UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE PSICOLOGIA
JOICE NASCIMENTO DA SILVA
CONTEMPORANEIDADE, FAMÍLIA E ESCOLA:
A CONSTRUÇÃO DO FENÔMENO PRESENÇA-AUSÊNCIA
FAMILIAR NA APRENDIZAGEM ESCOLAR NA INFÂNCIA
BIGUAÇU
2008
JOICE NASCIMENTO DA SILVA
CONTEMPORANEIDADE, FAMÍLIA E ESCOLA:
A CONSTRUÇÃO DO FENÔMENO PRESENÇA-AUSÊNCIA
FAMILIAR NA APRENDIZAGEM ESCOLAR NA INFÂNCIA
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como requisito para
obtenção do grau de Bacharel em
Psicologia na Universidade do Vale do
Itajaí no Curso de Psicologia.
Biguaçu
2008
JOICE NASCIMENTO DA SILVA
CONTEMPORANEIDADE, FAMÍLIA E ESCOLA:
A CONSTRUÇÃO DO FENÔMENO PRESENÇA-AUSÊNCIA
FAMILIAR NA APRENDIZAGEM ESCOLAR NA INFÂNCIA
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado aprovado, atendendo
os requisitos parciais para obter o grau de Bacharel em Psicologia na
Universidade do Vale do Itajaí no Curso de Psicologia.
Biguaçu, _____ de julho de 2008.
Banca Examinadora
Prof. ____________________________________
Prof. Msc. Ilma Borges – Orientador.
Prof._____________________________________
Prof. Msc. Enis Mazzuco - Membro
Prof._____________________________________
Prof. Msc. Mirella Alves de Brito – Membro.
IDENTIFICAÇÃO
ÁREA DE PESQUISA: Psicologia Educacional e Psicologia Social.
TEMA: Contemporaneidade, Família, Escola.
TÍTULO DO PROJETO: Contemporaneidade, Família e Escola: a construção do
fenômeno presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na infância.
ALUNA
Nome: Joice Nascimento da Silva
Código de Matrícula: 05. 1. 4867
Centro: Centro de Educação da UNIVALI- Biguaçu/ Curso: Psicologia
Semestre: 2007/02
ORIENTADORA
Nome: Ilma Borges
Categoria Profissional: Professora da UNIVALI / Psicóloga
Titulação: Mestre em Engenharia de Produção/Área de Concentração em Inteligência
Artificial.
Curso: Psicologia
Centro: CES – Centro de Educação Biguaçu
Dedico este trabalho aos meus pais
Eduardo e Adelir, pelo imensurável e
pelo infinito esforço dedicados a mim, e
também a meu namorado Enio Junior
pela compreensão, amor e dedicação
nesta etapa.
AGRADECIMENTOS
Considerando que para realização desta monografia houve um longo caminho
trilhado, antes mesmo da vida acadêmica, e que este vem sendo auxiliado direta e
indiretamente, por várias pessoas importantes para minha formação profissional, bem
como pessoal quero desta forma, reservar este momento para agradecer, ainda que de
forma bastante singela, a todos que contribuíram para concretização deste trabalho.
Não é nada fácil e de certa forma, pode ser até injusto atribuir os agradecimentos a
apenas algumas pessoas. Para não cometer nenhuma injustiça, agradeço de antemão a
todos que passaram por minha vida e que certamente acrescentaram algo. No entanto,
não tem como deixar de destacar algumas pessoas que contribuíram diretamente.
Sendo assim, apresento meus sinceros agradecimentos e profunda gratidão.
Primeiramente a Deus, pelo dom da vida e pela sabedoria, pois sem isso não
chegaria a lugar algum;
Aos meus pais Eduardo João da Silva e Adelir Nascimento da Silva, pelo amor
incondicional, estímulo, dedicação, já que nunca mediram esforços para que eu
chegasse até aqui;
Ao meu namorado Enio dos Passos Santos Júnior pela paciência e
compreensão, nos momentos que precisei estar ausente e, acima de tudo pelo
companheirismo nos momentos de desespero, bem como, os auxílios tecnológicos;
A minha irmã Janine Nascimento e ao meu cunhado Gercy Thiezen pela
compreensão e apoio nos momentos difíceis;
A minha orientadora Ilma Borges, por me instruir tão bem para realizar este
trabalho, pela paciência, compreensão, companheirismo e intensa dedicação e, além
disso, pela sua ética e seu comprometimento estando atenta a todos os detalhes, pois
seu objetivo sempre foi auxiliar-me na vida profissional como um todo e, não
simplesmente em meu Trabalho de Conclusão de Curso;
As professoras Enis Mazzuco e Mirella de Brito Alves, pela disponibilidade,
interesse e contribuições na banca;
Aos professores da UNIVALI que me proporcionaram informações e
conhecimento para a realização desta monografia;
A minha prima Simone Fabro Hasckel pela disponibilidade e compreensão em
corrigir meu trabalho, bem como, o carinho cedido neste momento;
A minha querida amiga Deysi de Marques Silva Silveira, por também corrigir
meu trabalho, assim como, pela disponibilidade de me auxiliar, e acima de tudo me
consolar e me dar apoio nas horas que mais precisei;
A minha também querida amiga Elizianne dos Santos pela compreensão, pelo
ombro amigo nas horas em que precisei e auxílio tecnológico;
A minha amiga querida Bruna Steffani por estar sempre ao meu lado e fazer
parte de minha trajetória acadêmica;
A Elizabeth Gomes Xavier uma grande amiga que tanto me incentiva, me ajuda
e conforta;
Aos sujeitos de minha pesquisa, que se mostraram muito prestativos;
As pessoas de meu serviço pela compreensão, carinho e acima de tudo
paciência nos momentos críticos e até mesmo, os que precisei estar ausente;
Ao colégio M.C. pelo espaço cedido para realização de minha pesquisa;
As minhas amigas de faculdade pela paciência e incentivo prestados a mim
neste momento;
Aos meus amigos e minhas amigas que souberam compreender minha ausência
e pelo carinho;
A todos os meus familiares pelo apoio e compreensão;
A todos que contribuíram para realização desta monografia, minha sincera
gratidão e MUITO OBRIGADA!
"A educação é aquilo que sobrevive
depois que tudo o que aprendemos
foi esquecido."
(Burruhs Frederic Skinner)
RESUMO
Nesta pesquisa que é intitulada por Contemporaneidade, família e escola: a construção
do fenômeno presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na infância, destacase as mudanças decorrentes a contemporaneidade, onde família e escola se deparam
com exigências de modificações em suas organizações, em especial no que se refere à
educação das crianças, já que as mesmas necessitam cada vez mais ficar sob os
cuidados de outras pessoas, que não são os pais ou responsáveis por um longo período
do dia. Este fator pode repercutir na aprendizagem escolar. A pesquisa teve como
objetivo geral analisar a relação entre contemporaneidade, família e escola, assim como,
seus benefícios e conseqüências para a definição e compreensão da construção dos
fenômenos presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na infância. A amostra
foi composta por 03 professoras de uma escola da rede particular da região de São de
José que lecionam no 4º e 5º ano do ensino fundamental, 03 mães de crianças que
estudam nesta mesma escola, e 03 alunos, filhos das respectivas mães citadas,
totalizando, 09 sujeitos de pesquisa. Utilizou-se para a investigação da mesma, o tipo de
pesquisa foi qualitativa com recorte exploratório, sendo realizado entrevistas semiestruturadas, questionário sócio-demográfico, com as professoras e as mães e
representação gráfica (desenho) com as crianças. Os resultados finais que apontam a
importância da presença familiar no processo de aprendizagem servem apenas como
meio de reflexão e discussão, visto que a amostra é bastante restrita e desta forma, não é
possível fazer generalizações.
Palavras chaves: Família, Escola, Contemporaneidade, Educação, Presença, Ausência.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12
1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 14
1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ........................................................................... 15
1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 17
1.3.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 17
1.3.2 Objetivos Específicos........................................................................................... 17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 18
2.1 A FUNÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA ................................................................... 18
2.2 A FUNÇÃO SOCIAL DA EDUCAÇÃO ................................................................ 21
2.3 A RELAÇÃO FAMÍLIA E EDUCAÇÃO ............................................................... 22
2.4 CARACTERIZAÇÃO DA CONTEMPORANEIDADE......................................... 26
2.5 A INTERAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA NA CONTEMPORANEIDADE28
2.6 PRESENÇA E AUSÊNCIA FAMILIAR NA INFÂNCIA..................................... 30
2.7 DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO INFANTO-JUVENIL........................... 32
3 METODOLOGIA...................................................................................................... 35
3.1 TIPO DE PESQUISA............................................................................................. 35
3.2 AMOSTRA............................................................................................................... 35
3.3 COLETA DE DADOS ............................................................................................. 36
3.4 PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DOS DADOS.................................................. 37
3.5 ASPECTOS ÉTICOS ............................................................................................... 38
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................ 40
4.1 QUESTIONÁRIO SÓCIO-DEMOGRÁFICO E PROFISSIONAL ................. 40
4.1.2 Dados Demográficos ............................................................................................ 40
4.2 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DA ENTREVISTA . 44
4.2.1 Análise da entrevista com as mães ..................................................................... 44
4.2.2 Análise das entrevistas das professoras ................................................................. 55
4.3 ANÁLISE DE CONTEÚDO (DESENHO) .......................................................... 63
4.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...................................................................... 67
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................70
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 733
APÊNDICES ............................................................................................................... 777
APÊNDICE A ............................................................................................................. 788
APÊNDICE B.............................................................................................................. 799
APÊNDICE C ............................................................................................................... 80
ANEXOS ..................................................................................................................... 811
ANEXO A.................................................................................................................... 822
ANEXO B .................................................................................................................... 877
12
1 INTRODUÇÃO
O capítulo introdutório tem como perspectiva expor o tema ao longo da
pesquisa, estando este relacionado à Contemporaneidade, família e escola: a construção
do fenômeno presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na infância.
A contemporaneidade exige uma reorganização da família em função das novas
relações de trabalho, que por sua vez, ocupam tanto pai como mãe e responsáveis,
levando esses a ausentarem-se por um tempo considerável de seus lares. Isso provoca
uma nova dinâmica familiar, de forma que pais e filhos acabam tendo tempo restrito
para a convivência. Em virtude disso, a pesquisa levanta questões que contemplam
contemporaneidade, família e escola em relação à construção do fenômeno presençaausência familiar e suas conseqüências na aprendizagem escolar na infância.
O envolvimento dos pais na vida escolar é um tema bastante discutido na
literatura atual. Considera-se que os pais que se envolvem seja auxiliando na tarefa de
casa, levando à escola, participando de reuniões, os filhos têm maior propensão a ter
melhores resultados em seu processo de escolarização e, ainda tendem a envolver-se
mais no processo. Mas, sabe-se que devido o tempo escasso por causa do trabalho fora
de casa, em meio à era capitalista, a realidade das maiorias das famílias não consiste em
poder oferecer disponibilidade de tempo em dedicar-se nas tarefas escolares junto com
os filhos. Evidentemente não por falta de vontade, mas a situação atual os impede. É
importante ressaltar que não está se afirmando aqui que presença familiar seja sinônimo
de sucesso escolar, pois é plenamente possível alcançá-lo independentemente do auxílio
familiar. No entanto, reflete-se sobre as possíveis conseqüências que a ausência familiar
pode provocar na vida da criança. ORSI (2003: 68) releva a essa questão ao falar que
“Acredita-se que o ambiente familiar estável e afetivo contribui positivamente para o
bom desempenho da criança na escola, embora não garanta o seu sucesso, uma vez que
este, depende de outros fatores que não exclusivamente os familiares.”
Assim sendo, o capítulo I introdutório compreende: a justificativa, na qual se
especificou a relevância desta pesquisa, a problemática que contemplou o problema de
pesquisa e os objetivos gerais e específicos que norteiam esta investigação.
O capítulo II envolve a fundamentação teórica que abrange os conceitos de: a
função social da família, a função social da educação, a relação família e educação,
13
caracterização da contemporaneidade, a interação entre família e escola na
contemporaneidade, significado do termo presença-ausência e desenvolvimento
psicológico infanto-juvenil.
O capítulo III compreende a metodologia utilizada na execução da pesquisa, a
qual menciona o tipo de pesquisa, a amostra, os instrumentos utilizados na coleta dos
dados, a técnica de análise de dados e os procedimentos éticos.
O capítulo IV contempla a apresentação e a discussão dos resultados e no
capítulo V as considerações finais.
14
1.1 JUSTIFICATIVA
A pesquisa tem como relevância social o fato da pesquisadora encontrar-se na
posição de acadêmica e concomitantemente de educadora, podendo dessa forma,
visualizar na prática de maneira mais direta as questões da contemporaneidade, quando
as mesmas encontram-se atreladas ao processo familiar-escolar. Por sua vez, a pesquisa
pretende contribuir com elementos científicos para que as instituições escolares e
familiares reflitam sobre o mundo contemporâneo e os aspectos vinculados a ele, tais
como, a construção do fenômeno presença-ausência familiar e suas implicações, bem
como as conseqüências dentro de suas dinâmicas.
Como relevância social apresenta-se a observação crescente da mudança no
modo de organização das famílias atuais. Estas têm, cada vez menos tempo para
compartir as tristezas, alegrias e vivências do cotidiano. A economia, o mundo
globalizado e a tecnologia trouxeram e, continuam trazendo subsídios de valor
significativo para a modificação da sociedade, seus aspectos positivos são incalculáveis.
No entanto, o possível afastamento das famílias devido a essas transformações, pode de
certa forma, causar desestruturação familiar.
Com a contemporaneidade as famílias se deparam com uma nova dinâmica
familiar, passando cada vez menos tempo junto, podendo repercutir assim, na educação
dos filhos, já que esses têm permanecido cada vez mais na escola ou, mesmo com outras
pessoas que não os pais ou responsáveis. Isso instiga a pesquisa nessa área, já que é um
fator bastante relevante na época em que vivemos.
O educador, em virtude da contemporaneidade, às vezes, convive muito mais
tempo com a criança do que os próprios pais ou responsáveis. Para a função de
educador não basta mais ser um mero aplicador de técnicas, regras e conhecimento. É
necessário estar muito, além disso. As escolas precisam propiciar cuidados psicológicos,
e não apenas pedagógicos.
Como relevância científica ressalta-se a questão que escola e família em virtude
da contemporaneidade encontram-se dirigidas por uma nova dinâmica e, por esse
motivo hoje, mais do que nunca, ambas necessitam de um olhar especial da Psicologia.
A todo momento o psicólogo é chamado para atender questões que envolvem as
mudanças contemporâneas da família e da escola, bem como, as implicações dessa
15
relação para a aprendizagem escolar na infância. Abre-se assim, um vasto caminho para
a atuação da Psicologia nessa área, pois dentro da instituição escolar o psicólogo é
incumbido de possibilitar e articular mudanças nesse espaço, atuando como mediador
entre a escola e a família no pensar sobre o que é melhor para a aprendizagem da
criança. Dessa forma como evidencia (NOVAES, 1999: 100) o trabalho do psicólogo
consiste em:
Trazer experiências inovadoras e criativas que pontuem não só os avanços
tecnológicos científicos, como de sua atuação profissional, envolvendo tanto
a escola, como, a família, a universidade e as comunidades em serviços de
prevenção, sem ficar apenas ligado aos aspectos individualizados,
patológicos e de cunho remediativo.
Assim, tendo em vista o acima exposto, o psicólogo na contemporaneidade deve
focar seu olhar a questões atreladas à promoção e prevenção da saúde, não cabendo
mais a ele apenas apontar e curar patologias.
1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
Com a contemporaneidade as famílias se deparam com novas exigências em sua
dinâmica existencial, onde a mãe não é incumbida apenas pela organização do lar e
criação dos filhos, já que a mesma divide diretamente com o pai a responsabilidade do
sustento da casa e, às vezes, é ela quem executa essa função sozinha.
Mas, não foram apenas as funções de ser mãe que mudaram. O pai também
assume hoje, nova postura, que antes não era tida como sua. Como auxiliar na criação
dos filhos, ou fazê-la sozinho, ou seja, levá-los à escola, dar comida, banho e até mesmo
realizar as tarefas domésticas. Isso tende a repercutir na educação das crianças, já que
essas estão cada vez mais, passando seus dias longe dos pais ou responsáveis. Muitas só
têm oportunidade de estar na companhia dos filhos ao fim do dia e, em alguns casos isso
não acontece. Em decorrência desse possível afastamento familiar observa-se um
número crescente de crianças e jovens que apresentam dificuldades no processo de
ensino-aprendizagem, aceitação e convivência com os limites impostos pela sociedade e
até no seu projeto de vida.
16
É cada vez mais comum crianças permaneceram o dia inteiro na escola ou no
convívio com outras pessoas, como avós, cuidadores, babás, enquanto os pais ou
responsáveis estão fora para garantir o sustento da casa. Em virtude disso, as escolas
têm que estar ainda mais preparadas para atender essas crianças, pois hoje não cabe
mais a elas somente transmitir o conhecimento e sim fazer parte diretamente da
complexidade que é a aprendizagem. A escola e a família devem caminhar juntas no
processo de aprendizagem, pois o mesmo, não se esgota no âmbito familiar, nem tão
pouco dentro da sala de aula.
A escola por sua vez, torna-se um meio ecológico no que diz respeito à
aprendizagem, pois depende de outras influências para poder concretizar seu trabalho.
As instituições escolares que transmitem o ensino obrigatório, como
quaisquer outras, são meios ecológicos de socialização especializada, cuja
influência é complementada pela de outros ambientes: família, o grupo de
iguais, os meios de comunicação, etc. A educação no sentido amplo não se
esgota na sala de aula, e sim é a soma da concorrência de todos esses âmbitos
socializadores. Por isso, devemos partir da idéia de que a responsabilidade de
defender um determinado projeto educativo deve comprometer a todos os
agentes que incidem sobre os sujeitos, agindo em uma mesma direção.
