JOANA COELHO DA SILVA EXPLORANDO ASPECTOS SEMIÓTICOS NA COMPREENSÃO DA LEITURA LONDRINA 2009 JOANA COELHO DA SILVA EXPLORANDO ASPECTOS SEMIÓTICOS NA COMPREENSÃO DA LEITURA Artigo da implementação do Projeto de Pesquisa e Unidade Didática desenvolvido para o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE da Secretaria Estadual de Educação do Paraná – SEED. LONDRINA 2009 EXPLORANDO ASPECTOS SEMIÓTICOS NA COMPREENSÃO DA LEITURA Autora: Joana Coelhoa da Silva1 Orientadora: Santa C. Freitas 2 RESUMO O propósito deste artigo é descrever e analisar o projeto apresentado para o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE -2008, que foi desenvolvido em sala de aula através de uma unidade didática com alunos de 8ª série no Colégio Estadual Padre José Pires, em Centenário do Sul - PR. Esse trabalho teve o intuito de explorar elementos textuais não-verbais que incluíam imagens e o papel do contexto no texto nas atividades de leitura de forma que estimulassem a leitura crítica dos alunos. Trabalhou-se o conceito da semiótica através de temas de interesse dos estudantes. O resultado alcançado foi satisfatório, pois percebeu-se uma mudança positiva em relação ao modo como os alunos se interessaram pela nova atividade, e à forma em que expressavam suas opiniões. Palavras-chave: Aspectos semióticos. Leitura crítica. Imagem. Texto não-verbal ABSTRACT The purpose of this paper is to describe and to analyze the project designed for the Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE -2008, that was developed in the classroom through a teaching unit with students from 8th grade at Colégio Padre José Pires, in Centenário do Sul- PR . The aim of that study was to explore nontextual elements which included verbal images and the role of the context in the text in reading activities in order to stimulate those students to read critically. Topics of their interest were explored under the concepts of semiotics . The result was satisfactory, as the students revealed their approval towards the new activity, and a more extensive way when expressing their opinions. Key-Words: Semiotc aspects. Critical reading. Images. Non-verbal text. 1 Especialista em Didática e Metodologia do Ensino pela Universidade Norte do Paraná (UNOPAR)Londrina. Professora PDE/Pr. Docente da disciplina da Língua Inglesa no colégio Estadual Pe. José Pires. 2 Professora-Orientadora-UEL-PDE(2008). Graduada em Letras (Inglês, Português e respectivas literaturas). Especialista em Língua Inglesa pela UEL. Pós-graduada em Metodologia do Ensino Superior FAFI de Cornélio Procópio. Formação de tutoria em EAD pelo IESB. 3 INTRODUÇÃO Todos os dias, grande número de imagens é visualizado na TV, na internet, em outdoors, e não é dada muita importância ao que elas querem dizer. Às vezes, são imagens simples, de fácil entendimento; outras são consideradas bonitas, criativas, mas não se tenta decifrá-las pelo grau de dificuldade apresentado. Por isso, através do projeto apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional – 2008, titulado - “Explorando aspectos Semióticos na Compreensão da Leitura”-, almejou-se trabalhar com textos acompanhados de imagens que necessitavam um segundo olhar para se conseguir entender sua essência. Num primeiro momento, foram analisadas apenas as imagens e, depois, passou se a compreendê-las com um texto escrito. A dimensão da importância no estudo da imagem tornou-se maior a partir da constatação da deficiência dos alunos em analisar o teor da temática com cunho mais profundo, deixando transparecer um entendimento superficial. Persiste o pensamento de se trabalhar sempre o conceito de aprender uma língua estrangeira utilizando o texto pelo texto, com estudo de vocábulos e funções gramaticais. E, ainda hoje, é complicado reverter essa situação e mostrar que é possível encontrar muito do que o texto e a imagem querem dizer. A confirmação deste fato tornou-se eminente quando foi apresentado aos alunos um texto que tinha o formato de uma taça e na parte superior um casal (um de cada lado) bem vestido, muito à vontade, que brindava com champagne, e na haste da taça haviam várias cabeças todas apertadas. No título do texto apareciam os cognatos “rich” e “poor”, mas em uma sala com 38 alunos, apenas dois responderam que o tema do texto era sobre a discriminação social; a maioria respondeu que o texto falava sobre a bebida champagne. É comum entender essa dificuldade já que se tem uma enorme convivência com esses educandos e é possível considerar essa superficialidade na leitura das imagens inseridas nos textos como uma falta de interesse ou uma própria aversão à língua estrangeira. Os objetivos estão desencontrados, pois os alunos vêm para a escola querendo aprender rapidamente a escrever e falar fluentemente, e quando se dão conta de que é muito trabalhoso e necessário muito tempo de estudo e 4 perseverança, frustram-se e desistem , seguindo o curso normal, mas sem grandes expectativas. O professor, por outro lado, fica dividido querendo realmente que seu aluno em seus sete anos de convívio com a língua inglesa possa concluir os estudos tendo um conhecimento razoável do idioma não só em vocábulos, mas também em cultura. Os textos que geralmente são inseridos no cotidiano escolar são oriundos do livro didático que aborda assuntos que não são tão recentes, e às vezes, na falta deste, textos que não apresentam imagens, curtos, para introduzirem uma