5o. Encontro LUZ QUE NÃO SE APAGAM Conteúdo Central: Os Clássicos Objetivos centrais: - com os grupos de trabalho: (grupos menores organizados para realizar o projeto): Realizar um passeio por alguns clássicos da literatura estrangeira e nacional, estudar a maneira pela qual essas obras marcaram o pensamento ocidental e a literatura nacional (dar preferência aos clássicos indicados no Mar de Histórias para a leitura coletiva). - com o grupo todo: (todos que estão presentes na oficina): Criar um clima de acolhimento e despedida do projeto, com exposição, sarau, contação de histórias, painéis de projetos, entre outros. Conteúdos: - A importância das obras clássicas para o pensamento ocidental. - O aprimoramento da leitura e da literatura através da breve análise de uma obra clássica e a maneira como ela foi lida (e relida) através dos tempos, como por exemplo: A Bela e a Fera. - Aprimoramento do entendimento de que o grupo compreende da palavra “clássica”. Bibliografia Básica: - Porque Ler os Clássicos - Ítalo Calvino - Companhia das Letras - São Paulo - 2001 - Como e Porque Ler os Clássicos desde cedo - Ana Maria Machado - Editora Objetiva - Rio de Janeiro – 2002 - Variadas obras clássicas - autores e editores diversos (cada formadora levará um pequeno e pessoal acervo) - Vídeo: Clássicos para Sempre - Celinha Nascimento e Gabriel Nascimento - realizado para o Centro de Estudos da Escola da Vila - 2004 Desenvolvimento do 5º encontro: 1. Pelo fato deste ser o último encontro do projeto, os participantes poderão estar agitados e desejosos de mostrar seus trabalhos. Combine com o grupo como acontecerá a exposição e a despedida, lembrando que deverá haver tempo para abordar o tema do dia que são as obras clássicas. 2. Apresentar o conteúdo da apostila para este encontro. Perguntar o que sabem sobre o tema tratado e se trouxeram clássicos para o Mar de Histórias. Este Mar será um grande clássico! 3. “Abrir” o mar com os livros da oficina e as possíveis contribuições dos participantes. © 2007. Todos os direitos reservados. 1 4. Uma boa forma de começar este dia é olhando para o mar de clássicos que chegaram. Levantar as seguintes questões ao grupo: • Será que são mesmo obras clássicas? • Qual conceito de clássicos que temos? • Por que esta ou aquela obra é considerada clássica? Depois dessa discussão, fazer a leitura do Texto-farol 2 e comparar as respostas com as definições dadas por Ítalo Calvino. 5. Para ilustrar a discussão, realizar a atividade de Estudo de Caso com os Textos-farol 4. Chamaremos de Estudo de Caso, uma coletânea de textos inspirados em uma mesma história clássica e em uma mesma fonte. Nosso caso recai sobre A Bela e a Fera, que muitos devem conhecer dos contos de fada. Antes de começar, solicitar que alguém conte a versão que conhece da história. Cada texto da coletânea precisa ser lido e estudado coletivamente para que todos possam perceber e opinar sobre a maneira como cada escritor se utilizou da narrativa clássica e fez sua releitura. 6. O texto-farol de Ana Maria Machado pode ficar como tarefa de casa. Porém, a formadora deve indicar trechos e apresentá-lo ao grupo para que não fique esquecido. Trata-se de um texto importante, pois retoma a necessidade de uma melhor compreensão e aprofundamento das leituras das obras ditas Contos de Fadas que precisam reencontrar seu lugar na literatura e na leitura para crianças e jovens. 7. Para finalizar esse passeio pelas obras, o vídeo Clássicos para Sempre é uma boa alternativa. Recordar que o vídeo foi realizado com o objetivo de mostrar como o cinema apropria-se, inspira-se e nutre-se de obras clássicas de maneiras bastante distintas e de como este uso também pode ser distinto em sala de aula. Sugestões de aproximações contemporâneas ou releituras contemporâneas: Robinson Crusoé e o Náufrago, uma continuação provável ou improvável; A volta do Capitão Gancho, o herói e o vilão em papéis diferentes; uma lenda que, por ser lenda, pode ser contada de maneira livre; Robin Hood; um conto de fadas moderno Uma Linda Mulher; o cinema fiel, como é o caso de Odisséia, etc. Essas diferenças do uso e da leitura das obras devem ser evidenciadas. (acho que está bastante confuso este parágrafo). © 2007. Todos os direitos reservados. 2 8. Fazer a leitura do Texto-farol 1 como encerramento e recordar de comentar à respeito da lista de atividades que estão no Texto-farol 5, pois elas são muito úteis para o trabalho com obras clássicas. 9. O encerramento é o momento de exposição, troca de experiências sobre o projeto realizado durante o ano e, muitas vezes, realiza-se um belo sarau de despedida! © 2007. Todos os direitos reservados. 