BATATA
Eng. Agr. ROSSANA CATIE BUENO DE GODOY
PRODUÇÃO MUNDIAL
A batata (Solanum tuberosum) é cultivada em todas as regiões do mundo,
predominantemente no hemisfério norte, onde concentra-se metade da oferta. Portanto,
os principais países produtores são: China, Rússia, Polônia e Índia com 15%, 11%, 9% e 8%
respectivamente. Num período de cinco anos, somente a Índia e a Polônia tiveram
incremento na produção, o restante, apresentou decréscimo.
A área destinada à bataticultura, no mundo, agrega em torno de 18 milhões de
hectares e, a produção, 285 milhões de toneladas. Pouca variação observa-se na área;
conclui-se que há uma tendência à estabilidade. A produção, no entanto, teve um ligeiro
crescimento, de 5%, baseado na evolução da produtividade.
PANORAMA NACIONAL
Gráfico 06 - BATATA - PRODUÇÃO
MUNDIAL- 1994 a 1999 - em 1000 t
305.000
295.000
285.000
275.000
265.000
255.000
1994
1995
1996
1997
1998
1999
FONTE: FAO
O Brasil cultiva atualmente 147.000 hectares com batata, distribuídos em três safras:
das águas, com colheita de dezembro a março; da seca, com oferta de abril a agosto e,
safra de inverno, setembro a novembro. Em termos de participação por safra na oferta
global, a das águas é a de maior concentração, responde por 52% do total,
seguidamente vem a safra da seca com 30% e, a safra de menor tamanho, a de inverno,
com 18%. A razão pela qual a safra das águas atinge maiores volumes deve-se ao regime
de chuvas, favorecendo o plantio em praticamente todas as regiões do país. Também é
fato que, nesta safra, o risco de preços baixos aumenta consideravelmente. Este é um
15
ponto frágil na cadeia produtiva da batata, o de ajustar a quantidade ofertada à
quantidade demandada, evitando a intercessão de safras.
Ao longo de dez anos a safra das águas e da seca apresentaram reduções de
10% e 14%, respectivamente, enquanto que, a safra de inverno teve crescimento de 18%,
absorvendo parte da área, em decorrência de melhores preços no segundo semestre.
TABELA 15 - BATATA – BRASIL – DISTRIBUIÇÃO DA ÁREA POR SAFRA – 90/91 A 00/01
ANO
SAFRA DAS ÁGUAS
SAFRA DA SECA
SAFRA INVERNO
TOTAL
(ha)
(ha)
(ha)
(ha)
90/91
91.318
53.728
15.907
160.953
91/92
102.869
55.579
13.977
172.425
92/93
92.412
53.992
15.276
161.680
93/94
97.907
58.819
14.565
171.291
94/95
99.534
58.503
18.034
176.071
95/96
109.640
61.311
16.725
187.676
96/97
102.826
60.770
17.964
181.560
97/98
93.822
60.585
20.068
174.475
98/99
96.159
56.718
20.689
173.566
99/00
86.384
46.556
19.186
152.126
00/01
82.086
46.154
18.929
147.169
FONTE: IBGE
Há quase uma década o volume da produção brasileira situava-se em torno de
2,4 milhões de toneladas, hoje, gira em 2,6 milhões de toneladas, representando aumento
de 8%, ao mesmo tempo que a área foi reduzida em quase 9%. Houve avanços
tecnológicos significativos na cultura da batata, resultando na produtividade atual de
17.835 kg/ha, sendo que, este rendimento é 14% superior ao rendimento obtido há nove
anos atrás.
Gráfico 07 - EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO
BRASILEIRA DE BATATA - 91/92 a 00/01 - EM T
3.000.000
2.800.000
2.600.000
2.400.000
2.200.000
2.000.000
91/92
92/93
93/94
9 4 / 9 5 9 5 / 9 6 96/9 7 9 7 / 9 8 9 8 / 9 9 9 9 / 0 0 0 0 / 0 1
FONTE: IBGE
16
O maior estado produtor de batata, no Brasil, é Minas Gerais, respondendo por
32% da oferta anual. Posteriormente destaca-se o Estado de São Paulo com 24% e,
seguidamente, o Estado do Paraná, com 22%. Juntos, respondem por 78% do
abastecimento nacional.