função gramatical ou ainda textos simplificados. Adiciona-se a isso a falta de material para um estudo mais intenso. As imagens que aparecem nos textos são, em sua maioria, para ilustrar um texto narrativo, informativo, entrevista e outros, não tendo o objetivo de ser algo para ser mais observado e analisado que o texto escrito. O teor dessas imagens não oferece margem a mais de uma interpretação, ou reflexão, ao contrário do que ocorre quando se usa charges. O aluno está interligado a elas de uma forma mais constante fora do contexto escolar: na TV, Internet e revista, mas sua compreensão está aquém de ser entendida e adquirida, pois tratam de assuntos atuais, da política do país, fatos que os jovens, na sua grande maioria, não estão atentos ou interessados. O presente trabalho mostra como foram desenvolvidas as aulas usando a técnica de Scott (2005) em que os alunos são levados a perceber elementos que não são mencionados no texto construindo, assim, a leitura crítica. Além de Scott (2005), os pensamentos de outros autores vêm acrescentar pontos de vista e maneiras de conseguir melhorar a leitura crítica. Serão demonstrados os passos da implementação do projeto Explorando aspectos semióticos na compreensão da leitura, com relato das aulas, comportamento dos alunos diante do material novo, e o resultado qualitativo desta aplicação. Uma das etapas que faz parte do programa PDE é a participação como tutora em um curso a distancia em que professores da Rede Estadual de Educação colaboram com o tutor (a) de forma a sugerir mudanças visando a melhoria do projeto, o que será mostrado, também, neste projeto. 5 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Ao se ter como objetivo o desenvolvimento de leitura crítica, estabeleceu-se relações com as Diretrizes Curriculares Estaduais – DCE (PARANÁ, 2008, p. 29) que propõe um trabalho efetivo com textos que englobem texto, língua, poder classes sociais e atividades sociais e suas relações direcionados à análise e crítica. A maneira de enxergar um texto oral, escrito e hipertexto deve ser interpretada pelo educando como forma transformadora de compreender diferentes valores. O frequente manuseio e contato com os diversos tipos de textos poderão pouco a pouco acrescentar e modificar pensamentos e formas de agir mediante situação dada. Não tem como fingir que ocorrem mudanças de interpretar a realidade de cada época. Se em outros tempos trabalhava-se somente o texto na língua alvo em seus aspectos gramaticais e estrutura da língua, hoje o seu papel é bem mais explorado com intenções de se definir o que está explícito e implícito ao texto. Motta-Roth (1998, p. 25) afirma que quando o sujeito interage com o texto, construindo um conhecimento pautado na observação, análise e avaliação ele modifica seu discurso e evidencia a leitura crítica. É pertinente a declaração de Fairclough (1989, p. 238) em relação a esta proposição de que além da educação como forma de transmissão de conhecimento, é necessário desenvolver a consciência crítica nas crianças e nos adultos, e formas de melhorar seu mundo social. Outro aspecto que vem enaltecer o papel da leitura é citado por Scott (2005, p. 124). Segundo o autor, a leitura crítica é para ser entendida como um meio de causar uma reação emocional e intelectual diante de um texto. O texto nesse sentido terá o papel de transformar o modo de o aluno perceber a realidade. A intencionalidade de se mudar realidades de adolescentes entre 14 e 15 anos pautou-se na convicção de que a partir dessa idade estes teriam capacidade de concluírem as atividades propostas, pois, segundo a visão de Piaget (apud CURTAIN, PEZOLA, 1994, p. 65), durante esse estágio conhecido como o estágio de operações formais (idades de 11 até 15 ou mais), as estruturas cognitivas das 6 crianças alcançam o mais elevado nível de desenvolvimento. A criança começa a aplicar razões lógicas em todas as classes de problemas Vigotsky (2000, p. 231) em seus estudos enfatiza sobre o amadurecimento das crianças: “as maiores dificuldades que o adolescente só costuma superar ao término da idade de transição consistem na contínua transferência de sentido ou significado do conceito elaborado para situações concretas sempre novas, que ele pensa no plano abstrato”. Dessa forma, foi possível explorar o conceito de semiótica que é considerando como o estudo dos sistemas de signos, ou seja, em outras palavras, como o estudo de significado em seu sentido geral através de atividades de textos com imagens, transformando a interpretação de textos mais interessante e desafiadora, e por conseqüência, um desenvolvimento da leitura. (HALLIDAY; HASAN, 1989, p. 5) Esses elementos são bastante explorados na visão de Motta-Roth (1998 p. 26) quando afirma: “à medida que cada detalhe visual vai sendo incorporado à leitura do aluno, este vai construindo um contexto possível para o texto e, assim, vai produzindo significados em “zigue zague”, ou seja, das informações visuais para as textuais e vice-versa”. O aluno foi levado a perceber elementos importantes na configuração geral visual do texto “data de publicação, indicação do nome da fonte no cabeçalho ou rodapé, numeração da página de onde foi retirado, tipo de letra empregado. Tais elementos foram de grande valia e funcionaram como elementos explicativos e facilitadores da leitura”. (MOTTA-ROTH, 1998, p. 26) Lidando com variados textos, os alunos tiveram a oportunidade