UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE PSICOLOGIA JOICE NASCIMENTO DA SILVA CONTEMPORANEIDADE, FAMÍLIA E ESCOLA: A CONSTRUÇÃO DO FENÔMENO PRESENÇA-AUSÊNCIA FAMILIAR NA APRENDIZAGEM ESCOLAR NA INFÂNCIA BIGUAÇU 2008 JOICE NASCIMENTO DA SILVA CONTEMPORANEIDADE, FAMÍLIA E ESCOLA: A CONSTRUÇÃO DO FENÔMENO PRESENÇA-AUSÊNCIA FAMILIAR NA APRENDIZAGEM ESCOLAR NA INFÂNCIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Psicologia na Universidade do Vale do Itajaí no Curso de Psicologia. Biguaçu 2008 JOICE NASCIMENTO DA SILVA CONTEMPORANEIDADE, FAMÍLIA E ESCOLA: A CONSTRUÇÃO DO FENÔMENO PRESENÇA-AUSÊNCIA FAMILIAR NA APRENDIZAGEM ESCOLAR NA INFÂNCIA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado aprovado, atendendo os requisitos parciais para obter o grau de Bacharel em Psicologia na Universidade do Vale do Itajaí no Curso de Psicologia. Biguaçu, _____ de julho de 2008. Banca Examinadora Prof. ____________________________________ Prof. Msc. Ilma Borges – Orientador. Prof._____________________________________ Prof. Msc. Enis Mazzuco - Membro Prof._____________________________________ Prof. Msc. Mirella Alves de Brito – Membro. IDENTIFICAÇÃO ÁREA DE PESQUISA: Psicologia Educacional e Psicologia Social. TEMA: Contemporaneidade, Família, Escola. TÍTULO DO PROJETO: Contemporaneidade, Família e Escola: a construção do fenômeno presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na infância. ALUNA Nome: Joice Nascimento da Silva Código de Matrícula: 05. 1. 4867 Centro: Centro de Educação da UNIVALI- Biguaçu/ Curso: Psicologia Semestre: 2007/02 ORIENTADORA Nome: Ilma Borges Categoria Profissional: Professora da UNIVALI / Psicóloga Titulação: Mestre em Engenharia de Produção/Área de Concentração em Inteligência Artificial. Curso: Psicologia Centro: CES – Centro de Educação Biguaçu Dedico este trabalho aos meus pais Eduardo e Adelir, pelo imensurável e pelo infinito esforço dedicados a mim, e também a meu namorado Enio Junior pela compreensão, amor e dedicação nesta etapa. AGRADECIMENTOS Considerando que para realização desta monografia houve um longo caminho trilhado, antes mesmo da vida acadêmica, e que este vem sendo auxiliado direta e indiretamente, por várias pessoas importantes para minha formação profissional, bem como pessoal quero desta forma, reservar este momento para agradecer, ainda que de forma bastante singela, a todos que contribuíram para concretização deste trabalho. Não é nada fácil e de certa forma, pode ser até injusto atribuir os agradecimentos a apenas algumas pessoas. Para não cometer nenhuma injustiça, agradeço de antemão a todos que passaram por minha vida e que certamente acrescentaram algo. No entanto, não tem como deixar de destacar algumas pessoas que contribuíram diretamente. Sendo assim, apresento meus sinceros agradecimentos e profunda gratidão. Primeiramente a Deus, pelo dom da vida e pela sabedoria, pois sem isso não chegaria a lugar algum; Aos meus pais Eduardo João da Silva e Adelir Nascimento da Silva, pelo amor incondicional, estímulo, dedicação, já que nunca mediram esforços para que eu chegasse até aqui; Ao meu namorado Enio dos Passos Santos Júnior pela paciência e compreensão, nos momentos que precisei estar ausente e, acima de tudo pelo companheirismo nos momentos de desespero, bem como, os auxílios tecnológicos; A minha irmã Janine Nascimento e ao meu cunhado Gercy Thiezen pela compreensão e apoio nos momentos difíceis; A minha orientadora Ilma Borges, por me instruir tão bem para realizar este trabalho, pela paciência, compreensão, companheirismo e intensa dedicação e, além disso, pela sua ética e seu comprometimento estando atenta a todos os detalhes, pois seu objetivo sempre foi auxiliar-me na vida profissional como um todo e, não simplesmente em meu Trabalho de Conclusão de Curso; As professoras Enis Mazzuco e Mirella de Brito Alves, pela disponibilidade, interesse e contribuições na banca; Aos professores da UNIVALI que me proporcionaram informações e conhecimento para a realização desta monografia; A minha prima Simone Fabro Hasckel pela disponibilidade e compreensão em corrigir meu trabalho, bem como, o carinho cedido neste momento; A minha querida amiga Deysi de Marques Silva Silveira, por também corrigir meu trabalho, assim como, pela disponibilidade de me auxiliar, e acima de tudo me consolar e me dar apoio nas horas que mais precisei; A minha também querida amiga Elizianne dos Santos pela compreensão, pelo ombro amigo nas horas em que precisei e auxílio tecnológico; A minha amiga querida Bruna Steffani por estar sempre ao meu lado e fazer parte de minha trajetória acadêmica; A Elizabeth Gomes Xavier uma grande amiga que tanto me incentiva, me ajuda e conforta; Aos sujeitos de minha pesquisa, que se mostraram muito prestativos; As pessoas de meu serviço pela compreensão, carinho e acima de tudo paciência nos momentos críticos e até mesmo, os que precisei estar ausente; Ao colégio M.C. pelo espaço cedido para realização de minha pesquisa; As minhas amigas de faculdade pela paciência e incentivo prestados a mim neste momento; Aos meus amigos e minhas amigas que souberam compreender minha ausência e pelo carinho; A todos os meus familiares pelo apoio e compreensão; A todos que contribuíram para realização desta monografia, minha sincera gratidão e MUITO OBRIGADA! "A educação é aquilo que sobrevive depois que tudo o que aprendemos foi esquecido." (Burruhs Frederic Skinner) RESUMO Nesta pesquisa que é intitulada por Contemporaneidade, família e escola: a construção do fenômeno presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na infância, destacase as mudanças decorrentes a contemporaneidade, onde família e escola se deparam com exigências de modificações em suas organizações, em especial no que se refere à educação das crianças, já que as mesmas necessitam cada vez mais ficar sob os cuidados de outras pessoas, que não são os pais ou responsáveis por um longo período do dia. Este fator pode repercutir na aprendizagem escolar. A pesquisa teve como objetivo geral analisar a relação entre contemporaneidade, família e escola, assim como, seus benefícios e conseqüências para a definição e compreensão da construção dos fenômenos presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na infância. A amostra foi composta por 03 professoras de uma escola da rede particular da região de São de José que lecionam no 4º e 5º ano do ensino fundamental, 03 mães de crianças que estudam nesta mesma escola, e 03 alunos, filhos das respectivas mães citadas, totalizando, 09 sujeitos de pesquisa. Utilizou-se para a investigação da mesma, o tipo de pesquisa foi qualitativa com recorte exploratório, sendo realizado entrevistas semiestruturadas, questionário sócio-demográfico, com as professoras e as mães e representação gráfica (desenho) com as crianças. Os resultados finais que apontam a importância da presença familiar no processo de aprendizagem servem apenas como meio de reflexão e discussão, visto que a amostra é bastante restrita e desta forma, não é possível fazer generalizações. Palavras chaves: Família, Escola, Contemporaneidade, Educação, Presença, Ausência. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12 1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 14 1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ........................................................................... 15 1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 17 1.3.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 17 1.3.2 Objetivos Específicos........................................................................................... 17 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 18 2.1 A FUNÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA ................................................................... 18 2.2 A FUNÇÃO SOCIAL DA EDUCAÇÃO ................................................................ 21 2.3 A RELAÇÃO FAMÍLIA E EDUCAÇÃO ............................................................... 22 2.4 CARACTERIZAÇÃO DA CONTEMPORANEIDADE......................................... 26 2.5 A INTERAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA NA CONTEMPORANEIDADE28 2.6 PRESENÇA E AUSÊNCIA FAMILIAR NA INFÂNCIA..................................... 30 2.7 DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO INFANTO-JUVENIL........................... 32 3 METODOLOGIA...................................................................................................... 35 3.1 TIPO DE PESQUISA............................................................................................. 35 3.2 AMOSTRA............................................................................................................... 35 3.3 COLETA DE DADOS ............................................................................................. 36 3.4 PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DOS DADOS.................................................. 37 3.5 ASPECTOS ÉTICOS ............................................................................................... 38 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................ 40 4.1 QUESTIONÁRIO SÓCIO-DEMOGRÁFICO E PROFISSIONAL ................. 40 4.1.2 Dados Demográficos ............................................................................................ 40 4.2 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DA ENTREVISTA . 44 4.2.1 Análise da entrevista com as mães ..................................................................... 44 4.2.2 Análise das entrevistas das professoras ................................................................. 55 4.3 ANÁLISE DE CONTEÚDO (DESENHO) .......................................................... 63 4.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...................................................................... 67 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................70 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 733 APÊNDICES ............................................................................................................... 777 APÊNDICE A ............................................................................................................. 788 APÊNDICE B.............................................................................................................. 799 APÊNDICE C ............................................................................................................... 80 ANEXOS ..................................................................................................................... 811 ANEXO A.................................................................................................................... 822 ANEXO B .................................................................................................................... 877 12 1 INTRODUÇÃO O capítulo introdutório tem como perspectiva expor o tema ao longo da pesquisa, estando este relacionado à Contemporaneidade, família e escola: a construção do fenômeno presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na infância. A contemporaneidade exige uma reorganização da família em função das novas relações de trabalho, que por sua vez, ocupam tanto pai como mãe e responsáveis, levando esses a ausentarem-se por um tempo considerável de seus lares. Isso provoca uma nova dinâmica familiar, de forma que pais e filhos acabam tendo tempo restrito para a convivência. Em virtude disso, a pesquisa levanta questões que contemplam contemporaneidade, família e escola em relação à construção do fenômeno presençaausência familiar e suas conseqüências na aprendizagem escolar na infância. O envolvimento dos pais na vida escolar é um tema bastante discutido na literatura atual. Considera-se que os pais que se envolvem seja auxiliando na tarefa de casa, levando à escola, participando de reuniões, os filhos têm maior propensão a ter melhores resultados em seu processo de escolarização e, ainda tendem a envolver-se mais no processo. Mas, sabe-se que devido o tempo escasso por causa do trabalho fora de casa, em meio à era capitalista, a realidade das maiorias das famílias não consiste em poder oferecer disponibilidade de tempo em dedicar-se nas tarefas escolares junto com os filhos. Evidentemente não por falta de vontade, mas a situação atual os impede. É importante ressaltar que não está se afirmando aqui que presença familiar seja sinônimo de sucesso escolar, pois é plenamente possível alcançá-lo independentemente do auxílio familiar. No entanto, reflete-se sobre as possíveis conseqüências que a ausência familiar pode provocar na vida da criança. ORSI (2003: 68) releva a essa questão ao falar que “Acredita-se que o ambiente familiar estável e afetivo contribui positivamente para o bom desempenho da criança na escola, embora não garanta o seu sucesso, uma vez que este, depende de outros fatores que não exclusivamente os familiares.” Assim sendo, o capítulo I introdutório compreende: a justificativa, na qual se especificou a relevância desta pesquisa, a problemática que contemplou o problema de pesquisa e os objetivos gerais e específicos que norteiam esta investigação. O capítulo II envolve a fundamentação teórica que abrange os conceitos de: a função social da família, a função social da educação, a relação família e educação, 13 caracterização da contemporaneidade, a interação entre família e escola na contemporaneidade, significado do termo presença-ausência e desenvolvimento psicológico infanto-juvenil. O capítulo III compreende a metodologia utilizada na execução da pesquisa, a qual menciona o tipo de pesquisa, a amostra, os instrumentos utilizados na coleta dos dados, a técnica de análise de dados e os procedimentos éticos. O capítulo IV contempla a apresentação e a discussão dos resultados e no capítulo V as considerações finais. 14 1.1 JUSTIFICATIVA A pesquisa tem como relevância social o fato da pesquisadora encontrar-se na posição de acadêmica e concomitantemente de educadora, podendo dessa forma, visualizar na prática de maneira mais direta as questões da contemporaneidade, quando as mesmas encontram-se atreladas ao processo familiar-escolar. Por sua vez, a pesquisa pretende contribuir com elementos científicos para que as instituições escolares e familiares reflitam sobre o mundo contemporâneo e os aspectos vinculados a ele, tais como, a construção do fenômeno presença-ausência familiar e suas implicações, bem como as conseqüências dentro de suas dinâmicas. Como relevância social apresenta-se a observação crescente da mudança no modo de organização das famílias atuais. Estas têm, cada vez menos tempo para compartir as tristezas, alegrias e vivências do cotidiano. A economia, o mundo globalizado e a tecnologia trouxeram e, continuam trazendo subsídios de valor significativo para a modificação da sociedade, seus aspectos positivos são incalculáveis. No entanto, o possível afastamento das famílias devido a essas transformações, pode de certa forma, causar desestruturação familiar. Com a contemporaneidade as famílias se deparam com uma nova dinâmica familiar, passando cada vez menos tempo junto, podendo repercutir assim, na educação dos filhos, já que esses têm permanecido cada vez mais na escola ou, mesmo com outras pessoas que não os pais ou responsáveis. Isso instiga a pesquisa nessa área, já que é um fator bastante relevante na época em que vivemos. O educador, em virtude da contemporaneidade, às vezes, convive muito mais tempo com a criança do que os próprios pais ou responsáveis. Para a função de educador não basta mais ser um mero aplicador de técnicas, regras e conhecimento. É necessário estar muito, além disso. As escolas precisam propiciar cuidados psicológicos, e não apenas pedagógicos. Como relevância científica ressalta-se a questão que escola e família em virtude da contemporaneidade encontram-se dirigidas por uma nova dinâmica e, por esse motivo hoje, mais do que nunca, ambas necessitam de um olhar especial da Psicologia. A todo momento o psicólogo é chamado para atender questões que envolvem as mudanças contemporâneas da família e da escola, bem como, as implicações dessa 15 relação para a aprendizagem escolar na infância. Abre-se assim, um vasto caminho para a atuação da Psicologia nessa área, pois dentro da instituição escolar o psicólogo é incumbido de possibilitar e articular mudanças nesse espaço, atuando como mediador entre a escola e a família no pensar sobre o que é melhor para a aprendizagem da criança. Dessa forma como evidencia (NOVAES, 1999: 100) o trabalho do psicólogo consiste em: Trazer experiências inovadoras e criativas que pontuem não só os avanços tecnológicos científicos, como de sua atuação profissional, envolvendo tanto a escola, como, a família, a universidade e as comunidades em serviços de prevenção, sem ficar apenas ligado aos aspectos individualizados, patológicos e de cunho remediativo. Assim, tendo em vista o acima exposto, o psicólogo na contemporaneidade deve focar seu olhar a questões atreladas à promoção e prevenção da saúde, não cabendo mais a ele apenas apontar e curar patologias. 