua formação humana e musical. Na infância, recebeu o apelido de Sinhô, por ser albino e ter o cabelo de um loiro quase branco, como o de um velhinho. E desde menino, o autodidata Hermeto já encontrava música nos mais improváveis objetos. A vida do músico e a beleza da cultura popular nordestina se misturam nessa história contada com muita poesia. Autor: Edmiriam Módolo Villaça INGÊNUO? NEM TANTO... : Felizardo, um homem simples e bem divertido, é o protagonista de 70 "causos" típicos do interior do Brasil, histórias de narrativa curta que mostram que a aparente ingenuidade sertaneja na realidade é uma sabedoria sem tamanho... Autor: Bariani Ortêncio A história O Mamulengo Molenga, fala de bichinhos-mamulengos que, cansados de serem bichos de pano, queriam ser bichos de verdade. No enredo, a reflexão sobre o tratamento dado aos animais pelo homem e aos demais seres humanos. Texto ideal para montagem de uma pequena peça com mamulengos, na qual as crianças farão as falas e a manipulação dos personagens com suas “mãos molengas”, lendo estrofes cheias de poesia. Autor: Hardy Guedes. 27 5.3 ENSINO FUNDAMENTAL: ANOS FINAIS 5.3.1 ARTES Apresentação do Tema: Comum a todas as linguagens artísticas. A sugestão de trabalho de Artes para a feira literária será a utilização do livro “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto. O livro retrata em versos o itinerário do retirante nordestino, que parte do sertão paraibano em direção ao litoral, em busca de sobrevivência, devido à seca e às precárias condições de vida. A obra foi escolhida por estruturar-se em forma de auto, o que favorece o trabalho com todas as linguagens artísticas. Resumo severina.html da Obra: http://www.algosobre.com.br/resumos-literarios/morte-e-vida- Texto: http://www.culturabrasil.org/joaocabraldemelonetoo.htm Propomos que o professor apresente a obra aos alunos para que eles se familiarizem com as formas, os temas, os personagens e a história. Em seguida, o professor pode usar várias linguagens artísticas para contextualizar as problemáticas abordadas, como a pobreza, a fome e a seca. Pode ser usando a obra “Os retirantes” de Portinari: Além da pobreza, da seca e da migração nordestina, o professor de artes pode conduzir a apreciação, levando em consideração também os aspectos técnicos usados por Portinari: Elementos visuais, cores, técnicas, materiais, etc. Em relação à música, além das tradicionais “Asa Branca”, “Luar do Sertão” pode se usar a música “Do Brasil” de Vander Lee, que retrata o amor do sertanejo pelo sertão e a 28 importância que ele tem para o Brasil. Existem muitas outras opções que podem ser facilmente encontradas na internet. Do Brasil Vander Lee http://www.youtube.com/watch?v=QBdHXm2tEzQ Falar do Brasil sem ouvir o sertão É como estar cego em pleno clarão Olhar o Brasil e não ver o sertão É como negar o queijo com a faca na mão Esse gigante em movimento Movido a tijolo e cimento Precisa de arroz com feijão Que tenha comida na mesa Que agradeça sempre a grandeza De cada pedaço de pão Agradeça a Clemente Que leva a semente Em seu embornal Zezé e o penoso balé De pisar no cacau Maria que amanhece o dia Lá no milharal Joana que ama na cama do canavial João que carrega A esperança em seu caminhão Pra capital Lembrar do Brasil sem pensar no sertão É como negar o alicerce de uma construção Amar o Brasil sem louvar o sertão É dar o tiro no escuro Errar no futuro Da nossa nação. Esse gigante em movimento Movido a tijolo e cimento Precisa de arroz com feijão Que tenha comida na mesa 30 Que agradeça sempre a grandeza De cada pedaço de pão Agradeça a Tião Que conduz a boiada do pasto ao brotão Quitéria que colhe miséria Quando não chove no chão Pereira que grita na feira O valor do pregão Zé coco, viola, rabeca, folia e canção Zé coco, viola, rabeca, folia e canção Amar o Brasil é fazer Do sertão a capital... De vídeo, pode ser usado um especial da rede Globo que retrata toda a obra. Ele está disponível no youtube por meio do link: http://www.youtube.com/watch?v=u3R3s5XeB-w. Se o filme não for adequado a determinados alunos ele pode ser usado pelo menos como referencial para o professor. A ideia é fazer com que o aluno perceba de maneira clara os problemas enfrentados pelos retirantes em todos os seus aspectos e possam, desse modo, produzir obras, tentando retratar as situações presentes no livro “Morte e Vida Severina”. Deve-se deixar claro que o aluno pode aprender também sobre todo o universo sertanejo, como festas, modos de falar e de viver. A seguir atividades que podem ser usadas a partir da apresentação do tema acima. O professor poderá a partir daqui produzir outros trabalhos e atividades bem como melhorar as que estamos apresentando. Lembrando sempre, que está aberta a possibilidade de produzir material e apresentações para o dia da Feira Literária. Artes Visuais: Construir uma história em quadrinhos No intuito de trabalhar de maneira inusitada a questão da seca e dos retirantes o professor de arte pode propor a criação de histórias em quadrinhos. Os alunos podem aprender sobre esse tipo de obra gráfica, criar os personagens e o enredo. Ao mesmo tempo estão trabalhando aspectos essenciais da área de português e literatura. Os personagens podem ter relação com os personagens da obra “Morte e Vida Severina” e retratar aspectos da vida deles. O professor de artes pode trabalhar os vários aspectos característicos do desenho de histórias em quadrinhos, bem como as diversas formas de construir a história. 31 Criação de Capas de livros de Cordel (Xilogravura) Os professores de Português e de Artes Visuais podem se unir na produção de um livro de Poesia em Cordel. Nas aulas de Português, os alunos produzirão as histórias em versos e nas aulas de artes será produzida a capa em xilogravura. Para a produção da capa poderá ser usados materiais alternativos como bandejas de isopor para os moldes e tinta guache para as impressões. É a oportunidade dos alunos aprenderem sobre o processo de produção do cordel, bem como sobre os processos que envolvem a produção da xilogravura. Música: Conhecer os instrumentos musicais característicos da música sertaneja. Em “Morte e Vida Severina” é fácil notar a musicalidade da poesia, o professor pode aproveitar o tema para conhecer os instrumentos musicais característicos da música sertaneja. É a oportunidade de estudar organologia fora do mundo dos instrumentos tradicionais de orquestra. Esse trabalho pode ser feito por meio de pesquisa dos próprios alunos, ou ainda, por meio de visitas a pessoas ou a locais que possuam esses instrumentos. Instrumentistas tradicionais da região podem ser convidados para falar e mostrar um pouco sobre a música. Teatro: Teatro: Encenar uma parte do livro “Morte e vida Severina”, criar figurino Sertanejo Aproveitando o formato da obra, pode-se fazer uma adaptação do texto para que seja encenada pelas crianças. Para começar, os alunos podem fazer improvisações relacionadas ao tema e criar suas próprias esquetes. É importante construir um conhecimento significativo em teatro, ou seja, o aluno precisa conhecer os vários aspectos que envolvem a encenação e a adaptação. Ressalta-se que uma encenação do livro poderá ser apresentada no dia de culminância da feira Literária. 32 5.3.2 CIÊNCIAS Sugere-se aos professores de Ciências que, dentro de suas possibilidades, trabalhem textos dos autores abaixo, fazendo alusão a temas abordados na disciplina de ciências. Este ano, o tema da VI Feira será Literatura Sertaneja: verso, vida e viola, sendo assim, pode-se utilizar textos que abordam a fauna, tipos de solo e características da vegetação. Seguem abaixo algumas sugestões: Grande Sertão: Veredas: nesta obra, Guimarães Rosa retrata com fidelidade o cerrado norte- mineiro. Ao trabalhar a unidade Cerrado, podemos utilizar textos de Guimarães Rosa, que fazem referências às características vegetais, aos frutos e aos animais desse grande ecossistema. É possível fazer comparações entre a exploração do cerrado representado no romance (criação de gado) e a exploração praticada nos dias atuais, representada principalmente pela agricultura intensiva mecanizada e a silvicultura, prática essa que tem contribuído para sua degradação do cerrado. É pertinente também debater sobre os desmatamentos das veredas e nascentes dos rios; Sertões: esta obra de Euclides da Cunha retrata, entre outros temas, a caatinga nordestina, caracterizando principalmente seu clima, solo e vegetação. Esse ecossistema tipicamente brasileiro, apesar de não ser o único, é o que mais caracteriza o semiárido nordestino e o extremo norte de Minas Gerais. Podemos, nessa obra, explorar as características peculiares da caatinga, esse ecossistema tipicamente brasileiro, com sua vegetação característica, formada principalmente por cactáceas e várias espécies caducifólias; Maleita: nesta obra do mineiro (de Curvelo) Lúcio Cardoso, podemos, como sugere o título, trabalhar as doenças causadas por protozoários, em especial a malária, que, na metade do século passado, assolava a nossa região, em especial as cidades ribeirinhas. Apesar de erradicada em nosso estado, ainda hoje é uma doença muito comum na região norte do Brasil; Outras obras: baseando-se nas sugestões acima, o mesmo poderá ser feito com as obras de outros autores como, por exemplo, José Américo Almeida (A bagaceira) e José Lins do Rego (Meninos de Engenho), pois ao que parece, a indústria canavieira marca o início do desmatamento da Mata Atlântica. Esse ecossistema é por muitas vezes retratado em obras de Jorge Amado, já nesse caso, a cultura principal não é cana, mas sim o cacau. Obs: além dos aspectos ecológicos desses ecossistemas, podemos explorar, na literatura sertaneja, outros assuntos como doenças endêmicas, desnutrição entre outros. 