Anais do Seminário Nacional Literatura e Cultura
Vol. 1, agosto de 2009 – ISSN 2175-4128
06 e 07 de agosto de 2009
UFS – São Cristóvão, Brasil
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AS BRUXAS E FADAS NA LITERATURA CLÁSSICA E SEU PAPEL NA
CONTEMPORANEIDADE
Luciana das Virgens Dantas (UFS)1;
Adriane Pereira Silva (UFS)2
1. A ORIGEM DOS CONTOS DE FADAS
Contos de fadas são a expressão mais pura e mais simples dos processos psíquicos do inconsciente
coletivo.
(Marie Louise Von Franz)
Não é possível falar da origem dos contos de fadas sem tecer comentários sobre a
origem da literatura infanto-juvenil. É na França, mais precisamente no século XVII, que se
manifesta a preocupação com uma literatura para crianças e jovens. Visualizando o percurso
histórico da literatura infantil, constata-se o fato de que, em suas origens, ela surgiu destinada
ao público adulto. Com o tempo percebeu-se a necessidade de se fazer uma literatura para
crianças e jovens, fato que se deu através de adaptações feitas a partir da literatura clássica
vigente.
Quando, sob o domínio da Espanha, Portugal privou-se da autonomia política e
econômica afastando-se de toda fermentação científica e literária, o Brasil, até então colônia
portuguesa, sofreu concomitantemente o atraso do colonizador no que diz respeito à
literatura. Com o crescente aumento das levas de colonizadores e a formação de núcleos
1
2
Graduada do Curso Letras Francês Licenciatura 2004/2 e Graduada em Letras Português/Francês 2009/1;
Graduada do Curso Letras Francês Licenciatura 2004/2 e Graduanda Letras Português/Francês, concludente em 2010/1.
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comunitários, dá-se início a chegada do patrimônio literário, incorporado pelo povo através da
transmissão oral.
Com a intensificação das medidas colonizadoras, devem ter aportado em terras brasileiras, trazidas
na memória dos colonos ou nas “folhas volantes” que corriam na Europa, as narrativas medievais,
as novelas de cavalaria, os velhos romances, os contos ou estórias jocosas, satíricas e as estórias de
“proveito e exemplo” que hoje integram o nosso folclore (principalmente o do norte e nordeste, onde
se concentrou o maior contingente colonizador nos séculos XVII e XVIII). (COELHO, 1991,
p.105).
Os contos de fadas só surgiram no Brasil em fins do século XIX, e tornaram-se
conhecidos inicialmente pelo vocábulo “contos da carochinha”. Somente no século XX essa
denominação foi modificada para “contos de fadas”. Conforme Nelly Novaes Coelho analisa, as
fadas tiveram origem comum em função do próprio termo que as designa: “fada”. Sua
primeira menção documentada em textos novelescos foi em língua latina: fata (oráculo,
predição), derivada de fatum (destino, fatalidade).
A literatura infantil clássica é repleta de contos de fadas, em que encontramos estórias
fantásticas com bruxas, fadas, animais falantes, feitiços, encantamentos, metamorfoses e
histórias de príncipes e princesas em apuros. A pesquisa sobre a vertente da origem desses
seres fabulosos encanta até os nossos dias todo o público, seja infantil ou adulto. Afinal de
contas, de onde surgiram as bruxas e as fadas? E como elas foram difundidas até nossa época?
Na atualidade, como vemos as bruxas sendo confundidas por fadas?
2. DE ONDE VIERAM AS FADAS E BRUXAS
De acordo com os historiadores, foi no mundo celta que nasceram as fadas e
consequentemente o inverso delas, ou seja, as bruxas. Como todo povo da antiguidade, os
celtas dividiam-se em tribos ou clãs. Sendo vencedores ou vencidos era um povo simples,
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pacífico e leal, aceitavam a convivência pacífica com o “inimigo”, mas não abriam mão de sua
cultura e religiosidade. Aos chefes de suas tribos eram atribuídos poderes e qualidade de
caráter divino (magos e fadas). Honravam os heróis de guerra e eram governados por uma
casta sacerdotal, os druidas, que mantinham a ordem social e política, acreditavam em deuses e
deusas, criam na imortalidade depois da vida terrestre. Na idade média, com a ascensão da
igreja, que iniciou o movimento de espiritualização, esse povo considerado “pagão” e suas
crenças religiosas começaram a serem combatidas.