1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA Com a contemporaneidade as famílias se deparam com novas exigências em sua dinâmica existencial, onde a mãe não é incumbida apenas pela organização do lar e criação dos filhos, já que a mesma divide diretamente com o pai a responsabilidade do sustento da casa e, às vezes, é ela quem executa essa função sozinha. Mas, não foram apenas as funções de ser mãe que mudaram. O pai também assume hoje, nova postura, que antes não era tida como sua. Como auxiliar na criação dos filhos, ou fazê-la sozinho, ou seja, levá-los à escola, dar comida, banho e até mesmo realizar as tarefas domésticas. Isso tende a repercutir na educação das crianças, já que essas estão cada vez mais, passando seus dias longe dos pais ou responsáveis. Muitas só têm oportunidade de estar na companhia dos filhos ao fim do dia e, em alguns casos isso não acontece. Em decorrência desse possível afastamento familiar observa-se um número crescente de crianças e jovens que apresentam dificuldades no processo de ensino-aprendizagem, aceitação e convivência com os limites impostos pela sociedade e até no seu projeto de vida. 16 É cada vez mais comum crianças permaneceram o dia inteiro na escola ou no convívio com outras pessoas, como avós, cuidadores, babás, enquanto os pais ou responsáveis estão fora para garantir o sustento da casa. Em virtude disso, as escolas têm que estar ainda mais preparadas para atender essas crianças, pois hoje não cabe mais a elas somente transmitir o conhecimento e sim fazer parte diretamente da complexidade que é a aprendizagem. A escola e a família devem caminhar juntas no processo de aprendizagem, pois o mesmo, não se esgota no âmbito familiar, nem tão pouco dentro da sala de aula. A escola por sua vez, torna-se um meio ecológico no que diz respeito à aprendizagem, pois depende de outras influências para poder concretizar seu trabalho. As instituições escolares que transmitem o ensino obrigatório, como quaisquer outras, são meios ecológicos de socialização especializada, cuja influência é complementada pela de outros ambientes: família, o grupo de iguais, os meios de comunicação, etc. A educação no sentido amplo não se esgota na sala de aula, e sim é a soma da concorrência de todos esses âmbitos socializadores. Por isso, devemos partir da idéia de que a responsabilidade de defender um determinado projeto educativo deve comprometer a todos os agentes que incidem sobre os sujeitos, agindo em uma mesma direção. (SACRISTÁN, 2001: 50) Devido a isso, hoje já pensa-se em escola em tempo integral. Essa consiste em considerar o sujeito em toda sua dimensão, não estando vinculada apenas aos aspectos cognitivos, requerendo assim, a compreensão de todo o processo biopsicossocial. Segundo Gonçalves (2006) a escola em tempo integral é assegurada pela Lei 9.394, de acordo com o dispositivo legal que estabelece diretrizes e bases da educação nacional, determinando em seu Artigo 34, Parágrafo Segundo: Artigo 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola. [...] § 2º. O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino. (GONÇALVES, 2006: 02) A família atual, frente à diversidade que a mesma enfrenta, se constitui em uma nova forma de organização que é fruto da contemporaneidade. Tal aspecto também se reflete na relação com outras instituições sociais, como é o caso da escola. Por isso, pretende-se com essa pesquisa investigar: Quais são as influências da relação entre 17 contemporaneidade, família e escola com a construção do fenômeno presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na infância? 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 OBJETIVO GERAL Analisar a relação entre contemporaneidade, família e escola, assim como, seus benefícios e conseqüências para a definição e compreensão da construção dos fenômenos presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na infância. 1.3.2 Objetivos Específicos I. Resgatar historicamente do ponto de vista teórico a partir da contemporaneidade a relação entre escola e família e suas influências na aprendizagem escolar na infância; II. Caracterizar algumas conseqüências do mundo contemporâneo para a aprendizagem escolar infantil; III. Definir os termos presença e ausência familiar a partir do fenômeno psicológico; IV. Identificar alguns fatores que caracterizam o fenômeno presença-ausência familiar dentro do contexto escolar; V. Contribuir com subsídios científicos na compreensão do fenômeno presençaausência familiar e suas implicações para a aprendizagem escolar a partir do mundo contemporâneo possibilitando informações que auxiliem pais e educadores no sentido de capacitarem-se para o enfrentamento de tal processo de forma reflexiva e competente. 18 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Para o capítulo denominado revisão bibliográfica, desenvolveu-se uma discussão teórica com enfoque conceitual sobre os principais tópicos que norteiam o presente Trabalho de Conclusão de Curso, intitulado “Contemporaneidade, família e escola: a construção do fenômeno presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na infância”, sendo abordadas as seguintes definições: a função social da família, a função social da educação, a relação família e educação, caracterização da contemporaneidade, a interação entre família e escola na contemporaneidade, significado do termo presençaausência e desenvolvimento psicológico infanto-juvenil. 2.1 A FUNÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA Conforme Reis (1985), a família exerce função primordial na constituição do indivíduo, ela é responsável pela mediação da relação indivíduo/sociedade, e ainda é a primeira identidade social do indivíduo. A referência de família em discussão é a burguesa classicamente formada por pai, mãe e filhos, no entanto, entende-se ainda que, essa encontra-se em movimento constante, sendo alvo das ciências sociais, pois ao mesmo tempo em que se mantém historicamente, vem sofrendo mudanças expressivas em suas configurações. Por outro lado, tem chamado atenção dos cientistas, pois, ao mesmo que, sob alguns aspectos, matem-se inalterada, apresenta uma gama de mudanças. É comum ouvirmos referências à “crise familiar”, “conflito de gerações”, “morte na família”. Ela também suscita polêmicas: para alguns, família é a base da sociedade e garantia de uma vida social equilibrada, célula sagrada que deve ser mantida intocável a qualquer custo. Para outros, a instituição familiar deve ser combatida, pois representa um entrave ao desenvolvimento social; é algo exclusivamente nocivo, é o local onde as neuroses são fabricadas e onde se exerce a mais implacável dominação sobre crianças e mulheres. (REIS, 1985: 99). Para Reis (1985), a família tem três importâncias fundamentais. A primeira é que família não é algo biológico e natural, mas sim, uma instituição criada pela vontade 19 do homem para satisfazer sua necessidade social. A segunda diz respeito à necessidade da reprodução, no entanto, isso não quer dizer que exista uma determinada forma, ou exemplo específico de família, e sim que a reprodução é uma das características mais marcantes da constituição da família. E o terceiro, é a reprodução ideológica. A família espera que os indivíduos educados em sua instituição possam continuar biologicamente e socialmente sua estrutura familiar. De acordo com Ariès (1981) a família sempre ocupou papel relevante na formação do indivíduo. Porém, a partir do século XVII vem sofrendo alterações em sua constituição, em especial no que se refere ao vínculo afetivo, bem como, o papel exercido nesse contexto. Até então, a família reportava-se comumente ao preparo para o trabalho, para formação da vida adulta e foi a partir dessa data, que começaram as preocupações com a educação de forma menos centrada ao trabalho. A família deixou de ser apenas uma instituição do direito privado para a transmissão dos bens e do nome, e assumiu uma função moral e espiritual, passando a formar os corpos e as almas. Entre a geração física e a instituição jurídica existia um hiato, que a educação iria preencher. O cuidado dispensado às crianças passou a inspirar sentimentos novos, uma afetividade nova que a iconografia do século XVII exprimiu com insistência e gosto: o sentimento moderno da família. Os pais não se contentavam mais em pôr filhos no mundo, em estabelecer apenas alguns deles, desinteressando-se dos outros. (ARIÈS, 1981: 277) Segundo Szymanski (2003) o conceito de família também vem sendo reformulado gradativamente. Por muito tempo pensava-se que família era um grupo de pessoas constituídas por pai, mãe e filhos. Essa idéia perpetuou-se por muito tempo. “... a família que se está visualizando é composta por pai, mãe e algumas crianças morando numa casa. Essa imagem corresponde a um modelo, que é o da família nuclear burguesa.” (SZYMANSKI, 2003:23) Mas, com o tempo as famílias foram esquecendo suas origens aristocráticas e burguesas. Dessa forma, foram deixando de lado as crenças, valores e normas estabelecidas pelas mesmas. A família passa a se constituir então, de modos de organizações diferenciados. “Cada família circula num modo particular de emocionarse, criando uma cultura familiar própria, com seus códigos, com uma sintaxe própria para comunicar-se e interpretar comunicações, com suas regras, ritos e jogos.” (SZYMANSKI, 2003:25) 20 Hoje as famílias se organizam de modo geral, no sentido de vivenciarem suas experiências em uma estrutura de certa forma ainda hierarquizada, no entanto, com uma proposta bastante diversificada onde, existe uma afetividade duradoura que consiste numa relação de cuidado dos adultos para com as crianças e idosos que aparecem envolvidos nesse contexto familiar. Assim, as pessoas que convivem numa ligação afetiva podem ser um homem e uma mulher e filhos biológicos, ou uma mulher, sua afilhada e um filho adotivo, ou qualquer outro arranjo. “Duradouro” não significa “definitivo, e as emoções envolvidas numa relação que pode vir a terminar, são diferentes daquelas que emergem em situações definidas como definitivas. Relação de cuidados pode significar um compromisso em que todos estão envolvidos, e, com possibilidade de mudança de protagonistas na estrutura de família, cessa a especialização de funções.” (SZYMANSKI, 2003:26) O mundo familiar encontra-se num determinado momento em que seu significado e compreensão tornam-se subjetivos, pois cada família mostra-se numa variedade de formas de organização, com características, costumes, crenças, práticas e valores muito próprios. Conforme Sarti (2003), a família contemporânea vivencia mudanças expressivas da perda da tradição familiar, onde o casamento, a família, sexualidade e trabalho, passam por um processo de redimensionamento de valores, cujo individualismo passa a ocupar um lugar significativo adquirindo importância social. A afirmação da individualidade sintetiza o sentido das mudanças atuais, o que tem implicações evidentes nas relações familiares, fundadas no princípio da reciprocidade e da hierarquia. Este processo foi impulsionado basicamente pelas mulheres, a partir de um fato histórico fundamental: a possibilidade de controle da reprodução que permitiu à mulher a reformulação do seu lugar na esfera privada e sua participação na esfera pública. (SARTI, 2003:43) Isso vem ao encontro com o mencionado por Orsi e Yaegashi (2003) que relevam que na cultura atual existe uma considerável crise de valores que acabam interferindo de certa forma, no comportamento humano, bem como, em suas relações interpessoais e, em toda sua vida em sociedade. Essas alterações nos valores, dificultam o reconhecimento de referenciais que norteiam a família, refletindo desse modo, na maneira de educar os filhos e na vida em sociedade. Costa (2004), faz um apanhado das recentes informações sobre as famílias brasileiras, bem como, a nova dinâmica que rege o convívio familiar em detrimento da 21 contemporaneidade, em síntese ela mostra que grande parte da população é mantida e chefiada pelos domínios femininos. Essa informação não é tão nova, tão pouco característica apenas da época em que vivemos, porém mostra-se de forma mais complexa do que o período colonial, onde foi iniciado o trabalho feminino como relatam os historiadores. O fenômeno contemporâneo que demarca a mulher no âmbito do trabalho vai além de sua inserção no mercado, perpassa também as questões da adesão a novos modelos de família, gravidez precoce, e acima de tudo a dissolução dos casamentos, deixando cada vez mais evidente não só a importância do trabalho na vida da mulher, assim como, a necessidade e em muitos casos, o único meio de sustento a família. Isso nos remete a pensar na reformulação do contexto familiar e no que pode repercutir no processo escolar dos filhos que convivem cada vez menos com seus cuidadores por conseqüência dessa reestrutura familiar. 2.2 A FUNÇÃO SOCIAL DA EDUCAÇÃO De acordo com Orsi e Yaegashi (2003), a família ainda assume o papel principal na educação das crianças, cabendo a ela além do cuidado e preservação da vida, a educação que consiste na transmissão de valores, próprios de cada cultura, sendo fundamentais para o convívio em sociedade. Além disso, é incumbida pela formação da identidade, oferecendo modelos de identificação, e suprindo as necessidades que uma criança exige. No entanto, não é possível mais delegar somente à família a função da educação, bem como, da aprendizagem. A religião, a sociedade, e principalmente a escola ocupam lugar significativo no processo de aprendizagem. Assim como a família, também são responsáveis para formação do eu, transmissão de conhecimentos, valores e preceitos morais. A função social da educação, seja ela em qual âmbito estiver é de preparar o sujeito para vida em sociedade, de modo que proporcione a aprendizagem, dando base para que a mesma aconteça. Por outro lado Freire (1983) ao falar de educação menciona que o homem é o sujeito da sua própria educação, e esta só acontece porquê, o homem é um ser inacabado e sabe disso, somando aprendizagens em cada ação, e por este motivo, questiona-se. “A 22 educação, portanto, implica uma busca realizada por um sujeito que é o homem. O homem deve ser o sujeito de sua própria educação. Não pode ser o objeto dela. Por isso ninguém educa ninguém”. (FREIRE, 1983: 28). O que Freire quer dizer não é que a família, em especial os pais ou responsáveis, bem como, outras instituições, não tenham importância na educação das crianças apenas refere-se que não deve-se desejar mais do que as próprias crianças desejam, ou seja, fazer planos e idealizações impossíveis de serem cumpridas por elas. “... Eu não posso pretender que meu filho seja mais em minha busca e não na dele”. (FREIRE, 1983: 28 ) A educação deve ser um processo contínuo, pois todo momento vivenciamos situações diferentes, agregando assim, experiências e conhecimentos, ou seja, novas aprendizagens, dando continuidade ao nosso processo de educação. “A educação tem caráter permanente. Não há seres educados e não educados. Estamos todos nos educando. Existem graus de educação, mas estes não são absolutos”. (FREIRE, 1983: 28) Segundo Kostiuk (1991) o desenvolvimento é concretizado a partir da interação entre ambiente natural e social, e é através da educação que será dirigido esta interação, ou seja, o educador, seja ele os pais ou responsáveis, a escola, ou quem está assumindo esse papel, irá mediar a criança nesse processo, através da transmissão de conhecimento, de cultura, desenvolvimento de concepções sociais e normas de comportamento moral. O ensino, não pode se limitar em transmitir conhecimentos, deve-se ir além disso. Talvez uma das tarefas mais importantes para quem educa uma criança, seja o desenvolvimento da capacidade de analisar e generalizar os fenômenos da realidade, sendo assim, o raciocínio lógico, pois, pais ou responsáveis, professores e outras instituições, educam não só para o presente, mas também para o futuro, para que essa criança possa mais tarde tomar suas próprias decisões. 2.3 A RELAÇÃO FAMÍLIA E EDUCAÇÃO De acordo com Enguita (1989) desde o início da constituição da nossa história o ser humano vem sendo educado e preparado, já quando criança para a vida adulta, mais precisamente para a vida produtiva, ou seja, o trabalho. Para a sociedade o que importa é formar cidadãos produtivos que possam trazer lucro. “Sempre existiu processo 23 preparatório para integração nas relações sociais de produção, e com freqüência, alguma outra instituição que não a própria produção em que se efetuou esse processo”. (ENGUITA, 1989:105) Na sociedade primitiva o preparo para produção era baseado nos jogos de fratrias, que constituía nas brincadeiras infantis entre irmãos com simulações de lutas, onde repetiam o comportamento dos adultos, e assim aprendiam a maneira correta para lutar e ser futuramente, um guerreiro provedor do sustento. Na Roma arcaica, mas precisamente na sociedade camponesa, os filhos acompanhavam os pais no decorrer de seus trabalhos, dessa forma enquanto observavam já aprendiam como teriam que fazer futuramente. Enquanto isso, as filhas ajudavam as mães nas tarefas domésticas. Eles valorizavam muito o conhecimento passado de pai para filho, e acreditavam que a escola não podia ir além dos ensinamentos religiosos e políticos. Na Idade Média tinha-se a crença que a família era a melhor instituição para o preparo para o trabalho, no entanto, praticavam a troca de filhos entre as famílias, por pensar que o afeto poderia interferir no processo de educar. O aprendiz estava subordinado a servir seu mestre nas tarefas do ofício, bem como nas domésticas. Sendo assim, além de prepará-lo para as técnicas do trabalho, era preciso também ensiná-lo a comer, vestir-se, oferecer formação religiosa e moral, além de ensinamentos literários. A preocupação até aquele momento nada mais era do que a aprendizagem das relações sociais de produção. Não havia então, ruptura entre o mundo familiar e o mundo do trabalho. No final da Idade Média com a Revolução Industrial houve a necessidade de redimensionamento da identidade social, devido a forte influência da indústria no desenvolvimento da sociedade, mais precisamente na economia. Havia nessa época, algo a mais que nobres, artesãos e camponeses, existia agora a indústria, que faria parte então, do modo de sobrevivência da sociedade. Assim, não era necessário mais homens guerreiros, mas sim, de trabalhadores especializados com utilidade na indústria. Na mesma época, surge o orfanato para crianças abandonadas ou de famílias pobres, onde os empresários se propunham a cuidar de crianças que não tinham onde ficar, com o intuito de preparar as mesmas para serem bons trabalhadores, visando somente o lucro. As crianças passaram a ser vistas com muito interesse pelos industriais. “Entretanto, foi o desenvolvimento das manufaturas que converteu definitivamente as crianças na guloseima mais cobiçada pelos industriais: diretamente, como mão-de-obra barata, e 24 indiretamente, como futura mão-de-obra necessitada de disciplina”. (ENGUITA, 1989: 109) Mas, não eram somente as crianças que eram recolhidas das ruas, para os adultos marginalizados surgem, na mesma época as workhouses, que funcionavam como uma espécie de asilo para adulto, e tinham os mesmos objetivos dos internatos infantis. Segundo Passetti (2001) a sociedade Moderna tinha como seu maior propósito o corpo saudável, o corpo ideal para o trabalho, para produção em massa. A maior exigência dessa época era a disciplina, sustentada pela soberania de quem estava no poder. Tinha-se como prioridade a ordem através do disciplinamento. Assim, como o próprio autor diz: “Devem ser corpos educados para responder ao que se espera deles numa fusão mecânica. Suas energias políticas devem ser absorvidas e quando isto não ocorrer, seguramente, antes de transferir-se para a revolta, elas devem ser recicladas na violência doméstica.” (PASSETTI, 2001:31) As escolas que existiam na época tinham perspectiva de anular as diferenças, onde todos deveriam ser iguais, com a mesma capacidade e desempenho. Era a busca pelo pensamento exclusivamente único. No mundo moderno, obedecer sempre foi a atitude esperada