GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SECRETARIA DE ESTADO DO AMBIENTE – SEA Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) VOLUME 6 Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais TOMO II Avaliação de Oportunidades de Recuperação Energética Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Agosto, 2013 Rev. 00 1/54 ÍNDICE 1 APRESENTAÇÃO .............................................................................................................7 1.1 Tipologias de Resíduos Analisadas.................................................................................7 2 ASPECTOS GERAIS RELACIONADOS COM O APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DE RESÍDUOS 7 2.1 Aspectos Normativos ......................................................................................................7 2.2 Cenários do Estudo de Viabilidade..................................................................................8 3 INCINERAÇÃO COM APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DE RSU ............................................8 3.1 Aspectos Gerais Relacionados à Incineração de RSU ....................................................8 3.1.1 INCINERAÇÃO ........................................................................................................8 3.1.2 OS RESÍDUOS COMO COMBUSTÍVEIS- PCI E PCI ÚTIL ...............................................8 3.1.3 PREVISÃO DE EVOLUÇÃO DO PCI .......................................................................... 10 3.1.4 COMPARAÇÃO ENTRE INCINERAÇÃO E RECICLAGEM ................................................ 11 3.1.5 COMPARAÇÃO ENTRE INCINERAÇÃO DE RSU NÃO BENEFICIADOS E OS REJEITOS DE TRATAMENTO DE RSU ......................................................................................... 12 3.2 Estudo de uma Incineradora de Rejeitos de RSU .......................................................... 13 3.2.1 DESCRIÇÃO GERAL DA INSTALAÇÃO ....................................................................... 13 3.2.2 DADOS BÁSICOS DO DIMENSIONAMENTO ................................................................ 14 3.2.3 BALANÇO DE MASSA DA INSTALAÇÃO ..................................................................... 16 3.2.4 BALANÇO ENERGÉTICO DA INSTALAÇÃO ................................................................. 17 3.2.5 DEPURAÇÃO DOS GASES DE COMBUSTÃO .............................................................. 17 3.3 Análise Econômica da Incineradora de Rejeitos de RSU ............................................... 18 3.3.1 CUSTOS DE INVESTIMENTO ................................................................................... 18 3.3.2 CUSTOS DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO (O&M) ..................................................... 19 3.3.3 RENDIMENTOS DA EXPLORAÇÃO ........................................................................... 20 3.3.4 OUTRAS VARIÁVEIS ECONÔMICAS DO ESTUDO ....................................................... 20 3.3.5 RESULTADOS DA ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA NO CENÁRIO INICIAL .................. 21 3.4 Conclusões................................................................................................................... 23 4 BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DE RSU ...............................................................................24 4.1 Obtenção da Fração Úmida para Aproveitamento Energético ....................................... 25 4.2 Relação entre a Biodigestão Anaeróbia e outras Operações de Gestão de RSU ........... 26 4.3 Análise Econômica de uma Instalação de Biodigestão Anaeróbia de RSU .................... 27 4.3.1 CUSTOS DE INVESTIMENTO ................................................................................... 28 4.3.2 CUSTOS DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO (O&M) ..................................................... 28 4.3.3 RENDIMENTOS DE EXPLORAÇÃO ........................................................................... 28 4.3.4 OUTRAS VARIÁVEIS ECONÔMICAS DO ESTUDO ....................................................... 29 4.3.5 RESULTADOS DA ANÁLISE ECONÔMICO FINANCEIRA NO CENÁRIO INICIAL .................. 29 4.4 Conclusões................................................................................................................... 31 5 APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DE RASP ....................................................................32 5.1 Descrição Geral da Central ........................................................................................... 32 5.2 Descrição do Processo ................................................................................................. 33 5.3 Análise de Viabilidade................................................................................................... 35 5.3.1 PARÂMETROS PRINCIPAIS DE FUNCIONAMENTO DA INSTALAÇÃO ............................... 35 5.4 Conclusões................................................................................................................... 36 6 ELABORAÇÃO DE CDR A PARTIR DE RSU ......................................................................36 6.1 Aspectos gerais relacionados com os CDR ................................................................... 36 6.1.1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 36 6.1.2 ELABORAÇÃO DE CDR A PARTIR DE RESÍDUOS COMO PARTE DA GESTÃO DE RESÍDUOS 37 Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 2 /54 6.1.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ELABORAÇÃO DE CDR A PARTIR DE RSU ............. 37 6.1.4 RELAÇÃO ENTRE O CDR E O CSR ......................................................................... 38 6.2 Processo de elaboração de CSR a partir de RSU ......................................................... 39 6.3 Conclusões................................................................................................................... 41 7 APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DE RI...........................................................................42 ANEXOS .........................................................................................................................43 ANEXO 1: TECNOLOGIAS DE INCINERAÇÃO DE RESÍDUOS ANEXO 2: TECNOLOGIAS DE LAVAGEM DOS GASES DE COMBUSTÃO Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 3 /54 ÍNDICE DE QUADROS QUADRO 3.1-1: PCIU DOS MUNICÍPIOS PEQUENOS ...............................................................9 QUADRO 3.1-2: PCIU DOS MUNICÍPIOS MÉDIOS ....................................................................9 QUADRO 3.1-3: PCIU DOS MUNICÍPIOS GRANDES .................................................................9 QUADRO 3.1-4: IMPACTO NO PCI DA EVOLUÇÃO DA GRAVIMETRIA DOS RSU ........................10 QUADRO 3.2-1: PCI ESTIMADO ..........................................................................................15 QUADRO 3.2-2: TRATAMENTO DE CONTAMINANTES DOS GASES DE COMBUSTÃO ..................17 QUADRO 3.3-1: PARÂMETROS BÁSICOS DO ESTUDO. INCINERAÇÃO DE RESÍDUOS ................21 QUADRO 3.3-2: RESULTADOS DO ESTUDO INICIAL. INCINERAÇÃO DE RESÍDUOS ....................21 QUADRO 3.3-3: ANÁLISE DA SENSIBILIDADE DA INCINERAÇÃO. SUBSÍDIOS ............................22 QUADRO 3.3-4: ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DA INCINERAÇÃO. GATE FEE ..............................22 QUADRO 3.3-5: ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DA INCINERAÇÃO. PREÇO DA VENDA DA ENERGIA 22 QUADRO 4.3-1: PARÂMETROS BÁSICOS DO ESTUDO. BIODIGESTÃO ANAERÓBIA ...................29 QUADRO 4.3-2: RESULTADOS DO ESTUDO INICIAL. BIODIGESTÃO ANAERÓBIA RSU...............30 QUADRO 4.3-3: ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DE BIODIGESTÃO RSU. SUBSÍDIOS ....................30 QUADRO 4.3-4: ANÁLISE SENSIBILIDADE BIODIGESTÃO RSU . GATE FEE ..............................30 QUADRO 4.3-5: ANÁLISE SENSIBILIDADE BIODIGESTÃO RSU. PREÇO DA ENERGIA ................31 QUADRO 5.3-1: PARÂMETROS PRINCIPAIS DE FUNCIONAMENTO DA INSTALAÇÃO ...................35 QUADRO 5.3-2: RESULTADOS DO ESTUDO INICIAL. BIODIGESTÃO ANAERÓBIA RA .................35 QUADRO 6.1-1:SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO PARA COMBUSTÍVEIS SÓLIDOS RECUPERADOS ..39 ANEXO QUADRO 1.1- VANTAGENS E DESVANTAGENS DA TECNOLOGIA FORNO DE GRELHAS .............47 QUADRO 1.2 - VANTAGENS E DESVANTAGENS DA TECNOLOGIA FORNO DE LEITO FLUIDIZADO50 Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 4 /54 ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA 3.2-1:COMPONENTES PRINCIPAIS DE UMA UVE – RSU............................................14 FIGURA 3.2-2: HIPÓTESE DE ESQUEMA DO FUNCIONAMENTO CONSIDERADO DAS CTRS........15 FIGURA 3.2-3: BALANÇO DE MASSA DE UMA UVE - RSU COM TECNOLOGIA DE FORNO DE GRELHAS MÓVEIS .........................................................................................................16 FIGURA 3.2-4 - SISTEMA DE CONTROLE DE POLUIÇÃO EM UVE RSU FONTE: ESTUDO DE ALTERNATIVAS DE TRATAMENTO RSU. VIA PÚBLICA. DEZ 2012 .......................................18 FIGURA 3.3-1: CAPACIDADE DA INCINERADORA VS INVESTIMENTO FONTE: W ORLD BANK GUIDANCE REPORT: MUNICIPAL SOLID W ASTE INCINERATION, 1.999. ..............................19 FIGURA 4.1-1: FLUXOGRAMA DA COLETA SELETIVA DA FRAÇÃO ÚMIDA DE RSU....................25 FIGURA 4.1-2: FLUXOGRAMA DA SEGREGAÇÃO DA FRAÇÃO ÚMIDA DE RSU..........................26 FIGURA 4.3-1: DIAGRAMA DO FLUXO DE DIGESTÃO ANAERÓBIA............................................27 FIGURA 5.1-1: CENTRAL DE BIODIGESTÃO ANAERÓBIA - RASP ............................................33 ANEXO FIGURA 1.1- GRELHA DE BALANCINS ...................................................................................45 FIGURA 1.2 - GRELHA “RECIPROCATING GRATE” ..................................................................45 FIGURA 1.3 - SISTEMA MARTIN ...........................................................................................46 FIGURA 1.4 - GRELHA TIPO VOLUND ...................................................................................46 FIGURA 1.5 - ESQUEMAS DE TECNOLOGIAS DE FORNOS DE LEITO FLUIDO .............................49 Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 5 /54 ÍNDICE DE ABREVIATURAS AS ATERRO SANITÁRIO CDR COMBUSTÍVEL DERIVADO DE RESÍDUOS CTB CENTRAL DE TRIAGEM E BENEFICIAMENTO CTDR CENTRAL DE TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS DBO5 DEMANDA BIOLÓGICA DE OXIGÊNIO DQO DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO ETA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA ETC ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE CHORUME (LIXIVIADO) ETE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO GEE GASES DE EFEITO ESTUFA PCI PODER CALORÍFICO INFERIOR PCIU PODER CALORÍFICO INFERIOR ÚTIL P/P PAPEL/PAPELÃO PERS/RJ PLANO ESTADUAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS RIO DE JANEIRO PNRS POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS RASP RESÍDUOS AGROSSILVOPASTORIS RCC RESÍDUOS CONSTRUÇÃO CIVIL RE RESÍDUOS ESPECIAIS RI RESÍDUOS INDUSTRIAIS RSS RESÍDUOS SERVIÇOS SAÚDE RSU RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS SEA SECRETARIA DE ESTADO DO AMBIENTE DO RIO DE JANEIRO UVE UNIDADE DE VALORIZAÇÃO ENERGÉTICA Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 6 /54 TOMO II 1 AVALIAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE RECUPERAÇÃO ENERGÉTICA 1.1 TIPOLOGIAS DE RESÍDUOS ANALISADAS De todas as tipologias que contempla o PERS, este documento analisa as possibilidades de aproveitamento energético das tipologias, RSU, RI e RASP, uma vez que são as que representam maior potencial de aproveitamento energético. Em relação as outras tipologias, também são considerados potencialmente valorizáveis, todos os componentes gravimétricos que sejam similares às tipologias analisadas. 2 ASPECTOS GERAIS RELACIONADOS ENERGÉTICO DE RESÍDUOS 2.1 COM O APROVEITAMENTO ASPECTOS NORMATIVOS A Lei n° 12.305/10 (Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS) indica no art.3°- VII “destinação final ambientalmente adequada”: destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras designações (...). Portanto, o aproveitamento energético de resíduos está contemplado dentro das operações de destinação final ambientalmente adequada de resíduos. Não obstante, nas Diretrizes aplicáveis aos resíduos (art.9° Lei n° 12.305) esclarece-se que: Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. §1º Poderão ser utilizadas tecnologias visando à recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos, desde que tenha sido comprovada sua viabilidade técnica e ambiental e com a implantação de programa de monitoramento de emissões de gases tóxicos, aprovado pelo órgão ambiental. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 7 /54 Portanto, as operações de “Tratamento” devem ser consideradas antes da disposição final de resíduos. Dentro desta categoria, encontram-se os tratamentos analisados neste documento: 2.2 Incineração com aproveitamento energético; Biodigestão; Elaboração de Combustível Derivado de Resíduos (CDR). CENÁRIOS DO ESTUDO DE VIABILIDADE Os casos de aproveitamento energético analisados neste documento são: Incineração com aproveitamento energético de RSU; Biodigestão anaeróbia de RSU; Biodigestão anaeróbia de RASP; Elaboração de CDR a partir de RSU; Aproveitamento energético de RI. 3 INCINERAÇÃO COM APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DE RSU 3.1 ASPECTOS GERAIS RELACIONADOS À INCINERAÇÃO DE RSU 3.1.1 Incineração A incineração é um processo de combustão a temperaturas superiores a 850ºC, com excesso de oxigênio relacionado à quantidade química estequiométrica da reação padrão. É um processo exotérmico, que, uma vez iniciado, mantém-se com o próprio calor liberado durante a reação. 3.1.2 Os Resíduos como Combustíveis- PCI e PCI Útil Para o aproveitamento energético dos resíduos, o potencial energético é o primeiro fator a ser analisado. Este fator é quantificado através do valor do poder calorífico inferior (PCI). O poder calorífico de um combustível é a quantidade de energia (kJ ou kcal) produzida a partir da combustão de um 1 quilo deste. No caso do combustível úmido, aplica-se o conceito de poder calorífico inferior útil (PClu), que é calculado considerando a % de umidade no ambiente. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 8 /54 Em relação aos RSU, o PCI total equivale ao PCO de cada uma das frações combustíveis existentes na sua gravimetria. As frações consideradas combustíveis dos RSU são, preferencialmente, os plásticos e o papel-papelão. A contribuição da matéria orgânica é menos relevante devido ao seu alto teor de umidade. Por outro lado existem frações que não contribuem para o PCI, tais como os metais, vidro, inertes, etc. A partir das diferentes gravimetrias estabelecidas no relatório de Diagnóstico dos RSU, é realizada uma estimativa do PCIu dos RSU do Estado do Rio de Janeiro, obtendo-se um valor entre 1.900 e 2.000 kcal/kg, tal como pode ser observado no Quadro 3.1-1Erro! Fonte de referência não encontrada. ao Quadro 3.1-3: QUADRO 3.1-1: PCIU DOS MUNICÍPIOS PEQUENOS COMPONENTE MUNICÍPIOS PEQUENOS GRAV (%) PCI (SEC) PCI (U) APORTE (PCI) 216 1.454 123 196 Matéria Orgânica Papel / Papelão 56,72% 13,45% 1.800 2.000 Plásticos Vidro Metais Outros 18,63% 2,83% 1,58% 6,79% 100% 9.000 7.368 0 0 0 0 4.500 3.225 Total PCI Útil (Kcal/kg) 1.373 0 0 219 1910 QUADRO 3.1-2: PCIU DOS MUNICÍPIOS MÉDIOS COMPONENTE GRAV (%) MUNICÍPIOS MÉDIOS PCI (SEC) PCI (U) APORTE (PCI) Matéria Orgânica Papel / Papelão 53,03% 16,57% 1.800 2.000 216 1.454 115 241 Plásticos 19,69% 9.000 7.368 1.451 Vidro Metais Outros 2,95% 1,49% 6,27% 100% 0 0 0 0 4.500 3.225 Total PCI Útil (Kcal/kg) 0 0 202 2.008 QUADRO 3.1-3: PCIU DOS MUNICÍPIOS GRANDES COMPONENTE GRAV (%) MUNICÍPIOS GRANDES PCI (SEC) PCI (U) APORTE (PCI) Matéria Orgânica 53,28% 1.800 216 115 Papel / Papelão 15,99% 2.000 1.454 232 Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 9 /54 Plásticos 19,14% 9.000 7.368 1.410 Vidro 3,28% 0 0 0 Metais Outros 1,57% 6,74% 100% 0 0 4.500 3.225 Total PCI Útil (Kcal/kg) 0 217 1.975 Considerações sobre os Resultados Obtidos: 1. O valor de PCI dos RSU é aproveitável, considerando as possibilidades tecnológicas, para a incineração, a partir de uma determinada escala (100.000 t/ano), conforme os padrões tecnológicos atualmente estabelecidos. 2. Este intervalo de valores de PCI faz com que o processo de incineração seja, em comparação com outros tipos de tratamento térmico, como a pirólise ou a gaseificação, o mais adequados para valores de PCI médios ou altos. 3.1.3 Previsão de Evolução do PCI A evolução do PCI dos RSU no futuro, fator importante no dimensionamento das tecnologias de aplicação a longo prazo, como a incineração, vai depender da evolução de cada fração que compõe sua gravimetria (Quadro 3.1-4). QUADRO 3.1-4: IMPACTO NO PCI DA EVOLUÇÃO DA GRAVIMETRIA DOS RSU FRAÇÃO Matéria orgânica (combustível) EVOLUÇÃO POSSÍVEL IMPACTO NO PCI DOS RSU APROVEITÁVEIS NO FUTURO Diminuição da produção em consequência do aumento do poder aquisitivo. É uma fração combustível que vai diminuir a sua % nos RSU disponíveis para aproveitamento energético. Desenvolvimento da coleta seletiva de MO Papel/Papelão (combustível) Aumento da produção p/p em consequência do aumento do poder aquisitivo. Aumento da coleta seletiva de p/p Plásticos (combustível) Por outro lado também diminui a % de umidade do conjunto. Aumento da produção de plásticos, consequência do aumento do poder aquisitivo. O impacto no futuro PCI será favorável, ou não, em função do êxito do desenvolvimento da coleta seletiva. Aumento da coleta seletiva de plástico Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 10 /54 FRAÇÃO EVOLUÇÃO POSSÍVEL Vidro (não combustível) Aumento da produção de vidro consequência do aumento do poder aquisitivo, ainda que de forma mais moderada que os plásticos e p/p Aumento da coleta seletiva de vidro Metais (não combustível) Aumento da produção de metais consequência do aumento do poder aquisitivo. IMPACTO NO PCI DOS RSU APROVEITÁVEIS NO FUTURO A sua % dentro dos RSU não implica alterações do PCI, por o não ser relevante. Aumento da coleta seletiva de metais É difícil estabelecer um prognóstico, mas a tendência é que o aumento do poder aquisitivo da população tenha como consequências a diminuição da fração orgânica (até valores de 45-50%) e o aumento na produção de embalagens (plásticos, p/p, metais, vidro). O aumento da coleta seletiva destas embalagens é também uma tendência. Além disso, nem todas as frações de plástico/metais/papel-papelão/vidro presentes nos RSU são embalagens, não podendo garantir um rendimento muito elevado da coleta seletiva destes componentes, portanto, não é de esperar alterações substanciais no PCI dos resíduos no futuro. 3.1.4 Comparação entre Incineração e Reciclagem Em princípio, a relação existente entre incineração e reciclagem, é que ambas são consideradas como operações de destinação ambientalmente adequada de resíduos. No que se refere às diretrizes, a reciclagem está em primeiro na hierarquia das operações de tratamento, e por isso, deve ser priorizada em relação à incineração. Não obstante, a reciclagem está intimamente relacionada com a coleta seletiva e a logística reversa, assim como a participação dos catadores em cada uma das fases, o que corrobora a necessidade de se priorizar a reciclagem em relação à incineração, sempre que viável do ponto de vista técnico, econômico e ambiental. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 11 /54 3.1.5 Comparação entre Incineração de RSU não Beneficiados e os Rejeitos de Tratamento de RSU A incineração continua a ser uma opção possível dentro das operações de destinação ambientalmente adequada de resíduos a médio e longo prazo no Estado do Rio de Janeiro? A incineração de resíduos, como citado anteriormente, só deve ser considerada para os casos em que a realização de operações prévias de reciclagem, compostagem, e outros, não é viável, sendo que para esses casos, é necessário realizar um estudo detalhado da viabilidade técnico-econômica da solução. Em principio é positivo considerar a incineração dos rejeitos de processos e de plantas de tratamento de RSU. Gestão Atual1: Recicláveis (coleta seletiva) RSU Disposição final ambientalmente adequada Triagem Beneficiamento CTDR CTB Rejeitos Aterro Sanitário Gestão com Incineração de Rejeitos: Recicláveis (coleta seletiva) RSU Triagem Beneficiamento CTDR CTB Aproveitamento Energético Disposição final ambientalmente adequada Incineração Aterro Sanitário As vantagens principais de uma proposta deste tipo são: Introdução de uma etapa adicional de valorização destes resíduos, mais eficiente, com o seu aproveitamento energético; Redução (90% de volume, 75% em peso) dos resíduos que seriam depositados em aterro sanitário, acarretando em um aumento da vida útil destas instalações. 1 Cabe considerar que em termos de gestão atual, com a existência de CTDRs (atuais e previstos), nem todos os resíduos que chegam a estas instalações são objeto de triagem e beneficiamento, sendo enviados diretamente ao aterro sanitário para a sua disposição final. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 12 /54 Por outro lado, uma análise da viabilidade técnica e econômica da aplicação da tecnologia deve ser realizada, uma vez que representam custos elevados de investimento e O&M, bem como as consequências em relação a um aumento dos custos de tratamento dos resíduos para as prefeituras. 3.2 ESTUDO DE UMA INCINERADORA DE REJEITOS DE RSU 3.2.1 Descrição Geral da Instalação Uma unidade de valorização energética de resíduos (UVE - RSU) por incineração compõe-se, principalmente, pelos seguintes módulos/instalações: Recepção, pré-tratamento e armazenamento de resíduos: controle de acesso, báscula, fossas de armazenamento, garras mecânicas, etc; Linha de incineração: conjuntos de forno-caldeira junto às instalações auxiliares; Sistema de lavagem de gases; Sistema de coleta, armazenamento e tratamento de escórias; Sistema de coleta, armazenamento e tratamento de cinzas2; Linha de valorização energética: ciclo água-vapor, turbo-gerador elétrico, subestação transformadora, etc.; Edificações de serviços comuns: escritórios, administração, vestiários, armazéns, salas de aulas, oficinas, etc.; e, Linha elétrica de conexão com a rede de distribuição elétrica. 2 As cinzas podem ser tratadas na própria instalação ou em uma instalação externa Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 13 /54 FIGURA 3.2-1:COMPONENTES PRINCIPAIS DE UMA UVE – RSU 3.2.2 Dados Básicos do Dimensionamento Capacidade Nominal As UVE - RSU apresentam capacidades globais de tratamento compreendidas, geralmente, entre 100.000 e 400.000 t/ano. O caso analisado neste estudo será de 365.000 t/ano (1.000 t/dia). Número de Linhas de Incineração Taxa anual de utilização: 8.000 h/ano (normalmente entre 7.500-8.000 h/ano). Capacidade teórica de tratamento: 45,63 t/h. Considerando que as capacidades unitárias das linhas de incineração forno-caldeira variam normalmente de 6 a 303 t/h, torna-se necessário a utilização de 2 linhas de tratamento, com uma capacidade nominal unitária de 22,81 t/h. PCI do Resíduo a Tratar Para estimar o PCI do resíduo a tratar, consideram-se as mesmas hipóteses utilizadas no Volume 6 – Tomo I “Estudo de aplicabilidade dos conceitos MDL”: 3 Existem tecnologias que informam de tratamentos até 50 t/h. Sem embargo, o intervalo mais comum é o indicado: 6-30 t/h. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 14 /54 Considera-se que 80% dos RSU de entrada são enviados diretamente ao aterro. Isto equivale a 292.000 t/ano com um PCI médio de 1.950 kcal/kg. Em relação aos 20% restantes (73.000 t/ano), foram estabelecidas as seguintes hipóteses em relação ao seu funcionamento: FIGURA 3.2-2: HIPÓTESE DE ESQUEMA DO F UNCIONAMENTO CONSIDERADO DAS CTRS O PCI estimado para estes rejeitos foi: QUADRO 3.2-1: PCI ESTIMADO COMPONENTE GRAV (%) MUNICÍPIOS MÉDIOS PCI (SEC) PCI (U) APORTE (PCI) Matéria Orgânica 42,35% 1.800 216 91 Papel / Papelão 19,85% 2.000 1.454 289 Plásticos 23,59% 9.000 7.368 1.738 Vidro Metais 3,53% 0,66% 0 0 0 0 0 0 Outros 10,02% 4.500 3.225 Total PCI Útil (Kcal/kg) 323 2.441 Portanto, seriam tratados 365.000 t/ano com um PCI médio de 2.048,21 kcal/kg. Tipo de Forno A diferença principal entre as tecnologias de incineração é o tipo de forno utilizado. As classes existentes são: forno de grelhas, forno de leito de fluidizado, forno rotativo. Para este estudo opta-se por um forno de grelhas móveis. No Anexo 1 deste documento é realizada uma descrição ampliada das diferentes tipologias de fornos existentes, bem como as vantagens e desvantagens de cada um. Capacidade Térmica de Dimensionamento (Unitária e Global) Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 15 /54 A capacidade térmica unitária de dimensionamento para cada linha de fornocaldeira será de 54,33 MWth, dispondo uma capacidade térmica global de 108,66 MWth. 3.2.3 Balanço de Massa da Instalação Uma das grandes vantagens da incineração de resíduos é a elevada redução de peso e volume do resíduo inicialmente tratado. Para a tecnologia selecionada neste relatório, é estimada uma redução de 75% em peso, e 90% em volume. O balanço de massa obtido está representado na Figura 3.2-3: 5% RSU entrada 365.000 INCINERAÇÃO t/ano Cinzas 18.250 t/ano 20 % Escorias 73.000 t/ano FIGURA 3.2-3: BALANÇO DE MASSA DE UMA UVE - RSU COM T ECNOLOGIA DE FORNO DE GRELHAS MÓVEIS As escórias (cinzas pesadas) (20%) procedentes do forno (resíduos que não queimaram por completo, devido às suas características não combustíveis), são consideradas como resíduos classe II-B. Devem ser gerenciadas adequadamente, existindo possibilidades tecnológicas de valorização como granulados reciclados. As cinzas (cinzas leves) (5%) resultantes são coletadas em partes distintas da instalação: i) Cinzas volantes do forno que ficam incrustadas na matriz tubular da caldeira. ii) Cinzas coletadas pelo sistema de depuração de gases. iii) Produtos resultantes do sistema de depuração de gases. Estas cinzas devem ser consideradas e gerenciadas como resíduos de classe I. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 16 /54 3.2.4 Balanço Energético da Instalação A capacidade térmica global da instalação, como já indicado, é de 108,66 MWth. Levando em consideração que o rendimento bruto deste tipo de instalações costuma ser de 26% e subtraindo a parte correspondente ao autoconsumo (4%), tem-se um rendimento líquido da instalação de 22%, o que supõe uma produção elétrica líquida de 23,91 MWel. 3.2.5 Depuração dos Gases de Combustão A combustão dos resíduos forma um gás de elevada temperatura, que ao passar por um trocador de calor (caldeira), produz o vapor que posteriormente irá acionar a turbina, cujo movimento com o alternador produz a energia elétrica gerada na UVE. Estes gases de combustão passam por um sistema completo de depuração de gases, para que possam ser expulsos ao exterior mediante a chaminé. Um sistema de depuração de gases pode englobar os seguintes tipos de tratamento, em função dos contaminantes a serem depurados: QUADRO 3.2-2: T RATAMENTO DE CONTAMINANTES DOS G ASES DE COMBUSTÃO CONTAMINANTE T RATAMENTO Monóxido de carbono - CO Assegurar a completa combustão no forno Óxidos de nitrogênio - NOx Reação de redução no interior do forno4 Outros gases ácidos: HCl, HF, SOx… Reação de absorção em câmaras de reação5 Metais pesados Reação de adsorção com carvão ativado Dioxinas e furanos Reação de adsorção com carvão ativado Partículas em suspensão Filtros de mangas / Eletrofiltros 4 5 Esta redução pode ser catalítica ou não catalítica Sistemas úmido, semiúmido ou seco em função da utilização de água na respectiva câmara. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 17 /54 FIGURA 3.2-4 - SISTEMA DE CONTROLE DE POLUIÇÃO EM UVE RSU FONTE: ESTUDO DE ALTERNATIVAS DE TRATAMENTO RSU. VIA PÚBLICA. DEZ 2012 Os sistemas de depuração de gases existentes atualmente atendem de forma satisfatória os requisitos estabelecidos pelas normas ambientais. No Anexo 2 deste documento são apresentadas mais informações relativas às opções existentes de tratamento de gases de combustão. 3.3 ANÁLISE ECONÔMICA DA INCINERADORA DE REJEITOS DE RSU 3.3.1 Custos de Investimento O custo total do investimento é a soma dos custos derivados dos seguintes itens: Obra civil e equipamentos da UVE; Custo de aquisição de terrenos; Custos de urbanização dos terrenos e infraestruturas elétricas de conexão com a rede de distribuição necessária; Fundos de operação e custos imprevistos durante o período de construção e comissionamento (2-3 anos); Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 18 /54 Entre outros. Geralmente, a relação entre investimentos necessários e a capacidade da UVE é inversamente proporcional à eficiência econômica. Nesse sentido, ganhar escala equivale a investimentos mais eficientes nesta tecnologia. FIGURA 3.3-1: CAPACIDADE DA I NCINERADORA VS INVESTIMENTO FONTE: WORLD BANK GUIDANCE REPORT: M UNICIPAL SOLID WASTE INCINERATION, 1.999. Os custos de investimento devem ser analisados e calculados detalhadamente para cada caso. Neste estudo, foram consideradas as seguintes referências: Custo de 230.000 U$6 (R$ 505.000 aprox.) por t/dia processada Custo de 200.000 US$7 (R$ 440.000 aprox.) por t/dia processada Dado que a capacidade nominal da UVE é de 365.000 t/ano (1.000 t/dia), levando em consideração o valor de referência R$ 475.000 por t/dia processada, obtém-se um custo total de investimento de R$475 Milhões. 