Em virtude da força, cultura e coesão espiritual dos celtas, a igreja percebeu que seria
praticamente impossível acabar com os traços culturais e religiosos deste povo, culminando
num sincretismo entre o espírito mágico céltico e o espírito racional cristão. Esse sincretismo
latente é visto em novelas de cavalaria e romances corteses. Sendo místicos e amantes da arte
bélica os celtas atribuíam poderes a objetos como a espada “escalibur” que estava cravada numa
rocha até que uma fada dissesse ao Rei Arthur para retirá-la. A partir do culto às mulheres
sobrenaturais (druidesas e fadas), a cultura celta deixou preparado o terreno espiritual para que
a virgem Maria, fosse também cultuada a partir do século IX, quando se propagou à ação
cristianizadora e centralizadora de Roma.
Nesse contexto histórico/mítico, avulta uma nova imagem de mulher, que se impõe por sua força
interior e poder sobre os homens e a natureza: a mulher com poderes sobrenaturais. “Imagem
arcana” ligada às druidesas, sacerdotisas tidas como magas e profetisas, que deram origem as
grandes figuras femininas das novelas arturianas. Uma das druidesas mais célebres é Melusina,
sacerdotisa da ilha do Sena, mulher de grandes poderes e beleza, encarnação das forças do bem e do
mal... (COELHO, 2003, p.71).
Essa nova imagem da mulher sobrenatural, de grandes poderes e beleza, quando era
encarnada por forças do bem eram consideradas fadas, mas quando estas eram encarnadas por
forças do mal davam origem às bruxas. As primeiras referências às fadas, como personagens ou
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figuras reais, aparecem na literatura cortesã cavaleiresca de raízes celtas surgida na Idade
Média.
Foi a partir da cristianização do mundo ocidental que as fadas apareceram como
mediadoras entre os amantes separados e entre os humanos e a felicidade almejada. Já as
bruxas ou antifadas, que são caracterizadas como mulheres feias, velhas, corcundas, se vestem
com roupas de tons escuros e sombrios, geralmente com uma verruga no nariz são descritas
como fisicamente estando fora do padrão de beleza. Têm um papel contrário ao das fadas, são
invejosas, ambiciosas, procuram separar amantes, trazer destruição e infelicidade a todos
aqueles que impedem suas vontades, simbolizam a força perversa do poder.
3. AS BRUXAS NA CONTEMPORANEIDADE
Hoje, a literatura infanto-juvenil trouxe novamente as bruxas, não mais como
personagens temidas, como eram expostas na literatura clássica. Devido a estas
transformações percebe-se a criação de bruxas que agem com bondade, chegando a serem
confundidas com as fadas. Segue alguns exemplos dessa nova bruxa: na peça “A Bruxinha que
era boa”, de Maria Clara Machado, “A Bruxinha do Bem” do autor Lucas e a Bruxa Onilda vai
a Inglaterra de E. Larreula. Através da análise dessas três obras, podemos comprovar esta
nova vertente da literatura infanto junvenil.
Logo pelo título, Maria Clara Machado rompe com esse paradigma de maldade
relacionada às bruxas. Na verdade, a bruxa era um elemento importante em diversas culturas,
como por exemplo: a céltica. Com a difusão da fé cristã, ela adquiriu essa carga pejorativa.
Diante da figura considerada como encarnação do mal (próxima ao demônio), os fiéis temiam
as bruxas e, principalmente durante a Santa Inquisição, queimavam-nas em praças públicas.
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Um exemplo muito conhecido é o de uma jovem francesa, que tinha visões e influenciava a
muitos com suas profecias, Joana D`Arc, presa e considerada como bruxa, foi condenada a
morrer queimada em praça pública.
Na peça de Maria Clara Machado escrita em 1954, conta-se a história de uma bruxinha
de cabelos loiros, que tem boas intenções e não entende nada de feitiçaria. Ângela, a bruxinha
loira que não sabe fazer maldades, faz um exame com um bruxo, o pior feiticeiro do mundo,
que se considera o dono de tudo e não admite ser contrariado. Só passando neste exame
poderá ser considerada bruxinha de verdade. Alguns pensavam até se tratar de uma fada
disfarçada. Como fadas não voam sobre vassouras, uma das maiores diversões da bruxinha
Ângela, logo essa idéia foi abandonada. Certo dia toda sua classe passaria por um rigoroso
exame, realizado por sua ruindade suprema, o bruxo Belzebu, e a mais malvada receberia
como prêmio uma vassoura a jato. Observe trechos dos diálogos da peça, que falam sobre as
características da bruxinha Ângela:
Bruxo – Por que os cabelos desta bruxa são tão esquisitos?