33 5.3.3 EDUCAÇÃO FÍSICA A VI Feira Municipal de Literatura trata-se de um evento interdisciplinar, não sendo restrito apenas à Língua Portuguesa. O tema deste ano será Literatura sertaneja: verso, vida e viola. Quando se pensa em uma literatura do sertão, estamos nos remetendo a uma vertente da Literatura Regionalista, sobretudo, aquela produzida na segunda geração do Modernismo (1930), que teve como assunto recorrente e como material de produção literária o sertão brasileiro e sua infinidade de características. Quando se pensa em verso, fazemos menção à palavra propriamente dita, ou seja, aos textos que registraram a cultura sertanista. Ao falarmos em vida, queremos propor um estudo que trate de uma realidade bem próxima da nossa região, mas que também pode ser universal como bem escreveu Guimarães Rosa. Por fim, viola diz respeito a uma "poética" peculiar dos artistas que falam sobre o sertão, sendo uma maneira de valorizar e incentivar o estudo de literatura a partir da análise comparatista, ou seja, literatura escrita em verso ou em prosa mais as letras das canções. Assim, não quer dizer que você tenha que trabalhar aula de literatura, mas sim eleger conteúdos do próprio currículo que estejam em sintonia com a proposta. O professor poderá partir das obras ou textos literários para trabalhar o seu conteúdo. Portanto, a seguir, apresento alguns textos, sugestões de atividades e aulas referentes ao assunto. 1 – TEXTO INFORMATIVO SOBRE O REGIONALISMO Regionalismo - Literatura das peculiaridades do Brasil Antonio Carlos Olivieri8 O regionalismo tem uma tradição de quase 150 anos na literatura brasileira. Surgiu em meados do século 19, nas obras de José de Alencar, de Bernardo Guimarães, de Alfredo d'Escragnole Taunay e de Franklin Távora e pode-se dizer que há textos de cunho regionalista em nossa literatura até o final do século 20. Pode-se dizer que as obras do século 20 são os grandes textos do regionalismo no Brasil. Entretanto, para se chegar a expoentes como José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e Guimarães Rosa, o gênero percorreu um grande caminho, cujas raízes estão na época do romantismo, como foi o caso da obra de José de Alencar. Em primeiro lugar cabe esclarecer que, por regionalismo, entende-se a literatura que põe o seu foco em determinada região do Brasil, visando retratá-la, de maneira mais superficial ou mais profunda. Os primeiros autores do gênero não focalizavam propriamente uma região, no sentido 8 É escritor, jornalista e diretor da Página 3 Pedagogia & Comunicação. educacao.uol.com.br/literatura/regionalismo-literatura-das-peculiaridades-do-brasil.jhtm Disponível em: 34 geográfico, não visavam mostrar a vida no sertão do Nordeste, ou de São Paulo ou do Rio Grande do Sul. O sertanejo torna-se então o símbolo do autêntico brasileiro, alheio às influências da Europa, abundantes na sociedade fluminense. É nesse sentido que ele irá protagonizar os romances de Bernardo Guimarães, Taunay e Franklin Távora, constituindo uma metamorfose do "bom selvagem" que Peri (personagem central O Guarani) ou Ubirajara haviam personificado nos romances de Alencar anteriormente. Do que já se deduz que o sertanejo romântico também padece de uma idealização heroica que o afasta da realidade. Além disso, os romances sertanistas são marcados por um "pequeno realismo" - como afirma o estudioso Nelson Werneck Sodré - que está preocupado em retratar as minúcias do vestuário, da linguagem, dos costumes, das paisagens e em valorizar o caráter exótico e grandioso da natureza brasileira. Nesse pano de fundo, decorrem os enredos marcados por amores, aventuras e peripécias como mandava o figurino da literatura romântica. 2 – TEXTOS INFORMATIVOS SOBRE O FOLCLORE REGIONALISTA EVIDENCIANDO O SERTÃO TEXTO 1 - O Folclore na Literatura Na literatura, o mineiro João Guimarães Rosa, autor de "Grande Sertão: Veredas" - um clássico da literatura nacional - tematiza a vida do sertanejo e trabalha tanto elementos característicos de narrativas folclóricas, quanto a própria forma sertaneja de uso da língua portuguesa. Da mesma maneira, o paraibano Ariano Suassuna compôs uma ampla obra teatral baseada na tradição folclórica nordestina. Como exemplo, podem-se citar "O Auto da Compadecida" ou "A Pena e a Lei", sem falar no monumental “Romance da Pedra do Reino”9. 9 Disponível em: educacao.uol.com.br/cultura-brasileira/folclore-brasileiro-festas-comidas-e-lendas-tradicionais-dobrasil.jhtm 35 TEXTO 2 - Bumba-Meu-Boi10 Folguedo é tradicional manifestação folclórica brasileira Bonecos nordestinos artesanais de barro evocam o Bumba-Meu-Boi O Bumba-meu-Boi é uma das manifestações folclóricas brasileiras mais conhecidas e populares. Trata-se de uma espécie de auto que mistura teatro, dança, música e circo. Nos diferentes estados onde ocorre, recebe diversos nomes, como Boi-Bumbá ou Boi-de-Parintins, no Amazonas; Bumba-Meu-Boi, no Nordeste; Boi-de-Mamão, em Santa Catarina; Boizinho, no Rio Grande do Sul, e outros. Os personagens também variam por regiões: Pai Mateus, Cavalo-Marinho, Caipora e Maricotas de Corocó são alguns deles. Dançando e cantando, conta-se a história da morte e da ressurreição de um boi - uma história de certa forma metaforiza o ciclo agrário. Essa representação é realizada tanto nos festejos juninos quanto nos de Natal. A provável origem do Bumba-Meu-Boi é o Nordeste das últimas décadas do século 18, onde a criação de gado era feita por colonizadores, com mão-de-obra escrava. Nas fazendas, as tradições africanas (como a do boi geroa) teriam se misturado às européias (como as touradas) incorporando ainda, em certas regiões, elementos indígenas. Em geral, ocorria no dia de Reis e estava ligado ao ciclo de festas do Natal no sertão. TEXTO 3 - Cultura da região Nordeste do Brasil11 10 Disponível em: educacao.uol.com.br/cultura-brasileira/bumba-meu-boi-folguedo-e-tradicional-manifestacaofolclorica-brasileira.jhtm 11 Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_da_regi%C3%A3o_Nordeste_do_Brasil 36 O maracatu, parte da cultura e folclore nordestino, reflete a miscigenação étnico-cultural entre africanos, indígenas e portugueses. Na foto, Maracatu Nação em Olinda, Pernambuco. A cultura nordestina é bastante diversificada, uma vez que foi influenciada por indígenas, africanos e europeus. Os costumes e tradições muitas vezes variam de estado para estado. Tendo sido a primeira região efetivamente colonizada por portugueses, ainda no século XVI, que aí encontraram as populações nativas e foram acompanhados por africanos trazidos como escravos, a cultura nordestina é bastante particular e típica, apesar de extremamente variada. Sua base é lusobrasileira, com grandes influências africanas, em especial na costa de Pernambuco à Bahia e no Maranhão, e ameríndias, em especial no sertão semi-árido. A riqueza cultural dessa região é visível para além de suas manifestações folclóricas e populares. A literatura nordestina tem dado contribuições para o cenário literário brasileiro, destacando-se nomes como Jorge Amado, José de Alencar, João Cabral de Melo Neto, Rachel de Queiroz, Gregório de Matos, Clarice Lispector, Graciliano Ramos e Manuel Bandeira, dentre muitos outros. O Maranhão é o estado nordestino que mais se destacou e ainda se destaca no campo da Literatura Nacional, tais com os escritores: Gonçalves Dias, Aluísio Azevedo, Arthur Azevedo, Coelho Neto, Sousândrade, Viriato Correia, Ferreira Gullar, José Louzeiro, José Sarney, Raimundo Correia, Josué Montello e muitos outros. O pernambucano Gilberto Freyre representa um marco na história do Brasil devido ao seu livro Casa-Grande & Senzala, que demonstra a importância dos escravos para a formação do país e que brancos e negros são absolutamente iguais. No Ceará, o movimento da Padaria Espiritual, no fim do século XIX, antecipou algumas das renovações trazidas com o modernismo, no anos 1920 do século seguinte. Afoxé Filhos de Gandhy, em Salvador, Bahia. Na literatura pode-se citar a literatura popular de cordel que remonta ao período colonial (a literatura de cordel veio com os portugueses e tem origem na Idade média europeia) e numerosas 37 manifestações artísticas de cunho popular que se manifestam oralmente, tais como os cantadores de repentes e de embolada. Na música erudita, destacaram-se como compositores Alberto Nepomuceno e Paurillo Barroso, assim como o cearense Liduíno Pitombeira na atualidade, e Eleazar de Carvalho como maestro. Ritmos e melodias nordestinas também inspiraram compositores como Heitor Villa-Lobos (cuja Bachiana brasileira nº 5, por exemplo, em sua segunda parte - Dança do Martelo - alude ao sertão do Cariri). Na música popular, destacam-se ritmos tais como coco, xaxado, martelo agalopado, samba de roda, baião, xote, forró, Axé e frevo, dentre outros ritmos. O movimento armorial do Recife, inspirado por Ariano Suassuna, fez um trabalho erudito de valorização desta herança rítmica popular nordestina (um de seus expoentes mais conhecidos é o cantor Antônio Nóbrega). Na dança, destacam-se o maracatu, praticado em diversas partes do Nordeste, o frevo (característico de Pernambuco) o bumba-meu-boi, o xaxado, diversas variantes do forró, o tamborde-crioula (característico do Maranhão), etc. As músicas folclóricas quase sempre são acompanhadas de danças. Caboclinho de lança do Maracatu Rural. O caboclo de lança é um dos símbolos da cultura pernambucana. O artesanato é também uma parte relevante da produção cultural do Nordeste, sendo inclusive o ganha-pão de milhares de pessoas por toda a região. Devido à variedade regional de tradições de artesanato, é difícil caracterizá-los todos, mas destacam-se as redes tecidas e, às vezes, bordadas com muitos detalhes; os produtos feitos em argila, madeira (por exemplo, da carnaúba, árvore típica do sertão) e couro, com traços bastante particulares; além das rendas, que ganharam destaque no artesanato cearense. Outro destaque são as garrafas com imagens feitas manualmente em areia colorida, um artigo