UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI ROBSON DE OLIVEIRA QUEIROZ PATOLOGIAS EM FACHADAS CONSTRUÍDAS COM REVESTIMENTO DE ARGAMASSA SÃO PAULO 2007 ROBSON DE OLIVEIRA QUEIROZ PATOLOGIAS EM FACHADAS CONTRUÍDAS COM REVESTIMENTO DE ARGAMASSA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Anhembi Morumbi no âmbito do Curso de Engenharia Civil. SÃO PAULO 2007 Orientação: Prof. Tiago Carmona ROBSON DE OLIVEIRA QUEIROZ PATOLOGIAS EM FACHADAS CONTRUÍDAS COM REVESTIMENTO ARGAMASSADO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Anhembi Morumbi no âmbito do Curso de Engenharia Civil. Venho dedicar esta pesquisa à algumas pessoas que por diversas formas marcaram minha vida para sempre, aquelas que vão contribuindo na construção de um ideal, outras por nos apresentar o real objetivo de uma vida, sonhos, projetos e valores. Ao meu maior valor, que é minha Família que me guiou e incentivou durante esse desafio. A todos aqueles que desde o início desse ciclo de vida dedicaram seu tempo e atenção a minha pessoa, ao meu orientador Prof. Tiago Carmona que com profissionalismo dedicou parte do seu saber e tempo na minha jornada, e ao Prof. Fernando J. Relvas que mudou minha forma de enxergar o meu mundo pessoal e da engenharia Civil. Obrigado à todos por me tornar uma pessoa melhor. AGRADECIMENTOS Agradeço, Antes de tudo a Deus pela vida, saúde e paz durante todo o ciclo de minha vida até hoje. As pessoas que me fizeram acreditar que um sonho pudesse se tornar um objetivo e hoje compartilham comigo mais esta conquista. A Cicero Queiroz de Aquino, meu pai, Ildete de Oliveira Queiroz minha mãe, e a Rodrigo de Oliveira Queiroz, meu irmão, que de inúmeras formas me ajudaram, incentivaram e deram apoio para poder chegar a mais este ideal. A todos os meus familiares e amigos, em especial a Claudia Lengenfelder Lossassi e Bruno dos Santos Bittencourt, amigos incontestáveis e inesquecíveis e a todos os outros não menos importantes (Se fosse citar todos essa página não seria suficiente). Ao meu orientador Prof. Tiago Carmona que me ajudou de todas as formas possíveis, orientou, incentivou e sempre se mostrou disposto a ajudar com extremo desprendimento, qualidades que realmente sempre se espera de um bom orientador. A todos os professores em especial ao Prof. Fernando José Relvas, aos colegas e amigos que de alguma forma me ajudaram, e participaram de mais esta etapa que cumpro na minha vida. RESUMO O trabalho apresenta as principais ocorrências de danos em fachadas revestidas de argamassa de forma a identificar a causa de cada situação. As fachadas em argamassa vem apresentando problemas no seu processo executivo e no seu comportamento no pós obra. Com a oferta de mão-de-obra escassa e desqualificada, as empresas com prazos cada dia mais enxutos, é necessário o conhecimento dos possíveis problemas no revestimento externo em argamassa a fim de se evitar danos que geram custo, atrasos em cronograma e refazimento de serviços. Mesmo com a implementação de normas técnicas ou procedimentos internos da empresa faz-se necessário o aprofundamento do conhecimento. Palavra chave: Dano; Fachada; ABSTRACT This work presents the main reason of façade damage in mortar indeed to identify the cause of each situation. The façades in mortar are showing problems as their execution and their behavior as well. The lack of qualified labor, the enterprises with their shorter deadlines, it´s necessary knowledge of possible problems in outside covering in mortar due to avoid damages that costs much, workplan delay and redoing of services. Even with the implementation of technical rules or procedures of the company, it´s necessary the knowledge improvement. Key word: Hamful; Upright LISTA DE FIGURAS Figura 6.3.1 – Execução de chapisco manual Figura 6.3.2 – Execução de chapisco rolado Figura 6.3.3 – Aplicação de argamassa industrializada para chapisco Figura 6.4 – Detalhe dos arames de mapeamento Figura 6.4 – Detalhe do taliscamento Figura 6.4 – Detalhe do arame de prumo de fachada Figura 6.6.2 – Ilustração que indica a temperatura no verão brasileiro Figura 6.7 – Treinamento da equipe técnica feito pela construtora Figura 6.7 – Consultora explica detalhes do projeto aos operários Figura 7.2.1 – Ilustração do revestimento danificado por fissuras Figura 7.2.1.1 – Fissuras decorrentes de traço mal feito Figura 7.2.1.3 – Fissuras causadas por possíveis impurezas na argamassa e permeabilidade nas arestas Figura 7.2.1.4 – Fissuras mapeadas em fachada com má conservação Figura 7.2.2.1 – Fissuras horizontais Figura 7.2.2.3 – Ilustração de fissuras mapeadas Figura 7.2.2.4 - Ilustração de fissuras nas juntas de assentamento Figura 7.3 – Parte do revestimento desplacado Figura 7.5 – Fachada com esborcinamentos Figura 7.6 – Fachada com proliferação de fungos Figura 7.6 – Fachada com proliferação de fungos e fissuras nas juntas dos blocos Figura 7.7 – Fachadas com eflorescências Figura 8.3 – Localização do edifício estudado Figura 8.4 – Fachada do edifício estudado Figura 8.4 – Planta ilustrativa do apartamento tipo Figura 8.5 – Ilustração do compressor movido a Diesel Figura 8.5 – Ilustração do compressor movido a energia elétrica Figura 8.5 – Detalhe da caneca projetora Figura 9.1 – Trecho sendo preparado para ensaios Figura 9.2 – Detalhe das classes de fissuras Figura 9.2 – Detalhe da argamassa sendo projetada Figura 9.2 – Detalhamento dos testes dos riscos Figura 9.2 – Detalhe em corte do teste do risco Figura 9.2 – Detalhe da execução do teste da lixa Figura 9.2 – Início do teste de arrancamento - NBR 13528 Figura 9.2 – Colagem das pastilhas para o ensaio de arrancamento – NBR 13528 Figura 9.2 – Colagem e nomeação das pastilhas para o ensaio do arrancamento - NBR 13528 Figura 9.2 – Dimensionamento do dinamômetro – NBR 13528 Figura 9.2 – Início do ensaio com o dinamômetro – NBR 13528 Figura 9.2 – Croqui do mapeamento de fachada Figura 9.2 – Croqui de instalação de balancins Figura 10.1 – Apresentação de fissuras por retração Figura 10.1 – Execução de pintura e selagem da fachada Figura 10.1 – Equipe da construtora acompanhando os ensaios Figura 10.2 – Trecho danificado, identificado e pronto para reparo Figura 10.2 – Início do corte na fachada Figura 10.2 – Seqüência de corte no revestimento Figura 10.2 – Continuação do corte no revestimento Figura 10.2 – Trecho recortado pronto para retirada manual Figura 10.2 – Início da retirada manual Figura 10.2 – Operário em execução de retirada do revestimento de forma manual Figura 10.2 – Continuação da retirada manual pelo operário Figura 10.2 – Peça sem aderência em forma de placas Figura 10.2 – Indica a dimensão do problema Figura 10.2 – Operário retirando placa com facilidade Figura 10.2 – Operário segurando parte do revestimento Figura 10.2 – Detalhe da placa com chapisco ralo e falha na regularização Figura 10.2 – Detalhe da estrutura com falha na regularização Figura 10.2 – Detalhe do ferro para suporte de bandeja sob o revestimento Figura 10.2 – Detalhe do prego encontrado abaixo do revestimento Figura 10.2 – Restos de forma Figura 10.2 – Vista parcial do trecho em reparo Figura 10.2 – Vista parcial do trecho em reparo, agora em toda a totalidade Figura 10.2 – Vista do trecho em execução do novo chapisco Figura 10.2 – Vista do novo chapisco executado parcialmente Figura 10.2 – Vista do novo revestimento executado parcialmente LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO......................................................................................1 2 OBJETIVOS..........................................................................................2 2.1 Objetivo Geral...................................................................................2 2.2 Objetivo específico...........................................................................2 3 METODOLOGIA DO TRABALHO........................................................3 4 JUSTIFICATIVA....................................................................................4 5 PRINCIPAIS FUNÇÕES DO REVESTIMENTO EM ARGAMASSA....5 5.1 Proteção da obra grossa / durabilidade do edifício..................................5 5.2 Estanqueidade / Impermeabilidade.........................................................5 5.3 Isolação térmica....................................................................................5 5.4 Isolação acústica...................................................................................5 5.5 Eventual proteção contra ação do fogo...................................................6 5.6 Higiene / Salubridade / Lavabilidade.................................................................6 5.7 Estética / Acabamento........................................................................................6 5.8 Regularização para outros revestimentos........................................................6 5.9 Contribuição mecânica (peças suspensas, etc.)