por todos os soberanos envolvidos nas redes de poderes. O pátrio poder, portanto, nada mais é do que a expressão da tolerância com o uso da força física pelos pais para obter a obediência dos filhos. Faz parte do duplo efeito da obediência: servir como súdito ao governante e fazer do outro seu súdito. É a exigência da transformação do outro no UM, no supostamente igual, e daí decorre que só é verdadeiro quem se parecer com o UM. (PASSETTI, 2001:30) A sociedade moderna vai abrindo espaço para a sociedade contemporânea. Essa não tem como objetivo a disciplina, mas sim o controle da mente através do corpo, surge assim, a sociedade do controle, onde os corpos saudáveis não têm mais prioridade no âmbito do trabalho, o corpo é valorizado agora, em outros sentidos, tais como; para a estética, busca pela auto-estima, etc. O que importa agora é manter a mente ocupada, com várias atividades que possam ser canalizadas para a produtividade tecnológica e virtual. O individualismo rouba espaço e o que é primordial agora é mente saudável para o trabalho. Rey (2004) menciona a importância da família na contemporaneidade ao afirmar que ela é responsável pela produção subjetiva, ou seja, da subjetividade da criança e 25 sendo assim, “... é o elemento fundamental na promoção da saúde humana, pois nela se forma a personalidade dos mais novos e se desenvolve permanentemente a dos mais velhos.” (REY, 2004:30). É no sistema familiar que a criança começa a expressar seus afetos e a formar seus sentimentos, através dos relacionamentos que ali estabelecem, iniciando dessa forma, o desenvolvimento da vida emocional. É a partir daí que ela começa a ter a sensibilidade de perdoar, de respeitar e de amar. A falta de afeto, agressão e a indiferença, bem como a comunicação de duplo vínculo e outras deformações dos relacionamentos humanos são extremamente prejudiciais para o desenvolvimento afetivo da criança. Tudo isso pode gerar agressividade, timidez e múltiplos transtornos para o comportamento infantil. (REY, 2004: 30) Na sociedade contemporânea os valores foram deixados um pouco de lado, as famílias já não são mais tão rígidas com a educação dos filhos, no entanto, os pais continuam sim, sendo o primeiro modelo de identificação, o qual os filhos se espelham e aprendem comportamentos que podem repercutir no futuro. Conforme Novaes (1999) a família está vinculada a revisão de valores devido a contemporaneidade que está tomava por novos conceitos, atitudes e maneira de pensar. A globalização é ponto importante para os acontecimentos da era a qual estamos vivenciando. Em conseqüência aos novos valores, temos os conflitos provenientes da quebra dos mesmos, assim como, a reconstrução de uma identidade social perdida. Ainda pode-se pensar no quanto está se perdendo o foco na cultura que consiste na transgressão das normas, no aumento da violência, bem como, da fome, pobreza e o consumo de drogas, a falta de valores éticos e morais, que exige uma redimensão em todos as âmbitos das relações sociais. Contudo, inevitavelmente isso tem a refletir também nas escolas que sofrem com os acontecimentos contemporâneos advindos desses desvios de valores antes tão preservados. A dimensão que isso pode tomar é preocupante já que, infelizmente tende a atingir o processo de ensino-aprendizagem, pois a partir do momento que novos valores estão cada vez mais evidentes no âmbito escolar é quase impossível que não tenha nenhuma conseqüência diante desse fato. Evidentemente, não pode-se dizer que a contemporaneidade esteja atrelada apenas a aspectos negativos, a evolução tecnológica, por exemplo, traz consigo subsídios de extrema relevância para a vida humana, no 26 entanto, deve-se pensar como fica a educação em meio a tantas reformulações de conceitos e valores e, qual proporção pode tomar. 2.4 CARACTERIZAÇÃO DA CONTEMPORANEIDADE Segundo Grinspun e Azevedo (2001), a Idade Contemporânea caracteriza-se pelas expressivas mudanças decorrentes do avanço científico e tecnológico, onde o homem ganha um novo significado, deixa de ser entendido como indivíduo com suas características pessoais para ser pensado como um sujeito que agora, mais do que nunca assume um papel social, por encontrar-se atrelado a outros eventos sociais, não mais, o pai trabalhando, a mãe em casa cuidando de seus afazeres domésticos e cuidando dos filhos. É a época da subjetividade que é definida por Grinspun e Azevedo, como: No século XX, tanto nas ciências sociais quanto nas ciências físicas e naturais, começou a surgir a tentativa da valorização da autonomia e de uma subjetividade que ligasse, unisse ao objeto da ciência. Aparece, então no cenário da modernidade, a subjetividade como eixo articulador da mesma, devendo ser entendida como a questão do sujeito numa perspectiva social, cultural, portanto coletiva. O sujeito deixa de ser visto, apenas, como o indivíduo com determinadas características pessoais para assumir o papel do sujeito, fruto de uma cultura, de um espaço, de um momento histórico-social. (GRINSPUN E AZEVEDO, 2001: 2) O homem começa a ocupar um novo espaço, esse não mais apenas produto do meio o qual está inserido, mas exerce função de produtor. Ele agora pensa, cria e questiona as modificações decorrentes do avanço tecnológico. Isso vem ao encontro com o mencionado por Grisci (1999), que refere-se à época atual, como, o momento que é marcado pelas modificações no âmbito do trabalho, sendo que este, não é mais função destinada apenas ao homem, mas também a mulher, que fica parte do seu dia fora de casa, em virtude do trabalho. Mas, as mudanças não foram somente nesse sentido, o mundo contemporâneo é marcado pelo crescimento dos setores de trabalho, sendo que este não está mais limitado somente à indústria, a partir daí, há um grande aumento nos serviços temporário e informal. Outra característica importante é o capitalismo que se configura pelo consumismo, competitividade, lucro, aumento do ritmo de trabalho, e conseqüentemente, causa o desemprego, a precarização no mercado de trabalho e a má qualidade de vida, decorrente dessa nova dinâmica. 27 Segundo Nicolaci-da-Costa (2004), a pós-modernidade ou a contemporaneidade, evidencia características bastante relevantes para que possamos entender os acontecimentos da era a qual vivemos, são eles: objetividade, sistemas únicos de leitura, hierarquia, ordem, progresso, tempo escasso, globalização, ênfase na comunicação eletrônica, entre outros. Em detrimento disso, pode-se fazer uma leitura da fragilidade que demarca as relações sociais em virtude da contemporaneidade que são regidas por um certo afastamento das pessoas, menos tempo para o convívio em família, assim como, para a criação dos filhos. Woodward (2000) ressalta as transformações sociais decorrentes do processo de globalização, devido ao capitalismo, como característica marcante da contemporaneidade, e menciona que toda essa mudança pode causar uma crise de identidade social, em virtude das mudanças no hábito de vida das pessoas. A globalização, entretanto, produz diferentes resultados em termos de identidade. A homogeneidade cultural promovida pelo mercado global pode levar ao distanciamento da identidade relativamente à comunidade e à cultura local. De forma alternativa, pode levar a uma resistência que pode fortalecer e reafirmar algumas identidades nacionais e locais ou levar ao surgimento de novas posições de identidade. (WOODWARD, 2000: 21) Outra marca da contemporaneidade é a tecnologia, pautada pela rapidez das informações e o imediatismo das formas de se obter o saber. E, em virtude de todas essas mudanças, que alteram a maneira de pensar, agir, os costumes e valores de cada sujeito, conseqüentemente, a construção da subjetividade, passa por transformações e apresenta significações diferentes, como a própria autora Grisci conceitua: Diante disso, já é possível se notar a pertinência contida na verificação de novas formas de subjetivação utilizadas pelo capital, no sentido de produzir trabalhadores que correspondam aos novos modos de trabalhar e de se relacionar, já que pode ser considerado como uma categoria central em suas vidas. (GRISCI, 1999:100) Fonseca (2004) destaca as mudanças na estruturação familiar, esta como já foi mencionada por outros autores não é mais formada por pai, mãe e filhos, tendo agora, novos arranjos, que permitem novas organizações, tais como, uma mãe que cria seus filhos sem a companhia de um cônjuge, entre outras formas. Essas mudanças são envolvidas pelas transformações da contemporaneidade que não exige mais, de forma 28 tão rígida, uma estrutura familiar constituída conforme, as épocas anteriores. Também faz menção que o afeto aparece fortemente na época atual, dentro do contexto familiar, que até então, não era relevado. Os filhos encarados na época pré-moderna como mão-de-obra para empresa familiar, segurança na velhice ou meio de perpetuação da linguagem, passam a possuir um valor preferencialmente afetivo. Da mesma forma, o amor romântico torna a caracterizar o matrimônio ideal, ditando a necessidade da “livre escolha” do cônjuge. Aqui o valor central não é linguagem ou nome da família, a serem protegidos a qualquer custo, mediante o sacrifício, quando necessário, dos membros, mas a felicidade dos indivíduos. (FONSECA, 2004:59) E assim, pode-se caracterizar a sociedade contemporânea, pela época que o indivíduo se constitui através das redes de inter-relações sociais, onde cada um ocupa um papel fundamental na realização e continuação da mesma, significando a reconfiguração do novo papel que o homem assume quanto à nova forma de trabalho, da organização da família, bem como suas relações sociais. (GRINSPUN E AZEVEDO, 2001). 2.5 A INTERAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA NA CONTEMPORANEIDADE Conforme Pequeno (2001) a família contemporânea vivencia novos modos de organização, decorrentes das mudanças ocorridas no plano sócio-político-econômico relacionadas ao processo de globalização da economia capitalista que permitem modificações na estrutura familiar, flexibilizando de certa forma, o padrão tradicional de organização que se mantinha até o momento. As mudanças mais pertinentes na dinâmica familiar são: a diminuição na quantidade de filhos, devido ao acesso aos métodos contraceptivos; redução do número de casamentos e aumento de pessoas vivendo sozinhas; aumento de famílias com menor número de pessoas e sendo chefiadas por uma só pessoa, em especial por mulheres que por sua conquista no mercado de trabalho, possibilita esse novo funcionamento. Mas, apesar de todas essas mudanças no âmbito familiar é indiscutível o papel social da família no processo de aprendizagem da criança, é com a família que esta, 29 desenvolve seus primeiros conhecimentos e adquirem valores, crenças e costumes que poderão levar para toda vida, e talvez direcioná-los em suas atitudes. Até a entrada da criança na escola a família é muitas vezes o único modelo de identificação. Ao iniciar a vida escolar, ela se depara com novos conhecimentos e valores que devem ser uma continuidade com os já adquiridos com a família. Para que seja de fato uma continuação de valores e crenças, escola e família, devem caminhar juntas no processo de aprendizagem, sendo esse talvez, o maior desafio e diferencial da contemporaneidade em relação às épocas anteriores. Devido às reorganizações nos âmbitos escolares e familiares é cada vez mais evidente a busca por interação entre família e escola, no que diz respeito à aprendizagem da criança. A própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96), ressalta esses propósitos em seus artigos 1º, 2º, 6º e 12º, que afirmam: Plano Nacional de Educação (aprovado pela Lei nº 10172/2007), que define como uma de suas diretrizes a implantação de conselhos escolares e outras formas de participação da comunidade escolar (composta também pela família) e local na melhoria do funcionamento das instituições de educação e no enriquecimento das oportunidades educativas e dos recursos pedagógicos. E não podemos deixar de registrar a recente iniciativa do MEC que instituiu a data de 24 de abril como o Dia Nacional da Família na Escola. Neste, todas as escolas deveriam convidar os familiares dos alunos para participar de suas atividades educativas, pois conforme declaração do Ministro Paulo Renato Souza "quando os pais se envolvem na educação dos filhos, eles aprendem mais". (PEQUENO, 2001: 05) Segundo Bollman (2001), a criança adquire seus primeiros conhecimentos com os pais ou responsáveis, iniciando dessa forma seu processo de ensino-aprendizagem, através de repetições de gestos, falas e comportamentos. Isso prossegue até o início da vida escolar onde a criança aumentará seus conhecimentos na escola. Considerando que a escola deverá ser então, a extensão e ampliação dos ensinamentos adquiridos na família, bem como, vários outros que não havia tido até então, já que a escola proporciona ensinamentos distintos das outras instituições, inclusive, a familiar, mas ainda assim, é importante que haja interação entre esses dois pólos. A escola deve tentar funcionar como extensão da família. Para que isso aconteça de forma fluente, deve ocorrer participação dos pais na escola, interagindo ativamente, para que ambas, falem a mesma linguagem, facilitando e potencializando dessa maneira, a aprendizagem na fase infantil. Cabe a escola no momento da interação com os pais, deixar claro sua metodologia, filosofia, regras e valores, e sempre que possível tentar adequá-los com a realidade da família ao qual deseja atender. 30 É importante que a escola reserve um espaço, talvez no início do ano escolar, para um contato mais individualizado com a família, procurando desta forma, obter informações que sejam relevantes sobre a criança, tais como, hábitos, doenças, números de irmãos, situação sócio-econômica entre outros, para que possa atender de forma mais eficaz as necessidades da mesma. Isso vem ao encontro com o referido por Rey (2004), ao falar que a escola é uma instituição social cujo indivíduo contemporâneo vivencia quase toda sua infância, bem como, a juventude, sendo assim, deve tentar dar continuidade à educação e aprendizagem iniciada pela família. “A escola é responsável por continuar e complementar, permanentemente, a educação recebida pela criança no meio familiar, devendo, em muitos casos, compensar importantes deficiências deixadas pela educação familiar”. (REY, 2004:35) De acordo com Bollman (2001) é inegável a importância da interação entre família-escola, no entanto, é imprescindível que exista respeito entre ambas. A escola deve respeitar os valores, costumes, modo de organização de cada família, assim como, cada família deve ter respeito às imposições e regras existentes na escola. Não deve-se esquecer então, que a interação família-escola tem como seu maior propósito a busca pelo bem-estar e o bom desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem infantil. 2.6 PRESENÇA E AUSÊNCIA FAMILIAR NA INFÂNCIA Conforme Rey (2004), os pais ou responsáveis têm grande importância no que se refere aos modelos de identificação nos primeiros anos de vida, por se tratar da fase de formação da personalidade, tais como condutas adequadas, como os processos de higiene, alimentação, cultura, entre outros, e para que isso ocorra é necessário uma sistematização de comportamentos, os quais devem ter participação direta dos pais ou responsáveis, orientando e estimulando os filhos nessa etapa. Muitas vezes, isso não acontece devido às ocupações constantes dos pais (ou responsáveis) contemporâneos, impossibilitando dessa maneira o acompanhamento nas tarefas diárias, podendo interferir na personalidade das crianças. 31 A ausência de hábitos adequados na vida cotidiana também prejudica a função auto-reguladora da personalidade, pelo fato de a criança não ter nenhum objetivo que oriente sua ação volitiva, educando-se, assim, em um regime caótico e irregular que nunca lhe oferece parâmetro de orientação, nem a tensão necessária para seu desenvolvimento. (REY, 2004:32) A participação dos pais ou responsáveis é indispensável em qualquer etapa da vida da criança, mesmo quando esta, já está na idade escolar e possui outros modelos de identificação, ainda assim, faz-se necessário o acompanhamento dos pais ou responsáveis nesse processo, ou melhor, talvez seja ainda mais relevante estar presente nesse momento em que os filhos passarão a conviver com outras pessoas, pois, irão se deparar com outras formas de pensar, de agir e de ver o mundo. E, não deve-se restringir a participação somente no auxílio das atividades da escola, mas, deve-se saber quem são os amigos os quais os filhos se relacionam, quem é a professora e demais funcionários da escola, enfim, tudo o que pode interferir na aprendizagem da criança. Segundo Chechia e Andrade (2002) a presença dos pais ou responsáveis na escola tem representado papel significativo no desempenho escolar, já que o que é compartilhado no âmbito familiar, como, o afeto, o diálogo, respeito, carinho e amor podem influenciar na educação das crianças, tanto positivamente, quando de fato a criança tem possibilidade de vivenciar esses sentimentos, quanto negativamente, quando não vivenciam. Os autores mencionados no artigo de Chechia e Andrade como Elkin (1968), Ariés (1978), Dias (1992), Cunha (1996), falam da importância da presença da família na vida escolar, por serem agentes socializadores para a criança, além do que é com ela que aprendem sentimentos e valores que trarão para a escola. Porém, não convém pensar que os pais ou responsáveis que não participam diretamente do processo de ensino-aprendizagem dos filhos, tenham desinteresse em estar presentes. Muitos tentam, mas, por exemplo, a falta de tempo devido ao trabalho, bem como, o baixo grau de escolaridade não permitem que o acompanhamento tenha sucesso. Para Zanella (1997) a presença dos pais na vida escolar dos filhos é de extrema relevância. Mencionado em seu artigo Participação dos pais na escola: diferentes expectativas um projeto de extensão intitulado por, a relação escola x população atendida: construindo uma nova interação, realizado em uma escola da rede pública municipal de ensino de Florianópolis, no ano de 1994, a fim de melhorar a participação 32 dos pais na escola, visto que, suas presenças são importantíssimas para o desenvolvimento e desempenho da criança em idade escolar. Através deste projeto foram realizados pesquisas com os pais e com o corpo diretivo da escola, com propósito de perceber como procedia a participação dos pais ou responsáveis na escola. Os pais ou responsáveis através das entrevistas realizadas pelos pesquisadores relatavam que participavam da vida escolar de seus filhos, e afirmam que a escola é muito importante para formação dos mesmos, tendo significado indispensável para a vida das crianças. O corpo diretivo da escola por sua vez, não contesta a afirmação dos pais quanto à participação, porém expõem que esta poderia ser mais expressiva, pois não pode-se deixar que somente a escola convoque-os para tal participação, esta pode ser feita, sem motivo específico, ou seja, não é necessário que tenha entrega de boletim ou reunião para que aconteça, além do que, podem perceber que o processo de ensinoaprendizagem ainda é visto como de responsabilidade da escola. Mas, o que não pode ser esquecido é que a participação dos pais ou responsáveis na escola é muito importante sim, podendo diminuir as dificuldades apresentadas na aprendizagem escolar, pois as crianças poderão dar significado maior à escola, percebendo a presença dos pais, sentindo-se assim, valorizada e conseqüentemente valorizarão muito mais o âmbito escolar e, saberão qual a verdadeira importância, do mesmo, para suas vidas. 