3 Texto Farol 1 A BIBLIOTECA DA HUMANIDADE Teresa Colomer Levar os clássicos para a escola responde a três objetivos: favorecer um sentimento de pertencimento coletivo, aproveitar a reflexão que a humanidade tem feito sobre si mesma; assegurar um leque de leitura de qualidade. Para atingir os objetivos é preciso ter consenso sobre os conteúdos da aprendizagem literária e criar referenciais estáveis entre as gerações. Porque dos clássicos Tecer sociedades: o sentido de pertencimento sociocultural Uma primeira razão para prestar atenção aos clássicos se refere ao casamento entre os leitores. Trata-se da capacidade do discurso literário de favorecer a coesão social e oferecer um sentido de pertencimento coletivo. Através da literatura, as crianças passam a compartilhar referenciais lingüísticos, artísticos e culturais que permitem a eles relacionarem-se com as gerações anteriores e as inscrevem em sua cultura. As formas habituais de narrar, os personagens evocados, as alusões literárias que saltam dos registros e convenções do discurso resultam absolutamente necessários para dominar a comunicação social. Uma segunda razão para prestar atenção aos clássicos se refere ao casamento entre as obras. Trata-se de sua capacidade para revelar o funcionamento da literatura como bagagem expressiva da reflexão humana ao longo dos séculos. Algo que vá ao encontro da busca de sentido e se oponha a tendência atual, que se ocupa da simples conexão e justaposição de referenciais. Uma terceira razão para prestar atenção às obras tradicionais se refere ao casamento entre os níveis culturais. Trata-se da capacidade dos clássicos para outorgar sentido de hierarquia entre os níveis de elaboração e significado dos produtos culturais. Algo que se oponha à tendência atual de nivelamento por baixo promovido por consumo indiscriminado dos produtos diversos. Fonte: Teresa Colomer Livro: Andar entre libros. La lectura literaria en la escuela. Fondo de Cultura Económica, México - 2005 © 2007. Todos os direitos reservados. 4 Texto Farol 2 POR QUE LER OS CLÁSSICOS Ítalo Calvino Dizem-se clássicos aqueles livros que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado, mas constituem uma riqueza para quem se reserva a sorte de lê-los pela primeira vez nas melhores condições para apreciá-los. De fato, as leituras da juventude podem ser pouco profícuas pela impaciência, distração, inexperiência das instruções para o uso, inexperiência da vida. Podem ser (talvez ao mesmo tempo) formativas no sentido de que dão uma forma às experiências futuras, fornecendo modelos, recipientes, termos de comparação, esquemas de classificação, escala de valores, paradigmas de beleza: todas as coisas que continuam a valer mesmo que nos recordemos pouco ou nada do livro lido na juventude. Relendo o livro na idade madura, acontece reencontrar aquelas constantes que já fazem parte de nossos mecanismos interiores e cuja origem havíamos esquecido. Existe uma força particular da obra que consegue fazer esquecer enquanto tal. Mas que deixa sua semente. A definição que dela podemos dar então será: Os clássicos são livros que exercem uma influência particular quando se impõem como inesquecíveis e também quando se ocultam nas dobras da memória, mimetizando-se como inconsciente coletivo ou individual. Por isso, deveria existir um tempo na vida adulta dedicado a revisitar as leituras mais importantes da juventude. Se os livros permaneceram os mesmos (mas eles mudam, à luz de uma perspectiva histórica diferente), nós com certeza mudamos, e o encontro é um acontecimento totalmente novo. Portanto, usar o verbo ler ou o verbo reler não tem muita importância. De fato, poderíamos dizer: Toda releitura de um clássico é uma leitura de descoberta como a primeira. Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer. Os clássicos são aqueles livros que chegam até nós trazendo consigo as marcas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram (ou mais simplesmente na linguagem ou nos costumes). © 2007. Todos os direitos reservados. 5 Isso vale tanto para os clássicos antigos quanto para os modernos. Se leio a Odisséia, leio o texto de Homero, mas não posso deixar de perguntar-me se tais significados estavam implícitos no texto ou se são incrustações, deformações ou dilatações. Lendo Kafka, não posso deixar de comprovar ou de rechaçar a legitimidade do adjetivo kafkiano. Se leio Pais e Filhos de Turgueniev ou Os possuídos de Dostoievski não posso deixar de pensar em como essas personagens continuaram a reencarnar-se até nossos dias. A leitura de um clássico deve oferecer-nos alguma surpresa em relação à imagem que dele tínhamos. O clássico não necessariamente nos ensina algo que não sabíamos; às vezes descobrimos nele algo que sempre soubéramos (ou acreditávamos saber), mas desconhecíamos que ele o dissera primeiro (ou que de algum modo se liga a ele de maneira particular). E mesmo esta é uma surpresa que dá muita satisfação, como sempre dá a descoberta de uma origem, de uma relação, de uma pertinência. De tudo isso poderíamos derivar uma definição do tipo; Os clássicos são livros que, quanto mais pensamos conhecer por ouvir dizer, quando são lidos de fato mais se revelam novos, inesperados, inéditos. Fonte: Ítalo Calvino Livro: Por que ler os clássicos Companhia das Letras – São Paulo - 2001 © 2007. Todos os direitos reservados. 