Bruxa-Chefe – ela nasceu assim, sua Ruindade.
Bruxo – Muito estranho isto. É preciso pintá-lo com suco de asas de urubu cansado.
Bruxa-Chefe (tomando nota) – Sim, sua Ruindade.
Ainda neste próximo trecho, Ângela, cujo nome faz referência a anjo, é diferente das
outras em seu comportamento e até fisicamente. Ela tem movimentos elegantes, risos, ao
invés de estridentes gargalhadas, e rostinho angelical:
Bruxo – Tire o ponto. (Mesmo cerimonial para tirar o ponto.)
Bruxa-Chefe – Cavalgada em vassoura: 2º ponto.
Bruxinha Ângela – Que bom! Que bom! Que bom!
Bruxo – por que ela está tão alegre?
Bruxa-Chefe – A única coisa que ela gosta de fazer é cavalgar em vassoura. (Bruxinha
Ângela, montadinha em sua vassoura, passa pela cena dando gritinhos de prazer.)
Bruxo (levantando-se) – Isto são maneiras de uma bruxa se comportar em cima de uma
vassoura? Mostre a ela como se faz, Bruxa Instrutora. (Bruxa-Chefe faz uma demonstração
com gritos muito feios).
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Subliminarmente, ela não apresenta o estereótipo de bruxa e não é de sua natureza
fazer maldades. Ângela começa a reavaliar seus valores e acha que ser boazinha não é tão legal
assim. Afinal, como é que ela poderia ganhar o exame sendo boa já que o prêmio seria para a
mais malvada! Um jovem lenhador chamado Pedrinho irá provar-lhe o contrário...
Já em “A Bruxinha do Bem” de Lucas, 2006, também podemos perceber iniciando
pelo título da obra a quebra do paradigma de que todas as bruxas devem ser más, como era
exposto na literatura clássica. O autor procura romper com os padrões tradicionais. A
Bruxinha, ao invés de ser trazida pela cegonha como são trazidas muitas outras personagens,
foi trazida por um urubu, também come de tudo e toma leite. Percebemos que o autor
também cita a importância da alimentação. Observe:
A bruxinha tem vergonha,
Vergonha pra chuchu.
Não foi trazida por cegonha
E sim por um urubu
A bruxinha cresceu forte
Comendo tudo de montão
Não tomava leite de caixinha,
Tomava leite de caixão. (Lucas, 2006)
Nas estrofes seguintes, a Bruxinha ensina à importância de se cumprir as normas da
sociedade, por não ter idade suficiente para “dirigir” a vassoura, ela treina com o espanador
sem apresentar perigo para as demais bruxas. Demonstra como ela é “moderna”, sem querer
aprender a cozinhar, prefere a praticidade do “disque caldeirão”.
A bruxinha não anda de vassoura
Porque ainda é menor.
Enquanto não tem carteira,
Treina, dirigindo um espanador.
A mãe quer ensinar
A bruxinha a cozinhar
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Arroz, feijão, bife, macarrão.
Mas a bruxinha prefere mesmo
É pizza mussarela, pizza calabresa,
No “disque caldeirão”. (Id., Ibid.)
Seguindo o raciocínio do autor, aspectos da atualidade são evidenciados, pois a
bruxinha, como várias crianças, usam aparelho nos dentes, vai à escola, toma coca-cola e
mostra que é atualizada e sabe muito bem a importância de saber utilizar eletrodomésticos e
recursos tecnológicos, como o microondas, o celular e a internet.
Com a Bruxa Onilda, temos outro exemplo de que a bruxa na atualidade não tem mais
o papel de fazer maldades, pelo contrário, as bruxas modernas como é o caso dela, auxilia os
personagens em suas dificuldades. Em Bruxa Onilda vai à Inglaterra, a estória narra a bruxa
auxiliando uma família que tem problemas com um fantasma que assusta o castelo. Ela arruma
sua mala, pega sua vassoura e vai à Inglaterra, passa por muitos desafios até chegar onde
deseja e descobre que o fantasma que assusta o castelo, na verdade é seu amigo. Ao convidá-lo
para visitar sua casa, ela consegue seu objetivo de ajudar aquela família livrando-se do
fantasminha.