2.7 DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO INFANTO-JUVENIL Segundo Molon (2003) ao mencionar Vygotsky sobre o desenvolvimento psicológico, a criança nesse processo, não é nem passiva nem ativa, ou seja, não é ela a responsável por seu desenvolvimento sozinha, e tão pouco, consegue alcançá-lo sem intermédio de outras pessoas, sendo assim, ela é interativa. Por isso, a teoria de Vygotsky é definida por muitos como, sociointeracionanista, já que o processo de desenvolvimento possui dinâmica interativa, precisando da interação do sujeito com objeto, sendo essa, mediada pelo meio social o qual se está inserido. Conforme Tacca (2005) ao citar a teoria de Vygotsky, fala que o desenvolvimento psicológico é direcionado pela relação com a cultura, pois a mesma, propicia instrumentos psicológicos para a formação do ser humano. Para o 33 desenvolvimento desse processo, a autora releva a escola como agente facilitador, já que proporciona à criança novas experiências. É na participação e no envolvimento com os novos elementos culturais e com o conhecimento produzido que o sujeito passa a fazer parte da cultura, pois a necessidade de utilização das mesmas ferramentas psicológicas que todos utilizam. Dessa forma, infere-se a importância dos processos de escolarização, os quais, pelo tipo de aprendizagem que desencadeiam, permitem aos sujeitos o domínio dos instrumentos culturais, possibilitando, com isso, o desenvolvimento. (TACCA, 2005: 216) Outro fator bastante relevante para se entender o processo de desenvolvimento psicológico infanto-juvenil, é a relação entre aprendizagem e desenvolvimento. Segundo Vygotskii1 (1934), aprendizagem e desenvolvimento são processos distintos, não coincidindo em seus percursos, porém um torna o outro possível. A aprendizagem está presente desde o início da vida e a cada nova aprendizagem há uma junção de outras, produzindo de certa forma, um desenvolvimento novo. A aprendizagem então, para a teoria de Vygotskii antecede o desenvolvimento, mas de acordo com seu progresso gera desenvolvimento, mesmo que seja de forma moderada, ou seja, não acontecendo concomitantemente a ela. O desenvolvimento por sua vez, é interno e passa por dois níveis, sendo que estes se ampliam à medida que a criança passa de um nível para o outro. São eles: Nível de Desenvolvimento Real e Nível de Desenvolvimento Proximal. O primeiro compreende “... as funções mentais da criança que se estabeleceram como resultado de determinados ciclos de desenvolvimento já completados”. (PALANGANA, 1994:120). Sendo assim, o que a criança consegue fazer sem ajuda de um adulto, o desenvolvimento efetivo. O segundo, o desenvolvimento potencial, é definido, “... pelos problemas que a criança consegue resolver com auxílio de pessoas mais experientes”. (PALANGANA, 1994:120). Ou seja, o que tem potencial para fazer, mas não está efetivamente preparada para realizar sozinha. No entanto, o desenvolvimento não se restringe somente a isso, o que a criança consegue ou não fazer sozinha. Existe ainda na teoria vygotskyana a Zona de Desenvolvimento Proximal, que é através desta, que pode-se explicar as dimensões do aprendizado escolar, ou seja, crianças da mesma idade que conseguem se diferenciar em ações e realizações de atividades. 1 O sobrenome do autor apresenta grafias diferentes, de acordo com a tradução. 34 A Zona de Desenvolvimento Proximal consiste em “... funções que ainda não estão maduras, mas sim em processo de maturação, quer dizer que ainda se encontram em estágio embrionário”. (PALANGANA, 1994:120) Segundo Zanella (2001), foi a partir deste conceito que surgiu a possibilidade de estudar e intervir na gênese das funções psicológicas superiores, pois a Zona de Desenvolvimento Proximal permite que as crianças de mesma idade se diferenciem quanto às possibilidades futuras de aprendizagem e desenvolvimento. Sendo assim: A zona de desenvolvimento proximal é a região dinâmica que permite a transição do funcionamento intrapsicológico pois, para o funcionamento intrapsicológico, segundo Vygotsky, todas as funções psicológicas superiores resultam da reconstrução pelo sujeito de uma atividade social, partilhada. (ZANELLA, 2001:98) Talvez seja, esse conceito um dos mais importantes para quem faz parte da educação infantil, sejam pais ou responsáveis, professores, ou outros, pois quem educa precisa estar atento não somente ao que a criança está aprendendo, mas ao que ainda vai aprender, e acima de tudo que tem potencial para desenvolver. Já que conforme a teoria de Vygotsky, as relações da criança são mediadas por outras pessoas e pelo social, sendo assim, é quem está presente no papel de educador que deve tentar propiciar um ambiente estimulador, facilitando o desenvolvimento e aprendizagem. 35 3 METODOLOGIA 3.1 TIPO DE PESQUISA A metodologia utilizada foi qualitativa com recorte exploratório. Conforme Richardson (1989), a pesquisa qualitativa permite descrever a complexidade do problema que se está pesquisando, bem como, por meio dela é possível analisar a interação de certas variáveis, classificando e compreendendo os processos dinâmicos vivenciados pelos grupos sociais que se está trabalhando, além do que, contribui no processo de mudanças e possibilita o entendimento dos comportamentos desses determinados indivíduos. Conforme Gil (1995), a pesquisa exploratória almeja proporcionar proximidade acerca do fato trabalhado. Na pesquisa qualitativa, o pesquisador deve propor aos sujeitos que participarão da pesquisa, temas de interesse para os mesmos, afim de motivá-los suficientemente, para reflexão das questões abordadas. A pesquisa tem que fazer sentido, para quem dela participa, interessando ao pesquisador a forma como o sujeito expressa o que está respondendo, e não necessariamente, o que responde. A vantagem em escolher a pesquisa qualitativa exploratória como método para realizar o trabalho de conclusão de curso é devido à mesma, não necessitar de definição de hipóteses formais, assim, como, permite evidenciar que necessitam compreensão de aspectos psicológicos que não podem ser coletadas de maneira completa por outros métodos. (Richardson, 1989) 3.2 AMOSTRA A amostra foi composta, pelo total de 9 (nove) pessoas, sendo 3 (três) alunos que estão freqüentando o 4º e 5º ano2 do ensino fundamental, de uma escola do ensino fundamental da rede particular da região de São José; 3 (três) mães, sendo das crianças citadas e 3 (três) professoras que atuam na mesma escola e que estarão ministrando aulas para as respectivas crianças. 2 Está sendo considerado como 4º e 5º ano, as antigas 3ª e 4ª séries, devido à mudança de nomenclatura, conforme assegura a Lei Federal nº 11.114 de 16/05/2005, passando o ensino fundamental para 9 anos. Essas informações são cedidas pelo MEC. (http://legislacao.planalto.gov.br) 36 A amostra foi escolhida de forma aleatória, através de um sorteio para escolha dos sujeitos, crianças. Apenas das crianças, já que as mães e as professoras foram referentes às respectivas crianças. 3.3 COLETA DE DADOS Após os primeiros contatos com a escola a pesquisadora entrou em contato com os sujeitos da pesquisa por telefone, marcando a data da realização das entrevistas. Na entrevista com as mães foi solicitada à autorização para realização da dinâmica com as crianças, e somente após a autorização das mesmas, a pesquisadora realizou a dinâmica, ou seja, os desenhos. Os dados da entrevista foram coletados nas dependências de uma escola da rede particular de ensino, da região de São José/ S.C., somente após a aprovação de projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVALI e após o contato com os representantes legais da escola (diretoria). Os instrumentos de coleta de dados selecionados para aplicação da pesquisa qualitativa e exploratória foram: entrevista semi-estruturada, questionário sóciodemográfico e profissional, com as mães e professoras e para os alunos, foi utilizada a representação gráfica, ou seja, desenho, (apêndice C). Conforme conceitua-se a seguir: a) Entrevista semi-estruturada: Segundo Chizzotti (1995) esse tipo de pesquisa serve somente como orientadora para o pesquisador, podendo este, sair do roteiro, com propósito de ampliar as perguntas, bem como, entendê-las melhor, aprofundando-se mais no assunto. “Como não tendo uma imposição de ordem rígida de questões, o entrevistado discorre sobre o tema proposto com base nas informações que ele detém e que no fundo é a verdadeira razão da entrevista”. (CHIZZOTTI, 1995: 33-34). b) Questionário sócio-demográfico e profissional: Segundo Chizzotti (1995), o questionário é um tipo de entrevista que tem por finalidade descrever, bem como, medir as variáveis de um grupo social. Pode-se dessa forma, observar as particularidades deste grupo ou de cada indivíduo em questão. Como por exemplo: sexo, cor, estado civil, nível de escolaridade, etc. 37 De acordo com Lakatos (1991), o questionário contém perguntas fechadas, onde tem entre duas a três opções para que o informante escolha, qual é a que mais tem a ver com a sua realidade. c) Representação gráfica (desenho): Conforme Silva (1998), o desenvolvimento do grafismo prevalece às interações sociais. Portanto, na análise elaborada a partir dos desenhos, pretende-se avaliar a dimensão social, bem como, os conteúdos culturais que aparecerão. A teoria sócio histórica-cultural também releva a importância da representação gráfica, já que quando desenha-se, representa-se aquilo que se aprende culturalmente, e não apenas faz-se uma cópia de um desenho. No entanto, em especial para o trabalho com crianças, como é o caso desta pesquisa, o desenho torna-se um artifício indispensável para realização da mesma. 3.4 PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DOS DADOS Após a coleta, os dados recolhidos através da entrevista, questionário sóciodemográfico e profissional e representação gráfica (desenho), foram analisados, a partir da coleta de dados. Esta análise e as possíveis considerações elaboradas foram realizadas a partir do referencial teórico, até então desenvolvido, assim como, os demais materiais que foram pesquisados para melhor compreensão dos dados obtidos. A análise dos dados coletados por meio da entrevista semi-estruturada, do questionário sócio-demográfico e profissional e da representação gráfica (desenho) procedeu-se a partir da técnica denominada, análise de conteúdo3. De acordo com Gil (1995), análise de conteúdo é a técnica que possibilita a compreensão dos objetivos dos estudos desenvolvidos, através de descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo. Na análise de conteúdo é importante organizar o material que será avaliado, depois aplicar as maneiras que foram escolhidas na fase anterior, e por último tentar acima de tudo descobrir o que apareceu de forma implícita 3 Os desenhos que foram produzidos pelos alunos serviram apenas como atributo motivador, afim de inseri-los no processo. Além é claro, da observação dos conteúdos que apareceram nos desenhos, sendo que a avaliação dos mesmos não foi de forma projetiva. 38 durante o processo, já que se for avaliado somente o explícito, a pesquisa perde sua funcionalidade. Para a análise de conteúdo utilizou-se a análise microgenética, que segundo Góes (2000) trata-se da abordagem que possibilita a interpretação histórico-cultural dos processos humanos, bem como, através dela pode-se investigar a constituição do sujeito, dando ênfase em suas práticas sociais. É uma forma de construção de dados que requer atenção a detalhes e o recorte de episódios interativos, sendo o exame orientado para o funcionamento dos sujeitos focais, as relações intersubjetivas e as condições sociais da situação, resultando num relato minucioso dos acontecimentos. As respostas dos indivíduos foram gravadas, transcritas e, posteriormente analisadas. 3.5 ASPECTOS ÉTICOS Esta pesquisa obteve os resultados seguindo as exigências éticas e científicas da Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996, tratando os participantes da pesquisa com dignidade, respeitando sua autonomia e comprometendo-se com a busca de benefícios para os participantes e para uma relevância social (Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996). A pesquisadora, atendendo aos princípios éticos da pesquisa que envolve seres humanos, comprometeu-se com o sigilo das informações junto aos participantes, oficializada por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo A) e também com a devolutiva dos resultados para os envolvidos. A devolução será feita para os sujeitos mães e professoras, sendo apresentados na forma de seminário na escola, onde foram coletados os dados da pesquisa, bem como, entregar-se-á o relatório da pesquisa para os responsáveis pela escola, afim de que os mesmos possam usufruir desse conhecimento em suas atividades profissionais e educativas. Os resultados também serão divulgados no formato de banca de defesa nas dependências da UNIVALI, como requisito indispensável para aprovação da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Considerando que a pesquisa utilizou procedimentos que envolveram 9 (nove) pessoas, sendo 3 (três) professoras, 3 (três) mães e 3 (três) alunos, foi realizada a leitura 39 para as mesmas, respectivamente, do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo A), de forma que pudesse dar início às atividades. Somente após o aceite destes, expresso no referido documento, a pesquisadora realizou a entrevista, o questionário, com as mães e as professoras e o desenho gráfico com os alunos, após o consentimento das mães. Quanto ao monitoramento da segurança dos dados, somente as pessoas diretamente envolvidas com a pesquisa, no caso a acadêmica e sua supervisora, terão acesso às informações contidas nos protocolos e aos documentos referentes à pesquisa. Estes pesquisadores comprometem-se a mantê-los, sob a sua tutela, pelo período de cinco anos e, após, incinerá-los. Todos os esclarecimentos (Anexo A) visaram respeitar os sujeitos de pesquisa em sua integridade física, psíquica e social, assim como, cumprir com as normas do exercício profissional da Psicologia. Além das normas internas à profissão de psicólogo, segue, também os princípios previstos na Resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde. Portanto, em cumprimento a esta Resolução, não constam em anexo às transcrições das entrevistas realizadas para assegurar a confidencialidade e a não estigmatização dos participantes. 40 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Neste capítulo serão apresentadas as análises e as discussões dos resultados alcançados na pesquisa. A partir da metodologia escolhida (pesquisa qualitativa com recorte exploratório) e dos instrumentos utilizados (aplicação de entrevista semiestruturada, questionário sócio-demográfico e representação gráfica do cotidiano das crianças em relação à suas atividades escolares diárias desenvolvidas com as mães). É importante deixar claro que a pesquisa não é probabilística e dessa forma o resultado não deve e não foi generalizado. Primeiramente, apresentam-se as informações coletadas com as 03 (três) mães que participaram da pesquisa e em seguida as 03 (três) professoras também participantes da pesquisa através do questionário sócio-demográfico (dados demográficos e variável ocupacional-profissional); na seqüência da análise com a transcrição das entrevistas realizadas e posteriormente da análise da representação gráfica do cotidiano das crianças, sendo que formam 03 (três). A fim de iniciar análise de discussão dos resultados, abaixo segue as informações referentes aos dados demográficos, coletados através do Questionário Sócio-Demográfico e Profissional, respeitando o roteiro do questionário. 4.1 QUESTIONÁRIO SÓCIO-DEMOGRÁFICO E PROFISSIONAL 4.1.2 Dados Demográficos Segue abaixo conforme roteiro da entrevista, as informações decorrentes dos dados demográficos dos sujeitos entrevistados. TABELA 1: Distribuição dos sujeitos, conforme sexo: SEXO MÃES feminino PROFESSORAS 03 feminino TOTAL Fonte: Própria 03 06 41 Observa-se pela tabela acima que as participantes da pesquisa são na totalidade do sexo feminino. TABELA 2: Distribuição dos sujeitos, conforme idade: FAIXA ETÁRIA MÃES PROFESSORAS 30-40 01 30-40 02 40-50 02 40-50 01 TOTAL 06 Fonte: Própria Em referência a tabela acima, no que diz respeito à faixa etária, identifica-se que três participantes estão na faixa de 30 a 40 anos de idade e 3 participantes de 40 a 50 anos de idade. TABELA 3: Distribuição dos sujeitos, conforme estado civil: ESTADO CIVIL MÃES PROFESSORAS casado 03 solteiro 01 casado 01 outros TOTAL 01 06 Fonte: Própria De acordo com a tabela acima, há predominância no estado civil casado, entre as mães e, as professoras apresentam distribuições eqüitativas, sendo uma solteira, uma casada e uma enquadra-se na classificação outros. TABELA 4: Distribuição dos sujeitos, conforme se tem filhos: FILHOS MÃES sim PROFESSORAS 03 sim 02 não 01 TOTAL Fonte: Própria 06 42 Verifica-se na tabela 4, que cinco das seis entrevistadas têm filhos. TABELA 5: Distribuição dos sujeitos, conforme número de filhos: NÚMERO DE FILHOS MÃES PROFESSORAS 2 filhos 03 1 filho TOTAL 02 05 Fonte: Própria Quanto ao número de filhos, apresentados na tabela acima, todas as mães têm 2 filhos e duas professoras têm somente 1 filho. 