6 Texto Farol 3 ENCANTOS PARA SEMPRE Ana Maria Machado As Histórias populares que chamamos de contos de fadas constituem uma categoria diferente entre os clássicos. Em geral, não são encaradas pelos críticos e pela academia com a mesma nobreza e prestigio dos livros que viemos mencionando até aqui, mas poucas obras são tão conhecidas e exerceram tamanha influência sobre nossa cultura. Além disso, poucas também foram, sempre, tão oferecidas às crianças. Talvez justamente seja essa a acusa e o efeito de não terem tanto prestígio e nobreza. Muitas vezes, são consideradas apenas "histórias infantis" e, por isso, vistas como pouco importantes. Outras vezes, ocorre o processo inverso: por serem consideradas pouco importantes e sem nobreza literária, se acha que podem então ser destinadas às crianças. Duplo preconceito. E inteiramente equivocado. Por um lado, não foram escritas com o objetivo específico de procurarem a garotada como público alvo. Por outro lado, o alto nível de sua qualidade artística e a sua força cultural são atestadas pela sua universalidade e sua permanência. Só para darmos um exemplo: conhecia-se uma versão de Cinderela no antigo Egito e, na mesma história, o motivo do pé pequenino que seria o único a caber num sapatinho de cristal, muito provavelmente, vem da antiga China, onde existia o costume de comprimir os pés femininos para não cres¬cerem, como ideal de beleza. Esses preconceitos se explicam, provavelmente, pelo fato de que esses contos são criações populares. Isso significa que foram feitos por artistas do povo, que ficaram anônimos, não por escritores que ganharam a celebridade e o reconhecimento. E que trabalharam coletivamente - quem contava um conto aumentava um ponto, acrescentava uma situação, modificava um detalhe, repetia um elemento. Não foram obras de um único autor, consciente de seu ofício, trabalhando elaboradamente em cima de uma idéia. Durante muitos e muitos séculos, nem ao menos foram escritos. Sobreviveram e se espalharam por toda parte graças à memória e a habilidade narrativa de gerações de contadores variados, que dedicavam parte das longas noites do tempo em que não havia eletricidade para entreter a si mesmos e aos outros contando e ouvindo histórias. Sua origem deve ser muito antiga. Para muitos estudiosos, estão associadas a alguns ritos das sociedades primitivas - sobretudo ritos de passagem de uma idade para outra, ou de um estado civil a outro. Por isso, guardariam tantas marcas simbólicas da puberdade e do início da atividade sexual. A insistência no sangue feminino (as gotas sobre a neve, que caem do dedo da mãe que borda ao se iniciar Branca de Neve, ou de A Bela Adormecida que se pica no fuso de uma roca) e no vermelho (como em Chapeuzinho Vermelho, ou a rosa de A Bela e a Fera), por © 2007. Todos os direitos reservados. 7 exemplo, seriam vestígios da primeira menstruação. O pé-de-feijão que cresce involuntariamente durante a noite, a torre alta que se ergue solitária, ou o enfrentamento de dragões e gigantes (figuras paternas) que devem ser derrotados, por outro lado, se referiam a ritos de puberdade masculina. Várias histórias têm a estrutura de uma série de provas que devem ser vencidas pelo herói, muitas vezes perdido no bosque tendo que encontrar seu caminho, como faziam algumas sociedades com os adolescentes, para depois recebê-los no seio do mundo adulto. E a grande maioria delas acompanha um processo de afirmação individual, de alguém que começa fraco e indefeso como uma criança, dependendo totalmente da ajuda dois mais velhos, e vai aos poucos superando os obstáculos que encontra no caminho, revelando sua astúcia, sua bondade, suas qualidades morais posi¬tivas, até ser considerado apto a exercer o papel de alguém maduro na sociedade: constituir sua própria família, casando e sendo "feliz para sempre". Essas histórias corriam por todo canto e, de vez em quando, serviam de tema para que algum escritor se inspirasse nelas e desenvolvesse sua própria narração. Algumas foram recolhidas ou mencionadas de passagem em antologias - como fez o romano Apolíneo em O Asno de Ouro ou o italiano Gianbattista Basile que seguiu o modelo de Boccaccio em seu Decameron e escreveu um Pentameron, em que várias pessoas se reuniam em uma situação fechada para uma verdadeira maratona de contar histórias. Várias delas eram versões de alguns dos mais famosos contos de fada de hoje. Na França do século XVII, algumas mulheres se dedicaram a recolher essas histórias que as encantavam e a lhes dar uma forma mais literária, intercalando-as também com outras que inventavam. As mais famosas dessas autoras foram Mademoiselle Lhéritier e Madame d'Aulnoy. Mas quem iria realmente se celebrizar por fazer isso foi outro francês, Charles Perrault, que seguiu esse exemplo e em 1667 recontou e publicou alguns poucos desses contos, especialmente para as crianças da corte real, narrando-os em finos versos ou prosa burilada, e fazendo com que todos se acompanhassem de uma moral. Embora abrangendo um número bastante reduzido de contos de fadas, apenas 11, a obra de Charles Perrault associou para sempre o nome do autor e o gênero, com ver¬sões imortais de Chapeuzinho Vermelho, A Bela Adormecida, O Pequeno Polegar, Barba Azul, As Fadas, O Gato de Botas, Pele de Asno, Cinderela, Os Desejos Ridículos, Riquete do Topete... Mais de um século depois, em 1802, na Alemanha, foi feita outra coletânea dessas histórias populares. Muito mais extensa e completa, reunia 210 contos. Organizada por Wilhelm e Jacob Grimm: Dois irmãos que eram pesquisadores e filólogos além de escritores, essa antologia tinha outra grande diferença em relação à obra de Perrault: não se destinava à leitura da corte, mas tinha como objetivo preservar um patrimônio literário tradicional do povo alemão e colocá-lo ao alcance de todo mundo. Essa intenção era evidente desde o primórdio título do livro (Contos © 2007. Todos os direitos reservados. 