(SACRISTÁN, 2001: 50)
Devido a isso, hoje já pensa-se em escola em tempo integral. Essa consiste em
considerar o sujeito em toda sua dimensão, não estando vinculada apenas aos aspectos
cognitivos, requerendo assim, a compreensão de todo o processo biopsicossocial.
Segundo Gonçalves (2006) a escola em tempo integral é assegurada pela Lei
9.394, de acordo com o dispositivo legal que estabelece diretrizes e bases da educação
nacional, determinando em seu Artigo 34, Parágrafo Segundo:
Artigo 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo
menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo
progressivamente ampliado o período de permanência na escola. [...]
§ 2º. O ensino fundamental será ministrado progressivamente em
tempo integral, a critério dos sistemas de ensino. (GONÇALVES,
2006: 02)
A família atual, frente à diversidade que a mesma enfrenta, se constitui em uma
nova forma de organização que é fruto da contemporaneidade. Tal aspecto também se
reflete na relação com outras instituições sociais, como é o caso da escola. Por isso,
pretende-se com essa pesquisa investigar: Quais são as influências da relação entre
17
contemporaneidade, família e escola com a construção do fenômeno presença-ausência
familiar na aprendizagem escolar na infância?
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 OBJETIVO GERAL
Analisar a relação entre contemporaneidade, família e escola, assim como, seus
benefícios e conseqüências para a definição e compreensão da construção dos
fenômenos presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na infância.
1.3.2 Objetivos Específicos
I.
Resgatar
historicamente
do
ponto
de
vista
teórico
a
partir
da
contemporaneidade a relação entre escola e família e suas influências na aprendizagem
escolar na infância;
II. Caracterizar algumas conseqüências do mundo contemporâneo para a
aprendizagem escolar infantil;
III. Definir os termos presença e ausência familiar a partir do fenômeno
psicológico;
IV. Identificar alguns fatores que caracterizam o fenômeno presença-ausência
familiar dentro do contexto escolar;
V. Contribuir com subsídios científicos na compreensão do fenômeno presençaausência familiar e suas implicações para a aprendizagem escolar a partir do mundo
contemporâneo possibilitando informações que auxiliem pais e educadores no sentido
de capacitarem-se para o enfrentamento de tal processo de forma reflexiva e
competente.
18
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Para o capítulo denominado revisão bibliográfica, desenvolveu-se uma discussão
teórica com enfoque conceitual sobre os principais tópicos que norteiam o presente
Trabalho de Conclusão de Curso, intitulado “Contemporaneidade, família e escola: a
construção do fenômeno presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na
infância”, sendo abordadas as seguintes definições: a função social da família, a função
social da educação, a relação família e educação, caracterização da contemporaneidade,
a interação entre família e escola na contemporaneidade, significado do termo presençaausência e desenvolvimento psicológico infanto-juvenil.
2.1 A FUNÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA
Conforme Reis (1985), a família exerce função primordial na constituição do
indivíduo, ela é responsável pela mediação da relação indivíduo/sociedade, e ainda é a
primeira identidade social do indivíduo. A referência de família em discussão é a
burguesa classicamente formada por pai, mãe e filhos, no entanto, entende-se ainda que,
essa encontra-se em movimento constante, sendo alvo das ciências sociais, pois ao
mesmo tempo em que se mantém historicamente, vem sofrendo mudanças expressivas
em suas configurações.
Por outro lado, tem chamado atenção dos cientistas, pois, ao mesmo que, sob
alguns aspectos, matem-se inalterada, apresenta uma gama de mudanças. É
comum ouvirmos referências à “crise familiar”, “conflito de gerações”,
“morte na família”. Ela também suscita polêmicas: para alguns, família é a
base da sociedade e garantia de uma vida social equilibrada, célula sagrada
que deve ser mantida intocável a qualquer custo. Para outros, a instituição
familiar deve ser combatida, pois representa um entrave ao desenvolvimento
social; é algo exclusivamente nocivo, é o local onde as neuroses são
fabricadas e onde se exerce a mais implacável dominação sobre crianças e
mulheres. (REIS, 1985: 99).
Para Reis (1985), a família tem três importâncias fundamentais. A primeira é
que família não é algo biológico e natural, mas sim, uma instituição criada pela vontade
19
do homem para satisfazer sua necessidade social. A segunda diz respeito à necessidade
da reprodução, no entanto, isso não quer dizer que exista uma determinada forma, ou
exemplo específico de família, e sim que a reprodução é uma das características mais
marcantes da constituição da família. E o terceiro, é a reprodução ideológica. A família
espera que os indivíduos educados em sua instituição possam continuar biologicamente
e socialmente sua estrutura familiar.
De acordo com Ariès (1981) a família sempre ocupou papel relevante na
formação do indivíduo. Porém, a partir do século XVII vem sofrendo alterações em sua
constituição, em especial no que se refere ao vínculo afetivo, bem como, o papel
exercido nesse contexto. Até então, a família reportava-se comumente ao preparo para o
trabalho, para formação da vida adulta e foi a partir dessa data, que começaram as
preocupações com a educação de forma menos centrada ao trabalho.
A família deixou de ser apenas uma instituição do direito privado para a
transmissão dos bens e do nome, e assumiu uma função moral e espiritual,
passando a formar os corpos e as almas. Entre a geração física e a instituição
jurídica existia um hiato, que a educação iria preencher. O cuidado
dispensado às crianças passou a inspirar sentimentos novos, uma afetividade
nova que a iconografia do século XVII exprimiu com insistência e gosto: o
sentimento moderno da família. Os pais não se contentavam mais em pôr
filhos no mundo, em estabelecer apenas alguns deles, desinteressando-se dos
outros. (ARIÈS, 1981: 277)
Segundo Szymanski (2003) o conceito de família também vem sendo
reformulado gradativamente. Por muito tempo pensava-se que família era um grupo de
pessoas constituídas por pai, mãe e filhos. Essa idéia perpetuou-se por muito tempo.
“... a família que se está visualizando é composta por pai, mãe e algumas crianças
morando numa casa. Essa imagem corresponde a um modelo, que é o da família nuclear
burguesa.” (SZYMANSKI, 2003:23)
Mas, com o tempo as famílias foram esquecendo suas origens aristocráticas e
burguesas. Dessa forma, foram deixando de lado as crenças, valores e normas
estabelecidas pelas mesmas. A família passa a se constituir então, de modos de
organizações diferenciados. “Cada família circula num modo particular de emocionarse, criando uma cultura familiar própria, com seus códigos, com uma sintaxe própria
para comunicar-se e interpretar comunicações, com suas regras, ritos e jogos.”
(SZYMANSKI, 2003:25)
20
Hoje as famílias se organizam de modo geral, no sentido de vivenciarem suas
experiências em uma estrutura de certa forma ainda hierarquizada, no entanto, com uma
proposta bastante diversificada onde, existe uma afetividade duradoura que consiste
numa relação de cuidado dos adultos para com as crianças e idosos que aparecem
envolvidos nesse contexto familiar.
Assim, as pessoas que convivem numa ligação afetiva podem ser um homem
e uma mulher e filhos biológicos, ou uma mulher, sua afilhada e um filho
adotivo, ou qualquer outro arranjo. “Duradouro” não significa “definitivo, e
as emoções envolvidas numa relação que pode vir a terminar, são diferentes
daquelas que emergem em situações definidas como definitivas. Relação de
cuidados pode significar um compromisso em que todos estão envolvidos, e,
com possibilidade de mudança de protagonistas na estrutura de família, cessa
a especialização de funções.” (SZYMANSKI, 2003:26)
O mundo familiar encontra-se num determinado momento em que seu
significado e compreensão tornam-se subjetivos, pois cada família mostra-se numa
variedade de formas de organização, com características, costumes, crenças, práticas e
valores muito próprios.
Conforme Sarti (2003), a família contemporânea vivencia mudanças expressivas
da perda da tradição familiar, onde o casamento, a família, sexualidade e trabalho,
passam por um processo de redimensionamento de valores, cujo individualismo passa a
ocupar um lugar significativo adquirindo importância social.
A afirmação da individualidade sintetiza o sentido das mudanças atuais, o
que tem implicações evidentes nas relações familiares, fundadas no princípio
da reciprocidade e da hierarquia. Este processo foi impulsionado basicamente
pelas mulheres, a partir de um fato histórico fundamental: a possibilidade de
controle da reprodução que permitiu à mulher a reformulação do seu lugar na
esfera privada e sua participação na esfera pública. (SARTI, 2003:43)
Isso vem ao encontro com o mencionado por Orsi e Yaegashi (2003) que
relevam que na cultura atual existe uma considerável crise de valores que acabam
interferindo de certa forma, no comportamento humano, bem como, em suas relações
interpessoais e, em toda sua vida em sociedade. Essas alterações nos valores, dificultam
o reconhecimento de referenciais que norteiam a família, refletindo desse modo, na
maneira de educar os filhos e na vida em sociedade.
Costa (2004), faz um apanhado das recentes informações sobre as famílias
brasileiras, bem como, a nova dinâmica que rege o convívio familiar em detrimento da
21
contemporaneidade, em síntese ela mostra que grande parte da população é mantida e
chefiada pelos domínios femininos.
Essa informação não é tão nova, tão pouco
característica apenas da época em que vivemos, porém mostra-se de forma mais
complexa do que o período colonial, onde foi iniciado o trabalho feminino como
relatam os historiadores.
O fenômeno contemporâneo que demarca a mulher no âmbito do trabalho vai
além de sua inserção no mercado, perpassa também as questões da adesão a novos
modelos de família, gravidez precoce, e acima de tudo a dissolução dos casamentos,
deixando cada vez mais evidente não só a importância do trabalho na vida da mulher,
assim como, a necessidade e em muitos casos, o único meio de sustento a família.
Isso nos remete a pensar na reformulação do contexto familiar e no que pode
repercutir no processo escolar dos filhos que convivem cada vez menos com seus
cuidadores por conseqüência dessa reestrutura familiar.
2.2 A FUNÇÃO SOCIAL DA EDUCAÇÃO
De acordo com Orsi e Yaegashi (2003), a família ainda assume o papel principal
na educação das crianças, cabendo a ela além do cuidado e preservação da vida, a
educação que consiste na transmissão de valores, próprios de cada cultura, sendo
fundamentais para o convívio em sociedade. Além disso, é incumbida pela formação da
identidade, oferecendo modelos de identificação, e suprindo as necessidades que uma
criança exige.
No entanto, não é possível mais delegar somente à família a função da educação,
bem como, da aprendizagem. A religião, a sociedade, e principalmente a escola ocupam
lugar significativo no processo de aprendizagem. Assim como a família, também são
responsáveis para formação do eu, transmissão de conhecimentos, valores e preceitos
morais. A função social da educação, seja ela em qual âmbito estiver é de preparar o
sujeito para vida em sociedade, de modo que proporcione a aprendizagem, dando base
para que a mesma aconteça.
Por outro lado Freire (1983) ao falar de educação menciona que o homem é o
sujeito da sua própria educação, e esta só acontece porquê, o homem é um ser inacabado
e sabe disso, somando aprendizagens em cada ação, e por este motivo, questiona-se. “A
22
educação, portanto, implica uma busca realizada por um sujeito que é o homem. O
homem deve ser o sujeito de sua própria educação. Não pode ser o objeto dela. Por isso
ninguém educa ninguém”. (FREIRE, 1983: 28).
O que Freire quer dizer não é que a família, em especial os pais ou responsáveis,
bem como, outras instituições, não tenham importância na educação das crianças apenas
refere-se que não deve-se desejar mais do que as próprias crianças desejam, ou seja,
fazer planos e idealizações impossíveis de serem cumpridas por elas. “... Eu não posso
pretender que meu filho seja mais em minha busca e não na dele”. (FREIRE, 1983: 28 )
A educação deve ser um processo contínuo, pois todo momento vivenciamos
situações diferentes, agregando assim, experiências e conhecimentos, ou seja, novas
aprendizagens, dando continuidade ao nosso processo de educação. “A educação tem
caráter permanente. Não há seres educados e não educados. Estamos todos nos
educando. Existem graus de educação, mas estes não são absolutos”. (FREIRE, 1983:
28)
Segundo Kostiuk (1991) o desenvolvimento é concretizado a partir da interação
entre ambiente natural e social, e é através da educação que será dirigido esta interação,
ou seja, o educador, seja ele os pais ou responsáveis, a escola, ou quem está assumindo
esse papel, irá mediar a criança nesse processo, através da transmissão de
conhecimento, de cultura, desenvolvimento de concepções sociais e normas de
comportamento moral.
O ensino, não pode se limitar em transmitir conhecimentos, deve-se ir além
disso. Talvez uma das tarefas mais importantes para quem educa uma criança, seja o
desenvolvimento da capacidade de analisar e generalizar os fenômenos da realidade,
sendo assim, o raciocínio lógico, pois, pais ou responsáveis, professores e outras
instituições, educam não só para o presente, mas também para o futuro, para que essa
criança possa mais tarde tomar suas próprias decisões.
2.3 A RELAÇÃO FAMÍLIA E EDUCAÇÃO
De acordo com Enguita (1989) desde o início da constituição da nossa história o
ser humano vem sendo educado e preparado, já quando criança para a vida adulta, mais
precisamente para a vida produtiva, ou seja, o trabalho. Para a sociedade o que importa
é formar cidadãos produtivos que possam trazer lucro. “Sempre existiu processo
23
preparatório para integração nas relações sociais de produção, e com freqüência, alguma
outra instituição que não a própria produção em que se efetuou esse processo”.
(ENGUITA, 1989:105)
Na sociedade primitiva o preparo para produção era baseado nos jogos de
fratrias, que constituía nas brincadeiras infantis entre irmãos com simulações de lutas,
onde repetiam o comportamento dos adultos, e assim aprendiam a maneira correta para
lutar e ser futuramente, um guerreiro provedor do sustento.
Na Roma arcaica, mas precisamente na sociedade camponesa, os filhos
acompanhavam os pais no decorrer de seus trabalhos, dessa forma enquanto
observavam já aprendiam como teriam que fazer futuramente. Enquanto isso, as filhas
ajudavam as mães nas tarefas domésticas. Eles valorizavam muito o conhecimento
passado de pai para filho, e acreditavam que a escola não podia ir além dos
ensinamentos religiosos e políticos.
Na Idade Média tinha-se a crença que a família era a melhor instituição para o
preparo para o trabalho, no entanto, praticavam a troca de filhos entre as famílias, por
pensar que o afeto poderia interferir no processo de educar. O aprendiz estava
subordinado a servir seu mestre nas tarefas do ofício, bem como nas domésticas. Sendo
assim, além de prepará-lo para as técnicas do trabalho, era preciso também ensiná-lo a
comer, vestir-se, oferecer formação religiosa e moral, além de ensinamentos literários.
A preocupação até aquele momento nada mais era do que a aprendizagem das relações
sociais de produção. Não havia então, ruptura entre o mundo familiar e o mundo do
trabalho.
No final da Idade Média com a Revolução Industrial houve a necessidade de
redimensionamento da identidade social, devido a forte influência da indústria no
desenvolvimento da sociedade, mais precisamente na economia. Havia nessa época,
algo a mais que nobres, artesãos e camponeses, existia agora a indústria, que faria parte
então, do modo de sobrevivência da sociedade. Assim, não era necessário mais homens
guerreiros, mas sim, de trabalhadores especializados com utilidade na indústria. Na
mesma época, surge o orfanato para crianças abandonadas ou de famílias pobres, onde
os empresários se propunham a cuidar de crianças que não tinham onde ficar, com o
intuito de preparar as mesmas para serem bons trabalhadores, visando somente o lucro.
As crianças passaram a ser vistas com muito interesse pelos industriais. “Entretanto, foi
o desenvolvimento das manufaturas que converteu definitivamente as crianças na
guloseima mais cobiçada pelos industriais: diretamente, como mão-de-obra barata, e
24
indiretamente, como futura mão-de-obra necessitada de disciplina”. (ENGUITA, 1989:
109)
Mas, não eram somente as crianças que eram recolhidas das ruas, para os adultos
marginalizados surgem, na mesma época as workhouses, que funcionavam como uma
espécie de asilo para adulto, e tinham os mesmos objetivos dos internatos infantis.
Segundo Passetti (2001) a sociedade Moderna tinha como seu maior propósito o
corpo saudável, o corpo ideal para o trabalho, para produção em massa. A maior
exigência dessa época era a disciplina, sustentada pela soberania de quem estava no
poder. Tinha-se como prioridade a ordem através do disciplinamento. Assim, como o
próprio autor diz:
“Devem ser corpos educados para responder ao que se espera deles numa
fusão mecânica. Suas energias políticas devem ser absorvidas e quando isto
não ocorrer, seguramente, antes de transferir-se para a revolta, elas devem ser
recicladas na violência doméstica.” (PASSETTI, 2001:31)
As escolas que existiam na época tinham perspectiva de anular as diferenças,
onde todos deveriam ser iguais, com a mesma capacidade e desempenho. Era a busca
pelo pensamento exclusivamente único.
No mundo moderno, obedecer sempre foi a atitude esperada por todos os
soberanos envolvidos nas redes de poderes. O pátrio poder, portanto, nada
mais é do que a expressão da tolerância com o uso da força física pelos pais
para obter a obediência dos filhos. Faz parte do duplo efeito da obediência:
servir como súdito ao governante e fazer do outro seu súdito. É a exigência
da transformação do outro no UM, no supostamente igual, e daí decorre que
só é verdadeiro quem se parecer com o UM. (PASSETTI, 2001:30)
A sociedade moderna vai abrindo espaço para a sociedade contemporânea. Essa
não tem como objetivo a disciplina, mas sim o controle da mente através do corpo,
surge assim, a sociedade do controle, onde os corpos saudáveis não têm mais prioridade
no âmbito do trabalho, o corpo é valorizado agora, em outros sentidos, tais como; para a
estética, busca pela auto-estima, etc. O que importa agora é manter a mente ocupada,
com várias atividades que possam ser canalizadas para a produtividade tecnológica e
virtual. O individualismo rouba espaço e o que é primordial agora é mente saudável
para o trabalho.