Em termos de evolução, Minas Gerais foi o estado que teve maior incremento na
produção, aumentando sua oferta em 61% desde 1991. Em igual período a produção
paulista também apresentou crescimento de 11%. O Paraná, até 1995, era líder nacional;
a partir daí foi suplantado por Minas Gerais, assumindo a posição de segundo produto e,
depois de 1998, com a redução contínua da área produtiva, caiu para o terceiro
produtor. No período analisado a produção do Paraná decresceu 14%.
TABELA 16 - BATATA - BRASIL - EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO - 91/92 a 00/01 - EM
TONELADAS
ESTADO
Paraná
91/92
92/93
93/94
94/95
95/96
96/97
97/98
98/99
99/00
00/01
(1)
671.013 619.034 643.865 628.401 726.283 654.140 532.000 603.500 633.000 579.310
São Paulo 567.900 487.750 529.000 591.770 530.750 591.750 640.200 676.130 668.450 629.526
Minas
528.714 608.446 619.093 704.802 808.998 826.690 986.023 991.310 734.347 849.772
Gerais
S.
190.761 201.764 213.258 192.552 193.909 177.597 109.326 112.451 125.481 125.729
Cataraina
Rio G. do 419.280 382.235 401.588 478.653 356.605 444.309 361.068 401.659 390.057 383.629
Sul
Outros
43.373 60.336 73.358 80.748 86.397 62.312 46.348 53.226 45.590 56.722
Brasil
2.421.041 2.359.565 2.480.162 2.676.926 2.702.942 2.756.798 2.674.965 2.838.276 2.596.925 2.624.688
(1) Dados sujeitos a retificações
FONTE: IBGE
ESTIMATIVA DA SAFRA DAS ÁGUAS 01 /02
Na tentativa de dimensionar o volume de batata a ser ofertado no mercado
interno, no período de dezembro a março, consultou-se de forma subjetiva as
associações regionais de bataticultores a respeito das áreas a serem colhidas neste
período, obtendo-se como resultado preliminar o crescimento de 8,3% em relação à área
cultivada na safra do ano passado. As maiores variações são observadas nos Estados de
Minas Gerais e São Paulo.
17
Tabela 17 - BATATA DAS ÁGUAS – BRASIL – SAFRA 2001/2002 - Intenção De Plantio
Área (ha)
Variação (%)
Estado
OO/O1
O1/O2
Área
Paraná
São Paulo
Minas Gerais
Santa Catarina
Rio Grande do Sul
Outros
18.477
3.700
17.500
8.050
28.963
355
19.746
4.300
22.600
8.670
27.700
420
6,9
16,2
29,1
7,7
(4,4)
18,3
Brasil
77.045
83.436
8,3
FONTE: ABBA, ABAMIG; ABASP, ICEPA-SC, SEAB/DERAL e EMATER-RS
Há uma certa preocupação em relação à expectativa de aumento desta safra.
Devido à sua magnitude é uma safra bastante sensível à variação de preços, ou seja,
qualquer elevação na quantidade ofertada os preços podem desabar
significativamente. Sirva de exemplo a safra 1999/2000, quando os preços chegaram a
atingir R$5,00 a saca, inviabilizando até mesmo os gastos com colheita.
O bataticultor deve ponderar os riscos de aumentar a área, lembrando-se que o
lucro obtido com a atividade agrícola muitas vezes não está na quantidade obtida, mas,
no preço que o mercado está disposto a pagar.
ANÁLISE DA BATATICULTURA PARANAENSE NA DÉCADA DE 90
Em dez anos a área cultivada com batata, no Estado do Paraná, decresceu 23%;
de 41.645 hectares restaram 32.052 hectares. A produção teve comportamento similar,
com redução de 11%, atingindo atualmente o patamar de 583.000 toneladas. O que
evoluiu neste período foi a produtividade, com ganho de 16% sobre os rendimentos
médios obtidos no início dos anos noventa. A produtividade média, computando-se as
duas safras, é de 18.193 kg/ha, enquanto que, há dez anos situava-se em 15.700 kg/ha.
O Paraná, assim como outras regiões, cultiva duas safras: a safra das águas,
colhida de dezembro a março, agrega em torno de 18.000 hectares e responde por 60%
da oferta global; a safra da seca, com oferta de abril a julho, cultiva em média 14.000
hectares e participa com 40% do total produzido.