produzido para venda para turistas. No Maranhão, destacam-se artesanatos feitos da fibra do buriti (palmeira), assim como artesanatos e produtos do babaçu (palmeira nativa do Maranhão). A culinária nordestina é variada, refletindo, quase sempre, as condições econômicas e produtivas das diversas paisagens geoeconômicas dessa região. Frutos do mar e peixes são bastante utilizados na culinária do litoral, enquanto, no sertão, predominam receitas que utilizam a carne e derivados do gado bovino, caprino e ovino. Ainda assim, há várias diferenças regionais, tanto na variedade de pratos quanto em sua forma de preparo (por exemplo, no Ceará, predomina o mugunzá - também chamado macunzá ou mucunzá - salgado, enquanto, em Pernambuco, predomina o doce). Na Bahia os principais destaques são as comidas feitas com azeite de dendê e com camarão, como as moquecas, o vatapá, o acarajé e os bobós; porém não são menos apreciadas comidas acompanhadas de pirão como mocotó e rabada e doces como a cocada. No Maranhão, 38 destacam-se o cuxá, o arroz de cuxá, o bobó, o peixe pedra e a torta de camarão, bem ao estilo maranhense. Também no Maranhão se destaca o refrigerante Jesus ou Guaraná Jesus que é patrimônio maranhense. Já o bolo-de-rolo é patrimônio imaterial de Pernambuco. Algumas comidas típicas da região são: o baião-de-dois, a carne-de-sol, o queijo de coalho, o vatapá, o acarajé, a panelada e a buchada, a canjica, o feijão e arroz de coco, o feijão verde e o sururu, assim como vários doces feitos de mamão, abóbora, laranja, etc. Algumas frutas regionais - não necessariamente nativas da região - são a ciriguela, o cajá, o buriti, a cajarana, o umbu, a macaúba, as frutas maranhenses juçara, bacuri, cupuaçu, buriti, murici e a pitomba, além de outras também comuns em outras regiões. 3 – BRINCADEIRAS DA REGIÃO NORDESTE12 Na região Nordeste, temos Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Algumas das brincadeiras que são dessa região: 12 Ordem - Origem: Salvador (BA); Baleado - Origem: João Pessoa (PB); Bila 1 -Origem: Salitre (CE); Casarão - Origem: Joselândia (MA); Chicotinho queimado - Origem: Salvador (BA); Casinha de sabugo - Origem: Maranguape (CE); Rabisca - Origem: Icapuí (CE); Macaco foi à feira - Origem: Teresina (PI); Salada, saladinha 2 - Origem: Maranguape (CE); Bandeirinha arreou - Origem: Gavião (BA); Cuscuz - Origem: João Pessoa (PB) e Jaboatão dos Guararapes (PE); Morto vivo – Origem: São Luís (MA); Sorriso milionário - Origem: João Pessoa (PB); Bicicleta - Origem: Icapuí (CE); Dança das cadeiras - Origem: Salvador (BA); Dedo estralado - Origem: Maranguape (CE); Batom - Origem: Jaboatão dos Guararapes (PE); Vassoura - Origem: Maranguape (CE) Disponível em: http://www.turminha.mpf.gov.br/direitos-das-criancas/educacao-e-lazer/brincadeiras-regionais 39 4 – SUGESTÃO DE AULA A SER TRABALHADA13 Dados da Aula O que o aluno poderá aprender com esta aula: Conhecer e vivenciar algumas brincadeiras características da região Nordeste do Brasil. Duração das atividades 3 aulas, totalizando 150 minutos. Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno Aulas postadas no Portal do Professor: "De onde surgiram as brincadeiras do Brasil” e "As brincadeiras do Brasil: a região Norte". Estratégias e recursos da aula Atividade 1: Os alunos serão reunidos em círculo e serão indagados se eles sabem quais são os estados da região Nordeste, seus costumes, comidas típicas e se conhecem alguma brincadeira ou jogo praticado nesta região. Após as respostas, levá-los a um laboratório de informática com acesso à Internet e pedir que pesquisem as respostas às perguntas feitas (caso a escola não tenha laboratório de informática, sugerimos que o professor disponibilize livros e material impresso da Internet, principalmente dos sites relacionados como recurso educacional). Atividade 2: Os alunos deverão escolher, dentre as brincadeiras pesquisadas, 3 que mais gostarem para que sejam vivenciadas. Sugerimos algumas abaixo: Baleado: Baleado é um tipo de queimada. Para brincar, o grupo é divido em duas equipes. As duas equipes tiram par ou ímpar para saber quem começa com a bola. O objetivo é balear (queimar) o time adversário, mas só do joelho para cima. Se a bola pegar do joelho para baixo a jogada deve ser repetida. Quem for baleado vai para o mofo (área que fica atrás do campo do time adversário). Mas quem está no mofo pode tentar pegar as bolas que escapam e, caso consiga pegar, deve tentar balear as pessoas que estão na sua frente, que são os membros do time adversário. Se ele conseguir, imediatamente se salva e pode voltar para seu campo, enquanto o baleado vai para o mofo do outro time. A brincadeira só termina quando todos os integrantes de umas das equipes estiverem no mofo. Sorriso milionário: Para que a brincadeira funcione é preciso ter pelo menos quatro participantes, bexigas vazias ou folhas de árvore. Cada um fica com três bexigas e todos têm que ficar andando, se misturando. Quando alguém gritar “pára”, cada participante deve correr para frente de outro e fazer palhaçadas. O outro tem que ficar parado, sem rir. Quem rir perde uma bexiga. O desafio vai se 13 Extraídas de http://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/mapadobrincar 40 repetindo e quem fica sem bexigas sai da brincadeira. Quem tiver mais ganha. Não vale fazer cócegas para o outro rir. Propomos aqui uma adaptação onde os alunos serão divididos em duas equipes. Ao sinal do professor todos param e esperam a ordem para saber qual equipe fará a outra rir. Macaco foi à feira: Duas pessoas batem a corda e a terceira fica no meio, pulando e recitando os versos: “O macaco foi à feira, não teve o que comprar. Comprou uma cadeira pra comadre se sentar. A cadeira esborrachou. Coitada da comadre, foi parar no corredor.” Quem segura a corda vai aumentando e diminuindo a velocidade. Ganha quem demorar mais para errar (ou tropeçar). Pega-chiclete: O pegador terá que ir atrás dos fugitivos. Se eles estiverem encostados (grudados como chiclete) em algum lugar (muro, árvore) não poderão ser pegos. Quem ficar mais de um minuto encostado no lugar passará a ser o novo pegador. Pode-se criar uma adaptação onde os alunos também podem se “grudar” no chão. Cacique: Uma pessoa se esconde em algum lugar. Ela é o índio. Os outros participantes ficam sentados em um círculo. Uma das pessoas do círculo é escolhida para ser o cacique e fazer movimentos que os outros devem repetir. O cacique deve mudar os movimentos e o índio, chamado de volta à roda, tem três chances para adivinhar quem é o cacique. Se ele errar, paga uma prenda. Salada mista: Todos os participantes fazem uma roda e um deles fica do lado de fora. Ele tem que dar voltas em torno dos outros colocando a mão na cabeça de cada um dizendo seu nome e uma fruta como no exemplo: “Natal, eu disse pêra, João, eu disse uva, Leonardo, eu disse maçã, Naiara, eu disse salada, Cristina, eu disse mista”. Quando a criança disser “mista” a pessoa escolhida sai da roda e recomeça a brincadeira. Atividade 3: Após a vivência das bricadeiras, reunir os alunos em círculo e questioná-los: o que estas brincadeiras têm em comum? E o que elas têm de diferente das brincadeiras que normalmente vocês brincam? Direcionar a discussão no sentido de que as brincadeiras de cada região representam os costumes do povo que lá vive. No caso da região Nordeste notamos um grande número de brincadeiras com um apelo punitivo, carregando o simbolismo das relações entre senhores de engenho e os escravos, ou os cangaceiros, que, para matar os seus oponentes atiravam na região torácica, tal como no “baleado”. Atividade 4: Solicitar aos alunos que façam a ilustração da brincaddeira que mais gostarem em folhas de papel ofício. Estas ilustrações serão utilizadas na avaliação. Recursos Complementares http://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/mapadobrincar/ acesso dia 15/4/2010 http://www.nepsid.com.br/brincadeiras/mapa.htm acesso dia 15/4/2010 41 http://www.escolaoficinaludica.com.br/brincadeiras/zbrinquetrad.htm acesso dia 15/4/2010 AVALIAÇÃO14 O professor deverá propor aos alunos que construam um mapa da região Nordeste do Brasil, onde deverão ser afixadas o material da pesquisa dos alunos, as brincadeiras vivenciadas e as ilustrações feitas na Atividade 4. 5 – SUGESTÃO DE PROJETO QUE PODERÁ SER TRABALHADO15 Universidade Federal da Bahia – FACED Data: 18/10/02 Disciplina: Educação e Novas Tecnologias Nome: Edileusa dos Santos Dias Professora: Ivana PROJETO: “O FOLCLORE NA REGIÃO NORDESTE” O FOLCLORE NA REGIÃO NORDESTE JUSTIFICATIVA O Folclore brasileiro é um dos mais ricos do mundo. Isso porque houve no Brasil uma nítida diferenciação entre as classes, reforçadas pela diferença de raças e pela distribuição da população, o que contribuiu para o distanciamento entre os vários grupos. As manifestações culturais do povo tiveram de ser reorganizadas, recebendo também influências da cultura africana e indígena. A dificuldade de comunicação entre os vários povoamentos ocasionou a criação de folclores diferentes para cada região, de acordo com o tipo de população. Desenvolveram assim, manifestações que sobrevivem até hoje, como o samba, o carnaval, as festas juninas e religiosas, o bumba-meu-boi, além de uma série de lendas, danças e cantigas. Essas manifestações são parte de uma cultura que representa o saber do povo brasileiro. PÚBLICO ALVO Este projeto é destinado a crianças da 3ª série do Ensino Fundamental, com a faixa etária de 9 a 10 anos de idade. 14 15 Retirado de: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=18613 Retirado de: www.faced.ufba.br/~ivanas/edc287_01/Edileusa.doc 42 DURAÇÃO O tempo previsto para a execução e finalização do projeto é de um mês. Em que será distribuído em duas aulas por semana, o que corresponde a oito aulas no total. OBJETIVO GERAL O objetivo deste projeto é levar o aluno a tomar contato com algumas manifestações populares da Região Nordeste. Com o intuito de desenvolver o hábito de pesquisa, bem como, incentivar e valorizar o gosto pela leitura, arte, música e dança que fazem parte da nossa cultura. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Demonstrar a importância das manifestações culturais na organização da vida de um grupo; Conhecer algumas etnias e cultura, valorizá-las e respeitá-las; Fortalecer a identidade regional e garantir a continuidade dos costumes estudados; Reconstruir a visão que se tem da realidade e torná-la mais receptiva à diversidade; Fortalecer a cidadania compreendendo o contexto em que se vive, formar senso crítico e acumular bagagem cultural. METODOLOGIA A realização do projeto ocorrerá através de pesquisa em livros, internet e entrevistas com pessoas da família, bem como seleção dos materiais pesquisados e construção de murais informativos. ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO 1ª AULA Promover uma conversa com os alunos com o propósito de checar as informações que as crianças já possuem sobre algumas manifestações culturais tais como a música, a dança, as brincadeiras e as festas populares da Bahia. Relatar através da história a nossa origem cultural. 2ª AULA Mostrar através de fita de vídeo o folclore e a sua importância na criação da nossa identidade. Estabelecer paralelos com a realidade das crianças, observando semelhanças e diferenças entre os Estados da Região Nordeste. Para casa: Solicitar aos alunos que estes investiguem as cantigas de roda, os jogos e as brincadeiras que eram comuns na infância dos seus pais e avós. 3ª AULA Pedir que os alunos relatem as cantigas e as brincadeiras vivenciadas pelos seus pais e avós, bem como reproduzir algumas destas brincadeiras em sala de aula. E escrever as cantigas de rodas conhecidas por eles em cartolinas. 4ª AULA 43 A aula ocorrerá na biblioteca da escola, para que os alunos possam pesquisar sobre algumas festas tradicionais e danças mais conhecidas que façam parte da cultura de alguns Estados da Região Nordeste. Para esta atividade a turma será dividida em grupos, para que cada grupo possa pesquisar um Estado diferente. Para casa: solicitar que os alunos procurem gravuras relacionadas a sua pesquisa. 5ª AULA Cada grupo deverá construir um cartaz contendo as informações consideradas mais importantes da pesquisa, utilizando as gravuras solicitadas e apresentando aos colegas o resultado da suas pesquisas. 6ª AULA A aula acontecerá no laboratório de informática, para que os alunos possam pesquisar através da internet alguns sites como: www.sitededicas.com.br, www.mundocaipira.com.br e o www.cade.com.br, para que eles possam pesquisar as lendas mais conhecidas dentro da nossa região. 7ª AULA Seleção e utilização de lendas encontradas pelos alunos na pesquisa feita na internet, para fazer a leitura e interpretação, bem como fazer referência a sua origem no contexto social em que foi criada. 8ª AULA Montagem de um painel com objetos, fotos e curiosidades sobre o folclore, através dos materiais pesquisados pelos alunos, cujas informações contidas neste painel serão digitadas, bem como as figuras e ornamentações utilizadas serão produzidas, com o auxílio do computador. 6 – CONCLUSÃO Todo conteúdo acima citado servirá como embasamento para que você possa criar a sua forma de trabalho dentro do tema proposto para a VI Feira Literária: Literatura sertaneja: verso, vida e viola. Assim, dentro do conteúdo da Educação Física, poderá trabalhar o teatro, a dança e os jogos e brincadeiras resgatando o sertão brasileiro. 44 5.3.4 EDUCAÇÃO RELIGIOSA Tendo em vista que a VI Feira de Literatura é um evento interdisciplinar, faz-se necessário que os professores de Educação Religiosa também se sintam responsáveis pelo desenvolvimento e produção dos trabalhos. Nesse sentido, a temática deste ano está diretamente relacionada com a disciplina, pois será de grande importância que os nossos alunos possam pesquisar, compreender e avaliar a religiosidade do povo sertanejo, por meio das obras literárias que abordam essa realidade. Dentre os temas sugeridos na proposta curricular, encontram-se a religiosidade, os valores, os contra valores, o preconceito e a discriminação. Sugerimos, dessa maneira, que os professores de Educação Religiosa ensinem tais conteúdos a partir das obras abaixo sugeridos, de seus capítulos ou simplesmente de alguns trechos: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. O auto da compadecida – Ariano Suassuna; Tocaia grande – Jorge Amado; O pagador de promessas – Dias Gomes; Grande sertão veredas – João Guimarães Rosa; O quinze – Rachel de Queirós; Os sertões – Euclides da Cunha; Vidas secas – Graciliano Ramos; Morte e vida Severina – João Cabral de Melo Neto; Vila dos confins – Mário Palmério. O aluno deve avaliar criticamente o que é transmitido nas obras literárias estudadas. Sugestões metodológicas: Pesquisar algumas obras (livros, filmes, musicas) que falam sobre a realidade, os valores e a cultura sertaneja; Assistir filmes, ler livros, ouvir musicas; Destacar a religiosidade e os valores transmitidos nas obras; Representar a obra através de desenhos; Dramatização; Resumo da obra; Reconto; Construção de poemas, etc. As atividades feitas pelos alunos deverão ser apresentadas no dia da feira literária 45 5.3.5 GEOGRAFIA 1-POSSÍVEIS ABORDAGENS Os educandos podem aprender sobre clima, relevo, vegetação, população e economia das cinco regiões brasileiras, tanto estudando geografia quanto lendo diferentes autores da nossa literatura. Muitos textos literários abordam paisagens geográficas e relatam passagens históricas de extrema importância para a formação do leitor, bem como citam características de diversos personagens, relacionando-os à vida dos diferentes cenários brasileiros. Descrevem relevos e vegetações, hidrografia e a ocupação espacial, ultrapassando o limite de uma simples leitura de romance ou poesia, para a leitura dos mapas geográfico, histórico e cultural brasileiros. Para uma melhor apreciação das obras dos autores, cuja temática se centra em aspectos regionais brasileiros, em especial a literatura sertaneja, recomenda-se o estudo interdisciplinar com a Geografia a partir da abordagem de itens como a divisão regional brasileira, seus aspectos geofísicos, o espaço agrário, as migrações, identidades, expressões culturais, a luta pela terra, as relações de trabalho e produção, dentre outros que o professor julgar necessário. Essa relação entre a Geografia e a Literatura é estabelecida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais: Ao pretender o estudo das paisagens, territórios, lugares e regiões, a Geografia tem buscado um trabalho interdisciplinar, lançando mão de outras fontes de informação. Mesmo na escola, a relação da Geografia com a Literatura, por exemplo, tem sido redescoberta, proporcionando um trabalho que provoca interesse e curiosidade sobre a leitura desse espaço. É possível aprender Geografia desde os primeiros ciclos do ensino fundamental, mediante a leitura de autores brasileiros consagrados (Jorge Amado, Érico Veríssimo, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, entre outros), cujas obras retratam diferentes paisagens do Brasil, em seus aspectos sociais, culturais e naturais.16 Dessa forma, é possível aprender Geografia a partir da leitura de autores da literatura brasileira. Os textos literários são recursos enriquecedores também para os estudos das categorias geográficas, em especial a paisagem e o lugar, permitindo o educando analisar e interpretar a representação e descrição do espaço geográfico abordado na obra. 2-SUGESTÕES DE ATIVIDADES ATIVIDADE 01 Livro: Morte e Vida Severina – João Cabral de Melo Neto Objetivos: 16 PCN-Geografia, 1998, pg.33. 46 Discutir o processo migratório brasileiro por meio de trechos do livro. Ler textos literários para aprender sobre a migração. Produzir um mural sobre as migrações. Material necessário: 1. O livro Morte e Vida Severina e cópias dos capítulos: O Retirante Explica ao Leitor Quem É e a Que Vai; Assiste ao Enterro de um Trabalhador de Eito; e Ouve o que Dizem do Morto os Amigos Que o Levaram ao Cemitério; 2. Mapas do Brasil Político, Uso da Terra no Brasil e Circulação de Pessoas. Desenvolvimento: Mostre a capa do livro e peça que os alunos levantem hipóteses sobre a história. O que “Severina” quer dizer? Por que “morte” e “vida” aparecem nessa ordem? Comente sobre a imagem da capa e registre no quadro as impressões da turma. Aproveite para discutir sobre migração nordestina, perguntando se eles conhecem pessoas que nasceram em um lugar e foram morar em outro. Circule o livro e peça que falem sobre o tipo de texto, o gênero literário a que pertence e as características dele. Fale sobre o autor e explique o enredo. Distribua as cópias do texto e leia em voz alta o trecho Assiste ao Enterro..., utilizando recursos como paradas, velocidade acelerada ou lenta e sussurros. Discuta o trecho lido e leve todos a interpretá-lo. É um enterro? De quem? Pergunte o significado da palavra latifúndio ali. Construa com eles o sentido global do texto e, em seguida, leia a primeira parte da obra, O Retirante... Resgate as histórias que a turma já ouviu sobre a migração de nordestino e explore as causas dela. Forme grupos e proponha que explorem as informações apresentadas nos mapas Brasil Político, Uso da Terra no Brasil e Circulação Populacional e que estabeleçam relações entre eles. Oriente-os a localizar a Região Nordeste, observar os diferentes usos da terra, relacionar a produção agropecuária com o tamanho das propriedades e identificar o destino da população migrante. Cada equipe deve relacionar a história de Severino às informações encontradas nos mapas e explicar a desigualdade na distribuição de terras no Brasil e as causas dos processos migratórios.Com base nas informações e reflexões realizadas, peça que todos montem um mural na sala de aula sobre migração da população nordestina no Brasil. Avaliação: analise a participação da classe durante as atividades de levantamento de hipóteses. Organize uma pauta de observação para acompanhar o trabalho com mapas (sabe ler legendas, identificar elementos do mapa e relacionar informações) e considere a fluência e a compreensão do texto. 