Rey (2004) menciona a importância da família na contemporaneidade ao afirmar
que ela é responsável pela produção subjetiva, ou seja, da subjetividade da criança e
25
sendo assim, “... é o elemento fundamental na promoção da saúde humana, pois nela se
forma a personalidade dos mais novos e se desenvolve permanentemente a dos mais
velhos.” (REY, 2004:30).
É no sistema familiar que a criança começa a expressar seus afetos e a formar
seus sentimentos, através dos relacionamentos que ali estabelecem, iniciando dessa
forma, o desenvolvimento da vida emocional. É a partir daí que ela começa a ter a
sensibilidade de perdoar, de respeitar e de amar.
A falta de afeto, agressão e a indiferença, bem como a comunicação de duplo
vínculo e outras deformações dos relacionamentos humanos são
extremamente prejudiciais para o desenvolvimento afetivo da criança. Tudo
isso pode gerar agressividade, timidez e múltiplos transtornos para o
comportamento infantil. (REY, 2004: 30)
Na sociedade contemporânea os valores foram deixados um pouco de lado, as
famílias já não são mais tão rígidas com a educação dos filhos, no entanto, os pais
continuam sim, sendo o primeiro modelo de identificação, o qual os filhos se espelham
e aprendem comportamentos que podem repercutir no futuro.
Conforme Novaes (1999) a família está vinculada a revisão de valores devido a
contemporaneidade que está tomava por novos conceitos, atitudes e maneira de pensar.
A globalização é ponto importante para os acontecimentos da era a qual estamos
vivenciando. Em conseqüência aos novos valores, temos os conflitos provenientes da
quebra dos mesmos, assim como, a reconstrução de uma identidade social perdida.
Ainda pode-se pensar no quanto está se perdendo o foco na cultura que consiste
na transgressão das normas, no aumento da violência, bem como, da fome, pobreza e o
consumo de drogas, a falta de valores éticos e morais, que exige uma redimensão em
todos as âmbitos das relações sociais.
Contudo, inevitavelmente isso tem a refletir também nas escolas que sofrem com
os acontecimentos contemporâneos advindos desses desvios de valores antes tão
preservados. A dimensão que isso pode tomar é preocupante já que, infelizmente tende
a atingir o processo de ensino-aprendizagem, pois a partir do momento que novos
valores estão cada vez mais evidentes no âmbito escolar é quase impossível que não
tenha nenhuma conseqüência diante desse fato. Evidentemente, não pode-se dizer que a
contemporaneidade esteja atrelada apenas a aspectos negativos, a evolução tecnológica,
por exemplo, traz consigo subsídios de extrema relevância para a vida humana, no
26
entanto, deve-se pensar como fica a educação em meio a tantas reformulações de
conceitos e valores e, qual proporção pode tomar.
2.4 CARACTERIZAÇÃO DA CONTEMPORANEIDADE
Segundo Grinspun e Azevedo (2001), a Idade Contemporânea caracteriza-se
pelas expressivas mudanças decorrentes do avanço científico e tecnológico, onde o
homem ganha um novo significado, deixa de ser entendido como indivíduo com suas
características pessoais para ser pensado como um sujeito que agora, mais do que nunca
assume um papel social, por encontrar-se atrelado a outros eventos sociais, não mais, o
pai trabalhando, a mãe em casa cuidando de seus afazeres domésticos e cuidando dos
filhos. É a época da subjetividade que é definida por Grinspun e Azevedo, como:
No século XX, tanto nas ciências sociais quanto nas ciências físicas e
naturais, começou a surgir a tentativa da valorização da autonomia e de uma
subjetividade que ligasse, unisse ao objeto da ciência. Aparece, então no
cenário da modernidade, a subjetividade como eixo articulador da mesma,
devendo ser entendida como a questão do sujeito numa perspectiva social,
cultural, portanto coletiva. O sujeito deixa de ser visto, apenas, como o
indivíduo com determinadas características pessoais para assumir o papel do
sujeito, fruto de uma cultura, de um espaço, de um momento histórico-social.
(GRINSPUN E AZEVEDO, 2001: 2)
O homem começa a ocupar um novo espaço, esse não mais apenas produto do
meio o qual está inserido, mas exerce função de produtor. Ele agora pensa, cria e
questiona as modificações decorrentes do avanço tecnológico.
Isso vem ao encontro com o mencionado por Grisci (1999), que refere-se à
época atual, como, o momento que é marcado pelas modificações no âmbito do
trabalho, sendo que este, não é mais função destinada apenas ao homem, mas também a
mulher, que fica parte do seu dia fora de casa, em virtude do trabalho. Mas, as
mudanças não foram somente nesse sentido, o mundo contemporâneo é marcado pelo
crescimento dos setores de trabalho, sendo que este não está mais limitado somente à
indústria, a partir daí, há um grande aumento nos serviços temporário e informal. Outra
característica importante é o capitalismo que se configura pelo consumismo,
competitividade, lucro, aumento do ritmo de trabalho, e conseqüentemente, causa o
desemprego, a precarização no mercado de trabalho e a má qualidade de vida,
decorrente dessa nova dinâmica.
27
Segundo Nicolaci-da-Costa (2004), a pós-modernidade ou a contemporaneidade,
evidencia características bastante relevantes para que possamos entender os
acontecimentos da era a qual vivemos, são eles: objetividade, sistemas únicos de leitura,
hierarquia, ordem, progresso, tempo escasso, globalização, ênfase na comunicação
eletrônica, entre outros. Em detrimento disso, pode-se fazer uma leitura da fragilidade
que demarca as relações sociais em virtude da contemporaneidade que são regidas por
um certo afastamento das pessoas, menos tempo para o convívio em família, assim
como, para a criação dos filhos.
Woodward (2000) ressalta as transformações sociais decorrentes do processo de
globalização,
devido
ao
capitalismo,
como
característica
marcante
da
contemporaneidade, e menciona que toda essa mudança pode causar uma crise de
identidade social, em virtude das mudanças no hábito de vida das pessoas.
A globalização, entretanto, produz diferentes resultados em termos de
identidade. A homogeneidade cultural promovida pelo mercado global pode
levar ao distanciamento da identidade relativamente à comunidade e à cultura
local. De forma alternativa, pode levar a uma resistência que pode fortalecer
e reafirmar algumas identidades nacionais e locais ou levar ao surgimento de
novas posições de identidade. (WOODWARD, 2000: 21)
Outra marca da contemporaneidade é a tecnologia, pautada pela rapidez das
informações e o imediatismo das formas de se obter o saber. E, em virtude de todas
essas mudanças, que alteram a maneira de pensar, agir, os costumes e valores de cada
sujeito, conseqüentemente, a construção da subjetividade, passa por transformações e
apresenta significações diferentes, como a própria autora Grisci conceitua:
Diante disso, já é possível se notar a pertinência contida na verificação de
novas formas de subjetivação utilizadas pelo capital, no sentido de produzir
trabalhadores que correspondam aos novos modos de trabalhar e de se
relacionar, já que pode ser considerado como uma categoria central em suas
vidas. (GRISCI, 1999:100)
Fonseca (2004) destaca as mudanças na estruturação familiar, esta como já foi
mencionada por outros autores não é mais formada por pai, mãe e filhos, tendo agora,
novos arranjos, que permitem novas organizações, tais como, uma mãe que cria seus
filhos sem a companhia de um cônjuge, entre outras formas. Essas mudanças são
envolvidas pelas transformações da contemporaneidade que não exige mais, de forma
28
tão rígida, uma estrutura familiar constituída conforme, as épocas anteriores. Também
faz menção que o afeto aparece fortemente na época atual, dentro do contexto familiar,
que até então, não era relevado.
Os filhos encarados na época pré-moderna como mão-de-obra para empresa
familiar, segurança na velhice ou meio de perpetuação da linguagem, passam
a possuir um valor preferencialmente afetivo. Da mesma forma, o amor
romântico torna a caracterizar o matrimônio ideal, ditando a necessidade da
“livre escolha” do cônjuge. Aqui o valor central não é linguagem ou nome da
família, a serem protegidos a qualquer custo, mediante o sacrifício, quando
necessário, dos membros, mas a felicidade dos indivíduos. (FONSECA,
2004:59)
E assim, pode-se caracterizar a sociedade contemporânea, pela época que o
indivíduo se constitui através das redes de inter-relações sociais, onde cada um ocupa
um papel fundamental na realização e continuação da mesma, significando a
reconfiguração do novo papel que o homem assume quanto à nova forma de trabalho,
da organização da família, bem como suas relações sociais. (GRINSPUN E AZEVEDO,
2001).
2.5 A INTERAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA NA CONTEMPORANEIDADE
Conforme Pequeno (2001) a família contemporânea vivencia novos modos de
organização, decorrentes das mudanças ocorridas no plano sócio-político-econômico
relacionadas ao processo de globalização da economia capitalista que permitem
modificações na estrutura familiar, flexibilizando de certa forma, o padrão tradicional
de organização que se mantinha até o momento.
As mudanças mais pertinentes na dinâmica familiar são: a diminuição na
quantidade de filhos, devido ao acesso aos métodos contraceptivos; redução do número
de casamentos e aumento de pessoas vivendo sozinhas; aumento de famílias com menor
número de pessoas e sendo chefiadas por uma só pessoa, em especial por mulheres que
por sua conquista no mercado de trabalho, possibilita esse novo funcionamento.
Mas, apesar de todas essas mudanças no âmbito familiar é indiscutível o papel
social da família no processo de aprendizagem da criança, é com a família que esta,
29
desenvolve seus primeiros conhecimentos e adquirem valores, crenças e costumes que
poderão levar para toda vida, e talvez direcioná-los em suas atitudes.
Até a entrada da criança na escola a família é muitas vezes o único modelo de
identificação. Ao iniciar a vida escolar, ela se depara com novos conhecimentos e
valores que devem ser uma continuidade com os já adquiridos com a família. Para que
seja de fato uma continuação de valores e crenças, escola e família, devem caminhar
juntas no processo de aprendizagem, sendo esse talvez, o maior desafio e diferencial da
contemporaneidade em relação às épocas anteriores.
Devido às reorganizações nos âmbitos escolares e familiares é cada vez mais
evidente a busca por interação entre família e escola, no que diz respeito à
aprendizagem da criança. A própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei
9394/96), ressalta esses propósitos em seus artigos 1º, 2º, 6º e 12º, que afirmam:
Plano Nacional de Educação (aprovado pela Lei nº 10172/2007), que define
como uma de suas diretrizes a implantação de conselhos escolares e outras
formas de participação da comunidade escolar (composta também pela
família) e local na melhoria do funcionamento das instituições de educação e
no enriquecimento das oportunidades educativas e dos recursos pedagógicos.
E não podemos deixar de registrar a recente iniciativa do MEC que instituiu a
data de 24 de abril como o Dia Nacional da Família na Escola. Neste, todas
as escolas deveriam convidar os familiares dos alunos para participar de suas
atividades educativas, pois conforme declaração do Ministro Paulo Renato
Souza "quando os pais se envolvem na educação dos filhos, eles aprendem
mais". (PEQUENO, 2001: 05)
Segundo Bollman (2001), a criança adquire seus primeiros conhecimentos com
os pais ou responsáveis, iniciando dessa forma seu processo de ensino-aprendizagem,
através de repetições de gestos, falas e comportamentos. Isso prossegue até o início da
vida escolar onde a criança aumentará seus conhecimentos na escola. Considerando que
a escola deverá ser então, a extensão e ampliação dos ensinamentos adquiridos na
família, bem como, vários outros que não havia tido até então, já que a escola
proporciona ensinamentos distintos das outras instituições, inclusive, a familiar, mas
ainda assim, é importante que haja interação entre esses dois pólos.
A escola deve tentar funcionar como extensão da família. Para que isso aconteça
de forma fluente, deve ocorrer participação dos pais na escola, interagindo ativamente,
para que ambas, falem a mesma linguagem, facilitando e potencializando dessa maneira,
a aprendizagem na fase infantil. Cabe a escola no momento da interação com os pais,
deixar claro sua metodologia, filosofia, regras e valores, e sempre que possível tentar
adequá-los com a realidade da família ao qual deseja atender.
30
É importante que a escola reserve um espaço, talvez no início do ano escolar,
para um contato mais individualizado com a família, procurando desta forma, obter
informações que sejam relevantes sobre a criança, tais como, hábitos, doenças, números
de irmãos, situação sócio-econômica entre outros, para que possa atender de forma mais
eficaz as necessidades da mesma.
Isso vem ao encontro com o referido por Rey (2004), ao falar que a escola é uma
instituição social cujo indivíduo contemporâneo vivencia quase toda sua infância, bem
como, a juventude, sendo assim, deve tentar dar continuidade à educação e
aprendizagem iniciada pela família.
“A escola é responsável por continuar e
complementar, permanentemente, a educação recebida pela criança no meio familiar,
devendo, em muitos casos, compensar importantes deficiências deixadas pela educação
familiar”. (REY, 2004:35)
De acordo com Bollman (2001) é inegável a importância da interação entre
família-escola, no entanto, é imprescindível que exista respeito entre ambas. A escola
deve respeitar os valores, costumes, modo de organização de cada família, assim como,
cada família deve ter respeito às imposições e regras existentes na escola. Não deve-se
esquecer então, que a interação família-escola tem como seu maior propósito a busca
pelo bem-estar e o bom desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem infantil.
2.6 PRESENÇA E AUSÊNCIA FAMILIAR NA INFÂNCIA
Conforme Rey (2004), os pais ou responsáveis têm grande importância no que se
refere aos modelos de identificação nos primeiros anos de vida, por se tratar da fase de
formação da personalidade, tais como condutas adequadas, como os processos de
higiene, alimentação, cultura, entre outros, e para que isso ocorra é necessário uma
sistematização de comportamentos, os quais devem ter participação direta dos pais ou
responsáveis, orientando e estimulando os filhos nessa etapa. Muitas vezes, isso não
acontece devido às ocupações constantes dos pais (ou responsáveis) contemporâneos,
impossibilitando dessa maneira o acompanhamento nas tarefas diárias, podendo
interferir na personalidade das crianças.
31
A ausência de hábitos adequados na vida cotidiana também prejudica a
função auto-reguladora da personalidade, pelo fato de a criança não ter
nenhum objetivo que oriente sua ação volitiva, educando-se, assim, em um
regime caótico e irregular que nunca lhe oferece parâmetro de orientação,
nem a tensão necessária para seu desenvolvimento. (REY, 2004:32)
A participação dos pais ou responsáveis é indispensável em qualquer etapa da
vida da criança, mesmo quando esta, já está na idade escolar e possui outros modelos de
identificação, ainda assim, faz-se necessário o acompanhamento dos pais ou
responsáveis nesse processo, ou melhor, talvez seja ainda mais relevante estar presente
nesse momento em que os filhos passarão a conviver com outras pessoas, pois, irão se
deparar com outras formas de pensar, de agir e de ver o mundo. E, não deve-se
restringir a participação somente no auxílio das atividades da escola, mas, deve-se saber
quem são os amigos os quais os filhos se relacionam, quem é a professora e demais
funcionários da escola, enfim, tudo o que pode interferir na aprendizagem da criança.
Segundo Chechia e Andrade (2002) a presença dos pais ou responsáveis na
escola tem representado papel significativo no desempenho escolar, já que o que é
compartilhado no âmbito familiar, como, o afeto, o diálogo, respeito, carinho e amor
podem influenciar na educação das crianças, tanto positivamente, quando de fato a
criança tem possibilidade de vivenciar esses sentimentos, quanto negativamente, quando
não vivenciam.
Os autores mencionados no artigo de Chechia e Andrade como Elkin (1968),
Ariés (1978), Dias (1992), Cunha (1996), falam da importância da presença da família
na vida escolar, por serem agentes socializadores para a criança, além do que é com ela
que aprendem sentimentos e valores que trarão para a escola.
Porém, não convém pensar que os pais ou responsáveis que não participam
diretamente do processo de ensino-aprendizagem dos filhos, tenham desinteresse em
estar presentes. Muitos tentam, mas, por exemplo, a falta de tempo devido ao trabalho,
bem como, o baixo grau de escolaridade não permitem que o acompanhamento tenha
sucesso.
Para Zanella (1997) a presença dos pais na vida escolar dos filhos é de extrema
relevância. Mencionado em seu artigo Participação dos pais na escola: diferentes
expectativas um projeto de extensão intitulado por, a relação escola x população
atendida: construindo uma nova interação, realizado em uma escola da rede pública
municipal de ensino de Florianópolis, no ano de 1994, a fim de melhorar a participação
32
dos pais na escola, visto que, suas presenças são importantíssimas para o
desenvolvimento e desempenho da criança em idade escolar. Através deste projeto
foram realizados pesquisas com os pais e com o corpo diretivo da escola, com propósito
de perceber como procedia a participação dos pais ou responsáveis na escola.
Os pais ou responsáveis através das entrevistas realizadas pelos pesquisadores
relatavam que participavam da vida escolar de seus filhos, e afirmam que a escola é
muito importante para formação dos mesmos, tendo significado indispensável para a
vida das crianças. O corpo diretivo da escola por sua vez, não contesta a afirmação dos
pais quanto à participação, porém expõem que esta poderia ser mais expressiva, pois
não pode-se deixar que somente a escola convoque-os para tal participação, esta pode
ser feita, sem motivo específico, ou seja, não é necessário que tenha entrega de boletim
ou reunião para que aconteça, além do que, podem perceber que o processo de ensinoaprendizagem ainda é visto como de responsabilidade da escola.
Mas, o que não pode ser esquecido é que a participação dos pais ou responsáveis
na escola é muito importante sim, podendo diminuir as dificuldades apresentadas na
aprendizagem escolar, pois as crianças poderão dar significado maior à escola,
percebendo a presença dos pais, sentindo-se assim, valorizada e conseqüentemente
valorizarão muito mais o âmbito escolar e, saberão qual a verdadeira importância, do
mesmo, para suas vidas.