8 para o Lar e as Crianças). Com esse objetivo, os contos eram narrados em prosa e numa linguagem bem próxima da oralidade, de um jeito parecido ao que era falado pela gente do povo que contava essas histórias havia séculos, e com quem as pesquisas dos irmãos Grimm tinham ido buscar as diversas narrativas. Mas esses relatos já existiam espalhados pela Europa em diferentes versões. O grande trabalho dos autores foi compilar esse material, coletado com cuidado, e recontá-lo com o máximo de fidelidade possível, bem próximo à linguagem dos contadores populares. Além de outras versões dos contos que já constavam da obra de Perrault, os irmãos Grimm ajudaram a trazer até nós alguns dos contos de fadas absolutamente eternos e conhecidíssimos até hoje. Entre eles, Branca de Neve, O Rei Sapo, Os Cisnes Selvagens, Os Músicos de Bremen (que tornou a fazer muito sucesso recentemente em adaptação de Sérgio Bardotti e Chico Buarque, com o nome de Os Saltimbancos), O Alfaiate Valente, Rumpeltistiskin, João a Maria, A Guardadora de Gansos. Algumas décadas depois, outra grande antologia de contos de fadas surgiu também na Europa. Mais exatamente, na Dinamarca. O responsável por ela foi Hans Christian Andersen. Mas embora normalmente se considere a trindade Perrault-Grimm-Andersen como o grande trio responsável pela compilação e difusão dos contos populares, o dinamarquês apresenta uma grande diferença em relação aos outros dois. Tanto, que é muitas vezes chamado de "o pai da literatura infantil". É que Andersen, diferentemente de Perrault e dos irmãos Grimm não se limitou a recolher e recontar as histórias tradicionais que corriam pela boca do povo, fruto de uma criação secular coletiva e anônima. Ele foi mais além e criou várias histórias novas, seguindo os modelos dos contos tradicionais, mas trazendo sua marca individual e inconfundível - uma visão poética misturada com pro¬funda melancolia. Assim, seu livro, além de contos de fadas compilados nos países nórdicos, trazia também novidades como O Patinho Feio, A Roupa Nova do Imperador, Polegarzinha, A Pequena Sereia, O Soldadinho de Chumbo, O Pinheirinho e tantas outras. Essa possibilidade acendeu a imaginação de outros autores. A partir daí, pela primeira vez, algumas obras começaram a ser criadas especialmente para a leitura infantil, sem intenção didática. Por outro lado, grandes escritores consagrados em outros gêneros também se aventuraram a desafiar os preconceitos e fazer incursões criativas pelos contos de fadas - como o inglês Oscar Wilde, por exemplo, que nos deu algumas obras-primas como O Rouxinol e a Rosa, O Príncipe Feliz e o Gigante Egoísta. Na segunda metade do século XX, o grande escritor italiano ítalo Calvino se dedicou também a um projeto de compilação nacional de contos de fadas que anteriormente só tinham sido recolhidos regionalmente e organizou Fábulas Italianas, um volume imperdível. Existem ainda antologias de contos de fadas de várias nacionalidades: russos, chineses, irlandeses. Sempre uma leitura fascinante. O tipo do clássico que deve ser conhecido desde cedo. © 2007. Todos os direitos reservados. 9 Isso ninguém discute. O que se discute é como. Basta assistir ao desenho animado? É suficiente ler uma versão ou episódio simplificado, ilustrado pela Disney? Essas histórias não são violentas demais para se apresentar às crianças? Será que essas narrativas não soam muito bobinhas e antigas para as crianças de hoje, muito mais sofisticadas intelectualmente e mais informadas, em plena era dos computadores? Essas são algumas das dúvidas mais freqüentes que surgem nos adultos quando se fala em contos de fadas. Outras são de outra espécie e questionam a própria possibilidade de se aceitar o estímulo à imaginação como algo convincente na educação dos pequenos. Ou então, misturam exigências ideológicas com o prazer de contar e ouvir histórias, exigindo delas padrões de correção política que entram em conflito com o universo narrativo em que essa tradição se movimenta. Entre as perguntas desse segundo tipo, algumas também se repetem. Será que devemos incentivar o escapismo e a fantasia dos contos de fadas num mundo em que a realidade mostra tantos problemas sociais e econômicos, e tanta gente sofrendo? Não seria uma forma de fuga? Não é um absurdo contar histórias cheias de reis, rainhas, príncipes e princesas, como se fosse desejável ser nobre e morar em palácios, esquecendo