de acrescentar significados a cada proposta apresentada. Puderam, a partir de texto a texto, formar opinião, interagir e buscar conhecimento, afinal “cada lição é construída à medida que um tópico é explorado, conceitos são admitidos e definidos” (HALLIDAY; HASAN; 1989, p.47) Os textos longos geralmente causam repulsa, sendo tão difícil entender às vezes um só enunciado. O que se buscou então foi a união entre uma leitura que gere motivação, mas também a reflexão desse mundo que o rodeia. Segundo MottaRoth (1998, p. 27) “cabe, então, ao professor, fazer os alunos praticarem algumas operações cognitivas, através de estratégias simples, como: observação de imagens, relacionando-as aos dados do texto: apreensão do sentido pelo contexto; 7 inferência do conteúdo ou formulação de hipóteses a partir de estrutura discursiva ou de outros elementos constituintes do texto”. A problemática em se trabalhar diferentes tipos de textos e sua relação com o livro didático é citada nas Diretrizes Curriculares Estaduais baseada nos estudos de Pereira (apud, PARANÁ, 2008, p. 44): embora as mudanças ocorridas nos livros didáticos a partir do advento da abordagem comunicativa tenham representado um enriquecimento lingüístico e sociocultural em relação aos LDs de abordagem formalista, os mesmos continuam sendo criticados pelo tratamento elementar, fragmentado e descontextualizado com que apresentam a língua, a sociedade, a cultura-alvo e outras culturas. É oportuna a situação do uso da tecnologia com a qual nos encontramos hoje. Devemos, de certa maneira, tirar proveito da facilidade, da efemeridade da informação para que não se deixe passar tudo a ‘brancas nuvens’; o ideal é trazê-las para a sala de aula, em língua estrangeira. Através das discussões, cada um vai formando conceito, teorizando consigo mesmo e com os outros, pois segundo MoitaLopes (2004 p. 49) “quando os participantes em eventos de leitura constroem significados, eles estão também construindo significados sobre eles”. As Diretrizes Curriculares Estaduais (PARANÁ, 2008) enfatizam esse aspecto da tecnologia usando os estudos de Moita-Lopes (2004), que afirma “vivemos em um mundo multissemiótico, cujos textos extrapolam a letra [...] um mundo de cores, sons, imagens e design que constroem significados em textos orais/ escritos e hipertextos”. Através de textos não-verbais, pretendeu-se chegar mais perto do aluno, conhecer seus interesses, fazer parte do seu mundo, um mundo que a todo o momento traz mudanças. Fairclough (1989, p. 23),- ao abordar esse assunto, relata que “o significado social relativo dramaticamente”.(tradução minha) do imaginário visual está aumentando 8 2.1 O VALOR DA LEITURA A partir do questionamento feito aos alunos na coleta de dados verificou-se que eles não dão muito valor à leitura. Leitura é primordial, é um amor que deve ser aprendido e cultivado. Ela deve ser estimulada, para que se crie um vínculo, uma escolha de alguns autores, de modo a ter sua preferência: “deste eu gosto, deste outro não” e justificar suas escolhas e isto sempre levará o aluno à busca de novos saberes. O professor, ao ter o hábito da leitura, será o encarregado de transmitir toda essa paixão para seus alunos, ele irá acertar o passo e construir formas de incentivar seus alunos para a vida escolar e sua vida em comunidade. (SILVA, 2005, p.14). É sabido que todo e qualquer tipo de gênero textual que o professor venha trabalhar deve priorizar, segundo Almeida Filho (apud PARANÁ, 2006) “temas e conflitos do universo do aluno na forma de problematização e ação dialógica; deve oferecer condições para a aprendizagem subconsciente de conteúdos relevantes”. Mas, a problemática se torna bem maior se pensarmos na situação do aluno que se limita a ler somente os livros propostos nas aulas de língua portuguesa. Na coleta de dados do educando feita no projeto foram propostas questões acerca de seu interesse na leitura, e eles confirmam a tese de que nossos alunos da escola pública lêem muito pouco ou quase nada. E o pouco que lêem fica restrito a romances, poesias e histórias em quadrinhos. Não que seja irrelevante este tipo de leitura, inclusive, Maurício de Souza (2008), afirma em uma entrevista dada à revista Ler & Cia, que “a criança que lê histórias em quadrinhos tem aproveitamento escolar 50% superior ao da criança que não lê, e que tem uma abertura intelectual maior, uma facilidade maior de utilizar o que aprende”. Mas a escola deve proporcionar e exigir do aluno outros tipos de leitura que venham a propiciar melhora no seu conhecimento científico, que o leve a ultrapassar a barreira do conhecimento que tem de mundo. O aluno não vai ler somente o que deseja, mas sim o que também é necessário. O gibi, na verdade, será mais um instrumento de ajuda. O professor deve ir aos poucos inserindo leituras e temas que visem um maior nível de raciocínio. Não que isso seja fácil, pois o aluno vai reclamar, resistir e criar empecilhos para que seu desejo de ler apenas leituras “mais fáceis” seja obedecido; 9 o professor, na ânsia de ser bem aceito ou de manter um clima ameno e de bom relacionamento com os adolescentes, acaba cedendo. Na década passada, nos planos de aula, era comum ter como um dos objetivos trabalhar conteúdos e temas que fossem de acordo com a vivência do aluno, mas, hoje os professores são levados a refletir sobre novos conceitos e acreditar que, para desenvolver o senso crítico e ampliar