47 ATIVIDADE 02 As movimentações populacionais no nosso país acontecem de formas diferentes no tempo e no espaço. Vários autores mostraram essas diferenças em suas obras. O sertão mineiro descrito por Guimarães Rosa é diferente do nordestino, que aparece na obra de Ariano Suassuna, por exemplo. Essas diferenças evidenciam as diversas identidades encontradas no país, que podem ser destacadas no ensino de geografia, história e/ou literatura. Identificar e ressaltar essas representações na literatura brasileira ampliará o repertório histórico-cultural dos alunos. Outra boa ideia é aproveitar o tema e trabalhar questões associadas a diferentes identidades e preconceitos. ATIVIDADE 03 Divida a turma em grupos e promova um jogo. Selecione alguns trechos literários que descrevam paisagens e desafie seus alunos a relacionarem corretamente à localidade descrita com a localização no mapa. Para incrementar a atividade, cada grupo pode ter duas chances de acerto: uma relacionada diretamente ao trecho, conforme já descrito, e outra em relação ao autor do texto escolhido. Será que os alunos conhecem a região natal ou de trabalho de alguns autores clássicos da nossa literatura? Selecione textos com riqueza de detalhes nas paisagens e lugares para essa atividade. ATIVIDADE 04 As especificidades da região onde a escola está situada devem fazer parte do currículo escolar. A atividade que envolve aspectos culturais de uma região reforça o processo de ensinoaprendizagem e valoriza a localidade, além de desenvolver no aluno vínculos com os costumes da sua gente, da sua terra. Procure textos de autores da região que abordem temas como gastronomia, danças, trajes, festas típicas, linguajar, geografia, etc. Os próprios alunos podem ajudar nesta pesquisa, indicando parentes, vizinhos ou conhecidos. 3-CONTEÚDOS DA PROPOSTA CURRICULAR MUNICIPAL DE GEOGRAFIA QUE PODEM SER ABORDADOS EM INTERDISCIPLINARIEDADE COM AS OBRAS 6º ANO CONTEÚDOS 1. Categorias Geográficas Paisagem (natural, cultural, rural e urbana) lugar, território, espaço e SUGESTÕES DE OBRAS Grande Sertão: Veredas (Guimarães Rosa). O Auto da Compadecida (Ariano Suassuna). 48 Morte e Vida Severina (João Cabral de Melo Neto). região. 2. Planeta Terra Hidrografia. Clima Vegetação. Problemas ambientais. 7º ANO CONTEÚDOS 1. Brasil: território e sociedade Regionalização do Brasil (Regionalização do IBGE e Os Três Complexos Regionais). Urbanização. População. 2. Brasil: paisagens naturais e ação da sociedade Relevo e hidrografia. Clima e Biomas. Problemas ambientais. 49 5.3.6 HISTÓRIA Sertão, Literatura e História: diálogos constantes O sertão é uma categoria analítica que tem ampla diversidade de definições. Comumente, estamos habituados a compreendê-lo como um espaço marcado pela pobreza, miséria, desigualdades sociais e violência. Esse estereótipo certamente foi sedimentado no imaginário popular em virtude de notícias veiculadas em telejornais e outras mídias, que, invariavelmente, caracterizam a região Nordeste do Brasil dessa maneira. Entretanto, originalmente, o termo “sertão” servia para designar vastas áreas distantes da região original, colonizada pelos portugueses. Tal expressão servia como contraponto à “civilidade” experimentada na região litorânea do território brasileiro, já marcada como espaço regido por leis e as ingerências do Estado. Nesse sentido, os primeiros núcleos de povoação, paulatinamente recebem influência do poder do Estado português, e são compreendidos como núcleos populacionais em que já se sente um mínimo de organização social. De maneira curiosa, é notável o fato de os portugueses que por aqui aportaram nos idos de 1.500 já fizessem uso desse termo, como bem indica trecho da Carta do Descobrimento, escrita por Pero Vaz de Caminha: “De ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver senão terra e arvoredos -- terra que nos parecia muito extensa”. (carta de Pero Vaz Caminha, 1500) O sertão do pioneiro europeu é um território amplo, sem fronteiras definidas e à disposição para ser explorado. Mais do que isso, é aquele ambiente ainda não regido pelas regras básicas de conduta social, não colonizado. De maneira geral, a principal definição está intimamente associada a uma ideia de vazio, da ausência de regras e, até, da violência, como comprovam os diversos motins do período colonial, tal qual a Sedição de 1736. A tentativa de motim, que envolveu Maria da Cruz e outros potentados locais, era a reação desses, frente ao desejo da Coroa Portuguesa de se interpor, com a imposição leis e regras de regulamentação social e econômica. A partir da implementação e consolidação da cultura canavieira na região litorânea, e também por imposições provenientes do rei português, naturalmente, tem início o processo de interiorização do Brasil, que conduz à ocupação desses espaços até então inóspitos. Num espaço de tempo relativamente curto, esse sertão, o interior desse Brasil que era possessão portuguesa passa a experimentar outras dinâmicas, desbravado por gente de diversas estirpes, são principalmente os bandeirantes paulistas que contribuem para a expansão do ímpeto colonizador. A violência dá a tônica das novas práticas adotadas na colônia, é por meio desta que, em áreas nas quais o Estado ainda não chegou ou é frágil, são estabelecidas normas de conduta com base naquele que tinha mais condições de se impor. Esse sertão dos primeiros tempos é muito bem representado no filme “Desmundo”, do diretor Alain Fresnot, baseado em obra homônima da escritora Ana Miranda. Nessa película, o Brasil é o espaço em que predomina a força, a virilidade e boa dose de brutalidade. Temos uma noção razoavelmente precisa do quão difícil era a sobrevivência nesse ambiente hostil. Na minissérie “A Muralha”, exibida pela Rede Globo de Televisão no ano 2000, temos outras referências que nos transportam ao movimento de interiorização do território brasileiro, enfocando 50 especialmente a participação dos bandeirantes e os métodos pouco ortodoxos de assegurar dominação sobre indígenas. À primeira vista, essa breve introdução pode parecer desconexa com a Proposta da VI Feira de Literatura, cuja temática é “Literatura sertaneja: verso, vida e viola”. Apesar disso, reiteramos que é de fundamental importância a contextualização dessa ideia, ou seja, do que seja o “sertão”, como algo mais amplo e cercado de complexidades, difícil de ser delimitado e que se sobrepõe aos estereótipos. Dentro dessa proposta, é perfeitamente possível aliar a literatura que versa sobre essa temática e o ensino de História, que dará subsídios para romper com esse estigma de atraso e violência que é imposto ao sertão. Mais do que isso, o sertanejo é sujeito cheio de vivência, de hábitos e de uma cultura extremamente rica. Nessa perspectiva, a obra literária pode contribuir de maneira interessante para complementar a construção do conhecimento histórico. A exemplo disso, a obra “Os sertões” de Euclides da Cunha é um excelente documento histórico. Nesse texto, temos uma interessante descrição do sertão da Bahia, da seca e do sofrimento desse homem sertanejo, que, ainda assim, resiste às dificuldades. Além disso, é uma obra sintomática por abordar aspectos pertinentes ao arraial de Canudos e a posterior revolta que levou a seu extermínio. Personagens como Antônio Conselheiro são apresentados em sua face mais humana, carregada pelo sofrimento imposto pela dura vida, mas, pela fé, acreditava até mesmo em teses milenaristas, com o retorno do rei português D. Sebastião, desaparecido em combate contra os mouros no século XVI. A obra de Euclides da Cunha adquire importante papel quando vista associada a seu contexto. É possível explorar o fato de que a revolta tinha um importante caráter social, reivindicando melhores condições de vida; menos opressão; a possibilidade de vida mais livre e, ainda, o fim da república, entendida por Conselheiro como a causa de parte dos males que os afligiam. Aspectos políticos também não nos são sonegados, pois podemos compreender a maneira violenta como o arraial foi rechaçado pelas tropas do governo central, que necessitava consolidar o poder da nova forma de governo implementada desde a deposição do Imperador. Em outro texto, “O quinze” de Rachel de Queiroz, temos outra perspectiva de análise do sertão. Embora seja um romance por excelência, a maneira como a imagem do sertão é tratada nos chama atenção, reafirma a miséria enfrentada por toda uma gente, mas mostra a capacidade do sertanejo de resistir de maneira decidida às intempéries climáticas. A grande seca que o sertão cearense enfrenta é capaz de fazer aflorar sentimentos como o amor, ainda que platônico, entre as personagens centrais; o orgulho do sertanejo que resiste com dignidade às agruras da fome e, fundamentalmente, o fortalecimento da figura feminina, à frente de seu tempo. A professora Conceição, que opta deliberadamente, por assumir uma postura independente; sem interferência de quem quer que seja e ainda ousa flertar com práticas acadêmicas. Ao mesmo tempo, o mesmo território hostil, marcado pela fome e pelo patriarcalismo é também capaz de fazer surgir um personagem, no mínimo, insólito, uma mulher livre; que pensa por conta própria e não se submete às convenções sociais que lhe era esperada. O sertão de Jorge Amado em “Tocaia Grande” segue linha semelhante aos anteriores, mas atenta para uma característica muito comum na política brasileira até meados dos anos 1940, o coronelismo. Essa prática, muito comum em parte