as favelas, as casas populares e os semteto que nem ao menos têm um lugar para viver? Não é um acinte apresentar as mulheres como umas eternas bobo¬cas à espera de um príncipe encantado que tome todas as iniciativas e de quem depende sua salvação? Não é antiecológico apresentar um Lobo como um vilão, já que se trata de uma espécie animal ameaçada e que precisa ser protegida? Não seria melhor "passar a limpo" essas histórias e só apre¬sentá-las às crianças em versões mais "aconselháveis", em que o Lobo não é mau e não come Chapeuzinho Vermelho, por exemplo? Podemos admitir que algumas dessas perguntas têm certa pertinência e as pessoas que as formulam podem até estar cheias de boas intenções. Mas é indispensável reconhecer que também estão carregadas de equívocos e impregnadas de mal-entendidos, que convém tentar esclarecer e desfazer. Para discutir esse problema, a primeira coisa a lembrar é que estamos falando de uma forma de literatura. Literatura popular e que inicialmente era oral - mas, de qualquer forma, literatura. Uma manifestação artística por meio de palavras. Uma forma de produção cultural que tem seu próprio sentido, lentamente elaborado pelos diferentes elementos da narrativa, à medida que a história se desenrola e se encaminha para seu final, consolidando seu significado profundo. Esse significado pode não ser consciente por parte do artista ou dos artistas que criaram. Raramente essas coisas se passam obedecendo a planos pré-traçados ou a uma vontade explícita de passar alguma mensagem, diferentemente do que às vezes se pensa. Mas, de qualquer maneira, toda narrativa literária se constrói em cima de elementos que vão se correspondendo de modo coerente e que aos poucos vão erigindo um edifício de sentido. É para isso que o homem conta histórias - para tentar entender a vida, sua passagem pelo mundo, ver na © 2007. Todos os direitos reservados. 10 existência alguma espécie de lógica. Cada texto e cada autor lidam com elementos diferentes nessa busca, e vão adequando formas de expressão e conteúdo de um jeito que mantém uma coerência interna profunda que lhe dão sentido. Mexer neles é alterar esse sentido. Muitas vezes, equivale a transformar a nova versão em alguma coisa esdrúxula, sem pé nem cabeça. Os clássicos claramente destinados aos adultos são geralmente mais respeitados, mesmo ao serem condensados e adaptados para a juventude. Os eventuais adaptadores costumam fazer certa cerimônia com eles, não se acham no direito de adulterá-los com tanta profundidade como fazem com as obras para a infância. Talvez apenas por medo de serem criticados e execrados publicamente. Mas o fato é que respeitam mais. No entanto, quando se trata de histórias já de saída consideradas infantis, como é o caso dos contos de fadas, é bastante freqüente que surjam resultados que são um total absurdo, saído de cabeças que desejam censurar e exercer seu poder sobre os pequenos e que não revelam grandes doses de sensibilidade ou inteligência para lidar com um material tão precioso. Essas versões expurgadas dos contos de fadas, em nome do moralismo, do didatismo, do realismo ou do "politicamente correto", na melhor das hipóteses costumam combinar duas características que não são apenas uma rima, mas uma lástima: arrogância e ignorância. A arrogância desses adaptadores em se considerarem donos da verdade, mais sábios e muito melhores do que aqueles que os precederam, superiores a gerações e gerações de criadores que vieram lentamente estabelecendo as versões que conhecemos dos contos de fadas. Os autores originais, geralmente "gente do povo" e de pouca instrução, muitas vezes camponeses e predominantemente mulheres, eram humildes contadores de histórias tradicionais. Despretensiosos, prestaram um imenso serviço cultural à humanidade, preservando esse riquíssimo acervo de contos populares até os nossos dias. Não está certo que agora um candidato a autor ou pretenso pedagogo se invista unilateralmente do poder de modificar essa criação, e queira fazer crer a todas as gerações posteriores que é melhor do que eles - seja poupando o Lobo de engolir a avó, seja fazendo Cinderela ficar amiguinha das irmãs. Em alguns casos, a intromissão não se limita a apenas cair no ridículo, mas chega a extremos perniciosos, como numa versão que pasteuriza o abandono de João e Maria na floresta (assim poupando os pais do papel ativo e terrível que desempenhavam na versão tradicional) e, com isso, faz com que as crianças se percam por serem desobedientes e passem a ser as únicas culpadas de todos os males que lhes acontecem. Como se isso não bastasse, em seguida essa adaptação ainda vai mais longe e evita que as crianças empurrem a bruxa no fogo, impedindo o efeito catártico de um castigo bem dado ao vilão cruel e entravando o sentido profundo da história, segundo o qual chega um dia em que as crianças crescem, se viram sozinhas, não se deixam mais explorar, fazem justiça e passam a prover o sustento dos próprios pais. Não se mexe nessas coisas impunemente. Dá em disparate - no cão, outro nome para o desastre literário e psicológico. © 2007. Todos os direitos reservados. 