seu conhecimento de mundo, é necessário que o educando conviva com elementos que venham acrescentar e modificar sua maneira de enxergar fatos e acontecimentos de sua realidade. Maurício de Souza relata em outra passagem na entrevista que “quando lemos um bom autor, fazemos uma ponte com sua filosofia”. É nesse ponto que é construído o conhecimento. O escritor Pedro Bandeira dá um relato apaixonado de como deva ser a literatura: “como uma companhia, como discussão de problemas da vida, sobre a essência humana, emoções, sentimentos, desespero e esperança. (BANDEIRA, 2008, p. 38.) Quando Perini (2005) afirma que “metade da população adulta é funcionalmente analfabeta” , não fica difícil de concordar e concluir que a própria escola está deficiente em promover um melhor desenvolvimento deste aspecto. Os alunos ao receberem qualquer tipo de texto ou até mesmo uma avaliação esperam que o professor a leia e explique cada detalhe antes que eles tentem interpretá-los. E esse comportamento vai se perpetuando se não for exigida outra forma de melhorar esta maneira de resolver situações. Eles leem, mas não interpretam ou interpretam com alto grau de deficiência. Quando o professor exige que o aluno preste mais atenção, tenha paciência e tente decifrar códigos lendo mais uma vez ele vem logo e afirma: “o professor não quer explicar”. Como é completa a afirmação de Tiba (1998) ao afirmar: “Quando descobre o saber, a pessoa começa a associá-lo a outros conhecimentos adquiridos e ganha uma nova dimensão. É como se descobrisse aquele ponto que faltava para uni-lo aos outros. O novo saber encaixa-se ali e dispara a integração dos conhecimentos”.E só quem passa por este processo sentirá o prazer e necessidade de estar sempre em contato com a informação.Quanto mais aprende, mais quer aprender. 10 3 IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO A implementação do projeto pedagógico “Explorando aspectos semióticos na compreensão da leitura” foi desenvolvida no Colégio Estadual Padre José PiresEnsino Fundamental e Médio, na cidade de Centenário do Sul-Pr, com duas turmas de 8ª série no período matutino no ano de 2009. O desenvolvimento do projeto teve início em abril e término em julho. Antes de dar início às atividades, foi feito um questionamento pessoal com os alunos para que eu os conhecesse um pouco melhor. Descobriu-se que 1/3 dos alunos estavam fora da faixa etária da 8ª série; alguns tiveram dificuldades em interpretar perguntas simples como, por exemplo, qual a freqüência de leitura. Percebeu-se, também, sérios erros na ortografia das palavras na língua materna. Mas, a constatação de que a maioria não tinha o hábito ou não gostava de ler foi o item considerado fora do ideal para a concretização satisfatória do trabalho. Com base no que é proposto nas Diretrizes Curriculares Estaduais (PARANÁ 2008), a aula foi desenvolvida utilizando os seguintes segmentos: -Apresentação do texto com a imagem; -Leitura com reflexão acerca do tema; -Desenvolvimento das atividades de interpretação de texto; -Leitura e análise das respostas apresentadas para que cada aluno mostrasse seu posicionamento perante o texto; -Retomada de algum vocábulo ou item gramatical; - Atividades orais e escritas para uma maior formulação de conceitos; -Avaliação das atividades. Alguns itens das estratégias de ação desse projeto estiveram centrados na teoria do desenvolvimento da leitura de Scott (2005, p. 123) que afirma que “parte do trabalho dos professores é ajudar aos alunos, a prepará-los para o mundo adulto e mostrá-los como questionar um texto efetivamente”. 11 Ele propõe uma técnica para ensinar a leitura crítica baseada na teoria dos tópicos, uma técnica chamada de desconfiômetro. Scott (2005) sugere que duas questões devam ser feitas a qualquer texto: a) Quem ganha e quem perde com esta publicação? b)O que não foi mencionado no texto? Além dessas duas questões, outras relacionadas às marcas de textos como fonte, datas, tipo de letra, apresentação da imagem e a sua identificação em relação ao texto e outras perguntas inerentes à interpretação da figura. -Qual a finalidade do texto proposto? -Qual a visão do autor diante do texto? -A que leva as proposições do autor?(PARANÁ, 2008, p.40) A partir daí diferentes ações foram desenvolvidas para se chegar ao que não é explícito no texto. Foi utilizada a teoria dos tópicos. Os alunos eram incentivados a agrupar palavras no texto que pertenciam à mesma categoria. Puderam separá-las por grupos de pessoas, idades, nomes, profissões e outros. Nesse ponto, o aluno já vai formulando hipóteses acerca do texto, considerando o seu conhecimento sobre o assunto e chegando a conclusões. Não foi dada muita ênfase aos aspectos gramaticais, mas a estrutura da língua foi explicada para um melhor entendimento do texto; desta forma, os alunos puderam usar seus dicionários, mas foram alertados para usá-lo apenas como suporte para sanar dúvidas de vocábulos mais difíceis. “Tudo o que se quer é prover um significado para provocar o cérebro a despertar reações num texto usando o que já se tem de conhecimento prévio”. (SCOTT, 2005, p. 135). Quando os alunos conseguiam perceber que os textos geralmente apresentavam fatos relacionados à realidade, puderam ter uma posição mais crítica em relação àquela leitura, e a partir daí, aceitar ou rejeitar a idéia do autor, reconstruí-la e dar-lhe novo significado. (PARANÁ, 2008, p. 41) As questões