2.7 DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO INFANTO-JUVENIL
Segundo Molon (2003) ao mencionar Vygotsky sobre o desenvolvimento
psicológico, a criança nesse processo, não é nem passiva nem ativa, ou seja, não é ela a
responsável por seu desenvolvimento sozinha, e tão pouco, consegue alcançá-lo sem
intermédio de outras pessoas, sendo assim, ela é interativa. Por isso, a teoria de
Vygotsky é definida por muitos como, sociointeracionanista, já que o processo de
desenvolvimento possui dinâmica interativa, precisando da interação do sujeito com
objeto, sendo essa, mediada pelo meio social o qual se está inserido.
Conforme Tacca (2005) ao citar a teoria de Vygotsky, fala que o
desenvolvimento psicológico é direcionado pela relação com a cultura, pois a mesma,
propicia instrumentos psicológicos para a formação do ser humano. Para o
33
desenvolvimento desse processo, a autora releva a escola como agente facilitador, já que
proporciona à criança novas experiências.
É na participação e no envolvimento com os novos elementos culturais e com
o conhecimento produzido que o sujeito passa a fazer parte da cultura, pois a
necessidade de utilização das mesmas ferramentas psicológicas que todos
utilizam. Dessa forma, infere-se a importância dos processos de
escolarização, os quais, pelo tipo de aprendizagem que desencadeiam,
permitem aos sujeitos o domínio dos instrumentos culturais, possibilitando,
com isso, o desenvolvimento. (TACCA, 2005: 216)
Outro fator bastante relevante para se entender o processo de desenvolvimento
psicológico infanto-juvenil, é a relação entre aprendizagem e desenvolvimento.
Segundo Vygotskii1 (1934), aprendizagem e desenvolvimento são processos distintos,
não coincidindo em seus percursos, porém um torna o outro possível. A aprendizagem
está presente desde o início da vida e a cada nova aprendizagem há uma junção de
outras, produzindo de certa forma, um desenvolvimento novo. A aprendizagem então,
para a teoria de Vygotskii antecede o desenvolvimento, mas de acordo com seu
progresso gera desenvolvimento, mesmo que seja de forma moderada, ou seja, não
acontecendo concomitantemente a ela.
O desenvolvimento por sua vez, é interno e passa por dois níveis, sendo que
estes se ampliam à medida que a criança passa de um nível para o outro. São eles: Nível
de Desenvolvimento Real e Nível de Desenvolvimento Proximal. O primeiro
compreende “... as funções mentais da criança que se estabeleceram como resultado de
determinados ciclos de desenvolvimento já completados”. (PALANGANA, 1994:120).
Sendo assim, o que a criança consegue fazer sem ajuda de um adulto, o
desenvolvimento efetivo. O segundo, o desenvolvimento potencial, é definido, “... pelos
problemas que a criança consegue resolver com auxílio de pessoas mais experientes”.
(PALANGANA, 1994:120). Ou seja, o que tem potencial para fazer, mas não está
efetivamente preparada para realizar sozinha.
No entanto, o desenvolvimento não se restringe somente a isso, o que a criança
consegue ou não fazer sozinha. Existe ainda na teoria vygotskyana a Zona de
Desenvolvimento Proximal, que é através desta, que pode-se explicar as dimensões do
aprendizado escolar, ou seja, crianças da mesma idade que conseguem se diferenciar em
ações e realizações de atividades.
1
O sobrenome do autor apresenta grafias diferentes, de acordo com a tradução.
34
A Zona de Desenvolvimento Proximal consiste em “... funções que ainda não
estão maduras, mas sim em processo de maturação, quer dizer que ainda se encontram
em estágio embrionário”. (PALANGANA, 1994:120)
Segundo Zanella (2001), foi a partir deste conceito que surgiu a possibilidade de
estudar e intervir na gênese das funções psicológicas superiores, pois a Zona de
Desenvolvimento Proximal permite que as crianças de mesma idade se diferenciem
quanto às possibilidades futuras de aprendizagem e desenvolvimento. Sendo assim:
A zona de desenvolvimento proximal é a região dinâmica que permite a
transição do funcionamento intrapsicológico pois, para o funcionamento
intrapsicológico, segundo Vygotsky, todas as funções psicológicas superiores
resultam da reconstrução pelo sujeito de uma atividade social, partilhada.
(ZANELLA, 2001:98)
Talvez seja, esse conceito um dos mais importantes para quem faz parte da
educação infantil, sejam pais ou responsáveis, professores, ou outros, pois quem educa
precisa estar atento não somente ao que a criança está aprendendo, mas ao que ainda vai
aprender, e acima de tudo que tem potencial para desenvolver. Já que conforme a teoria
de Vygotsky, as relações da criança são mediadas por outras pessoas e pelo social,
sendo assim, é quem está presente no papel de educador que deve tentar propiciar um
ambiente estimulador, facilitando o desenvolvimento e aprendizagem.
35
3 METODOLOGIA
3.1 TIPO DE PESQUISA
A metodologia utilizada foi qualitativa com recorte exploratório. Conforme
Richardson (1989), a pesquisa qualitativa permite descrever a complexidade do
problema que se está pesquisando, bem como, por meio dela é possível analisar a
interação de certas variáveis, classificando e compreendendo os processos dinâmicos
vivenciados pelos grupos sociais que se está trabalhando, além do que, contribui no
processo de mudanças e possibilita o entendimento dos comportamentos desses
determinados indivíduos.
Conforme Gil (1995), a pesquisa exploratória almeja proporcionar proximidade
acerca do fato trabalhado. Na pesquisa qualitativa, o pesquisador deve propor aos
sujeitos que participarão da pesquisa, temas de interesse para os mesmos, afim de
motivá-los suficientemente, para reflexão das questões abordadas. A pesquisa tem que
fazer sentido, para quem dela participa, interessando ao pesquisador a forma como o
sujeito expressa o que está respondendo, e não necessariamente, o que responde.
A vantagem em escolher a pesquisa qualitativa exploratória como método para
realizar o trabalho de conclusão de curso é devido à mesma, não necessitar de definição
de hipóteses formais, assim, como, permite evidenciar que necessitam compreensão de
aspectos psicológicos que não podem ser coletadas de maneira completa por outros
métodos. (Richardson, 1989)
3.2 AMOSTRA
A amostra foi composta, pelo total de 9 (nove) pessoas, sendo 3 (três) alunos que
estão freqüentando o 4º e 5º ano2 do ensino fundamental, de uma escola do ensino
fundamental da rede particular da região de São José; 3 (três) mães, sendo das crianças
citadas e 3 (três) professoras que atuam na mesma escola e que estarão ministrando
aulas para as respectivas crianças.
2
Está sendo considerado como 4º e 5º ano, as antigas 3ª e 4ª séries, devido à mudança de nomenclatura,
conforme assegura a Lei Federal nº 11.114 de 16/05/2005, passando o ensino fundamental para 9 anos.
Essas informações são cedidas pelo MEC. (http://legislacao.planalto.gov.br)
36
A amostra foi escolhida de forma aleatória, através de um sorteio para escolha
dos sujeitos, crianças. Apenas das crianças, já que as mães e as professoras foram
referentes às respectivas crianças.
3.3 COLETA DE DADOS
Após os primeiros contatos com a escola a pesquisadora entrou em contato com
os sujeitos da pesquisa por telefone, marcando a data da realização das entrevistas. Na
entrevista com as mães foi solicitada à autorização para realização da dinâmica com as
crianças, e somente após a autorização das mesmas, a pesquisadora realizou a dinâmica,
ou seja, os desenhos. Os dados da entrevista foram coletados nas dependências de uma
escola da rede particular de ensino, da região de São José/ S.C., somente após a
aprovação de projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVALI e após o contato
com os representantes legais da escola (diretoria).
Os instrumentos de coleta de dados selecionados para aplicação da pesquisa
qualitativa e exploratória foram: entrevista semi-estruturada, questionário sóciodemográfico e profissional, com as mães e professoras e para os alunos, foi utilizada a
representação gráfica, ou seja, desenho, (apêndice C). Conforme conceitua-se a seguir:
a) Entrevista semi-estruturada:
Segundo Chizzotti (1995) esse tipo de pesquisa serve somente como orientadora
para o pesquisador, podendo este, sair do roteiro, com propósito de ampliar as
perguntas, bem como, entendê-las melhor, aprofundando-se mais no assunto. “Como
não tendo uma imposição de ordem rígida de questões, o entrevistado discorre sobre o
tema proposto com base nas informações que ele detém e que no fundo é a verdadeira
razão da entrevista”. (CHIZZOTTI, 1995: 33-34).
b) Questionário sócio-demográfico e profissional:
Segundo Chizzotti (1995), o questionário é um tipo de entrevista que tem por
finalidade descrever, bem como, medir as variáveis de um grupo social. Pode-se dessa
forma, observar as particularidades deste grupo ou de cada indivíduo em questão. Como
por exemplo: sexo, cor, estado civil, nível de escolaridade, etc.
37
De acordo com Lakatos (1991), o questionário contém perguntas fechadas, onde
tem entre duas a três opções para que o informante escolha, qual é a que mais tem a ver
com a sua realidade.
c) Representação gráfica (desenho):
Conforme Silva (1998), o desenvolvimento do grafismo prevalece às interações
sociais. Portanto, na análise elaborada a partir dos desenhos, pretende-se avaliar a
dimensão social, bem como, os conteúdos culturais que aparecerão.
A teoria sócio histórica-cultural também releva a importância da representação
gráfica, já que quando desenha-se, representa-se aquilo que se aprende culturalmente, e
não apenas faz-se uma cópia de um desenho. No entanto, em especial para o trabalho
com crianças, como é o caso desta pesquisa, o desenho torna-se um artifício
indispensável para realização da mesma.
3.4 PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DOS DADOS
Após a coleta, os dados recolhidos através da entrevista, questionário sóciodemográfico e profissional e representação gráfica (desenho), foram analisados, a partir
da coleta de dados. Esta análise e as possíveis considerações elaboradas foram realizadas
a partir do referencial teórico, até então desenvolvido, assim como, os demais materiais
que foram pesquisados para melhor compreensão dos dados obtidos.
A análise dos dados coletados por meio da entrevista semi-estruturada, do
questionário sócio-demográfico e profissional e da representação gráfica (desenho)
procedeu-se a partir da técnica denominada, análise de conteúdo3.
De acordo com Gil (1995), análise de conteúdo é a técnica que possibilita a
compreensão dos objetivos dos estudos desenvolvidos, através de descrição objetiva,
sistemática e quantitativa do conteúdo. Na análise de conteúdo é importante organizar o
material que será avaliado, depois aplicar as maneiras que foram escolhidas na fase
anterior, e por último tentar acima de tudo descobrir o que apareceu de forma implícita
3
Os desenhos que foram produzidos pelos alunos serviram apenas como atributo motivador, afim de
inseri-los no processo. Além é claro, da observação dos conteúdos que apareceram nos desenhos, sendo
que a avaliação dos mesmos não foi de forma projetiva.
38
durante o processo, já que se for avaliado somente o explícito, a pesquisa perde sua
funcionalidade.
Para a análise de conteúdo utilizou-se a análise microgenética, que segundo
Góes (2000) trata-se da abordagem que possibilita a interpretação histórico-cultural dos
processos humanos, bem como, através dela pode-se investigar a constituição do sujeito,
dando ênfase em suas práticas sociais. É uma forma de construção de dados que requer
atenção a detalhes e o recorte de episódios interativos, sendo o exame orientado para o
funcionamento dos sujeitos focais, as relações intersubjetivas e as condições sociais da
situação, resultando num relato minucioso dos acontecimentos.
As respostas dos indivíduos foram gravadas, transcritas e, posteriormente
analisadas.
3.5 ASPECTOS ÉTICOS
Esta pesquisa obteve os resultados seguindo as exigências éticas e científicas da
Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996, tratando os participantes da pesquisa com
dignidade, respeitando sua autonomia e comprometendo-se com a busca de benefícios
para os participantes e para uma relevância social (Resolução nº 196, de 10 de outubro
de 1996).
A pesquisadora, atendendo aos princípios éticos da pesquisa que envolve seres
humanos, comprometeu-se com o sigilo das informações junto aos participantes,
oficializada por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo A) e
também com a devolutiva dos resultados para os envolvidos. A devolução será feita
para os sujeitos mães e professoras, sendo apresentados na forma de seminário na
escola, onde foram coletados os dados da pesquisa, bem como, entregar-se-á o relatório
da pesquisa para os responsáveis pela escola, afim de que os mesmos possam usufruir
desse conhecimento em suas atividades profissionais e educativas. Os resultados
também serão divulgados no formato de banca de defesa nas dependências da
UNIVALI, como requisito indispensável para aprovação da disciplina de Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC).
Considerando que a pesquisa utilizou procedimentos que envolveram 9 (nove)
pessoas, sendo 3 (três) professoras, 3 (três) mães e 3 (três) alunos, foi realizada a leitura
39
para as mesmas, respectivamente, do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(Anexo A), de forma que pudesse dar início às atividades. Somente após o aceite destes,
expresso no referido documento, a pesquisadora realizou a entrevista, o questionário,
com as mães e as professoras e o desenho gráfico com os alunos, após o consentimento
das mães.
Quanto ao monitoramento da segurança dos dados, somente as pessoas
diretamente envolvidas com a pesquisa, no caso a acadêmica e sua supervisora, terão
acesso às informações contidas nos protocolos e aos documentos referentes à pesquisa.
Estes pesquisadores comprometem-se a mantê-los, sob a sua tutela, pelo período de
cinco anos e, após, incinerá-los.
Todos os esclarecimentos (Anexo A) visaram respeitar os sujeitos de pesquisa
em sua integridade física, psíquica e social, assim como, cumprir com as normas do
exercício profissional da Psicologia. Além das normas internas à profissão de psicólogo,
segue, também os princípios previstos na Resolução 196/1996 do Conselho Nacional de
Saúde. Portanto, em cumprimento a esta Resolução, não constam em anexo às
transcrições das entrevistas realizadas para assegurar a confidencialidade e a não
estigmatização dos participantes.
40
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo serão apresentadas as análises e as discussões dos resultados
alcançados na pesquisa. A partir da metodologia escolhida (pesquisa qualitativa com
recorte exploratório) e dos instrumentos utilizados (aplicação de entrevista semiestruturada, questionário sócio-demográfico e representação gráfica do cotidiano das
crianças em relação à suas atividades escolares diárias desenvolvidas com as mães). É
importante deixar claro que a pesquisa não é probabilística e dessa forma o resultado
não deve e não foi generalizado.
Primeiramente, apresentam-se as informações coletadas com as 03 (três) mães
que participaram da pesquisa e em seguida as 03 (três) professoras também participantes
da pesquisa através do questionário sócio-demográfico (dados demográficos e variável
ocupacional-profissional); na seqüência da análise com a transcrição das entrevistas
realizadas e posteriormente da análise da representação gráfica do cotidiano das
crianças, sendo que formam 03 (três).
A fim de iniciar análise de discussão dos resultados, abaixo segue as
informações referentes aos dados demográficos, coletados através do Questionário
Sócio-Demográfico e Profissional, respeitando o roteiro do questionário.
4.1 QUESTIONÁRIO SÓCIO-DEMOGRÁFICO E PROFISSIONAL
4.1.2 Dados Demográficos
Segue abaixo conforme roteiro da entrevista, as informações decorrentes dos
dados demográficos dos sujeitos entrevistados.
TABELA 1:
Distribuição dos sujeitos, conforme sexo:
SEXO
MÃES
feminino
PROFESSORAS
03 feminino
TOTAL
Fonte: Própria
03
06
41
Observa-se pela tabela acima que as participantes da pesquisa são na totalidade
do sexo feminino.
TABELA 2:
Distribuição dos sujeitos, conforme idade:
FAIXA ETÁRIA
MÃES
PROFESSORAS
30-40
01 30-40
02
40-50
02 40-50
01
TOTAL
06
Fonte: Própria
Em referência a tabela acima, no que diz respeito à faixa etária, identifica-se que
três participantes estão na faixa de 30 a 40 anos de idade e 3 participantes de 40 a 50
anos de idade.
TABELA 3:
Distribuição dos sujeitos, conforme estado civil:
ESTADO CIVIL
MÃES
PROFESSORAS
casado
03 solteiro
01
casado
01
outros
TOTAL
01
06
Fonte: Própria
De acordo com a tabela acima, há predominância no estado civil casado, entre as
mães e, as professoras apresentam distribuições eqüitativas, sendo uma solteira, uma
casada e uma enquadra-se na classificação outros.
TABELA 4:
Distribuição dos sujeitos, conforme se tem filhos:
FILHOS
MÃES
sim
PROFESSORAS
03 sim
02
não
01
TOTAL
Fonte: Própria
06
42
Verifica-se na tabela 4, que cinco das seis entrevistadas têm filhos.
TABELA 5:
Distribuição dos sujeitos, conforme número de filhos:
NÚMERO DE FILHOS
MÃES
PROFESSORAS
2 filhos
03 1 filho
TOTAL
02
05
Fonte: Própria
Quanto ao número de filhos, apresentados na tabela acima, todas as mães têm 2
filhos e duas professoras têm somente 1 filho.
4.1.3 Perfil da variável ocupacional-profissional
Segue abaixo as informações referentes ao perfil ocupacional-profissional das
participantes entrevistadas, respeitando-se assim o roteiro do questionário.
TABELA 6:
Distribuição dos sujeitos, conforme ocupação profissional:
ATIVIDADE PROFISSIONAL
MÃES
Trabalham fora de
casa
Do lar
PROFESSORAS
Trabalham fora de
01 casa
03
02
TOTAL
06
Fonte: Própria
De acordo com a tabela acima, referente à atividade profissional quatro das seis
pessoas entrevistadas trabalham fora de casa.
43
TABELA 7:
Distribuição dos sujeitos, conforme horas trabalhadas por semana:
HORAS TRABALHADAS POR SEMANA
MÃES
PROFESSORAS
66 horas
01 20 horas
02
25 horas
TOTAL
01
04
Fonte: Própria
A partir da tabela acima se pode verificar que as professoras trabalham entre 20
a 25 horas semanais. Já a mãe que trabalha fora de casa disponibiliza 66 horas por
semana para seu trabalho.