4.1.3 Perfil da variável ocupacional-profissional Segue abaixo as informações referentes ao perfil ocupacional-profissional das participantes entrevistadas, respeitando-se assim o roteiro do questionário. TABELA 6: Distribuição dos sujeitos, conforme ocupação profissional: ATIVIDADE PROFISSIONAL MÃES Trabalham fora de casa Do lar PROFESSORAS Trabalham fora de 01 casa 03 02 TOTAL 06 Fonte: Própria De acordo com a tabela acima, referente à atividade profissional quatro das seis pessoas entrevistadas trabalham fora de casa. 43 TABELA 7: Distribuição dos sujeitos, conforme horas trabalhadas por semana: HORAS TRABALHADAS POR SEMANA MÃES PROFESSORAS 66 horas 01 20 horas 02 25 horas TOTAL 01 04 Fonte: Própria A partir da tabela acima se pode verificar que as professoras trabalham entre 20 a 25 horas semanais. Já a mãe que trabalha fora de casa disponibiliza 66 horas por semana para seu trabalho. TABELA 8: Distribuição dos sujeitos, conforme atividades no tempo livre: ATIVIDADES NO TEMPO LIVRE MÃES PROFESSORAS Uso do computador Atividades artesanais 01 Uso do computador Atividades 02 artesanais 03 Assistir Tv e vídeos Trabalhos domésticos 01 Assistir Tv e vídeos Trabalhos 01 domésticos 03 03 Atividades de lazer 03 Atividades de lazer 03 Leitura e estudo 01 Leitura e estudo 03 Prática desportiva TOTAL 03 03 06 Fonte: Própria Verifica-se conforme a tabela acima, que há uma boa distribuição das atividades destinadas ao tempo livre, e que as entrevistadas preservam para de seu tempo para essas atividades. A seguir apresenta-se a análise e interpretação dos dados obtidos através da entrevista semi-estruturada realizada com as participantes da pesquisa. 44 4.2 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DA ENTREVISTA Dentro dos objetivos propostos nesta pesquisa que foram analisar a relação entre contemporaneidade, família e escola, assim como, seus benefícios e conseqüências para a definição e compreensão da construção dos fenômenos presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na infância; resgatar historicamente do ponto de vista teórico a partir da contemporaneidade a relação entre escola e família e suas influências na aprendizagem escolar na infância; caracterizar algumas conseqüências do mundo contemporâneo para a aprendizagem escolar infantil; definir os termos presença e ausência familiar a partir do fenômeno psicológico; identificar alguns fatores que caracterizam o fenômeno presença-ausência familiar dentro do contexto escolar; contribuir com subsídios científicos na compreensão do fenômeno presença- ausência familiar e suas implicações para a aprendizagem escolar a partir do mundo contemporâneo possibilitando informações que auxiliem pais e educadores no sentido de capacitarem-se para o enfrentamento de tal processo de forma reflexiva e competente. Pode-se fazer análise das entrevistas apresentada a seguir, iniciando pela análise das entrevistas feita com os sujeitos pais e, em seguida com os sujeitos professores. 4.2.1 Análise da entrevista com as mães Apresenta-se aqui as questões formuladas às mães entrevistas, bem como, os resultados alcançados a partir das mesmas. Na questão nº 1 em que se discutiu a descrição da rotina das entrevistadas as respostas apontaram para os aspectos compatíveis com a rotina familiar, obteve-se as seguintes respostas: Conforme a fala da mãe A: “Eu me acordo mais ou menos às 7:00 horas preparo meu filho mais velho para ir para aula, dou assistência ao meu marido, arrumo a roupa dele porquê em seguida ele já vai trabalhar, faço o café da manhã, dou uma caminhadinha, faço as atividades da casa e já começo a preparar o almoço, enquanto isso acordo a A., dou café para ela e a ajudo em seus deveres escolares. 45 Depois do almoço, levo a A. para o colégio .A tarde é mais tranqüilo tenho tempo de descansar um pouquinho. Depois vou buscar o A. no colégio e, ai volto à função novamente, preparando o jantar enfim, é a rotina de toda dona de casa, trabalhar sem parar. Nos fins de semana vamos para nossa casa de praia nos Ingleses”. Já a mãe B comenta que: “Primeiramente faço o café da manhã e começo a organização da casa. Depois acordo meu filho dou atenção, o café, auxílio nas tarefas escolares, contudo já, é quase hora do almoço, então começo a preparar. Sirvo à mesa, almoço com minha família, depois o G. (seu filho) se arruma para ir à escola, levo-o para escola. À tarde aproveito o tempo livre para fazer minhas outras obrigações que tenho fora de casa, como ir ao banco, etc. Prefiro fazer essas atividades à tarde já que é horário que meu filho não está.. Às 18:00 busco meu filho na escola e voltamos para casa, aí já começo a fazer o jantar, janto com minha família e arrumo a cozinha. Nos finais de semana passeamos quase sempre vamos para o sítio que temos.” E na resposta da mãe C encontra-se como afirmação a seguinte explanação: “Bem eu acordo por volta de 7:00 e 7:30 horas, tomo café e começo minhas atividades. Inicio levando H. para aulas extras curriculares que ele tem, 2ª e 4ª Inglês e 3ª e 5ª Matemática. Enquanto ele está na aula se tenho alguma volta para fazer perto do local faço nesse meio tempo, mas se o local onde tenho que ir é muito longe, fico esperando ele no carro e ao pegá-lo faço o que tenho para fazer. Confesso que enquanto eu o espero até durmo no carro devido ao cansaço. De manhã ainda faço serviço de banco. Pois tenho uma lanchonete, na minha própria casa e eu que tenho que fazer tudo. Ao meio dia almoço e saio para fazer as compras para lanchonete. Por volta de umas 15:00 horas dou início aos preparativos dos lanches e às 17:00 horas abro para o público. O movimento começa por volta das 19:30 horas e ali fico até 24:00 mais ou menos. Após fechar arrumo tudo, guardo as coisas e vou dormir por volta de uma hora da manhã. Nos sábados decidi não abrir a lanchonete para poder curtir minha família. Tenho uma pessoa que me auxilia nas tarefas domésticas.” Em suas reflexões a acadêmica avalia que, o ponto em comum entre as mães A e B está no envolvimento das tarefas de casa e ambas aproveitam o período da tarde para fazerem atividades fora de seus lares, ou mesmo descansarem já que seus filhos nesse horário encontram-se no colégio e, ainda colocam que disponibilizam parte de seu 46 tempo para auxiliarem os filhos nas atividades escolares. A mãe C não refere-se sobre as atividades voltadas as tarefas domésticas, bem como nesta questão não faz menção das atividades escolares de seu filho. Fala bastante sobre sua atividade profissional em sua lanchonete a qual localiza-se em sua própria casa. Em referência a questão nº 2 sobre Descreva a rotina de seu filho, destaca-se as seguintes respostas: Na opinião da mãe A: “Ela acorda normalmente 9:00 ou às vezes até 10:00. Toma café da manhã, faz os deveres do colégio. Às vezes, quando ela tem muitas tarefas eu a acordo mais cedo. Depois das tarefas ela brinca um pouco, almoça, toma banho, se arruma para ir ao colégio. À tarde vai para escola, volta às 5:30 hs, toma café, vai brincar mais um pouco, se tem muita tarefa da escola ela já inicia a noite. Janta, fica um pouco no computador e, dorme por volta das 11:00 hs. Ela gosta de dormir tarde, por isso também acorda tarde eu que tenho que chamá-la. A A. geralmente brinca aqui em casa mesmo, prefiro que as amiguinhas venham aqui, pois gosto de saber quem são as amigas dela. Dificilmente deixo-a ir à casa de alguém ou sair com outros pais de suas amigas, mas quando ela vai me certifico quem são eles, e se vão realmente junto ao lugar.” Por sua vez a mãe B acredita que: “Bem o G. gosta de dormir bem tarde, conseqüentemente ele acorda tarde. Mas não o deixo dormir a manhã toda, pois tem que fazer as tarefas da escola. Então eu o acordo, dou o café da manhã, ele faz os deveres quando sobra tempo ele brinca um pouco ainda de manhã. À tarde vai para a escola, chega às 18:00 horas. Depois da escola brinca, quando tem muita tarefa para o dia seguinte ele inicia para não acumular para o dia seguinte. Janta, assiste televisão e brinca mais um pouco. Como já falei ele dorme tarde.” A perspectiva da mãe C é: “O H. faz atividades diversas durante o dia. Como já mencionei ele faz aulas de Inglês (2ª e 4ª feiras), aulas de Matemática (3ª e 5ª feiras) e ainda escolinha de futebol depois do horário de aula, ou seja, após as 17:30 horas na própria escola onde estuda. O H. não gosta muito de se alimentar no período da manhã eu que tenho que ficar insistindo para ele tomar pelo menos um “Nescauzinho”. Depois das atividades do período da manhã ele almoça, toma banho e vai sozinho para escola, que é pertinho, na mesma rua em que moramos. Quanto ao horário ele mesmo se controla e sabe o horário certo de ir. Depois da aula ele vem direto para casa, exceto nos dias de futebol e vai fazer os deveres, faz tudo que tem para o dia seguinte, foi 47 assim que combinamos e está dando certo. Ele faz o dever sozinho, somente quando não entende alguma questão me pede ajuda e então eu o auxilio. Quando termina vem me mostrar na lanchonete mesmo. Depois das atividades escolares ele está liberado para brincar com amigos, jogar vídeo game. Costuma dormir cedo por volta das 20:30 horas e conseqüentemente acorda cedo, geralmente antes de todo mundo da minha casa. Antes até do que eu, ou seja, antes das 7:00 horas, mas espera que eu o chame para levantar. Daí levanta e fazemos tudo que já falei.” Neste sentido é possível compreender-se enquanto uma análise da acadêmica na condição de pesquisadora que as mães A e B mencionam que os filhos gostam de dormir e acordar tarde e que as mães, ou seja, elas mesmas que os acordam. Referem-se também sobre auxiliarem seus filhos nas tarefas escolares todos os dias, geralmente no mesmo horário (no período da manhã), mas se por ventura tiver muita atividade para o dia seguinte iniciam assim que chegam da escola. Relatam ainda, sempre acompanharem seus filhos para ir e voltar da escola. Já a mãe C retrata em sua resposta que seu filho vai sozinho para a escola, já que a mesma fica bem próximo a sua casa. Fala também que seu filho faz a tarefa sozinho, pedindo sua ajuda somente quando não entende algo e, que realiza a tarefa assim que chega da escola, não deixando nada para o dia seguinte. Porém percebe-se que há um ponto convergente entre os três sujeitos, seus filhos têm o hábito de ter uma rotina diária em relação às tarefas escolares, pois os mesmos têm horários específicos para realização da mesma. Quanto a questão questão nº 3, que interrogava sobre Como você analisa a relação entre família e escola no processo de aprendizagem das crianças? A mãe A fala: “É muito importante existir essa relação. Acho que a escola tem que ter mais ou menos a mesma linha de pensamento e de educação da família, não adianta minha família pensar e agir de um jeito e a escola da A. de outro. Não adianta aqui em casa a gente ensinar uma coisa e a escola fazer diferente, pois assim ela teria convivências e valores diferentes. Antes de colocar os filhos em uma escola temos que avaliar bem se é isso mesmo que queremos para eles. Por isso escolhi, o colégio M. C. Aqui em casa somos muito tradicionais, e a escola da A. também, é claro que hoje a escola já é bastante eclética e, segue outras linhas de pensamento, mas mantém um certo tradicionalismo que eu gosto.” 48 A mãe B ressalta que: “É um processo perfeito. É muito bom ter aproximação. Para mim tem que existir essa relação entre ambas para que haja aprendizagem. O processo de aprendizagem deve ser uma extensão entre casa e escola e, não ser processos distintos como era antigamente.” Já a mãe C afirma que: “É fundamental que haja relação. É importante acima de tudo que os valores da escola sejam iguais ao da família e isso acontece no colégio do H. eu tento passar o máximo de valores bons para meu filho. Não foi a toa que deixei o emprego que tinha há vinte anos em uma empresa, onde ganhava R$ 7.000,00 para ficar mais perto de minha família e, em especial, dar mais atenção para meus filhos. Hoje com minha lanchonete não ganho nem um terço do que ganhava em meu antigo emprego, mas a recompensa que ganho em estar próxima de minha família não tem preço que pague. Se me perguntares se eu pudesse voltar no tempo e voltar a ganhar o que ganhava, naquele ritmo de trabalho te digo, que não. Eu trabalhava das 8:00 horas da manhã até mais ou menos às 22:00 horas. Eu mal via minha família. Não tinha tempo para nada, muito menos para auxiliar meus filhos na escola. Sou uma pessoa que tenho muitos princípios, de verdade, honestidade, etc. e pretendo passar todos para meus filhos. Mas como eu poderia ensinar esses princípios estando tão distantes, por isso decidi mudar de vida. E minha nova vida inclui minha família. Então acho importantíssimo que haja relação entre escola e família, mas a relação tem que começar já em casa.” Em relação a essa questão a pesquisadora compreende que as três mães vêem a importância da relação entre escola e família para que a aprendizagem aconteça. As entrevistadas A e B ainda relevam a importância dos valores semelhantes entre família e escola para que flua de forma harmoniosa essa relação. A mãe C ainda ressalta que deixou o emprego onde era melhor remunerado que o atual para ficar próxima à família, deixando claro o quanto é importante a relação, mas que a mesma deve ser inicia pela própria família. Para a questão nº 4 que questionava “O que você acredita que mudou na relação entre escola e família do seu tempo de escolarização para o de seus filhos?”, obteve-se como respostas as declarações: A mãe A diz: “Hoje os pais participam mais. O que mudou de fato foi a participação dos pais na escola. Na minha época meus pais nunca me ajudavam a fazer 49 as tarefas, nunca iam à escola. Eu fazia tudo sozinha. Minha mãe não tinha tempo e meu pai não tinha escolarização para poder me ajudar. Os pais confiavam inteiramente na escola. Hoje a gente cobra mais, os pais estão acompanhando o que os filhos estão aprendendo. Os pais de antigamente confiavam plenamente na escola. Na minha época a gente ia para escola e os pais nem sabiam o que estava acontecendo. Hoje tu tens que caminhar junto com a escola nesse sentido. Antigamente a escola tinha a função de ensinar os conteúdos, Matemática, Português, etc, e os pais de educar. Eram processos bem distintos, hoje já estão mais mescladas às funções, não estão tão separadas, há uma continuação no processo. Até porquê não existiam tantas opções de escola para matricular os filhos, basicamente as escolas eram públicas e todas iguais, então era aquilo e pronto. Eu lembro que teve uma época em que estudei na escola A. até alcançar a idade de ir para outra escola e, eu odiava estudar, ficava todos os dias fazendo cópias do “A, E, i, O, U” e chorava sempre, quando sai de lá foi um alívio, mas como falei não existiam opções e os pais não estavam tão preocupados nesse sentido, pois bastava à escola passar os ensinamentos. Era desestimulador estudar assim. Hoje é bem diferente. É importante a criança esteja feliz na escola onde estuda.” A mãe B coloca que: “Acho que essa resposta vem de encontro com a anterior já que aproximação que falei que é importante não existia na minha época em que eu estudava. Escola e família eram bem distantes e tinham funções contrárias. Simplesmente não tinha relação entre escola e família, uma ensinava e a outra educava.” E para a mãe C: “É difícil para eu responder está questão porque sempre estudei em escola pública e o ensino é bem diferente. Acho que a diferença não exista em relação ao tempo, mas sim, em relação ao poder econômico das pessoas, por exemplo, se você tem possibilidade de estudar em uma escola particular a escola e famílias estão mais unidas, se conhecem mais, há de fato uma relação, mas se você estuda em uma escola pública, os professores mal conhecem seus alunos, não há relação. Não culpo os professores, pois devido ao mal remuneramento e estímulo talvez não consigam fazer o melhor de si, assim como, a superlotação nas salas de aula. Se eu tivesse estudado em escola particular ou se meus filhos estudassem em escola pública eu poderia fazer melhor uma análise das diferenças existentes dessa relação.” Neste sentido pode-se afirmar que as mães A e B relevam que, a participação dos pais mudou significativamente no processo de escolarização. Atualmente a escola 50 possibilita a relação entre família e escola. Ressaltam também que há maior interesse dos pais em participar do processo. Antigamente, segundo a mãe A não existia relação, pois os pais, geralmente não tinham conhecimento dos conteúdos, ficando assim, difícil para que pudessem ajudar. Segundo, ainda as mães A e B escola e família tinham funções distintas; a escola tinha por função passar os ensinamentos dos conteúdos, já à família cabia ensinar a comer, andar, falar, se vestir, etc. Portanto ambas não havia relação. Já a mãe C não vê a falta de relação de seu tempo de escolarização para de seu filho a partir do mesmo viés das mães A e B, ela acredita que a diferença consistia-se no poder econômico, já que acha que a diferença está entre a escola particular e a pública. Conforme seu relato, os professores da escola pública mal conhecem seus alunos, não havendo assim relação com as famílias, não acontecendo o mesmo com a escola particular, pois escola e família são unidas. A questão nº 5 que contemplava “qual a função dos pais no processo de escolarização dos seus filhos? Como resposta da mãe A apresenta-se: “Tem que estar acompanhando o desempenho do filho na escola, tanto pessoal como nas atividades. Os pais têm estar atento a tudo não só nos conteúdos, mas também a relação deles com as pessoas, seja com os professores, os outros funcionários, amigos, como eu falei em questões anteriores ver quem são os amigos, quem são os pais deles. Devem acompanhar nas tarefas, nos estudos para provas, ir as reuniões. Gosto de saber onde minha filha está indo e, principalmente com quem.” A mãe B menciona:“ Eles têm obrigação de estarem sempre apoiando, sempre direcionando o caminho que os filhos devem seguir, auxiliando nas tarefas, participando da vida escolar. (Você acredita que os pais devem ir à escola mesmo sem serem solicitados?) Sim quando houver necessidade, mas para mim é fácil visualizar quando precisa, pois hoje como já falei em questões anteriores, a escola permite aproximação, e quando auxilia-se o filho nas tarefas pode-se perceber quando algo não está bem e, quando é necessário ir até à escola, mesmo sem ser chamado.” E a mãe C argumenta que: “Os pais são fundamentais na vida dos filhos. A função dos pais é tudo, fazer tudo. Acredito que é o ambiente que faz a pessoa, sendo assim os pais fazem os filhos. Os pais têm que dar bons exemplos, têm estar sempre junto. Têm que estimular, têm que orientar. O H. costuma dizer quando tira nota sete 51 nas provas, “Está bom pelo menos está na média” e digo para ele não, não acho que está bom, depende do que você quer para sua vida. Na vida existem várias pessoas que estão na média, que são medianas; há pessoas que são empreendedoras, outras