presentes na interpretação de texto foram elaboradas de modo a perpassar pelas estratégias de leitura e formação do leitor competente (MELLO, 2008), que entende o estudo do texto em três tópicos básicos: o de fazer-saber, 12 fazer-crer e fazer-fazer, e que se o leitor utilizar essas três dimensões conseguirá interpretar um texto de maneira eficiente. Segundo Mello (2008) “olhar o texto e retirar as informações temáticas é metodologia para detectar os sentidos imanentes do texto”. Sendo que temas são elementos abstratos que dão significados às figuras; é a partir do concreto que se vai chegar ao abstrato. E o professor é quem deve levar o aluno a perceber os sentidos imanentes explícitos e implícitos do texto. E segundo ele, ainda há limites para a interpretação, para saber se a informação está correta. Tem que observar a situação comunicativa do texto (quem fala, para quem fala e de onde se fala) para se conhecer as relações de poder e através do texto resgatar o contexto sóciohistórico (em que sociedade o texto está inserido). 3.1 MATERIAL DIDÁTICO Para a aplicação desse projeto, foi elaborado um material didático titulado Working the Images, sendo a escolha de temas a sua primeira etapa desenvolvida. Foi necessário um cuidado especial para verificar temas que estivessem de acordo com a faixa etária daquele grupo de alunos, de forma a possibilitar o entendimento e interesse ao adolescente. Temas relacionados a namoro, escola, automedicação e um tópico muito importante, mas que geraria bastante discussão, a política, também foi inserido para que o educando pudesse pensar, formular conceitos e encontrar caminhos . Algumas das imagens foram obtidas do portal da educação e outras foram desenhadas por artistas da região. Foram produzidos alguns textos que tivessem relação com a imagem e outros como uma fábula e uma citação de Winston Churchill foram escolhidos para compor a unidade didática. Esta parte foi a mais trabalhosa, pois apesar de se ter vasto e riquíssimo material na Internet sobre imagens, a sua utilização se tornou inviável pela dificuldade em se obter autorização de uso. A unidade didática foi dividida em oito lições e cada uma delas subdividida em quatro seções: 13 -1ª Seção: Text Comprehension: compreensão do texto com a discussão de um tema a partir da imagem e questões de interpretação em inglês e outras em português; -2ª Seção: Vocabulary Study: estudo do vocabulário; -3ª Seção: Language Focus: regras sobre as funções gramaticais mais relevantes no texto; -4ª Seção: Activities: atividades variadas para fixação das funções gramaticais presentes no texto. 3.2 RELATO DAS AULAS Com base nas observações colhidas durante a aplicação das atividades em sala-de-aula, relatarei, a seguir, as minhas impressões sobre o comportamento dos alunos diante do que lhes foi proposto. O primeiro contato que os alunos tiveram com o texto foi bastante interessante, pois eles apresentaram imediata prontidão em realizar as atividades escritas, ansiosos pelo uso do dicionário. Mas, foram alertados para observar a imagem e identificar recursos semióticos com a finalidade de obter informações sobre o texto: quem era a pessoa mostrada na imagem; onde ela estava; por que estava vestida daquela maneira; qual a relação de determinadas palavras trazidas na imagem; qual a representação de determinados elementos mostrados. À medida que as respostas iam surgindo, os alunos tiravam suas conclusões; alguns se mostraram mais maduros que outros. Após a discussão, passaram a realizar a compreensão das perguntas que estavam em inglês, momento em que houve surpresa com o empenho dos alunos em realizar este tipo de atividade. Foi necessário explicar sobre a função gramatical em seu contexto no texto. O material teve que ser recolhido para que fosse concluído na aula seguinte. Na segunda aula, foi devolvido o material aos alunos para que terminassem a primeira lição. Observou-se que os alunos estavam levando a sério o desenvolvimento das atividades; reforçava-se a todo o momento que não era para 14 amassar, riscar ou sujar o material, pois, no final, seria feito uma pasta com todos os trabalhos. Na terceira aula, foi entregue a 2ª unidade do projeto e repetiu-se o mesmo processo de decifrar elementos semióticos. Foi pedido para observarem as cores do desenho, as expressões das pessoas e tentassem imaginar porque o autor fez este desenho, para quem e o que ele queria que as pessoas pensassem ao ver aquela imagem. E até aquele momento, o interesse deles estava ainda voltado para as atividades de compreensão de vocabulário (caça-palavras, traduzir usando dicionário). Como várias palavras que estavam no primeiro texto também apareceram no segundo, ficou mais fácil a compreensão do vocabulário. Foi pedido que deixasse levar o trabalho para casa, mas foi recusado, apesar da insistência. Era preciso ainda um tempo para saber como se comportavam em relação ao desenvolvimento das atividades. Na quarta aula, foi recomeçada a unidade 2 e percebeu-se que os alunos ainda continuavam dedicados em responder as questões relacionadas ao texto, apesar de considerarem um pouco difícil o fato de ter que responder em língua inglesa. Mas, como havia também atividades de caça-palavras, a turma ficou mais animada. Nas aulas seguintes, os alunos estavam mais atentos à imagem e já sugeriram o que ela poderia querer dizer e cada detalhe não passou despercebido. A discussão desse tema da