..............................................7 6 METODO DE EXECUÇÃO DE REVESTIMENTO.................................8 6.1 Preparo de base....................................................................................................8 6.2 Regularização.......................................................................................................9 6.3 Técnicas de preparo de base chapisco.............................................................9 6.3.1 Chapisco manual.............................................................................................10 6.3.2 Chapisco rolado..............................................................................................10 6.3.3 Chapisco industrializado................................................................................11 6.3.4 Chapisco projetado.........................................................................................12 6.4 Técnicas de preparo do revestimento e etapas de execução........................13 6.5 Início do revestimento.......................................................................................16 6.6 Detalhes que contribuem para degradação de fachadas...............................18 6.6.1 Tipo de cimento e cura do chapisco.............................................................18 6.6.2 Fatores climáticos...........................................................................................18 6.6.3 Excesso ou falta de água no substrato ou base..........................................19 6.6.4 Detalhes construtivos.....................................................................................20 6.7 Projetos e consultoria........................................................................................20 7 PRINCIPAIS ASPECTOS DE PROBLEMAS EM REVESTIMENTO DE ARGAMASSA.........................................................................................22 7.1 Irregularidades geométricas (desvios do plano, requadramentos, arestamentos tortuosos etc).........................................................................22 7.2 Fissuras....................................................................................................22 7.2.1 Motivos para o surgimento de fissuras.........................................................23 7.2.1.1 Traço inadequado.........................................................................................23 7.2.1.2 Teor excessivo de finos...............................................................................24 7.2.1.3 Material argiloso na areia............................................................................24 7.2.1.4 Excessiva absorção da base.......................................................................25 7.2.1.5 Excessiva evaporação (insolação, ventos)................................................26 7.2.2 Classificação das fissuras..............................................................................27 7.2.2.1 Fissuras horizontais.....................................................................................27 7.2.2.2 Fissuras verticais ou inclinadas.................................................................28 7.2.2.3 Fissuras mapeadas, com espaçamentos/aberturas regulares................29 7.2.2.4 Fissuras nas juntas de assentamento dos blocos....................................29 7.3 Deslocamentos........................................................................................30 7.4 Desagregação..........................................................................................31 7.5 Esborcinamentos.....................................................................................31 7.6 Proliferação de fungos............................................................................32 7.7 Eflorescência............................................................................................33 8 ESTUDO DE CASO.............................................................................36 8.1 Características da empresa...........................................................36 8.2 Escolha............................................................................................36 8.3 localização.......................................................................................36 8.4 Características do imóvel..............................................................38 8.5 Tecnologia utilizada na execução.................................................40 9 MÉTODO DE FISCALIZAÇÃO............................................................43 9.1 Chapisco...................................................................................................43 9.2 Argamassa................................................................................................44 10 DIAGNÓSTICO..................................................................................53 10.1 Problemas encontrados........................................................................53 10.2 Processo de recuperação.....................................................................56 11 CONCLUSÕES..................................................................................68 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................70 ANEXOS.................................................................................................72 1 INTRODUÇÃO Os revestimentos das fachadas cumprem um papel importante no desempenho das vedações verticais dos edifícios. Contribui na estanqueidade, no isolamento termoacústico das vedações verticais e na estética do edifício entre outras funções. Para isso, o revestimento além de não apresentar fissuras, deve ter boa compacidade e a aderência ao substrato deve ser de qualidade e durável. O fato da camada de revestimento trabalhar sempre aderida ao substrato e ficar exposta diretamente as condições severas do meio ambiente, conduz ao surgimento de tensões de tração e cisalhamento na interface do substrato/revestimento, além de eflorescências, fissuras e desplacamentos. A conseqüência dos movimentos diferenciais que ocorrem na camada de revestimento e no substrato pelas mudanças de temperatura e umidade do meio ambiente afeta a durabilidade da aderência dos revestimentos externos. De acordo com Luciana Baia (2001), são diversos os fatores que influenciam no desempenho dos revestimentos de argamassa, principalmente as características reológicas das argamassas, as características superficiais das bases ou substratos, as técnicas de execução e as condições climáticas do local onde está localizado o edifício. Atualmente, a execução das diversas etapas dos revestimentos são realizadas baseados no empirismo, o que conduz ao aparecimento prematuro de problemas nos revestimentos de fachada. 2 OBJETIVOS Para o desenvolvimento deste trabalho, foram definidos os objetivos geral e específico conforme abaixo: 2.1 Objetivo Geral O objetivo geral desta pesquisa é estudar os danos mais freqüentes nas fachadas das edificações, apresentar as principais ocorrências no sistema construtivo em fachadas executadas com revestimento argamassado, bem como as novas tecnologias disponíveis. 2.2 Objetivo Específico Estudar a importância do sistema construtivo, através das recomendações técnicas para sua execução, conhecer os danos mais freqüentes e apresentar a metodologia mais indicada para reparo. 3 MÉTODOLOGIA DO TRABALHO Para o desenvolvimento dessa pesquisa foi adotado o seguinte método de trabalho: Pesquisa bibliográfica: Levantamento de dados e informações em publicações científicas, artigos técnicos, revistas, etc. Pesquisa na rede Internet: Coleta de informações tecnológicas em sites de fabricantes de argamassas, artigos em associações, etc. Visitas técnicas: Visita as empresas construtoras, com o objetivo de extrair e coletar dados sobre os produtos em sua aplicação. Entrevista com engenheiros de produção (obra), entrevista com engenheiros do DTQ – departamento técnico de qualidade, consultores e a participação efetiva na execução da atividade estudada, bem como observações visuais, análise documental e relatórios fotográficos. Organização dos dados: Organização e análise direcionada dos dados bibliográficos para o presente estudo. Estudo de caso: Acompanhar e obter informações técnicas, relacionando as constatações de campo com elementos teóricos da pesquisa bibliográfica de patologias em fachadas. 4 JUSTIFICATIVA A tradicional execução de fachadas em argamassa vem perdendo credibilidade com o crescimento de problemas no pós obra, em especial as grandes edificações verticais. Considerando a importância do tema, revestimento externo em argamassa, serão verificadas as diversas funções para quais são empregadas, tais como meios de acabamento, proteção, estanqueidade, impermeabilidade, isolamento térmico, isolamento acústico entre outros que veremos mais a frente. Justifica-se o desenvolvimento do presente estudo pela necessidade em reduzir ou até mesmo em eliminar os casos de vícios executivos em fachadas também em sua fase de execução como em uso, através da identificação das mais comuns situações e características conhecidas. Faz-se necessário a identificação dos constantes problemas de fatores tecnológicos e de processos executivos em fachadas de argamassa e identificar potencialidades e limitações quanto ao uso do sistema de revestimento. O trabalho é indicada para apreciação principalmente por estudantes de Engenharia Civil que almejam descobrir novas formas, métodos e detalhes para aperfeiçoar custos em manutenções de construções civis. Que o esforço aqui empregado e sua conclusão final resultem em uma base para aperfeiçoamento e aprimoramento do sistema de revestimento, contribuindo assim, para a área da Engenharia Civil e à crescente importância de sua existência. 5 PRINCIPAIS FUNÇÕES DO REVESTIMENTO EM ARGAMASSA O revestimento em argamassa, tem funções pouco conhecidas, as principais delas são descritas a seguir: 5.1 Proteção da obra grossa / durabilidade do edifício Tem com função recobrir os elementos estruturais e de alvenaria, entre outros, tais elementos tem juntas entre si e alguns deles estão passíveis as intempéries da natureza, e expostos podem sofrer mais rapidamente com a ação do tempo. Com o revestimento garante-se a proteção e prolonga-se a vida útil da construção (Ercio Thomaz, 2001). 5.2 Estanqueidade / impermeabilidade O revestimento também pode ser de grande avalia para a função de estanqueidade e impermeabilidade, uma vez que a uniformidade do material e a consistência da argamassa formam uma camada protetora impedindo a penetração de umidade, protegendo o substrato (Ercio Thomas, op. Cit.). 5.3 Isolação térmica A função de isolação térmica é pouco considerada para conforto da construção, porém sua existência é de suma importância. A camada de argamassa impede que a ação do calor, por exemplo, se propague em blocos cerâmicos e em outros materiais, transferindo esta sensação térmica para o ambiente interno (Ercio Thomas, op. Cit.). 5.4 Isolação acústica A argamassa também contribui para a isolação acústica, não é um item de grande valor, uma vez que a espessura de paredes e tipo de material utilizado no substrato tem papel mais importante para a melhoria deste item (Ercio Thomas, op. Cit.). 5.5 Eventual proteção contra ação do fogo As características da argamassa podem ser consideradas também como um agente protetor de sua base a ação do fogo, uma vez que a resistência pode prolongar a vida de sua estrutura ou alvenaria se esta for submetida a esta ação (Ercio Thomas, 2001). 5.6 Higiene / salubridade / lavabilidade Por se tratar de uma camada regular e com alto grau de consistência, torna a superfície com menor poder de reter materiais inertes no ar, fazendo com que se tenha uma superfície mais limpa. Além da possibilidade de manutenção desta fachada através de lavagem (Ercio Thomas, op. Cit.). 