É de acordo com estes modelos de bruxas que nota-se a desconstrução do papel que
tinham as bruxas na antiguidade clássica. Passando por transformações elas chegam a parecer
com as fadas, auxiliando ou se atrapalhando neste novo papel na literatura atual.
4. OS CONTOS DE FADAS E A VERTENTE PSICANALÍTICA
De acordo com a psicanálise dos contos de fadas de Bruno Bettelheim, o
maniqueísmo que divide os personagens facilita a compreensão de valores básicos da conduta
humana e do difícil convívio social. É uma das mensagens que os contos de fadas transmitem
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às crianças, ou seja, lutar contra as dificuldades da vida é inevitável, mas, se a pessoa não se
intimida e se depara com a situação de forma resoluta, com essas provações dominará os
obstáculos e acabará com a vitória nas mãos.
Os arquétipos se manifestam por meio das imagens dos contos ou mitos sendo chamadas por Jung
de imagens Arquetípicas. E por meio delas que podemos entrar em contato com os conteúdos do
inconsciente e como disse Jung restabelecer a conexão consciente e inconsciente sendo que dessa
experiência arquetípica é que ocorre a verdadeira cura da alma... Os contos falam de temas
universais, evocam imagens inconscientes no indivíduo e nos ajudam a dar muito mais sentido a
nossas vidas. (PINA, 2007, p.23).
A psicanálise foi criada para capacitar o homem a aceitar a natureza problemática da
vida sem ser derrotado por ela, ou levada ao escapismo.
Podemos perceber tal afirmativa no clássico Branca de Neve e os Sete Anões, em que
a personagem logo no primeiro momento perde seu pai (um dos problemas mais angustiantes,
a perda), tendo que enfrentar essa dor e a inveja da madrasta, ela foge e enfrenta vários
obstáculos para poder ter um final feliz.
A ética maniqueísta que separa nitidamente o bem do mal, o certo do errado, vem
perdendo espaço. Em seu lugar, está presente uma ética relativista em que o mal aparente
revela-se em bem ou resulta em algo certo. Estas transformações podem ser bem observadas
diante da mudança no emprego de outra categoria de personagem, que é a transfiguração de
uma realidade humana.
No clássico a Bela e a Fera, existe uma senhora feia com características de bruxa,
batendo a porta de um jovem príncipe, pedindo-lhe abrigo por uma noite por conta da
tempestade e do grande frio, oferece-lhe em troca do favor uma rosa. Ele, sendo um jovem
mimado, que sempre teve tudo o que quis, por sua vez zomba da oferta e da horripilante face
daquela senhora, que lhe diz que há coisas mais horríveis no mundo e que não devemos julgar
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as pessoas pela aparência. Ele a expulsa do castelo, ela então transformando-se numa linda
feiticeira com características de fada lhe aplica um encanto que só será desfeito quando
aprender a lição.
Neste caso, percebe-se que a bruxa dentro deste clássico não faz maldades, o seu papel
é disciplinador. Como dito anteriormente, o mal aparente revela-se em bem ou algo certo. Isso
vem acontecendo com as adaptações feitas na contemporaneidade onde podemos perceber
bruxas boas, bonitas e atrapalhadas, tudo para atrair e distrair o público.
5. VISUALIZAÇÃO DAS FADAS NA MODERNIDADE
A fada, um ser fantástico, que tem a função de proteger os seres humanos ou intervém
magicamente nos seus destinos para evitar malefícios, desfazer encantamentos ou feitiços
provocados por seres do mal. Surge nas situações de perigo, nas dificuldades amorosas, nas
aventuras imprevisíveis e, sobretudo, no combate as bruxas.
Sua forma é geralmente de uma linda mulher, algumas tem asas de borboleta, com
vestido esvoaçante, costuma trazer uma tiara na cabeça com uma estrela luminosa. As mais
antigas trazem também uma varinha de condão, com poderes mágicos. Sua aparição é súbita e,
ao desaparecer, torna-se invisível “seu estado normal”.
Nelly afirma que em sua origem, as fadas estavam ligadas a cultos ou ritos religiosos.