empregadas; umas coordenam, outras são coordenadas, então acho que não é o suficiente para você. Ele tem todas as oportunidades de ser mais, além do que é inteligente o suficiente para ser mais, tem potencial para dez, não estou dizendo aqui que ele tenha que ser dez sempre, nem tão pouco que eu cobro nota dez dele em todas as avaliações, mas procuro estimulá-lo para que se esforce ao máximo. Mas, para que isso aconteça os pais têm que estar sempre junto com os filhos.” Nesta perspectiva para as mães A, B e C os pais precisam acompanhar, apoiar, direcionar, estimular, estar sempre junto aos filhos. Acompanhar nas tarefas, ir às reuniões, participar da vida escolar em geral é função dos pais no processo de escolarização. A mãe A ainda revela, que os pais não devem limitar-se a acompanhar somente no desempenho escolar e sim, no pessoal, por isso, é importante conhecer os amigos com quem os filhos convivem, como é a relação deles com professores, funcionários, enfim com todas as pessoas que eles convivem. Em referência a questão nº 6 Como você se faz presente na vida escolar de seu filho?, como resposta, destaca-se: A resposta da mãe A foi: “Estou sempre acompanhando o dia-a-dia dela, olhando agenda, ajudando nos deveres, acompanhando as atividades, inclusive, sempre que posso de acordo com meu conhecimento claro, ao olhar os conteúdos dou sugestões aos professores, elogio o tipo de atividade feita. Nos estudos das provas ajudo também ,mas em algumas estou preferindo apenas acompanhar, ver se a A. está estudando, porque também quero que ela tenha autonomia em seus estudos, já que está no 4º ano. Antes eu ficava muito em cima dela para estudar para as provas e com meu outro filho também era assim, hoje já dou mais liberdade, mas direcionando e acompanhando sempre. Acho que os pais devem ir à escola sempre que houver necessidade, mesmo sem ser chamado, se você acompanha sabe quando há necessidade de ter essa postura, saberá a hora certa.” A mãe B releva: “Então basicamente o que respondi na questão anterior, faço tudo que mencionei nela. Apoio meu filho no processo de aprendizagem, tento 52 direcioná-lo, em relação ao que deve ser feito. Ajudo sempre nas tarefas escolares, vou à escola sempre que necessário.” Já a mãe C menciona: “Particularmente me considero meio relapsa em relação à vida escolar de meu filho, nem sempre quando sou chamada para ir à escola eu vou, devido à falta de tempo. Mas eu tento sempre acompanhar nos deveres, mesmo que não seja de forma direta, ou seja, fazendo diretamente com ele, minha ajuda é olhar depois que ele acaba para ver se não está faltando nada, vou à escola em festividades, pois não teria sentido ele fazer uma apresentação e eu não estar lá para poder prestigiá-lo. Possibilito outras atividades como aula de Matemática, levo-o, acompanho-o, olho sua agenda diariamente, enfim, é esse tipo de ajudo que dou. Mas não foi sempre assim, quando estava no outro emprego não o auxiliava em nada.” Desta forma ressalta-se que as mães A e B relatam ajudar nas tarefas escolares, auxiliando nos deveres, indo à escola, indo a reuniões. A mãe A acrescenta dizendo que olha a agenda escolar todos os dias, e sempre que possível, de acordo com seu conhecimento, faz sugestões de atividades às professoras, assim como, elogia a forma como elas direcionam as atividades. As mães A e B, também mencionam que os pais devem ir á escola sempre que necessário, mesmo que não sejam chamados e falam que é fácil visualizar a necessidade de ir quando os pais se fazem presentes na vida escolar dos filhos. A mãe C diz participar da vida escolar do filho, mas que sua participação não é tão direta, pois a mesma auxilia seu filho nas tarefas e nos estudos para prova, somente quando há necessidade. Em seu relato diz considerar-se meio relapsa, devido a isso. No entanto, ela afirma participar de festividades da escola, olhar agenda diariamente, assim como, as mães A e B. A questão nº 7 questionava sobre a opinião das entrevistadas em relação a ausência dos pais e sua influência no processo de escolarização dos seus filhos?, obteve-se alguns dados, como: Para mãe A esta questão caracteriza-se por: “Se os pais não acompanharem os filhos eles acabam desestimulando e perdendo o interesse em estudar. Claro que pode existir exemplos de crianças que não tenham acompanhamento e que gostem de estudar e vão bem na escola. Mas, é mais difícil porque eles acabem encontrando interesse em outras coisas, por acharem que a escola não é importante, já que os próprios pais não dão valor. Acho que a criança encontra o verdadeiro valor da escola, a partir dos pais. 53 Se os pais acompanham dão estímulo ao estudo e a partir daí a criança toma consciência da importância da escola para sua vida. Os pais têm que estarem sempre presentes.” Na concepção da mãe B: “É difícil para eu responder essa questão já que me sinto tão presente na vida escolar do G. e com meu outro filho também era assim que não consigo imaginar como seria não ser presente. Mas, talvez a criança que não tem os pais presentes no processo de escolarização torne-se mais autônoma e independente em suas tarefas escolares, pois teria que elaborar maneiras de fazer sem auxílio de um adulto, mas certamente teria mais dificuldade.” E a mãe C acredita que: “Se pais não se fazem presentes eles não têm oportunidade de passarem seus valores para seus filhos. Se eles não dão importância nos estudos dos filhos como que filhos darão. Não adianta quando os filhos chegarem à idade adulta e não forem visitar os pais, eles ficarem se lamentando e buscando explicações de porquê acontece isso, pois se não existe uma relação de carinho, afeto e participação com os filhos no presente não poderá existir no futuro. A ausência dos pais implica em várias questões na vida de seus filhos e uma das principais é a não valorização dos estudos.” A acadêmica em relação ao questionamento acima, destaca que as mães A e C mencionam que somente estando presentes na vida escolar dos filhos é possível que eles dêem importância aos estudos. A mãe A ressalta que são os pais que dão verdadeiro valor à escola e ainda, acrescenta que se os pais não acompanharem o desenvolvimento do processo escolar, os filhos desestimulam e perdem o interesse, e que para que isso não aconteça os pais têm que estar sempre presentes. E a mãe C relata que estando presente os pais têm oportunidade de transmitirem os valores que julguem necessários aos filhos. A mãe B diz em seu relato ter dificuldade de pensar nessa questão por estar sempre presente na vida escolar de seu filho. Ela tem uma opinião diferente das mães A e C, pois a mesma acredita que talvez os filho que tivesse pais ausentes seria mais autônomo e independente em seus estudos, já que criaria mecanismos para lidar com essa situação. Mas, coloca que certamente a criança teria mais dificuldades. 54 Finalmente a questão nº 8 que tinha como finalidade buscar junto as entrevistadas exemplos que caracterizem a ausência dos pais no processo de escolarização dos alunos?,ressalta-se que: Para a mãe A o mais relevante nesta questão é: “Não participar das reuniões. Não estar atento aos relacionamentos dos filhos, como não conhecer os seus amigos, os pais dos amigos e, como, é o relacionamento da criança com amigos, professores e funcionários. Não estar interado no processo de educação, não saber os conteúdos que eles estão aprendendo, os dias de provas e trabalhos. Não saber também suas notas nas provas e não acompanhar as correções de provas e atividades feitas pelos professores, pois é a partir que podemos perceber o desempenho dos filhos na escola. Acho que os pais têm que estar sempre presentes, pois como já falei quem dá o verdadeiro valor para escola é a família.” Por sua vez a mãe B avalia que o mais significativo seria a dificuldade que a criança encontraria e ainda pode-se destacar que: “Como já falei tenho dificuldade de pensar nessa questão, mas acho que a criança teria bastante dificuldade e devido a isso, esconderia notas de provas e trabalhos, bem como, o que está acontecendo na escola, suas dificuldades, seu relacionamento com os outros, podendo então acontecer menos interesse na aprendizagem e bastante dificuldade. A criança provavelmente esconderia detalhes da escola porquê acreditaria que não há interesse dos pais no processo já que eles se fazem ausentes. Não ajudar nas tarefas e não ir até à escola seria bons exemplos de ausência.” E a mãe C faz a seguinte menção: “Não olhar agenda, não participar de eventos, não estar junto com os filhos em relação a sua vida escolar.” Conclui-se nesse sentido que a mãe A coloca que não participar das ações do cotidiano como, não ir às reuniões, não olhar agenda não saber os conteúdos que estão sendo ministrados pelos professores, entre outros que são importantes na vida escolar das crianças caracterizam a ausência dos pais no processo de escolarização. Ainda coloca que, não conhecer os amigos e outras pessoas que fazem parte do relacionamento da criança implica na ausência no processo, bem como, na vida em geral. A mãe B por ter dificuldade em falar da ausência escolar dos pais, conforme seu relato pensa que os filhos com pais ausentes esconderiam notas de provas e trabalhos e os acontecimentos da escola, mas converge com a mãe A, citando como exemplos de ausência não ajudar nas tarefas e não ir à escola. A mãe C também faz menção, em não olhar agenda não 55 participação em eventos, sendo assim, não estar junto no processo de escolarização da criança, dessa forma, converge com as mães A e B. 4.2.2 Análise das entrevistas das professoras Destaca-se aqui as questões realizadas com as professoras, bem como, os resultados obtidos. Quanto a questão nº 1 que solicitava as entrevistadas que “Descrevessem a rotina que praticam em seu dia a dia, destaca-se que: A professora A diz que : “Acordo às 6:20 horas e faço café. Faço as tarefas domésticas. Estudo e realizo atividades voltadas ao meu trabalho de professora. Almoço e saio às 12:30 horas para trabalhar. Dou aula até às 17:30. Dou aula de dança até às 18:15 (2ª, 3ª, 5ª e 6ª feiras) nas 4ª feiras tenho faculdade de Pedagogia. Volto para casa e vou jantar. Estudo e realizo atividades voltadas ao trabalho profissional. Tomo banho e vou dormir aproximadamente às 23:30 horas. Retomo minha rotina no dia seguinte.” A professora B destaca que: “Bem minha rotina é basicamente de manhã é cuidado com a casa. Alimentar e limpar os locais dos meus bichos de estimação. Planejamento de aula, correções de livros, cadernos, trabalhos e provas. Depois almoço, assisto jornal. À tarde trabalho no colégio. Depois do trabalho tomo café, assisto televisão e faço leitura. Tomo banho, uso computador, faço atividade referente ao trabalho e janto. Leio novamente, assisto mais um pouco de televisão e durmo.” Já a professora C menciona que sua rotina caracteriza-se de seguinte maneira: “De manhã me dedico à limpeza da casa, a fazer planos de aula, à pintura, pois também sou artista plástica. Depois almoço. Tomo banho e vou para o trabalho. À noite janto, tomo, banho, uso o computador, faço leituras e durmo.” Na concepção da acadêmica é importante ressaltar que as professoras A, B e C fazem menção às atividades domésticas praticadas no período da manhã, colocando que dedicam parte de seu tempo a atividades referentes a profissão de professor, como por exemplo, fazer planos de aula. A professora A coloca também que faz faculdade de Pedagogia uma vez na semana e, que os demais dias trabalha como professora de dança, 56 no próprio colégio M.C., após seu horário de serviço. As professoras B e C dizem dedicar-se ao uso do computador e a leitura à noite. E a professora C ainda menciona que é artista plástica, portanto, dedica-se a pintura no período da manhã. Todas as três professoras (A, B e C) trabalham no colégio M.C. à tarde. Observa-se que as professoras têm rotinas diversificadas, distribuídas ao longo do dia, ressalta-se as atividades voltadas ao lazer que aparece no discurso das três professoras, como artes plásticas, leitura e uso do computador. Na questão 2 que solicitava que as professoras Descrevessem a rotina de seus alunos (na escola), elas relevam os seguintes aspectos: A professora A menciona: “Chegam ao colégio aproximadamente às 13:00 e depois de organizarem seus materiais vão para quadra recrear. Bate o sinal às 13:30 e entram para sala de aula e vão estudar. A cada 40 minutos bate o sinal e é feita a troca de professores de acordo com a matéria selecionada. Às 15:30 horas vão lanchar e às 16:00 horas voltam para sala para concluir as matérias que faltam. Às 17:30horas bate o sinal para a saída dos alunos, onde os que fazem aula extra-curricular continuam no colégio até às 18:30 horas.” A professora B fala que: “Os alunos chegam ao colégio entre 13:00 e 13:30, durante essa meia hora eles ficam no pátio, alguns ficam na ala, brincam e se reúnem em grupos. Nesse tempo, eles devem tomar água e ir ao banheiro para se prepararem para o início das aulas. Eles entram para 1ª aula que é 13:30 hs e as outras são: 14:15/ 14:50/ 15:30/ recreio de 30 minutos/ 16:00/ 16:45/ 17:30 saída da escola. Nessas aulas existe troca de professores, somos em 5 e cada um com disciplinas específicas. Alguns alunos fazem aulas extracurriculares de dança, capoeira e futebol das 17:30 hs às 18:30 hs.” A professora C destaca: “Eles chegam 13:00 hs, fazem recreação na quadra e 13:20 se preparam para entrar indo ao banheiro e tomando água. Às 13:30 hs é o início das aulas, até às 13:40 hs entrega das agendas e aí começa as correções dos deveres e as atividades do dia. Às 14:15 hs é a 1ª troca de professores, as próximas são: 14:50/ 15:30 16:00/ 16:45, sendo que tem o recreio às 15:30 e retornam para sala às 16:00 e saem às 17:30. alguns têm aulas extracurriculares, portanto ficam até 18:30 hs.” 57 Na visão da pesquisadora em referência a esta questão as três professoras (A,B e C) têm a mesma rotina, pois ministram aulas para os mesmos alunos, e seguem a rotina determinada pela escola que trabalham. Sendo assim, as professoras A, B e C relatam que seus alunos chegam no período entre 13:00 horas até 13:30 horas. E nesse tempo fazem atividades de recreação na quadra. Às 13:30 horas bate o sinal de entrada e os alunos vão para suas salas. Há troca de professores a cada 40 minutos. A hora do recreio acontece no horário das 15:30 horas às 16:00 horas, nesse tempo seus alunos lancham e brincam na quadra. Às 17:30 horas terminam as aulas. Alguns alunos praticam aulas extracurriculares e ficam no colégio até às 18:30 horas. Para a questão 3 que questionava Como você analisa a relação entre família e escola no processo de aprendizagem das crianças?, obteve-se como respostas: Na concepção da professora A: “A família é um alicerce para a vida de qualquer aluno. Em relação à educação, ou seja, a escola, é fundamental no processo ensino-aprendizagem. A ajuda dos pais para realização de tarefas, estimulando a leitura, acompanhamento o desenvolvimento educacional, o diálogo cultural e auxiliando o comportamento, faz com que o aluno se sinta seguro e capacitado para enfrentar o dia-a-dia na escola.” A professora B tem o seguinte entendimento: “Todo processo de aprendizagem parte das relações existentes do educando, qualquer relação desse aluno forma seu desenvolvimento. Escola e família quando integram e trabalham juntas propiciam focos e alternativas de ensino. Um ou outro separado permitirá um aprendizado factual, dependendo do aluno. O conhecimento flui em qualquer rede de relações, quando maior e mais focada for essas relações, mais curiosidade desperta e o conhecimento se estabelece.” E a professora C compreende que: “Posso analisar através da participação dos pais nas atividades e rotinas diárias dos educandos, ou seja, os filhos. Sendo assim, os pais não devem transferir para escola a responsabilidade de suprir momentos e tarefas que são responsabilidades da família, cabendo a escola “apenas” o papel de mediador do conhecimento. No entanto, a relação tem que existir para que a aprendizagem aconteça.” A pesquisadora enfatiza em respeito a este aspecto que, a professora A pensa que a família serve como um alicerce na vida da criança, dessa forma os pais devem 58 estar presentes estimulando e acompanhando nas tarefas, pois assim, ela sentirá segurança para enfrentar as dificuldades decorrentes do processo de aprendizagem. A professora A ainda acredita que tem que existir relação entre escola e família para que haja aprendizagem. A professora B concorda que a relação é imprescindível para que a aprendizagem flua de forma harmoniosa, destaca que se houver distanciamento entre escola e família, ocorrerá aprendizado de forma factual. A professora C compartilha com as professoras A e B no que se refere a importância da relação para que a aprendizagem aconteça, coloca que os pais não devem transferir a escola o papel que é seu, e que o meio que utiliza para avaliar a relação existente é através da participação dos pais nas atividades rotineiras da criança. A questão 4 que interrogava sobre O que você acredita que mudou na relação entre escola e família do seu tempo de escolarização para o de seus alunos?, destacase: Na resposta da professora A: “Eu vejo que no meu tempo de escola o respeito e a ordem; tanto da família quanto da escola, era mais crítico, mais cobrado e exigido, ou seja, determinista. Hoje, as escolas têm de fazer o papel escola-família, onde a globalização domina o mundo, os pais passam o dia fora de casa e as crianças na mão de familiares ou empregados. Diminuiu o respeito e a atenção, mas aumentou a tecnologia e o dinamismo. A educação está sendo feita de maneira errada, com o abuso de poder de alguns pais refletindo no aluno a desobediência e a violência. O mundo progressista faz do professor um mediador do conhecimento e o aluno crítico deste conhecimento. Antigamente o professor era um mediador e o aluno um simples assimilador dos conhecimentos, fazendo que apenas ouvisse sem poder discutir ou discordar. O diálogo em casa e no colégio era quase nulo. Agora é muito desenvolvido no colégio, onde o professor, muitas vezes faz o papel de professor-família.” A professora B ressalta que: “Parece que a escola de hoje em meio à globalização, uso de Internet, entre tantas outras evoluções sociais, perdeu um pouco das características da escola da minha época. A escola virou alvo de uma educação completa, como se os professores não fossem somente educadores, mas também pai e mãe. Construir a identidade do educando virou papel do educador. As exigências dos pais, em cima dos alunos diminuiu, mas com a escola aumentou. O conhecimento está em todos os espaços, alguns pais propiciam estes contatos, a grande maioria ainda reduz essa aprendizagem ao espaço escolar.” 