América colonial portuguesa:
povoamento, limites,
sociedade e economia
Aula 109
1. alternativa B
O excerto utilizado da carta de Pero Vaz de Caminha ao rei
D. Manuel indica que o interesse pela extração da riqueza dos
europeus superou a compreensão da cultura dos indígenas.
Observa-se que a alternativa considerada correta incorre em
anacronismo ao considerar que os atores, naquela época, por
suposto, deveriam “compreender a cultura dos indígenas”.
2. a) Nas primeiras décadas do século XX, a hegemonia nacional
da elite cafeeira paulista refletiu-se num esforço deliberado de
autolegitimação histórica, na celebração de uma memória regional que conectasse a grandeza do presente com um passado
glorioso, que exaltasse as velhas linhagens e seu patrimônio.
Como não poderia deixar de ser, foi um processo repleto de contradições agravadas com os acontecimentos dos anos 1930 cuja
expressão maior se deu com a Revolução de 1932, intensamente celebrada como expressão da identidade paulista (assim
como a Farroupilha pelos gaúchos, por exemplo), visível nas
avenidas e monumentos da capital (23 de maio, 9 de julho, Obelisco do Ibirapuera). Um rápido exame dos cartazes de propaganda da rebelião paulista revela o ícone representativo dessa
identidade: o bandeirante. Figura (ainda hoje) onipresente, do
palácio do governo paulista à emissora de TV, foi escolhido como
elemento da tradição apologética da elite de São Paulo por aquilo
que se tornou conhecido como “historiografia paulística”. Mas
como esse personagem foi retratado? As esculturas do Museu
Paulista, produzidas nesse mesmo período, sob direção do “paulístico” Afonso Taunay, são bastante claras ao talhá-los como heróis: pelos trajes, pelo olhar absorto e lúcido, pelo porte, pelo
recurso a um estilo clássico/acadêmico, os bandeirantes do museu são os desbravadores dos sertões, os conquistadores das
fronteiras dilatadas, os descobridores do ouro e dos diamantes.
Suas armas caracterizam-nos como guerreiros, vencedores do
índio bravio, construtores da grandeza da colônia e da nação. Os
caminhos que abriram se converteram nas rodovias por onde circulam, tanto hoje como ontem, as riquezas nacionais. Seu espírito indômito e empreendedor seria a matriz do moderno paulista,
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locomotiva da nação. O bandeirante se tornava o nosso herói
fundador, um cruzado.
b) O mito do bandeirante oculta, entretanto, muito mais do que
revela: a começar por uma visão romantizada de seu cotidiano.
As jornadas sertão adentro eram feitas a pé, em toscos gibões de
couro, com as flechas predominando sobre os mosquetes. Esses
homens rústicos, mamelucos de fala tupi-guarani, em nada poderiam lembrar um ideal cavalheiresco de qualquer tipo. Todavia,
as maiores omissões se dão, de certa forma, no plano moral: os
desbravadores dos sertões eram também os inimigos dos indígenas e dos jesuítas, semearam a destruição enquanto buscavam
sôfregos os metais e pedras preciosas. Suas armas voltavam-se
contra o nativo bravio, que se recusava à escravização, ou ao extermínio, e não só predadores de índios, também o eram de escravos fugidos. Suas tropas, verdadeiras forças paramilitares,
serviram como capitães do mato nas “bandeiras de contrato”,
como a que destruiu o Quilombo dos Palmares; empreendedores
porque pobres, levaram gerações para construir fortuna. Omissões compreensíveis em vista dos fins pretendidos; apenas desses esquecimentos costumam surgir os heróis.
3. a) De acordo com o texto, são apresentadas duas interpretações
divergentes da luta pela expulsão dos holandeses na chamada
Insurreição Pernambucana (1645-1654). A primeira tese tradicional diz respeito ao reforço da identidade brasileira durante as lutas contra os holandeses. Já a segunda critica essa associação
entre a experiência da dominação holandesa e a gênese de um
sentimento nativista e insiste nas divisões – no âmbito da economia açucareira – entre senhores de engenho excluídos ou favorecidos pela ocupação holandesa.
b) Os portugueses e holandeses eram parceiros na empresa açucareira: os flamengos dedicavam-se ao transporte, ao refino e à
distribuição do produto no mercado europeu. Quando, na segunda
metade do século XVI, vai se iniciar a luta de independência das
Províncias Unidas dos Países Baixos contra o domínio espanhol,
na mesma ocasião terá início o período da chamada “União Ibérica” (1580-1640), e Portugal ficará sob o domínio da Espanha, sendo governado pelos reis da Dinastia dos Habsburgos (Felipe II, III
e IV). Nessa fase, os reis espanhóis que governavam Portugal
passaram a fazer restrições à presença de embarcações e comerciantes holandeses em Portugal e nos seus domínios. Interessados em ter acesso à produção açucareira, os holandeses
atacaram o Nordeste brasileiro em ações dirigidas pela Companhia das Índias Ocidentais. Depois de tentar ocupar Salvador
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(1624-1625) e serem expulsos, os holandeses atacaram a Capitania de Pernambuco, onde permaneceram entre os anos
1630-1654.
4. alternativa B
Entre os resultados da economia mineradora destaca-se o início
da formação de uma economia de mercado interno, com a integração da pecuária do Nordeste e do Sul com as regiões Sudeste
e Centro-Oeste.
5. alternativa C
Debret denominou a gravura do enunciado de “Feitores castigando negros”. Os feitores eram encarregados, pelos proprietários,
de fiscalizar o cultivo das terras, alimentar os escravos e mantê-los disciplinados; tinham o direito de castigar os escravos
quando julgassem necessário. Na gravura, em primeiro plano,
um escravo com as pernas passadas entre os braços e as mãos
amarradas é castigado com um chicote por um feitor. No segundo plano, outro escravo, amarrado de pé ao tronco de uma árvore, também é fustigado pelo chicote.
6. alternativa D
Após o embargo da União Ibérica, em 1621, aos Países Baixos,
proibindo a manutenção das relações comerciais de Portugal, foi
decidida, pela Companhia das Índias Ocidentais, a invasão do
Nordeste do Brasil, com o fim de controlar o principal centro de
produção do açúcar.
7. Entre as razões que levaram à construção da fortaleza dos Reis
Magos no Rio Grande do Norte, podemos citar:
• A presença constante de estrangeiros no litoral: havia uma
grande disputa entre as potências europeias, e o litoral potiguar
foi também alvo de constante ação dos traficantes de pau-brasil,
especialmente franceses. A construção da fortaleza visava garantir a posse do território para Portugal;
• Determinações reais: visando proteger a capitania dos ataques
inimigos, o rei Felipe II determinou a construção da fortaleza para
ocupar efetivamente a capitania do Rio Grande;
• Fundação de Natal: a fundação da cidade foi concomitante à
construção da fortaleza, também visando garantir a posse da região;
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• Ocupação do Norte: a fortaleza dos Reis Magos era importante
base na ocupação e consolidação do domínio português na região Norte, combatendo os franceses no Maranhão.
8. alternativa D
O Brasil Colônia estava dividido em capitanias.
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