Em grandes números de contos irlandeses (de origem celta), a heroína (sempre um ser
sobrenatural) aparece como mensageira do outro mundo ou surge sob forma de um pássaro
(em geral cisne), que está ligado ao mistério da morte. Na maioria desses contos inaugurais as
fadas aparecem como as amadas/amantes.
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De acordo com esta vertente em que as fadas apareciam como amadas ou amantes é
que percebemos na modernidade que a mídia nos traz canções que falam sobre esse ser
mitológico, que anteriormente só víamos nos contos fantásticos. A dupla Victor e Léo famosa
por seu carisma, nos trouxe duas músicas que falam sobre esse ser sobrenatural transformado
em mulher com papel de amantes/amadas, unindo o romantismo e a poesia neste tema
fantástico. Retrataremos aqui algumas estrofes destas duas canções que têm como compositor
o Victor Chaves, um dos cantores da dupla. As músicas: Fada e Chuva de Bruxaria estão
ambas divulgadas no CD Victor & Léo ao vivo em Uberlândia, 2007.
FADA
Fada... fada querida,
Dona da minha vida
Você se foi, levou meu calor,
Você se foi, mas não me levou
Lua, lua de encanto,
Ouça... pra quem eu canto
Ela levou... minha magia,
Mas ela é... minha alegria
CHUVADEBRUXARIA
Azuis, vermelhas, brancas flores
Pintando o cerro dos meus olhares
Fossem linda garoa em cores
Molhando a tarde de ares solares
Chamam você, bem
Não fique aí, vem
molhar meu beijo, te beijo também
Maga magia de lua luz ia noite virando dia
Água na boca secando na louca chuva de bruxaria
Hoje você vem, dizia
Hoje você vem, dizia
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Conforme o Dictionnaire des Symboles, citado por Nelly Novaes Coelho, 2000,
segundo a crença celta, nem os poderosos druidas poderiam reter aquele a quem a fada chama
para si, e seu “eleito” (amado) perde o alento vital, quando ela se afasta ou o abandona.
A letra da música Fada, 2007, retrata bem, na primeira estrofe, a afirmativa feita acima,
a qual o compositor da música declara que a fada é dona de sua vida e que ela se foi levando
seu calor, ou seja, levou o seu alento vital. Já em Chuva de Bruxaria, apesar de seu título nos
fazer pensar em magia negra, ele compõe uma letra cheia de poesia e melodia, aparentemente
essa bruxaria, seria o encantamento com a beleza e com a natureza.
6. OS CONTOS DE FADAS NOS CLÁSSICOS DA WALT DISNEY
Walt Disney3 fez adaptações de vários clássicos e obteve muito sucesso, porque não
deixou que a essência da narrativa se perdesse. Com muita animação os clássicos continuaram
transmitindo a moral que os contos realmente querem nos passar. De fácil compreensão e
acesso, a Walt Disney diverte crianças e até adultos em todo mundo.
Dentro dessas adaptações podemos estudar os vários tipos de fadas e bruxas existentes
na literatura clássica:
Em “A Bela e a Fera” como já citado, podemos visualizar fada e bruxa numa só
pessoa que o conto prefere chamar de feiticeira.
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Walt Disney transformou-se numa lenda, tendo criado, com a ajuda de sua equipe, todo um universo de referências no
imaginário infantil de sucessivas gerações. As suas histórias facilmente compreensíveis refletem os valores médios da
tradição americana. Para além dos estúdios cinematográficos, o vasto império criado por Walt Dysney inclui diversos
parques temáticos (Disneylândia, Eurodisney...), inúmeros canais de televisão e elevados rendimentos originados da
venda direta de filmes e livros e nos direitos de utilização por outras entidades das imagens dos personagens.
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Em Cinderela ou “A gata borralheira”, no auge de seu desespero, ao pensar que não
mais vai ao baile, aparece uma fada madrinha, protetora.
A Bela adormecida escapou da maldição de morte feita por uma fada má, na verdade
uma bruxa. Através da interferência de fadinhas bondosas, que transformaram a maldição da
morte num sono profundo e prolongado, sendo a maldição quebrada através do beijo de um
príncipe.
Já a bruxa que aparece em "João e Maria" é uma velha ardilosa que constrói uma casa
de doce para atrair os dois irmãos.
Em "Branca de Neve" a madrasta é uma verdadeira bruxa, com seu espelho mágico,
tenta vingar-se ofertando uma maçã envenenada para Branca de Neve.