No que diz respeito à concentração da cultura no Estado, as maiores regiões
produtoras continuam sendo: Curitiba (43%), Guarapuava (20%), Ponta Grossa (17%) e
União da Vitória (11%). Este perfil de regionalização da cultura foi alterado ao longo dos
anos, não somente devido ao caráter migratório da cultura mas também por razões
financeiras. No início da década de noventa a Região de Curitiba era responsável por
68% da produção estadual, Guarapuava por 11%, Ponta Grossa por 9% e União da Vitória
por 5%. Dentre as regiões produtoras a de Curitiba foi a que mais reduziu a área com
batata, por diversas dificuldades, como: pouca disponibilidade de crédito,
endividamentos decorrentes de safras passadas, inadimplência de atacadistas,
depauperamento dos solos, uso de variedades com baixo valor comercial e resistência
dos produtores à adoção de novas tecnologias
18
O grande diferencial entre as regiões produtoras tem sido o fator produtividade:
enquanto a média de produtividade na região de Curitiba é de 16.000 kg/ha, em
Guarapuava e Ponta Grossa os índices de rendimento por área atingem de 22.000 a
24.000 kg. O incremento na produtividade deve-se ao uso racional dos seguintes fatores
de produção: batatas sementes de boa qualidade, irrigação e fertilizantes.
As variações de produção ocorridas no período analisado ocorreram em função
das leis da oferta e demanda, sempre tomando-se como base o desempenho
econômico da safra anterior.
Tabela - 18 - BATATA – PARANÁ – EVOLUÇÃO DA SAFRA DAS ÁGUAS E DA SECA – 90/91 a
01/02
90/91
91/92
92/93
93/94
ÁREA
ÁREA
PROD.
REND
ÁREA
PROD.
REND
ÁREA
PROD.
REND.
PROD.
PRODUTO
kg/ha
kg/ha
ha
t
ha
t
ha
t
kg/ha ha
t
379.027
443.653
392.600
387.172
24.654
15.374
27.055
16.398
24.667
15.916
27.841
BATATA
ÁGUAS
BATATA SECA 16.991 274.797 16.173 16.994 227.360 13.379 15.991 226.434 14.160 17.228 256.693
41.645 653.824 15.700 44.049 671.013 15.233 40.658 619.034 15.225 45.069 643.865
TOTAL
PRODUTO
REND
kg/há
13.907
14.900
14.286
94/95
95/96
96/97
97/98
ÁREA PROD. REND. ÁREA PROD. REND. ÁREA PROD. REND. ÁREA PROD. REND.
ha
t
kg/ha ha
t
kg/ha ha
t
kg/ha ha
t
kg/há
26.157 391.840 14.980 30.580 512.929 16.773 26.918 418.781 15.558 24.064 319.820 13.290
BATATA
ÁGUAS
BATATA SECA 17.752 236.561 13.326 18.162 213.353 11.747 18.481 247.059 13.368 19.446 252.034 12.961
43.909 628.401 14.311 48.742 726.282 14.901 45.399 665.840 14.666 43.510 571.854 13.143
TOTAL
PRODUTO
98/99
99/00
00/01
ÁREA PROD. REND. ÁREA PROD. REND. ÁREA PROD. REND.
ha
t
kg/ha ha
t
kg/ha ha
t
kg/ha
23.070 333.453 14.454 21.931 410.550 18.720 18.477 354.587 19.191
BATATA
ÁGUAS
BATATA SECA 18.861 282.379 14.972 14.517 237.826 16.383 13.575 228.545 16.836
TOTAL
41.931 615.832 14.687 36.448 648.376 17.789 32.052 583.132 18.193
FONTE: SEAB/DERAL
19
PARANÁ - SAFRA DAS ÁGUAS 01/02
As estimativas para a área da próxima safra de batata, no Paraná, indicam
crescimento da ordem de 8,7%, até o momento. A área estimada para a safra 2001/2002
deverá ser de 20.076 ha, enquanto que, no ano passado, a área foi de 18.477 ha. Este
crescimento só não será maior devido à menor disponibilidade de batata semente para o
plantio.
A produção, prevista em 380.376 t, deve superar em 7,3% a produção obtida na
safra passada. As regiões que tendem a um maior aumento de área, comparativamente
ao ano passado são: União da Vitória (aumento de 37,5%) e Curitiba (aumento de 8,1%).
TABELA 19 - BATATA – PARANÁ - COMPARATIVO DA SAFRA DAS ÁGUAS 01/02 E 00/01
ÁREA
REGIÕES
00/01
01/02
(em ha) (em ha)
JACAREZINHO
NORTE
FCO. BELTRÃO
PATO BRANCO
SUDOESTE
C. MOURÃO
CENTRO-OESTE
CURITIBA
GUARAPUAVA
IRATI
PONTA GROSSA
UNIÃO DA
VITÓRIA
SUL
TOTAL
119
119
281
280
561
0
0
10.600
2.100
1.095
2.402
1.600
0
0
281
300
581
0
0
11.500
2.200
1.095
2.500
2.200
17.797
18.477
19.495
20.076
PRODUÇÃO
VAR.