5.7 Estética / acabamento Um dos pontos mais notáveis dos revestimentos em argamassa é a possibilidade de acabamento e se trabalhar a estética. A criação de frisos, molduras, faixas e enchimentos, fazem com que o revestimento ganhe em potencial, de acordo com a criatividade do projetista. A parte estética evoluiu muito e é valorizada e usada como meio atrativo para a venda do bem (Ercio Thomas, op. Cit.). 5.8 Regularização para outros revestimentos Sem dúvida a modernidade das edificações exige cada dia mais novos conceitos de acabamento, valorizando assim o aspecto visual e agregando valor à construção. Com essa evolução surgirão também a adequação de novos tipos de revestimentos, tais como cerâmico, texturização, granitos em fachadas entre outros, e para aplicação destes materiais é necessário uma base com resistência mecânica e que apresente planicidade, agregando assim mais uma função ao revestimento externo em argamassa (Ercio Thomas, op. Cit.). 5.9 Contribuição mecânica (peças suspensas, etc.) A contribuição mecânica que o revestimento tem, é solicitada não só pelos esforços de movimentação dos diferentes tipos de materiais, mas também, pela criatividade e ousadia imposta pelas novas arquiteturas, materiais como placas de granito, molduras em EPS, peles de vidro, bases metálicas, fórmicas entre outros, podem ser fixados ao revestimento externo, atribuindo então mais uma função ao sistema (Ercio Thomas, 2001). 6 MÉTODO DE EXECUÇÃO DE REVESTIMENTO Para aumentar o entendimento do trabalho em referência, abaixo são descritas etapas para execução de revestimento externo assim como algumas técnicas, ensaios e normas que se aplicam. Não se pretende aqui descrever minuciosamente a execução, mas sim, dar subsídios para o entendimento do sistema construtivo, focando seus principais pontos. 6.1 Preparo da base Para minimizar a degradação do revestimento, é necessário que exista uma boa aderência na interface substrato/argamassa. Os fatores que influenciam no desempenho dos revestimentos de argamassa, as técnicas de execução e as condições ambientais do local onde se executam os edifícios devem ser conhecidos (Sabbatini, 1998). Problemas relacionados com falhas nos revestimentos existem no mundo inteiro. No entanto, existe um desconhecimento generalizado acerca da influência do preparo da base na resistência de aderência, e muitas vezes é executado sem se ter um conhecimento técnico que permita aproveitar a contribuição dessa camada no desempenho dos revestimentos de argamassa (Luciana Baia, 2001). Para melhorar a resistência de aderência entre o substrato e o revestimento, é necessário realizar um tratamento prévio do substrato, a essa operação denominase preparo da base. Este deve ser escolhido em função das características superficiais da base e executado usando materiais e técnicas apropriadas para efetivamente melhorar as condições de aderência do revestimento à base, principalmente criando uma superfície com rugosidade apropriada e regularizando a capacidade de absorção inicial da base (Luciana Baia, op. Cit.). 6.2 Regularização O tratamento ou regularização das superfícies é uma etapa de suma importância em todo o processo, afinal todo o conjunto do revestimento irá se apoiar no substrato (Luciana baia, 2001). O trabalho deverá seguir desta forma: Remoção dos resíduos (materiais pulverulentos, óleos, desmoldantes, etc.) usando água pressurizada; Remoção das irregularidades (excessos de argamassas de assentamento, encunhamento, rebarbas de concretagem); Remoção das incrustações metálicas (pregos, fios, barras usadas nas formas); Regularização da base ou substrato (preenchimento dos furos, rasgos e depressões localizadas); Finalmente, execução do preparo da base. Dependendo das características superficiais do substrato, pode-se inclusive omitir o uso de argamassa de chapisco para a execução do preparo da base. Cabe ressaltar que nos substratos de alvenaria de blocos cerâmicos e de estrutura de concreto, é imprescindível o uso de chapisco. É importante que haja uma supervisão das etapas de serviço de modo a garantir a uniformidade. Concluída essa etapa o substrato estará liberado para que se de início a próxima etapa (Luciana Baia, op. Cit.). 6.3 Técnicas de preparo do Chapisco O chapisco nada mais é que a ponte de aderência entre o substrato e a camada de argamassa, tem a função de criar uma camada porosa e rugosa, afim de que o emboço fixe por sua totalidade e supere as forças solicitantes, tais como a de cisalhamento. Vale lembrar que há algumas formas de execução do mesmo, porém, devem ser avaliadas por terem vantagens que se adequam a cada situação. Há no mercado algumas técnicas de execução desta etapa, algumas das mais conhecidas estão relacionadas a seguir: 6.3.1 Chapisco Manual O chapisco manual ou tradicional nada mais é que uma mistura de cimento, areia e água, podendo ainda ser incorporado algum tipo de aditivo capaz de aumentar sua aderência ao substrato. Esse tipo é o mais antigo e ainda usual, com a mistura dos materiais se obterá uma argamassa rica em cimento e muito fluída. Como visto na Figura 1 a argamassa é aplicada de forma manual, com o uso de colher de pedreiro, em golpes com muita energia e de forma uniforme. Tal argamassa não deve ser manuseada depois de sua aplicação, ou seja, não recebera nenhum tipo de acabamento a fim de se manter a porosidade e a rugosidade sobre o substrato (Ercio Thomaz, 2001). Figura 1 – Execução de chapisco manual (Revista Sim, 2007). 6.3.2 Chapisco rolado O chapisco rolado é uma reinvenção do chapisco tradicional, tem as mesmas características em relação a mistura, porem em sua aplicação é usado um rolo de pintura com camada irregular (usado para pintura do tipo texturizada), substituindo a tradicional colher de pedreiro. Conforme a Figura 2 a aplicação é feita molhando-se o rolo na argamassa e passando de forma uniforme, fazendo com que os poros do rolo criem camadas irregulares e sobressalentes no substrato, deixando-a pronta para receber o revestimento. Este método é o que mais se destaca quanto a produtividade, uma vez que o operário e poupado de grandes esforços e sua produção e relativamente maior em relação aos demais métodos (Ercio Thomas, op. Cit.). Figura 2 – Execução de chapisco rolado (Revista Sim, 2007). 6.3.3 Chapisco Industrializado O Chapisco industrializado é uma das formas mais recentes de aplicação de ponte de aderência entre substrato e a camada de argamassa. Tem as mesmas funções que as demais porém a argamassa tem propriedades diferentes, assim como o seu método de aplicação. Esse tipo de chapisco é uma argamassa que tem sua consistência semelhante a uma argamassa colante, comumente usada para revestimentos cerâmicos. Por ser uma argamassa industrializada, se destaca por ter um maior controle de qualidade, e é pronta para uso, bastando apenas adicionar água conforme orientação do fabricante. O controle na obra se torna muito mais seguro, bastando apenas supervisionar a dosagem de água. Na Figura 3 podemos ver que a sua forma de aplicação também se assemelha a das argamassas colantes para revestimento cerâmico. Com o uso de desempenadeira de aço dentada, o operário espalha a argamassa sobre a base, fazendo ranhuras com a própria desempenadeira de aço, criando assim as condições solicitadas para a etapa de revestimento. Essa técnica também se destaca pela produtividade, mas por ser uma argamassa industrializada, tem um valor agregado maior, deixando necessário avaliar a relação custos x produtividade (Ercio Thomas, 2001). Figura 3 – Aplicação de argamassa industrializada para chapisco (Revista Sim, 2007). 6.3.4 Chapisco Projetado O Chapisco Projetado é a técnica mais recente do mercado. Trata-se de uma forma de aplicação inovadora que tem como promessa o alto índice de produção e o ganho substancial de resistência aos esforços de tração e cisalhamento. A técnica baseia-se na utilização de compressores de ar, ligados a um sistema de canecas projetoras, essas canecas são alimentadas pelo operário com argamassa e com o uso de um gatilho, é liberada as saídas de ar que impulsionaram a argamassa contra o substrato. O sistema de projeção também é usado para o revestimento em argamassa e será descrito detalhadamente mais a frente. A projeção da argamassa faz com que ela se torne muito mais compacta pois a energia desprendida pelo sistema é muito alta, além de eliminar a presença de bolhas de ar entre o substrato e a base. E é nesse ponto que estão os ganhos. No sistema de chapisco manual a compactação depende apenas da energia desprendida pelo operário, e é claro que haverá variações em relação a cada operário. No sistema projetado além da energia ser maior, temos como controlar e homogeneizar essa energia para todos. O sistema também pede o uso de uma argamassa mais seca, quase que na condição de “farofa”. Tal condição se faz necessária pois as canecas projetoras não são capazes de reter material muito fluido (Schahin Engenharia, 2003). 6.4 Técnicas de preparo do revestimento e etapas de execução O processo executivo do revestimento externo é feito de forma singular por cada construtora. Não há grandes variações no sistema de aplicação de argamassa, apenas no processo de preparação, como mapeamento, taliscamento e seqüência de subidas e descidas de balancins. Cada uma adota a melhor forma de execução de acordo com a particularidade da obra ou mesmo o cronograma. De forma geral o processo é composto de duas subidas e de duas descidas dos balancins. Tal critério justifica-se pela necessidade da aplicação do emboço sobre chapisco perfeitamente limpo, pela execução de mapeamento, taliscamento e do próprio revestimento (Schahin Engenharia, 2003). Na primeira subida é feito o mapeamento da fachada que nada mais é que a verificação da variação de prumo, tanto da estrutura como da própria alvenaria. Nesta etapa são soltos arames do topo do prédio com pesos nas pontas como na Figura 4. Os arames estarão afastados da estrutura com uma medida prédeterminada, então é feita a medição deste arame em relação a fachada. A variação para mais ou para menos deve ser anotada e através desta anotação podem se obter os pontos mais desfavoráveis na sua fachada, ou seja, aqueles em que o revestimento final ficará muito espesso ou muito fino, ou até mesmo pontos em que devera ser adotado outro método, como escarificar trechos da estrutura. Figura 4 – Detalhe dos arames para mapeamento (Schahin Engenharia, 2003) Definidas as espessuras, o balancim irá descer fazendo a limpeza, lavagem, regularização do substrato e taliscamento de acordo com a espessura definida pelo engenheiro da obra. Tal processo é de grande importância, pois a limpeza inadequada e a presença de materiais como graxas, desmoldantes, restos de formas, pregos, ferros da estrutura ou bandeja, nata de cimento entre outros podem influenciar na aderência desejada. As taliscas irão auxiliar os operários a fim de garantir um revestimento sem ondulações e devidamente aprumado. A limpeza é feita com o uso de ponteiros e escovação da estrutura, algumas construtoras optam pelo uso da escovação mecânica, isso melhora a qualidade final, diminui o esforço do operário e aumenta a produtividade. A regularização é feita para se obter uma superfície mais homogênea possível, nesta etapa são identificadas e reparadas as irregularidades, as falhas de concretagem, falhas na alvenaria. Ainda nesta etapa, é feito o encunhamento da face externa das alvenarias, uma vez que isso não é possível de se realizar internamente (Schahin Engenharia, 2003).. As taliscas devem ser feitas de material liso, como por exemplo, azulejos. Figura 5 – Detalhe do taliscamento (Schahin Engenharia, 2003) Figura 6 – Detalhe do arame prumo de fachada (Schahin Engenharia, 2003) Após a execução das taliscas e limpeza, é feita nova subida do balancim, esta etapa será responsável pela execução do chapisco. Após a execução do chapisco pode-se dar início a segunda descida do balancim com o processo de revestimento. É importante saber que isso só poderá ocorrer após 72 horas da execução do chapisco, a fim de obedecer o seu tempo de cura (Schahin Engenharia, 2003). 