Page 1 of 3 Universidade Federal do Amapá Pró-Reitoria de Ensino de Graduação Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia Disciplina: Filosofia da Educação I Educador: João Nascimento Borges Filho Reflexões Críticas acerca do Homem e suas Implicações para a Educação “De Platão a Marx a filosofia tem sido não só interpretação do mundo, mas projeto de transformação do homem...” (Roland Corbisier) A relação homem-mundo, visão histórica Segundo Jayme Paviani, a ação educativa da escola visa essencialmente criar a consciência da realidade, mas da realidade humana e do mundo que nos cerca. Objetiva-se, assim, a criação de condições que permitam ao homem e à população a identificação dos problemas enfrentados e a busca das soluções mais adequadas. No entendimento do filósofo e embaixador da Nicarágua em Paris, Dr. Alejandro Caldera, o ser humano não é apenas razão é, sim, intuição e razão, instinto e consciência, subconsciência e objetividade, espiritualidade e paixão. Sua vida é, portanto, o desdobramento desses elementos. Nestas relações com o mundo o homem faz-se a si próprio e fazendo-se, faz, também, a história. O homem através do tempo, enquanto ser genérico, transforma a natureza e, a transforma adequando as suas necessidades ao meio histórico construção do ser humano. O ser do homem acontece na e pela história, e esta, por sua vez, só se realiza através do desenvolvimento do ser. Há, por assim dizer, entre o ser e a história uma unidade dialética. http://www2.unifap.br/borges que lhe é dado. O processo de construção da história é o processo de Page 2 of 3 Nesse sentido, a própria ontologia, o ser, se torna história. O caráter histórico, portanto, da filosofia fica estabelecido pela historicidade do sujeito, do objeto e do meio. A relação homem-mundo como ponto de partida da teoria e da prática pedagógica O homem à medida que se relaciona no e com o mundo o faz, normalmente, com probidade. O que, na concepção epistemológico-histórica de Bachelard, é o homem um ser com poder inesgotável, isto é, o homem é esse ser que tem o poder de “despertar as fontes” do conhecer. Entende, ainda, que o mundo é belo antes mesmo de ser verdadeiro. É admirado antes mesmo de ser verificado. O homem, neste contexto, é um ser entreaberto. Aqui, tem-se que a obscuridade do “eu sinto” deve prevalecer sobre a clareza do “eu vejo”. O belo não é um simples arranjo. Tem necessidade de ser uma conquista. Nota-se que, quando o homem cria algo, ele desfaz ansiedades. Criar é sobretudo a superação de angústias. O homem é um ser que se oferece à vida, deixa-se possuir por ela, para poder possuí-la. Olha o presente com uma perspectiva de futuro. O mundo deixa de ser opaco, quando olhado pelo poeta. Este lhe dá mobilidade. O mundo é uma constante provocação ao homem. Vivemos num mundo em estado de sonolência, no entender de Hilton Japiassu, precisamos, pois, despertá-lo, transformá-lo. A filosofia não nasce de seu passado, de outra filosofia, mas de um olhar novo sobre o mundo, de uma maneira nova de acessar as coisas do mundo. A vivência do fenômeno educativo A Constituição Federal brasileira, em seu artigo 205, assim preceitua: “A educação deve visar o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para No entender de Lucien Goldmann, em seu livro Dialética e Cultura, o principal objeto de qualquer pensamento é o homem, sua consciência e, por conseguinte, seu comportamento. Concebe, ainda, que o pensamento é uma operação viva, cujo progresso é real sem ser, todavia, linear e, sobretudo, sem nunca estar acabado. Em última análise, toda filosofia é uma antropologia. http://www2.unifap.br/borges o exercício consciente da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Page 3 of 3 A esse respeito, pode-se dizer que uma das principais contribuições de Jean Piaget, em seus estudos de epistemologia genética, foi de demonstrar a estreita ligação existente entre as estruturas lógicas e epistemológicas do pensamento, bem como as condições universais da ação cotidiana dos homens sobre o meio ambiente, sobre a natureza. A escola, enquanto agência educativa, deve propiciar um ambiente cultural que possibilite a aquisição do conhecimento. Conhecimento este culturalmente construído pelo homem ao longo de sua existência no e com o mundo. Sendo que a função social da escola é, essencial e historicamente, ensinar. A educação como fato histórico, político, social e cultural A educação não poderá ser compreendida fora da história, e sim no contexto sócio-cultural onde os homens estabelecem entre si as relações de produção da sua própria existência. Tem-se que as formas de educar, assim como também os fins da educação modificam-se de acordo com as exigências de cada sociedade. A prática social será, portanto, o ponto de partida e o ponto de chegada da ação pedagógica. Segundo o educador e antropólogo Darcy Ribeiro: “vai-se à Universidade estudar cultura, estudar o mundo” e Jayme Paviani concebe que “A educação não pode ser apenas a transmissora de uma cultura. Ela, educação, precisa nascer desta cultura, ter suas raízes nesta cultura”. P.S.: O texto foi produzido para servir como elemento reflexivo para os acadêmicos do Curso de Pedagogia da UNIFAP, na matéria Filosofia da Educação, ministrada pelo Sociólogo e Psicopedagogo João Nascimento Prof. Borges http://www2.unifap.br/borges Borges Filho, Docente efetivo desta IFES.