(%)
00/01
01/02
(em t)
(em t)
PRODUTIVIDADE
VAR.
(%)
-100,0 2.360
0
-100,0
-100,0 2.360
0
-100,0
0,0
1.684
1.686
0,1
7,1
4.593
5.100
11,0
3,6
6.277
6.786
8,1
_
0
0
_
_
0
0
_
8,5
176.853 195.500 10,5
4,8
59.850 57.200
-4,4
0,0
20.022 24.090
20,3
4,1
57.225 55.000
-3,9
37,5
32.000 41.800
30,6
9,5
8,7
345.950 373.590
354.587 380.376
FONTE: SEAB/DERAL
EVOLUÇÃO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO E RENTABILIDADE
20
8,0
7,3
00/01
01/02
(kg/ha) (kg/ha)
VAR.
(%)
19.832
19.832
5.993
16.404
11.189
0
0
16.684
28.500
18.285
23.824
20.000
_
_
6.000
17.000
11.680
0
0
17.000
26.000
22.000
22.000
19.000
_
_
0,1
3,6
4,4
_
_
1,9
-8,8
20,3
-7,7
-5,0
19.439
19.191
19.163
18.947
-1,4
-1,3
Os preços obtidos com a batata, na maior parte das vezes, são difíceis de prever,
seja por vários fatores, como: perecebilidade do produto, exigindo comercialização
rápida; produção superior à demanda e concentração da oferta.
O produtor decide-se pelo investimento na próxima safra em função dos preços
praticados na safra em andamento, o que lhe propicia uma concepção imediata e
limitada de mercado. Portanto, a rentabilidade na bataticultura apresenta-se vulnerável
neste contexto, como nas demais atividades agrícolas.
Além das projeções de pouco embasamento, o custo de produção é outro fator
preponderante na determinação da lucratividade do bataticultor. Analisando-se a
variação dos custos de produção da batata cultivada na safra das águas, no período de
1997 a 2001, verifica-se aumento de 53% no desembolso efetivo. Encontram-se embutidos
nestes custos os gastos com combustíveis, sementes, agrotóxicos e fertilizantes. Estes itens
respondem por 72% dos custos variáveis.
Alguns fatores de produção, no caso, agrotóxicos, combustíveis e fertilizantes,
tiveram aumentos de 78%, 64% e 54%, respectivamente. Mesmo assim, os aumentos
registrados não superaram o aumento da inflação no período, que foi de 113%.
Gráfico 08 - BATATA - VARIAÇÃO NOS PREÇOS DE
ALGUNS INSUMOS EM RELAÇÃO À INFLAÇÃO FEV/97 a FEV/01 - %
160
110
60
10
Inflação
Máq/comb
Agrotóxicos Fertilizantes
FONTE: FGV; SEAB/DERAL
Justapondo os preços recebidos pelos produtores com os custos envolvidos na
atividade, no período analisado, verifica -se que o plantio de batata com variedades
comuns na safra das águas foi rentável ao produtor nas safras 1998 e 2001, nas demais, os
preços recebidos com a venda da batata equipararam-se aos gastos diretos ou, ficaram
aquém dos investimentos, resultando em prejuízos.
21
Gráfico 10 - BATATA LISA - SAFRA DAS ÁGUAS PARANÁ - EVOLUÇÃO DOS PREÇOS E CUSTOS DE
PRODUÇÃO- 1997 a 2001
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
1997
1998
1999
2000
Custo variável
Custo total
FONTE: SEAB/DERAL
2001
Custo fixo
Preço rec.produtor
No caso da batata lisa, a situação é mais favorável, pois o produtor teve prejuízo
apenas na safra 2000, culminando com uma das piores safras em termos de desempenho
econômico. Estes dados demonstram a importância de escolher variedades que tenham
maior aceitação, visando minimizar os riscos para o produtor.