6.5 Início do Revestimento A argamassa poderá ser aplicada de duas formas, projetada ou manualmente. A argamassa aplicada manualmente é a forma mais antiga de trabalho, porém ainda usual no mercado, trata-se da aplicação por uso de colher de pedreiro. O operário retira determinada quantidade de argamassa do caixote e com a colher, projeta com energia sobre o chapisco, repetindo este movimento até que se obtenha a quantidade desejada. Depois de aplicada, deve dar o acabamento final com o uso de régua de alumínio e desempenadeira de madeira ou plástico. Já na argamassa projetada, assim como no chapisco projetado, o operário utiliza-se de equipamento específico mecanizado para aplicação da argamassa. O processo é semelhante ao citado no chapisco, a única diferença é que é utilizado outro tipo de argamassa próprio para o revestimento. Os demais passos são semelhantes a execução de forma manual, ou seja, deve-se dar o acabamento com o uso de régua de alumínio e desempenadeiras (Schahin Engenharia, 2003). Para a aplicação da argamassa é importante observar a energia de impacto solicitada pelo fabricante da argamassa (se industrializada). Dado o início do revestimento, o operário deverá identificar pontos mais espessos, esses pontos deverão ser feitos primeiro e em duas etapas, pois a argamassa poderá não se sustentar no primeiro momento e se soltar da base. Para camadas muito espessas poderá ser adotado reforço com telas, de acordo com o Consultor/Projetista de fachadas (quando houver) ou técnicas da própria construtora. O tempo de sarrafeamento ou acabamento é essencial para a obtenção de melhores resultados, não há um tempo determinado para que se possa dar início ao acabamento, porém, se o operário não se atentar ao tempo de pega, poderá ter problemas quanto a fissuras ou manuseio. Se o processo for feito muito rápido, a argamassa não estará no ponto, ou seja, não terá “puxado” e pouco tempo depois a mesma irá apresentar pequenas fissuras de retração. Caso demore muito, ele terá dificuldades em dar o melhor acabamento ou até mesmo não conseguir. A análise sobre o tempo de acabamento do revestimento é obtida através da própria experiência, a variação é grande, pois o tempo esta relacionado ao substrato que é aplicado (bloco cerâmico, bloco de concreto, estruturas de concreto, etc.) e também as condições ambientais, tais como temperatura, ventos e umidade do ar (Luciana Baia, 2001). 6.6 Detalhes que contribuem para degradação de fachadas 6.6.1 Tipo de Cimento e cura do chapisco Alguns consultores fazem indicação de maneira informal da utilização de determinados tipos de cimento. Segundo entrevista com Luciana Baia “A utilização dos tipos de cimento não é apenas uma escolha por preço de mercado, deve-se levar em conta o seu tempo de pega, ganho de resistência e reações após a mistura”, esta afirmação é feita baseada na especificação de acordo com a classificação do cimento. Cimentos como o CP II é mais puro e tem maior calor de hidratação e necessitam de uma cura mais cuidadosa, porem ganham resistência maior em poucos dias, comparado com o CP III que tem maior quantidade de escória, tem seu calor de hidratação menor e dispensa de maior atenção no processo de cura, em contrapartida tem seu ganho de resistência mais lento em relação ao CP II (Luciana Baia, 2001). 6.6.2 Fatores climáticos Não há duvidas que fatores relacionados ao clima influem no sistema construtivo, fachadas expostas as ações do calor solar devem ter cuidado dobrado, as altas temperaturas que se submetem o substrato por esta ação podem fazer com que a perda de água seja acelerada, ou seja, o substrato pode absorver a água necessária para hidratação da argamassa, alterando assim suas propriedades e deixando-a mais frágil. A ação do vento pode ter papel semelhante à ação do calor solar, revestimentos expostos a esta ação podem perder sua água rapidamente ao meio externo, deixando a argamassa carente de água para hidratação (Luciana Baia, op. Cit.). . Em um país como Brasil, dependendo da região, é notório que temos grandes exposições destas ações, devendo ser avaliada cada situação pela estação do ano, topografia e localização como mostrados na ilustração a seguir. Figura 7 – Ilustração que indica a temperatura no verão brasileiro 6.6.3 Excesso ou falta de água no substrato ou na base A falta de água na base ou substrato pode influenciar de forma direta o desempenho final do revestimento. Como dito acima, a perda de água pode ocorrer tanto por meio externo como interno ao revestimento (Ragueb, 2005). Em situações que o local a ser aplicado esteja passível a esta situação, deve-se molhar o local de forma abundante para que o mesmo fique umedecido e evite a absorção da água destinada a hidratação da argamassa. Assim como a falta de água influencia no desempenho da argamassa, o excesso também pode prejudicar, uma vez que a superfície a ser aplicada estando saturada, irá interferir no processo de absorção. Quando se tem uma base com saturação, a argamassa terá dificuldade em manter-se no momento de aplicação, além de causar um efeito de laminação, que é a formação de uma película de água entre a base e a argamassa, essa película impede a total aderência e mais tarde, quando esta água evaporar, obterá nesse ponto, efeitos de vazios entre as camadas, influenciando assim o desempenho final (Ragueb, op. Cit.). 6.6.4 Detalhes construtivos Detalhes como frisos, molduras, enchimentos e juntas de dilatação não são apenas detalhes construtivos usados para agregar estética a construção. Esses elementos podem ter funções escondidas em sua forma arquitetônica. Os frisos além de trabalhar arquitetonicamente têm a função de juntas de dilatação, ou seja, podem absorver as possíveis fissuras relativas a movimentação da união entre estrutura e vedação entre outras, deverão ser absorvidas por esses frisos. Os frisos devem ser locados sempre nos encontros de alvenaria com estrutura e podem sofrer variações de formas e profundidades de acordo com a indicação do especialista. A criação destes frisos, como dito, pode influenciar no aspecto visual das fachadas, quando se quer obter este resultado sem a exposição e adotado ainda outra solução que é o emprego de telas metálicas ou de poliéster, que tem a função de absorver as tensões geradas pela movimentação da estrutura, alvenaria e revestimento. Estas telas são posicionadas no meio do revestimento, podendo ser fixadas por pinos metálicos ou ficarem soltas para trabalhar mais. Molduras e enchimentos podem esconder áreas de maior trabalho, que são potenciais pontos de fissuração ou ainda servir como um fator de isolamento térmico nos pontos passíveis de sensibilidade térmica no interior (Luciana Baia, 2001). 6.7 Projetos e Consultoria Existem empresas especializadas no mercado que dão consultoria, fazem projetos e acompanham todo o processo de execução. Poucas empresas optam por esta opção que é de grande importância. A fiscalização e o treinamento dado pelos consultores (Figura 8 e 9) contribuem para a melhoria do processo. Cada fachada tem sua particularidade, não só arquitetonicamente, mas também sobre os esforços que serão solicitados. Por isso o estudo deve ser individual, não devendo ser consideradas soluções corriqueiras para todos os casos de revestimento (Luciana Baia, op. Cit.). . Figura 8 – Treinamento da equipe técnica feito pela consultora Figura 9 – Consultora explica detalhes do projeto aos operários 7 PRINCIPAIS ASPECTOS DE PROBLEMAS EM REVESTIMENTO DE ARGAMASSA Neste capítulo, procura-se identificar os aspectos de danos que ocorrem com maior freqüência, bem como suas respectivas formas de reparo. 7.1 Irregularidades geométricas (desvios do plano, requadramentos, arestamentos tortuosos etc); As irregularidades geométricas não são apenas uma simples falha no processo executivo, são erros do processo que podem comprometer a qualidade final do produto. Panos distorcidos, requadramentos mal feitos e arestamentos tortuosos são comuns de se encontrar, porém por muitos, não são considerados como um problema. A falta de fiscalização no momento de execução contribui para a soma de pequenos desvios que serão vistos a olho nu e que prejudicam a estética. No caso do revestimento em argamassa servir como base para outro tipo de acabamento mais preciso, como uma cerâmica, as evidências de uma execução mal feitas serão ainda mais visíveis e sem reparação (Ercio Thomaz, 2001). 7.2 Fissuras As fissuras são comumente encontradas não só nas edificações mais antigas, mas também naquelas em sua fase de execução. Há diversos tipos de fissuras e a elas atribuídas vários fatores. As fissuras (Figura 10) são problemas encontrados não só em revestimentos externos de argamassa, mas também em vedações, revestimento interno e estrutura. A fissuração agrega uma perda de resistência mecânica no revestimento e um ponto passível de infiltração de água, ar e outro material em que o revestimento esteja exposto (Ercio Thomaz, op. cit). 