3.3.2 Custos de Operação e Manutenção (O&M) Em relação aos custos de O&M, existem custos fixos e variáveis: 6 Fonte: Figura 3-5. Fonte: Estudo de alternativas de Tratamento de RSU. Vía Pública. 2012. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 19 /54 7 Custos variáveis: dependem diretamente da quantidade real de resíduos tratados na incineradora (reativos de processo, consumíveis, eletricidade, combustível auxiliar necessário no queimador do forno, tratamento de escórias e cinzas, etc.); Custos fixos: mão de obra, manutenção e substituição de equipamentos, diversos (seguros, formação, jardinaria, limpeza industrial, segurança, impostos, etc.). Neste estudo será considerado o valor de R$1008 /t. 3.3.3 Rendimentos da Exploração Os rendimentos da exploração provêm de duas fontes: Venda do excedente de energia elétrica à rede de distribuição. Considerase o valor R$150/MWh. Receita por tratamento do RSU. Para este estudo considera-se o valor inicial de R$80/t. Não são considerados possíveis rendimentos relacionados à venda de frações recicláveis (metais recuperados da escória), adotando-se uma hipótese conservadora. 3.3.4 Outras Variáveis Econômicas do Estudo Período de análise do estudo: 20 anos; Taxa de avalancagem: 20% Fundos próprios – 80% Empréstimo bancário; Juros do empréstimo bancário: 8%. Período de devolução: 20 anos; Taxa Selic: 8%; Hipótese inflação anual: 4,5%. 8 O valor resultante calculado com dados próprios é de 88,50 R$/t. Considera-se para o estudo o valor mais conservador. Fonte: Estudo de alternativas de Tratamento de RSU. Via Pública. 2012. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 20 /54 3.3.5 Resultados da Análise Econômico-Financeira no Cenário Inicial Os parâmetros básicos sobre os quais é realizado o estudo inicial de viabilidade econômico-financeira do projeto são: QUADRO 3.3-1: PARÂMETROS BÁSICOS DO ESTUDO. INCINERAÇÃO DE RESÍDUOS ITEM VALOR Volume diário processado 1.000 t/d9 Horas operação 8.000 h/ano Período de análise 20 anos PCI 2.048 kg/kcal Produção venda elétrica para ANÁLISE SENSIBILIDADE 23,91 MWel Será analisada a obtenção de subsídios de 25% 50% sobre o total de inversão Investimento Total R$475.000.000 Custo O&M R$100 /t Preço venda eletricidade R$150 /MWh Será analisado o cenário com R$165 e 180/MWh Gate fee10 R$80 /t Será analisado o cenário com R$140 e 200/t Taxa de alavancagem 20/80 Os resultados obtidos são: QUADRO 3.3-2: RESULTADOS DO ESTUDO INICIAL. I NCINERAÇÃO DE RESÍDUOS CENÁRIO I NICIAL Taxa Interna de Retorno (TIR) - 1,78% Valor Presente Líquido (VLP) R$ 381 Milhões negativos Como pode ser observado no Quadro 3.3-2, este tipo de projeto não é rentável nas condições consideradas. A seguir, no Quadro 3.3-3 são apresentados os resultados da análise de viabilidade, modificando as variáveis: obtenção de subsídios, preço da venda da energia elétrica e gate fee. 9 Considera-se constante ao longo de todo o período de análise (20 anos) Valor cobrado na recepção do RSU 10 Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 21 /54 Resultados Conforme a Obtenção de Subsídios (0-25-50%) QUADRO 3.3-3: ANÁLISE DA SENSIBILIDADE DA INCINERAÇÃO. SUBSÍDIOS ITEM Taxa Interna Retorno (TIR) Valor Presente Líquido (VLP) SUB-0% SUB-25% SUB-50% -1,78% 0,82% 5,09% R$ -381 Milhões R$ -220 Milhões R$ -65 Milhões Gate Fee – R$80/t. Venda energia - R$150/MWh A rentabilidade do projeto, logicamente, vai aumentando à medida que se aumenta a quantidade de subsídios. Não obstante, inclusive para o cenário de subsídios de 50% do investimento, obtém-se uma rentabilidade abaixo da Taxa Selic. Resultados Conforme Gate fee (R$80–140- 200/t) QUADRO 3.3-4: ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DA INCINERAÇÃO. GATE FEE ITEM Taxa Interna Retorno (TIR) Valor Presente Líquido (VLP) R$80/T R$140/T R$200/T -1,78% 4,22% 8,89% R$ -381 Milhões R$ -159 Milhões R$ 41 Milhões Subsídios – 0%. Venda energia - R$150/MWh Como pode ser observado, a rentabilidade aumenta significativamente conforme aumenta-se o Gate fee. A viabilidade econômica é mais sensível às variações do Gate fee que às dos subsídios. O valor mínimo de Gate Fee, para obter uma TIR de 8%, análoga à Taxa Selic, é de R$188/t. Este custo é muito maior que os atuais custos de disposição final em aterros. Resultados Conforme o Preço da Venda de Energia (R$150–165-180/MWh) QUADRO 3.3-5: ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DA INCINERAÇÃO. PREÇO DA VENDA DA ENERGIA ITEM Taxa Interna Retorno (TIR) Valor Presente Líquido (VLP) 150 R$/MWH 165 R$/MWH 180 R$/MWH -1,78% -1,23% 0,67% R$ -381 Milhões R$ - 357 Milhões R$ -334 Milhões Subsídios – 0%. Gate Fee – R$80/t A sensibilidade da rentabilidade econômica do projeto para estas variações é muito pequena. O valor do Preço da venda mínimo para obter uma TIR de 8%, análoga à Taxa Selic, é de R$394/Mwh. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 22 /54 3.4 CONCLUSÕES A tecnologia de incineração para RSU está comprovada e disponível no mercado. A incineração, como fase de aproveitamento energético não é incompatível com as operações de reciclagem e compostagem dos RSU, se considerada como fase intermediária entre os tratamentos e a disposição final ambientalmente adequada em aterros sanitários. As UVE-RSU requerem escala. A tecnologia permite um intervalo de instalações de 100.000 a 400.000 t/ano, sendo que quanto maior for a escala mais rentáveis são as instalações. O cenário de estudo considera uma capacidade nominal de 350.000 t/ano. A rentabilidade econômica de uma UVE-RSU, devido aos elevados custos de investimento e de O&M, está ligada a um esforço econômico das autoridades públicas, seja mediante subsídios de investimentos ou aumento dos custos de tratamento dos resíduos (Gate Fee). Por outro lado, a aplicação desta tecnologia apresenta vantagens tais como: a valorização energética de resíduos; menores emissões de GEE 11, quando comparadas com outras instalações de produção de energia elétrica ou aterros sem captação de biogás; a UVE pode ser localizada perto dos lugares de produção de RSU, em superfícies menores que os aterros. Uma vez que o desenvolvimento de uma UVE-RSU requer um tempo significativo, de 3 a 5 anos, considerando todas as etapas desde a concepção inicial até à fase de comissionamento da instalação (licenciamento incluído), não se prevê a sua aplicação em um cenário de curto prazo dentro do Estado do Rio de Janeiro. Recomenda-se realizar, estudos detalhados da viabilidade técnica e econômica da aplicação desta tecnologia nos consórcios/arranjos de maior produção de resíduos, com o objetivo de dispor de informação concreta e adaptada à situação do Estado quanto às possibilidades de desenvolvimento de UVE-RSU. 11 Gases de efeito estufa Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 23 /54 4 BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DE RSU Os processos de biodigestão anaeróbia de resíduos são descritos no Doc. 8-9 “Avaliação de Alternativas Tecnológicas Existentes e Proposta de Adequação” do PERS, dentro das opções de tratamento da fração úmida dos RSU. RSU-FH-N-7.- Digestão anaeróbia via úmida. RSU-FH-N-8.- Digestão anaeróbia via seca. Como indicado no respectivo documento, as características principais destas tecnologias são: Redução de 15% do volume de resíduo; Tecnologia comprovada; Decomposição da fração úmida com geração de composto; Obtenção de gases com elevado poder calorífico que podem ser valorizados (principalmente de forma energética); Processo confinado onde se controla a produção de lixiviados e odores; Balanço energético equilibrado (positivo no caso de geração energética na própria instalação); - Custos de manutenção elevados; - Sistema complexo e sensível, requer uma operação por parte de operários qualificados; - Riscos associados ao armazenamento de gases; - Processo sensível à qualidade dos resíduos de entrada. Requer uma separação prévia da MO (tromel+extração de metais) para o caso de tratamento de RSU sem coleta seletiva da fração úmida. Como pode ser observado, a biodigestão anaeróbia oferece uma solução ao tratamento da fração úmida dos RSU com possibilidade de aproveitamento energético. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 24 /54 4.1 OBTENÇÃO DA FRAÇÃO ÚMIDA PARA APROVEITAMENTO ENERGÉTICO Antes de realizar a análise de viabilidade econômica desta tecnologia, convêm analisar a forma na qual pode ser obtida a fração úmida dos RSU. O processo de biodigestão anaeróbia só é aplicado à fração úmida dos RSU. Portanto, será necessário segregá-la previamente, antes de realizar o processo. Esta segregação pode ser realizada de duas maneiras: Coleta Seletiva da Fração Úmida de RSU. Recicláveis (coleta seletiva) CTDR CTB RSU Fração Úmida (coleta seletiva) Disposição final ambientalmente adequada Triagem Beneficiamento Rejeitos Biodigestão Aterro Sanitário Rejeitos FIGURA 4.1-1: FLUXOGRAMA DA COLETA SELETIVA DA FRAÇÃO ÚMIDA DE RSU Neste caso a fração úmida coletada é de boa qualidade, já que não está misturada com o resto de componentes gravimétricos dos RSU, fazendo com que os resultados do processo de biodigestão anaeróbia sejam muito melhores. Por outro lado, a localização da instalação de biodigestão anaeróbia é independente da localização dos CTDR e CTB. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 25 /54 Fração Úmida de RSU Segregada nos CTDR ou CTB Recicláveis (coleta seletiva) RSU Disposição final ambientalmente adequada Triagem Beneficiamento CTDR CTB Rejeitos Aterro Sanitário Fração Úmida (coleta seletiva) Rejeitos Biodigestão FIGURA 4.1-2: FLUXOGRAMA DA SEGREGAÇÃO DA FRAÇÃO ÚMIDA DE RSU Neste caso a fração úmida deve ser separada do restante dos RSU por meios manuais, mecânicos ou de aplicação de tecnologias12. A qualidade da fração úmida obtida deste modo é inferior àquela obtida através a coleta seletiva. Entretanto, a instalação de biodigestão deve estar localizada na mesma área que a CTDR ou CTB. 4.2 RELAÇÃO ENTRE A BIODIGESTÃO ANAERÓBIA E DE RSU OUTRAS OPERAÇÕES DE GESTÃO A digestão anaeróbia de resíduos não interfere com as operações de reciclagem e beneficiamento dos materiais recicláveis que estão presentes nos RSU, já que é uma operação que só é realizada sobre a fração úmida destes resíduos. Trata-se de um tipo de tratamento alternativo à compostagem, isto é, como ambos são realizados sobre a fração úmida dos RSU, não podendo ocorrer ao mesmo tempo. Ou seja, é preciso escolher que tipo de tratamento deve ser aplicado à fração úmida dos RSU. 12 Por exemplo, Tecnologias de separação por tamanhos (RSU-FS-N-1, descrita no Volume 5). Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 26 /54 4.3 ANÁLISE ECONÔMICA RSU13 DE UMA INSTALAÇÃO DE BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DE Os digestores anaeróbios disponíveis no mercado mundial apresentam ampla variedade em termos de projeto (cilíndricos, retangulares), de regime de operação (contínuos ou de batelada), de temperatura de processo (mesofílico ou termofílico), de grau de umidade (via úmida ou via seca), entre outros parâmetros. A Figura 4.3-1 apresenta o conjunto de variáveis que podem ser obtidas com esta tecnologia: FIGURA 4.3-1: DIAGRAMA DO FLUXO DE DIGESTÃO ANAERÓBIA Do ponto de vista técnico, não há nenhuma restrição para que todas as atividades representadas sejam desenvolvidas simultaneamente. Apenas a análise local pode fornecer parâmetros para a escolha das atividades de interesse Para fins de uma análise conservadora, o sistema de digestão anaeróbia proposto opera à temperatura mesofílica (ótimo entre 36ºC a 40ºC), em sistema contínuo e 13 Os dados e resultados da análise de viabilidade deste tipo de instalação são do Estudo de Alternat ivas de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos, realizado por Via Pública em Dezembro de 2012 Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 27 /54 por via úmida, com pouca ou nenhuma adição de água, dado o alto grau de umidade do RSU brasileiro. O equipamento para digestão anaeróbia, complementado por uma pequena central de geração de eletricidade, foi acrescido de um sistema de remoção de recicláveis secos na recepção do RSU. Esse complemento atende a duas questões: A primeira é que a digestão anaeróbia ocorre nos materiais degradáveis. A inserção de plásticos, metais, vidros, papel e papelão no biodigestor, apenas reduz espaço produtivo no seu interior, diminuindo a produção de biogás por volume processado. A segunda e principal questão, é que a separação dos recicláveis secos tem múltiplos benefícios econômicos e ambientais. 4.3.1 Custos de Investimento Para esta análise foi considerado um sistema de biodigestão com uma capacidade nominal de 510 t/d, provenientes de 1.000 t/d de RSU iniciais. Portanto, é incluído dentro do investimento, a instalação de uma área de recuperação de materiais recicláveis, capaz de processar 320 t/d. O custo total de investimento é R$152 Milhões (R$120 da parte especifica de biodigestão e R$32 Milhões da parte correspondente de recuperação de recicláveis). 4.3.2 Custos de Operação e Manutenção (O&M) Respectivamente aos custos de O&M existem custos fixos e variáveis. Custos variáveis: dependem diretamente da quantidade real de resíduos tratados (consumos/insumos, resíduos gerados, etc.); Custos fixos: mão de obra, manutenção e reposição de equipamentos, diversos, etc. Será considerado um valor de R$70/t 4.3.3 Rendimentos de Exploração Os rendimentos da exploração proveem de duas fontes: Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 28 /54 Venda do excedente de energia elétrica à rede de distribuição. Considerase o valor de R$150/MWh. Rendimentos para o tratamento dos RSU. Considera-se o valor inicial de R$80/t. Venda dos materiais recicláveis recuperados. Como no caso da incineração, esta variável não será considerada neste estudo. Tampouco serão considerados os rendimentos possíveis do aproveitamento como fertilizante do substrato resultante da digestão do processo, adotando uma hipótese conservadora. 4.3.4 Outras Variáveis Econômicas do Estudo Período de análise do estudo: 20 anos; Taxa de avalancagem: 20% Fundos próprios – 70% Empréstimo bancário; Juros do empréstimo bancário: 8%. Período de devolução: 20 anos; Taxa Selic: 8%; Hipótese inflação anual: 4,5%. 4.3.5 Resultados da Análise Econômico Financeira no Cenário Inicial Os parâmetros básicos sobre os quais é realizado o estudo inicial de viabilidade são: QUADRO 4.3-1: PARÂMETROS BÁSICOS DO ESTUDO. BIODIGESTÃO ANAERÓBIA ITEM VALOR 14 Volume diário processado 1.000 t/d Volume diário digerido 510 t/d Dias operação 330 d/ano Geração eletricidade 0,28 MW/t Investimento Total R$152.000.00 Custo O&M R$70/t 14 ANÁLISE SENSIBILIDADE Será analisada a obtenção de subsídios de 10% 25% sobre o total de investimentos Considera-se constante ao longo de todo o período de análise (20 anos) Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 29 /54 ITEM VALOR Gate fee R$80/t Preço venda eletricidade R$150/MWh Taxa de avalancagem 20/80 ANÁLISE SENSIBILIDADE Será analisado um cenário com R$100 e 120/t Será analisado um cenário com R$165 e 180/MWh Os resultados obtidos são: QUADRO 4.3-2: RESULTADOS DO ESTUDO INICIAL. BIODIGESTÃO ANAERÓBIA RSU CENÁRIO I NICIAL Taxa Interna de Retorno (TIR) 7,15% Valor Presente Líquido (VLP) R$ 15 Milhões negativos O valor da rentabilidade econômico-financeira está próximo ao valor da Taxa Selic ainda que fique um pouco abaixo da mesma. Do Quadro 4.3-3 ao Quadro 4.3-5 são apresentados os resultados obtidos ao variar o valor de algumas variáveis de estudo: obtenção de subsídios, preço da venda de energia elétrica e Gate fee. Resultados Conforme a Obtenção de Subsídios (0-10-25%) QUADRO 4.3-3: ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DE BIODIGESTÃO RSU. SUBSÍDIOS ITEM SUB-0% SUB-10% SUB-25% 7,15% 8,29% 10,35% R$15 Milhões negativos R$5 Milhões R$33 Milhões Taxa Interna Retorno (TIR) Valor Presente Líquido (VLP) Gate Fee – R$80/t. Venda energia - R$150/MWh A rentabilidade do projeto vai aumentando à medida que aumenta a quantidade de subsídios. Não é necessário receber um subsídio elevado para que o projeto seja rentável. Resultados Conforme a Obtenção de Gate Fee (R$80-100-120/t) QUADRO 4.3-4: ANÁLISE SENSIBILIDADE BIODIGESTÃO RSU . GATE FEE ITEM R$80/T R$100/T R$120/T 7,15% 10,96% 14,48% R$15 Milhões negativos R$53 Milhões R$120 Milhões Taxa Interna Retorno (TIR) Valor Presente Líquido (VLP) Subv – 0%. Venda energia - 150 R$/MWh O rendimento econômico do projeto é bastante sensível às variações do Gate fee. O valor de Gate fee que viabiliza o projeto, nas condições iniciais, é R$84/t. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 30 /54 Resultados Conforme o Preço da Venda de Energia (R$150-165-180/MWh) QUADRO 4.3-5: ANÁLISE SENSIBILIDADE BIODIGESTÃO RSU. PREÇO DA ENERGIA ITEM Taxa Interna Retorno (TIR) Valor Presente Líquido (VLP) R$150/MWH R$165/MWH R$180/MWH 7,15% 7,55% 7,95% R$15 Milhões negativos R$8 Milhões negativos R$1 Milhões negativos Subv – 0%. Gate Fee- R$80/t Como pode ser observado, o preço de venda da energia não influi muito no comportamento econômico do projeto. O preço da venda da energia que viabiliza este projeto, para as condições iniciais consideradas, é aproximadamente R$182/MWh. 4.4 CONCLUSÕES A tecnologia de biodigestão anaeróbia de RSU está comprovada e disponível no mercado. A experiência Europeia na aplicação desta tecnologia indica que o rendimento do processo é melhor e apresenta menores problemas para os casos da coleta seletiva da fração úmida dos RSU. No caso de não existir coleta seletiva, a separação da fração úmida terá que ser realizada previamente nos CTDRs e/ou CTBs. A existência ou não da coleta seletiva da fração úmida, influi também na localização da instalação de biodigestão anaeróbia. A rentabilidade econômica deste tipo de instalações não requer grandes esforços públicos de subsídios, mas do estabelecimento de um custo de tratamento (Gate fee). O valor de Gate fee que viabiliza o projeto nas condições iniciais é de R$84/t. A aplicação desta tecnologia apresenta vantagens como o aproveitamento energético dos resíduos e possibilidade de aplicação do material resultante da digestão. Este tecnologia é incompatível com a compostagem, já que são tratamentos alternativos que podem ser aplicados sobre a fração úmida dos RSU. Cabe analisar com detalhe, caso por caso e previamente, que tipo de tecnologia é necessário fomentar ou qual pode ser mais viável. Portanto, como no caso anterior, e considerando o desenvolvimento deste tipo de tecnologias a médio prazo, recomenda-se a realização de estudos detalhados de viabilidade técnica e econômica de aplicação desta tecnologia nos consórcios/arranjos do Estado. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 31 /54 5 APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DE RASP Existe a possibilidade de aproveitar energeticamente os resíduos agrossilvopastoris, mediante processos de biodigestão anaeróbia. Este tipo de resíduo, dada a sua elevada carga orgânica, é muito apropriado para este tipo de processo. Em relação ao Estado do Rio de Janeiro, existe uma produção de resíduos provenientes da pecuária, apresentado no Volume 2 – Tomo II Diagnóstico dos resíduos Agrossilvopastoris, que poderia ser gerenciado deste modo, utilizando os resíduos bovinos, a curto-médio prazo. A aplicação desta tecnologia no RASP, não só apresenta vantagens de aproveitamento energético dos resíduos (produção de energia ou combustível), como também reduz consideravelmente os GEE emitidos por este setor. A seguir são descritas as principais características desta tecnologia assim como a análise de viabilidade com produção de energia elétrica a partir do biogás gerado (cogeração). 5.1 DESCRIÇÃO GERAL DA CENTRAL A produção de biogás é realizada submetendo os dejetos bovinos e outros subprodutos agroalimentares (opcional, utilização de cosubstratos tais como a silagem de milho) a um processo de biometanização anaeróbica. A Central de biogás deve realizar principalmente duas funções: Reduzir a carga orgânica, desodorizar e acondicionar os dejetos bovinos e subprodutos agroalimentares mediante um processo de digestão anaeróbica. Gerar biogás em quantidade e qualidade adequada para fazer funcionar a unidade de cogeração Os elementos que compõem a Central de biogás são definidos da seguinte forma: Coleta do substrato e alimentação dos digestores. Digestores de mistura completa. Unidade de cogeração e acondicionamento do biogás. Sistemas de evacuação e tratamento dos dejetos. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 32 /54 Automatização da Central. FIGURA 5.1-1: CENTRAL DE BIODIGESTÃO ANAERÓBIA - RASP 5.2 DESCRIÇÃO DO PROCESSO Recepção dos Materiais A Central de biogás deverá receber resíduos líquidos e resíduos sólidos. Para isto, a Central deverá incorporar pelo menos um tanque de recepção de líquidos e um carregador de sólidos. A recepção e descarga de líquidos serão realizadas por meios totalmente automáticos sobre o tanque fechado de recepção que terá dispositivos de mistura e agitação necessários para manter as condições adequadas de homogeneidade do produto a tratar, antes da introdução nos fermentadores. O carregador de sólidos dosificará o material sólido para manter as propriedades adequadas no substrato a processar nos digestores. Mesmo assim, a Central terá uma área impermeabilizada que atuará como silo de armazenamento, tendo um sistema de coleta de lixiviado que o conduzirá ao tanque de recepção de biomassa líquida. Digestão Anaeróbica Os Digestores constituem parte principal da Central de Tratamento e Produção de Biogás. O processo de fermentação pode ser desenvolvido a diferentes temperaturas, uma vez que os diferentes tipos de bactérias envolvidas e adaptam a uma gama térmica bastante ampla. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 33 /54 Habitualmente a temperatura de trabalho utilizada é de 35ºC, pois representa a temperatura que assegura uma maior percentagem de conversão de matéria orgânica em biogás, mantendo os grupos bacterianos estáveis. Uma vez submetido à primeira digestão anaeróbica, o substrato orgânico é bombeado ao segundo digestor, mantendo-se também a 35ºC. Nesta segunda etapa (pósfermentação) será produzido entre 40% e 50% do biogás total. Tratamento Final O produto fermentado, já esgotado, bombeia-se até ao separador S/L. Posteriormente, a fração líquida é bombeada ao depósito de armazenamento final e a fração sólida é transportada a uma área impermeabilizada que atua como silo e que dispõe de um sistema de coleta de lixiviado, conduzindo-o até o tanque de recepção de líquidos. A Central de Tratamento produz uma fração sólida que é convertida em fertilizante sólido depois de um processo de compostagem e uma fração líquida que será utilizada como fertilizante líquido. O fertilizante líquido é armazenado em um tanque, enquanto o sólido é coletado em instalações de armazenamento temporário (área de compostagem) e, que, posteriormente, serão retirados para serem distribuídas nos campos como complemento dos fertilizantes (as áreas de distribuição não estão, identificadas). Tratamento do Biogás Dentro do processo de fermentação, o processo de dessulfurização do biogás se destaca, como meio para reduzir a sua capacidade de corrosão. Este processo protege todos os componentes que entrem em contato com o gás de sofrerem degradação O tratamento do gás, ou dessulfurização do biogás, é realizado mediante a ação biológica de bactérias que transformam o H2S por oxidação. Este processo será realizado no próprio digestor. Central de Cogeração O biogás será valorizado em um motor de cogeração, que transformará a energia do metano em eletricidade e calor, calor este que será destinado ao mesmo processo para os trocadores de calor. Os motores alternativos de combustão interna utilizam os gases para produzir energia mecânica e térmica. O alternador, que está conectado ao motor de combustão, transforma a energia mecânica em eletricidade, parte da qual será destinada ao autoconsumo da exploração pecuária, e o restante poderá ser vendido à rede elétrica geral ou abastecer os consumidores das vizinhanças. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 34 /54 5.3 ANÁLISE DE VIABILIDADE 5.3.1 Parâmetros Principais de Funcionamento da Instalação QUADRO 5.3-1: PARÂMETROS PRINCIPAIS DE FUNCIONAMENTO DA I NSTALAÇÃO ITEM VALOR ANÁLISE SENSIBILIDADE Nº vacas de corte 20.000 uds Quantidade dejetos 540 t/d (dejeto bovino) + 60 t/d (silagem de milho) Substrato Dejetos bovinos + silagem de milho Geração eletricidade 4,86 MWel Investimento Total R$25.000.000 Custo O&M R$1.300.000/ano 15 Custos amortização (10 anos) R$2.500.000/ano Preço venda eletricidade R$150/MWh Taxa de alavancagem 20/80 Período de análise 10 anos Nota: Não são considerados os rendimentos pela venda do substrato resultante da digestão como fertilizante. Os resultados obtidos são: QUADRO 5.3-2: RESULTADOS DO ESTUDO INICIAL. BIODIGESTÃO ANAERÓBIA RA CENÁRIO I NICIAL Taxa Interna de Retorno (TIR) 8,82% Valor Presente Líquido (VLP) R$ 1 Milhões Para o cenário inicial, o projeto é rentável, ou seja, para os cenários onde sejam obtidos subsídios ou valores maiores de venda da energia elétrica, projeto será ainda mais rentável. Observa-se que grande parte da viabilidade deste tipo de instalação, depende da distância da central à rede de distribuição elétrica. Distâncias elevadas implicam a 15 A análise deste tipo de projetos é realizada para 10 anos, em lugar de 20 anos, dada a menor necessidade de investimento. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 35 /54 necessidade de investimentos elevados para executar a linha elétrica de conexão à rede, o que pode inviabilizar o projeto. Nestes casos deverá ser analisada a alternativa de produção de combustível a partir do biogás gerado. 5.4 CONCLUSÕES A tecnologia de aproveitamento energético de RASP existente no mercado está comprovada e disponível. A aplicação desta tecnologia tem efeitos muito positivos, como o aproveitamento energético dos resíduos e a redução de emissões de GEE provenientes desta fonte. O substrato resultante do processo de digestão, se tratado, pode ser aplicado como fertilizante. A rentabilidade econômica deste tipo de projeto está condicionada pela distância e facilidade de acesso à rede elétrica de distribuição. O desenvolvimento de uma central deste tipo não requer tanto tempo quanto as instalações de tratamento de RSU. 6 ELABORAÇÃO DE CDR A PARTIR DE RSU 6.1 ASPECTOS GERAIS RELACIONADOS COM OS CDR 6.1.1 Introdução A obtenção de combustíveis alternativos a partir de RSU é uma prática muito aplicada ao nível Internacional, principalmente em países do centro da Europa como Áustria, Holanda e Alemanha. A nível Estadual, este tipo de aproveitamento energético está sendo aplicado a pequena escala e com RI muito concretos, como pode ser observado no Volume 5 - Avaliação de Alternativas Tecnológicas. Em seguida, serão analisadas as principais características deste tipo de processo, aplicado aos RSU, dentro do contexto do PERS e do quadro legislativo estabelecido na PNRS. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 36 /54 6.1.2 Elaboração de CDR a partir de resíduos como parte da gestão de resíduos Conforme estabelecido no PNRS (art. 35), a ordem de prioridade na gestão de resíduos é a seguinte: não geração, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final ambientalmente adequada de rejeitos. Dentro deste contexto, a elaboração de CDR a partir de RSU para o seu aproveitamento energético pode ser ilustrada da seguinte forma: Recicláveis (coleta seletiva) RSU Triagem Beneficiamento CTDR CTB Disposição final amb. adequada Rejeito 1 Tratamento fração úmida (em CTDR ou outra instalação) Elaboração CDR Rejeito 2 Aterro sanitário Aproveitamento energético CDR Indústria (coproces) Como pode ser observado do diagrama, a fase de preparação de CDR ocorre depois da fase de triagem/beneficiamento nos CTB e/ou CTDR, e é aplicada aos rejeitos resultantes da respectiva fase de triagem/beneficiamento (Rejeito 1) e que normalmente seriam enviados para Aterros Sanitários, para a sua disposição final. O processo de elaboração de CDR tem como resultado a produção de um combustível (destinado a coprocessamento) e um rejeito (Rejeito 2) que deve ser enviado para Aterro Sanitário. 