Em todas as adaptações dos clássicos da literatura infantil Walt Disney teve o cuidado
de retratar os valores básicos, convencionais, necessários para o desenvolvimento das crianças
dentro de um meio social. Através desses desenhos animados as crianças são levadas a
colocarem-se no lugar dos personagens, trazendo para vida real o que elas vêem na ficção,
superam o medo que as inibe de enfrentar os perigos e ameaças que sentem à sua volta,
alcançam gradativamente o equilíbrio da vida adulta.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os contos de fadas contribuem para a formação da criança em relação a si mesma e ao
mundo a sua volta, podemos visualizar o papel das bruxas e fadas na literatura infantil na
contemporaneidade. Percebemos que através dos séculos esses seres fantásticos se
diferenciaram no seu papel, porém, atualmente se assemelham, pois, o percurso traçado pelas
bruxas hoje, não é mais apavorante e não inspira mais o medo, pelo contrário, multiplicam-se
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as personagens tidas como bruxas que tem boas intenções.
A literatura infantil está desempenhando este papel de mostrar a relativização dos
conceitos de bem e mal em toda a sua ambigüidade humana. A mídia também remonta o que
nos diz a origem das fadas, voltando a ocupar o papel de serem amadas ou amantes.
Constata-se, então, que as crianças continuam entrando em contato com as bruxas e as
fadas, mas, hoje as visualizam de forma diferente daquela dos primórdios. O maravilhoso
ainda é ovacionado nas adaptações e o seu papel disciplinador é notório, propícios para o
desenvolvimento da imaginação e criatividade, levando os indivíduos a serem aptos para vida
em sociedade.
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REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS
AS BRUMAS de Avalon. Direção Uli Edel. Produção: Gideon Amir e Bernd Eichinger.
Intérpretes: Anjelica Huston; Julianna Margulies; Joan Allen; Samantha Mathis; Caroline
Goodall; Edward Atterton; Michael Vartan; Michael Byrne; Hans Matheson; Mark Lewis
Jones; Clive Russell; Elias Zerael Bauer; Freddie Highmore. Roteiro: Gavin Scott, baseado em
livro de Marion Zimmer Bradley. Estados Unidos da América: Warner Bros. / TNT /
Stillking Films / Constantin Film Production GmbH / Wolper Organization, 2001. DVD
(180 minutos). Gênero: Aventura. Música: Lee Holdridge;
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 14. ed. São Paulo: Paz e Terra,
2000;
CHAVES, Victor. Fada. Intérprete: Léo. In: Victor & Léo. Ao vivo em Uberlândia. Minas
Gerais: Sony & BMG, 2007. CD. Faixa: 1;
________________. Chuva de bruxaria. Intérprete: Victor. In: Victor & Léo. Ao vivo em
Uberlândia. Minas Gerais: Sony & BMG, 2007. CD. Faixa: 12;
COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna,
2000;
___________________ . Panorama histórico da literatura infantil/juvenil. São Paulo:
Ática,1991;
___________________ . O conto de fadas: símbolos, mitos e arquétipos. São Paulo: DCL,
2003;
PINA, Vera Márcia Gonçalves da Silva. Ciência & vida. Por trás dos contos de fadas. Ano II,
nº 22. ed. Escala, 2007;
FRANZ, Marie Louise Von. A interpretação dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Achiamé,
1981;
FREITAS, Jorge de. Walt Disney E.U.A., 1901-1966, elementos biográficos. Disponível em:
<http://www.leme.pt/biografias/eua/cinema/waltdisney.html>. Acesso em: 10 jul. 2009;
LARREULA, E. & CAPDEVILA, R. Bruxa Onilda vai à Inglaterra. São Paulo: Scipione,
2003;
MACHADO, Maria Clara. A Bruxinha que era boa. In: Teatro I. 12ª ed. Rio de Janeiro: Agir,
1987;
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OLIVEIRA, Cristiane Madanêlo de. A desconstrução do medo de bruxa na literatura infantil
contemporânea. Disponível em: <http://www.graudez.com.br/litinf/trabalhos/terror.htm>.
Acesso em: 26 nov. 2008;
____________________________. A importância do maravilhoso na literatura infantil.
Disponível em: <http://www.graudez.com.br/litinf/trabalhos/terror.htm>. Acesso em: 20
set. 2008.
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