7.2.1 Motivos para o surgimento de Fissuras O surgimento de fissuras está ligado a diversos fatores, os principais deles estão citados abaixo: Figura 10 – Ilustração de revestimento danificado por fissuras (Ercio Thomas, 2001). 7.2.1.1 Traço inadequado A falta de controle na mistura de uma argamassa industrializada, ou uma dosagem de argamassa virada em obra feita por meio do empirismo pode levar ao surgimento de fissuras no revestimento. O excesso de materiais como o cimento pode levar a mistura a uma alta temperatura de hidratação e com pouca quantidade de água para suprir esta necessidade, a mistura estará passível a fissuras de retração, no momento em que a mistura começar a reagir, como visto na figura 11. Em contrapartida a falta de cimento ou o uso de água em demasia na mistura, pode fazer com que surjam efeitos visuais parecidos. Independente disso, a mistura pode apresentar-se homogenea, hidratada e com baixa temperatura, mesmo assim há possibilidade de surgimento de fissuras, pois a argamassa não terá resistência mecânica suficiente para suprir os esforços causados pela movimentação da base na qual foi aplicada (Ercio Thomaz, 2001). Figura 11 – Fissuras decorrentes de traço mal feito (Ercio Thomas, 2001) 7.2.1.2 Teor excessivo de finos A presença em excesso de materiais classificados como finos, contribuem para o surgimento de fissuras. Estes preenchem os vazios entre os grãos e impede a passagem da água tanto na hidratação, quanto na evaporação. Além de ser tido como um material pulverulento, que inibe a união das partículas, interferindo na aderência ao local aplicado (Ercio Thomaz, op. Cit). 7.2.1.3 Material argiloso na areia As argilas são tidas como impurezas nas argamassas de cimento, pois ela tem características muito distintas do comportamento da argamassa. As argilas têm uma absorção muito lenta de água e sua presença pode causar a fissuração pela sua expansão e pelo constante fluxo de água que a mesma obtém da mistura. Durante seu processo de absorção a argila ganha em volume e causa tensões radiais, provocando fissuração no revestimento que ainda não teve total ganho de resistência (Ercio Thomaz, op. cit). Figura 12 – Fissuras causadas por possíveis impurezas na argamassa e permeabilidade nas arestas (Ercio Thomaz, 2001) 7.2.1.4 Excessiva absorção da base A absorção de água em excesso pela base foi abordada no escopo geral, no item 6.6 – Detalhes que contribuem para a degradação da fachada. A aderência entre a argamassa e o substrato é um fenômeno essencialmente mecânico, devido à penetração da pasta aglomerante e argamassa nos poros e na rugosidade da base de aplicação. Assim, torna-se fator importante na aderência a transferência de água que ocorre entre a argamassa e o substrato. Isto porque esta água, que conduz em dissolução componentes do aglomerante, ao penetrar pelos poros e cavidades do substrato, leva à precipitação de produtos de hidratação do cimento no interior destes poros, exercendo ação de ancoragem da argamassa à base (Ercio Thomaz, 2001). A absorção excessiva de água das argamassas pelo substrato pode provocar uma hidratação do cimento localmente retardada, podendo formar regiões com materiais de diferentes características e ocasionar grande retração (Narciso Silva, 2006), essas retrações não podem ser controladas ficando assim com indicadores a surgimentos de fissuras. Figura 13 – Fissuras mapeadas em fachada com má conservação (Ercio Thomaz, 2001). 7.2.1.5 Excessiva evaporação (insolação, ventos) Item também abordado nas considerações gerais de execução no item 6.6. A esta situação, na maioria dos casos, não há como se evitar a incidência de insolação ou ação dos ventos que ambos provocam uma perda de água muito rápida e interferem na mistura, no entanto, no momento de aplicação deve-se combater estas ações utilizando técnicas de compensação da água perdida, ou seja, umedecer a base antes do inicio do revestimento e após a execução promover uma cura úmida, algumas formas simples são destinadas a este tipo de procedimento, como a aplicação direta de água (em pouca quantidade e sem pressão para não danificar o material), mantas ou peles umedecidas e evaporadores, todos eles com o intuito de resfriar e compensar a água que ira se perder nestas ações (Ercio Thomaz, 2001). 7.2.2 Classificação das fissuras 7.2.2.1 Fissuras horizontais As fissuras horizontais (Figura 14) são comumente vistas em revestimentos através de alguns fenômenos difíceis de observar e que requerem um conhecimento um pouco mais aprofundado não só sobre o objeto de estudo mas também sobre as argamassas de assentamento. Este tipo de fissura ocorre pela ocorrência dos seguintes fenômenos: Assentamento plástico: É a fissuração que ocorre quando o revestimento ainda está no seu estado plástico, daí o nome Há um vulnerabilidade a perda de água neste momento e com isso ao se aplicar sobre juntas de alvenaria por exemplo, tem se uma perda de água para a argamassa de assentamento, causando a fissuração horizontal (Ercio Thomaz, 2001). Descolamentos: É um tipo de fissura que ocorre tempos depois da execução que na verdade é o indicio de um outro problema. Quando ocorre uma fissura por descolamentos é sinal que o revestimento já não esta mais agregado em sua totalidade a base e esta exposta as intempéries (Ercio Thomaz, op. cit). Figura 14 – Fissuras horizontais (Ercio Thomaz, 2001) Expansão da argamassa de assentamento (sulfatos, presença de material argiloso na argamassa etc): A expansão da argamassa de assentamento é responsável pela formação de tensões perpendiculares ao plano do revestimento. Tais tensões geram um esforço pontual no qual o revestimento não está dimensionado, como estes esforços acompanham a linha formada pela argamassa de assentamento da vedação, é tida então uma linha de esforço horizontal, gerando este tipo de fissuração (Ercio Thomaz, 2001).. 7.2.2.2 Fissuras verticais ou inclinadas A presença de fissura no sentido vertical é gerada na verdade, por uma composição de esforços do revestimento que junto com o enfraquecimento do sistema de vedação, feitos por interferências como o posicionamento de tubos e eletrodutos na vedação externa. Isso tende a enfraquecer a base que irá suportar o sistema. Com a estrutura comprometida por esse enfraquecimento, somando-se as tenções normais e de cisalhamento, tem-se a propensão a criação de fissuras verticais. 7.2.2.3 Fissuras mapeadas, com espaçamentos/aberturas regulares As fissuras mapeadas são feitas por uma associação de movimentações higrotérmicas diferenciadas entre o revestimento e a estrutura. Eventualmente associadas a retração de secagem da argamassa. A higrotermia é a perda de calor ao meio externo, e como revestimento e estrutura tem esse comportamento de formas distintas, há uma movimentação diferenciada entre eles, contribuindo para o surgimento deste tipo de ocorrências (Ercio Thomaz, 2001).. Figura 15 – Ilustração de fissuras mapeadas (Schahin Engenharia, 2003) 7.2.2.4 Fissuras nas juntas de assentamento dos blocos O surgimento desse tipo de fissura é facilmente identificado nas edificações atuais. Mesmo uma pintura ou mesmo revestimento um pouco mais robusto como uma textura não são capazes de esconder essa falha. Também neste caso, há um conjunto de fatores que permitem o surgimento de fissuras. Blocos com alto poder de absorção como cerâmicos, “blocos verdes”, com alto índice de retração, a retração da argamassa de assentamento ou a utilização da técnica de vedação com o uso das juntas secas interferem diretamente no revestimento. Outro fator determinante e de muita ocorrência a este tipo de apresentação de fissuras, são decorrentes da espessura muito fina do revestimento, que causam o efeito também conhecido popularmente como fachada “fotografada”. Como o revestimento é de pouca espessura, o mesmo não é capaz de manter uma superfície homogenia sobre as vedações como mostra a Figura 16 (Ercio Thomaz, op. cit). Figura 16 – Ilustração de fissuras nas juntas de assentamento (Ercio Thomaz, 2001). 7.3 Descolamentos Os descolamentos ocorrem quando o revestimento não está mais aderido a base. A pouca aderência entre o revestimento e a base, ou entre a base e o substrato fazem com que os esforços internos, como cisalhamento, rompam a ligação entre camadas, desprendendo-as e deixando-as soltas. Esse problema pode ser de ordem pontual ou mesmo generalizado (Figura 17). No momento que isso ocorre a sustentação do material se da por si próprio, ou seja, por não estar fixado a base, o peso do revestimento será transferido de forma radial, sobrecarregando os pontos ainda com qualidade. Figura 17 – Parte do revestimento desplacado 7.4 Desagregação A ocorrência de fissuras por desagregação deve-se a fatores relacionados não a aplicação, mas sim em relação a qualidade da argamassa de revestimento. Erros em dosagens podem tornar o material muito enfraquecido e este não suportar os esforços submetidos ou mesmo ficar passivo aos intempéries e por este, acelerar o processo de desagregação e degradação da fachada (Luciana baia, 2001). 7.5 Esborcinamentos O processo de esborcinamentos é a degradação de cantos vivos, arestas, bordas e outros trechos passíveis de choques. O termo esborcinamento vem do sentido de “partir das bordas”. A degradação ocorre com freqüência não no ato da execução da construção, mas sim durante seu uso. A posição passível de impactos, e a junta fria entre dois panos de fachada tornam o ponto fragilizado. Ao se unir um revestimento ao outro já executado é necessário o preparo da superfície pois a má aderência entre estes irá gerar uma condição propícia para este tipo de fratura como visto na Figura 18 (Ercio Thomaz, 2001). Figura 18 – Fachada com esborcinamentos (Ercio Thomaz, 2001). 