TABELA 8:
Distribuição dos sujeitos, conforme atividades no tempo livre:
ATIVIDADES NO TEMPO LIVRE
MÃES
PROFESSORAS
Uso do computador
Atividades
artesanais
01 Uso do computador
Atividades
02 artesanais
03
Assistir Tv e vídeos
Trabalhos
domésticos
01 Assistir Tv e vídeos
Trabalhos
01 domésticos
03
03
Atividades de lazer
03 Atividades de lazer
03
Leitura e estudo
01 Leitura e estudo
03
Prática desportiva
TOTAL
03
03
06
Fonte: Própria
Verifica-se conforme a tabela acima, que há uma boa distribuição das atividades
destinadas ao tempo livre, e que as entrevistadas preservam para de seu tempo para
essas atividades.
A seguir apresenta-se a análise e interpretação dos dados obtidos através da
entrevista semi-estruturada realizada com as participantes da pesquisa.
44
4.2 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DA ENTREVISTA
Dentro dos objetivos propostos nesta pesquisa que foram analisar a relação entre
contemporaneidade, família e escola, assim como, seus benefícios e conseqüências para
a definição e compreensão da construção dos fenômenos presença-ausência familiar na
aprendizagem escolar na infância; resgatar historicamente do ponto de vista teórico a
partir da contemporaneidade a relação entre escola e família e suas influências na
aprendizagem escolar na infância; caracterizar algumas conseqüências do mundo
contemporâneo para a aprendizagem escolar infantil; definir os termos presença e
ausência familiar a partir do fenômeno psicológico; identificar alguns fatores que
caracterizam o fenômeno presença-ausência familiar dentro do contexto escolar;
contribuir com subsídios científicos na compreensão do fenômeno presença- ausência
familiar e suas implicações para a aprendizagem escolar a partir do mundo
contemporâneo possibilitando informações que auxiliem pais e educadores no sentido
de capacitarem-se para o enfrentamento de tal processo de forma reflexiva e
competente. Pode-se fazer análise das entrevistas apresentada a seguir, iniciando pela
análise das entrevistas feita com os sujeitos pais e, em seguida com os sujeitos
professores.
4.2.1 Análise da entrevista com as mães
Apresenta-se aqui as questões formuladas às mães entrevistas, bem como, os
resultados alcançados a partir das mesmas.
Na questão nº 1 em que se discutiu a descrição da rotina das entrevistadas as
respostas apontaram para os aspectos compatíveis com a rotina familiar, obteve-se as
seguintes respostas:
Conforme a fala da mãe A: “Eu me acordo mais ou menos às 7:00 horas
preparo meu filho mais velho para ir para aula, dou assistência ao meu marido,
arrumo a roupa dele porquê em seguida ele já vai trabalhar, faço o café da manhã, dou
uma caminhadinha, faço as atividades da casa e já começo a preparar o almoço,
enquanto isso acordo a A., dou café para ela e a ajudo em seus deveres escolares.
45
Depois do almoço, levo a A. para o colégio .A tarde é mais tranqüilo tenho tempo de
descansar um pouquinho. Depois vou buscar o A. no colégio e, ai volto à função
novamente, preparando o jantar enfim, é a rotina de toda dona de casa, trabalhar sem
parar. Nos fins de semana vamos para nossa casa de praia nos Ingleses”.
Já a mãe B comenta que: “Primeiramente faço o café da manhã e começo a
organização da casa. Depois acordo meu filho dou atenção, o café, auxílio nas tarefas
escolares, contudo já, é quase hora do almoço, então começo a preparar. Sirvo à mesa,
almoço com minha família, depois o G. (seu filho) se arruma para ir à escola, levo-o
para escola.
À tarde aproveito o tempo livre para fazer minhas outras obrigações que tenho fora de
casa, como ir ao banco, etc. Prefiro fazer essas atividades à tarde já que é horário que
meu filho não está..
Às 18:00 busco meu filho na escola e voltamos para casa, aí já começo a fazer o jantar,
janto com minha família e arrumo a cozinha.
Nos finais de semana passeamos quase sempre vamos para o sítio que temos.”
E na resposta da mãe C encontra-se como afirmação a seguinte explanação:
“Bem eu acordo por volta de 7:00 e 7:30 horas, tomo café e começo minhas atividades.
Inicio levando H. para aulas extras curriculares que ele tem, 2ª e 4ª Inglês e 3ª e 5ª
Matemática. Enquanto ele está na aula se tenho alguma volta para fazer perto do local
faço nesse meio tempo, mas se o local onde tenho que ir é muito longe, fico esperando
ele no carro e ao pegá-lo faço o que tenho para fazer. Confesso que enquanto eu o
espero até durmo no carro devido ao cansaço. De manhã ainda faço serviço de banco.
Pois tenho uma lanchonete, na minha própria casa e eu que tenho que fazer tudo. Ao
meio dia almoço e saio para fazer as compras para lanchonete. Por volta de umas
15:00 horas dou início aos preparativos dos lanches e às 17:00 horas abro para o
público. O movimento começa por volta das 19:30 horas e ali fico até 24:00 mais ou
menos. Após fechar arrumo tudo, guardo as coisas e vou dormir por volta de uma hora
da manhã. Nos sábados decidi não abrir a lanchonete para poder curtir minha família.
Tenho uma pessoa que me auxilia nas tarefas domésticas.”
Em suas reflexões a acadêmica avalia que, o ponto em comum entre as mães A e
B está no envolvimento das tarefas de casa e ambas aproveitam o período da tarde para
fazerem atividades fora de seus lares, ou mesmo descansarem já que seus filhos nesse
horário encontram-se no colégio e, ainda colocam que disponibilizam parte de seu
46
tempo para auxiliarem os filhos nas atividades escolares. A mãe C não refere-se sobre
as atividades voltadas as tarefas domésticas, bem como nesta questão não faz menção
das atividades escolares de seu filho. Fala bastante sobre sua atividade profissional em
sua lanchonete a qual localiza-se em sua própria casa.
Em referência a questão nº 2 sobre Descreva a rotina de seu filho, destaca-se as
seguintes respostas:
Na opinião da mãe A: “Ela acorda normalmente 9:00 ou às vezes até 10:00.
Toma café da manhã, faz os deveres do colégio. Às vezes, quando ela tem muitas
tarefas eu a acordo mais cedo. Depois das tarefas ela brinca um pouco, almoça, toma
banho, se arruma para ir ao colégio. À tarde vai para escola, volta às 5:30 hs, toma
café, vai brincar mais um pouco, se tem muita tarefa da escola ela já inicia a noite.
Janta, fica um pouco no computador e, dorme por volta das 11:00 hs. Ela gosta de
dormir tarde, por isso também acorda tarde
eu que tenho que chamá-la. A A.
geralmente brinca aqui em casa mesmo, prefiro que as amiguinhas venham aqui, pois
gosto de saber quem são as amigas dela. Dificilmente deixo-a ir à casa de alguém ou
sair com outros pais de suas amigas, mas quando ela vai me certifico quem são eles, e
se vão realmente junto ao lugar.”
Por sua vez a mãe B acredita que: “Bem o G. gosta de dormir bem tarde,
conseqüentemente ele acorda tarde. Mas não o deixo dormir a manhã toda, pois tem
que fazer as tarefas da escola. Então eu o acordo, dou o café da manhã, ele faz os
deveres quando sobra tempo ele brinca um pouco ainda de manhã. À tarde vai para a
escola, chega às 18:00 horas. Depois da escola brinca, quando tem muita tarefa para o
dia seguinte ele inicia para não acumular para o dia seguinte. Janta, assiste televisão e
brinca mais um pouco. Como já falei ele dorme tarde.”
A perspectiva da mãe C é: “O H. faz atividades diversas durante o dia. Como já
mencionei ele faz aulas de Inglês (2ª e 4ª feiras), aulas de Matemática (3ª e 5ª feiras) e
ainda escolinha de futebol depois do horário de aula, ou seja, após as 17:30 horas na
própria escola onde estuda. O H. não gosta muito de se alimentar no período da manhã
eu que tenho que ficar insistindo para ele tomar pelo menos um “Nescauzinho”. Depois
das atividades do período da manhã ele almoça, toma banho e vai sozinho para escola,
que é pertinho, na mesma rua em que moramos. Quanto ao horário ele mesmo se
controla e sabe o horário certo de ir. Depois da aula ele vem direto para casa, exceto
nos dias de futebol e vai fazer os deveres, faz tudo que tem para o dia seguinte, foi
47
assim que combinamos e está dando certo. Ele faz o dever sozinho, somente quando
não entende alguma questão me pede ajuda e então eu o auxilio. Quando termina vem
me mostrar na lanchonete mesmo. Depois das atividades escolares ele está liberado
para brincar com amigos, jogar vídeo game. Costuma dormir cedo por volta das 20:30
horas e conseqüentemente acorda cedo, geralmente antes de todo mundo da minha
casa. Antes até do que eu, ou seja, antes das 7:00 horas, mas espera que eu o chame
para levantar. Daí levanta e fazemos tudo que já falei.”
Neste sentido é possível compreender-se enquanto uma análise da acadêmica na
condição de pesquisadora que as mães A e B mencionam que os filhos gostam de
dormir e acordar tarde e que as mães, ou seja, elas mesmas que os acordam. Referem-se
também sobre auxiliarem seus filhos nas tarefas escolares todos os dias, geralmente no
mesmo horário (no período da manhã), mas se por ventura tiver muita atividade para o
dia seguinte iniciam assim que chegam da escola. Relatam ainda, sempre
acompanharem seus filhos para ir e voltar da escola. Já a mãe C retrata em sua resposta
que seu filho vai sozinho para a escola, já que a mesma fica bem próximo a sua casa.
Fala também que seu filho faz a tarefa sozinho, pedindo sua ajuda somente quando não
entende algo e, que realiza a tarefa assim que chega da escola, não deixando nada para o
dia seguinte. Porém percebe-se que há um ponto convergente entre os três sujeitos, seus
filhos têm o hábito de ter uma rotina diária em relação às tarefas escolares, pois os
mesmos têm horários específicos para realização da mesma.
Quanto a questão questão nº 3, que interrogava sobre Como você analisa a
relação entre família e escola no processo de aprendizagem das crianças?
A mãe A fala: “É muito importante existir essa relação. Acho que a escola tem
que ter mais ou menos a mesma linha de pensamento e de educação da família, não
adianta minha família pensar e agir de um jeito e a escola da A. de outro. Não adianta
aqui em casa a gente ensinar uma coisa e a escola fazer diferente, pois assim ela teria
convivências e valores diferentes. Antes de colocar os filhos em uma escola temos que
avaliar bem se é isso mesmo que queremos para eles. Por isso escolhi, o colégio M. C.
Aqui em casa somos muito tradicionais, e a escola da A. também, é claro que hoje a
escola já é bastante eclética e, segue outras linhas de pensamento, mas mantém um
certo tradicionalismo que eu gosto.”
48
A mãe B ressalta que: “É um processo perfeito. É muito bom ter aproximação.
Para mim tem que existir essa relação entre ambas para que haja aprendizagem. O
processo de aprendizagem deve ser uma extensão entre casa e escola e, não ser
processos distintos como era antigamente.”
Já a mãe C afirma que: “É fundamental que haja relação. É importante acima
de tudo que os valores da escola sejam iguais ao da família e isso acontece no colégio
do H. eu tento passar o máximo de valores bons para meu filho. Não foi a toa que
deixei o emprego que tinha há vinte anos em uma empresa, onde ganhava R$ 7.000,00
para ficar mais perto de minha família e, em especial, dar mais atenção para meus
filhos. Hoje com minha lanchonete não ganho nem um terço do que ganhava em meu
antigo emprego, mas a recompensa que ganho em estar próxima de minha família não
tem preço que pague. Se me perguntares se eu pudesse voltar no tempo e voltar a
ganhar o que ganhava, naquele ritmo de trabalho te digo, que não. Eu trabalhava das
8:00 horas da manhã até mais ou menos às 22:00 horas. Eu mal via minha família. Não
tinha tempo para nada, muito menos para auxiliar meus filhos na escola. Sou uma
pessoa que tenho muitos princípios, de verdade, honestidade, etc. e pretendo passar
todos para meus filhos. Mas como eu poderia ensinar esses princípios estando tão
distantes, por isso decidi mudar de vida. E minha nova vida inclui minha família. Então
acho importantíssimo que haja relação entre escola e família, mas a relação tem que
começar já em casa.”
Em relação a essa questão a pesquisadora compreende que as três mães vêem a
importância da relação entre escola e família para que a aprendizagem aconteça. As
entrevistadas A e B ainda relevam a importância dos valores semelhantes entre família e
escola para que flua de forma harmoniosa essa relação. A mãe C ainda ressalta que
deixou o emprego onde era melhor remunerado que o atual para ficar próxima à família,
deixando claro o quanto é importante a relação, mas que a mesma deve ser inicia pela
própria família.
Para a questão nº 4 que questionava “O que você acredita que mudou na
relação entre escola e família do seu tempo de escolarização para o de seus filhos?”,
obteve-se como respostas as declarações:
A mãe A diz: “Hoje os pais participam mais. O que mudou de fato foi a
participação dos pais na escola. Na minha época meus pais nunca me ajudavam a fazer
49
as tarefas, nunca iam à escola. Eu fazia tudo sozinha. Minha mãe não tinha tempo e
meu pai não tinha escolarização para poder me ajudar. Os pais confiavam inteiramente
na escola. Hoje a gente cobra mais, os pais estão acompanhando o que os filhos estão
aprendendo. Os pais de antigamente confiavam plenamente na escola. Na minha época
a gente ia para escola e os pais nem sabiam o que estava acontecendo. Hoje tu tens que
caminhar junto com a escola nesse sentido. Antigamente a escola tinha a função de
ensinar os conteúdos, Matemática, Português, etc, e os pais de educar. Eram processos
bem distintos, hoje já estão mais mescladas às funções, não estão tão separadas, há
uma continuação no processo. Até porquê não existiam tantas opções de escola para
matricular os filhos, basicamente as escolas eram públicas e todas iguais, então era
aquilo e pronto. Eu lembro que teve uma época em que estudei na escola A. até
alcançar a idade de ir para outra escola e, eu odiava estudar, ficava todos os dias
fazendo cópias do “A, E, i, O, U” e chorava sempre, quando sai de lá foi um alívio,
mas como falei não existiam opções e os pais não estavam tão preocupados nesse
sentido, pois bastava à escola passar os ensinamentos. Era desestimulador estudar
assim. Hoje é bem diferente. É importante a criança esteja feliz na escola onde estuda.”
A mãe B coloca que: “Acho que essa resposta vem de encontro com a anterior
já que aproximação que falei que é importante não existia na minha época em que eu
estudava. Escola e família eram bem distantes e tinham funções contrárias.
Simplesmente não tinha relação entre escola e família, uma ensinava e a outra
educava.”
E para a mãe C: “É difícil para eu responder está questão porque sempre estudei
em escola pública e o ensino é bem diferente. Acho que a diferença não exista em
relação ao tempo, mas sim, em relação ao poder econômico das pessoas, por exemplo,
se você tem possibilidade de estudar em uma escola particular a escola e famílias estão
mais unidas, se conhecem mais, há de fato uma relação, mas se você estuda em uma
escola pública, os professores mal conhecem seus alunos, não há relação. Não culpo os
professores, pois devido ao mal remuneramento e estímulo talvez não consigam fazer o
melhor de si, assim como, a superlotação nas salas de aula. Se eu tivesse estudado em
escola particular ou se meus filhos estudassem em escola pública eu poderia fazer
melhor uma análise das diferenças existentes dessa relação.”
Neste sentido pode-se afirmar que as mães A e B relevam que, a participação
dos pais mudou significativamente no processo de escolarização. Atualmente a escola
50
possibilita a relação entre família e escola. Ressaltam também que há maior interesse
dos pais em participar do processo. Antigamente, segundo a mãe A não existia relação,
pois os pais, geralmente não tinham conhecimento dos conteúdos, ficando assim, difícil
para que pudessem ajudar. Segundo, ainda as mães A e B escola e família tinham
funções distintas; a escola tinha por função passar os ensinamentos dos conteúdos, já à
família cabia ensinar a comer, andar, falar, se vestir, etc. Portanto ambas não havia
relação. Já a mãe C não vê a falta de relação de seu tempo de escolarização para de seu
filho a partir do mesmo viés das mães A e B, ela acredita que a diferença consistia-se no
poder econômico, já que acha que a diferença está entre a escola particular e a pública.
Conforme seu relato, os professores da escola pública mal conhecem seus alunos, não
havendo assim relação com as famílias, não acontecendo o mesmo com a escola
particular, pois escola e família são unidas.
A questão nº 5 que contemplava “qual a função dos pais no processo de
escolarização dos seus filhos?
Como resposta da mãe A apresenta-se: “Tem que estar acompanhando o
desempenho do filho na escola, tanto pessoal como nas atividades. Os pais têm estar
atento a tudo não só nos conteúdos, mas também a relação deles com as pessoas, seja
com os professores, os outros funcionários, amigos, como eu falei em questões
anteriores ver quem são os amigos, quem são os pais deles. Devem acompanhar nas
tarefas, nos estudos para provas, ir as reuniões. Gosto de saber onde minha filha está
indo e, principalmente com quem.”
A mãe B menciona:“ Eles têm obrigação de estarem sempre apoiando, sempre
direcionando o caminho que os filhos devem seguir, auxiliando nas tarefas,
participando da vida escolar.
(Você acredita que os pais devem ir à escola mesmo sem serem solicitados?)
Sim quando houver necessidade, mas para mim é fácil visualizar quando precisa, pois
hoje como já falei em questões anteriores, a escola permite aproximação, e quando
auxilia-se o filho nas tarefas pode-se perceber quando algo não está bem e, quando é
necessário ir até à escola, mesmo sem ser chamado.”