da história recente nacional, caracteriza-se pela 51 concentração de poder no nível local ou regional, com os grandes proprietários rurais ou homens de posses desfrutando de controle sob os rumos da vida política de diversos lugares. Na obra, passada no interior da Bahia, o coronel Boaventura exerce seu poder por meio da coação, assegurada pela presença de seu jagunço capitão Natário da Fonseca, responsável por lhe garantir segurança física e zelar pelos interesses do político, ainda que fosse preciso usar de coação. O sertão de “Tocaia Grande” aponta para as disputas políticas típicas da Primeira República, a necessidade de se assegurar a supremacia do coronel sob a comunidade na qual estava inserido. Cabe ressaltar que é possível estabelecer uma analogia bastante interessante entre a política brasileira dos primeiros anos do século XX e esse sertão mencionado nas obras acima. Os três textos estão associados à Primeira República, tida por muitos como uma forma de governo que não conseguiu emplacar o ideal de liberdade e igualdade legal. O poder continua sendo exercido por meio da força, tanto em Os Sertões quanto em Tocaia Grande o sertão continua sendo território no qual as regras são determinadas pelas condutas. Com a forte penetração e força dos coronéis, vemos surgir o fenômeno do banditismo social, cujo expoente foi o cangaço, especialmente a figura de Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião. O cangaço é parte integrante dessa dualidade, um sertão em que poucos têm muitos bens e poder, enquanto poucos padecem com fome e sofrendo com miséria e falta de chuvas. Longe de ser um Robin-Hood, Lampião e o cangaceiros são reflexos de uma perversa distribuição social, excludente, incapaz de proporcionar o fim das desigualdades. À violência dos coronéis, temos a violência do sertanejo. Como vemos, é perfeitamente possível e recomendável que haja integração entre História e Literatura, ambas se complementando de maneira a construir um conhecimento mais sólido, e, por que não, lúdico. A pretexto da Feira Literária, concluímos que é possível realizar esse trabalho em consonância, despertando o gosto pela leitura e conhecimento histórico. As sugestões brevemente elencadas não são um fim em si mesmo, são apenas indicações daquilo que pode ser realizado nas aulas de História, utilizando esses textos como forma de contextualizar fatos e desmistificar algumas percepções errôneas sobre o sertão e o sertanejo. Ainda que por vezes os textos reiterem a pobreza material, vemos o contraponto do sertanejo forte; orgulhoso e culturalmente rico. 52 5.3.7 LÍNGUA INGLESA O reconhecimento da importância das raízes regionais, folclóricas, populares e culturais constitui, sob vários aspectos, a base de um enriquecimento imprescindível à cultura de uma comunidade. A VI Feira Literária - Literatura sertaneja: verso, vida e viola - surge como uma possibilidade de criar situações de aprendizagens significativas a partir da valorização e conhecimento da cultura regional. No caso específico da Língua Estrangeira, podemos utilizá-la como um meio de estabelecer relações entre a cultura dos países que falam o inglês com o Brasil, verificando se há manifestações literárias semelhantes. Além disso, podemos destacar os grandes autores da Literatura Inglesa e os grandes autores da Literatura Brasileira, mais especificamente da literatura sertaneja, enriquecendo, assim, o conhecimento do aluno no campo cultural. Dessa maneira, seguem algumas sugestões de atividades de Língua Inglesa, que poderão ser desenvolvidas com os alunos do 6º ao 9º ano, relacionadas à temática da VI Feira Literária: 1. Atividades de pesquisa sobre a vida e obra dos autores das obras relacionadas, enfatizando-se o estudo do gênero textual biografia; 2. Propomos também um trabalho com literatura de cordel, em que os alunos, além de aprofundarem nesse estudo, estimulando o hábito de leitura, poderão discutir sobre fatos históricos e aspectos culturais referentes à narrativa do cordel, até conhecer a forma de como são confeccionados os livretos, de como são feitos as xilogravuras, tendo oportunidade de elaborá-los, fazendo uso da língua materna e incluindo palavras de língua inglesa incorporadas a nosso idioma, possibilitando uma maior interação entre as diversas linguagens: materna, estrangeira e artística. Segue um exemplo de um cordel, no qual verificamos a possibilidade da escrita do cordel, utilizando termos em inglês. Esse poderá servir como modelo para o desenvolvimento do trabalho com os alunos. “Abrazileirando o Inglês” Isto vem lá da terrinha Da minha amiga rainha Onde não se fala Português Mas tem brasileiro atrevido Abrazileirando o Inglês Começa já no breakfast Onde o fazemos bem fast Pra não perdermos o bus Senão o work já era Sem job a coisa amarela Mas o bus stop está full O sky nem sempre é blue Rain lá pra chuchu A umbrella deixei em casa O cold queima feito brasa Pego o mobile bem quick Call pro meu boss pra avisar Que today eu vou chegar late Senão ele me fire já já Tento pegar o underground Mas a coisa está busy por lá Tem people demais esperando Tentar walk nem pensar E os trains vão atrasar Assim é a life lá em cima Se é easy, pode ir tentar O money é muito good Mas só os strongs vão aguentar. (Edmar Lemos Teixeira) Nesse poema, o poeta de cordel Edmar Lemos Teixeira brinca com as palavras em Português e Inglês, sem deixar de lado a rima. Como sugestão para trabalhar o poema acima com os alunos, é possível explorar o uso das rimas, a aquisição de vocabulário da Língua Inglesa e, ainda, a produção de textos poéticos retratando outros temas, de preferência relacionados à literatura sertaneja, e brincar com a mistura de palavras em Inglês, gírias, com termos peculiares de cada região brasileira. Seguem mais alguns exemplos da literatura de cordel, que poderão ser explorados para trabalhar com os alunos o desenvolvimento da linguagem oral tanto em Português quanto em Inglês. Além disso, podem ser usados para aquisição de novos vocábulos na Língua Inglesa. 100 ANOS NASCIMENTO DO NOSSO REI DO BAIÃO 100 YEARS OF THE BIRTH OF OUR BAIÃO’S KING Autor: Antonio Barreto, natural de Santa Bárbara, residente em Salvador Author: Antonio Barreto, a native of Santa Barbara, residing in Salvador Cem anos de nascimento Do nosso Rei do Baião Que poetizou o sertão Com amor e encantamento. Fez do “fole” um instrumento Capaz de nos encantar E assim pôde juntar Arte, paz e amizade… Gonzagão é a majestade Da cultura popular. Luiz Gonzaga está vivo No coração do Nordeste Um cantador inconteste Um sertanejo inventivo Um sanfoneiro expressivo Muito mais que um avatar Que soube valorizar O nordeste de verdade… Gonzagão é a majestade Da cultura popular. UM CORDEL PARA JORGE AMADO One hundred years of birth Our King of Baião What poeticized the interior With love and enchantment. Did the "folding" an instrument Able to enchant us And so could join Art, peace and friendship ... Gonzagão is the majesty of Popular culture. Luiz Gonzaga alive At the heart of Northeast A singer uncontested A resourceful frontiersman A significant accordionist Much more than an avatar He learned to value The northeast of truth ... Gonzagão is the majesty of Popular culture. A string to JORGE AMADO 54 Autor: Antonio Barreto, natural de Santa Bárbara, residente em Salvador Você já foi à Bahia? Se não foi, peço que vá! Jorge Amado ainda vive Em cada canto de lá Nas ruas, igrejas, danças Nos costumes, nas lembranças E nas águas de Iemanjá! Quem visita Salvador Precisa estar antenado Lá no Pelourinho existe A Casa de Jorge Amado Um acervo bem completo Organizado e repleto Da vida do nosso bardo. Author: Antonio Barreto, a native of Santa Barbara, residing in Salvador Have you been to Bahia? If not, ask to go! Jorge Amado is still alive In every corner there On the streets, churches, dances In customs, memories And in the waters of Iemanjá! Anyone visiting Salvador Must be tuned There exists in Pelourinho The House of Jorge Amado A very complete collection Organized and full The life of our bard. 3. A terceira sugestão refere-se ao estudo e interpretação de textos em inglês sobre a literatura de cordel, no qual, além de a compreensão do texto, pode-se também aproveitar para explorar a aquisição de vocabulário em Língua Inglesa. Literatura de Cordel Literatura de cordel is a form of ballad poetry from northeast Brazil with enticing titles like "História Da Moça Que Se Casou Com O Diabo" (The Story Of The Young Woman Who Married The Devil), "O Homem Que Virou Mulher" (The Man Who Turned Into A Woman), and "O Lobisomem Encantado" (The Enchanted Werewolf). These ballads are printed on pamphlets called folhetos. The folheto is about the size of an 8 ½ x 5 ½ paper folded over, and may have anywhere from three to 30 pages. The cover page is illustrated either with a wood block stencil print called a xilogravura, or in the newer folhetos, color illustrations resembling comic books. In the past, cordel poets, or cordelistas, used mimeograph machines or other rudimentary printing presses. Today, some even use computer printers. Folhetos are sold at marketplaces arranged on a table, or in the more traditional manner, hanging on a string suspended by two stakes of a small booth; "cordel" means "string," hence the name "string literature." Literatura de cordel is one of the two types of oral poetry found in northeast Brazil. In the improvised poetry, or "obra feita", a singer or repentista creates stories on the spot, using action and people around him as inspiration. In literatura de cordel, though, the poetry is in written form and the cordelista may read all or part of his story in front of an audience to entice buyers. Although 55 today's poet can't compete against the high volume sound systems in the marketplaces, the cordel is still written to be read aloud. Usually, the verses are written in stanzas of six or seven lines with an ABCBDB rhyme scheme. For example, a stanza from "O Monstro Do Rio Negro" by José Camelo de Melo Resende reads: Eu quisera ouvir um homem dizer-me que resistiu, ao monstro do Rio Negro e triunfando saiu para eu lhe dizer na cara: você desta vez mentiu. I'd like to hear a man say to me that he fought the monster of the Rio Negro and left in triumph. To him, I'd say to his face, "This time you are really pulling my leg." The seeds of the cordel originated in Europe around the 17th century when historical epochs, sweeping romances, conquests of the new worlds and local news were dispensed by troubadours. The popularity of the cordel hit its peak in the first half of the 20th century, then as the population of Brazil grew, especially along the coast, many poor Northeasterners left for the city in search of better jobs, and the cordel's popularity diminished. Today the cordel is more likely to appear in a museum bookshop than a marketplace. Still, the cordel is a fascinating piece of Brazilian folklore and the flame has not died out completely. 