6.1.3 Vantagens e Desvantagens da Elaboração de CDR a partir de RSU Elaborar e utilizar um CDR é positivo do ponto de vista ambiental, já que contribui com mais uma etapa para o aproveitamento de resíduos, neste caso energético, ao invés de ocorrer a sua disposição final ambientalmente adequada. Parte dos componentes do CDR elaborado a partir de RSU, 50% aproximadamente é considerada biomassa e por tanto, fonte de energia renovável. Dessa forma, o uso deste tipo de combustível como substituto Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 37 /54 de combustíveis fósseis convencionais supõe uma redução de emissões de GEE. A implantação de um processo de elaboração de CDR, apesar do seu elevado grau de automatização, não entra em conflito com a participação dos catadores dentro da gestão de resíduos, já que esta etapa de elaboração de CDR é realizada posteriormente. - Este processo necessita de aplicação de tecnologias com custos elevados de investimento e O&M. Dessa forma, só pode ser viabilizado de existir demanda do produto por parte da indústria que vai coprocessar. 6.1.4 Relação entre o CDR e o CSR Existem diversos tipos de CDR, já que a definição deste tipo de combustível é bastante abrangente, sendo elas: Combustíveis sólidos, líquidos, pastosos ou gasosos; Preparados (produzidos) a partir de resíduos perigosos, não perigosos ou inertes; Para o seu aproveitamento energético em incineradores ou coprocessamento em fornos de cimenteiras; De características gerais. Dentro do âmbito de aplicação do PERS, o mais adequado seria falar de CSR (Combustível Sólido Recuperado), o qual é definido da seguinte forma: Combustível sólido; Preparados a partir de resíduos não perigosos; Destinados ao aproveitamento energético em coprocessamento em fornos de cimento; Cumprir umas características concretas de qualidade. incineradoras ou Com a universalização e comercialização deste tipo de combustível, surge a necessidade de estabelecer características concretas mínimas de qualidade, como já ocorreu em mercados consolidados, como no caso da União Europeia. O comitê Europeu de Normalização definiu características de qualidade da seguinte forma: Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 38 /54 QUADRO 6.1-1:SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO PARA COMBUSTÍVEIS SÓLIDOS RECUPERADOS CLASSES PROPRIEDADE Poder calorífico inferior Cloro Mercúrio UNIDADE MJ/kg (media) % (base seca) Mg/MJ (mediana) Mg/MJ (percentil 80) 1 2 3 4 5 > 25 > 20 > 15 > 10 >3 < 0,2 < 0,6 < 1,0 < 1,5 <3 < 0,02 < 0,03 < 0,08 < 0,15 < 0,50 < 0,04 < 0,06 < 0,16 < 0,30 < 1,00 As características de qualidades expostas no quadro acima servem para classificar também os diferentes tipos de CSR. 6.2 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE CSR A PARTIR DE RSU A preparação de CSR a partir de rejeitos de processos prévios, conforme proposto neste documento, requer a aplicação de diferentes tipos de tratamentos e/ou tecnologias com o objetivo de: Adequar o tamanho do resíduo; Eliminar elementos não combustíveis; Reduzir a umidade. A seguir, resume-se em um diagrama, o processo de elaboração geral de CSR, tal como processos e tecnologias necessários.. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 39 /54 Rejeito de entrada Dimensão adequada? Não Processo Tratamento/ Equipamentos Redução do tamanho da partícula Triturador, Moinho, etc Estabilização da matéria orgânica Biodigestão (aeróbia, anaerobia), Secagem Eliminação materiais com Cl e Hg Seleção manual e/ou mecânica Eliminação metais magnéticos e não magnéticos Separador metais magnéticos e não magnéticos Eliminação impróprios Seleção, peneira, separadores automáticos, etc Sim Matéria orgânica estável? Não Sim Baixa concentr. Cl e Hg? Ausência de metais? Não Não Sim Ausência outros impróprios? Não Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 40 /54 Sim umidade adequada? Aspecto. comercial? Não Secagem Tratamentos mecânicos (centrifugado, prensa) ou térmicos Acondicionamiento Granel, balas, briquetes, paletes Não CDR / CSR Serão os requisitos indicados por o consumidor do CSR que determinarão exatamente os processos/tecnologias a serem aplicados. Diante disso, não será apresentado o estudo econômico. 6.3 CONCLUSÕES Os processos de elaboração de CDR/CSR a partir de RSU, para o seu aproveitamento energético, estão contrastados e disponíveis no mercado tecnológico. Este tipo de processo apresenta vantagens de um ponto de vista ambiental, mas necessita de elevados custos de investimento e de O&M. Por tanto, só pode ser viável se existir uma demanda consolidada deste tipo de combustível. O tipo de processo concreto a ser realizado para a produção do CDR/CSR vai depender dos requisitos da indústria onde será realizado o coprocessamento. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 41 /54 Não se prevê um desenvolvimento deste tipo de processos em grande escala e a curto prazo. Um aumento brusco da demanda de combustíveis alternativos para processos térmicos (setor de fabricação, setor de geração de energia, etc), as medidas mais restritivas relativas à emissão de GEE podem causar o desenvolvimento e aplicação deste tipo de processo. 7 APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DE RI As diferentes tecnologias de aproveitamento energético dos RI apresentadas no Volume 5 - “Avaliação de Alternativas Tecnológicas”. estão Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 42 /54 ANEXOS Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 43 /54 ANEXO 1 TECNOLOGIAS DE INCINERAÇÃO DE RESÍDUOS Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 44 /54 Forno de Grelhas O forno é composto por uma estrutura em forma de grades ou roletes móveis por onde o resíduo vai avançando. Através desta estrutura passa o ar primário de combustão, que serve também para refrigerar a grelha. A função da grelha é se mover, misturar e revirar o resíduo favorecendo a sua combustão à medida que avança. Esta tecnologia é amplamente utilizada devido à sua robustez e facilidade de operação. Este tipo de forno, normalmente, não requer um pré-tratamento específico dos resíduos. Em todos os fornos destinados a incineração de resíduos o projeto da grelha é parte fundamental para o correto funcionamento da instalação. Os fornecedores da tecnologia de fornos de grelha oferecem diferentes configurações das mesmas, diferentes métodos de refrigeração e várias possibilidades de movimento. A seguir serão apresentados alguns tipos de fornos de grelha: FIGURA 1.1- GRELHA DE BALANCINS FIGURA 1.2 - GRELHA “RECIPROCATING GRATE” Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 45 /54 FIGURA 1.3 - SISTEMA MARTIN FIGURA 1.4 - GRELHA TIPO VOLUND Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 46 /54 QUADRO 1.1- VANTAGENS E DESVANTAGENS DA T ECNOLOGIA FORNO DE GRELHAS FORNO DE GRELHAS Vantagens Desvantagens Grande flexibilidade com relação às condições do combustível de entrada: Aceita grande heterogeneidade de resíduos sólidos. Suporta resíduos volumosos Preparação prévia dos resíduos. Tem capacidade para incinerar resíduos com baixo PCI e elevada umidade. Tecnologia limitada pelo PCI do resíduo tratado, estando os limites tecnológicos atuais entre 1.500 e 3.600 Kcal/kg Ampla gama de tamanhos de forno para a combustão de RSU e rejeitos. Apresenta uma grande capacidade de tratamento por linha, de até 50 t/h. A escória obtida, em quantidades que oscilam entre 20-25% do peso de resíduo de entrada, necessita de tratamento antes da sua hipotética valorização. Obtenção de graus de combustão muito elevados. Os maiores são apresentados nos fornos de roletes. Maior custo devido à necessidade de tratamento de escórias: Em unidades (custo em investimentos e operação) Gestor externo (custo de operação). Tecnologia constantemente melhorada e em evolução para atender as exigências operacionais, que são: variedade de resíduos a tratar, variação quanto às regulamentações ambientais e às normas de emissão exigidas. Grandes massas de gases a depurar com arraste de partículas e escórias a tratar Existência no mercado de profissionais com experiência comprovada. As diferenças específicas entre alguns fabricantes e outros estão basicamente na forma, inclinação, refrigeração, movimento e tipo dos barrotes que conformam as grelhas. Redução muito elevada do volume de resíduos que entra na usina, tendo como produtos resultantes uma moderada produção de escórias valorizáveis e uma pequena produção de cinzas, consideradas resíduos perigosos. Cabe destacar que a experiência acumulada ao longo dos anos em operação de usinas baseadas neste tipo de tecnologias, permitiu a introdução de uma série de avanços e melhorias que tem permitido incrementar a eficácia global do processo. Em resumo, estes avanços consistem em: Realização de uma alimentação controlada de resíduos com objetivo de reduzir as variações de cargas caloríficas geradoras de irregularidades de combustão. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 47 /54 Diminuição do ar de combustão, utilizando unicamente ar de entrada para a incineração e não para o esfriamento da grelha, que pode ser esfriada por um circuito de ar separado, o que permite incinerar resíduos de PCI mais elevado (até 4.400 kcal/kg). Melhor regulação das vazões de ar (ar primário e ar secundário) a fim de evitar os picos de temperatura (formação de NOx) e de reduzir os conteúdos em CO. Esta regulação permite a possibilidade de efetuar uma nova circulação de gases de combustão. Controle da combustão com objetivo de regular a carga térmica e a temperatura de gases, principalmente mediante o comando separado de várias partes da grelha a fim de recuperar o calor e a escória de boa qualidade. Otimização do rendimento térmico em aproximadamente 80-85%. Maior resistência a elevadas temperaturas, o que garante a destruição de determinados contaminantes como as dioxinas e furanos. Forno de Leito de Fluidizado Este tipo de forno pretende melhorar o processo de combustão por meio da criação de um leito de material inerte refratário (areia ou calcário), onde se injeta ar comprimido através de difusores, que produzem um efeito de fluidificação por meio da expansão do seu volume. Os resíduos que entram “flutuam” em cima deste leito e passam através deste à medida que vão sendo incinerados. Para que os resíduos “flutuem” é necessário viabilizar a homogeneidade do resíduo de entrada e uma granulometria apropriada, obrigando a instalação de um módulo de prétratamento e homogeneização, anteriores ao forno. Existem diferentes tipos de fornos com leito fluidizado, em função da forma de injeção do ar no leito de areia, e, mesmo assim, existem diferentes fornecedores de tecnologia para cada um destes tipos. Assim têm-se os seguintes tipos de leitos: Leito Fluido Borbulhante Neste tipo de forno injeta-se o ar pela parte inferior do forno através de uma placa de distribuição, conseguindo um efeito borbulhante, mantendo desta forma o leito em suspensão. O resíduo é de aproximadamente 2-3% em peso do leito. Este tipo de forno é utilizado principalmente para os resíduos com valor calorífico baixo, como os lodos. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 48 /54 Leito Fluido “Revolting Type” O objetivo deste leito é melhorar o contato das partículas mantendo um movimento contínuo. O leito é do tipo borbulhante no qual o ar é injetado de forma não uniforme, criando zonas diferenciadas de passagem do ar. Adicionalmente instalam-se defletores na zona inferior do leito com o objetivo de criar um movimento circular de agitação. Leito Fluido Circulante Esta tecnologia nasce com a intenção de melhorar o sistema borbulhante, detendo uma combustão mais completa e um maior controle sobre a temperatura. A velocidade do ar através do leito aumenta fazendo com que parte deste seja arrastado pelos gases de combustão. FIGURA 1.5 - ESQUEMAS DE TECNOLOGIAS DE FORNOS DE LEITO FLUIDO Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 49 /54 QUADRO 1.2 - VANTAGENS E DESVANTAGENS DA T ECNOLOGIA F ORNO DE LEITO FLUIDIZADO FORNO DE LEITO FLUIDIZADO Vantagens Inconvenientes Permitem o tratamento de certas quantidades de resíduos líquidos e semipastosos, assim como de grandes quantidades de lamas de estações de depuração (até 50% das toneladas tratadas). Em princípio, está melhor adaptado para a incineração de resíduos mais homogêneos como os procedentes da biomassa. Limitações no tamanho dos objetos a introduzir: como um máximo de 30 cm. Objetos maiores não fluidizam bem, afundando-se em direção ao fundo e interferindo na fluidificação do próprio leito. Este fato faz com que, na realidade, a manutenção deste tipo de fornos seja mais complexa e custosa que a de grelhas. Manutenção menor dado que não possuem grelha de apoio para o deslocamento e a combustão de resíduos: os resíduos são diretamente injetados no leito onde é efetuada a combustão. Limitação na forma dos objetos que podem ser tratados: A forma granular é o estado físico ideal para a fluidificação. Os materiais em forma de pregos ou placas não fluidificam bem. Facilidade de operação e controle: devido à rapidez do processo de combustão, o tempo de reação é da ordem de segundos. A temperatura de trabalho fica limitada pelo ponto de fusão do material pelo qual está constituído. Se houver material que se funde no leito, esses podem se aglomerar as partículas sólidas fundidas até produzir a perca da fluidificação do leito. A enorme inércia do leito permite operar durante um período de 24 horas com o próprio calor acumulado. Ainda assim, permite-se absorver variações da carga térmica aportada por os resíduos. Necessidade de separação prévia dos materiais com baixo ponto de fusão (Sn, Pb, Ao, etc) e de materiais com alto conteúdo em metais alcalinos (Na, K) que em contato com a areia do leito geram misturas de baixo ponto de fusão. As partes ferrosas devem ser eliminadas para evitar todo tamponamento dos dispositivos de injeção no forno (parafusos geralmente) e de extração debaixo do forno (parafusos refrigerados geralmente). Por tanto, é recomendável que um forno de leito fluidizado seja uma fase de tratamento posterior a um centro de seleção ou a uma fase de prétratamento prévio dos resíduos. A combustão é mais completa e homogênea. Problemas técnicos devido às características dos produtos tratados. Apesar de realizar um tratamento prévio reforçado, a presença de sucatas residuais e/ou de inertes causa a desfluidificação do leito nos fornos de leito fluidizado denso e o bloqueio dos dispositivos de extração nos fornos de leito fluidizado rotativo. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 50 /54 FORNO DE LEITO FLUIDIZADO Vantagens Inconvenientes Atingem-se altas eficiências de transferência de calor, alta turbulência e temperaturas mais uniformes ao longo do leito. Elevada produção de cinzas: é o maior problema dado que são classificadas como resíduo especial. Estima-se que 80% é cinza de caldeira e só 20% escória (material inerte valorizável). Permite tratar resíduos com PCI maior que nos fornos de grelha. Risco de erosão (sobre todo os leitos fluidizados rotativos e circulantes), principalmente a nível dos ciclones de separação e dos refratários de proteção dos condutos da caldeira. Possibilidade de neutralizar previamente os componentes de enxofre dos gases de combustão por adição de pedras calcárias e dolomita no leito, formando SO4Ca e SO4Mg, o que reduz os riscos de corrosão dos sobreaquecedores, permite trabalhar com regimes de pressão / temperatura mais elevados. Pouca experiência acumulada deste tipo de fornos com resíduos municipais e rejeitos de usinas de tratamento de resíduos urbanos Os gases de combustão possuem menor quantidade de íons ácidos: dimensões de equipamento depuração de gases mais reduzidas. Menor capacidade de incineração por unidade se comparado a outros tipos de fornos. O risco de formação de cinzas derretidas é reduzido por causa dos menores níveis de temperatura no leito (geralmente entre 750 e 850°C). Maior quantidade de partículas devido aos componentes do leito: de investimento e operação nos para reter as partículas dos combustão. A escória proveniente de leitos fluidizados não requer maturação e possui boa qualidade. Maior consumo de energia elétrica para manter o leito fluidizado. nos fumos maior custo dispositivos gases de Fornos Rotativos Estes tipos de fornos costumam ser utilizados para incineração de resíduos industriais, de saúde, carnes, ou para misturas de resíduos com PCI não bem definidos. Por outro lado, os fornos rotativos não costumam ser aptos para volumes maciços que excedam 7-8 t/h. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 51 /54 ANEXO 2 TECNOLOGIAS DE LAVAGEM DOS GASES DE COMBUSTÃO Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 52 /54 Separação de Partículas: Filtro Eletrostático e Filtro de Mangas A tecnologia utilizada nos filtros eletrostáticos baseia-se na carga elétrica das partículas existentes na corrente de gases. A eficiência do filtro depende da variação existente na composição do resíduo. Frente a essa tecnologia, os filtros de mangas oferecem uma eficiência muito elevada para uma margem ampla na variação do tamanho das partículas. Entretanto, a eficiência na separação reduz-se para partículas de tamanho inferior a 0,1 micra, ainda que não seja frequente encontrar partículas destes tamanhos na combustão de RSU. Atualmente os filtros de mangas asseguram o cumprimento dos limites de emissão estabelecidos no que se refere a partículas, razão pela qual é a tecnologia usualmente utilizada. Redução Seletiva de Óxidos de Nitrogênio. Catalítica (SCR) Frente a Não Catalítica (SNCR) A redução não catalítica de óxidos de nitrogênio (SNCR) utiliza a injeção de um agente redutor (ureia ou solução amoniacal) no forno de combustão, obtendo reduções típicas entre 60 e 80%. A redução catalítica (SCR) requer maiores custos de investimento e de consumo de energia elétrica. Geralmente, para a mesma eficiência e capacidade de tratamento, o sistema SNCR oferece vantagens nos custos específicos de operação, obtendo rendimentos aceitáveis e, sobretudo, cumprindo os limites de emissão estabelecidos pelas normas. Redução de Gases Ácidos. Sistema Seco ou Semisseco, Semiúmido e Lavagem Úmida. A redução de gases ácidos mediante lavagem seca ou semisseca é realizada a partir da injeção de um agente seco em um reator (geralmente bicarbonato de sódio). Os produtos da reação são também sólidos (sais). Entretanto, este processo apresenta um elevado consumo de reagentes e uma produção considerável de resíduos. Na lavagem semiúmida injeta-se em um reator na forma de solução pulverizada, favorecendo a reação com os gases quentes. No sistema semiúmido, os produtos da reação são sólidos, ainda que em menor quantidade que no sistema seco. O consumo de reagentes também é menor. Apresentam como inconveniente a necessidade do consumo de água e a necessidade de realizar preparação prévia da solução pulverizada. Por último, a tecnologia de lavagem úmida apresenta rendimentos elevados, baixa produção de resíduos e baixo consumo de reagentes. Por outro lado, necessita de um elevado consumo de água, tem custos de investimento e Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 53 /54 operação mais elevados e geram efluentes líquidos que necessitam ser tratados na unidade. Das diferentes opções, a melhor solução é a semi-úmida, uma vez que garante o cumprimento dos limites de emissão estabelecidos a um custo de investimento e operação razoáveis. Consultoria e Assessoria Técnica de Engenharia à SEA para Elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) Volume 6: Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Aspectos Ambientais e Sociais- Tomo II Agosto, 2013 – Rev.00 54 /54