E a mãe C argumenta que: “Os pais são fundamentais na vida dos filhos. A
função dos pais é tudo, fazer tudo. Acredito que é o ambiente que faz a pessoa, sendo
assim os pais fazem os filhos. Os pais têm que dar bons exemplos, têm estar sempre
junto. Têm que estimular, têm que orientar. O H. costuma dizer quando tira nota sete
51
nas provas, “Está bom pelo menos está na média” e digo para ele não, não acho que
está bom, depende do que você quer para sua vida. Na vida existem várias pessoas que
estão na média, que são medianas; há pessoas que são empreendedoras, outras
empregadas; umas coordenam, outras são coordenadas, então acho que não é o
suficiente para você. Ele tem todas as oportunidades de ser mais, além do que é
inteligente o suficiente para ser mais, tem potencial para dez, não estou dizendo aqui
que ele tenha que ser dez sempre, nem tão pouco que eu cobro nota dez dele em todas
as avaliações, mas procuro estimulá-lo para que se esforce ao máximo. Mas, para que
isso aconteça os pais têm que estar sempre junto com os filhos.”
Nesta perspectiva para as mães A, B e C os pais precisam acompanhar, apoiar,
direcionar, estimular, estar sempre junto aos filhos. Acompanhar nas tarefas, ir às
reuniões, participar da vida escolar em geral é função dos pais no processo de
escolarização. A mãe A ainda revela, que os pais não devem limitar-se a acompanhar
somente no desempenho escolar e sim, no pessoal, por isso, é importante conhecer os
amigos com quem os filhos convivem, como é a relação deles com professores,
funcionários, enfim com todas as pessoas que eles convivem.
Em referência a questão nº 6 Como você se faz presente na vida escolar de seu
filho?, como resposta, destaca-se:
A resposta da mãe A foi: “Estou sempre acompanhando o dia-a-dia dela,
olhando agenda, ajudando nos deveres, acompanhando as atividades, inclusive, sempre
que posso de acordo com meu conhecimento claro, ao olhar os conteúdos dou
sugestões aos professores, elogio o tipo de atividade feita. Nos estudos das provas
ajudo também ,mas em algumas estou preferindo apenas acompanhar, ver se a A. está
estudando, porque também quero que ela tenha autonomia em seus estudos, já que está
no 4º ano. Antes eu ficava muito em cima dela para estudar para as provas e com meu
outro filho também era assim, hoje já dou mais liberdade, mas direcionando e
acompanhando sempre. Acho que os pais devem ir à escola sempre que houver
necessidade, mesmo sem ser chamado, se você acompanha sabe quando há necessidade
de ter essa postura, saberá a hora certa.”
A mãe B releva: “Então basicamente o que respondi na questão anterior, faço
tudo que mencionei nela. Apoio meu filho no processo de aprendizagem, tento
52
direcioná-lo, em relação ao que deve ser feito. Ajudo sempre nas tarefas escolares, vou
à escola sempre que necessário.”
Já a mãe C menciona: “Particularmente me considero meio relapsa em relação
à vida escolar de meu filho, nem sempre quando sou chamada para ir à escola eu vou,
devido à falta de tempo. Mas eu tento sempre acompanhar nos deveres, mesmo que não
seja de forma direta, ou seja, fazendo diretamente com ele, minha ajuda é olhar depois
que ele acaba para ver se não está faltando nada, vou à escola em festividades, pois
não teria sentido ele fazer uma apresentação e eu não estar lá para poder prestigiá-lo.
Possibilito outras atividades como aula de Matemática, levo-o, acompanho-o, olho sua
agenda diariamente, enfim, é esse tipo de ajudo que dou. Mas não foi sempre assim,
quando estava no outro emprego não o auxiliava em nada.”
Desta forma ressalta-se que as mães A e B relatam ajudar nas tarefas escolares,
auxiliando nos deveres, indo à escola, indo a reuniões. A mãe A acrescenta dizendo que
olha a agenda escolar todos os dias, e sempre que possível, de acordo com seu
conhecimento, faz sugestões de atividades às professoras, assim como, elogia a forma
como elas direcionam as atividades. As mães A e B, também mencionam que os pais
devem ir á escola sempre que necessário, mesmo que não sejam chamados e falam que é
fácil visualizar a necessidade de ir quando os pais se fazem presentes na vida escolar
dos filhos. A mãe C diz participar da vida escolar do filho, mas que sua participação não
é tão direta, pois a mesma auxilia seu filho nas tarefas e nos estudos para prova,
somente quando há necessidade. Em seu relato diz considerar-se meio relapsa, devido a
isso. No entanto, ela afirma participar de festividades da escola, olhar agenda
diariamente, assim como, as mães A e B.
A questão nº 7 questionava sobre a opinião das entrevistadas em relação a
ausência dos pais e sua influência no processo de escolarização dos seus filhos?,
obteve-se alguns dados, como:
Para mãe A esta questão caracteriza-se por: “Se os pais não acompanharem os
filhos eles acabam desestimulando e perdendo o interesse em estudar. Claro que pode
existir exemplos de crianças que não tenham acompanhamento e que gostem de estudar
e vão bem na escola. Mas, é mais difícil porque eles acabem encontrando interesse em
outras coisas, por acharem que a escola não é importante, já que os próprios pais não
dão valor. Acho que a criança encontra o verdadeiro valor da escola, a partir dos pais.
53
Se os pais acompanham dão estímulo ao estudo e a partir daí a criança toma
consciência da importância da escola para sua vida. Os pais têm que estarem sempre
presentes.”
Na concepção da mãe B: “É difícil para eu responder essa questão já que me
sinto tão presente na vida escolar do G. e com meu outro filho também era assim que
não consigo imaginar como seria não ser presente. Mas, talvez a criança que não tem
os pais presentes no processo de escolarização torne-se mais autônoma e independente
em suas tarefas escolares, pois teria que elaborar maneiras de fazer sem auxílio de um
adulto, mas certamente teria mais dificuldade.”
E a mãe C acredita que: “Se pais não se fazem presentes eles não têm
oportunidade de passarem seus valores para seus filhos. Se eles não dão importância
nos estudos dos filhos como que filhos darão. Não adianta quando os filhos chegarem à
idade adulta e não forem visitar os pais, eles ficarem se lamentando e buscando
explicações de porquê acontece isso, pois se não existe uma relação de carinho, afeto e
participação com os filhos no presente não poderá existir no futuro. A ausência dos
pais implica em várias questões na vida de seus filhos e uma das principais é a não
valorização dos estudos.”
A acadêmica em relação ao questionamento acima, destaca que as mães A e C
mencionam que somente estando presentes na vida escolar dos filhos é possível que eles
dêem importância aos estudos. A mãe A ressalta que são os pais que dão verdadeiro
valor à escola e ainda, acrescenta que se os pais não acompanharem o desenvolvimento
do processo escolar, os filhos desestimulam e perdem o interesse, e que para que isso
não aconteça os pais têm que estar sempre presentes. E a mãe C relata que estando
presente os pais têm oportunidade de transmitirem os valores que julguem necessários
aos filhos. A mãe B diz em seu relato ter dificuldade de pensar nessa questão por estar
sempre presente na vida escolar de seu filho. Ela tem uma opinião diferente das mães A
e C, pois a mesma acredita que talvez os filho que tivesse pais ausentes seria mais
autônomo e independente em seus estudos, já que criaria mecanismos para lidar com
essa situação. Mas, coloca que certamente a criança teria mais dificuldades.
54
Finalmente a questão nº 8 que tinha como finalidade buscar junto as
entrevistadas exemplos que caracterizem a ausência dos pais no processo de
escolarização dos alunos?,ressalta-se que:
Para a mãe A o mais relevante nesta questão é: “Não participar das reuniões.
Não estar atento aos relacionamentos dos filhos, como não conhecer os seus amigos, os
pais dos amigos e, como, é o relacionamento da criança com amigos, professores e
funcionários. Não estar interado no processo de educação, não saber os conteúdos que
eles estão aprendendo, os dias de provas e trabalhos. Não saber também suas notas nas
provas e não acompanhar as correções de provas e atividades feitas pelos professores,
pois é a partir que podemos perceber o desempenho dos filhos na escola. Acho que os
pais têm que estar sempre presentes, pois como já falei quem dá o verdadeiro valor
para escola é a família.”
Por sua vez a mãe B avalia que o mais significativo seria a dificuldade que a
criança encontraria e ainda pode-se destacar que: “Como já falei tenho dificuldade de
pensar nessa questão, mas acho que a criança teria bastante dificuldade e devido a
isso, esconderia notas de provas e trabalhos, bem como, o que está acontecendo na
escola, suas dificuldades, seu relacionamento com os outros, podendo então acontecer
menos interesse na aprendizagem e bastante dificuldade. A criança provavelmente
esconderia detalhes da escola porquê acreditaria que não há interesse dos pais no
processo já que eles se fazem ausentes. Não ajudar nas tarefas e não ir até à escola
seria bons exemplos de ausência.”
E a mãe C faz a seguinte menção: “Não olhar agenda, não participar de
eventos, não estar junto com os filhos em relação a sua vida escolar.”
Conclui-se nesse sentido que a mãe A coloca que não participar das ações do
cotidiano como, não ir às reuniões, não olhar agenda não saber os conteúdos que estão
sendo ministrados pelos professores, entre outros que são importantes na vida escolar
das crianças caracterizam a ausência dos pais no processo de escolarização. Ainda
coloca que, não conhecer os amigos e outras pessoas que fazem parte do relacionamento
da criança implica na ausência no processo, bem como, na vida em geral. A mãe B por
ter dificuldade em falar da ausência escolar dos pais, conforme seu relato pensa que os
filhos com pais ausentes esconderiam notas de provas e trabalhos e os acontecimentos
da escola, mas converge com a mãe A, citando como exemplos de ausência não ajudar
nas tarefas e não ir à escola. A mãe C também faz menção, em não olhar agenda não
55
participação em eventos, sendo assim, não estar junto no processo de escolarização da
criança, dessa forma, converge com as mães A e B.
4.2.2 Análise das entrevistas das professoras
Destaca-se aqui as questões realizadas com as professoras, bem como, os
resultados obtidos.
Quanto a questão nº 1 que solicitava as entrevistadas que “Descrevessem a
rotina que praticam em seu dia a dia, destaca-se que:
A professora A diz que : “Acordo às 6:20 horas e faço café. Faço as tarefas
domésticas. Estudo e realizo atividades voltadas ao meu trabalho de professora.
Almoço e saio às 12:30 horas para trabalhar. Dou aula até às 17:30. Dou aula de
dança até às 18:15 (2ª, 3ª, 5ª e 6ª feiras) nas 4ª feiras tenho faculdade de Pedagogia.
Volto para casa e vou jantar. Estudo e realizo atividades voltadas ao trabalho
profissional. Tomo banho e vou dormir aproximadamente às 23:30 horas. Retomo
minha rotina no dia seguinte.”
A professora B destaca que: “Bem minha rotina é basicamente de manhã é
cuidado com a casa. Alimentar e limpar os locais dos meus bichos de estimação.
Planejamento de aula, correções de livros, cadernos, trabalhos e provas. Depois
almoço, assisto jornal. À tarde trabalho no colégio. Depois do trabalho tomo café,
assisto televisão e faço leitura. Tomo banho, uso computador, faço atividade referente
ao trabalho e janto. Leio novamente, assisto mais um pouco de televisão e durmo.”
Já a professora C menciona que sua rotina caracteriza-se de seguinte maneira:
“De manhã me dedico à limpeza da casa, a fazer planos de aula, à pintura, pois
também sou artista plástica. Depois almoço. Tomo banho e vou para o trabalho. À
noite janto, tomo, banho, uso o computador, faço leituras e durmo.”
Na concepção da acadêmica é importante ressaltar que as professoras A, B e C
fazem menção às atividades domésticas praticadas no período da manhã, colocando que
dedicam parte de seu tempo a atividades referentes a profissão de professor, como por
exemplo, fazer planos de aula. A professora A coloca também que faz faculdade de
Pedagogia uma vez na semana e, que os demais dias trabalha como professora de dança,
56
no próprio colégio M.C., após seu horário de serviço. As professoras B e C dizem
dedicar-se ao uso do computador e a leitura à noite. E a professora C ainda menciona
que é artista plástica, portanto, dedica-se a pintura no período da manhã. Todas as três
professoras (A, B e C) trabalham no colégio M.C. à tarde.
Observa-se que as
professoras têm rotinas diversificadas, distribuídas ao longo do dia, ressalta-se as
atividades voltadas ao lazer que aparece no discurso das três professoras, como artes
plásticas, leitura e uso do computador.
Na questão 2 que solicitava que as professoras Descrevessem a rotina de seus
alunos (na escola), elas relevam os seguintes aspectos:
A professora A menciona: “Chegam ao colégio aproximadamente às 13:00 e
depois de organizarem seus materiais vão para quadra recrear. Bate o sinal às 13:30 e
entram para sala de aula e vão estudar. A cada 40 minutos bate o sinal e é feita a troca
de professores de acordo com a matéria selecionada. Às 15:30 horas vão lanchar e às
16:00 horas voltam para sala para concluir as matérias que faltam. Às 17:30horas bate
o sinal para a saída dos alunos, onde os que fazem aula extra-curricular continuam no
colégio até às 18:30 horas.”
A professora B fala que: “Os alunos chegam ao colégio entre 13:00 e 13:30,
durante essa meia hora eles ficam no pátio, alguns ficam na ala, brincam e se reúnem
em grupos. Nesse tempo, eles devem tomar água e ir ao banheiro para se prepararem
para o início das aulas. Eles entram para 1ª aula que é 13:30 hs e as outras são: 14:15/
14:50/ 15:30/ recreio de 30 minutos/ 16:00/ 16:45/ 17:30 saída da escola. Nessas aulas
existe troca de professores, somos em 5 e cada um com disciplinas específicas. Alguns
alunos fazem aulas extracurriculares de dança, capoeira e futebol das 17:30 hs às
18:30 hs.”
A professora C destaca: “Eles chegam 13:00 hs, fazem recreação na quadra e
13:20 se preparam para entrar indo ao banheiro e tomando água. Às 13:30 hs é o
início das aulas, até às 13:40 hs entrega das agendas e aí começa as correções dos
deveres e as atividades do dia. Às 14:15 hs é a 1ª troca de professores, as próximas
são: 14:50/ 15:30 16:00/ 16:45, sendo que tem o recreio às 15:30 e retornam para sala
às 16:00 e saem às 17:30. alguns têm aulas extracurriculares, portanto ficam até 18:30
hs.”
57
Na visão da pesquisadora em referência a esta questão as três professoras (A,B e
C) têm a mesma rotina, pois ministram aulas para os mesmos alunos, e seguem a rotina
determinada pela escola que trabalham. Sendo assim, as professoras A, B e C relatam
que seus alunos chegam no período entre 13:00 horas até 13:30 horas. E nesse tempo
fazem atividades de recreação na quadra. Às 13:30 horas bate o sinal de entrada e os
alunos vão para suas salas. Há troca de professores a cada 40 minutos. A hora do recreio
acontece no horário das 15:30 horas às 16:00 horas, nesse tempo seus alunos lancham e
brincam na quadra. Às 17:30 horas terminam as aulas. Alguns alunos praticam aulas
extracurriculares e ficam no colégio até às 18:30 horas.
Para a questão 3 que questionava Como você analisa a relação entre família e
escola no processo de aprendizagem das crianças?, obteve-se como respostas:
Na concepção da professora A: “A família é um alicerce para a vida de
qualquer aluno. Em relação à educação, ou seja, a escola, é fundamental no processo
ensino-aprendizagem. A ajuda dos pais para realização de tarefas, estimulando a
leitura, acompanhamento o desenvolvimento educacional, o diálogo cultural e
auxiliando o comportamento, faz com que o aluno se sinta seguro e capacitado para
enfrentar o dia-a-dia na escola.”
A professora B tem o seguinte entendimento: “Todo processo de aprendizagem
parte das relações existentes do educando, qualquer relação desse aluno forma seu
desenvolvimento. Escola e família quando integram e trabalham juntas propiciam focos
e alternativas de ensino. Um ou outro separado permitirá um aprendizado factual,
dependendo do aluno. O conhecimento flui em qualquer rede de relações, quando
maior e mais focada for essas relações, mais curiosidade desperta e o conhecimento se
estabelece.”
E a professora C compreende que: “Posso analisar através da participação dos
pais nas atividades e rotinas diárias dos educandos, ou seja, os filhos. Sendo assim, os
pais não devem transferir para escola a responsabilidade de suprir momentos e tarefas
que são responsabilidades da família, cabendo a escola “apenas” o papel de mediador
do conhecimento. No entanto, a relação tem que existir para que a aprendizagem
aconteça.”
A pesquisadora enfatiza em respeito a este aspecto que, a professora A pensa
que a família serve como um alicerce na vida da criança, dessa forma os pais devem
58
estar presentes estimulando e acompanhando nas tarefas, pois assim, ela sentirá
segurança para enfrentar as dificuldades decorrentes do processo de aprendizagem. A
professora A ainda acredita que tem que existir relação entre escola e família para que
haja aprendizagem. A professora B concorda que a relação é imprescindível para que a
aprendizagem flua de forma harmoniosa, destaca que se houver distanciamento entre
escola e família, ocorrerá aprendizado de forma factual. A professora C compartilha
com as professoras A e B no que se refere a importância da relação para que a
aprendizagem aconteça, coloca que os pais não devem transferir a escola o papel que é
seu, e que o meio que utiliza para avaliar a relação existente é através da participação
dos pais nas atividades rotineiras da criança.
A questão 4 que interrogava sobre O que você acredita que mudou na relação
entre escola e família do seu tempo de escolarização para o de seus alunos?, destacase:
Na resposta da professora A: “Eu vejo que no meu tempo de escola o respeito e
a ordem; tanto da família quanto da escola, era mais crítico, mais cobrado e exigido,
ou seja, determinista. Hoje, as escolas têm de fazer o papel escola-família, onde a
globalização domina o mundo, os pais passam o dia fora de casa e as crianças na mão
de familiares ou empregados. Diminuiu o respeito e a atenção, mas aumentou a
tecnologia e o dinamismo. A educação está sendo feita de maneira errada, com o abuso
de poder de alguns pais refletindo no aluno a desobediência e a violência. O mundo
progressista faz do professor um mediador do conhecimento e o aluno crítico deste
conhecimento. Antigamente o professor era um mediador e o aluno um simples
assimilador dos conhecimentos, fazendo que apenas ouvisse sem poder discutir ou
discordar. O diálogo em casa e no colégio era quase nulo. Agora é muito desenvolvido
no colégio, onde o professor, muitas vezes faz o papel de professor-família.”