59 Já a professora C acredita: “Antes o papel da escola era o de passar o conhecimento como verdade única. Hoje existe a liberdade de questionar e participar expondo experiências e realidades da vivência do aluno, “chegando”, ou seja, participando e até mesmo interferindo de forma negligente quanto ao papel da família.” Em relação ao questionamento acima a acadêmica através de suas reflexões analisa que as professoras A e B enfatizam a globalização como fator determinante para as mudanças ocorridas no processo de escolarização. A professora A destaca que em seu tempo de escolarização família e escola eram mais rígidos, quanto a ordem e ao respeito, releva a questão de os pais necessitarem deixar seus filhos sob os cuidados de outras pessoas durante horas do dia para que possam trabalhar e, em detrimento disso e da globalização já citada acima, houve mudança no respeito e na atenção, mas aumentou o dinamismo e a ordem. Para ela, antigamente o professor era mediador do conhecimento e o aluno um simples assimilador, hoje o aluno é crítico e o diálogo acontece, não só na escola, mas em casa também, o que não existia antes. Releva ainda que às vezes o professor assume o papel de professor-família. A professora B compartilha com a professora A sobre a nova postura da escola ou do professor, colocando que estes, têm a exigência de proporcionarem educação completa, pois muitas vezes, o professor tem que assumir o papel de pai e mãe, e que a maioria dos pais ainda reduzem a aprendizagem ao espaço escolar. A professora C também concorda com as professoras A e B no que diz respeito à mudança do papel da escola, pois acredita que antes a escola passava o conhecimento como verdade única e aluno o não tinha autonomia para questionar, hoje isso não acontece, existindo dessa forma troca de experiências. Com relação à questão 5 que tinha como questionamento a opinião das entrevistadas acerca da função dos pais no processo de escolarização de seus alunos, pode-se obter como resultados: Conforme o entendimento da professora A: “Os pais deveriam ter a função de “educar” tanto individual quanto socialmente. Mas isso não impede de ser auxiliador no processo educativo, sendo participativo e dinâmico, pois a escolarização não se limita às 4 horas no colégio, mas durante as horas dedicadas aos estudos em casa. 60 Sendo assim, torna-se fundamentalmente sua “presença” na vida escolar e também social de seu filho.” A perspectiva da professora B é que os pais devem: “Propiciar o contato com o mundo, com as diversidades e principalmente com a realidade, pois é nessa relação com o mundo que ele irá estabelecer a vontade de aprender, o que é fundamental para construção de qualquer conhecimento. Apresentar a realidade é a melhor forma de construir a vontade de saber. O aluno interessado busca mais, e aprende mais.” Por sua vez a professora C acredita que é necessário: “Participar diariamente criando uma rotina e conhecendo, assim as limitações e necessidades de orientação, descobrindo seu desempenho enquanto aluno. Aos pais cabe responsabilidade de orientá-los quanto seres sociais, seus deveres e direitos dentro de um estabelecimento de ensino.” A acadêmica afirma acerca da questão contemplada anteriormente, que para a professora A os pais devem estar sempre presentes na vida escolar da criança, devem ser participativos e dinâmicos, pois a escolarização não deve estar limitada as quatro horas que a criança passa na escola, mas em todo tempo que dedica-se aos estudos. Ela ainda vai além dizendo que a presença dos pais consiste também na participação da formação social da criança. A professora B acredita que os pais devem propiciar contato com o mundo e com suas diversidades, pois somente assim a criança tem a possibilidade de aprender, a construção do conhecimento se dá através da apresentação da realidade feita pelos responsáveis. Já para a professora C os pais têm que participar diariamente da vida criança, descobrindo dessa forma as limitações dele enquanto aluno. Ela ainda concorda com a professora A ao dizer que os pais devem orientar também para a vida social. Na questão 6 que indagava Como você percebe que os pais se fazem presentes na vida escolar de seus alunos?, apresenta-se como respostas: Na compreensão da professora A: “A presença dos pais na escolarização dos alunos deveria ser maior, mas por motivos injustificáveis a presença é pequena demais. Conseqüentemente o reflexo na aprendizagem é prejudicial para a maioria. Por outro lado, há pais sempre presentes, que torna-se notório o crescimento do aluno. Seja na organização do material, na pontualidade, nos deveres e nos trabalhos supervisionados 61 por eles e nas avaliações e excepcionais feitas pelos alunos. Contudo, o aluno torna-se mais responsável e capacitado para enfrentar melhor seus desafios.” Na perspectiva da professora B: “Alguns pais auxiliam nas atividades escolares, introduzem novos conceitos, participam dos deveres e trabalhos, incentivam a leitura e a busca por novos conhecimentos. Outros pais resumem sua participação ao acompanhamento, fez ou não as atividades, vai ter prova ou não, etc. São meros expectadores da vida educativa de seus filhos.” Na concepção da professora C: “Uma minoria se preocupa com os conteúdos nas atividades para casa. Dispondo do tempo para orientá-los e cobrando seu comportamento em sala.” Neste sentido é possível destacar que a professora A relata perceber a participação através do acompanhamento da organização do material, pontualidade nos deveres e no crescimento do aluno, mas diz que são poucos os pais que participam da vida escolar dos filhos e que isso reflete negativamente para os alunos que não têm participação dos pais. O discurso da professora B vem ao encontro do comentário da professora A, ela diz que apenas alguns pais participam na escolarização dos filhos, sendo que estes acompanham os deveres e provas e auxiliam para a construção de novos conceitos, mas há outros pais que não participam, e agem como se fossem simples expectadores da vida escolar dos filhos. A professora C confirma o que foi dito pelas professoras A e B ao mencionar que é uma minoria de pais que participam do processo de escolarização dos filhos e poucos dispõem de tempo para orientá-los. Para a questão 7 que tinha como questionamento O que você entende por ausência dos pais na vida escolar dos alunos, ressalta-se as seguintes declarações: A professora A entende a ausência da seguinte forma: “Pode-se entender como o declínio no desenvolvimento e rendimento escolar. Fazendo como que o aluno perca o interesse em se dedicar mais para determinadas disciplinas, que exijam mais deles. Essa ausência reflete também o comportamento geral entre aluno-professor e alunoaluno.” A professora B expõe: “Uma fase muito escutada pelos professores é: Mas isso é papel da escola” como se o processo de ensino-aprendizagem fossem algo repartido, unilateral, que começa na escola e lá deve terminar. Isso fica evidente na curiosidade e 62 interesse demonstrado pelos alunos, o mesmo interesse dado pelos pais ao seus filhos. Esse processo de distinção entre escola e família elaborado pelos pais evidenciam a ausência deles nesse processo, pois demonstra que a participação ainda resume-se em apenas deixá-los na escola.” A professora C releva que: “Muitos deles não tomam conhecimento de tarefas e desempenho dos filhos. A única preocupação é o pagamento da mensalidade no final de cada mês. Não participam de reuniões e ficam incomodados quando a escola passa tarefas que precisa da participação direta deles.” Nesta perspectiva a acadêmica ressalta que a professora A entende a ausência dos pais através do declínio no desenvolvimento e rendimento escolar, tendo repercussão não só na aprendizagem, mas em todo comportamento da criança, inclusive professor-aluno e aluno-aluno. A professora B acredita que a ausência apresenta-se quando os pais simplesmente deixam seus filhos na escola e não têm preocupação de como está o processo de ensino-aprendizagem como se este fosse responsabilidade apenas da escola. Já a professora C destaca que a ausência está na não participação das tarefas e o não conhecimento do desempenho dos filhos na vida escolar, o incômodo por parte dos pais quando há tarefas que necessitam sua ajuda, pois muitos pais preocupamse apenas no pagamento da mensalidade. Por fim a questão 8 que solicitava as entrevistadas que Citassem exemplos que caracterizem a ausência dos pais no processo de escolarização dos alunos, as respostas encontradas foram: A professora A comenta que: “As ausências podem ser citadas como: falta de interesse diário em saber como foi o dia escolar, auxílio em tarefas e trabalhos, diálogos e discussões sobre atualidades, desinteresse em reuniões ou pedidos de presença escolar, procurar espontaneamente os professores para saber o rendimento do filho, participar de festividades ou eventos do colégio, assinar agendas ou qualquer documento solicitado e serem “pais”. Desta forma o diálogo beneficiará o aluno para uma conversa mais ampla; e os assuntos sobre amizade, carinho, atenção, respeito, dedicação auxiliará de forma abrangente a vida da criança de várias formas.” A professora B apresenta: “Falta de interesse no acesso às informações aos seus filhos, não complemento às atividades escolares, falta de atenção ao comportamento 63 dos filhos, nenhum conhecimento das relações de amizade ou de confronto que seus filhos possuem no ambiente escolar.” E a professora C destaca: “Não tomar conhecimento da agenda escolar. Não comparecer na escola quando solicitados. Não acompanhar as atividades escolares. Não demonstrar curiosidade em relação aos conteúdos que serão ministrados durante o ano letivo. Não procurar a escola por vontade própria.” Desta forma para finalizar a análise das entrevistas a pesquisadora destaca que as três professores (A, B e C) convergem nesta questão ao citarem exemplos que caracterizam a ausência dos pais, ao mencionarem que o não acompanhamento de ações do cotidiano da criança, tais como, não olhar agenda, não auxiliar nos deveres e nos estudos para as provas, não ir às reuniões e não comparecer à escola por iniciativa própria e mesmo quando são chamados caracterizam a ausência escolar. 4.3 ANÁLISE DE CONTEÚDO (DESENHO) Apresenta-se aqui a análise dos desenhos elaborados com as crianças (filhos das participantes da pesquisa). O desenho elucida a dinâmica familiar da criança, juntamente com a família em referência a realização de sua atividade escolar. Deve-se salientar que a proposta da realização do desenho com as crianças foi apenas como fator motivador de envolvê-las no processo. Sendo assim, a forma estabelecida para verificação dos resultados foi a análise de conteúdo com recorte microgenético. Dessa forma, transcorre a seguir a análise feita a partir da elaboração dos desenhos. 64 Em seu desenho a criança A, representou seu dia-a-dia com sua família em relação às tarefas escolares. No desenho ela mostra o espaço da casa onde habitualmente costuma estudar. Trata-se da área de serviço que é em frente à cozinha de sua casa como também da sala. No desenho ela está na área já pronta para iniciar suas tarefas, com seu material em mãos e a mãe está na sala, encaminhando-se ao encontro dela para poder auxiliá-la nesse processo. A criança relata que praticamente todas as tarefas escolares acontecem dessa forma, ou seja, na presença da mãe, bem como, nesse mesmo espaço. 65 No desenho da criança B sua perspectiva concentra-se no espaço que utiliza para fazer suas tarefas escolares no cotidiano. Trata-se da cozinha de sua casa, onde faz todos os dias. Ela desenhou todo o espaço da cozinha, os armários dos lados direitos e esquerdos, o fogão e bem ao centro do desenho a mesa da cozinha, onde ela e sua família fazem suas refeições e uma mesa menor que relata ter ganho de seu pai, onde faz suas tarefas. Ela se desenhou à direita, já sentada na cadeira fazendo suas atividades e na mesma mesa, ou seja, na sua mesa de fazer tarefas, sua mãe de frente a ela, ajudando-a na realização da mesma. Ao lado direito da mesinha de estudo, desenhou na mesa da cozinha, o pai tomando café depois que chega do trabalho, após as 18:00 horas. Relata que quando faz as tarefas no período da manhã seu pai não está no local. Diz também que quase sempre faz as tarefas de manhã e com o auxílio da mãe. 66 No desenho da criança C, a mesma representa suas atividades referentes à escola sozinha. Desenhou a mesa da cozinha com seus materiais em cima dela e a sua mão na cabeça refletindo sobre as tarefas. Relata fazer seus deveres sempre no mesmo ambiente (cozinha) e sempre sozinha. Apenas quando não entende a questão, ou tem alguma dificuldade na matéria pede ajuda à sua mãe e daí sim, ela o auxilia. Percebe-se que nos dois primeiros casos as crianças relatam ter um espaço demarcado para realização de suas tarefas relacionadas à escola. Fica explícito também no desenho a presença de alguém como auxiliador nas atividades e, que nos exemplos citados é a mãe que configura esse papel, no entanto, deve-se ressaltar que ambas as mães não trabalham fora de casa, sendo assim, disponibilizam parte de seu tempo para auxiliar os filhos. Já no terceiro exemplo, a criança também tem um espaço demarcado para seus estudos, no entanto, faz sua tarefa sozinho, recebendo ajuda somente quando há necessidade. Porém, destaca-se que nesse caso a mãe trabalha fora de casa e tem o maior tempo de seu dia ocupado, esse fator pode ser relevante para que isso aconteça. Pode-se destacar que ainda, na contemporaneidade a questão de gênero prevalece no que se refere ao auxílio aos filhos em relação às tarefas escolares, neste caso, o feminino, conforme toda a história da humanidade. Dessa forma, ainda nos tempos atuais quem participa mais da vida escolar dos filhos é a mãe. É ela quem vai à reuniões, leva a criança para a escola, além de disponibilizar parte de seu tempo a auxiliar no dever de casa, mesmo que trabalhe fora de casa. Conforme CARVALHO (2004:46) 67 A presença de um pai é sempre surpreendente, pois todas as professoras, de escolas públicas e privadas, reportam a presença predominante, quando não exclusiva, das mães nas reuniões de “pais e mestres”. Também são as mães que dão uma palavrinha com a professora quando entregam o filho ou filha na escola. É importante salientar que o fato de aparentemente a participação na escola pareça ser predominantemente feminina, não pode-se concluir que não haja presença do pai, nesse contexto. Hoje em meio às mudanças na produção de trabalho, a mulher trabalha fora de casa tanto quanto o homem, este está envolvido sim, no que se refere à escolarização dos filhos, porém ainda não se iguala a participação feminina. 4.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A discussão a seguir consiste em um recorte epistemológico dos resultados alcançados baseados nos elementos focados sistematicamente nos discursos das entrevistadas. Até o momento havia sido feita a interligação das respostas encontradas pelas mães e pelas professoras em separado. Neste tópico apresenta-se a interligação dos resultados obtidos para mães e professoras, sendo evidenciado através de categorias convergentes. Através da aplicação da entrevista semi-estruturada com as mães e professoras e do desenho gráfico com as crianças, não pôde-se chegar a uma conclusão definitiva, acerca dos detalhes conceituais que cerca o tema da pesquisa, visto que a amostra que compôs a pesquisa foi bastante restrita, pois a mesma foi composta apenas por nove (09) pessoas. Desta forma, a pesquisa serviu como meio de discussão e reflexão dos resultados encontrados. Não tendo pretensão de fazer generalizações. Apresenta-se a seguir as categorias que foram levantadas a partir do conteúdo da entrevista e do desenho gráfico. 68 CATEGORIAS VALORES PRESENÇA RELAÇÃO FAMÍLIA/ESCOLA AUSÊNCIA ROTINAS NAS TAREFAS ESCOLARES AÇÕES DO COTIDIANO GÊNERO APRENDIZAGEM Tabela 1 A primeira categoria encontrada foi valores sendo evidenciada nas falas das mães A e C e da professora A, os valores para elas são importantes do ponto de vista da convivência social, sendo relevante para a relação entre família e escola. No entanto, não foi explicitado na entrevista o que as entrevistadas entendem por valores. A categoria presença é utilizada em todos os discursos, tanto no das professoras quanto no das mães que vêem a presença familiar como algo culminante para que a aprendizagem aconteça de forma sólida. Dessa forma, pode-se destacar junto a esta categoria, a relação família/escola já que ambas acreditam que somente com a existência da relação entre família e escola é possível que aconteça aprendizagem de forma significativa, caso contrário, a mesma será prejudicada. Por sua vez, junto à categoria presença pode-se destacar a categoria ausência que se caracteriza no discurso das entrevistadas como algo prejudicial ao processo de aprendizagem, já que as mesmas acreditam que a presença seja imprescindível à aprendizagem escolar na infância. A ausência para elas pode repercutir na dificuldade que criança encontraria na escola. Nas falas das entrevistadas há ênfase nas atividades praticadas diariamente, tais como; o hábito de olhar agenda; o estudo para provas; fazer os deveres, através destas atividades relatadas pode-se pensar na categoria rotinas nas tarefas escolares. Nesse mesmo sentido, encontra-se a categoria ações do cotidiano, pois observa-se que a presença ou ausência familiar no contexto escolar ainda está muito atrelada a ações do dia-a-dia, ou seja, atividades realizadas no cotidiano da criança. O acompanhamento nas tarefas escolares ainda é muito marcado pela necessidade encontrada para que o mesmo 69 aconteça. Não foi evidenciada a relação da presença encontrada nas categorias em âmbito maior da prática pedagógica do ponto de vista institucional, como por exemplo, a participação da família na discussão do projeto político pedagógico, pois o discurso tanto das mães quanto das professoras baseia-se na especificidade da aprendizagem e nas ações do cotidiano. É bastante marcada ainda a presença feminina no processo de ensinoaprendizagem, mas todavia não generalizada, sendo destacada pela categoria gênero, pois nota-se que quem participa e auxilia na rotina escolar da criança são as mães, assim como, há uma certa predominância do gênero feminino também na função de professor. A categoria aprendizagem surgiu a partir dos discursos das entrevistadas que evidenciam em suas respostas um enfoque predominante da preocupação com o processo de aprendizagem de seus filhos e alunos. Por fim, acredita-se que tais categorias ressaltam a preocupação tanto das mães, quanto das professoras no que tange a função da relação família e escola no processo de formação escolar e pessoal das crianças. Isso é visível no entendimento de que presença e ausência são fatores que podem definir o modo como a própria criança percebe a relação entre família e escola na sua vida escolar com repercussão em sua formação psíquica. 