Gráfico 09 - BATATA COMUM - SAFRA DAS ÁGUAS PARANÁ - EVOLUÇÃO DOS PREÇOS E CUSTOS DE
PRODUÇÃO- 1997 a 2001
20,00
10,00
0,00
1997
1998
1999
2000
2001
22
FONTE: SEAB/DERAL
Custo variável
Custo total
Custo fixo
Preço rec.produtor
HISTÓRICO DA SAFRA DAS ÁGUAS NO PARANÁ
Safra das águas 96/97: Houve excesso de chuvas na região de Contenda, no mês de
setembro e dezembro e em janeiro de 1997. A produtividade caiu 10% na região, e o
produtor teve grandes prejuízos.
Safra das águas 97/98: Houve excesso de chuvas e aumento na incidência de doenças e
conseqüentemente foi maior o descarte da batata no momento da classificação. Dada
à redução na quantidade de batata ofertada no mercado, os preços subiram, e o
resultado acabou sendo compensador.
Safra das águas 98/99: Ano relativamente seco, a falta de chuvas no mês de novembro
prejudicou o desenvolvimento das lavouras, e houve redução de até 17% na produção
esperada, além de que atrasou o ciclo concentrando a colheita nosmeses de janeiro e
fevereiro. Nesta época começou a colheita no Estado de Minas Gerais que, por sua vez,
aumentou em 30% a produção. Mesmo com a quebra da safra paranaense, o resultado,
com o excesso de batatas provenientes de Minas Gerais, no mercado, os preços
reduziram-se e, o resultado financeiro da safra foi negativo.
Safra das águas 99/00: esta safra iniciou-se assinalada por um dos períodos mais secos da
história. A semeadura da batata foi transferida para final de setembro, devido à falta de
chuvas, as quais só voltaram a aparecer na segunda quinzena de outubro. Mesmo assim,
praticamente não houve quebra de safra. Uma das vantagens do clima seco, foi o baixo
índice de doenças. O marco foi o excesso de oferta nos meses de janeiro e fevereiro,
caract erizando uma das piores safras, em termos de comercialização. A cotação da
batata no campo chegou a R$3,50 a saca. O governo Estadual, através da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento, implementou programa de última hora, para escoamento
do produto, através de feiras especiais, junto à Secretaria Municipal da Agricultura e
Prefeituras da Região Metropolitana de Curitiba. O desempenho econômico foi negativo.
Safra das águas 00/01: devido aos prejuízos acarretados na safra das águas anterior bem
como na safra da seca 00, houve redução de 15,7% na área cultivada e 13,6% na
produção. A redução na oferta, em decorrência do decréscimo na área, resultou num
preço favorável à maioria dos produtores, promovendo rentabilidade lucrativa.
As condições climáticas foram favoráveis em todo o Estado, sendo que, em algumas
regiões, a produtividade final superou as expectativas iniciais de produção, como no caso
de Ponta Grossa e Guarapuava.. O clima, nestas regiões, foi favorável no decorrer da
safra, contribuindo para boa produtividade e qualidade, superando a estimativa inicial.
Na região de Curitiba, as lavouras plantadas mais cedo foram atingidas por excesso de
chuvas, o que causou perda de nutrientes, resultando em menor número de tubérculos
ou, de tamanho menor. No entanto, a produtividade final situou-se dentro do previsto.
Em Irati, a produtividade final foi inferior ao potencial produtivo, devido à estiagem
ocorrida nos meses de outubro e novembro, quando a maior parte das lavouras
encontrava-se na fase de desenvolvimento vegetativo.
23
Tabela 20 - Batata Comum das Águas – Análise da Rentabilidade
Safra
Produtividade Preço recebido
Custo total
Rentabilidade
(kg/ha)
pelo produtor
R$/sc 50kg
sobre o custo total
R$/sc 50kg
(%)
1996/97
15.558
5,60
7,40
-24,32
1997/98
13.290
19,18
11,16
71,86
1998/99
14.454
10,01
10,73
-6,71
1999/00
17.507
5,13
10,60
-51,60
2000/01
17.000
15,84
11,27
40,55
FONTE: SEAB/DERAL
Tabela 21 - Batata Lisa das Águas – Análise da Rentabilidade
Safra
Produtividade Preço recebido
Custo total
Rentabilidade
(kg/ha)
pelo produtor
R$/sc 50kg
sobre o custo total
R$/sc 50kg
(%)
1996/97
17.800
12,69
10,01
26,77
1997/98
18.000
29,13
12,79
127,76
1998/99
21.750
16,29
12,26
32,87
1999/00
24.750
8,83
12,54
-29,59
2000/01
24.500
25,65
12,84
99,77
FONTE: SEAB/DERAL
MARGENS DE COMERCIALIZAÇÃO
As margens praticadas na comercialização precisam ser avaliadas, pois
relacionam-se diretamente com a quantidade consumida. Quando se fala em margem
bruta total de comercialização refere-se à diferença entre os preços recebidos pelos
produtores e o preços pagos pelos consumidores. Entende-se que a margem é um
acréscimo ao preço que permite viabilizar a sua comercialização em um determinado
segmento. Quando não se conhece os diversos custos envolvidos neste processo de
comprar e vender, trabalha-se com a margem bruta e não a margem líquida.
