POR QUE BOLSAS CLÁSSICAS
SÃO TÃO CARAS?
nada é mais valioso do que a informação. verdadeiras
it girls não compram acessórios caros – ao contrário do
que algumas pessoas costumam pensar – para ostentar
ou carregar grifes poderosas com elas. Conhecer e
entender a história, as peculiaridades e o significado
real de uma peça aumenta o desejo de obtê-las. Claro
que o mais importante é agradar aos olhos (e nesse caso
não há unanimidade, porque o que agrada aos olhos
de um não agrada aos de outro e vice-versa!), esse é o
ponto de partida.
Mas, afinal, o que torna as bolsas clássicas e eternas
– aquelas que não são hit apenas por uma ou duas
temporadas – tão caras? Puro marketing? nada além de
um posicionamento de marca? estratégias para limitar
o consumo a apenas um pequeno grupo? sim e não!
Claro que há um pouquinho de tudo isso por trás de
um conceito tão bem alinhavado de formação de preço,
mas há outras peculiaridades que nem todos conhecem
e entendem. antes (ou mesmo depois, por que não?!)
de valorizar, planejar, comprar, colecionar ou apenas
sonhar com sua Chanel, Hermès ou Goyard, é bacana
ficar por dentro de curiosidades como...
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Linha de produção
as produções são limitadíssimas não apenas para limitar
o consumo. na verdade, a linha de produção é mesmo super extensa, com várias etapas e necessita de vários profissionais altamente treinados (com longos treinamentos,
diga-se de passagem). ainda que existam máquinas no
processo, boa parte das tarefas ainda é feita de maneira
artesanal. uma mesma peça passa por várias mãos antes
de ser concluída!
uma bolsa Chanel, por exemplo, chega a envolver 15 pessoas em seu desenvolvimento.
Oferta x demanda
na primeira aula da faculdade de economia, aprende-se a
lição que vai dar o tom de todo o curso: o preço é regulado
pela lei da oferta x procura! em parte por estratégia, em
parte pela limitação da linha de produção (que não torna
possível a fabricação em série), se produzem menos peças
do que a demanda gostaria. É esse o caso da Hermès: é
difícil comprar uma birkin sem ficar um tempinho na lista
de espera (o tempo exato depende do material, cor e tamanho escolhidos). Mesmo com preços altíssimos, a marca
tem uma demanda certa, constante e fiel – demanda esta
muito maior do que a empresa consegue produzir dentro
de suas regras.
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Detalhes tão pequenos...
se a perfeição está nos detalhes, as bolsas eternas podem,
sim, ser consideradas perfeitas! O famoso matelassê Chanel é único e impossível de copiar: a fórmula para produzi-lo é tratada como segredo de estado da marca. Parece
simples, mas basta reparar e comparar a original com as
“releituras”. Os triângulos da aba e da bolsa, da frente e das
costas, casam de maneira absolutamente simétrica. essa é,
inclusive, a maneira mais fácil de reconhecer uma Chanel
verdadeira. nas grifes clássicas, todo o material é impecavelmente selecionado, preparado e testado – o que leva
para perto de zero o índice de problemas futuros. as bolsas
Goyard, que muitos não entendem o alto preço já que se
trata de uma peça de lona, são pintadas a mão. isso mesmo,
todo o desenhinho que decora a superfície é pintado manualmente com uma perfeição milimétrica. a tal lona, por sua
vez, também é especial e à prova de desbotamento.
O avesso perfeito
seguindo a regra número um da alta-costura, as bolsas
clássicas têm avessos perfeitos. segundo consta, a própria
mademoiselle Chanel era super rigorosa e exigia interiores irreparáveis em suas criações. até hoje, a grife tem uma
estratégia secreta para virar e desvirar as peças durante o
processo de produção. O mesmo luxo que é visto por fora
está em cada detalhe interno.
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Time deluxe
tanta expertise não se aprende em dias ou semanas. não
por acaso, todas estas marcas mantêm em suas equipes
funcionários que estão na empresa há décadas. O treinamento é constante e, em razão da infinidade de detalhes,
um empregado da linha de produção pode levar muito
tempo para estar 100% pronto.
De geração para geração
ao contrário das it bags – quase perecíveis na rapidez das
informações de moda da atualidade –, as bolsas eternas
têm a responsabilidade de servirem como heranças fashionistas: passam de avós para netas e duram gerações e gerações! Para que isso seja possível, os materiais, costuras
e processos exigem o ponto mais alto da perfeição. a lona
Goyard, por exemplo, foi desenvolvida de modo a ficar ainda mais leve e gostosa com o passar dos anos. Para completar a teoria da longevidade, vale dizer que todas estas
marcas têm poderosos e eficientes serviços de manutenção,
que recuperam qualquer problema – raríssimos, mas que
podem surgir!
quando se entende um pouquinho melhor essa engrenagem,
tende-se a valorizar mais certas escolhas – afinal, a forma
mais interessante de “investir” em luxo é a consciente. em
resumo, sem dúvida, com informação por trás do desejo é
ainda mais bacana adquirir – ou sonhar com – a peça!
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o PDF do texto - Ale Garattoni