A professora B ressalta que: “Parece que a escola de hoje em meio à
globalização, uso de Internet, entre tantas outras evoluções sociais, perdeu um pouco
das características da escola da minha época. A escola virou alvo de uma educação
completa, como se os professores não fossem somente educadores, mas também pai e
mãe. Construir a identidade do educando virou papel do educador. As exigências dos
pais, em cima dos alunos diminuiu, mas com a escola aumentou. O conhecimento está
em todos os espaços, alguns pais propiciam estes contatos, a grande maioria ainda
reduz essa aprendizagem ao espaço escolar.”
59
Já a professora C acredita: “Antes o papel da escola era o de passar o
conhecimento como verdade única. Hoje existe a liberdade de questionar e participar
expondo experiências e realidades da vivência do aluno, “chegando”, ou seja,
participando e até mesmo interferindo de forma negligente quanto ao papel da
família.”
Em relação ao questionamento acima a acadêmica através de suas reflexões
analisa que as professoras A e B enfatizam a globalização como fator determinante para
as mudanças ocorridas no processo de escolarização. A professora A destaca que em seu
tempo de escolarização família e escola eram mais rígidos, quanto a ordem e ao
respeito, releva a questão de os pais necessitarem deixar seus filhos sob os cuidados de
outras pessoas durante horas do dia para que possam trabalhar e, em detrimento disso e
da globalização já citada acima, houve mudança no respeito e na atenção, mas
aumentou o dinamismo e a ordem. Para ela, antigamente o professor era mediador do
conhecimento e o aluno um simples assimilador, hoje o aluno é crítico e o diálogo
acontece, não só na escola, mas em casa também, o que não existia antes. Releva ainda
que às vezes o professor assume o papel de professor-família.
A professora B
compartilha com a professora A sobre a nova postura da escola ou do professor,
colocando que estes, têm a exigência de proporcionarem educação completa, pois
muitas vezes, o professor tem que assumir o papel de pai e mãe, e que a maioria dos
pais ainda reduzem a aprendizagem ao espaço escolar. A professora C também
concorda com as professoras A e B no que diz respeito à mudança do papel da escola,
pois acredita que antes a escola passava o conhecimento como verdade única e aluno o
não tinha autonomia para questionar, hoje isso não acontece, existindo dessa forma
troca de experiências.
Com relação à questão 5 que tinha como questionamento a opinião das
entrevistadas acerca da função dos pais no processo de escolarização de seus alunos,
pode-se obter como resultados:
Conforme o entendimento da professora A: “Os pais deveriam ter a função de
“educar” tanto individual quanto socialmente. Mas isso não impede de ser auxiliador
no processo educativo, sendo participativo e dinâmico, pois a escolarização não se
limita às 4 horas no colégio, mas durante as horas dedicadas aos estudos em casa.
60
Sendo assim, torna-se fundamentalmente sua “presença” na vida escolar e também
social de seu filho.”
A perspectiva da professora B é que os pais devem: “Propiciar o contato com o
mundo, com as diversidades e principalmente com a realidade, pois é nessa relação
com o mundo que ele irá estabelecer a vontade de aprender, o que é fundamental para
construção de qualquer conhecimento. Apresentar a realidade é a melhor forma de
construir a vontade de saber. O aluno interessado busca mais, e aprende mais.”
Por sua vez a professora C acredita que é necessário: “Participar diariamente
criando uma rotina e conhecendo, assim as limitações e necessidades de orientação,
descobrindo seu desempenho enquanto aluno. Aos pais cabe responsabilidade de
orientá-los quanto seres sociais, seus deveres e direitos dentro de um estabelecimento
de ensino.”
A acadêmica afirma acerca da questão contemplada anteriormente, que para a
professora A os pais devem estar sempre presentes na vida escolar da criança, devem
ser participativos e dinâmicos, pois a escolarização não deve estar limitada as quatro
horas que a criança passa na escola, mas em todo tempo que dedica-se aos estudos. Ela
ainda vai além dizendo que a presença dos pais consiste também na participação da
formação social da criança. A professora B acredita que os pais devem propiciar contato
com o mundo e com suas diversidades, pois somente assim a criança tem a
possibilidade de aprender, a construção do conhecimento se dá através da apresentação
da realidade feita pelos responsáveis. Já para a professora C os pais têm que participar
diariamente da vida criança, descobrindo dessa forma as limitações dele enquanto
aluno. Ela ainda concorda com a professora A ao dizer que os pais devem orientar
também para a vida social.
Na questão 6 que indagava Como você percebe que os pais se fazem presentes
na vida escolar de seus alunos?, apresenta-se como respostas:
Na compreensão da professora A: “A presença dos pais na escolarização dos
alunos deveria ser maior, mas por motivos injustificáveis a presença é pequena demais.
Conseqüentemente o reflexo na aprendizagem é prejudicial para a maioria. Por outro
lado, há pais sempre presentes, que torna-se notório o crescimento do aluno. Seja na
organização do material, na pontualidade, nos deveres e nos trabalhos supervisionados
61
por eles e nas avaliações e excepcionais feitas pelos alunos. Contudo, o aluno torna-se
mais responsável e capacitado para enfrentar melhor seus desafios.”
Na perspectiva da professora B: “Alguns pais auxiliam nas atividades escolares,
introduzem novos conceitos, participam dos deveres e trabalhos, incentivam a leitura e
a busca por novos conhecimentos. Outros pais resumem sua participação ao
acompanhamento, fez ou não as atividades, vai ter prova ou não, etc. São meros
expectadores da vida educativa de seus filhos.”
Na concepção da professora C: “Uma minoria se preocupa com os conteúdos
nas atividades para casa. Dispondo do tempo para orientá-los e cobrando seu
comportamento em sala.”
Neste sentido é possível destacar que a professora A relata perceber a
participação através do acompanhamento da organização do material, pontualidade nos
deveres e no crescimento do aluno, mas diz que são poucos os pais que participam da
vida escolar dos filhos e que isso reflete negativamente para os alunos que não têm
participação dos pais. O discurso da professora B vem ao encontro do comentário da
professora A, ela diz que apenas alguns pais participam na escolarização dos filhos,
sendo que estes acompanham os deveres e provas e auxiliam para a construção de novos
conceitos, mas há outros pais que não participam, e agem como se fossem simples
expectadores da vida escolar dos filhos. A professora C confirma o que foi dito pelas
professoras A e B ao mencionar que é uma minoria de pais que participam do processo
de escolarização dos filhos e poucos dispõem de tempo para orientá-los.
Para a questão 7 que tinha como questionamento O que você entende por
ausência dos pais na vida escolar dos alunos, ressalta-se as seguintes declarações:
A professora A entende a ausência da seguinte forma: “Pode-se entender como
o declínio no desenvolvimento e rendimento escolar. Fazendo como que o aluno perca o
interesse em se dedicar mais para determinadas disciplinas, que exijam mais deles.
Essa ausência reflete também o comportamento geral entre aluno-professor e alunoaluno.”
A professora B expõe: “Uma fase muito escutada pelos professores é: Mas isso
é papel da escola” como se o processo de ensino-aprendizagem fossem algo repartido,
unilateral, que começa na escola e lá deve terminar. Isso fica evidente na curiosidade e
62
interesse demonstrado pelos alunos, o mesmo interesse dado pelos pais ao seus filhos.
Esse processo de distinção entre escola e família elaborado pelos pais evidenciam a
ausência deles nesse processo, pois demonstra que a participação ainda resume-se em
apenas deixá-los na escola.”
A professora C releva que: “Muitos deles não tomam conhecimento de tarefas e
desempenho dos filhos. A única preocupação é o pagamento da mensalidade no final de
cada mês. Não participam de reuniões e ficam incomodados quando a escola passa
tarefas que precisa da participação direta deles.”
Nesta perspectiva a acadêmica ressalta que a professora A entende a ausência
dos pais através do declínio no desenvolvimento e rendimento escolar, tendo
repercussão não só na aprendizagem, mas em todo comportamento da criança, inclusive
professor-aluno e aluno-aluno. A professora B acredita que a ausência apresenta-se
quando os pais simplesmente deixam seus filhos na escola e não têm preocupação de
como está o processo de ensino-aprendizagem como se este fosse responsabilidade
apenas da escola. Já a professora C destaca que a ausência está na não participação das
tarefas e o não conhecimento do desempenho dos filhos na vida escolar, o incômodo por
parte dos pais quando há tarefas que necessitam sua ajuda, pois muitos pais preocupamse apenas no pagamento da mensalidade.
Por fim a questão 8 que solicitava as entrevistadas que Citassem exemplos que
caracterizem a ausência dos pais no processo de escolarização dos alunos, as respostas
encontradas foram:
A professora A comenta que: “As ausências podem ser citadas como: falta de
interesse diário em saber como foi o dia escolar, auxílio em tarefas e trabalhos,
diálogos e discussões sobre atualidades, desinteresse em reuniões ou pedidos de
presença escolar, procurar espontaneamente os professores para saber o rendimento
do filho, participar de festividades ou eventos do colégio, assinar agendas ou qualquer
documento solicitado e serem “pais”. Desta forma o diálogo beneficiará o aluno para
uma conversa mais ampla; e os assuntos sobre amizade, carinho, atenção, respeito,
dedicação auxiliará de forma abrangente a vida da criança de várias formas.”
A professora B apresenta: “Falta de interesse no acesso às informações aos seus
filhos, não complemento às atividades escolares, falta de atenção ao comportamento
63
dos filhos, nenhum conhecimento das relações de amizade ou de confronto que seus
filhos possuem no ambiente escolar.”
E a professora C destaca: “Não tomar conhecimento da agenda escolar. Não
comparecer na escola quando solicitados. Não acompanhar as atividades escolares.
Não demonstrar curiosidade em relação aos conteúdos que serão ministrados durante o
ano letivo. Não procurar a escola por vontade própria.”
Desta forma para finalizar a análise das entrevistas a pesquisadora destaca que as
três professores (A, B e C) convergem nesta questão ao citarem exemplos que
caracterizam a ausência dos pais, ao mencionarem que o não acompanhamento de ações
do cotidiano da criança, tais como, não olhar agenda, não auxiliar nos deveres e nos
estudos para as provas, não ir às reuniões e não comparecer à escola por iniciativa
própria e mesmo quando são chamados caracterizam a ausência escolar.
4.3 ANÁLISE DE CONTEÚDO (DESENHO)
Apresenta-se aqui a análise dos desenhos elaborados com as crianças (filhos das
participantes da pesquisa). O desenho elucida a dinâmica familiar da criança,
juntamente com a família em referência a realização de sua atividade escolar. Deve-se
salientar que a proposta da realização do desenho com as crianças foi apenas como fator
motivador de envolvê-las no processo. Sendo assim, a forma estabelecida para
verificação dos resultados foi a análise de conteúdo com recorte microgenético. Dessa
forma, transcorre a seguir a análise feita a partir da elaboração dos desenhos.
64
Em seu desenho a criança A, representou seu dia-a-dia com sua família em
relação às tarefas escolares. No desenho ela mostra o espaço da casa onde habitualmente
costuma estudar. Trata-se da área de serviço que é em frente à cozinha de sua casa como
também da sala. No desenho ela está na área já pronta para iniciar suas tarefas, com seu
material em mãos e a mãe está na sala, encaminhando-se ao encontro dela para poder
auxiliá-la nesse processo. A criança relata que praticamente todas as tarefas escolares
acontecem dessa forma, ou seja, na presença da mãe, bem como, nesse mesmo espaço.
65
No desenho da criança B sua perspectiva concentra-se no espaço que utiliza para
fazer suas tarefas escolares no cotidiano. Trata-se da cozinha de sua casa, onde faz todos
os dias. Ela desenhou todo o espaço da cozinha, os armários dos lados direitos e
esquerdos, o fogão e bem ao centro do desenho a mesa da cozinha, onde ela e sua
família fazem suas refeições e uma mesa menor que relata ter ganho de seu pai, onde
faz suas tarefas. Ela se desenhou à direita, já sentada na cadeira fazendo suas atividades
e na mesma mesa, ou seja, na sua mesa de fazer tarefas, sua mãe de frente a ela,
ajudando-a na realização da mesma. Ao lado direito da mesinha de estudo, desenhou na
mesa da cozinha, o pai tomando café depois que chega do trabalho, após as 18:00 horas.
Relata que quando faz as tarefas no período da manhã seu pai não está no local. Diz
também que quase sempre faz as tarefas de manhã e com o auxílio da mãe.
66
No desenho da criança C, a mesma representa suas atividades referentes à escola
sozinha. Desenhou a mesa da cozinha com seus materiais em cima dela e a sua mão na
cabeça refletindo sobre as tarefas. Relata fazer seus deveres sempre no mesmo ambiente
(cozinha) e sempre sozinha. Apenas quando não entende a questão, ou tem alguma
dificuldade na matéria pede ajuda à sua mãe e daí sim, ela o auxilia.
Percebe-se que nos dois primeiros casos as crianças relatam ter um espaço
demarcado para realização de suas tarefas relacionadas à escola. Fica explícito também
no desenho a presença de alguém como auxiliador nas atividades e, que nos exemplos
citados é a mãe que configura esse papel, no entanto, deve-se ressaltar que ambas as
mães não trabalham fora de casa, sendo assim, disponibilizam parte de seu tempo para
auxiliar os filhos. Já no terceiro exemplo, a criança também tem um espaço demarcado
para seus estudos, no entanto, faz sua tarefa sozinho, recebendo ajuda somente quando
há necessidade. Porém, destaca-se que nesse caso a mãe trabalha fora de casa e tem o
maior tempo de seu dia ocupado, esse fator pode ser relevante para que isso aconteça.
Pode-se destacar que ainda, na contemporaneidade a questão de gênero
prevalece no que se refere ao auxílio aos filhos em relação às tarefas escolares, neste
caso, o feminino, conforme toda a história da humanidade. Dessa forma, ainda nos
tempos atuais quem participa mais da vida escolar dos filhos é a mãe. É ela quem vai à
reuniões, leva a criança para a escola, além de disponibilizar parte de seu tempo a
auxiliar no dever de casa, mesmo que trabalhe fora de casa. Conforme CARVALHO
(2004:46)
67
A presença de um pai é sempre surpreendente, pois todas as professoras, de
escolas públicas e privadas, reportam a presença predominante, quando não
exclusiva, das mães nas reuniões de “pais e mestres”. Também são as mães
que dão uma palavrinha com a professora quando entregam o filho ou filha
na escola.
É importante salientar que o fato de aparentemente a participação na escola
pareça ser predominantemente feminina, não pode-se concluir que não haja presença do
pai, nesse contexto. Hoje em meio às mudanças na produção de trabalho, a mulher
trabalha fora de casa tanto quanto o homem, este está envolvido sim, no que se refere à
escolarização dos filhos, porém ainda não se iguala a participação feminina.
4.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A discussão a seguir consiste em um recorte epistemológico dos resultados
alcançados baseados nos elementos focados sistematicamente nos discursos das
entrevistadas. Até o momento havia sido feita a interligação das respostas encontradas
pelas mães e pelas professoras em separado. Neste tópico apresenta-se a interligação
dos resultados obtidos para mães e professoras, sendo evidenciado através de categorias
convergentes.
Através da aplicação da entrevista semi-estruturada com as mães e professoras e
do desenho gráfico com as crianças, não pôde-se chegar a uma conclusão definitiva,
acerca dos detalhes conceituais que cerca o tema da pesquisa, visto que a amostra que
compôs a pesquisa foi bastante restrita, pois a mesma foi composta apenas por nove
(09) pessoas. Desta forma, a pesquisa serviu como meio de discussão e reflexão dos
resultados encontrados. Não tendo pretensão de fazer generalizações. Apresenta-se a
seguir as categorias que foram levantadas a partir do conteúdo da entrevista e do
desenho gráfico.
68
CATEGORIAS
VALORES
PRESENÇA
RELAÇÃO FAMÍLIA/ESCOLA
AUSÊNCIA
ROTINAS NAS TAREFAS ESCOLARES
AÇÕES DO COTIDIANO
GÊNERO
APRENDIZAGEM
Tabela 1
A primeira categoria encontrada foi valores sendo evidenciada nas falas das
mães A e C e da professora A, os valores para elas são importantes do ponto de vista da
convivência social, sendo relevante para a relação entre família e escola. No entanto,
não foi explicitado na entrevista o que as entrevistadas entendem por valores.
A categoria presença é utilizada em todos os discursos, tanto no das professoras
quanto no das mães que vêem a presença familiar como algo culminante para que a
aprendizagem aconteça de forma sólida. Dessa forma, pode-se destacar junto a esta
categoria, a relação família/escola já que ambas acreditam que somente com a
existência da relação entre família e escola é possível que aconteça aprendizagem de
forma significativa, caso contrário, a mesma será prejudicada.
Por sua vez, junto à categoria presença pode-se destacar a categoria ausência
que se caracteriza no discurso das entrevistadas como algo prejudicial ao processo de
aprendizagem, já que as mesmas acreditam que a presença seja imprescindível à
aprendizagem escolar na infância. A ausência para elas pode repercutir na dificuldade
que criança encontraria na escola.
Nas falas das entrevistadas há ênfase nas atividades praticadas diariamente, tais
como; o hábito de olhar agenda; o estudo para provas; fazer os deveres, através destas
atividades relatadas pode-se pensar na categoria rotinas nas tarefas escolares. Nesse
mesmo sentido, encontra-se a categoria ações do cotidiano, pois observa-se que a
presença ou ausência familiar no contexto escolar ainda está muito atrelada a ações do
dia-a-dia, ou seja, atividades realizadas no cotidiano da criança. O acompanhamento nas
tarefas escolares ainda é muito marcado pela necessidade encontrada para que o mesmo
69
aconteça. Não foi evidenciada a relação da presença encontrada nas categorias em
âmbito maior da prática pedagógica do ponto de vista institucional, como por exemplo,
a participação da família na discussão do projeto político pedagógico, pois o discurso
tanto das mães quanto das professoras baseia-se na especificidade da aprendizagem e
nas ações do cotidiano.