Vários são os fatores que afetam as margens (MENDES, 1997), como :
a) perecibilidade, perdas ou quebras durante a comercialização – quanto maior a
perecibilidade maior a margem, pois alguns produtos exigem refrigeração;
b) grau de processamento do produto – quanto maiores os custos para executar estes
serviços, maior a margem;
c) relação volume/peso – quanto maior o volume do produto maior a margem, pois,
maior a necessidade de espaço para transporte e armazenamento;
d) distância entre o consumidor e o produtor – quanto maior a distância maior a
margem, pois os custos de transporte encarecem;
e) instabilidade de preços – quanto maior a instabilidade maior a margem, uma vez que
os intermediários podem elevar relativamente os preços;
quantidade de serviços adicionais – quanto maior o número de serviços exigidos pelo
produto maior a margem, devido aos gastos adicionais.
24
Gráfico 11 - BATATA LISA - PARANÁ EVOLUÇÃO DA MARGEM BRUTA DE
COMERCIALIZAÇÃO - 1991 a 2001 - EM %
70,0
60,0
50,0
40,0
2001
2000
1999
1998
1997
1996
1995
1994
1993
1992
1991
30,0
FONTE: SEAB/DERAL
Gráfico 12 - BATATA COMUM - PARANÁ EVOLUÇÃO DA MARGEM BRUTA TOTAL DE
COMERCIALIZAÇÃO - 1991 a 2001 - EM %
FONTE: SEAB/DERAL
25
2001
2000
1999
1998
1997
1996
1995
1994
1993
1992
1991
80
70
60
50
40
30
Na comercialização da batata verifica-se que houve aumento nas margens de
comercialização ao longo de dez anos: para a batata comum, a margem de
comercialização que era de 47% em 1991, atingiu 64% em 2001; para a batata lisa, a
situação foi semelhante, de 39% saltou para 52% em igual período.
Não se deve antecipar as razões pelas quais estes segmentos de comercialização
aumentaram suas margens, o fato é que o aumento nos preços do produto ao
consumidor, pode ser m dos motivos pelos quais o consumo de batata foi reduzido ao
longo de uma década. Não se conhece de forma transparente os custos envolvidos no
processo de repasse do produto.
O “markup” mostra o percentual de aumento entre os preços de venda e de
compra relativamente ao preço de compra, significa, em percentual, quanto que o
preço pago pelo consumidor foi acrescido em relação ao preço recebido pelo produtor.
No período analisado, o “markup” teve um aumento significativo no comércio de
batata: para a batata comum, o “markup” que era de 97% passou para 191% em 2001;
para a batata lisa o comportamento foi similar, de 66% saltou para 112%.
Sugere-se que estas margens sejam revistas e de domínio do público de interesse.
As Associações representantes do setor produtivo devem apreciar com cautela estes
valores e repensar um sistema alternativo de comercialização, com maior capilaridade
nas diversas classes sociais. Talvez, a partir de algumas alterações o consumo de batata
possa retornar a patamares superiores ou quem sabe, tornar a batata um produto de
acesso viável às classes heterogêneas de consumo no país.
Grafico 13 - BATATA COMUM - PARANÁ
EVOLUÇÃO DO MARKUP - 1991 a 2001 - EM %
300,00
250,00
200,00
150,00
FONTE: SEAB/DERAL
26
2001
2000
1999
1998
1997
1996
1995
1994
1993
1992
1991
100,00
50,00
Gráfico 14 - BATATA LISA - PARANÁ EVOLUÇÃO DO MARKUP - 1991 a 2001 - EM %
250,00
200,00
150,00
100,00
2001
2000
1999
1998
1997
1996
1995
1994
1993
1992
1991
50,00
FONTE: SEAB/DERAL
BIBLIOGRAFIA
MENDES, J.T.G. Agribusiness e Comercialização Agrícola. Curitiba: FAE/CDE. Material
preparado para o Curso de Aperfeiçoamento em Agribusiness. 1997. 85 p.
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BATATA - Secretaria da Agricultura e Abastecimento