4. A quarta sugestão refere-se ao trabalho com o cinema, utilizando a língua inglesa, dessa vez com a minissérie “O Auto da Compadecida”, obra baseada no livro de Ariano Suassuna. Como primeira atividade, o professor, divide a turma em equipes, responsabiliza cada equipe por assistir a determinado capítulo e apresentá-lo para o restante da turma, fazendo uma breve análise do que assistiram. Ao falar sobre a obra, cada equipe deverá escolher um personagem e falar sobre ele (informações pessoais dos personagens, características físicas e psicológicas), usando termos e/ou expressões em inglês. Relacionado à Língua estrangeira, pode-se fazer uma comparação entre os grandes filmes “hollywoodianos” com os filmes e minisséries produzidos no Brasil, enfatizando as diferenças culturais dos países envolvidos. Além disso, o professor poderá elaborar um questionário, utilizando as WH-questions, sobre os aspectos e relevantes e sobre os personagens principais da obra retratada na minissérie. O eixo temático norteador para o ensino da Língua Inglesa é a recepção e produção de textos orais e escritos de gêneros textuais variados. Sugerimos algumas atividades interdisciplinares, utilizando gêneros textuais variados, cordel, texto informativo, dentre outros, relacionados à temática da VI Feira literária, que poderão ser realizadas na sala de aula. Podendo o 56 professor aprimorar estas sugestões, propor novas atividades e utilizar os mais variados recursos didáticos, adaptando-as a realidade do seu público-alvo. 57 5.3.7 LÍNGUA PORTUGUESA E SUAS LITERATURAS A Feira Literária é uma das oportunidades mais significativas que o professor de Língua Portuguesa das escolas municipais de Montes Claros possui para desenvolver o trabalho com a literatura em sala de aula, a partir de determinada temática, a qual possua grande relevância para a literatura brasileira e até para a universal. O texto literário é aquele que se distingue dos demais, sobretudo, por sua relação direta com o ficcional, devido à recorrente utilização das figuras de linguagem, as quais garantem boa parte da subjetividade que permeia esses escritos, pelo cuidado que os autores têm quando utilizam os recursos sintáticos, semânticos e estilísticos na hora da produção. Tudo isso garante um aspecto singular aos textos e às obras que compõem o vasto acervo de textos literários produzidos no Brasil e no mundo. Nesse sentido, o trabalho com a literatura deve proporcionar ao aluno a possibilidade de, por meio da leitura, da apreciação, da pesquisa e do estudo, ser capaz de: 1. Compreender as relações que são estabelecidas na obra e compará-las a suas realidades; 2. Analisar criticamente os discursos construídos nos textos; 3. Compreender o processo histórico em que as obras estão inseridas; 4. Reconhecer os recursos linguísticos utilizados pelos autores, bem como os sentidos que decorrem deles; 5. Conhecer as escolas literárias a que os textos pertencem; 6. Reconhecer as características do gênero textual literário dos textos; 7. Reconhecer os tipos de narradores, tempos e discursos utilizados; 8. Conhecer a biografia dos autores lidos; 9. Valorizar a leitura das obras literárias como fonte de prazer; 10. Valorizar a literatura como fonte de conhecimento de mundo e aperfeiçoamento intelectual. Conforme apresentado ao longo deste projeto, o tema da VI Feira Municipal de Literatura 2012 é Literatura Sertaneja: verso, vida e viola, dizendo respeito às obras e aos autores que tratam especialmente do sertão brasileiro, abordando acerca de sua cultura, sobre o clima e a vegetação, das marcas mais peculiares do homem sertanejo, evidenciando suas características mais marcantes, em um verdadeiro processo de construção de sua identidade. A Feira este ano tem uma novidade em relação às outras edições, tendo em vista que os trabalhos que serão realizados não precisarão surgir de determinado autor, mas sim deverão estar ligados à temática do evento, ou seja, à Literatura Sertaneja. Dessa forma, os professores terão a liberdade de escolher qualquer autor, de qualquer região do país, que tenha produzido alguma obra que trate do sertão brasileiro. O trabalho com a temática da Feira pode dividir-se, ainda, em subtemas, ou seja, o professor terá a oportunidade de, a partir da leitura e pesquisa das obras, estudar com os seus alunos algumas temáticas que decorrem e que são apresentadas nos textos. Sendo possível que a pesquisa gire em torno da cultura do homem sertanejo, seus costumes e da linguagem por eles utilizada, dos 58 problemas mais evidentes no sertão, sobretudo, o da seca, das características do clima e da vegetação, entre outros. Além disso, sugere-se que o professor realize um trabalho voltado para a literatura comparada, já que obras consagradas que tratam do sertão foram editadas em outros gêneros, como, por exemplo, em vídeo ou música. Dessa forma, o professor pode trabalhar com os alunos o livro Grande Sertão Veredas, o Auto da Compadecida ou Morte e Vida Severina e, posteriormente, propor uma aula que apresente os filmes que foram produzidos a partir dessas obras. Isso pode tornar a aula mais prazerosa e dinâmica. Em relação à produção propriamente dita dos trabalhos, pede-se aos professores que acompanhem e orientem os alunos em todo o processo, a fim de que seja elaborado um acervo para ser apresentado nas escolas, bem como no dia da culminância do evento, que realmente esteja diretamente ligado à temática deste ano, ou seja, a literatura sertaneja. Infelizmente, nas últimas edições temos notado que muitos trabalhos, por mais bem construídos que sejam, muitas vezes se afastam da proposta estabelecida. Assim, são possíveis tipos de trabalhos: Construção de redações, resumos, resenhas ou pequenas histórias em quadrinhos das obras lidas e analisadas; Confecção de murais temáticos sobre as obras e suas principais características (pode ser realizado em conjunto com os outros professores); Construção de varal literário que exponha as produções dos alunos; Apresentação teatral que encene parte de uma obra (pode ser feito em parceria com o professor de Artes); Realização de um grupo de discussão ou montagem de um pequeno seminário para análise e estudo das obras; Apresentação musical nas escolas (durante o intervalo) de artistas musicais ou teatrais que tenham um trabalho sobre o sertão; Convidar professores ou pesquisadores de outras instituições, a fim de eles ministrarem palestras nas escolas para os alunos ou para os professores sobre o tema ou alguma obra literária em especial; Convidar autores, sobretudo de Montes Claros, para falarem sobre suas obras ou textos produzidos sobre o sertão. Por fim, segue lista dos principais autores e obras que tratam do sertão brasileiro, sendo, dessa maneira, nossa bibliografia básica. Além de uma série de endereços eletrônicos com resumos, artigos e informações acerca das obras. OBRA 1 Grande Sertão: veredas AUTOR Guimarães Rosa LINKS http://guiadoestudante.abril.com.br/estude/literatura/materia_ 419340.shtml http://www.algosobre.com.br/resumos-literarios/grandesertao-veredas.html http://www.eduquenet.net/veredas.htm http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/joao- 59 2 Os Sertões Euclides da Cunha guimaraes/grande-sertao-veredas.php http://www.psicanaliseebarroco.pro.br/revista/revistas/15/P&B rev15Santarem.pdf http://www.assis.unesp.br/posgraduacao/letras/mis/pdf/v5/ro sa.pdf http://www.brasilescola.com/literatura/guimaraes-rosa.htm http://www.infoescola.com/literatura/guimaraes-rosa/ http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000153. pdf http://www.algosobre.com.br/resumos-literarios/ossertoes.html http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_c ompletas/o/o_quinze 3 O Quinze Rachel de Queiroz 4 Tocaia Grande Jorge Amado http://www.paralerepensar.com.br/j_amado_tocaiagrd.htm 5 Vidas Secas Graciliano Ramos http://www.mundovestibular.com.br/articles/270/1/VIDASSECAS---Graciliano-Ramos-Resumo/Paacutegina1.html 6 Menino do engenho José Lins do Rego http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_c ompletas/m/menino_de_engenho http://vestibular.brasilescola.com/resumos-de-livros/meninoengenho.htm http://educacao.uol.com.br/portugues/menino-deengenho.jhtm http://www.culturabrasil.org/joaocabraldemelonetoo.htm http://letras.terra.com.br/chico-buarque/90799/ http://www.colegioideologia.com.br/download/materiais%20pr ofessores/debora/morte_e_vida_severina.pdf http://vestibular.brasilescola.com/resumos-de-livros/o-autocompadecida.htm http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_c ompletas/a/auto_da_compadecida http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_c ompletas/a/a_bagaceira http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp148930. pdf http://alanepb.org/downloads/socorro_03.pdf