É bastante marcada ainda a presença feminina no processo de ensinoaprendizagem, mas todavia não generalizada, sendo destacada pela categoria gênero,
pois nota-se que quem participa e auxilia na rotina escolar da criança são as mães, assim
como, há uma certa predominância do gênero feminino também na função de professor.
A categoria aprendizagem surgiu a partir dos discursos das entrevistadas que
evidenciam em suas respostas um enfoque predominante da preocupação com o
processo de aprendizagem de seus filhos e alunos.
Por fim, acredita-se que tais categorias ressaltam a preocupação tanto das mães,
quanto das professoras no que tange a função da relação família e escola no processo de
formação escolar e pessoal das crianças. Isso é visível no entendimento de que presença
e ausência são fatores que podem definir o modo como a própria criança percebe a
relação entre família e escola na sua vida escolar com repercussão em sua formação
psíquica.
70
5 CONSIDERAÇOES FINAIS
O assunto em discussão ao longo desta Monografia foi a Contemporaneidade,
família e escola: a construção do fenômeno presença-ausência na aprendizagem escolar
na infância. O propósito desta pesquisa era o de levantar os principais aspectos que
oportunamente ocasionam a presença ou a ausência dos pais na escolaridade de seus
filhos e o quanto isso pode interferir para a aprendizagem dos mesmos.
A pesquisa trouxe elementos significativos para pensar sobre o tema em questão.
Pôde-se ser visto que a contemporaneidade remete a uma reorganização familiar, onde a
mulher que antes tinha por função apenas cuidar da casa e dos filhos está cada vez mais
inserida no mercado de trabalho para auxiliar no sustento ou até mesmo fazê-lo sozinha.
Essa é apenas uma das características da contemporaneidade, discutida ao longo desta
pesquisa. Em conseqüência houve mudanças na educação das crianças, pois as mesmas
passam parte de seu dia na presença de outras pessoas que não são os pais ou
responsáveis, devido a esse fator a escola também se reorganiza a fim de acompanhar as
exigências atuais. Isso tende de certa forma a refletir na aprendizagem escolar. A
presença familiar no processo de escolarização é um diferencial relevante para a vida
escolar da criança.
As considerações finais também é o momento onde retoma-se os objetivos a fim
de que se possa analisar se os mesmos foram alcançados. O objetivo geral que tinha
como perspectiva analisar a relação entre contemporaneidade, família e escola, assim
como, seus benefícios e conseqüências para a definição e compreensão da construção
dos fenômenos presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na infância; pôde
ser verificado através das entrevistas que contemplaram a presença e ausência familiar
no processo de escolarização e a função da família para esse processo.
Como objetivos específicos tinha-se como primeiro, resgatar historicamente do
ponto de vista teórico, a partir da contemporaneidade a relação entre escola e família e
suas influências na aprendizagem escolar na infância, pode-se dizer que este objetivo foi
constatado com o que foi exposto na revisão teórica no item 2.3 sobre A relação família
e educação onde perpassou-se desde a sociedade primitiva até chegar à
contemporaneidade, caracterizando cada uma delas.
Em seguida destaca-se mais dois objetivos que eram caracterizar algumas
conseqüências do mundo contemporâneo para a aprendizagem escolar infantil e
identificar alguns fatores que caracterizam o fenômeno presença-ausência familiar
71
dentro do contexto escolar; o referencial teórico possibilitou pensar sobre essas
questões, mas os objetivos puderam ser discutidos através das entrevistas, já que as
mesmas apresentam subsídios que caracterizam o fenômeno presença-ausência familiar
no processo de escolarização, tais como, a globalização que foi bastante citado pelas
professoras; e a reorganização da estrutura familiar em detrimento do trabalho fora de
casa, em especial da mulher e em virtude disso os filhos na maioria das vezes ficam sob
os cuidados de outras pessoas incluindo aqui a escola, que assume um novo papel na
contemporaneidade.
O objetivo que tinha como propósito definir os termos presença e ausência
familiar a partir do fenômeno psicológico foi verificado através da revisão bibliográfica,
na forma de conceituação do que era presença e do que era ausência familiar.
E o último objetivo que tinha como pretensão contribuir com subsídios
científicos na compreensão do fenômeno presença- ausência familiar e suas implicações
para a aprendizagem escolar a partir do mundo contemporâneo possibilitando
informações que auxiliem pais e educadores no sentido de capacitarem-se para o
enfrentamento de tal processo de forma reflexiva e competente;
pôde-se concluir
através da finalização da monografia, por constar na mesma um recorte teórico que
evidencia a presença e ausência familiar, bem como, as implicações de ambas para
aprendizagem escolar na infância, quando estas encontram-se atreladas por questões
contemporâneas que de certa forma, influenciam no processo.
É importante resgatar também a discussão realizada a respeito das perspectivas
das crianças em relação à presença familiar, pois fica evidenciada na representação
gráfica realizada com as mesmas, que a participação dos pais no processo escolar ainda
é bastante pautada a rotina das tarefas escolares, que foi possível perceber tanto nas
entrevistas com as mães e professoras, quanto no desenho das crianças.
Destaca-se ainda, que mesmo diante a transição ocorrida da Modernidade para a
Contemporaneidade, ainda parece que há uma preocupação bastante evidente no que diz
respeito à preservação de valores, sendo estes importantes tanto no que se refere à
convivência familiar quanto a social, que reflete até mesmo na escolha da escola onde a
criança irá estudar, já que a mesma deve proporcionar a continuidade da educação
iniciada no âmbito familiar. Assim como, a importância da família para o
desenvolvimento e aprendizagem da criança, mesmo que hoje já sejam permitidos
outros arranjos familiares, onde não precisa existir necessariamente a presença do pai e
72
da mãe neste contexto, mas a família continua sendo o primeiro referencial para a
criança onde esta, poderá estruturar-se para sua vida adulta.
Por fim, coloca-se que os resultados obtidos na pesquisa servem apenas como
meio de reflexão visto que a amostra foi restrita, assim como, o tempo por se tratar de
um Trabalho de Conclusão de Curso. Sugere-se a continuidade desta, pela mesma não
ter alcançado um resultado definitivo, não permitindo generalizações. Para dar
continuidade a mesma, seria interessante que a amostra fosse maior a fim de obter
resultados mais precisos, assim como, seria relevante fazer um paralelo entre escola da
rede particular e do ensino público com propósito de comparar se a presença e a
ausência familiar no âmbito escolar têm o mesmo significado para ambas.
73
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77
APÊNDICES
78
APÊNDICE A – Entrevista semi-estruturada
Entrevista Semi-estruturada
* Para os pais:
1) Descreva a sua rotina (dia a dia).
2) Descreva a rotina de seu filho.
3) Como você analisa a relação entre família e escola no processo de aprendizagem das
crianças?
4) O que você acredita que mudou na relação entre escola e família do seu tempo de
escolarização para o de seus filhos?
5) Em sua opinião qual a função dos pais no processo de escolarização dos seus filhos?
6) Como você se faz presente na vida escolar de seu filho?
7) Em sua opinião como a ausência dos pais influencia no processo de escolarização dos
seus filhos?
8) Cite alguns exemplos que caracterizem a ausência dos pais no processo de
escolarização dos alunos?
* Para os professores:
1) Descreva a sua rotina (dia a dia).
2) Descreva a rotina de seus alunos (na escola e em casa).
3) Como você analisa a relação entre família e escola no processo de aprendizagem das
crianças?
4) O que você acredita que mudou na relação entre escola e família do seu tempo de
escolarização para o de seus alunos?
5) Em sua opinião qual a função dos pais no processo de escolarização de seus alunos?
6) Como você percebe que os pais se fazem presentes na vida escolar de seus alunos?
7) O que você entende por ausência dos pais na vida escolar dos alunos?
8) Cite alguns exemplos que caracterizem a ausência dos pais no processo de
escolarização dos alunos?
79
APÊNDICE B – Questionário sócio-demográfico e profissional
QUESTIONÁRIO SÓCIO-DEMOGRÁFICO E PROFISSIONAL
Sessão A: Dados Demográficos
Nome ou iniciais: ______________________________________________________
1. Sexo: masculino (
) feminino (
)
2. Idade: ____
3. Estado Civil: (
viúvo(a) (
) casado(a) (
) divorciado(a) (
4. Tem filho(s) ?
não
) solteiro(a) (
) união consensual (
) outros
sim Quantos? ______
5. Local de trabalho: ____________________
Seção B: Variáveis ocupacional-profissionais
1. Quantas horas você trabalha por dia/semana? _______________________
2. Você exerce alguma outra atividade profissional?
(
) sim (
) não Caso sua resposta seja sim, qual? _______________________
3. Durante o seu tempo livre, a que atividades você se dedica?
(
) Prática desportiva (
) Trabalhos domésticos
(
) Uso de computador (
(
) Atividades artesanais (
(
) Assistir TV e vídeos (
) Atividades de lazer
) Leitura e estudo
) Outra _________________________________
)
80
APÊNDICE C – Roteiro para a realização da dinâmica interativa representação gráfica (desenho) com as crianças
ROTEIRO PARA A REALIZAÇÃO DA DINÂMICA INTERATIVA REPRESENTAÇÃO GRÁFICA (DESENHO) COM AS CRIANÇAS.
1- Será entregue uma folha de papel A4 à criança.
2- Será oferecido lápis de cor para colorir o desenho, se desejar.
3- Será orientado ao que deverá fazer e qual a finalidade da dinâmica.
4- Será solicitado que a criança desenhe na folha de papel como é o seu dia-a-dia com
seus pais na realização das atividades referentes à escolarização.
81
ANEXOS
82
ANEXO A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Você está sendo convidado (a) a participar, como voluntário, em uma pesquisa.
Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do
estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a
outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa, você não será penalizado (a) de
forma alguma.
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:
Título do Projeto: CONTEMPORANEIDADE, FAMÍLIA E ESCOLA:
A CONSTRUÇÃO DO FENÔMENO PRESENÇA-AUSÊNCIA FAMILIAR NA
APRENDIZAGEM ESCOLAR NA INFÂNCIA.
Pesquisador Responsável: Ilma Borges
Telefone para contato: 9960-7482
Pesquisadores Participantes: Joice Nascimento da Silva
Telefones para contato: (48) 3247-2430 / 9914-8162
Analisar a relação entre contemporaneidade, família e escola, assim como, seus
benefícios e conseqüências para a definição e compreensão da construção dos
fenômenos presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na infância. Resgatar
historicamente do ponto de vista teórico a partir da contemporaneidade a relação entre
escola e família e suas influências na aprendizagem escolar na infância. Caracterizar
algumas conseqüências do mundo contemporâneo para a aprendizagem escolar infantil;
Definir os termos presença e ausência familiar a partir do fenômeno psicológico.
Identificar alguns fatores que caracterizam o fenômeno presença-ausência familiar
dentro do contexto escolar. Contribuir com subsídios científicos na compreensão do
fenômeno presença- ausência familiar e suas implicações para a aprendizagem escolar a
partir do mundo contemporâneo possibilitando informações que auxiliem pais e
educadores no sentido de capacitarem-se para o enfrentamento de tal processo de forma
reflexiva e competente.
83
Quanto aos aspectos éticos, os pesquisadores informam que:
a) Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo, garantindo meu anonimato, e o
resultado apenas mostrará os possíveis benefícios atingidos pela pesquisa;
b) A aceitação não implica que sou obrigado (a) a participar da pesquisa até seu
final. A qualquer momento posso interromper minha participação, bastando,
para isto, comunicar os pesquisadores;
c) Minha participação é voluntária, não terei direito a remuneração;
d) Esta pesquisa é de cunho acadêmico e não visa uma intervenção imediata;
e) Durante a participação, se tiver alguma reclamação do ponto de vista ético,
poderei contatar com o responsável desta pesquisa;
f) A entrevista terá em média 50 minutos. Caso eu sinta qualquer desconforto
poderei interromper minha participação.
g) Não há riscos previsíveis por minha participação;
h) Os resultados serão divulgados na apresentação da pesquisa perante defesa para
a banca examinadora, de forma pública, no período de julho de 2008, conforme
calendário da Coordenação de TCC do Curso de Psicologia da Univali – Centro
de Estudo de Biguaçu/SC, e posteriormente a apresentação possivelmente ser
publicada em revista científica.
i) Estou ciente que a minha participação nesta pesquisa beneficiará os estudos
sobre Presença/ausência familiar e as implicações desta, para a aprendizagem
escolar, devido às mudanças contemporâneas.
j) Ao final da pesquisa, se for de meu interesse, a devolutiva dos resultados poderá
ser realizada através de uma cópia impressa e/ou eletrônica.
k) As entrevistas somente serão gravadas com a autorização do (a) Senhor (a),
sobre a qual será mantido anonimato.
l) Para participar dessa pesquisa, o (a) Senhor (a) deverá assinar o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Esse termo determina que o (a) Senhor (a)
aceita participar da pesquisa como voluntário (a) e pode desistir de fazê-lo se
não se sentir à vontade, sem que sofra qualquer penalidade.
Nome do pesquisador: ___________________________________________________
Assinatura do pesquisador: ________________________________________________
84
CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO
Eu
_________________________________________________________________,
RG______________________, CPF __________________________ abaixo assinado,
concordo em participar do presente estudo como sujeito. Fui devidamente informado (a)
e esclarecido (a) sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os
possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que
posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer
penalidade.
Local e data: ____________________________________________________________
Nome: ________________________________________________________________
Assinatura do Sujeito ou Responsável: _______________________________________
Telefone para contato: ____________________________________________________
85
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO/COMPLEMENTAÇÃO
Você está sendo convidado (a) a participar, como voluntário, bem como,
autorizar que seu filho participe também dessa pesquisa. Após ser esclarecido (a) sobre
as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste
documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador
responsável. Em caso de recusa, você não será penalizado (a) de forma alguma.
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:
Título do Projeto: CONTEMPORANEIDADE, FAMÍLIA E ESCOLA:
A CONSTRUÇÃO DO FENÔMENO PRESENÇA-AUSÊNCIA FAMILIAR NA
APRENDIZAGEM ESCOLAR NA INFÂNCIA.
Pesquisador Responsável: Ilma Borges
Telefone para contato: 9960-7482
Pesquisadores Participantes: Joice Nascimento da Silva
Telefones para contato: (48) 3247-2430 / 9914-8162
Observa-se que para fins de obtenção dos resultados da pesquisa em relação ao tema, os
pesquisadores consideram fundamental que seja realizada também uma investigação a
respeito das perspectivas das crianças/filhos sobre o assunto em discussão. Portanto, os
pesquisadores solicitam consentimento para realizar a dinâmica, em que através
desenhos as crianças/filhos expressem sua opinião.
Nome do pesquisador: ___________________________________________________
Assinatura do pesquisador: ________________________________________________
86
CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO
Eu
_________________________________________________________________,
RG______________________, CPF __________________________ abaixo assinado,
concordo que meu filho ___________________________________ participe do
presente estudo como sujeito. Fui devidamente informado (a) e esclarecido (a) sobre a
pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e
benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu
consentimento de participação de meu filho a qualquer momento, sem que isto leve a
qualquer penalidade.
Local e data: ____________________________________________________________
Nome: ________________________________________________________________
Assinatura do Sujeito ou Responsável: _______________________________________
Telefone
para
____________________________________________________·
contato:
87
ANEXO B – Documento que evidencia a pesquisa com caráter científico, o
apoio de um supervisor e a comprovação de que a pesquisadora é aluna
devidamente matriculada na instituição UNIVALI
CARTA DE APRESENTAÇÃO – Sujeitos da Pesquisa
Prezado (a) Senhor (a), ___________________________________________________,
tendo
como
perspectiva
desenvolver
a
pesquisa
intitulada
“CONTEMPORANEIDADE, FAMÍLIA E ESCOLA: A CONSTRUÇÃO DO
FENÔMENO PRESENÇA-AUSÊNCIA FAMILIAR NA APRENDIZAGEM
ESCOLAR NA INFÂNCIA”, apresentamos os seguintes objetivos:
Analisar a relação entre contemporaneidade, família e escola, assim como, seus
benefícios e conseqüências para a definição e compreensão da construção dos
fenômenos presença-ausência familiar na aprendizagem escolar na infância. Resgatar
historicamente do ponto de vista teórico a partir da contemporaneidade a relação entre
escola e família e suas influências na aprendizagem escolar na infância. Caracterizar
algumas conseqüências do mundo contemporâneo para a aprendizagem escolar infantil;
Definir os termos presença e ausência familiar a partir do fenômeno psicológico.
Identificar alguns fatores que caracterizam o fenômeno presença-ausência familiar
dentro do contexto escolar. Contribuir com subsídios científicos na compreensão do
fenômeno presença- ausência familiar e suas implicações para a aprendizagem escolar a
partir do mundo contemporâneo possibilitando informações que auxiliem pais e
educadores no sentido de capacitarem-se para o enfrentamento de tal processo de forma
reflexiva e competente
Eu, Joice Nascimento da Silva, acadêmica do curso de Psicologia da
Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, regularmente matriculada – pelo nº.
05.1.4867, e sob o consentimento desta com relação ao caráter científico da pesquisa,
tendo como orientação técnica e profissional da professora Ilma Borges, Mestre em
Engenharia de Produção, solicito a apreciação do projeto de pesquisa em anexo.
88
No aguardo do deferimento do pedido acima exposto, agradeço a atenção.
Cordialmente
_______________________
Ilma Borges
Pesquisadora orientadora
_________________________
Joice Nascimento da Silva
Acadêmica Pesquisadora
Biguaçu, ___ de ______________ de 2008.
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universidade do vale do itajaí centro de ciências sociais