7.6 Proliferação de fungos Em grandes centros como na cidade de São Paulo, é comumente encontrado fachadas com proliferação e acumulo de fungos. Esse tipo de manifestação ocorre quando há uma crescente exposição de umidade ao revestimento (Figura 19 e 20). O fato é que a presença contínua de água gera um ambiente propício a criação de fungos. Vazamento em tubulações e umidade vindas a partir da cobertura são problemas de projeto ou conservação interna que somados a falta de manutenção das fachadas, como uma pintura, deixam a argamassa exposta e passível a este problema (Ercio Thomaz, 2001). Figura 19 – Fachada com proliferação de fungos (Ercio Thomaz, 2001). Figura 20 – Fachada com proliferação de fungos e fissuras na juntas dos blocos (Ercio Thomaz, 2001) 7.7 Eflorescência Esse fenômeno se caracteriza pelo aparecimento de formações salinas sobre algumas superfícies, podendo ter caráter pulverulento ou ter a forma de crostas duras e insolúveis em água. Na grande maioria dos casos o fenômeno é visível e de aspecto desagradável, mas em alguns casos específicos pode ocorrer no interior dos corpos, imediatamente abaixo da superfície. A eflorescência pode ser considerada um dano, seja por modificar visualmente o local onde se deposita ou por poder provocar degradações profundas. O fenômeno da eflorescência, bastante conhecido, é resultado da dissolução dos sais presentes na argamassa e ocorre seu transporte as faces junto a água pelos poros (Figura 21). Durante esse transporte a concentração de sais pode aumentar durante o caminho poroso e ocorrer um acumulo, podendo entrar em processo de cristalização e dar origem ao fenômeno (Ercio Thomaz, 2001). Figura 21 – Fachada com eflorescências (Ercio Thomaz, 2001). A Tabela 1, resume de forma singular as mais conhecidas manifestações quanto as doenças ocorrentes nos revestimentos de fachada. Com ela é possível entender quais os aspectos observados, que caracterizam cada dano, entender de onde surgem as prováveis causas e qual a melhor forma de reparo. Com esta tabela é possível verificar de forma rápida a característica do dano e sua eventual cura. Tabela 1 – Manifestações, aspecto, causas prováveis e formas de reparo (Maria Alba, 1989) 8 ESTUDO DE CASO Como aplicação do presente trabalho, é tomado este estudo de caso afim de apresentar as ocorrências de patologias em um caso real. 8.1 Características da empresa O estudo de caso foi baseado em uma grande empresa construtora de São Paulo. Com um currículo de 40 anos na construção civil esta empresa consolida no mercado em suas diversas áreas de atuação um grande conhecimento técnico. Certificada pelas ISO 9001 – ISO 14001 – OHSAS 18001, contando ainda com adaptações para o PBQP-H – Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade na Construção Habitacional. 8.2 Escolha Optou-se por esta empresa, pois a mesma apresenta além dos Certificados de Gestão da Qualidade, e sua consolidação no mercado, um histórico de melhorias de desempenhos obtidas pela constante pesquisa e busca de novas tecnologias. 8.3 Localização O levantamento dos dados foi realizado junto ao empreendimento que em sua fase de execução levou o nome de Grumixamas Incorporadora Ltda. Situado na Zona Sul da cidade de São Paulo, especificamente na Rua das Seringueiras, nº. 35 esquina com a Rua dos Buritis, no bairro do Jabaquara (Figura 22). Figura 22 – Localização do edifício estudado (Schahin Engenharia, 2003) Este edifício possui uma peculiaridade pois está situado no cruzamento de 3 ruas, ou seja, é praticamente localizado em um quarteirão inteiro e a topografia acidentada do terreno interfere diretamente nas suas condições em relação às intempéries da natureza. Por ter poucos vizinhos e em sua maioria casas com pé direito reduzido, além de uma praça na sua face frontal o edifício fica exposto ao sol durante quase a totalidade do dia, além, é claro, da ação do vento. 8.4 Características do imóvel O edifico de caráter residencial possui 16 pavimentos tipo (Figura 23), dois apartamentos por andar. Figura 23 – Fachada do Edifício estudado O Térreo elevado fica acima do nível da rua e possui piscina adulto e infantil, quadra gramada natural, pomar, playground, sala de ginástica, espaço gourmet, salão para festas, forno de pizza, bosque, quiosque com churrasqueira e quiosque com espaço para massagem. Os 2 Subsolos são simples com pequenas áreas destinadas ao uso de funcionários, tais como banheiros e vestiários e o restante do espaço é de uso para garagem. Figura 24 – Planta ilustrativa do apartamento tipo (Schahin Engenharia, 2003) O sistema construtivo executado foi de fundações com estaca tipo hélice contínua que receberam os blocos de fundação. A contenção do solo feita com a cravação de perfis metálicos e posterior fechamento com cortinas de concreto do tipo pré moldadas. A estrutura em concreto armado se divide em duas situações distintas. Para as lajes dos subsolos e térreo foram utilizados o sistema de lajes nervuradas, com o auxílio de forma plástica do tipo “cubetas”. Já nos pavimentos tipo foram utilizadas as tradicionais formas de madeira, todas com escoramento do tipo metálico. As vedações externas foram executadas em Alvenaria com bloco cerâmico, fixadas na estrutura através de argamassa e tela metálica. Os fechamentos internos executadas em Dry Wall foram a opção para minimizar os custos, aliviar os carregamentos sobre a estrutura e acelerar a produção, uma vez que o prazo estipulado pela incorporadora fugia de um ciclo normal de atividades e exigia maior rapidez na execução. O revestimento externo foi executado com argamassa ensacada industrializada. A escolha foi feita com base na economia em relação a mão-de-obra no tempo de preparo e transporte de materiais, na garantia do produto feita pela empresa fornecedora, pela dificuldade em estocar o material e por falta de espaço em canteiro para se produzir uma central de argamassa. O sistema utilizado para a execução é de argamassa projetada com o uso de balancins pesados e em seu acabamento foi utilizada textura acrílica. 8.5 Tecnologia Utilizada na Execução Sistema de Argamassa Projetada O sistema de argamassa projetado é montado de acordo com o volume da obra, ou seja, conforme a necessidade da obra pode-se adaptar o sistema, aumentando ou diminuindo sua capacidade. O sistema é composto basicamente por um compressor de ar (Figuras 25 e 26) que fica localizado na parte inferior da torre, este compressor pode ser tanto elétrico como a Diesel. Figura 25 – Ilustração do Compressor movido a Diesel Figura 26 – Ilustração do compressor movido a energia elétrica. Reservatórios de ar, também conhecidos como pulmões, são instalados em alguns andares na torre e irão distribuir o ar simultaneamente até as canecas projetoras utilizadas pelos operários. Estes reservatórios são utilizados tanto para armazenamento de ar como para manter uma pressão homogenia durante todo o processo. Pressão esta que é definida pelo fabricante para cada tipo de utilização, ou seja, tem-se pressões para a utilização como chapisco projetado e outra pressão para o revestimento projetado. Figura 27 – Detalhe da caneca projetora As canecas (Figura 27) são pequenos recipientes compostos de dois tipos de uso definido, as canecas para utilização em tetos e para utilização em parede. As duas tem formato similar, a diferença entre elas é o ângulo de projeção, ou seja, enquanto a caneca de parede tem suas saídas com um ângulo perpendicular ao plano, as canecas de teto tem suas saídas com uma inclinação que serve para facilitar o uso de baixo para cima. As canecas são preenchidas de argamassa pelo operário, tal recipiente tem uma entrada superior onde é colocada a argamassa, uma saída frontal, por onde passará a argamassa durante a projeção e uma saída de ar em sua parte posterior alinhada com as saídas frontais, tem cabo metálico emborrachado com uma espécie de gatilho, que é onde se controla a projeção. Quando o operário aperta o gatilho é acionado o sistema, o ar comprimido que é liberado pelas saídas posteriores e impulsionará a argamassa junto às saídas frontais, projetando a argamassa. 9 MÉTODO DE FISCALIZAÇÃO As técnicas de revestimento não variam muito de uma construtora para outra, porém os métodos de ensaios adotados, principalmente aqueles que não são normalizados variam muito. O presente estudo descreve procedimentos adotados pela empresa a fim de melhorar os resultados. 9.1 Chapisco A investigação / aceite da atividade é realizada no primeiro instante por inspeção visual, considerando aspectos como a rugosidade, espessura e homogeneidade da área aplicada. A inspeção durante o processo de execução desse serviço é de suma importância, uma vez que sua execução é extremamente rápida e a condenação de áreas de difícil correção. Figura 28 - trecho sendo preparado para ensaios Para a execução de testes de verificação de dureza e aderência em chapisco, deve ser aguardado no mínimo 3 dias após a aplicação, idade esta que o material já deverá apresentar dureza suficiente para resistir ao peso do emboço. Caso sejam verificadas falhas quanto à dureza ou aderência, deve-se aguardar até que o material atinja a idade de 7 dias após a execução e novamente realizado as verificações, de modo a evitar erros de avaliação relativos a falhas no processo de reação do material aplicado. Devido a espessura e a rugosidade, não há um ensaio normalizado para este tipo de superfície. Para a verificação da condição de dureza da superfície, são realizados riscos cruzados com a ponta da espátula na superfície do chapisco, observando-se o grau de dificuldade para a execução dos riscos, sendo quanto mais difícil realizar os riscos, maior a dureza da superfície. Porém, se durante a execução dos riscos o chapisco se fragmentar ou esfarelar, é um indício que a dureza do material esta inadequada. 9.2 Argamassa Após a execução do revestimento, é realizada inspeção visual, com a finalidade de se verificar a ocorrência de fissuras, mapeadas ou geométricas (Figura 29), manchas, eflorescências, desplacamentos e deposições. Para a verificação das fissuras, a construtora adota o ensaio após 21 dias da aplicação, período este para reatividade do material. Como dito no item 7.2.2, as fissuras podem se caracterizar em várias formas, as duas principais encontradas em revestimentos com pouca idade são as mapeadas e geométricas. Segundo Eng.