70 5 CONSIDERAÇOES FINAIS O assunto em discussão ao longo desta Monografia foi a Contemporaneidade, família e escola: a construção do fenômeno presença-ausência na aprendizagem escolar na infância. O propósito desta pesquisa era o de levantar os principais aspectos que oportunamente ocasionam a presença ou a ausência dos pais na escolaridade de seus filhos e o quanto isso pode interferir para a aprendizagem dos mesmos. A pesquisa trouxe elementos significativos para pensar sobre o tema em questão. Pôde-se ser visto que a contemporaneidade remete a uma reorganização familiar, onde a mulher que antes tinha por função apenas cuidar da casa e dos filhos está cada vez mais inserida no mercado de trabalho para auxiliar no sustento ou até mesmo fazê-lo sozinha. Essa é apenas uma das características da contemporaneidade, discutida ao longo desta pesquisa. Em conseqüência houve mudanças na educação das crianças, pois as mesmas passam parte de seu dia na presença de outras pessoas que não são os pais ou responsáveis, devido a esse fator a escola também se reorganiza a fim de acompanhar as exigências atuais. Isso tende de certa forma a refletir na aprendizagem escolar. A presença familiar no processo de escolarização é um diferencial relevante para a vida escolar da criança. As considerações finais também é o momento onde retoma-se os objetivos a fim de que se possa analisar se os mesmos foram alcançados. O objetivo geral que tinha como perspectiva analisar a relação entre contemporaneidade, família e escola, assim como, seus benefícios e conseqüências para a definição e compreensão da construção dos fenômenos presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na infância; pôde ser verificado através das entrevistas que contemplaram a presença e ausência familiar no processo de escolarização e a função da família para esse processo. Como objetivos específicos tinha-se como primeiro, resgatar historicamente do ponto de vista teórico, a partir da contemporaneidade a relação entre escola e família e suas influências na aprendizagem escolar na infância, pode-se dizer que este objetivo foi constatado com o que foi exposto na revisão teórica no item 2.3 sobre A relação família e educação onde perpassou-se desde a sociedade primitiva até chegar à contemporaneidade, caracterizando cada uma delas. Em seguida destaca-se mais dois objetivos que eram caracterizar algumas conseqüências do mundo contemporâneo para a aprendizagem escolar infantil e identificar alguns fatores que caracterizam o fenômeno presença-ausência familiar 71 dentro do contexto escolar; o referencial teórico possibilitou pensar sobre essas questões, mas os objetivos puderam ser discutidos através das entrevistas, já que as mesmas apresentam subsídios que caracterizam o fenômeno presença-ausência familiar no processo de escolarização, tais como, a globalização que foi bastante citado pelas professoras; e a reorganização da estrutura familiar em detrimento do trabalho fora de casa, em especial da mulher e em virtude disso os filhos na maioria das vezes ficam sob os cuidados de outras pessoas incluindo aqui a escola, que assume um novo papel na contemporaneidade. O objetivo que tinha como propósito definir os termos presença e ausência familiar a partir do fenômeno psicológico foi verificado através da revisão bibliográfica, na forma de conceituação do que era presença e do que era ausência familiar. E o último objetivo que tinha como pretensão contribuir com subsídios científicos na compreensão do fenômeno presença- ausência familiar e suas implicações para a aprendizagem escolar a partir do mundo contemporâneo possibilitando informações que auxiliem pais e educadores no sentido de capacitarem-se para o enfrentamento de tal processo de forma reflexiva e competente; pôde-se concluir através da finalização da monografia, por constar na mesma um recorte teórico que evidencia a presença e ausência familiar, bem como, as implicações de ambas para aprendizagem escolar na infância, quando estas encontram-se atreladas por questões contemporâneas que de certa forma, influenciam no processo. É importante resgatar também a discussão realizada a respeito das perspectivas das crianças em relação à presença familiar, pois fica evidenciada na representação gráfica realizada com as mesmas, que a participação dos pais no processo escolar ainda é bastante pautada a rotina das tarefas escolares, que foi possível perceber tanto nas entrevistas com as mães e professoras, quanto no desenho das crianças. Destaca-se ainda, que mesmo diante a transição ocorrida da Modernidade para a Contemporaneidade, ainda parece que há uma preocupação bastante evidente no que diz respeito à preservação de valores, sendo estes importantes tanto no que se refere à convivência familiar quanto a social, que reflete até mesmo na escolha da escola onde a criança irá estudar, já que a mesma deve proporcionar a continuidade da educação iniciada no âmbito familiar. Assim como, a importância da família para o desenvolvimento e aprendizagem da criança, mesmo que hoje já sejam permitidos outros arranjos familiares, onde não precisa existir necessariamente a presença do pai e 72 da mãe neste contexto, mas a família continua sendo o primeiro referencial para a criança onde esta, poderá estruturar-se para sua vida adulta. Por fim, coloca-se que os resultados obtidos na pesquisa servem apenas como meio de reflexão visto que a amostra foi restrita, assim como, o tempo por se tratar de um Trabalho de Conclusão de Curso. Sugere-se a continuidade desta, pela mesma não ter alcançado um resultado definitivo, não permitindo generalizações. Para dar continuidade a mesma, seria interessante que a amostra fosse maior a fim de obter resultados mais precisos, assim como, seria relevante fazer um paralelo entre escola da rede particular e do ensino público com propósito de comparar se a presença e a ausência familiar no âmbito escolar têm o mesmo significado para ambas. 73 REFERÊNCIAS ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Trad. Dora Zlaksman. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC- Livros técnicos e científicos, 1981. BOLLMAN, Cleusa M. Soares. Interação Pais & Escola. Rev. PEC, Curitiba, v.1., n.1, p.67-68, jul.2000-jul.2001. Disponível em <http://www.bomjesus.br>. Acesso em 25 de setembro de 2007. BRASIL. Base da Legislação Federal do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 2005. Disponível em <http://legislacao.planalto.gov.br>. Acesso em 01 de dezembro de 2007. CARVALHO, Maria Eulina Pessoa de. Modos de educação, gênero e relações escolafamília. Cadernos de Pesquisa, v. 34, n. 121, jan./abr. 2004. 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Itajaí: UNIVALI, 2001. 77 APÊNDICES 78 APÊNDICE A – Entrevista semi-estruturada Entrevista Semi-estruturada * Para os pais: 1) Descreva a sua rotina (dia a dia). 2) Descreva a rotina de seu filho. 3) Como você analisa a relação entre família e escola no processo de aprendizagem das crianças? 4) O que você acredita que mudou na relação entre escola e família do seu tempo de escolarização para o de seus filhos? 5) Em sua opinião qual a função dos pais no processo de escolarização dos seus filhos? 6) Como você se faz presente na vida escolar de seu filho? 7) Em sua opinião como a ausência dos pais influencia no processo de escolarização dos seus filhos? 8) Cite alguns exemplos que caracterizem a ausência dos pais no processo de escolarização dos alunos? * Para os professores: 1) Descreva a sua rotina (dia a dia). 2) Descreva a rotina de seus alunos (na escola e em casa). 3) Como você analisa a relação entre família e escola no processo de aprendizagem das crianças? 4) O que você acredita que mudou na relação entre escola e família do seu tempo de escolarização para o de seus alunos? 5) Em sua opinião qual a função dos pais no processo de escolarização de seus alunos? 6) Como você percebe que os pais se fazem presentes na vida escolar de seus alunos? 7) O que você entende por ausência dos pais na vida escolar dos alunos? 8) Cite alguns exemplos que caracterizem a ausência dos pais no processo de escolarização dos alunos? 79 APÊNDICE B – Questionário sócio-demográfico e profissional QUESTIONÁRIO SÓCIO-DEMOGRÁFICO E PROFISSIONAL Sessão A: Dados Demográficos Nome ou iniciais: ______________________________________________________ 1. Sexo: masculino ( ) feminino ( ) 2. Idade: ____ 3. Estado Civil: ( viúvo(a) ( ) casado(a) ( ) divorciado(a) ( 4. Tem filho(s) ? não ) solteiro(a) ( ) união consensual ( ) outros sim Quantos? ______ 5. Local de trabalho: ____________________ Seção B: Variáveis ocupacional-profissionais 1. Quantas horas você trabalha por dia/semana? _______________________ 2. Você exerce alguma outra atividade profissional? ( ) sim ( ) não Caso sua resposta seja sim, qual? _______________________ 3. Durante o seu tempo livre, a que atividades você se dedica? ( ) Prática desportiva ( ) Trabalhos domésticos ( ) Uso de computador ( ( ) Atividades artesanais ( ( ) Assistir TV e vídeos ( ) Atividades de lazer ) Leitura e estudo ) Outra _________________________________ ) 80 APÊNDICE C – Roteiro para a realização da dinâmica interativa representação gráfica (desenho) com as crianças ROTEIRO PARA A REALIZAÇÃO DA DINÂMICA INTERATIVA REPRESENTAÇÃO GRÁFICA (DESENHO) COM AS CRIANÇAS. 1- Será entregue uma folha de papel A4 à criança. 2- Será oferecido lápis de cor para colorir o desenho, se desejar. 3- Será orientado ao que deverá fazer e qual a finalidade da dinâmica. 4- Será solicitado que a criança desenhe na folha de papel como é o seu dia-a-dia com seus pais na realização das atividades referentes à escolarização. 81 ANEXOS 82 ANEXO A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Você está sendo convidado (a) a participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa, você não será penalizado (a) de forma alguma. INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA: Título do Projeto: CONTEMPORANEIDADE, FAMÍLIA E ESCOLA: A CONSTRUÇÃO DO FENÔMENO PRESENÇA-AUSÊNCIA FAMILIAR NA APRENDIZAGEM ESCOLAR NA INFÂNCIA. Pesquisador Responsável: Ilma Borges Telefone para contato: 9960-7482 Pesquisadores Participantes: Joice Nascimento da Silva Telefones para contato: (48) 3247-2430 / 9914-8162 Analisar a relação entre contemporaneidade, família e escola, assim como, seus benefícios e conseqüências para a definição e compreensão da construção dos fenômenos presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na infância. Resgatar historicamente do ponto de vista teórico a partir da contemporaneidade a relação entre escola e família e suas influências na aprendizagem escolar na infância. Caracterizar algumas conseqüências do mundo contemporâneo para a aprendizagem escolar infantil; Definir os termos presença e ausência familiar a partir do fenômeno psicológico. Identificar alguns fatores que caracterizam o fenômeno presença-ausência familiar dentro do contexto escolar. Contribuir com subsídios científicos na compreensão do fenômeno presença- ausência familiar e suas implicações para a aprendizagem escolar a partir do mundo contemporâneo possibilitando informações que auxiliem pais e educadores no sentido de capacitarem-se para o enfrentamento de tal processo de forma reflexiva e competente. 83 Quanto aos aspectos éticos, os pesquisadores informam que: a) Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo, garantindo meu anonimato, e o resultado apenas mostrará os possíveis benefícios atingidos pela pesquisa; b) A aceitação não implica que sou obrigado (a) a participar da pesquisa até seu final. A qualquer momento posso interromper minha participação, bastando, para isto, comunicar os pesquisadores; c) Minha participação é voluntária, não terei direito a remuneração; d) Esta pesquisa é de cunho acadêmico e não visa uma intervenção imediata; e) Durante a participação, se tiver alguma reclamação do ponto de vista ético, poderei contatar com o responsável desta pesquisa; f) A entrevista terá em média 50 minutos. Caso eu sinta qualquer desconforto poderei interromper minha participação. g) Não há riscos previsíveis por minha participação; h) Os resultados serão divulgados na apresentação da pesquisa perante defesa para a banca examinadora, de forma pública, no período de julho de 2008, conforme calendário da Coordenação de TCC do Curso de Psicologia da Univali – Centro de Estudo de Biguaçu/SC, e posteriormente a apresentação possivelmente ser publicada em revista científica. i) Estou ciente que a minha participação nesta pesquisa beneficiará os estudos sobre Presença/ausência familiar e as implicações desta, para a aprendizagem escolar, devido às mudanças contemporâneas. j) Ao final da pesquisa, se for de meu interesse, a devolutiva dos resultados poderá ser realizada através de uma cópia impressa e/ou eletrônica. k) As entrevistas somente serão gravadas com a autorização do (a) Senhor (a), sobre a qual será mantido anonimato. l) Para participar dessa pesquisa, o (a) Senhor (a) deverá assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Esse termo determina que o (a) Senhor (a) aceita participar da pesquisa como voluntário (a) e pode desistir de fazê-lo se não se sentir à vontade, sem que sofra qualquer penalidade. Nome do pesquisador: ___________________________________________________ Assinatura do pesquisador: ________________________________________________ 84 CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO Eu _________________________________________________________________, RG______________________, CPF __________________________ abaixo assinado, concordo em participar do presente estudo como sujeito. Fui devidamente informado (a) e esclarecido (a) sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade. Local e data: ____________________________________________________________ Nome: ________________________________________________________________ Assinatura do Sujeito ou Responsável: _______________________________________ Telefone para contato: ____________________________________________________ 85 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO/COMPLEMENTAÇÃO Você está sendo convidado (a) a participar, como voluntário, bem como, autorizar que seu filho participe também dessa pesquisa. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa, você não será penalizado (a) de forma alguma. INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA: Título do Projeto: CONTEMPORANEIDADE, FAMÍLIA E ESCOLA: A CONSTRUÇÃO DO FENÔMENO PRESENÇA-AUSÊNCIA FAMILIAR NA APRENDIZAGEM ESCOLAR NA INFÂNCIA. Pesquisador Responsável: Ilma Borges Telefone para contato: 9960-7482 Pesquisadores Participantes: Joice Nascimento da Silva Telefones para contato: (48) 3247-2430 / 9914-8162 Observa-se que para fins de obtenção dos resultados da pesquisa em relação ao tema, os pesquisadores consideram fundamental que seja realizada também uma investigação a respeito das perspectivas das crianças/filhos sobre o assunto em discussão. Portanto, os pesquisadores solicitam consentimento para realizar a dinâmica, em que através desenhos as crianças/filhos expressem sua opinião. Nome do pesquisador: ___________________________________________________ Assinatura do pesquisador: ________________________________________________ 86 CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO Eu _________________________________________________________________, RG______________________, CPF __________________________ abaixo assinado, concordo que meu filho ___________________________________ participe do presente estudo como sujeito. Fui devidamente informado (a) e esclarecido (a) sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento de participação de meu filho a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade. Local e data: ____________________________________________________________ Nome: ________________________________________________________________ Assinatura do Sujeito ou Responsável: _______________________________________ Telefone para ____________________________________________________· contato: 87 ANEXO B – Documento que evidencia a pesquisa com caráter científico, o apoio de um supervisor e a comprovação de que a pesquisadora é aluna devidamente matriculada na instituição UNIVALI CARTA DE APRESENTAÇÃO – Sujeitos da Pesquisa Prezado (a) Senhor (a), ___________________________________________________, tendo como perspectiva desenvolver a pesquisa intitulada “CONTEMPORANEIDADE, FAMÍLIA E ESCOLA: A CONSTRUÇÃO DO FENÔMENO PRESENÇA-AUSÊNCIA FAMILIAR NA APRENDIZAGEM ESCOLAR NA INFÂNCIA”, apresentamos os seguintes objetivos: Analisar a relação entre contemporaneidade, família e escola, assim como, seus benefícios e conseqüências para a definição e compreensão da construção dos fenômenos presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na infância. Resgatar historicamente do ponto de vista teórico a partir da contemporaneidade a relação entre escola e família e suas influências na aprendizagem escolar na infância. Caracterizar algumas conseqüências do mundo contemporâneo para a aprendizagem escolar infantil; Definir os termos presença e ausência familiar a partir do fenômeno psicológico. Identificar alguns fatores que caracterizam o fenômeno presença-ausência familiar dentro do contexto escolar. Contribuir com subsídios científicos na compreensão do fenômeno presença- ausência familiar e suas implicações para a aprendizagem escolar a partir do mundo contemporâneo possibilitando informações que auxiliem pais e educadores no sentido de capacitarem-se para o enfrentamento de tal processo de forma reflexiva e competente Eu, Joice Nascimento da Silva, acadêmica do curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, regularmente matriculada – pelo nº. 05.1.4867, e sob o consentimento desta com relação ao caráter científico da pesquisa, tendo como orientação técnica e profissional da professora Ilma Borges, Mestre em Engenharia de Produção, solicito a apreciação do projeto de pesquisa em anexo. 88 No aguardo do deferimento do pedido acima exposto, agradeço a atenção. Cordialmente _______________________ Ilma Borges Pesquisadora orientadora _________________________ Joice Nascimento da Silva Acadêmica Pesquisadora Biguaçu, ___ de ______________ de 2008.