http://www.letras.ufpr.br/documentos/graduacao/monografias /ss_2006/Delmar_Ferronato_II.pdf http://www.revelacaoonline.uniube.br/2004/300/res.html http://www.onorte.net/noticias.php?id=36106 http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/3507013 7 Morte e Vida Severina João Cabral de Melo Neto 8 O Auto da Compadecida Ariano Suassuna A Bagaceira José Américo de Almeida 9 10 Vila dos Confins Mário Palmério 11 Serrano de Pilão Arcado : a saga de Antônio Dó Petrônio Braz 12 Maleita Lúcio Cardoso 13 Mutum Guimarães Rosa 60 14 Noites do Sertão Guimarães Rosa 61 5.3.9 MATEMÁTICA Uma das maneiras mais eficazes e prazerosas de se obter qualquer tipo de conhecimento é quando esse processo ocorre de maneira interdisciplinar e próximo da realidade vivênciada por cada pessoa. Não se pode mais conceber e aceitar a ideia de que o corpo docente de uma escola trabalhe de maneira desconexa, ou seja, que cada um dos professores cuide apenas de cumprir a grade curricular de sua disciplina, sem se preocupar com os conteúdos e habilidades que estão sendo ensinados por seus colegas de profissão. Nesse sentido, a VI Feira Municipal de Literatura terá como tema Literatura Sertaneja: verso, vida e será uma oportunidade para que os professores de matemática possam ensinar aqueles conteúdos já previstos na Proposta Curricular 2012, a partir das obras da Literatura Brasileira que versem sobre o sertão e sua infinidade de abordagens temáticas. Dessa forma, seguem-se algumas orientações didáticas: I) Conteúdo: Sistema Métrico Decimal: Trabalhando com o texto Obra Literária: Grande Sertão: Veredas Local da narração: fazenda de Riobaldo, localizada na beira do rio São Francisco, “a um dia e meio a cavalo”, no norte de Andrequicé. 1. Texto contextualizado acerca do sistema métrico decimal. 2. Qual é a unidade de medida de comprimento mais adequada para se medir a distância citada no trecho destacado acima? Justifique: 3. Sabendo que 20min a cavalo correspondem a ____ metros, calcule: a) de um dia a cavalo é o mesmo que: ______ m. b) de um dia a cavalo é o mesmo que: _______ m. c) 1 de um dia a cavalo é o mesmo que: ______ km. 4. A letra da canção abaixo mostra que há medidas usadas para medir objetos e lugares. Vamos ler e cantar? Frete Eu conheço cada palmo desse chão É só me mostrar qual é a direção Quantas idas e vindas, meu Deus, quantas voltas Viajar é preciso é preciso Com a carroceria sobre as costas Vou fazendo frete cortando o estradão Eu conheço todos os sotaques Desse povo todas as paisagens Dessa terra todas as cidades Das mulheres todas as vontades Eu conheço as minhas liberdades Pois a vida não me cobra o frete Por onde eu passei deixei saudades A poeira é minha vitamina Nunca misturei mulher com parafuso Mas não nego a elas meus apertos Coisas do destino e meu jeito Sou irmão de estrada e acho muito bom Mas quando eu me lembro lá de casa 62 A mulher e os filhos esperando Sinto que me morde a boca da saudade E a lembrança me agarra e profana O meu tino forte de homem E é quando a estrada me acode Renato Teixeira a) Identifique em que parte da música aparece alguma palavra relacionada ao sistema métrico decimal: b) Observe o verso : “Eu conheço cada palmo desse chão”. De acordo com a música, o que a palavra palmo quer dizer? Ainda, meça o seu palmo, para descobrir quantos centímetros ele tem . c) De que maneira podemos medir um percurso, um caminho ou uma distância? II) Conteúdo: Proporcionalidade Trabalhando com o texto Obra Literária: junto ao professor de português, selecione um trecho de uma obra literária, uma música ou um vídeo que aborde um tipo de comida típica do sertão e trabalhe com seus alunos. Exemplo: 1. Texto contextualizado acerca de proporções. 2. Nas sociedades humanas, a fome e a sede, necessidades vitais, são formuladas e satisfeitas em termos culturais, sociais e históricos. O que se come, com quem se come, quando, como e onde se come: as opções e proibições alimentares (...) são definidas pela cultura: “O homem se alimenta de acordo com a sociedade a que pertence” (Garine, 1987, p.4) a) Cite o nome de um prato culinário típico da região onde você mora. b) Identifique o prato culinário típico mencionado no trecho citado acima. c) Na sua opinião, qual seria a comida típica que representa o nosso estado nacionalmente? 3. Leia abaixo, a receita de um delicioso tutu mineiro: kg de feijão cozido sem tempero; 2 cebolas cruas raladas; Farinha de mandioca; Pimenta do reino; 1 colher de sopa de cachaça; 2 ovos cozidos; kg de linguiça frita ou assada no forno; 200 g de bacon frito em cubinhos; 63 Couve refogada. Modo de fazer: Bater o feijão no liquidificador com o caldo do cozimento; Dourar a cebola na gordura do bacon; Refogar o feijão com alho amassado; Colocar uma pitada de pimenta do reino, uma colher de cachaça, sal a gosto; Quando abrir fervura, colocar lentamente a farinha de mandioca, mexendo sem parar, até o ponto de um pirão; Misturar o bacon frito e a linguiça picadinha; Despejar numa tigela e enfeitar com rodelas de ovos cozidos, couve e molho de cebola O tutu deve ser mole pra não ficar seco. Rendimento: 6 porções. a) Imagine que você foi convocado para ajudar a preparar um tutu mineiro para 30 pessoas. Para isso, recebeu a receita que acabou de ler. Recordando o estudo das proporções, qual a que a quantidade de feijão que será suficiente para deixar todos satisfeitos? b) Agora faça os cálculos para os demais ingredientes, indicando qual é a quantidade de tutu necessária para servir cerca de 50 pessoas. c) Quantas receitas deverão ser feitas para servir 87 pessoas? 4. Você já deve ter ouvido ou cantado a música a seguir. Então, que tal trabalhar com a letra dessa música? Comida Bebida é água. Comida é pasto. Você tem sede de quê? Você tem fome de quê? A gente não quer só comida, A gente quer comida, diversão e arte. A gente não quer só comida, A gente quer saída para qualquer parte. A gente não quer só comida, A gente quer bebida, diversão, balé. A gente não quer só comida, A gente quer a vida como a vida quer. Bebida é água. Comida é pasto. Você tem sede de quê? Você tem fome de quê? A gente não quer só comer, A gente quer comer e quer fazer amor. A gente não quer só comer, A gente quer prazer pra aliviar a dor. A gente não quer só dinheiro, A gente quer dinheiro e felicidade. A gente não quer só dinheiro, A gente quer inteiro e não pela metade. Titãs. “Comida”. Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto a) A satisfação das necessidades nutricionais é condição indispensável para a sobrevivência dos seres humanos. Considerando esse fato, explique, com suas palavras, as ideias expressas pelos autores no trecho: Bebida é água. Comida é pasto. b) Além de comida, quais são as outras necessidades fundamentais do povo? 64 6. CRONOGRAMA Especificação das ações Meses Formação da Comissão organizadora 2012 Jan. Fev. X Mar. Abr. X X X Levantamento de todo material necessário para realizar o evento, bem como abertura de SCM (Licitação). X X X Jul. X X X X Reunião com representantes das escolas municipais para lançamento do projeto da VI Feira Municipal de Literatura. X Reuniões pedagógicas com representantes das escolas municipais para orientações e entrega de materiais relacionados ao evento. X Culminância da Feira no dia 13 de Julho de 2012, no estacionamento da Prefeitura Municipal de Montes Claros Jun. X Elaboração do Projeto da VI Feira Municipal de Literatura Reunião com representantes das escolas municipais para definir temática da VI Feira. Mai. X 65 7. REFERÊNCIAS BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1996. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – Geografia. Brasília: MEC/SEF, 1998. CALHADO, Cyntia. Ler por prazer no ritmo do cordel. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/template-busca.shtml?q=Calhado%20%20. Acesso em: 4/4/12. CÂNDIDO, Antônio. Formação da Literatura Brasileira: Momentos Decisivos. 6 ed. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1981. FOLHA ONLINE. Mapa para brincar. Disponível www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/mapadobrincar. Acesso em: 4/4/12. em: KRAMER, Sônia; LEITE, Maria Isabel Ferraz Pereira (orgs). Infância e Produção Cultural. Campinas, SP: Papirus, 1998. MEC. Portal do professor. Disponível http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=18613. Acesso em: 4/4/12. em: MONTES CLAROS, Proposta Curricular – Anos Iniciais. Versão Preliminar - Ensino Fundamental. Primeiro ao Quinto Ano. Secretaria Municipal de Educação, Dezembro, 2011. NICOLA, José de. Literatura Brasileira: das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 1998. NOGUEIRA JR, Arnaldo. João Guimarães Rosa. Disponível em: http://www.releituras.com Acesso em: 28/03/2012. OLIVIERI, Antonio Carlos. Literatura das peculiaridades do Brasil. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/literatura/regionalismo-literatura-das-peculiaridades-do-brasil.jhtm. Acesso em: 4/4/12. _____________________________. Festas, comidas e lendas do Brasil. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/cultura-brasileira/folclore-brasileiro-festas-comidas-e-lendastradicionais-do-brasil.jhtm. Acesso em : 4/4/12. PARREIRAS, Ninfa. Confusão de línguas na literatura: o que o adulto escreve, a criança lê. Belo Horizonte: RHJ, 2009. PORTAL MUNDO DA EDUCAÇÃO. Diversidade Cultural no Brasil. Disponível em: www.mundoeducacao.com.br/geografia/diversidade-cultural-no-brasil.htm. Acesso em: 22/03/12. 66 PORTAL WIKIPEDIA. Cultura da região nordeste do Brasil. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_da_regi%C3%A3o_Nordeste_do_Brasil. Acesso em: 4/4/12 _______________________. Diversidade cultural. http://pt.wikipedia.org/wiki/Diversidade_cultural. Acesso em: 22/03/12. Disponível em SOARES, Magda. Oralidade, Alfabetização e Letramento. Revista Pátio, Educação Infantil. Ano VII, Nº 20. Jul/Out, 2009.