11 A ignorância é que explica essas interferências, na maioria das vezes. A intenção era boa. Mas com freqüência o adaptador dessas histórias, por não estar acostumado a conviver de perto com muita leitura, passa por cima do fato de que não se lê literalmente. Quem não tem intimidade com livros ignora isso. Ler uma narrativa literária (como ninguém precisa ensinar, mas cada leitor vai descobrindo à medida que se desenvolve) é um fenômeno de outra espécie. Muito mais sutil e delicioso. Vai muito além de juntar letras, formar sílabas, compor palavras e frases, decifrar seu significado de acordo com o dicionário. É um transporte para outro universo, onde o leitor se transforma em parte da vida de outro, e passa a ser alguém que ele não é no mundo quotidiano. Vários estudiosos já se ocuparam disso. Um deles, o crítico inglês Coleridge, usou uma expressão muito citada para se referir a esse estado que passa a unir autor e leitor, ao dizer que eles fazem uma espécie de pacto de "suspensão da descrença". Trocando em miúdos: na vida quotidiana, nenhum leitor em sã consciência acredita que o Lobo fala e conversa com a menina ao encontrá-la no bosque. Mas, para efeito de aceitar que a história se desenrole, ele faz de conta que acredita e admite isso - como admite que depois o animal é capaz de conversar com a avó, comê-la inteirinha sem que ela sinta dor e que, no final da história, a velha pode ser retirada com vida de dentro da barriga do animal. Tudo isso é possível no encontro do leitor com o texto literário, porque em literatura esse pacto fica muito claro. Autor/contador e leitor/ouvinte sabem disso perfeitamente. Naquele espaço que estão compartindo na situação de leitura, a linguagem é usada de forma bem diferente de seu emprego quotidiano para situações concretas. Situa-se em outra esfera, significa de modo diferente. Mesmo uma criança bem pequena, ouvindo Dona Baratinha enquanto está sentada no colo da mãe, sabe que a baratinha pode recusar o boi e o cavalo como noivos ou aceitar o ratinho como futuro esposo sem invocar diferenças de tamanho ou de espécie para o acasalamento, e se baseando apenas na perspectiva de ter um companheiro que faça muito ou pouco barulho de noite. Nada disso é para ser entendido literalmente. É tão evidente que nem passa pela cabeça de alguém duvidar. Mesmo dos menorezinhos. A linguagem poética é simbólica, colorida, metafórica. Querer tomar ao pé da letra é dar um triste atestado de ignorância sobre como se passam as coisas no processo leitor. Aceitando essa premissa, uma análise dos contos de fadas tradicionais revela que elas até que não são tão retrógradas assim, como pode parecer ao ideólogo mais superficial e apressado. Simbolicamente, refletem os anseios de ascensão social que caracterizavam a época em que se difundiam - tanto de mulheres condenadas à rotina do trabalho doméstico, quanto das classes menos favorecidas. Neles, tecelãs, cozinheiras, sapateiros, alfaiates, moleiros, lenhadores, soldados que acabam de dar baixa, pescadores, camponeses, os mais diferentes artesãos, todos estão dispostos a enfrentar um trabalho árduo porque sonham com dias melhores - e um golpe de sorte que lhes dê um empurrãozinho para subir na vida. As diferentes histórias compõem um rico © 2007. Todos os direitos reservados. 12 mosaico das rela¬ções sociais e mostram a preocupação popular com as condições de vida dura e difíceis. São povoa¬das de personagens pobres que não tem nada de seu (no máximo, apenas alguma coisa como um gato para quem um par de botas velhas pode ser algo tão maravilhoso que lhe dá superpoderes), tendo que tentar sobreviver em situações de fome e carência. Uma miséria tão extrema que às vezes até força os pais a abandonar as crianças no mato, por falta de comida - como ocorre em O pequeno Polegar ou João e Maria. Outra camada profunda que fica latente sob a linguagem simbólica dos contos de fada tem a ver com os desejos, medos e anseios do ser humano em geral, independentemente de época, classe social, nacionalidade. Daí seu imenso valor psicanalítico, já que por muito tempo eles constituíram a forma mais cômoda e acessível para que as crianças e as pessoas mais simples pudessem elaborar simbolicamente suas ansiedades, angústias e seus conflitos íntimos - como demonstrou Bruno Bettelheim em A Psicanálise dos Contos de Fadas. Essas histórias sempre funcionaram como uma válvula de escape para as aflições da alma infantil e permitiram que as crianças pudessem vivenciar seus problemas psicológicos de modo simbólico, saindo mais felizes dessa experiência. Davam-lhes a certeza de que no final tudo acabava bem e todos iam ser felizes para sempre. Tratam do medo do abandono e da rejeição (como nos dois con¬tos que acabamos de citar ou em O Patinho Feio), da rivalidade entre irmãos (como em Cinderela ou A Bela e a Fera), da vontade de ocupar o lugar do pai ou da mãe. Refletem os eternos conflitos das crianças com imagens contraditórias que têm dos pais, ora vistos como bons e justos, provedores e protetores (reis, cavaleiros, fadas, gênios), ora