º Wanderley Renó Mendes, “As fissuras mapeadas tem relação direta com a técnica de preparo, aplicação da argamassa e as movimentações diferentes entre a base a ser aplicada o revestimento e também a quantidade de água no traço. Já as geométricas se caracterizam pelo tempo de execução do acabamento, aquele em que o operário deve analisar o tempo de reação da mistura para poder dar um acabamento final”. Figura 29- Detalhe das classes de fissuras Figura 30 – Detalhe da argamassa sendo projetada Para verificação das condições de aderência do revestimento, são aplicados sobre a superfície o ensaio percussão, que consiste na aplicação de impactos leves com martelo de cabeça de plástico, verificando se ocorrem sons cavos ("ocos"). Este ensaio que é adotado pela construtora, não é normalizado e é executado em um ponto a cada 100 m² de revestimento (Schahin, 2003), caso encontrado alguma falha o mesmo deve ser estendido na totalidade do pano em avaliação. Este processo de investigação é feito somente após a superfície ter idade ideal para a execução de pintura. Os pintores sobem as fachadas com as cadeirinhas e aplicam golpes com o martelo, isto inclui pingadeiras e enchimentos. Quando há detecção de falhas no revestimento, o local é identificado com o auxílio de giz de cera, circulando todo o trecho com som cavo, onde mais tarde será avaliado pelo engenheiro da obra que definirá quanto a remoção ou não do trecho, isso de acordo com o tamanho, forma e local. Se optado pela remoção da área comprometida, identifica-se o ponto de ocorrência de falha (interface entre substrato e chapisco ou chapisco e revestimento) para que possa facilitar a identificação do motivo real da causa da degradação. Para a verificação das condições de dureza da superfície, foram realizados os testes do risco (Figuras 31 e 32), que também é uma técnica adotada na empresa e não é um ensaio normalizado. O mesmo consiste na execução de riscos cruzados na superfície com força constante, utilizando prego de aço, riscadeira de fórmica ou material pontiagudo. Devendo ser observado o sulco produzido pelo risco, sendo este quanto mais profundo, menor a resistência superficial do revestimento. Este teste é executado em uma área aproximada de 1,0m² por lote executado e quando constatada a falha no material, o teste é expandido para outros pontos do lote. Nesses pontos são feitos os ensaios de arrancamento (NBR 13528) para se verificar se há um problema em todo o pano de fachada ou apenas pontual, comparando os resultados. Figura 31 – Detalhamento do teste dos riscos Figura 32 - Detalhe em corte do teste do risco A empresa também recomenda a execução do teste por lixamento (Figura 33) sobre os riscos executados pelo teste anterior, com o objetivo de confirmar ou não, os resultados obtidos. Sobre a superfície já riscada, realiza-se o lixamento da área (lixa nº 120), com movimentos de vai-e-vem por 10 vezes, provocando assim o desgaste da superfície. Quando a superfície apresentar baixa resistência, os riscos serão "apagados". Confirmando assim o resultado do ensaio anterior. Figura 33 - Detalhe da execução do teste da lixa Na Figura 34 o operário dá início ao ensaio de Determinação da Resistência da Aderência à Tração (NBR 13528). Figura 34 – Início do ensaio de arrancamento – NBR 13528 Este ensaio, que é normalizado, é feito através de forma simples, depois da argamassa pronta e devidamente curada, os panos são liberados para o mesmo. São feitos pequenos cortes com o auxílio de cerra copo, com dimensões conhecidas, de onde mais tarde serão extraídos os corpos de prova. Após determinado os trechos e cortados, os corpos de prova são nomeados e neles são coladas as pastilhas metálicas com auxílio de adesivo epóxi (Figura 35 e 36), essas pastilhas têm um suporte que ligado a um dinamômetro, irão aplicar um esforço de tração até a ruptura do revestimento. Figura 35 – Colagem das pastilhas para o ensaio de arrancamento – NBR 13528 Figura 36 – Colagem e numeração das pastilhas para o ensaio de arrancamento – NBR 13528 Após a colagem das pastilhas é aguardada a secagem da massa plástica para que a mesma resista aos esforços de tração e transfira todo o esforço do aparelho ao revestimento. No final desta etapa o dinamômetro é posicionado (Figura 37) Figura 37 – Posicionamento do dinamômetro – NBR 13528 Após o posicionamento do dinamômetro, são aplicados os esforços girando-se a manivela do dinamômetro, o mesmo resulta em um esforço de tração que, ligado as pastilhas metálicas, tendem a arrancar as mesmas. Como as pastilhas estão aderidas a massa plástica e nessa interface a resistência é maior que a do revestimento, a tração será transferida pela argamassa (Figura 38). Figura 38 – Início do ensaio com o dinamômetro – NBR 13528 No momento em que se rompe, o aparelho irá registrar a tensão mais alta, esta deverá ser dividida pela área das pastilhas e teremos o resultado em MPa. O processo deve ser repetido para as 6 pastilhas. Deve ser consultada a NBR 13528 afim de verificar a resistência para cada tipo de revestimento, tal como o interno, externo ou mesmo o revestimento cerâmico, que será nossa condição de aceite. Lembrando que o lote é de 6 peças e ao menos a metade deverá apresentar resultado superior para sua aprovação. Para maior clareza sobre o ensaio é necessário consultar o anexo referente. Com o intuito de obter maior clareza dos locais ensaiados, tomou-se a providência de execução de um mapeamento dos panos de fachada, definindo em lotes e assim associando os resultados a cada trecho, conforme as Figuras 39 e 40. A torre foi subdividida em cores para controle interno, de acordo com as datas de descidas dos balancins, atribuindo uma cor para cada lote, isto para se respeitar as idades dos revestimentos. Figura 39 – Croqui do mapeamento da fachada Figura 40 – Croqui de instalação dos balancins Os ensaios normalizados, no caso da empresa estudada, são feitos pela própria fabricante da argamassa (que é industrializada), pois há o interesse nas duas partes na obtenção de resultados, tanto da construtora, que busca verificar a integridade do revestimento, quanto da fornecedora que tem interesse na verificação da qualidade de seu produto. Os resultados dos ensaios encontram-se na tabela 2. Tabela de Determinação da Resistência de Aderência a Tração Trecho Cp Carga (N) Tensão (Mpa) Espes. (cm) 1 420 0,21 3,0 2 580 0,29 2,8 Pano central - 3 600 0,30 3,2 Fundos 4 450 0,23 3,2 5 550 0,28 3,0 6 310 0,16 3,0 1 250 0,13 2,8 2 0 0,00 2,6 Pano central - 3 50 0,03 2,9 Fundos 4 180 0,09 3,1 5 400 0,20 3,2 6 350 0,18 3,0 1 700 0,35 2,8 2 900 0,45 2,6 Pano central - 3 390 0,20 3,0 Fundos 4 430 0,22 3,2 5 380 0,19 2,8 6 360 0,18 3,4 1 460 0,23 4,0 2 400 0,20 3,8 Pano central - 3 390 0,20 4,2 Fundos 4 420 0,21 3,9 5 420 0,21 4,3 6 370 0,19 4,1 1 500 0,25 3,7 2 480 0,24 4,1 Pano central - 3 490 0,25 4,0 Fundos 4 530 0,27 3,6 5 550 0,28 3,9 6 520 0,26 4,2 Andar 16 12 8 6 2 Tabela 2 – Resultado dos ensaios no local em estudo (Schahin, 2005) 10 DIAGNÓSTICO Neste item procuram-se diagnosticar no local de estudo os danos apresentados após a execução do revestimento externo. Com base nas informações citadas nos capítulos anteriores, as mesmas foram levadas ao campo a fim de, diagnosticar os problemas, entender a melhor solução para o seu reparo e acompanhar o processo executivo deste processo. 10.1 Danos encontrados Fissuras Com as informações obtidas e a visita à obra, pode-se identificar a presença de fissuramentos no meio dos panos de revestimentos (Figura 41). Em uma análise visual, nota-se que a apresentação deste tipo de dano aconteceu de forma singular, ou seja, em poucos pontos, e pode-se observar que este fato ocorreu apenas em um “pano de fachada”. É notória que a apresentação deste dano ocorreu pela má execução, ou seja, não foram respeitados os tempos que a argamassa necessita para que não ocorram retrações. Figura 41 – Apresentação de fissuras por retração De acordo com análise, ou seja, em visitação à obra, Luciana Baia diz que “Neste caso, o operário pode ter feito o sarrafeamento e acabamento antes da massa chegar ao ponto desejável, a fim de ganhar velocidade no tempo de execução”. Como este dano não foi propagado aos demais panos e como dito, apresentado de forma pontual, a posição da construtora foi de manter o revestimento, acreditando não ser passível de problemas futuros. Som Cavo e Desplacamentos Em uma análise mais aprofundada, os pintores fizeram a subida através das cadeirinhas e com elas executaram o ensaio a percussão. Este ensaio foi crucial para a obra, uma vez que nesta etapa pode-se encontrar muitos trechos com som cavo, principalmente na parte dos fundos, balancim 3 B, identificado na Figura 40. Por opção da construtora, o ensaio foi executado em 100% da fachada, com o intuído de ter o maior controle possível deste dano. Os demais panos de fachada também apresentaram o problema, mas de forma pontual e em trechos muito pequenos. Nos pontos onde foi detectado a falha, foram feitas marcações com giz de cera a fim de determinar exatamente os pontos falhos, uma vez que o processo de execução de pintura prosseguiria e com este, perder-se-ia a localização correta, conforme Figura 42. Figura 42 – Execução de pintura e selagem da fachada Para maior segurança quanto à análise, a equipe da obra acompanhou de perto este ensaio, até mesmo participando efetivamente (Figura 43), pois os resultados mostrados traziam desconfiança por se estender por quase totalidade do pano de fachada. Figura 43 – Equipe da construtora acompanhando os ensaios Após a identificação dos trechos, a construtora, junto com a consultora de fachadas, optou pela retirada apenas dos trechos danificados e correção dos mesmos. O processo iniciou-se com o uso de balancins leves, uma vez que o revestimento estava pronto e a subida de balancins pesados poderia danificar os trechos considerados bons. A instalação de balancins leves também é pratica da construtora para facilitar o trabalho da equipe que executa os ensaios de arrancamento NBR 13528. Por ter um grande trecho reprovado pelo ensaio a percussão, foi dispensado então o ensaio de arrancamento NBR 13528 nesses locais, pois o mesmo se tornaria sem utilidade pelo fato do som cavo indicar um desplacamento do revestimento, e com isso, a resistência a tração seria nula. 10.2 Processo de recuperação Com os balancins, é dado o início ao processo de reconstrução do revestimento. Os operários sobem o balancim até o trecho identificado (Figura 44) e então começam a retirada do revestimento que havia sofrido o processo de desplacamento. Figura 44 – Trecho danificado, identificado e pronto para reparo Com o uso de serra circular , da-se o início ao corte do revestimento, as Figuras 45, 46, 47 mostram a seqüência de corte na argamassa. Figura 45 – Início do corte na fachada A opção do corte por serra circular além de ser mais rápida, é recomendada, pois, no caso do uso do recurso de ponteiro e marreta, os golpes aplicados contra o revestimento poderiam propagar o problema, tornando assim um ciclo vicioso. Figura 46 – Seqüência de corte no revestimento Figura 47 – Continuação do corte no revestimento Após o corte e a separação dos locais danificados, é possível a retirada destes trechos sem afetar os demais, com isto da-se início a quebra