aula, utopia, ajudou bastante em relação à interpretação. Outro aspecto bastante interessante foi a inclusão de alguns vocábulos que os alunos não conheciam em português como utopia e ceticismo. Foi proposto um trabalho em que os alunos teriam que encontrar uma imagem, dar um título, escrever algo sobre ela. Era um trabalho para ser desenvolvido em casa e foi onde se percebeu que a maioria dos alunos daquela série não tinha o compromisso com tarefas. E este é um grande desafio a ser enfrentado. Na lição seguinte, o assunto era sobre o namoro na escola. Um tema bastante complicado, em que qualquer argumento contrário ao de ser perfeitamente normal namorar na escola não surte efeito. Não houve um só aluno que não partilhasse desta idéia. Alguns estudantes têm namorados/namoradas, mas somente dois namoram na escola, e desses dois, um quase não para na sala por conta do namoro, o que serviria de exemplo para a discussão daquele tema. 15 Não se imaginava que seria tão trabalhoso e demorado responder em inglês as questões apresentadas. Quando o tempo não era suficiente, os alunos concluíam as atividades em suas casas. Cada unidade era vista e corrigidos alguns erros. Os alunos ficaram à vontade para responder as perguntas em português e eram direcionados, questionados e levados a interpretar a imagem por um prisma diferente, observando este ou aquele aspecto; e se o tempo fosse maior para o desenvolvimento das atividades, o resultado apresentado provavelmente seria mais satisfatório. O assunto também serviu para rever alguns pontos divergentes na escola, como o fato de os alunos do período noturno fumar nas dependências do colégio. Nesta unidade, houve uma atividade com uma imagem bem diferente e com um tema bastante abstrato em que os alunos teriam que encontrar um tema para ela. Eles puderam soltar a imaginação e extrapolar. As unidades 6 e 7 foram apresentadas com slides e os aspectos da imagem foram discutidos a partir daí. Os textos eram trabalhados de acordo com a metodologia acima relatada. Os alunos foram levados para o laboratório de informática para fazer uma pesquisa sugerida pela unidade 8, por meio da qual eles tiveram que descobrir o significado da imagem dos três macacos. Foi uma atividade muito prazerosa, pois os alunos tiveram a oportunidade de exercitar suas habilidades em informática e tirar muitas dúvidas acerca dos sites pesquisados. 3.3 ALGUMAS FACES DA IMAGEM Até alguns anos atrás, não se compreendia o poder da imagem no contexto educação, que era vista como um acessório na compreensão do texto. E em relação ao seu uso nas aulas de língua inglesa a sua passagem era neutra. No atual cenário, tem-se outra dimensão de seu estudo e de sua influência na interpretação dos textos em língua inglesa. A maioria dos concursos e vestibulares coloca uma imagem em forma de tirinhas, charges ou outros, para ser interpretada. O foco está direcionado para a imagem, que vem apresentada de diferentes formas, seja através de charges, figuras, fotos, desenhos, grafites, e 16 outros. Cada uma tem sua especificidade e particularidade que deve ser questionada e analisada para se concluir a verdadeira intenção do autor. Há duas décadas, as pessoas não prestavam tanta atenção à imagem e isto talvez se deva ao fato de que o efêmero e o novo não vinha da maneira como é hoje. Se for apresentada uma charge para as pessoas que estão informadas com o que está acontecendo na mídia, por exemplo, elas facilmente farão a sua correlação com a situação do cotidiano; é muito fácil, rápido e precisa a confirmação da informação. A interpretação da imagem também tem muito a ver com a cultura de determinada região que retrata seu modo de pensar o mundo. E ela pode ser muito particular, e vista sob vários aspectos, causando constrangimentos e até comoção social. É o caso de uma cidade no Paraná, em que o prefeito da cidade designou um artista plástico para esculpir uma imagem que ilustrasse o portal da cidade e ele esculpiu duas personagens obesas. A população entendeu que o artista os taxou de obesos e foram protestos para todos os lados. Outra cidade, também do Paraná, teve como representação da cidade um homem segurando uma foice e um punhado de cana. As pessoas da cidade não aprovaram por terem sido consideradas cortadores de cana, e lançaram protestos. Quando perguntado aos alunos qual a imagem ou propaganda que mais chamou a atenção, uma grande maioria relatou sobre uma mesma propaganda veiculada na televisão sobre o PROUNI – Programa Universidade Para Todos, na qual uma moça de classe baixa consegue superar a sua condição financeira e concluir os estudos. Mostrou-se impregnado aí todo sentimento, perspectiva que alguns alunos almejam. Alguns alunos, do sexo masculino, representaram ainda sua condição de homem na qual o poder dos hormônios fala mais alto, ou seja, escreveram que a imagem da mulher é a que mais agrada. As propagandas escolhidas eram despidas de qualquer dificuldade de interpretação. E até o fato de eles colocarem que o que chama muito a atenção são as cores vem também confirmar que a interpretação fica em segundo plano. Ajudado pelas atuais facilidades tecnológicas, não há um só dia que um adolescente não aparece fazendo poses e tirando fotos, e são fotos principalmente de si mesmos. Nunca sua imagem teve tanta importância; têm que sair bem para ser postado no “orkut”. 