temidos como entidades muito mais fortes, podero¬sas, autoritárias e cruéis (gigantes, lobos, dragões, bruxas, madrastas). Entendidas e aceitas em sua linguagem simbólica, essas histórias de fadas tradicionais se revelam um precioso acervo de experiências emocionais, de contatos com vidas diferentes e de reiteração da confiança em si mesmo. No final, o pequenino se dá bem e o fraco vence. A criança pode ficar tranqüila - com ela há de acontecer o mesmo. Um depois do outro, esses contos vão garantindo que o processo de amadurecimento existe, que é possível ter esperança em dias melhores e confiar no futuro. Conhecer os contos de fadas, além de tudo, permite também que se possa aproveitar plenamente sua ampla descendência, já que esse gênero foi um dos mais fecundos no imaginário popular. Não apenas em novelas e filmes que continuam contando a história de Cinderela ou do Patinho Feio em outra embalagem, mas na própria literatura que a eles volta inúmeras vezes, seja por reimersão e reinvenção desse universo (como fizeram a inglesa Ângela Cárter e a brasileira Marina Colasanti), seja como pretexto para inspiração (basta lembrar os contos A Bela e a Fera de Clarice Lispector, ou Fita Verde no Cabelo, de Guimarães Rosa), seja como ponto de partida para paródias críticas e divertidas. Entre nós, algumas boas obras da literatura infantil contemporânea seguiram essa vertente. É o caso de Chapeuzinho Amarelo (de Chico Buarque), A © 2007. Todos os direitos reservados. 13 Fada que Tinha Idéias (de Fernanda Lopes de Almeida). Procurando Firme e O reizinho Mandão (de Ruth Rocha), Onde tem Bruxa, tem Fada (de Bartolomeu Campos Queirós), O Fantástico Mistério de Feiurinha (de Pedro Bandeira), para só citar alguns dos mais conhecidos. A imensa carga de significados trazida pelos elementos do conto popular tradicional permite ao mesmo tempo uma grande economia narrativa e uma boa densidade semântica, enriquecendo as possibilidades de se fazer uma paródia a eles e investindo-se de novos sentidos - como eu mesma verifiquei em livros como História meio ao contrá¬rio. Passarinho me contou ou O menino que espiava para dentro. Como esses contos tradicionais são os clássicos infantis mais difundidos e conhecidos, a gente sabe que pode se referir a eles e piscar o olho para o leitor, porque ele conhece o universo de que estamos falando. Fica possível, então, fazer paródias aos contos de fadas e brincar com esse repertório, aprofundando uma visão crítica do mundo a partir de pouquíssimos elementos. Mas para que esse jogo literário possa funcionar plenamente, para que o humor seja entendido e a sátira seja eficiente, é indispensável que o leitor localize as alusões feitas, identifique o contexto a que elas se referem e seja, então, capaz de perceber o que está fora de lugar na nova versão. É como uma brincadeira. Não dá para brincar de "pequeno construtor" com quem nunca viu uma casa. Ou seja, nem que seja apenas para poder entender tanta coisa boa que vem sendo escrita hoje em dia a partir de uma reinvenção desse gênero, os contos de fadas continuam sendo um manancial inesgotável e fundamental de clássicos literários para os jovens leitores. Não saíram de moda, não. Continuam a ter muito que dizer a cada geração, porque falam de verdades profundas, inerentes ao ser humano. Fonte: Ana Maria Machado Livro: Como e Porque Ler os Clássicos Universais desde cedo Editora Objetiva – Rio de Janeiro– 2002 © 2007. Todos os direitos reservados. 14 Texto Farol 4 ESTUDO DE CASO A BELA E A FERA Chico Buarque Ouve a declaração, oh Bela De um sonhador Titã Um que dá nó em paralela E almoça romã O homem mais forte do planeta Tórax de Superman Tórax de Superman E coração de poeta Não brilharia a estrela, oh Bela Sem noite por detrás Tua beleza de gazela Sob o meu corpo e mais Uma centelha num graveto Queima canaviais Queima canaviais Quase que eu fiz um soneto Mas que na lua ou no cometa Ou na constelação O sangue impresso na gazeta Tem mais inspiração No bucho do analfabeto Letras de macarrão Letras de macarrão Fazem poema concreto Oh Bela, gera a primavera Abana o teu condão Oh Bela, faz da besta - fera Um príncipe cristão Recebe o teu poeta, oh Bela Abre teu coração Abre teu coração Ou eu arrombo a janela... © 2007. Todos os direitos reservados. 15 A BELA E A FERA Murilo Mendes As flores se contraíram O cristal partiu-se em mil. Da carruagem de raios Desce uivando o Minotauro. Da cortina azul da nuvem Os deuses fazem sinais Eu confabulei com eles De nada vale o diálogo. O mundo inteiro se tinge Do sangue do Minotauro Até que branca Poesia Lhe mostre o dedo mindinho. Fonte: Murilo Mendes Livro: Poesia Completa e Prosa - As metamorfoses – 1938 – 1941 Editora Nova Aguilar – Rio de Janeiro -1994 A BELA E A FERA Clarice Lispector (...) "A beleza pode levar à espécie de loucura que é a paixão. Pensou: "estou casada, tenho três filhos, estou segura." (...) Pensou assim, toda enovelada; "Ela que, sendo mulher, o que lhe parecia engraçado ser ou não ser, sabia que, se fosse homem, naturalmente seria banqueiro, coisa normal que