Carta dos Municípios Brasileiros para a Rio+20 Os Municípios brasileiros, reunidos na XV Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, no dia 16 de maio de 2012, em Brasília/DF, Brasil, por meio desta declaração, apresentam sua posição ao Governo Federal brasileiro, à comunidade internacional e a todos aqueles presentes na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +20): - Amparados no conceito-chave de sustentabilidade; no tema da XV Marcha: O Poder Local na Construção de uma Nova Realidade; nos princípios que guiaram a discussão preparatória global para a Rio +20, e no debate dos gestores locais realizado durante o Fórum Rio +20 na XV Marcha; - Destacando que os Municípios precisam participar das discussões sobre sustentabilidade porque é no local que são sentidos os impactos de um modelo social, econômico e ambiental não sustentável; - Compreendendo Economia Verde como um novo modo de produção e consumo que combina a melhoria do bem estar e a igualdade social com a redução dos riscos ambientais e da escassez ecológica, tal como prega o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente; - Reafirmando os quatro pilares do desenvolvimento sustentável: econômico, social, ambiental e cultural; - Renovando os compromissos contidos na Carta de Manaus, apresentada na Cúpula Amazônica de Governos Locais, em 2009; - Considerando os princípios da Agenda 21, assinada vinte anos atrás, na ocasião da Rio-92, que traçou o primeiro caminho para um marco regulatório sobre desenvolvimento sustentável e reconheceu pela primeira vez o papel de relevância dos Municípios nas transformações políticas, sociais, econômicas, culturais e ambientais; e - Acreditando que o futuro que nós queremos só será concretizado se as políticas globais forem associadas às políticas locais. A CNM, em nome dos Municípios brasileiros, propõe: 1. Reforçar, por meio de mecanismos de governança, uma tomada de decisão mais democrática e transparente, com o protagonismo dos Municípios nas negociações nacionais e internacionais, conforme já reconhecido pelas Nações Unidas no documento base para a Rio+20. Para o caso do Brasil, é urgente a revisão do Pacto Federativo para apontar as responsabilidades, atribuições e recursos disponíveis de cada um dos entes da federação; 2. Fomentar a cooperação internacional e nacional para a capacitação técnico-científica de pessoas voltadas para a sustentabilidade; 3. Desenvolver mecanismos financeiros que forneçam suporte da União para os Municípios, a fim de melhorar os investimentos em infraestrutura e outras áreas que necessitam de grandes aportes monetários, para contribuir com a erradicação da pobreza e com a diminuição das desigualdades regionais, por meio de repasses diretos de recursos, sem convênio, ou seja, do Fundo Nacional para os Fundos Locais; 4. Aprofundar a descentralização da Agenda 21. Os seus objetivos apenas serão alcançados por meio de cooperação com os Municípios, como já observado pelas Nações Unidas ao sugerir que os governos desenvolvessem a Agenda 21 Local. Cabe ao governo federal brasileiro Sede: SCRS 505 bloco C 3º andar • Cep 70350-530 • Brasília – DF • Tel/Fax: (61) 2101-6000 Escritório: Rua Marcílio Dias nº 574 – Bairro Menino de Deus • Cep 90130-000 • Porto Alegre – RS • Tel/Fax: (51) 3232-3330 descentralizar as ações e os recursos para a Agenda 21 e fomentar investimentos nos Municípios para que aconteça sua real implementação. 5. Pactuar com a alteração do padrão econômico para um mais sustentável: a Economia Verde. Os Municípios se comprometem em assumir metas mais ambiciosas para materializar essa transformação, mas esperam que os governos centrais construam soluções em conjunto aos governos locais, sem imposições de cima para baixo de suas decisões, especialmente através da construção de políticas locais de incentivo para que as Micro e Pequenas Empresas adotem práticas sustentáveis em seus negócios em igualdade de condições de competição com as Grandes Empresas. 6. Pactuar nacional e internacionalmente a criação de um fundo para pagamento de serviços ambientais, incluindo o ente municipal como beneficiário, de forma a garantir o desenvolvimento sustentado, evitar o desmatamento e manter não só o homem que vive nas florestas, mas também todos aqueles que preservam e protegem os recursos naturais. 7. Continuar os esforços já empreendidos pelos Municípios brasileiros na construção de planos municipais de saneamento; no licenciamento ambiental das atividades de impacto local; no plano integrado de resíduos sólidos; na política florestal e na estratégia de enfrentamento a mudanças climáticas. 8. Realizar a II Cúpula Amazônica de Governos Locais no primeiro trimestre de 2013, visando apoiar as administrações municipais daquela região na gestão 2013 a 2016. 9. Garantir mecanismos de proteção da Faixa de Fronteira, tanto no âmbito da segurança quanto no aspecto social, econômico e ambiental. Concluindo, Os Municípios são parceiros para a implementação de uma política global, com reflexos locais de desenvolvimento sustentado e verde, envolvendo as áreas ambiental, social e econômica com autonomia dos gestores locais, descentralização político-administrativa, apoio técnico-científico e recursos financeiros para ações de curto, médio e longo prazo. Este documento foi aprovado pela Assembleia Geral da CNM na XV Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios. Brasília, 17 de maio de 2012. Paulo Roberto Ziulkoski Presidente da CNM Sede: SCRS 505 bloco C 3º andar • Cep 70350-530 • Brasília – DF • Tel/Fax: (61) 2101-6000 Escritório: Rua Marcílio Dias nº 574 – Bairro Menino de Deus • Cep 90130-000 • Porto Alegre – RS • Tel/Fax: (51) 3232-3330