17 3.4 GRUPO DE TRABALHO EM REDE (GTR) A experiência de trabalhar como tutora de um curso a distância proporcionou à professora-pesquisadora um grande avanço como profissional e ser humano. Teve que se despir de toda falta de coragem e vencer o medo de enfrentar o desconhecido. O conhecimento buscado perpassou por vários segmentos do uso da tecnologia virtual e o material pesquisado veio acrescentar a formação teórica sobre o assunto. A primeira etapa pela qual se passou foi a de participar de um curso a distância com outros professores PDE do Estado. Essa atividade além de ser divertida, foi muito criativa, pois não havia o receio de lidar com as pessoas conhecidas uma das outras; e o professor tutor era muito habilidoso e competente na sua função, sempre interagindo e pronto a ajudar. Citando Moran (2009) “é fundamental o papel do professor-orientador na criação de laços afetivos. Os cursos que obtêm sucesso e menos evasão dão ênfase ao atendimento ao aluno e criação de vínculos” Este projeto do curso a distância deve ser considerado um ato inovador e empreendedor, pelo fato de ter sido desenvolvido com professores que não tinham nenhum conhecimento das novas tecnologias. O curso a distância aplicado envolveu professores da Rede Estadual de Educação com a finalidade de colaboração para a implementação do projeto desenvolvido pela professora-pesquisadora no que diz respeito à sua teoria, análise didática e aplicação. À medida que os participantes teciam seus comentários, poderse-ia mudar a estratégia de ação ou outro item visando à melhoria da aplicação do projeto. Citarei, a seguir, alguns comentários postados pelos professores do GTR, que julguei mais relevantes e que, de uma forma ou outra, contribuíram para a implementação do projeto: 18 “Trabalhar as estratégias de leitura é um processo que vem orientar o aluno a interagir com o autor (questões sugeridas no item 8 do seu projeto) e a fazer com que ele perceba a relação com o que está aprendendo x com a sua realidade, através de uma postura crítica dele a respeito do tema proposto. Isso é fundamental e vem incentivar o aluno a refletir, discutir e agir, na busca de soluções, com independência.” (participante 1) “Levando-se em consideração de que não podemos esquecer que o nosso foco também é trabalhar a LE, outras habilidades além do “reading” são necessárias (difícil pensar em trabalhar somente com uma delas), e ainda, o nosso aluno ter uma tendência significativa de falta de interesse (também em leitura) e aversão à língua estrangeira, seria interessante deixar bem claro: como você pensa em trabalhar as questões de compreensão de texto? E as discussões sobre o tema proposto? Que tipo de atividade deverá ser proposto para trabalhar no “pos reading”? Em LA ou LM?” (participante 1) “Concordo com você quando diz que nossos alunos não sabem interpretar textos e nem explorar as informações ou detalhes (imagens) que enriquecem a leitura e proporcionam a ampliação da visão de mundo do mesmo.” (participante 2) “A leitura do texto associada à exploração de imagens para desenvolver a leitura crítica é uma das formas que pode ser usada para transformar o modo de o aluno perceber a realidade e ao mesmo tempo motivar a auto estima dele ao ver que ele é capaz de ler e entender a língua inglesa (língua alvo), explorando esses recursos e sem precisar recorrer sempre aos dicionários e querer traduzir tudo ao pé da letra.” (participante 2) A interpretação e compreensão de textos em língua estrangeira empregada na forma convencional dificultam bastante a compreensão do assunto, levando em consideração que o educando não domina na totalidade o assunto nem a linguagem verbal, por isso, a utilização da linguagem não verbal facilita a compreensão e ativa a imaginação do aluno fazendo com que ele busque conhecimentos adquiridos anteriormente. (participante 3) A participação da professora-pesquisadora no GTR fez com que uma gama de possibilidades surgisse para a concretização de diferentes objetivos relacionados à educação. As críticas negativas serviram para enfrentamento de dificuldades e nova postura diante das opiniões e as críticas positivas vieram como incentivo para que cada vez mais se busque o novo aprendizado. 19 CONSIDERAÇÕES FINAIS A necessidade de mudar uma situação que, até então, não tinha tomado uma proporção tão aparente me fez pensar no desenvolvimento de um projeto que fizesse com que os alunos tomassem outra postura diante de um texto com imagem que ao observá-lo deixasse a ingenuidade de lado e utilizasse todas as significações que o texto dispõe. A escola sempre trabalhou variados textos com os adolescentes, mas nunca havia apresentado uma temática mais complexa, em que seria exigida uma opinião. O interpretar é algo muito mais intenso que o simples olhar e deduzir sem muitos questionamentos. A realidade do educando mostrava que não havia intenção ou preocupação de descobrir o que a obra queria dizer. Os projetos de leitura que a Escola oferece ainda não são capazes de suprir toda a necessidade expressa pelo educando. Mas, com a nova formação que o Governo do Estado está oferecendo aos professores através do PDE, por meio do qual estes têm a chance de estudar vários teóricos e diferentes maneiras de pensar a educação, a situação terá grandes oportunidades de mudança e enriquecimento. O projeto Explorando aspectos semióticos na compreensão da leitura veio em uma hora bastante oportuna, já que a escola onde seria desenvolvido faz parte de