manual das partes (Figuras 48, 49). Figura 48 – Trecho recortado pronto para retirada manual Figura 49 – Início da retirada manual A seqüência a seguir (Figuras 50 e 51) mostram o processo de retirada manual, nesta etapa é possível notar que a argamassa tem grande resistência aos impactos gerados pelos golpes aplicados pelo operário, demonstrando assim, que a resistência mecânica ou mesmo de compressão está com valores elevados. Figura 50 – Operária em execução de retirada do revestimento de forma manual Figura 51 – Continuação da retirada manual pelo operário Ao retirar o revestimento, nota-se que, indo de encontro com o que foi apontado através dos ensaios de percusão, há fraturas em forma de placas (Figura 52), ou seja, naqueles trechos o revestimento havia descolado da base, sustentando-se apenas pela resistência mecânica da própria argamassa. Figura 52 – Peça sem aderência em forma de placas Fica visível a total falta de aderência do revestimento ao substrato, dando indicadores que o problema realmente exigia um tratamento e que, sem os ensaios, o mesmo ficaria encoberto trazendo problemas futuros a entrega da obra. Nas Figuras 53, 54 e 55 é possível ter a real dimensão dos trechos com danos. Figura 53 – Indica a dimensão do problema Figura 54 – Operário retirando placa com facilidade Figura 55 - Operário segurando parte do revestimento Nas Figuras 56 e 57, tem-se o detalhe de uma placa do revestimento, onde se nota que o chapisco, que é o responsável pela aderência entre o revestimento e o substrato, está muito ralo e com falhas no plano do revestimento, além de indicar a falha de regularização. Figura 56 – Detalhe da placa com chapisco ralo e falha de regularização Figura 57 – Detalhe da estrutura com falha de regularização Com a retirada das placas de argamassa, foram encontradas diversas irregularidades quanto à limpeza e regularização. Nota-se que e empresa responsável pela execução não respeitou as recomendações básicas quanto ao tratamento de estruturas e alvenarias, levando ao crescimento das possibilidades de danos ao revestimento. Além da evidente falha na execução do chapisco, alguns fatores contribuíram para este dano. Conforme o andamento das etapas de reparo foram descobertas mais evidencias, de caráter grosseiro, dando maior ênfase a responsabilidade do dano a mão-de-obra executora. A Figura 58 mostra o ferro de suporte de bandeja, que deveria ser retirado, foi “escondido” sob o revestimento, mostrando negligencia e falta de fiscalização. Figura 58 – Detalhe do ferro para suporte de bandeja sob revestimento Na seqüência são observados maiores detalhes que contribuíram para o problema, nas Figuras 59 e 60, são identificados pregos, utilizados nas formas, ainda na fase de estrutura, irregularidade na estrutura e restos de forma. Figura 59 – Detalhe de prego encontrado abaixo do revestimento Figura 60 – Restos de forma Ao final da retirada dos trechos em degradação, a construtora verificou que a área afetada chegava aos alarmantes 43% do total daquele pano Figura 61. Com a obtenção deste dado, o engenheiro responsável pela obra decidiu então pela retirada total do revestimento. Em sua análise, o Eng.º Luis Marcelo Roque, responsável pela obra, afirma que “Em alguns casos, o reparo tem de ser feito em sua totalidade, não compensando pequenos trabalhos de forma repetitiva”. Figura 61 – Vista parcial do trecho em reparo Com a decisão da retirada total do revestimento, todo o trabalho de reparo comentado nas etapas anteriores foram extendidos a totalidade. Na Figura 62 temos a evolução desta etapa. Figura 62 – Vista parcial do trecho em reparo, agora em toda a totalidade Quando do término da retirada do revestimento, é necessário a execução do tratamento do substrato, que na etapa anterior foi feita de forma irregular, porém, desta vez, com maior grau de dificuldade, uma vez que alem das impurezas já conhecidas da alvenaria e estrutura, tem-se agora a impregnação dos restos de argamassa de chapisco. Nesta etapa, os serviços foram executados de acordo com as exigências da construtora e com uma intensa fiscalização. As etapas que se seguem não fogem as já citadas para execução de revestimento argamassados. Conforme a Figura 63 observa-se o operário em execução de chapisco manual sobre uma base totalmente limpa e livre de impurezas (restos de forma, ferro, desmoldante e etc.). Figura 63 – Vista do trecho em execução do novo chapisco Nos demais panos, como dito, o dano foi causado de forma pontual, nestes a solução de reparo foi feita da mesma forma, porém não em sua totalidade, conforme mostrado na Figura 64. Figura 64 – Vista do novo chapisco executado parcialmente Com o término da execução do chapisco e respeitado o seu tempo de cura, fica liberado então as áreas para execução do novo revestimento. Com a execução da nova camada de argamassa, segue o processo normal de ensaios para aprovação do mesmo. Na Figuras 65 são mostrados os trechos já reparados. Figura 65 – Vista do novo revestimento executado parcialmente Com o término da execução do revestimento, os trechos são submetidos aos ensaios já comentados nos capítulos anteriores, sua aceitação foi realizada após a verificação destes resultados. 11 CONCLUSÕES Com as citações das ocorrências mais comuns de problemas em fachadas de argamassa, tornou-se mais fácil a identificação das causas e a possível aplicação de um monitoramento no ato da execução em empresas construtoras, a fim de minimizar as ocorrências. A construção civil, diferente do setor industrial, é efetivamente feito de forma manual, ficando assim passível aos erros e falta de qualificação. A prevenção dos problemas de revestimento pode ser feita de algumas formas: a retomada dos conceitos básicos sobre argamassa, como preparo e aplicação, e os seus materiais constituintes; a implantação da política de certificação de qualidade dos materiais, que auxilia no julgamento do dano observado, sendo do fabricante/fornecedor, pela má qualidade do produto, se do construtor, pela má utilização dos materiais escolhidos; a qualificação, treinamento e fiscalização de cada processo devem ser intensivos, pois na maioria dos casos, as etapas executivas estão unidas umas as outras, e uma vez encontrado falhas no processo, além dos custos gerados pelo refazimento do trabalho, as etapas posteriores serão afetadas e o cronograma prejudicado. A repercussão destas medidas sobre a economia da construção é positiva, na medida que os revestimentos, convenientemente estudados, apresentaram vida útil prolongada, minimizando-se os custos com manutenção e reparos do revestimento, inclusive da pintura ou revestimento cerâmico. Visto numa análise detalhada, indicaram como causa freqüente problemas de revestimento. Na empresa estudada, mesmo com a preocupação em implantar um sistema de controle e diversos tipos de ensaio, nota-se que o envolvimento efetivo dos responsáveis pela fiscalização foi falho. A equipe responsável e envolvida no processo construtivo e de fiscalização, tinha conceituação teórica sobre o método executivo, mas nota-se o descaso quanto aos conceitos básicos de execução, afim de ganhar velocidade, uma vez que a obra mostrava-se atrasada em relação ao prazo definido em cronograma. Outro ponto notável, é a troca do responsável pela verificação e recebimento dos serviços. Após a adoção de mão-de-obra terceirizada para esta fiscalização, por tempo determinado, gera duvidas quanto a responsabilidade deste, uma vez que sua permanência seria por um curto prazo. O ato de refazer uma etapa de serviço é sem duvida mais difícil e mais cara do que executá-la uma única vez, essa afirmativa deve ser levada em conta e conscientizada pela empresa executante e a fiscalizadora, investindo em cursos, treinamentos e tecnologias construtivas. Os problemas de se refazer uma determinada etapa de serviço vão além do custo gerado e do desprendimento de mão-de-obra para nova fiscalização. Ao se deparar com problemas, seja qual for a etapa, a construtora tem seu nome questionado quanto a qualidade e confiabilidade. Se tratando de um serviço interno tem-se uma grande repercussão quanto ao dano, neste caso, fica agravado pois como o serviço de revestimento externo fica exposto a quem passa próximo ao empreendimento, a repercussão torna-se maior, podendo assim, gerar um questionamento a quem adquiriu o imóvel e ainda o nome da empresa fica ligada ao dano e torna-se uma referência negativa no mercado. Com a intensão de acelerar o processo como um todo, a equipe executora deixou de lado uma análise quanto a possíveis problemas futuros. Com isto o cronograma de serviços que até então estava no limite, deixou de ser cumprido pois com o atraso nos serviços da fachada, etapas que estavam amarradas foram interrompidas, tais como a pintura, impermeabilização do térreo, colocação de pedras naturais e etc. Fica concluído que é necessário investir não só apenas em materiais de qualidade, boas equipes executoras, a conscientização para a fiscalização futura deve ser absorvida pelos profissionais da área. Não há uma empresa que possa fiscalizar 100% dos serviços, por isso a importância de se investir no operário (executor) para que ele invista na qualidade do seu próprio trabalho. Por outro lado quem tem a responsabilidade de fiscalizar, deve fazê-la de modo criterioso, analisando cada trecho e desprendendo sua atenção apenas a atividade confiada. Uma vez deixada essa filosofia, os problemas serão freqüentes e explícitos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Associação brasileira de normas técnicas. Argamassa para assentamento de paredes e revestimento de paredes e tetos – Determinação da resistência a compressão – NBR 13279. Rio de Janeiro Associação Brasileira de normas técnicas. Execução de revestimentos de parede e tetos de argamassa inorgânica; Procedimento – NBR7200. Rio de Janeiro, 1998. Associação brasileira de normas técnicas. Revestimentos de paredes e teto de argamassas inorgânicas; Terminologia – NBR 13529. Rio de Janeiro, 1995. Baía, L. L. M. e Sabbatini, F. H. 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Dissertação aprovada como requisito parcial à obtenção de grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Construção Civil – PPGCC, Setor de Tecnologia, da Universidade Federal do Paraná Thomaz, Ércio. et al. Tecnologia, gerenciamento e qualidade na construção. São Paulo : PINI, 2001. ANEXOS Anexo A - Cópia do ensaio NBR 13528 Anexo B – Projeto de Revestimento em Fachada