acontece entre os "dela", isto é, de sua classe social, à qual o marido, porém, alcançara por muito trabalho e que o classificava de "self-made-man" enquanto ela não era uma "self-made-woman". No fim do longo pensamento, pareceu-lhe que - que não pensara em nada. Um homem sem uma perna, agarrando-se numa muleta, parou diante dela e disse: -Moça, me dá um dinheiro para eu comer? "Socorro!!!" gritou-se para si mesma ao ver a enorme ferida na perna do homem. "Socorre-me, Deus", disse baixinho. Ela- os outros. Mas, mas a morte não nos separa, pensou de repente e seu rosto tomou o ar de uma máscara de beleza e não beleza de gente: sua cara por um momento se endureceu. Fonte: Trecho do conto A BELA E A FERA Livro: A Bela e a Fera Francisco Alves Editora -Rio de Janeiro – 1995 © 2007. Todos os direitos reservados. 16 A BELA E A FERA O senador baiano António Carlos Magalhães recebe em seu gabinete no Senado a miss Bahia, Alanna Valhyria da Silva, que não participou da visita ao Congresso anteontem. Fonte: Folha de S. Paulo. 15 de março de 2003 Nem Belas nem Feras José Roberto Torero - Colunista da Folha Caros leitores, hoje estou rabugento. Mais que isso: ranheta, ranzinza e mal-humorado. Sei que na função de cronista esportivo minha obrigação é lutar contra a própria ignorância e defender a biodiversidade esportiva. Mas tudo tem limite! E a dura verdade é que há esportes verdadeiramente chatos. Sim, isso mesmo: chatos, aborrecidos, enfadonhos. E, como hoje estou política e esportivamente incorreto, vou citar nomes: nado sincronizado e levantamento de peso. Aquelas meninas imitando Flipper não me emocionam nem um pouco. É apenas uma mistura de bale com hidroginástica. E, para que não me acusem de ser contra a feminilidade e a graça no esporte, digo que também não vejo nada demais no levantamento de peso. Para mim, são apenas uns brutamontes de collant fazendo caras de prisão de ventre. Ontem, eu confesso, fiquei mesmo é com saudades de um bom joguinho de futebol. Fonte: Folha de São Paulo, 11 de agosto 2003 © 2007. Todos os direitos reservados. 17 Texto Farol 5 UMA POSSÍVEL LISTA DE ATIVIDADES Celinha Nascimento • Traduções e adaptações devem ser muito bem avaliadas, estudadas, comparadas. Cumprem a importante tarefa de aproximar os clássicos de todos os públicos e faixas etárias, mas podem "destruir" elementos essenciais presentes no original. O mercado editorial tem um trabalho importante voltado aos clássicos. Vez por outra, relançam, criam coleções especiais e muitas delas com preços atrativos com os "livros de bolso". Sebos são uma boa dica. Lá, livros com texto integral podem ser encontrados por bons preços. • Volte sempre aos livros já lidos. Eles ainda têm o que dizer. Divulgue uma obra lida e amada. • Aproveitar filmes que estão em cartaz nos cinemas ou que serão exibidos na televisão: Importante não deixar passar em branco, principalmente quando caem no gosto popular, ou seja, quando o público tem uma empatia natural com tais narrativas. No caso de transposição/adaptação/releitura de clássicos, trabalhar em sala de aula com a obra original, apontando, identificando e auxiliando os alunos a conhecerem ou reconhecerem as fontes. Procurar no texto original, o que foi mantido, o que foi completamente alterado, aquilo que não foi de maneira alguma contemplado. O objetivo é manter aceso o interesse pela obra original, provocando o desejo de sua leitura; o mesmo se aplica aos filmes que são releituras contemporâneas, ou seja, transposição para a atualidade; trazer a discussão da adaptação para a sala de aula. Muitas vezes nossos alunos não fazem a menor idéia de qual obra aquela releitura é filha. • Iniciar a aula com a leitura de um trecho de um clássico: professores bons leitores são excelentes exemplos para todos os alunos. Também é importante fazer a leitura sem se preocupar com nenhum tipo de análise ou discussões posteriores: ler pelo simples desejo de dividir sua emoção. Talvez os alunos queiram saber mais, procurem o livro... talvez perguntem mais sobre a obra... • Conte obras clássicas para sua turma: Robin Hood é a história de um rapaz nobre e valente que... Conte mesmo, a história inteira. Com suas palavras, do seu jeito, da maneira © 2007. Todos os direitos reservados. 18 como ela a encantou. Não tenha medo de errar ou se emocionar. Conte ela como quem conta uma passagem da própria vida. Passe para frente a sua paixão pela narrativa. BOM TRABALHO! © 2007. Todos os direitos reservados. 19 CONTATOS: José Luiz Goldfarb Coordenador Letras de Luz Fone: (11) 9611-8841 E-mail: [email protected] Simone Lozano Coordenadora de Projetos Fone: (11) 3037-4080 E-mail: [email protected] Denise Silva Coordenadora das Oficinas de Leitura Fone: (11) 9614-2004 E-mail: [email protected] Elaboração do material: Celinha Nascimento Com colaboração das oficineiras: Denise Silva Edi Fonseca Heloisa Ramos Redação Final: Celinha Nascimento Concepção do Programa de Leitura: Celinha Nascimento Regina Scarpa COORDENAÇÃO GERAL: Fundação Victor Civita Mauro Morellato Gerente de Projeto © 2007. Todos os direitos reservados. 20