uma triste situação de baixo rendimento no aproveitamento escolar. A escola vem realizando ao longo dos bimestres alterações em todos os sentidos para que seja revertido o contexto. Situação esta que exigirá a revisão de outros pontos na educação para se tentar chegar ao início do problema. Este projeto representa um eficiente começo. A comunidade escolar teve boa aceitação e cooperação na realização do projeto e firmou compromisso para que ele alcançasse todos os objetivos propostos, desde a impressão de materiais, incentivo nas atividades, até a observação discreta do desenrolar das atividades. Uma situação que o projeto conseguiu fortalecer de forma positiva foi fazer com que o aluno falasse, expressasse suas idéias sem medo de estar cometendo algum deslize; várias vezes um ou outro aluno comentava: “Ai, professora, a senhora conversa tanto com a gente”. Não se constrói um conhecimento só com conhecimentos elaborados, a formação do pensamento crítico também se faz através de indagações e incentivo à expressão de opiniões. 20 Uma das dificuldades de trabalhar uma língua estrangeira na escola pública é a falta de material impresso, de um livro didático, de cópias e, até mesmo, de uma simples folha sulfite. Sobre o tempo de hora-aula, tem que ter muita imaginação para poder aproveitar o pequeno espaço que a aula permite. Não é possível enviar diariamente tarefas para a fixação de vocábulos. Então, o aluno passa vários anos estudando a língua inglesa e, ao final, parece que não aprendeu o suficiente, pois, apesar de ser importante desenvolver elementos críticos no estudante, na percepção do aluno, se não aprendeu vocábulos, significa que não aprendeu nada. O projeto foi bem vindo nesta parte, pois proporcionou várias atividades escritas que vinham prontas. Foi um estímulo que inspirou bastante o educando, pois foi proposta sua realização em sala, embora eles quisessem levar o material para terminar a tarefa em suas casas. No começo foram impedidos de levar o material, mas depois o pedido foi concedido. Não foi difícil o desenvolvimento das atividades, pois as duas salas eram pouco numerosas, 35 alunos, sendo assim, o fator indisciplina não atrapalhou, sendo possível a realização de discussões, questionamentos e argumentações. É curioso pensar que a maioria das salas tem problema com a superlotação, e nestas que têm poucos alunos, a dificuldade se concentrou no nível de maturidade cognitiva da criança; o que me parece ser um problema mais difícil de ser solucionado com rapidez e que foi grande empecilho na realização dos objetivos almejados de uma maneira mais completa. A efetivação do projeto foi considerada positiva no sentido de uma mudança na maneira de os alunos enxergarem um texto. Foi verificado até uma extrapolação, um exagero, tanto era a vontade de darem a resposta correta. Considero esta extrapolação como representando a desinibição, a coragem de participar oralmente das atividades de interpretação. É realmente estimulante e compensador ouvir um aluno dizer: “olha, professora, agora estou aprendendo inglês”. A mudança de atitude, o respeito mútuo, a motivação e a certeza de que podem concluir trabalhos é o começo de um longo processo de desenvolvimento escolar e pessoal. A imagem estimula o cérebro, tira da apatia, leva à imaginação, reproduz sentimentos que podem ser bons ou ruins. Basta verificarmos os e-mails construídos na base de slides com imagens que levam ao riso, à comoção e ao choro. E sempre haverá algum e-mail que chamará a atenção. Querem tocar a mente, fazer com que mais pessoas se humanizem com a dor ou alegria de imagens que falam por si, 21 querem também uma mudança de comportamento, visão perante as coisas efêmeras da vida, um alerta, um aviso e que por mais quantidade de e-mails tem sempre um que insiste meio que já desacreditado que a pessoa vá ler: “dê um tempo em tudo que você está fazendo, LEIA.” Ter uma situação de entrave no contexto educacional e poder ter como driblar através de alternativas como a do estudo sistematizado de teóricos que não faziam nenhuma correlação com o cotidiano, enfrentar desafios de dominar a área tecnológica, estudar e ter a ânsia de continuar pesquisando e conhecendo foram propostas cumpridas e fizeram parte de uma conquista. Ler uma teoria e se enxergar, fazer parte deste mundo, podendo concordar ou não e ainda mais, justificar seu ponto de vista são formas de enriquecimento cultural e profissional. Levar sua experiência para o âmbito da pesquisa e contracenar com o mais alto nível de conhecimento são realizações que confirmam a escolha que fazemos em ser mais que um simples educador e continuar a busca pela solução dos problemas. REFERÊNCIAS BANDEIRA, Pedro. Diretas. Revista Ler & Cia. Curitiba, set./out., 2008 CURTAIN, H.; PEZOLA, C. A. B. Languages and children: making the match. 2. ed. New York. Longman Publishing Group, 1994. FAIRCLOUGH, N. Language and power. London: Longman.1989. HALLIDAY, Michael Alexander Kirkwood; HASAN, Ruqayia. Language, context, and text: aspects of language in a social-semiotic perspective. Oxford University Press, 1989. MELLO,Luis Carlos Migliozzi F. Estratégia de Leitura e a Formação do Leitor Competente. Universidade Estadual de Londrina, 03, 08 e 09 de set. 2008 MOITA-LOPES, Luiz Paulo da. A construção do Gênero e do Letramento na Escola: Como um tipo de conhecimento gera outro. 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