Bem Viver! 4 coisas 1) É o fim da liberdade (no sentido de “ser livre de obrigações”) “Se é assim que você concebe liberdade – como estar livre das obrigações –, então a transição para a maternidade ou paternidade é um choque estonteante”, escreve Jennifer. “A maioria dos americanos tem liberdade para escolher ou trocar de cônjuges e a classe média tem pelo menos um pouco dessa liberdade para escolher ou trocar de carreira. Mas não podemos escolher ou trocar nossos filhos, nunca. Eles são a última obrigação vinculante numa cultura que não pede quase nenhum outro compromisso permanente”. Portanto, desejos como “pegar o carro e ir para a estrada” se tornam impossíveis depois de ter filhos. O lado bom, diz Jennifer, é reconhecer que 2) O casamento muda e pode dar uma balançada que mudam para sempre quando se tem filhos No livro “Muita Alegria, Pouca Diversão”, a jornalista Jennifer Senior mostra a alegria e a dor de ver a vida se tornar outra com a chegada dos filhos P Gazeta do Povo ara muita gente, ter filhos é uma meta. Como todo sonho, porém, pode haver diferenças entre o que se imagina e a realidade. No livro Muita Alegria, Pouca Diversão (Editora Rocco, 368 páginas, R$ 33,50), a jornalista americana Jennifer Senior mostra que a aventura da paternidade e da maternidade traz consigo esse paradoxo: momentos extremamente felizes e satisfatórios intercalados com o peso da talvez maior responsabilidade que alguém pode assumir na vida. De forma bem-humorada, a escritora buscou fontes variadas para mostrar essa dualidade, usando um tom de reportagem-ensaio. Entre os entrevistados estão historiadores, sociólogos e até economistas. No meio de tudo isso, estão as histórias de gente real que passou por todo tipo de perrengue – e de alegria. Selecionamos trechos do livro que tratam dessas mudanças. Confira ao lado: “Antes de formarem uma família, os parceiros que formam um casal muitas vezes pensam que os filhos aprimoram a união, imaginam que introduzi-los no relacionamento vai dar mais força e motivos para persistir. E casais com filhos são, aliás, muito menos propensos a se divorciar, pelo menos enquanto os filhos são pequenos. Mas também são muito mais propensos ao conflito”, escreve Jennifer. Filhos são mais motivos de discussão do que dinheiro e parentes, dizem estudos. Um motivo é o aumento da carga de trabalho doméstico e da “tensão financeira”. 3) A visão do mundo fica bem mais leve Com a vida adulta, todos passamos a concordar que “com seriedade” é a melhor forma de se resolver tudo. “[Mas] nem todos os e-mails precisam de respostas, às vezes as datas-limite existem mais na nossa cabeça do que na realidade”, avalia a autora. “É espantoso ver que muitos pais e mães (…) falam sobre a alegria que sentem ao poder se livrar de suas inibições de adultos, mesmo que apenas por alguns minutos por dia. Para as mulheres, isso tendia a ser cantar e dançar (…). E houve também o pai que descreveu de forma mais sucinta: ‘eu gosto [de ter meus filhos por perto] porque posso bancar o idiota em público’”. 4) Pais enfrentam ingratidão (principalmente de adolescentes) Os pais modernos cada vez mais colocam os filhos nos centros das suas vidas. Por isso, a chegada da época em que a criança busca autonomia, quer se desvencilhar da família, pode ser dolorida. “Ingratidão é uma das maiores tristezas da criação de filhos (…). E durante a adolescência, essa ingratidão recebe o tempero extra do desprezo. É muita coisa para enfrentar”, descreve Jennifer. O envolvimento dos pais com os filhos não exatamente “os vacina” contra a rejeição, alerta a autora. Especialmente porque os anos anteriores podem ter sido de muita união, e adolescentes estão bem mais preparados a argumentar (e a ferir) do que crianças. “Os pais precisam aprender, por estágios, a ceder o controle físico e a segurança que foi deles um dia”. arte paulo chagas 10 – Santa Maria, sábado e domingo, 26 e 27 de setembro de 2015 MIX